Вы находитесь на странице: 1из 7

EDUCAÇÃO FÍSICA E CULTURA CORPORAL

A Educação Física é pouco valorizada, em primeiro lugar, pelo


desconhecimento e incompreensão de grande parte do senso
comum. Para muitos somos apenas (apenas?) os professores que
ensinam as crianças a jogar bola, os que treinam os jovens para
desenvolver uma boa condição física, os que exercitam os adultos
para diminuir o peso corporal e os idosos para aumentar sua
expectativa de vida. Embora não haja dúvida, que tais propósitos
são socialmente relevantes e em boa parte, são mesmo
fundamentais à vida humana, todavia para parte significativa desse
mesmo senso comum, essas tarefas não vão além da reprodução
mecânica de um conjunto de técnicas corporais. Por suposto,
tarefas com baixa exigência de conteúdo intelectual, cultural e
pedagógico. Nada que não possa ser retirado de uma coletânea de
exercícios e ser reproduzido por um instrutor, um ex-atleta, um
amigo da escola ou até mesmo um programa de computador. Para
esses distraídos, basta, para ser professor de educação física, jogar
bola, fazer ginástica, ser forte, veloz e flexível.
Educação Física como a vertente pedagógica da cultura
corporal do movimento humano. Mas esta definição por si nada
esclarece, portanto exige uma devida contextualização. Exige um
referencial teórico que lhe dê suporte.
A Educação Física encontra seu sentido e significado ao
relacionar-se com o corpo humano. Mas, relacionar-se com o corpo
humano exige que tenhamos uma forma de interpretá-lo, enfim,
exige uma concepção sobre sua representação. Neste sentido, se
recorrermos à filosofia, grosso modo, identificará duas principais
correntes de interpretação sobre o corpo humano: as correntes
dualistas e as correntes não-dualistas.

1 – Correntes dualistas

As correntes dualistas são hegemônicas em nossa cultura


ocidental. As influências do dualismo ontológico e axiológico
platônico, do racionalismo cartesiano, da teologia judaico-cristã,
entre outros, são esteios vigorosos que sustentam a crença num
corpo material, finito e imanente que se contrapõe a uma alma ou
espírito imaterial, infinito e transcendente. Na mesma perspectiva
dualista algumas correntes do pensamento contemporâneo,
principalmente ligadas à inteligência artificial reforçam esta visão
hierarquizada entre corpo e alma.
Em tal contexto filosófico não resta ao corpo humano muito do
que se envaidecer. Ele é a prisão da alma, a ela é subalterno. Ou é
simplesmente um mecanismo sofisticado a serviço da razão. É do
corpo humano de carne e osso que devemos nos livrar para
voltarmos ao mundo das idéias, ao paraíso celeste ou nos
transformarmos em seres biônicos.
Se o corpo é o lado menos edificante do humano; se em
algumas visões mais fundamentalistas o corpo representa um
obstáculo para realização espiritual ou mental ou se o corpo é uma
máquina obsoleta, como, neste contexto, poderemos valorizar uma
disciplina que está intimamente ligada aos cuidados do corpo?
Enfim! Se o corpo humano não é digno de nossa humanidade, de
nossa racionalidade, de nossa espiritualidade e de nosso processo
civilizatório como exigir status e relevância à Educação Física?

2 – Correntes não-dualistas

Educação Física passa, necessariamente, e em primeiro


plano pela valorização do corpo humano. Valorizar a Educação
Física requer atribuir outro sentido a corporalidade. Exige que
façamos uma releitura da representação e do significado das
relações entre corpo e alma (corpo-espírito ou corpo-mente...).
Trata-se de superar as filosofias dualistas que atribuem, por um
lado, à alma o sentido do sagrado, do imaterial, do infinito e do
transcendente e, por outro lado, ao corpo o sentido do profano, da
matéria, do finito e do imanente. A alma retorna ao céu o corpo
retorna a terra... Faz-se premente substituir o dualismo corpo e
alma por uma dualidade corpo e alma. O dualismo impõe
contradição entre corpo e alma. Coloca-os em confronto e acaba
por hierarquizá-los. A dualidade sugere uma relação dialética, e
como tal sugere complementaridade, impõe uma configuração de
unidade. Corpo e alma constituem os dois lados de uma mesma
moeda, não podem ser separados.
Podemos dizer que o corpo humano liberto dos dualismos
ontológicos e axiológicos mutilantes e acreditamos que nesta
perspectiva encontramos o princípio fundador de um sentido
radicalmente novo para a Educação Física. Percebê-la como a
vertente pedagógica da cultura corporal do movimento humano.

3 – Cultura Corporal

Partiremos da idéia que a Cultura Corporal configura-se como


um acervo:
“Acervo de formas de representação do mundo que o homem tem
produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão
corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esportes (...) que
podem ser identificados como formas de representação simbólica de
realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente
desenvolvidas.”

Mas, para definir como clareza à Cultura Corporal se faz


necessário primeiramente definir cultura.

3.1 – Sobre o significado de cultura

Ao longo da história homens e mulheres têm produzido


conhecimentos e técnicas visando atender seus interesses e
necessidades. Como produtos de sua criação fabricaram
ferramentas para atender às exigências de sua produção material;
armas para a defesa e para a caça. Cultivaram a agricultura e
desenvolveram a pecuária. Homens e mulheres dominaram o fogo,
inventaram crenças e mitos que deram significados aos fenômenos
da natureza, fundaram religiões que os protegem num mundo
desconhecido. Através das artes fizeram dos sentimentos
expressões visíveis nas rochas, nos utensílios, nas telas e na
própria pele tatuada e prolongada por adornos que lhe atribuem
identidade. A linguagem instaurou-se como forma de expressão e
comunicação e, homens e mulheres tornaram-se filósofos, políticos,
cientistas, literatos, poetas, trovadores...

“é cultura tudo o que, pelo menos, os


homens e as mulheres acrescentaram à
natureza.”

Através da cultura a humanidade rompeu os grilhões dos


imperativos da natureza. Enfim, homens e mulheres puderam
superar os instintos naturais a ponto de ultrapassarem os
determinismos físicos e biológicos. No universo da cultura se
configuram construções de sentidos humanos da vida, com
modificações da sua forma de expressão em concordância com o
contexto histórico-social e na dependência da força criativa de
pessoas e grupos.

3.2 – Cultura corporal nas aulas de educação física

Tratando-se dos conteúdos das aulas de educação física, é


necessário considerar que os alunos já possuem conhecimentos
anteriores e outros construídos fora da escola. Dessa forma os
conteúdos devem ser construídos junto à comunidade escolar para
que sejam significativos para um determinado contexto social. As
situações de aprendizagem devem estar de acordo com a realidade
em que os alunos estão inseridos, para que possam atribuir
significado e sentido ao que estão incorporando.
Compreender um conteúdo é apreender seu significado, é
poder relacioná-lo com outros objetos e acontecimentos, significá-lo
e ressignificá-lo, no contexto social em que se está inserido.
Lembramos que o objetivo não é apenas treinar movimentos e
atividades já conhecidos, mas ampliar as possibilidades de
contextualização dos conteúdos da cultura corporal, por meio do
conhecimento, da vivência e da incorporação dos
conhecimentos.
Apesar das inúmeras alternativas metodológicas para se
desenvolverem os diversos conteúdos da Educação Física,
encontramos com freqüência, nas escolas de Ensino Médio
brasileiras, uma forma predominante de trabalho: a repetição e o
aprofundamento dos aspectos técnicos e táticos mesclados com os
conhecimentos do histórico e das regras de algumas poucas
modalidades esportivas.
Essa forma de trabalho acaba por gerar, como é de
conhecimento dos professores que trabalham com esse nível de
ensino, o desinteresse de alguns alunos, resultando na pouca
motivação em participar das aulas, pois essa opção metodológica
acaba privilegiando apenas alguns poucos alunos possuidores de
aptidões específicas para a prática esportiva, deixando de lado a
maior parte da turma.
Não é o caso de desconsiderar a importância da técnica, da
tática e dos demais conhecimentos ligados a essa forma tradicional
de ensino da Educação Física, mas sim, de oportunizar aos alunos
outras formas de se trabalhar com essa disciplina neste nível de
ensino. Podemos nos basear em três ações pedagógicas distintas,
porém totalmente interligadas: conhecer, vivenciar e incorporar.
Para que os conteúdos tenham realmente significado para os
alunos, é necessário transmitir os conteúdos historicamente
(conhecer); possibilitar a vivência desses conhecimentos,
relacionando-os com as diversas realidades a que os alunos
pertencem (vivenciar); e, após o estabelecimento dessas conexões
propiciar momentos de debate e reflexão sobre as apropriações dos
conhecimentos para além dos muros da escola, visando a formação
dos cidadãos, por meio das possibilidades de manifestações
próprias da Educação Física no cotidiano dos alunos (incorporar).
Dentre as produções dessa cultura corporal, algumas foram
incorporadas pela Educação Física em seus conteúdos: O jogo, o
esporte, a dança, a ginástica e a luta. Estes têm em comum a
representação corporal, com características lúdicas, de diversas
culturas humanas. Assim, a área de Educação Física hoje
contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela
sociedade a respeito do corpo e do movimento. Entre eles, se
consideram fundamentais as atividades com finalidades de lazer,
expressão de sentimentos, afetos e emoções, com possibilidades
de promoções, recuperação e manutenção da saúde e da qualidade
de vida.
A Educação Física escolar deve dar oportunidades a todos os
alunos para que desenvolvam suas potencialidades, de forma
democrática e não seletiva. Independente do conteúdo escolhido,
os processos de ensino aprendizagem devem considerar as
características dos alunos em todas as suas dimensões (cognitiva,
corporal, afetiva, ética, estética, de relação interpessoal, e inserção
social). Portanto o processo de ensino aprendizagem em Educação
Física, não se restringe ao simples exercício de certas habilidades e
destrezas, mas sim de capacitar o indivíduo a refletir sobre as suas
possibilidades corporais e, com autonomia, exercê-las de maneira
social e culturalmente significativa e adequada.

4 – Desenvolvimento

A Educação Física escolar deve considerar a diversidade


como um princípio que se aplica à construção dos processos de
ensino e aprendizagem e orienta a escolha de objetivos e
conteúdos que se estabelecem com a consideração das dimensões
afetivas, cognitivas, motoras e socioculturais dos alunos. Essas
alternativas de ensino da Educação Física que efetivamente
promovem a inclusão do aluno na construção de um conhecimento
que o permite compreender e transformar a sua realidade.
Os jogos, os esportes, as danças, as lutas e as diversas
formas de ginástica estão presentes na nossa cultura, influenciando
o comportamento, transmitindo valores, fazendo parte do dia-a-dia
das pessoas, seja como prática nos momentos de lazer, seja como
possibilidade para a atuação profissional. Na escola, o ensino da
Educação Física pode e deve incluir a vivência dessas modalidades
como conteúdos, não só os diferentes jeitos de fazer e aprender,
mas também os diferentes tempos necessários para aprendizagem,
baseados em situações reais do cotidiano escolar.
5 – Qualidade de Vida

A educação física é uma disciplina de caráter teórico-prático


que trata de assuntos relativos à cultura do movimento humano. No
seu corpo de conteúdos podem ser abordados assuntos
relacionados à saúde, valores éticos, sociais e políticos do corpo,
da atividade física e do esporte, bem como a própria prática dos
esportes, das danças, das lutas e dos jogos.
Deve proporcionar informações e estimular os estudantes à
adoção de comportamentos favoráveis para a manutenção ou
aprimoramento de componentes do estilo de vida relacionados à
saúde. Para isso, se utiliza do processo de ensino-aprendizagem
através de vivências sistematizadas de diversas dimensões da
cultura do movimento humano.
Essa nova visão de educação física requer multi e
interdisciplinariedade, na tentativa de juntar os pedaços de um
homem fragmentado, buscando a superação de uma concepção de
ser humano essencialmente biológico para ser concebido segundo
uma visão mais holística, onde se considera os processos históricos
de ordem social, cultural, política, econômica e tecnológica. Nesse
contexto, saúde e qualidade de vida não podem ser tratadas
exclusivamente como biológicos ou psicológicos.

6 – Considerações Finais

Para contemplar todos os aspectos ideológicos e sócio-


históricos que fundamentam o olhar crítico presente na Cultura
Corporal, todo o repertório de atividades, utilizado nas aulas de
Educação Física, deve ser trabalhado, levando-se em consideração
as características cognitivas, afetivas, corporais, éticas, estéticas e
interpessoais dos alunos e o real poder contextual e de inserção
social que eles apresentam.
A Educação Física é um componente importante na
construção da cidadania, é ela que introduz e integra o aluno nesta
área da cultura, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la
e transformá-la, para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças,
das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da
cidadania e da melhoria da qualidade de vida.
A qualidade de vida é um termo empregado para descrever a
qualidade das condições de vida levando em consideração fatores
como a saúde, a educação, o bem-estar físico, psicológico,
emocional e mental.

Вам также может понравиться