FICHA TÉCNICA

Apresentação:
Wilson Paroschi
Coordenação do Curso:
Edimilson da Silva Lima
Coordenadores nas Associações da UCB:
Delvane Almeida – AP
Jean do Nascimento – APAC
Gilson Magalhães – APL
Marivaldo Fabrício – APO
Sérgio Monteiro – APS
Vanderson Assunção – APSE
Genival Novaes – APSO
José Rodrigues Junior – APV
Coordenação dos Cursos Corporativos:
Valcenir do Vale Costa
Programador Visual Gráfico:
Felipe Rocha
Equipe Técnica:
Bruna Dimei
Eduardo Doerner
Gilson Ferraz Junior
Júlia Lopes
Ludimilla Panaino
Rafael Rossini
Stephanie Oliveira
Animação Gráfica:
Wendel Gabriel
Trilha Sonora:
Clayton Nunes
Pró- Reitor Associado para EaD:
Everson Muckemberger
Coordenador de Operações:
Valcenir do Vale Costa
Coordenador de Produção:
Gilson Ferraz
Pró- reitor de Educação a Distância:
José Prudêncio Junior
O LIVRO DE ATOS
E A MISSÃO

C
ontinuando os estudos dos livros do Novo Testamento,
cujo objetivo é uma compreensão mais ampla, mais
abrangente e específica sobre ele, já exposto desde o início
desses estudos, nessa oportunidade o enfoque será o livro
de Atos. Já foram estudados os quatro evangelhos, os três sinóticos:
Mateus, Marcos, Lucas e o evangelho de João; e a partir desse estudo,
uma atenção especial será dispensada ao livro de Atos dos Apóstolos,
que é um livro único no Novo Testamento.
O LIVRO DE ATOS CECAPES

Tem-se quatro evangelhos que falam
sobre a vida e o ministério de w, mas
apenas um livro que conta a história da
igreja apostólica e este é o livro de Atos dos
Apóstolos. Esse livro é uma continuação do
evangelho de Lucas e já se sabe que ambos
foram escritos pelo mesmo autor. Ele era
um dos auxiliares evangelísticos de Paulo
e pelo que se sabe, era um gentio. Para
melhor compreensão dessa afirmativa,
pode-se ler em Colossenses 4: 10 – 14, onde
Paulo descreve Lucas como um gentio,
alguém que não era da circuncisão, não era
circunciso; portanto, não era um judeu.
Lucas teve sua atenção voltada para os
trinta primeiros anos da história da igreja.
Desde a ascensão de Jesus no ano 31, até o
final do primeiro aprisionamento de Paulo
em Roma, que deve ter se estendido até
o ano 62 aproximadamente; Paulo esteve
preso durante dois anos em Roma, do ano
31 ao ano 62, os primeiros trinta anos da
história da igreja.
dois livros de Lucas, o evangelho e o livro
de Atos, provavelmente foram destinados
a circular juntos como os livros um e dois
de uma mesma obra; isto era comum na
antiguidade. Hoje, entretanto, usar-se ia a
terminologia volume um e volume dois.
Imagina-se que houvesse em Lucas uma
intencionalidade específica para que esses
dois livros circulassem juntos e tem-se a
referência de que ambos foram dedicados
a Teófilo; é importante verificar também,
que um começa exatamente onde o outro
termina. Lucas termina o seu evangelho
falando sobre a ressurreição e as aparições
de Jesus aos discípulos após a ressurreição,
suas últimas instruções e então, a ascensão.
E quando ele começa o livro de Atos, ele
retoma a narrativa exatamente neste ponto.
LUCAS E ATOS SÃO DOIS VOLUMES
CONEXOS QUE SE COMPLEMENTAM
E , P R O V AV E L M E N T E , S E
D E S T I N AV A M A C I R C U L A R J U N T O S
elevadíssimos e se Lucas almejasse alcançar
uma audiência maior, ele iria precisar de
uma espécie de patrocínio. Talvez Teófilo
possa ter sido o patronus libre, o patrono
literário, o patrocinador literário de Lucas.
Esses dois livros então, que provavelmente
foram escritos para circular juntos como
volumes um e dois, finalmente acabaram
sendo separados pelo evangelho de João,
quando todos os livros do Novo Testamento
foram colocados juntos, naquilo que hoje é
o nosso cânon.
No evangelho, Jesus é o grande herói
de Lucas. Claro, não poderia ser diferente!
O evangelho é Jesus. O evangelho é a vida
e os ensinos de Jesus. A sua morte é o
evangelho. O reino que Ele veio estabelecer
é o evangelho. Todavia, quando se vai para
Atos, Paulo é o herói de Lucas. No evangelho
é Jesus; no livro de Atos o herói é Paulo.
Este apóstolo foi quem mais contribuiu
para o avanço da igreja e não há a menor
dúvida sobre isso! Paulo foi escolhido, foi
chamado por Deus para ser o apóstolo
aos gentios; e foi ele quem mais contribui,
tanto do ponto de vista evangelístico
quanto do ponto de vista teológico para a
universalização da fé cristã. Será abordado
ainda neste estudo e posteriormente, em
outros estudos também, como isto tornou-
se um problema para a igreja apostólica.
Há uma questão importante quando
lemos o livro de Atos: existem muitos
mitos sobre este livro, alguns ranços na
tradição da igreja. É muito comum ter
um olhar voltado para a igreja de Atos ou
para a igreja apostólica, como um exemplo
de piedade, de perfeição, de santidade, de
harmonia e coisas assim. Na verdade, não
era exatamente assim. A igreja não era
perfeita, assim como o ser humano não o é;
Shutterstock: robert_s

Assim, nesses dois livros, Lucas

completa o seu objetivo: no primeiro
livro, o evangelho, ele fala sobre a vida e
o ministério de Jesus; no segundo livro, o
livro de Atos, ele fala sobre a expansão e
também do movimento da igreja cristã;
do ministério dos apóstolos, principal e
especialmente do ministério de Paulo.
Lucas era um auxiliar de Paulo e este, apesar
dos rótulos que carregava em consequência
de sua vida pregressa como perseguidor
dos cristãos e da igreja, foi aquele que
mais contribuiu para a expansão da mesma
igreja e para a universalização da fé cristã,
ainda no período apostólico. É com razão,
portanto, que Paulo tenha se tornado
o grande herói de Lucas, uma vez ter ele
se assentado para descrever os sucessos
missionários da igreja apostólica. E esses
Quem era Teófilo já foi dito, quando
este foi mencionado no evangelho de
Lucas. Teófilo era provavelmente um recém
converso ou um interessado na fé. Lucas,
em Lucas 1:1–4, se dirige a Teófilo dizendo
que escreveu esse livro e o ofereceu a ele,
para este tivesse certeza das coisas nas quais
havia sido instruído. Teófilo poderia ser
também o patrono literário de Lucas; esta
era uma figura existente na antiguidade.
Uma figura de influência, possuidora
de bens e, portanto, com condições
financeiras que o habilitavam a assumir o
papel de patrocinador da publicação de um
livro. Sabe-se que naquela época tudo era
manuscrito e, por conseguinte, era tudo
muito trabalhoso e difícill; os custos eram

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O LIVRO DE ATOS
não importa quem seja, quando e onde. À
exceção de Jesus, é claro! Os profetas tinham
as suas limitações; Elias errou, Jeremias
errou, Moisés errou, Abraão errou, Davi
errou e Pedro errou. A igreja apostólica
era formada por seres humanos e eles
tinham suas limitações, tiveram suas falhas.
Segundo relatos Bíblicos, nem tudo o que
aconteceu no período da igreja apostólica
foi correto, ou revelou-se uma bênção para
a igreja. Quando eles venderam tudo que
tinham, pegaram o produto dessas vendas
e levaram para um caixa comum, passaram
então a viver daquele caixa e muitos podem
pensar: que exemplo de fé e piedade! Na
verdade, aquele foi um momento errado
de fazer aquilo. Eles achavam que Jesus
estaria voltando em seus dias, quando Jesus
não estaria voltando naquele momento;
e essa atitude deles contribuiu para o
empobrecimento da igreja em Jerusalém
e, em consequência, eles sequer tiveram
recursos para financiar ou para patrocinar o
evangelismo mundial. As igrejas gentílicas
tiveram de fazê-lo, especialmente a igreja
de Antioquia da Síria, de onde Paulo saiu
em suas três viagens missionárias.
Jerusalém passou a depender da
benevolência das igrejas gentílicas; em
um momento em que Paulo teve que
organizar uma coleta entre essas igrejas,
não judaicas, para ter enfim, condições
de ajudar a igreja de Jerusalém. Nenhum
dos apóstolos, nenhuma das epístolas do
Novo Testamento, sugere ou recomenda
que a igreja adote aquele padrão de vida,
tudo em comum. Aquilo ali foi um erro
naquele momento e deve ainda ocorrer
pouco antes da volta de Jesus, mas naquele
momento, foi um grave erro. Eles tinham
problemas com a volta de Jesus, achavam
que Ele estaria voltando em seus dias; eles
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também tinham problemas com o status
dos gentios, como estes deveriam ser aceitos
na comunidade de fé. Os judeus tinham um
preconceito muito grande, achando que os
gentios só poderiam ser considerados salvos
se primeiro se tornassem judeus e o ato
pelo qual um gentio se tornava judeu era
mediante a circuncisão, o ato que marcava
essa mudança. É em razão disso que existe
toda essa discussão no Novo Testamento, no
livro de Atos, sobre a circuncisão. Os judeus
insistindo na circuncisão dos gentios que
quisessem se tornar cristãos; e isso também
trazia consigo um segundo problema, que
era o lugar da fé na salvação, a razão pela qual
nós somos salvos. Somos salvos unicamente
pela graça de Deus recebida pela fé ou somos
salvos mediante o cumprimento da lei, a
circuncisão? Então, pode-se ver na igreja
apostólica, no livro de Atos, uma série de
dificuldades, uma série de conflitos; e em
meio a tudo isso, a igreja lutava para definir
a sua própria identidade. Foi um período de
crescimento, um período de maturação e o
apóstolo Paulo foi importantíssimo nesse
processo pela compreensão que ele teve do
seu evangelho.
ATOS NÃO FOI ESCRITO SÓ PARA
CONTAR UMA HISTÓRIA, MAS PARA
REGISTRAR AS ÚLTIMAS INSTRUÇÕES
DE JESUS AOS DISCIPULOS
O autor, Lucas, foi mencionado quando
estudado o seu evangelho; não judeu, foi
alguém que contribuiu com 27% dos escritos
do Novo Testamento e foi também aquele
que mais escreveu no Novo Testamento.
Era um companheiro de Paulo, médico por
profissão, mas que abandonara tudo para
dedicar-se à vida missionária. Com relação
à data, se o evangelho de Lucas foi escrito
ao redor do ano 60 ao final da terceira
viagem missionária de Paulo, quando Lucas
foi a Jerusalém e teve oportunidade de
entrevistar-se com as testemunhas oculares
da vida e ensinos de Jesus, o livro de Atos
foi escrito logo em seguida, provavelmente
por volta do ano 62; porque Lucas termina
o livro de Atos exatamente com a prisão
de Paulo em Roma. Este é, portanto, o
último evento mencionado nesse livro.
Lucas não menciona sequer a libertação
de Paulo. Sabe-se, porém, que existem
evidências de que Paulo foi liberto desse
primeiro aprisionamento e empreendeu
novas atividades até ser preso a segunda
vez e, finalmente, ser executado por volta
do 67. Por que Lucas não menciona isso?
Esse assunto será tratado posteriormente.
Contudo, o fato de ele não mencionar
sequer a libertação de Paulo, sugere que ele
tenha escrito ali, naquele período, talvez ao
termino dos dois anos em que Paulo esteve
aprisionado em Roma.
E o propósito? Por que Lucas escreveu o
livro de Atos? Não foi apensa para
contar uma história. Ele registra
entre as últimas instruções de Jesus
aos discípulos, Atos 1:8 (é um texto
conhecido), “Mas recebereis poder
(disse Jesus) ao descer sobre vós o
CECAPES
Espírito Santo e sereis minhas testemunhas
tanto em Jerusalém, como em toda Judeia,
Samaria e até os confins da terra.” Jesus
deixou essa missão para os discípulos e
quando Lucas assentou-se para escrever o
seu evangelho, a impressão que se tem é
ele já tinha esse versículo em mente; esta
sequência: Jerusalém, Judeia, Samaria,
que eram regiões vizinhas de Jerusalém e,
então, confins da terra. Por que? Porque
em seu livro Lucas narra exatamente esta
sequência, ele segue rigidamente essa
sequência. Por exemplo: nos primeiros
sete capítulos do livro de Atos, vemos
os apóstolos em Jerusalém cumprindo a
primeira parte da ordem deixada por Jesus.
“...sereis minhas testemunhas, começando
por Jerusalém...” Atos 1:7. Depois, nos
capítulos 8 a 12, vemos o ministério na
Judeia e Samaria, o evangelho indo para
as regiões circunvizinhas de Jerusalém,
Judeia e, inclusive, Samaria; começando
a extrapolar as fronteiras Judaicas. E,
finalmente, os capítulos 13 a 28, as viagens
missionárias do apóstolo e o
evangelho sendo levado, então
aos confins da terra.
E assim Lucas, portanto,
narra como esta ordem de Jesus
foi cumprida, já naquela primeira
O LIVRO DE ATOS
geração, principalmente graças às
atividades missionárias de Paulo. Este foi
um apóstolo bastante controverso; ele era
uma figura bem difícil e isso gerava uma
grande dificuldade de compreensão para os
seguidores da igreja apostólica. Ele era um
ex fariseu, era um ferrenho perseguidor da
igreja e nenhum apóstolo intermediara a
sua conversão; em razão disso, eles tinham,
portanto, muita dificuldade em acreditar
que aquele ex perseguidor havia se tornado
um apóstolo, um cristão, como demonstrava
ser. O evangelho de Paulo, de justificação
pela fé, não era muito bem aceito por todos
na igreja judaica, na igreja de Jerusalém.
Os judaizantes tinham dificuldades de
acreditar nessa teoria e, até mesmo o
próprio Pedro demonstrava ter algumas
dificuldades com isso, como deixou bem
claro em Gálatas 2: 11–14; e em razão disso,
este evitava misturar-se com os gentios
incircuncisos. Paulo enfrentou oposição
dentro da igreja, oposição dentro do próprio
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círculo apostólico, mas a verdade é que
nada pôde deter o avanço do evangelho e é
isso que Lucas nos conta por meio dos seus
escritos. Nada podia deter: nenhuma força
interna, nenhuma força judaizante, nem
mesmo as autoridades romanas podiam
deter o avanço do evangelho.
Quando Lucas termina o seu livro, o
seu evangelho, Paulo, embora preso, estava
pregando o evangelho livremente na cidade
de Roma, no coração do império. É o triunfo
do evangelho. Uma leitura mais profunda e
apurada do livro de Atos, trará a compreensão
e a constatação que não há força nenhuma,
humana ou mesmo sobre-humana, capaz
de deter o avanço do evangelho, porque
Deus está no comando. A conversão de
Paulo foi um exemplo extraordinário; o
maior inimigo se torna o maior defensor e o
maior propagador do evangelho. Que Deus
abençoe seu ministério!