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INTRODUÇÃO
O meu trabalho versa sobre três pontos essências da História da União Económica e
Monetária. Em primeiro lugar irei falar sobre os antecedentes da União Económica e
Monetária e do Euro, de seguida, irei focar-me na experiência do funcionamento do
Sistema Monetário Europeu , e para finalizar, terminarei por fazer uma análise sobre o
relatório Delors e o projeto de estabelecimento gradual (em 3 fases da UEM)
2.1 ANTECEDENTES DA UEM
Começando pelos antecedentes da UEM, é de referir que a perspetiva da integração
económica, enquanto processo evolutivo concretizado através de uma sucessão de
estádios cada vez mais aperfeiçoados e alargados a outros domínios, determinou que a
ideia de criação de uma união económica e monetária acompanhasse, desde o início, a
construção europeia
Desse modo, em 1944 surge a Conferência de Bretton Woods :
a) Surge num contexto de segunda Guerra mundial, em que os Estados Unidos da
América e o Reino Unido pretendiam estabelecer um padrão comum que iria definir o
valor das moedas nacionais
b) Quando chegaram a acordo, definiram que o dólar do EUA funcionaria como
padrão para a convertibilidade das diversas moedas, na medida em que no final da
guerra a economia norte- americana era a mais estável; e estabeleceram que o ouro
passaria a ser um metal precioso, uma vez que o seu valor não sofria grandes
flutuações
c)Além disso, estabeleceu-se o Fundo Monetário Internacional (FMI) destinado a
assegurar os mecanismos de apoio financeiro necessários à estabilidade do Sistema
Monetário Internacional, ou seja, a moeda não podia valorizar-se ou desvalorizar-se
para além de determinados limites de valorização e depreciação, os Estados
obrigavam-se a comunicar ao FMI esses tais limites, e se achassem que excederiam
tinham de notificar e aguardar pela aprovação
d) Porém, a partir dos anos 60 o dólar americano já não garantia a mesma
estabilidade, deixando de poder servir como padrão comum, pelo que em 1970 se dá
o colapso definitivo do Sistema de Bretton Woods
Em 1957, foi assinado, em Roma, pela Alemanha Ocidental, França; Bélgica, Países
Baixos e Luxemburgo o Tratado de Roma, que entregou em vigor e 1 de Janeiro de
1958. Surgiu basicamente como o culminar da 2º guerra mundial e veio dar origem aos
conhecidos Tratados: Tratado Constitutivo da Comunidade Europeia ( CEE -união
aduaneira + politica agricola comum) e Tratado Constitutivo da CEEA/ EURATOM-
comunidade europeia de energia atómica)- Ver imagem a cima, da assinatura do
tratado de Roma a 25 de Março de 1957
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Entretanto, em 1969, na Cimeira de Haia , um grupo liderado por Pierre Werner,
primeiro-ministro do Luxemburgo, elaborou um relatório, designado o Relatório
Werner
a veio prever, de acordo com um plano em três fases, a criação de uma UEM completa
no prazo de 10 anos, cujo objetivo final consistia em alcançar a liberalização total dos
movimentos de capitais e fixação irrevogável das paridades cambiais ou mesmo a
substituição das moedas nacionais por uma moeda única.
b)Para concretizar esse objetivo recomendava o reforço da coordenação das políticas
económicas, com as taxas de juros e a gestão das reservas a serem decididas a nível
comunitário, bem como a definição das orientações relativas às políticas orçamentais
nacionais.
c)Infelizmente, quando os americanos decidiram permitir a flutuação do dólar em
Agosto de 1971, assistiu-se a uma onda de instabilidade nos mercados cambiais que
colocou sobre pressão o marco alemão e pôr em causa as paridades entre as moedas
europeias.
Em 1971, surge a Teorias das áreas monetárias ótimas, desenvolvida por Robert
Mundell
a)defende que nem todos os países deverem participar numa união monetária,
porque é preciso ter em conta que cada país tem as suas condições especificas (ex
economia, regras jurídicas, história) e que isso poderá gerar divergências, resultando
daí choques assimétricos, traduzidos em indicadores divergentes entre os vários
Estados (ex taxas de crescimento económicas e de desemprego muito díspares)- e
portanto a união não seria ótima para alguns dos Estados que não conseguissem
cumprir com os requisitos
b) Além disso traduzir-se ia numa impossibilidade de utilização de alguns instrumentos
de ajustamento: instrumento monetário - Estados deixam de ter autonomia para criar
mais ou menos moeda, e isso não significa que a moeda seja mais forte ou fraca; e
instrumento cambial - através do qual se pode proceder à valorização ou
desvalorização da moeda do país consoante essa valorização ou desvalorização seja
adequada às escolhas do país
c) Para que uma União Monetária funcionasse seria necessário mecanismos
espontâneos ou automáticos de ajustamento ( flexibilidade laboral e reajustamento
de condições laborais; liberdade de circulação de trabalhadores; mecanismos
financeiros e públicos como fundos de melhoria produtividade/ melhoria das
estruturas básicas essências/redes de comunicações, sobretudo em países menos
desenvolvidos)
d) Contrapõe-se a uma perspetiva otimista, especialmente defendida pela comissão e
entre outros estudos deduzidos pela EU como o Relatório Delors; e o estudo publicado
pela designado “mercado único, moeda única”, que indicavam que a integração numa
união monetária só traria vantagens: redução de custos de transação; certeza
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económica e jurídica para todos os agentes económicos porque se passa a usar a
mesma unidade monetária; custos de cambio são eliminados porque deixam de se ter
de trocar as moedas e isso consequentemente reduz os custos que isso implicava
Um ano depois, em 1972, na Cimeira de Paris
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b) Foi dissolvido em 1994 com as respetivas atribuições foram assumidas pelo Instituto
Monetário Europeu
2.2 SISTEMA MONETÁRIO EUROPEU
Os esforços para criar uma zona de estabilidade monetária foram renovados em 1978,
na Cimeira de Bruxelas, com a criação do Sistema Monetário Europeu (SME)
a)que resultou de um acordo através do qual a maior parte dos países da Comunidade
Económica Europeia acordou ligar as suas medas de forma a evitar grandes
flutuações de taxa de cambio entre elas (taxas de cambio fixas mas ajustáveis).
ba)Unidade de Conta Europeia/ European Currency Unit (UCE / ECU) : moeda cujo
cálculo era efetuado por todas as restantes divisas, e tinha por base diferentes
percentagens das várias moedas dos Estados membros da comunidades europeias.
Quando criada em 1979 o seu valor era calculado com base numa percentagem de 9
moedas europeias porque eram 9 os EM das comunidade Europeias da altura. Em
1986 faria o seu cálculo com base em cotações diárias de determinadas percentagens
de 11 a 12 medas dos 11/ 12 EM que fizeram parte da UEM.
bb) reforço de algumas facilidades que correspondem a fundos destinados a ajudar os
países que necessitem - mas apenas para ajudas de curto prazo tendo em vista a
estabilização do valor das moedas nacionais.
bc)Mecanismo de Taxas de Câmbio (MTC) – Surge em Maço de 1979 - constitui um
instrumento de estabilidade do valor das moeda que ao contrário dos outros dois
elementos, não era obrigatório que os estados o adotassem, na medida em que era
muito difícil cumprir a estabilidade do valor da moeda em relação às divisas- inspirou-
se na serpente monetária e por isso abrangia limites máximos de variação de outras
moedas podendo ser uma margem estreita ou alargada (ex Itália e Portugal –ambos
preferiram a margem alargada porque se aperceberam que era muito difícil
conseguirem cumprir estes requisitos, comparativamente com as moedas mais forte,
como o marco alemão)
2.3 RELATÓRIO DELORS E AS 3 FASES DE INTEGRAÇÃO
Em Julho de 1988, o Conselho Europeu de Hanôver criou um comité para o estudo da
UEM sob a presidência de Jacques Delors (presidente da Comissão de 1985 a 1995- e
que consta no power point, do qual resultou a apresentação, em 1989, do designada
“Relatório Delors”
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b)O relatório recomendava que a união económica e monetária fosse concretizada em
três fases, prevendo uma maior coordenação das políticas económicas e monetária,
algo gradual, daí que a Prof. Paula Vaz Freire refira que estas 3 fases foram “discretas
mas evolutivas”.
1º FASE- Passando para uma análise das três fases, é de referir que a primeira fase
ocorreu entre 1 de Julho de 1990 a 1993
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point) - Segundo Nazaré Costa Cabral os resultados no domínio cambial foram menos
satisfatórios porque só não foi possível fazer integrar todas as moedas no SME, como
aconteceu a saída de algumas delas do sistema em virtude de um ataque especulativo
ocorrido a partir de finais de 1992 e mantido durante 1993, o que obrigou à
desvalorização das moedas mais débeis
Foi também uma fase de coordenação das políticas monetárias do Estados-Membros
para uma maior estabilidade de preços; de cooperação entre bancos centrais e da livre
utilização do ECU.
2º FASE: a segunda fase ocorreu de 1 de Janeiro de 1994 a 1998
1994: Em Frankfurt é criado o Instituto Monetário Europeu (IME), - veio substituir o Fundo
Europeu de Cooperação económica - consistia numa instituição temporária - tinha por objetivo
tratar dos preparativos necessários à criação do BCE; coordenar as políticas monetárias entre
os bancos centrais nacionais, e começar também a trabalhar nos detalhes da moeda única.
1995: Conselho Europeu de Madrid decidiu que a nova unidade europeia passaria a
designar-se “euro” e definiu-se o cenário para a transição para a moeda única
1996: o IME apresentou os desenhos vencedores selecionados para as notas de euros ,
e passado muto pouco tempo ocorre o mesmo no que toca às moedas: com um lado
comum europeu, selecionado pelo público e confirmado pelo Conselho de
Amesterdão em 1997, e um lado nacional que mostrava os desenhos escolhidos
individualmente por cada estado-membro participante.
1997: O conselho europeu de Amesterdão adotou as regras e obrigações para o Pacto
de Estabilidade e Crescimento (PEC)
a) adotado para evitar que políticas fiscais irresponsáveis tivessem efeitos nocivos
sobre o crescimento e a estabilidade macro-económica dos países da União Europeia
b) estabelece que os países participantes da zona euro devem apresentar
regularmente programas de estabilidade, e os países que fazem parte da zona euro
mas não o adotaram devem apresentar programas de convergência; devem ainda
respeitar-se os objetivos macroeconómicos contidos nesses programas; devem evitar
défices públicos superiores a 3% do PIB, bem como valores da dívida pública
superiores a 60% do PIB -Défices superiores àquele valor podem levar a sanções,
incluindo pagamento de multas- cabia à Comissão Europeia a responsabilidade de
monitorizar a adesão ao PEC
Em (Maio) 1998 11 Estados- Membros cumpriram os citérios de convergência e
formaram a primeira vaga de participantes que adotaram o euro como a sua moeda
única. A Dinamarca e o Reino Unido decidiram não participar na 3º fase enqianto que
a Grécia e a Suécia não cumpriram com todos os critérios.
a)Nazaré: aceitou-se o desenvolvimento da Europa a várias velocidades, dada a
derrogação concedida a alguns países (nomeadamente pela cláusula do “Opting out”)
e consequentemente a Europa fica dividida entre os que queriam e podiam passar á
terceira fase; e os que podiam mas não queriam ou querendo não preenchiam as
necessárias condições para o fazer
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b) Prof. João Ferreira do Amaral: tendo em conta que a integração monetária levaria
certamente a que a taxa de cambio do euro se valorizasse relativamente às outras
moedas, os países menos prósperos (ex Portugal) beneficiaram de uma ampliação
significativa dos seus fundos estruturais (instrumentos específicos assimétricos de
apoio com base financeira
Também em 1998, o BCE e o sistema Europeu de Bancos centrais (SEBC) foram
criados, substituído o Instituto Monetário Europeu. – Imagem referende ao Banco
Central Europeu
3. Na terceira fase : 1 de Janeiro de 1999-2002
31 de Dezembro de 1998: foram fixadas irrevogavelmente as taxas de conversão
entre o euro e as moedas dos Estados-Membros. - Nazaré: a passagem para a terceira
fase e adoção da moeda única implicou para estes estados membros a perda dos seus
instrumentos convencionais de estabilização macroeconómica, as politicas monetária
e cambial
Pelo que em 1 de Janeiro de 1999, foi introduzido o euro e o Eurosistema, composto
pelo BCE e pelos bancos centrais nacionais (BCN) dos Estados-Membros da zona euro,
e que ficou responsável pela condução de uma política monetária única na nova zona
euro. Foi o início de um período de transição que deveria durar três anos e terminar
com a introdução das notas e moedas de euro e a retirada das notas e moedas
nacionais. - Durante o período de transição o euro existia como moeda escritural, e as
notas e moedas nacionais continuaram a ser os meios utilizados nas transacções
diárias em numerário.
Como o antigo Sistema Monetário Europeu se tornou obsoleto, substitui-se o
mecanismo de taxas de cambio por um novo mecanismo de Taxas de cambio do MTC
II (Mecanismo de Taxas de Câmbio II): resultou de m acordo entre o Banco Central
Europeu e os bancos centrais dos países membros da EU que não integram a zona do
euro- visa manter a estabilidade das taxas de cambio entre o euro e as moedas
nacionais daqueles países
Em 2000, o Conselho decidiu que a Grécia cumpria as condições necessárias para a
adoção da moeda única o país aderiu à zona euro em 1 de Janeiro de 2001.
1 de janeiro de 2002- os bancos centrais nacionais disponibilizaram cerca de 144
milhões de euros aos bancos, o que significou uma ampla disponibilização do euro a
todos os setores nos primeiros dias de 2002
A passagem para o euro ficou concluída no prazo de dois meses: As notas e moedas
nacionais deixaram de ter curso legal no final de Fevereiro de 2002, prazo que foi
antecipado em alguns Estados-Membros. Até então, mais de 6 mil milhões de notas de
banco e cerca de 30 mil milhões de moedas nacionais tinham sido retiradas de
circulação e o euro tinha finalmente chegado a mais de 300 milhões de cidadãos de 12
países.
Esta fase já acabou? Há quem entenda que a terceira fase ainda está em curso - em
princípio, todos os Estados-Membros devem aderir a esta fase final e, portanto, adotar
o euro. - Além disso, em 2015, com base numa iniciativa semelhante de 2012, os
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Presidentes da Comissão, do Conselho Europeu, do Eurogrupo, do BCE e do
Parlamento Europeu publicaram um relatório intitulado «Concluir a União Económica
e Monetária Europeia» (conhecido como «Relatório dos Cinco Presidentes») -este
relatório estabelece um plano de reformas com vista a alcançar uma verdadeira união
económica, financeira, orçamental e política em três fases (o mais tardar até 2025).
3. CONCLUSÃO
A integração económica entre Estados independentes não foi uma ideia nova. A união
Monetária Latina, que incluía a França, a Bélgica , a Suíça, a Itália e a Grécia, existiu de
1865- 1927. A união monetária escandinava constituída pela Suécia, Dinamarca e
Noruega teve início em 1873 e prolongou-se até 1924.
Além disso, até mesmo antes do Relatório Delors, se pode concluir que, afinal, a
serpente monetária e o SME não ocorreram em vão, pois serviram como meros ensaios
da futura União Monetária Europeia (tentativas sucessivas com dificuldades).
Por fim é de referir a importância do marco história em 1 de Janeiro de 1999 quando 11
países da União Europeia criaram uma união monetária com o euro enquanto moeda
única. Todavia, a história da moeda única da Europa teve uma longa gestação, , pelo que
passados tantos anos após o Tratado de Roma ter lançado as bases da UE atual, o euro
constitui o êxito mais importante e proeminente do processo de integração europeia.