Вы находитесь на странице: 1из 3

Vinicius Torres Freire (/colunas/viniciustorres/)

vinit@uol.com.br (mailto:vinit@uol.com.br)

Pobres devem perder o trem de volta para a economia pobre de


2019
Epidemia longa, retomada parcial e fim de auxílios massacram a vida miúda das cidades

5.set.2020 às 23h15

EDIÇÃO IMPRESSA (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/fac-simile/2020/09/06/)

Em julho do ano passado, quase 36 milhões de pessoas pagaram bilhetes nos trens da CPTM,
empresa que atende a região metropolitana de São Paulo. No mês de julho deste ano de
calamidade (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/03/entenda-o-que-sao-estado-de-calamidade-publica-de-sitio-e-de-defesa-e-seus-
efeitos-para-o-gasto-publico.shtml), os pagantes eram apenas 20,5 milhões, queda de 43%.

No Metrô estatal paulista, a baixa do número de passageiros (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/07/para-


evitar-fuga-de-passageiro-transporte-publico-pos-pandemia-tera-de-rever-modelo-e-lotacao.shtml)nos dias úteis era de 60%. Ainda

não saíram os dados de agosto, mas dá para ter uma ideia do tamanho da desgraça, que já foi
pior, mas continua desgraça.

Muitas pessoas assustadas com o vírus ou com o futuro deixam de gastar na lojinha de rua, no
quilo, na lanchonete, no café com bolo da calçada, no pastel, no dogão, no ambulante. Não vai à
manicure, ao barbeiro. A economia se recupera, na verdade apenas despiora
(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/09/16-milhao-voltam-a-procurar-emprego-com-fim-do-isolamento-diz-ibge.shtml), dizem os
grandes números.

Mas a vida miúda dos pequenos negócios que são o sustento de tanta gente ainda é duríssima.
Vai depender do que será dos auxílios e do espalhamento do vírus, como explica qualquer
estudioso capaz, economista ou epidemiologista, psicólogo ou sociólogo.

Pelos grandes números, o segundo trimestre teria sido o pior. O PIB caiu 9,7%
(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/09/pib-do-brasil-cai-97-no-2o-trimestre-com-efeitos-economicos-da-pandemia-segundo-ibge.shtml)em

relação ao primeiro trimestre do ano. No terceiro, estima-se que haveria crescimento de 6%. Há
sinais disso. O consumo de energia elétrica de julho e agosto foi praticamente o mesmo desses
meses no ano passado.

A produção das fábricas até cresceu (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/08/industria-do-amazonas-e-a-primeira-a-


voltar-ao-nivel-pre-pandemia-diz-ibge.shtml)mais do que o esperado em julho (mas a indústria de transformação

ainda está mais de 10% abaixo do baixo nível de 2019).

Essa escalada a partir do fundão do poço obviamente é e será desigual. Os dados de


faturamento no cartão, da Cielo, mostram que o varejo no fim de agosto ainda vendia 11%
menos que em fevereiro. Mas o setor de bens não duráveis vendia cerca de 2,5% mais, e o de
duráveis, 4,4% menos. O de serviços, brutais 43% menos.

As vendas de combustíveis em julho ainda eram mais de 8% menores que no ano passado,
segundo dados da Agência Nacional do Petróleo. No final de agosto, os postos de gasolina
vendiam 24% menos que em fevereiro, diz a Cielo.

A circulação reduzida massacra a vida real das cidades.

O problema dos serviços e do comércio não para aí, em restaurantes e similares, o tipo de
empreendimento mais comum do Brasil, e nas lojas.

Ainda não há perspectiva de retomada ou recuperação notável para entretenimento ao vivo,


serviços pessoais como salões de beleza, serviços de saúde e terapias diversas (com cirurgias e
tratamentos adiados em hospitais, clínicas, consultórios de dentistas), de educação (tantos
cursos cancelados), viagens, hotéis.

Muita empresa está com as finanças arrebentadas, da grande firma de transporte ao


restaurante. A redução do auxílio emergencial vai arrebentar os negócios menorzinhos.

Diz-se que a poupança aumentou (isto é, gastou-se menos do que a renda disponível). É verdade,
na soma de todos os dinheiros do país, “no agregado”. Esse saldo pode sustentar o nível geral de
consumo depois do corte do gasto público. Mas isso vai chegar à manicure ou à vendinha da
comunidade?

Os economistas parecem saber um pouco disso, da recuperação desigual e parcial. O pessoal do


Bradesco e do Itaú agora prevê igualmente que o PIB afunda 4,5% neste ano e aumenta 3,5% em
2021 —estão entre os otimistas.

Assim, ao final do ano que vem a recuperação do nível de renda e produção seria de apenas 74%
do que se perdeu na calamidade de 2020. Ou seja, apenas em 2022 voltaríamos à pobreza de
2019. Um problema é que o povo miúdo não deve nem pegar esse trem de volta para um
passado menos ruim.

Vinicius Torres Freire


Jornalista, foi secretário de Redação da Folha. É mestre em administração pública pela Universidade Harvard (EUA).
sua assinatura pode valer ainda mais
Você já conhece as vantagens de ser assinante da Folha? Além de ter acesso a reportagens e
colunas, você conta com newsletters exclusivas (conheça aqui (https://login.folha.com.br/newsletter)).
Também pode baixar nosso aplicativo gratuito na Apple Store (https://apps.apple.com/br/app/folha-de-s-
paulo/id943058711?utm_source=materia&utm_medium=textofinal&utm_campaign=appletextocurto) ou na Google Play

(https://play.google.com/store/apps/details?

id=br.com.folha.app&hl=pt_BR&utm_source=materia&utm_medium=textofinal&utm_campaign=androidtextocurto) para receber alertas


das principais notícias do dia. A sua assinatura nos ajuda a fazer um jornalismo independente e
de qualidade. Obrigado!

ENDEREÇO DA PÁGINA

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/viniciustorres/2020/09/pobres-devem-perder-o-trem-
de-volta-para-a-economia-pobre-de-2019.shtml

Вам также может понравиться