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1. O documento discute a importância de valorizar o corpo humano e a Educação Física, superando visões dualistas que menosprezam o corpo. 2. Ele propõe entender a Educação Física como a vertente pedagógica da Cultura Corporal, que engloba formas de representação do mundo através da expressão corporal. 3. A Cultura Corporal deve ser trabalhada nas aulas de Educação Física por meio de conhecimento, vivência e incorporação de conteúdos significativos para os alunos.
1. O documento discute a importância de valorizar o corpo humano e a Educação Física, superando visões dualistas que menosprezam o corpo. 2. Ele propõe entender a Educação Física como a vertente pedagógica da Cultura Corporal, que engloba formas de representação do mundo através da expressão corporal. 3. A Cultura Corporal deve ser trabalhada nas aulas de Educação Física por meio de conhecimento, vivência e incorporação de conteúdos significativos para os alunos.
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1. O documento discute a importância de valorizar o corpo humano e a Educação Física, superando visões dualistas que menosprezam o corpo. 2. Ele propõe entender a Educação Física como a vertente pedagógica da Cultura Corporal, que engloba formas de representação do mundo através da expressão corporal. 3. A Cultura Corporal deve ser trabalhada nas aulas de Educação Física por meio de conhecimento, vivência e incorporação de conteúdos significativos para os alunos.
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A Educação Física é pouco valorizada, em primeiro lugar, pelo
desconhecimento e incompreensão de grande parte do senso comum. Para muitos somos apenas (apenas?) os professores que ensinam as crianças a jogar bola, os que treinam os jovens para desenvolver uma boa condição física, os que exercitam os adultos para diminuir o peso corporal e os idosos para aumentar sua expectativa de vida. Embora não haja dúvida, que tais propósitos são socialmente relevantes e em boa parte, são mesmo fundamentais à vida humana, todavia para parte significativa desse mesmo senso comum, essas tarefas não vão além da reprodução mecânica de um conjunto de técnicas corporais. Por suposto, tarefas com baixa exigência de conteúdo intelectual, cultural e pedagógico. Nada que não possa ser retirado de uma coletânea de exercícios e ser reproduzido por um instrutor, um ex-atleta, um amigo da escola ou até mesmo um programa de computador. Para esses distraídos, basta, para ser professor de educação física, jogar bola, fazer ginástica, ser forte, veloz e flexível. Educação Física como a vertente pedagógica da cultura corporal do movimento humano. Mas esta definição por si nada esclarece, portanto exige uma devida contextualização. Exige um referencial teórico que lhe dê suporte. A Educação Física encontra seu sentido e significado ao relacionar-se com o corpo humano. Mas, relacionar-se com o corpo humano exige que tenhamos uma forma de interpretá-lo, enfim, exige uma concepção sobre sua representação. Neste sentido, se recorrermos à filosofia, grosso modo, identificará duas principais correntes de interpretação sobre o corpo humano: as correntes dualistas e as correntes não-dualistas.
1 – Correntes dualistas
As correntes dualistas são hegemônicas em nossa cultura
ocidental. As influências do dualismo ontológico e axiológico platônico, do racionalismo cartesiano, da teologia judaico-cristã, entre outros, são esteios vigorosos que sustentam a crença num corpo material, finito e imanente que se contrapõe a uma alma ou espírito imaterial, infinito e transcendente. Na mesma perspectiva dualista algumas correntes do pensamento contemporâneo, principalmente ligadas à inteligência artificial reforçam esta visão hierarquizada entre corpo e alma. Em tal contexto filosófico não resta ao corpo humano muito do que se envaidecer. Ele é a prisão da alma, a ela é subalterno. Ou é simplesmente um mecanismo sofisticado a serviço da razão. É do corpo humano de carne e osso que devemos nos livrar para voltarmos ao mundo das idéias, ao paraíso celeste ou nos transformarmos em seres biônicos. Se o corpo é o lado menos edificante do humano; se em algumas visões mais fundamentalistas o corpo representa um obstáculo para realização espiritual ou mental ou se o corpo é uma máquina obsoleta, como, neste contexto, poderemos valorizar uma disciplina que está intimamente ligada aos cuidados do corpo? Enfim! Se o corpo humano não é digno de nossa humanidade, de nossa racionalidade, de nossa espiritualidade e de nosso processo civilizatório como exigir status e relevância à Educação Física?
2 – Correntes não-dualistas
Educação Física passa, necessariamente, e em primeiro
plano pela valorização do corpo humano. Valorizar a Educação Física requer atribuir outro sentido a corporalidade. Exige que façamos uma releitura da representação e do significado das relações entre corpo e alma (corpo-espírito ou corpo-mente...). Trata-se de superar as filosofias dualistas que atribuem, por um lado, à alma o sentido do sagrado, do imaterial, do infinito e do transcendente e, por outro lado, ao corpo o sentido do profano, da matéria, do finito e do imanente. A alma retorna ao céu o corpo retorna a terra... Faz-se premente substituir o dualismo corpo e alma por uma dualidade corpo e alma. O dualismo impõe contradição entre corpo e alma. Coloca-os em confronto e acaba por hierarquizá-los. A dualidade sugere uma relação dialética, e como tal sugere complementaridade, impõe uma configuração de unidade. Corpo e alma constituem os dois lados de uma mesma moeda, não podem ser separados. Podemos dizer que o corpo humano liberto dos dualismos ontológicos e axiológicos mutilantes e acreditamos que nesta perspectiva encontramos o princípio fundador de um sentido radicalmente novo para a Educação Física. Percebê-la como a vertente pedagógica da cultura corporal do movimento humano.
3 – Cultura Corporal
Partiremos da idéia que a Cultura Corporal configura-se como
um acervo: “Acervo de formas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esportes (...) que podem ser identificados como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas.”
Mas, para definir como clareza à Cultura Corporal se faz
necessário primeiramente definir cultura.
3.1 – Sobre o significado de cultura
Ao longo da história homens e mulheres têm produzido
conhecimentos e técnicas visando atender seus interesses e necessidades. Como produtos de sua criação fabricaram ferramentas para atender às exigências de sua produção material; armas para a defesa e para a caça. Cultivaram a agricultura e desenvolveram a pecuária. Homens e mulheres dominaram o fogo, inventaram crenças e mitos que deram significados aos fenômenos da natureza, fundaram religiões que os protegem num mundo desconhecido. Através das artes fizeram dos sentimentos expressões visíveis nas rochas, nos utensílios, nas telas e na própria pele tatuada e prolongada por adornos que lhe atribuem identidade. A linguagem instaurou-se como forma de expressão e comunicação e, homens e mulheres tornaram-se filósofos, políticos, cientistas, literatos, poetas, trovadores...
“é cultura tudo o que, pelo menos, os
homens e as mulheres acrescentaram à natureza.”
Através da cultura a humanidade rompeu os grilhões dos
imperativos da natureza. Enfim, homens e mulheres puderam superar os instintos naturais a ponto de ultrapassarem os determinismos físicos e biológicos. No universo da cultura se configuram construções de sentidos humanos da vida, com modificações da sua forma de expressão em concordância com o contexto histórico-social e na dependência da força criativa de pessoas e grupos.
3.2 – Cultura corporal nas aulas de educação física
Tratando-se dos conteúdos das aulas de educação física, é
necessário considerar que os alunos já possuem conhecimentos anteriores e outros construídos fora da escola. Dessa forma os conteúdos devem ser construídos junto à comunidade escolar para que sejam significativos para um determinado contexto social. As situações de aprendizagem devem estar de acordo com a realidade em que os alunos estão inseridos, para que possam atribuir significado e sentido ao que estão incorporando. Compreender um conteúdo é apreender seu significado, é poder relacioná-lo com outros objetos e acontecimentos, significá-lo e ressignificá-lo, no contexto social em que se está inserido. Lembramos que o objetivo não é apenas treinar movimentos e atividades já conhecidos, mas ampliar as possibilidades de contextualização dos conteúdos da cultura corporal, por meio do conhecimento, da vivência e da incorporação dos conhecimentos. Apesar das inúmeras alternativas metodológicas para se desenvolverem os diversos conteúdos da Educação Física, encontramos com freqüência, nas escolas de Ensino Médio brasileiras, uma forma predominante de trabalho: a repetição e o aprofundamento dos aspectos técnicos e táticos mesclados com os conhecimentos do histórico e das regras de algumas poucas modalidades esportivas. Essa forma de trabalho acaba por gerar, como é de conhecimento dos professores que trabalham com esse nível de ensino, o desinteresse de alguns alunos, resultando na pouca motivação em participar das aulas, pois essa opção metodológica acaba privilegiando apenas alguns poucos alunos possuidores de aptidões específicas para a prática esportiva, deixando de lado a maior parte da turma. Não é o caso de desconsiderar a importância da técnica, da tática e dos demais conhecimentos ligados a essa forma tradicional de ensino da Educação Física, mas sim, de oportunizar aos alunos outras formas de se trabalhar com essa disciplina neste nível de ensino. Podemos nos basear em três ações pedagógicas distintas, porém totalmente interligadas: conhecer, vivenciar e incorporar. Para que os conteúdos tenham realmente significado para os alunos, é necessário transmitir os conteúdos historicamente (conhecer); possibilitar a vivência desses conhecimentos, relacionando-os com as diversas realidades a que os alunos pertencem (vivenciar); e, após o estabelecimento dessas conexões propiciar momentos de debate e reflexão sobre as apropriações dos conhecimentos para além dos muros da escola, visando a formação dos cidadãos, por meio das possibilidades de manifestações próprias da Educação Física no cotidiano dos alunos (incorporar). Dentre as produções dessa cultura corporal, algumas foram incorporadas pela Educação Física em seus conteúdos: O jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta. Estes têm em comum a representação corporal, com características lúdicas, de diversas culturas humanas. Assim, a área de Educação Física hoje contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento. Entre eles, se consideram fundamentais as atividades com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções, com possibilidades de promoções, recuperação e manutenção da saúde e da qualidade de vida. A Educação Física escolar deve dar oportunidades a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva. Independente do conteúdo escolhido, os processos de ensino aprendizagem devem considerar as características dos alunos em todas as suas dimensões (cognitiva, corporal, afetiva, ética, estética, de relação interpessoal, e inserção social). Portanto o processo de ensino aprendizagem em Educação Física, não se restringe ao simples exercício de certas habilidades e destrezas, mas sim de capacitar o indivíduo a refletir sobre as suas possibilidades corporais e, com autonomia, exercê-las de maneira social e culturalmente significativa e adequada.
4 – Desenvolvimento
A Educação Física escolar deve considerar a diversidade
como um princípio que se aplica à construção dos processos de ensino e aprendizagem e orienta a escolha de objetivos e conteúdos que se estabelecem com a consideração das dimensões afetivas, cognitivas, motoras e socioculturais dos alunos. Essas alternativas de ensino da Educação Física que efetivamente promovem a inclusão do aluno na construção de um conhecimento que o permite compreender e transformar a sua realidade. Os jogos, os esportes, as danças, as lutas e as diversas formas de ginástica estão presentes na nossa cultura, influenciando o comportamento, transmitindo valores, fazendo parte do dia-a-dia das pessoas, seja como prática nos momentos de lazer, seja como possibilidade para a atuação profissional. Na escola, o ensino da Educação Física pode e deve incluir a vivência dessas modalidades como conteúdos, não só os diferentes jeitos de fazer e aprender, mas também os diferentes tempos necessários para aprendizagem, baseados em situações reais do cotidiano escolar. 5 – Qualidade de Vida
A educação física é uma disciplina de caráter teórico-prático
que trata de assuntos relativos à cultura do movimento humano. No seu corpo de conteúdos podem ser abordados assuntos relacionados à saúde, valores éticos, sociais e políticos do corpo, da atividade física e do esporte, bem como a própria prática dos esportes, das danças, das lutas e dos jogos. Deve proporcionar informações e estimular os estudantes à adoção de comportamentos favoráveis para a manutenção ou aprimoramento de componentes do estilo de vida relacionados à saúde. Para isso, se utiliza do processo de ensino-aprendizagem através de vivências sistematizadas de diversas dimensões da cultura do movimento humano. Essa nova visão de educação física requer multi e interdisciplinariedade, na tentativa de juntar os pedaços de um homem fragmentado, buscando a superação de uma concepção de ser humano essencialmente biológico para ser concebido segundo uma visão mais holística, onde se considera os processos históricos de ordem social, cultural, política, econômica e tecnológica. Nesse contexto, saúde e qualidade de vida não podem ser tratadas exclusivamente como biológicos ou psicológicos.
6 – Considerações Finais
Para contemplar todos os aspectos ideológicos e sócio-
históricos que fundamentam o olhar crítico presente na Cultura Corporal, todo o repertório de atividades, utilizado nas aulas de Educação Física, deve ser trabalhado, levando-se em consideração as características cognitivas, afetivas, corporais, éticas, estéticas e interpessoais dos alunos e o real poder contextual e de inserção social que eles apresentam. A Educação Física é um componente importante na construção da cidadania, é ela que introduz e integra o aluno nesta área da cultura, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida. A qualidade de vida é um termo empregado para descrever a qualidade das condições de vida levando em consideração fatores como a saúde, a educação, o bem-estar físico, psicológico, emocional e mental.