Esta leitura tem como objetivo apresentar os conceitos básicos da gestão de

riscos como base para a compreensão das técnicas e ferramentas que serão
apresentadas ao longo do curso.

A gestão de riscos é uma área de conhecimento1 da
gestão de projetos, cujo objetivo é “aumentar a proba-
bilidade e/ou o impacto dos riscos positivos e diminuir
a probabilidade e/ou o impacto dos riscos negativos,
para otimizar as chances de êxito do projeto”. 2
Os eventos incertos que, se ocorrerem, terão efeito
positivo sobre um ou mais dos objetivos do projeto
são chamados riscos positivos ou oportunidades, e os
eventos incertos que, se ocorrerem, terão efeito ne-
gativo sobre um ou mais dos objetivos do projeto são
chamados riscos negativos ou ameaças. 3
O risco de um projeto é um evento ou condição
incerta que, se ocorrer, terá efeito positivo ou
negativo sobre um ou mais dos objetivos
[de gestão]4 do projeto, como o escopo, prazo,
custo e a qualidade. Um risco pode ter uma
ou mais causas e, se concretizado, um ou mais
impactos. 5
pre implicam perda para o projeto, enquanto os riscos
são gerenciados de maneira proativa e podem impli-
car ganhos adicionais para o projeto.
BENEFÍCIOS DA GESTÃO DE RISCOS EM
PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO
Os benefícios destacados da gestão de riscos em pro-
jetos de desenvolvimento (GRP) estão descritos a seguir.
1. Melhora o planejamento do projeto. A gestão de
riscos implica incorporar a incerteza ao planejamen-
to do projeto, ou seja, reconhecer que haverá even-
tos que poderão afetar a obtenção dos resultados e
impactos esperados, e incluir ajustes para lidar com
esses eventos incertos. Portanto, a gestão de riscos
ajuda a fortalecer o planejamento do projeto e mini-
miza a necessidade de fazer alterações significativas
no escopo, custo, prazo (atrasos) e na qualidade dos
produtos do projeto durante a execução.

2. Fortalece o desenho do esquema de execução do

projeto. A GRP implica, entre outras coisas, identificar
Não se deve confundir riscos com problemas. Pro-
antecipadamente aspectos do ambiente ou das ins-
blema é um risco materializado, ou seja, um evento
tituições envolvidas que possam afetar a execução
verdadeiro que já aconteceu e está afetando nega-
do projeto, o que permite decisões oportunas sobre
tivamente a consecução dos objetivos do projeto. Os
como adaptar o esquema de execução do projeto às
problemas são gerenciados de forma reativa e sem-

1 Uma área de conhecimento representa um conjunto completo de conceitos, termos e atividades que compõem um âmbito
profissional, um campo da gestão de projetos ou uma área de especialização. [...] As áreas de conhecimento são: gestão da
integração do projeto, gestão do escopo do projeto, gestão do prazo do projeto, gestão dos custos do projeto, gestão da quali-
dade do projeto, gestão dos recursos humanos, gestão das comunicações do projeto, gestão dos riscos do projeto, gestão das
compras do projeto e gestão das partes interessadas do projeto. O guia dos fundamentos da direção de projetos (Guia PMBOK)
do Project Management Institute, sexta edição.
2 Guia PMBOK, sexta edição.
3 Retirado da definição de risco do Guia PMBOK, sexta edição.
4 Os objetivos de gestão do projeto são o escopo, o prazo, o custo e a qualidade, definidos antes do início da execução do projeto.
Não devem ser confundidos com os objetivos de desenvolvimento do projeto, que são sempre objetivos de escopo ou qualidade
e, portanto, são um subconjunto dos objetivos de gestão.
5 Guia PMBOK, sexta edição.

1
particularidades do país/setor e das instituições que
executarão a operação.
3. Promove o uso eficiente dos recursos do projeto.
A GRP implica a identificação antecipada de exces-
sos ou necessidades de recursos para o projeto, o
que permite otimizar sua alocação durante o ciclo de
vida da operação. Em geral, a estratégia de gestão
preventiva também implica custos menores do que a
gestão reativa, que se baseia na solução dos proble-
mas à medida que surgem durante a execução. Por-
tanto, a alocação de recursos para a gestão de riscos
também deve ser considerada um investimento com
potencial para gerar economia para o projeto. Por
fim, a GRP implica não apenas identificar e gerenciar
adequadamente os riscos negativos ou as ameaças,
como também os riscos positivos ou as oportunida-
des, o que permite gerar valor maior do que o planeja-
do originalmente com os mesmos recursos.
4. Melhora a tomada de decisão e incentiva a proa-
tividade e a prestação de contas entre os integran-
tes da equipe. A gestão de riscos nos permite enten-
der melhor os fatores que podem afetar a obtenção
dos resultados e impactos esperados do projeto, bem
como sua ordem de prioridade, o que fortalece a to-
mada de decisões. Da mesma forma, a gestão de ris-
cos leva os integrantes da equipe do projeto a ante-
cipar eventos e a designar os responsáveis pela sua
gestão, o que estabelece a cultura de trabalho com
base em proatividade e responsabilidade.
5. Aumenta a confiança das partes interessadas no
projeto. A comunicação transparente, oportuna e efi-
caz dos riscos do projeto alinha as expectativas das
partes interessadas desde a concepção. Ao mesmo
tempo, a preparação de um plano de resposta para
possíveis eventualidades transmite segurança e con-
fiança quanto à consecução dos objetivos do projeto.
OS PROCESSOS DA GESTÃO DE RISCOS
A gestão de riscos engloba sete processos, sendo
cinco de planejamento, um de execução e um de
monitoramento6, explicados a seguir.
A. Planejar a gestão de riscos. O processo de definir
como executar as atividades de gestão de riscos de
um projeto.7
B. Identificar os riscos. É o processo de definir os ris-
cos que possam afetar o projeto e documentar suas
características.
C. Fazer a análise qualitativa de riscos. É o processo
de priorizar riscos para análise posterior ou ação de
resposta, avaliando e combinando sua probabilida-
de de ocorrência e impacto.
D. Executar a análise quantitativa de risco. É o pro-
cesso pelo qual se estima o nível de exposição do pro-
jeto a riscos, analisando numericamente o efeito com-
binado dos riscos identificados nos objetivos do projeto.
E. Planejar a resposta aos riscos. É o processo de
desenvolver opções e ações para melhorar as oportu-
nidades e reduzir as ameaças aos objetivos do projeto.
F. Implementar a resposta aos riscos. É o processo de
executar as respostas acordadas, conforme planejado.
G. Monitorar os riscos. É o processo que permite
atualizar as informações de riscos para que a equipe
do projeto tome a decisão correta.
Ao longo deste curso, cada um dos processos de
gestão de riscos será detalhado, com exceção da
análise quantitativa, pois seu uso é limitado na maio-
ria dos projetos de desenvolvimento e depende de
ferramentas de análise computacional.

6 De acordo com a classificação em grupos de processos do Guia PMBOK, sexta edição.

7 O PMBOK recomenda, para cada projeto, a elaboração de um plano de gestão de riscos que deve definir a metodologia a ser
seguida (fontes de informação, ferramentas, etc.), os papéis e responsabilidades, a frequência dos processos de gestão ao lon-
go do projeto, as categorias de risco e a matriz de probabilidade e impacto, entre outros. No entanto, para poder comparar os
resultados da gestão de riscos entre projetos, o BID define a estrutura metodológica e os procedimentos de gestão de riscos em
alguns guias (incluindo este) que são utilizados como padrão em todos os projetos do portfólio. Por esse motivo, esse processo
de planejamento não é mencionado explicitamente nos demais guias, mas é, em si, um plano de gestão de riscos padrão para
o portfólio do BID.

2
A ESTRUTURA DE UM PROCESSO
Processo é um conjunto de atividades inter-relaciona-
das ou interativas que usam insumos para obter um
resultado que pode ser tangível (produtos) ou intangí-
vel (informações). 8 levando em consideração certos elementos de qua-
Os processos de gestão de riscos transformam as in-
formações de entrada (insumos) por meio de técni-
cas e ferramentas de análise, para melhorar a eficiên-
cia da tomada de decisões em cenários de incerteza.
FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO
DA GESTÃO DE RISCOS
Para otimizar as chances de sucesso de um projeto, os
processos de gestão de riscos devem ser realizados
lidade chamados fatores críticos de sucesso, entre os
quais se destacam os dez a seguir, que trabalharemos
durante o curso:

1 2
Insumos/Entrada Técnicas Produto/saída
e ferramentas A gestão de riscos A gestão de
deve ser riscos é
Que Como Que integrada à repetitiva por
informações transformo informação gestão de projetos natureza
preciso esta produzo?
analisar? informação?
3 4
Leitura de elaboração própria, com base em Um Deve haver A identificação
Guia do Conhecimento em Gerenciamento de comprometimento de riscos deve
Projetos (Guia PMBOK®), Project Management organizacional para ser exaustiva
Institute, sexta edição. a gestão de riscos

5 6
Cada processo de gestão de riscos coleta as infor-
Aidentificação de A identificação de
mações resultantes do processo anterior, para anali- riscos deve incorporar riscos deve explicar
sá-las e transformá-las, melhorando progressivamente múltiplas perspectivas as oportunidades
a análise do evento incerto, até que se obtenham infor-
mações suficientes para a tomada de decisão. Cada 7 8
decisão, por sua vez, será o insumo de um novo pro-
A identificação A identificação
cesso de análise, planejamento, ação e novo controle. de riscos deve ser de riscos deve ser
antecipada emergente

9 10
O enunciado do A análise de riscos
risco deve estar deve ser objetiva
completo

PRINCIPAIS PONTOS DA LEITURA

+/- 7
Essa propriedade da gestão de riscos se denomina re-
Risco não é um pro- Pode ter impacto A gestão de riscos
petitiva, sendo um dos fatores críticos de sucesso que
blema, uma vez que positivo ou negativo consiste em sete
apresentamos a seguir. é um evento incerto sobre o projeto processos

8 A abordagem de processos, ISO 9001:2015.

3

Os processos O gestão de riscos deve
transformam as contemplar certos
informações de elementos de qualidade
entrada em informações em sua implementação,
de saída para a tomada chamados fatores
de decisão. críticos de sucesso.
PRINCIPAIS TERMOS E DEFINIÇÕES
DESTA LEITURA
Área de conhecimento da gestão de projetos / Pro-
ject management knowledge area. Un área identifica-
da de la dirección de proyectos definida por sus requi-
sitos de conocimientos y que se describe en términos
de sus procesos, prácticas, datos iniciales, resultados,
herramientas y técnicas que los componen.
Ciclo de vida do projeto / Project life cycle. A série
de fases pelas quais um projeto passa do início ao fim.
Entrada / Input. Qualquer elemento interno ou exter-
no do projeto que seja exigido por um processo antes
que ele continue. Pode ser o resultado de um processo
anterior.
Executar a análise quantitativa de riscos / Perform
quantitative risk analysis. Processo de analisar nume-
ricamente o efeito dos riscos identificados sobre os
objetivos gerais do projeto.
Ferramenta / Tool. Algo tangível, como uma planilha
ou um software, utilizado ao executar uma atividade
para obter um produto ou resultado.
Gestão (direção) de projetos / Project manage-
ment. A aplicação de conhecimentos, habilidades,
ferramentas e técnicas às atividades do projeto para
atender os seus requisitos.
Gestão dos riscos do projeto / Project risk manage-
ment. A gestão dos riscos do projeto inclui os proces-
sos para executar o planejamento da gestão de riscos,
bem como a identificação, análise, o planejamento, a
implementação de respostas e o monitoramento dos
riscos do projeto.
Objetivo / Objective. Meta para a qual o trabalho
deve ser direcionado, posição estratégica a ser al-
cançada, fim a ser atingido, resultado a ser obtido,
produto a ser produzido ou serviço a ser prestado.
Processo / Process. Série sistemática de atividades
destinadas a produzir um resultado final, de forma que
atue sobre uma ou mais entradas para criar uma ou
mais saídas.
Produto / Product. Artigo produzido, quantificável,
podendo ser um elemento acabado ou um compo-
nente. Outras palavras para se referir a produtos são
“materiais” e “bens”.
Programa / Program. Grupo de projetos, subpro-
gramas e atividades de programas relacionados, cuja
gestão é feita de maneira coordenada, para obter be-
nefícios que não seriam obtidos caso fossem geridos
individualmente.
Projeto / Project. Esforço temporário realizado para
criar um produto, serviço ou resultado exclusivo.
Risco / Risk. Evento ou condição incerta que, se oco-
rrer, terá efeito positivo ou negativo sobre um ou mais
dos objetivos de um projeto.
Saída / Output. Produto, resultado ou serviço gerado
por um processo. Pode ser um dado inicial para um
processo sucessor.
Técnica / Technique. Procedimento sistemático de-
finido e utilizado por uma ou mais pessoas para des-
envolver uma ou mais atividades, a fim de gerar um
produto ou resultado, ou prestar um serviço, podendo
usar uma ou mais ferramentas.
Leitura de elaboração própria, com base em Um Guia do
Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK®),
Project Management Institute, sexta edição.