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Sumário
Introdução
Capítulo 1
O princípio da homilética
Capítulo 2
A locução do pregador
Capítulo 3
A homilética na comunicação
Capítulo 4
A homilética como instrumento auxiliar da Palavra de Deus
Capítulo 5
A base para se elaborar um sermão
Capítulo 6
Os tipos de sermões
Capítulo 7
As grandes possibilidades do sermão expositivo
Conclusão
Questionário
Referências bibliográficas
Introdução
O princípio da homilética
Conversa (diálogo)
Já socializado, e tendo dominado a palavra, o homem começou a buscar informação,
surgindo, assim, a conversa (do latim, conversatio). Ou seja, o dialogo entre de duas ou
mais pessoas.
Os gregos chamaram a conversa de homilia (o que fez surgir a homilética). Mais
tarde, os romanos passaram a chamar a homilia de sermonis (o que deu origem à palavra
sermão). Os dois termos, grego e romano, têm o mesmo sentido de comunicação.
O discurso em público
O aumento populacional, junto com a organização de governos, culminou no
surgimento do discurso (exposição metódica sobre um assunto). O discurso é dirigido, de
forma direita, a determinado grupo de pessoas, porém, o contato com o público passa a ser
imaginário. Em um discurso, o orador transmite determinado assunto trocando informações
com seu público.
A data certa do aparecimento do discurso é indeterminada, mas tudo indica que ele
tenha surgido da necessidade de mudança na intensidade da voz para que o orador pudesse
interagir com os grupos de pessoas. O que podemos afirmar com certeza é que o discurso
surgiu no seio familiar, devido à necessidade de se falar sobre diversos assuntos. O pai,
neste caso, representando um governante, tinha a necessidade de se dirigir à família (ou
seja, ao povo). Então, surgiu o discurso.
Retórica
Os filósofos gregos foram os grandes estudantes do discurso. A história conta que
os gregos elaboraram a democracia (do grego dêmos, povo+krátos: poder que emana do
povo, sistema político mais usado no mundo atual). Foi na Grécia que o homem começou a
estudar os métodos de como deveria ser o pronunciamento em público.
Na democracia grega, as pessoas se reuniam em locais públicos para debater
questões sociais, econômicas e políticas. Era a democracia direta, na qual o povo
participava fielmente das decisões da sociedade. Com o passar do tempo, percebeu-se que o
indivíduo que soubesse se expressar com facilidade com o povo teria grandes privilégios na
sociedade, atraindo para si melhores colocações nas cidades.
O discurso passou a ser atribuído como arte. Foi então que surgiram professores que
difundiram por toda a Grécia a arte de falar em público.
Nessa época, a Grécia era a grande força do mundo. Seus ensinos sobre a arte de
discursar e demais áreas da ciência passaram a ser estudados por outros povos. Discursar
para o povo tornou-se uma febre nacional. Todos precisam aprender este ensino, caso
contrário, eram excluídos da sociedade grega. Foi daí que surgiu a retórica (Arte da
eloqüência, falar bem em público, utilizando regras específicas. O termo deriva da palavra
grega retos.)
Entre os gregos, o indivíduo (ou mestre) que falava em público era conhecido
como rétor, orador de um agrupamento de pessoas. Para nós, este orador passou a ter um
significado majestoso: “doutor da oratória”. O primeiro estudioso grego a traçar uma
metodologia para o discurso foi Corax (sábio que sistematizou a retórica, utilizando-a de
forma comercial, sem nenhuma ética). Ele viveu na cidade de Siracusa, na Grécia, no ano
500 a.C.
Corax ensinava que o discurso tinha de ter introdução, argumentação, informações
suplementares e conclusão. Todavia, outro filósofo, Sócrates, contestou os ensinos de
Corax, por não ter uma ética elaborada. Mas reconheceu que seus estudos, aplicados à
filosofia, trariam benefícios incalculáveis. Sócrates tinha medo que a retórica fosse usada
de forma imoral pelos políticos, causando danos à sociedade.
Suas suspeitas eram tão verdadeiras, que mais tarde a retórica passou a ser usada pelos
políticos de forma demagógica (no grego, o termo demagogo significa “guia do povo”:
dêmos, povo+ágo, conduzir).
Outros filósofos, como Platão e Aristóteles, que possuíam o mesmo pensamento de
Sócrates, preferiram a seguinte frase “a retórica deve estar ao ofício da verdade”.
O que deixa claro que a retórica se tornou uma disciplina a ser estudada é o exemplo
de Demóstenes que, apesar de ser gago, se tornou o melhor orador da Grécia.
Antes da era cristã, a retórica estava dividida em três correntes ideológicas: política,
forense e epidíctica (ostentosa).
Homilética cristã
As primeiras religiões não possuíam uma homilética capaz de atrair novos adeptos.
As crenças pagãs, geralmente, tinham atribuições locais, regionais e nacionais. No
judaísmo, por exemplo, os pais passavam a tradição da religião para os filhos.
Com isso, podemos afirmar que o cristianismo foi a primeira religião com um apelo
universal. Desde o surgimento da fé cristã até a queda do império romano, o homem
possuía apenas uma identidade, que se misturava com a vida política, com a religião, com a
vida militar e com a vida civil. O homem, nessa época, não conseguia separar a política da
religião. Dessa forma, entendemos que as guerras políticas tinham atitudes religiosas, e
vice-versa.
As batalhas vencidas eram interpretadas como uma superioridade do povo e de seus
deuses. Por isso, os povos antigos não almejavam a pregação de suas crenças a outros
povos.
A Grécia inventou a retórica, mas foram os romanos que apuraram e criaram a
oratória, ainda que não tivessem o conhecimento de sua serventia para a religião. Até
mesmo os judeus, que se consideravam os donos da verdade de Deus, não se preocupavam
em comunicar, em pregar a verdade divina para os demais povos. Os profetas do Antigo
Testamento falavam e escreviam ou contra ou a favor de seu próprio povo. Os fariseus
(seita do judaísmo) tentaram ser missionários, mas não conseguiram.
Ao cristianismo, Deus incumbiu o apelo universal de propagar o evangelho a todas
as nações, surgindo, assim, a retórica sacra e a oratória sacra que, a partir do século 17,
receberam o nome de homilética (a arte de pregar sermões).
Jesus Cristo foi o homem que começou a estruturar a homilética. Sem dúvida,
ninguém soube falar de forma tão simples e tão profunda como o Messias (Mt 13.54, Mc
6.2, Lc 4.16-23). Ele lançava mão dos costumes da vida diária para poder levar o homem a
Deus. Ou seja, usava as parábolas (narração alegórica na qual o conjunto de elementos
evoca outra realidade de ordem superior).
Depois de Jesus Cristo, os discípulos começaram a estruturar as mensagens de
salvação. Eles narravam os trechos bíblicos que enfatizavam a vida de Jesus Cristo. Dessa
forma, provavam, de fato, que Ele era o Messias profetizado pelos profetas do Antigo
Testamento (At 2.1-47; 7.1-53; 13.16-48, dentre outros).
Os pregadores cristãos aperfeiçoaram a retórica e a oratória, surgindo, então, a
homilética. Quando dizemos que a homilética é a arte de falar em público, não queremos
dizer que o pregador seja um artista. Antes, atribuímos ao pregador o uso da técnica de
como se expressar bem em público. A homilética na pregação, na palestra e no discurso
tem uma única função: levar o ouvinte a concordar com aquilo que o orador está dizendo.
Depois da Reforma protestante, a homilética passou a ser usada de forma genuína,
dando condições ao orador de cumprir sua missão de anunciar o evangelho com eficácia.
Temos de frisar a seguinte análise: a homilética não é somente para ser usada nos
púlpitos das igrejas. O bom orador pode utilizá-la também no evangelismo pessoal.
Capítulo 2
A locução do pregador
Fatores emocionais
Segundo a ciência, 60% de nossas decisões são emocionais, o que significa que
grande parte delas não é racional. O homem, desde o começo de sua história, foi motivado
pela emoção. Sua queda está relacionada à sua desobediência a Deus, pois se deixou
empolgar pela emoção de conhecer o bem e o mal. Todavia, não podemos deixar de
aplaudir os grandes feitos do homem motivados pela emoção. O esforço de cada pessoa, no
entanto, é um ato que precisa ser explorado. O brilhante cientista Thomas Edison, inventor
da lâmpada elétrica, dizia que seu sucesso era 1% de inspiração e 99 % de transpiração.
Os fatores emocionais estão ligados ao esforço de cada indivíduo. Saber trabalhar
com a emoção e a razão proporciona ao orador grande sucesso no seu discurso ou sermão.
A determinação é outro fator muito importante na vida do ser humano. Um exemplo
muito especial de determinação é Abraham Lincoln, o maior presidente que os EUA já
tiveram. Por diversas vezes, ele foi candidato a vereador, mais nunca ganhou. Ao se
candidatar à presidência, conquistou o cargo. Isto quer dizer que o orador jamais pode se
esquecer da fórmula: emoção + determinação = aceitação do público. O pregador deve
ser hábil ao usar estes artifícios para atrair a platéia.
O uso da palavra
O uso da palavra certa interagindo com a platéia possibilita bons resultados. O
orador tem de observar bem seus espectadores, pois, em uma multidão, sempre há pessoas
de diversas faixas etárias. Saber falar de forma que alcance crianças, jovens e adultos trará
ótimos resultados ao seu discurso.
Há casos de oradores, e até mesmo de pastores iniciantes, que usam e abusam das
palavras vãs. Ou seja, falam de forma difícil e, por conta disso, não conseguem retorno de
seus ouvintes. O orador deve procurar organizar suas idéias, para que possa conquistar
(leia-se alcançar) a todos. Deve usar palavras fáceis. Não podemos nos esquecer de uma
coisa: o maior orador do mundo, Jesus Cristo, proferia palavras simples, e jamais deixou de
alcançar seus objetivos por isso.
Além de saber usar bem as palavras, o pregador deve ser fluente, ou seja,
espontâneo, atitude predominante em qualquer discurso. A elegância no uso da fala pode
trazer ótimos resultados. Entretanto, essa elegância depende de vários fatores:
conhecimento do idioma, capacidade criadora para construir frases com inteligência e
suscetibilidade e dicção (capacidade de controlar e articular bem a voz).
Capítulo 3
A homilética na comunicação
Emissor
O emissor é aquele que envia a mensagem ao receptor.
Para que haja comunicação, é necessário que a mensagem possua vários itens
semelhantes, tanto para aquele que a envia quanto para aquele que a recebe.
Mensagem
A mensagem é uma programação mental, por meio da qual a idéia transmitida é
traduzida por um código comum tanto pelo emissor quanto pelo receptor. É importante
ressaltar que ao emissor cabe formar a mensagem e codificá-la, a ele fica a
responsabilidade de escolher o veículo pelo qual a mensagem será transmitida.
Existem alguns fatores que prejudicam a recepção da mensagem. Essa interrupção
se chama ruído, que pode ser causado por um desajuste do código ou por uma interferência
no veículo.
O desajuste do código acontece primeiramente pelo contraste cultural. Por exemplo:
um médico tem um repertório cultural que lhe possibilita a comunicação com pessoas com
a mesma cultura. No entanto, seu repertório cultural prejudica sua comunicação com
pessoas de menos cultura que ele. Por outro lado, as pessoas mais simples possuem um
repertório cultural de menor amplitude (falam gírias, usam chavões) que prejudica sua
comunicação com o médico, pessoa com um grau de estudo maior.
O médico possui em seu repertório palavras técnicas e gírias da profissão que
possibilita maior comunicação com pessoas da mesma área. Mas tudo isso é totalmente
ineficaz para a comunicação com as pessoas que não tenham a mesma formação acadêmica.
Esses detalhes, na comunicação, são intitulados de ruídos que, basicamente,
interrompem a mensagem. Ou seja, a impedem de ser captada pelo receptor.
Para que a comunicação seja perfeita, o emissor deve utilizar vários métodos como
veículo, desde o áudio até o visual.
Trazendo isso para a nossa matéria, veremos que homilética é muito mais do que a
arte de falar em público. Ela engloba o comunicador de forma geral: expressão corporal,
entonação de voz e demais métodos. Visto que muitos templos hoje em dia são projetados
com uma boa acústica local e visualização do púlpito, o pregador, por mais modesto que
seja, deve lançar mão da expressão corporal, mas sempre evitando os exageros. Antes de
qualquer coisa, o pregador deve conhecer a platéia para qual está pregando ou irá pregar. O
público de hoje não se impressiona apenas com boas e sábias palavras, ele quer mais do
orador.
O bom pregador ou comunicador é aquele que sabe persuadir e se utiliza de todos os
métodos da comunicação.
Dinâmica na pregação
Em nossos dias, se fala muito de pregadores que sobem nos púlpitos sem nenhum
preparo. Isso até pode ser verdade; mas, às vezes, o que acontece é que o pregador, ainda
conheça o tema, não tem objetividade ou não conhece seus espectadores. Conhecer seu
público alvo é um fator preponderante para qualquer orador. Para isso, a necessidade da
dinâmica na pregação para que o pregador atingir seus objetivos. Dinâmica aqui é o mesmo
que didática.
Objetividade
Antes de preparar a mensagem, o pregador precisa escolher um tema atraente. Deve,
acima de qualquer coisa, centralizar o objetivo do sermão. Comumente, os discursos são
para persuadir, ensinar e homenagear.
Geralmente, o orador utiliza a persuasão para atrair o público. O importante, em um
sermão, é centralizar o alvo da mensagem. O pregador não deve misturar vários assuntos ao
mesmo tempo, o que pode levá-lo a desviar-se do tema principal.
O pregador não deve confiar somente no conhecimento que adquiriu por meio da
homilética. A homilética, neste caso, deve ser vista como um importante assistente para o
orador. Afinal, o pregador é um instrumento de Deus para transmitir a mensagem de Deus.
Embora os pregadores de hoje sejam profetas, porta-vozes da mensagem de Deus,
não podemos confundir seu ministério com o ministério profético dos antigos profetas
bíblicos. Jesus Cristo foi o único a acumular esses dois ministérios. Ou seja, Ele foi
pregador e profeta ao mesmo tempo.
Então, quer dizer que o profeta não é necessariamente um pregador? Sim. A função
do pregador é diferente da função do profeta. Cabe ao pregador instruir e convencer as
pessoas e ao profeta, transmitir a mensagem. O profeta não tem a função de ensinar, mas o
pregador sim, seu ministério é pedagógico.
Ao pregador é necessário muito mais do que saber falar em público. Assim como o
poeta aprecia a poesia e desenvolve um gosto apurado neste sentido, o pregador também
deve agir da mesma forma. Isto é, ele precisa aprimorar, a cada dia, seu gosto pelo estudo
da Palavra de Deus. Em uma comparação simples, o pregador deve ser como o vinho, que
fica melhor e mais apurado com o passar dos anos.
A Bíblia é um livro profundo que deve ser estudado profundamente, para que o
pregador esteja preparado como um obreiro que maneja bem a palavra da verdade.
A evangelização
O pregador jamais pode se esquecer de que a função primordial da homilética é
anunciar as boas novas de salvação, por intermédio de Jesus Cristo. O principal intuito da
homilética é facilitar o caminho para que a mensagem da cruz seja aceita pelos ouvintes.
Quando isto não acontece, o pregador está causando um desvio de função, porque a
homilética foi criada para ajudar os pregadores na evangelização e no ensinamento da
verdade revelada por Deus.
A palavra evangelização possui vários aspectos que facilitam sua compreensão. O
primeiro deles é o etimológico, que compreende seu sentido original: anunciar a boa notícia
ou boas novas. O segundo, o político, ou seja, a mensagem é divulgada por um decreto do
governo. O terceiro, o teológico: a mensagem é anunciada pela vontade divina. O quarto e
último, o literário: a mensagem é divulgada por meio de livros, que mostram e argumentam
os atributos e o caráter de Jesus Cristo.
Além dos vários aspectos da evangelização, existem algumas maneiras de se
anunciar o evangelho: individual, coletiva, pessoal, impessoal, direta e indireta.
A primeira maneira, como o próprio nome já diz, é quando o evangelista fala da
Palavra de Deus individualmente a uma pessoa.
A maneira coletiva é quando o pregador evangeliza um grupo de pessoas.
A maneira pessoal traz a presença ao vivo do indivíduo que transmite a mensagem.
A maneira impessoal é por meio de canais de comunicação: revistas, jornais, filmes,
livros, folhetos e TV. O mesmo exemplo serve também para a maneira indireta.
A maneira direta é quando o evangelista persuade a pessoa na rua, nas praças, nos
púlpitos.
A hermenêutica
Tanto a hermenêutica quando a exegese são duas disciplinas fundamentais para o
sucesso da homilética. Sem o auxílio de uma boa interpretação do texto e dos fatos
históricos desse mesmo texto, o uso da homilética seria incerto. As três matérias andam
juntas. Se o pregador utilizar as três, aliadas à comunhão com Deus, o sucesso será
garantido.
A hermenêutica (interpretação textual) estuda a explicação do texto na época em
que foi escrito. A homilética depende automaticamente da hermenêutica, pois a pregação da
Palavra de Deus se canoniza intrinsecamente com o documento textual, a Bíblia. A
interpretação correta da Bíblia é fundamental para uma boa pregação. Se a homilética é o
dom de falar em público, o estudo da hermenêutica proporciona ao pregador o
conhecimento sobre o tema que pretende desenvolver.
A homilética sem a hermenêutica torna-se obsoleta.
A exegese
A arte de pregar depende da exegese.
A homilética ganha teor quando o orador se apóia no uso da hermenêutica e adquire
a definição correta com auxilio da exegese.
O objetivo da exegese é tornar os fatos de uma mensagem transparentes, coerentes,
e isso de forma cronológica, desenvolvendo a estética e elaborando argumentos e
definições sem nenhum erro.
A exegese oferece ao orador inúmeras alternativas para expor suas idéias. Muitas
vezes, a hermenêutica e a exegese se misturam, embora as duas matérias tenham funções
diferentes.
A exegese apóia-se nas interpretações feitas pela hermenêutica, enquanto a
homilética expõe os atributos da hermenêutica.
A homilética recebe o conhecimento que o pregador conquistou por intermédio da
hermenêutica que, por sua vez, toma estilo próprio quando aplicada à exegese. Eis aí as
diferentes funções que a hermenêutica e a exegese possuem.
Em síntese, a hermenêutica busca o estudo, a análise da interpretação correta dos
originais. A exegese busca dar forma a este estudo, a esta análise, para que a mensagem
seja transmitida com veracidade. Um exímio hermeneuta pode não ser um bom exegeta.
Um exemplo bem simples no meio acadêmico é o caso de brilhantes professores que
dominam a matéria, mas não sabem transmiti-la.
O texto e contexto
O texto é a plataforma principal da qual o pregador tira sua mensagem. A literatura
classificou o texto como um conjunto de signos gráficos que, juntos, dão sentido às
palavras e idéias. Assim, o texto é tudo aquilo que é escrito. O texto pode ser uma palavra,
uma oração, não importando seu tamanho: pequeno ou grande.
O contexto possui outra atribuição. Ele pode ser anterior ou ser lógica imediata ou
longínqua. Tudo depende da posição e localização do texto. O contexto possui várias
possibilidades de ser interpretado: formas interna (em volta do texto examinado) ou externa
(longe dele). Neste cenário, podemos atribuir que o contexto pode ter dimensões históricas,
sociais, psicológicas e culturais.
Isto deixa claro que a Bíblia é o texto, a nossa carta magna. Tudo o que se encontra
à sua volta é história, literatura, lingüística, antropologia, arqueologia, geografia, filosofia...
e equivale ao seu contexto. O livro-texto do pregador é a Palavra de Deus, o que não quer
dizer que o pregador deve ser um homem de único livro, mas que a Bíblia é a base, o
alicerce do pregador.
Capítulo 5
A base para elaborar sermões
Estruturação da pregação
Por diversas vezes, os especialistas em homilética se esforçaram para estruturar os
diversos tipos de sermões que existem. Os termos utilizados para estruturar os sermões
mudam de acordo com o autor. Os sermões podem ser:
O título
O pregador não deve preocupar-se com o título quando estiver preparando seu
sermão. Geralmente, o título, e também a introdução, são os últimos tópicos a ser
preparados.
Peculiaridades do título
1. Deve ser interessante e atraente, a fim de despertar a atenção dos ouvintes. Para ser
interessante, deve relacionar-se às circunstâncias exclusivas e às necessidades dos
indivíduos que ouvem o sermão.
2. Deve ter relação com o tema do sermão ou com o texto bíblico.
3. Deve ser decente e digno. Devem ser evitados os títulos rudes, que ofendem e
causam apatia.
4. Deve ser breve, preferencialmente.
5. Pode ser uma citação curta de um texto bíblico.
Peculiaridades da introdução
As divisões principais
As divisões são o corpo do sermão. São as verdades espirituais divididas em partes
seqüenciais, distintas, mas interligadas à verdade principal, que é a proposição.
A conclusão do sermão
A conclusão é o clímax do sermão. Na conclusão, o pregador deve chegar ao seu
alvo, que é atingir os ouvintes e persuadi-los a praticar e a aplicar em suas vidas a
mensagem que ouviram. É a parte do sermão em que tudo o que foi dito anteriormente é
reafirmado com mais veemência e vigor, a fim de brotar maior impacto nos ouvintes.
Peculiaridades da conclusão
Discussão
A discussão é o desenvolvimento dos conceitos contidos nas divisões do sermão. A
fonte principal para a discussão deve ser a Bíblia, mas não é errado o pregador recorrer a
outras fontes, desde que sejam confiáveis. Essas fontes podem ser citações de revistas,
jornais, poesias, letras de hinos ou provérbios da sapiência popular. Fontes históricas
também são de grande valia para a discussão, conforme a natureza do sermão.
Ilustração
É o processo de explicar algo desconhecido pelo conhecido. É a exposição de um
exemplo que torna claro os ensinamentos do sermão.
A ilustração pode ser uma parábola, uma alegoria, um testemunho ou uma história.
Devemos enfatizar que a ilustração não é a parte mais importante do sermão. Trata-se
apenas de uma explanação do texto. A parte mais importante é a interpretação do texto,
pois o alvo do sermão é torná-lo conhecido do público, e a ilustração se presta a essa tarefa.
Aplicação
A aplicação é o processo mediante o qual o pregador aplica a verdade espiritual do
sermão à vida dos ouvintes, a fim de persuadi-los a uma reação favorável à mensagem. Em
outras palavras, a aplicação é a persuasão das palavras do pregador; é a palavra dirigida ao
coração. Pelo sermão, o pregador fala à mente das pessoas, a fim de que meditem nas
palavras que estão ouvindo. Pela aplicação, o pregador fala ao coração das pessoas, a fim
de que ponham em prática as palavras que ouviram.
Em síntese, a aplicação é a meditação posta em prática.
Apelo
O apelo é o processo de requerer do auditório uma resposta positiva acerca do que
foi explanado. O apelo é uma invocação feita aos ouvintes para que recebam os
ensinamentos expostos na pregação.
Devemos enfatizar que a própria pregação já traz em si um apelo. O verdadeiro
apelo é feito pelo Espírito Santo, que chama e invoca os homens para que ouçam a sua
Palavra. E quando os homens se voltam para a Palavra, demonstram sua fé naquilo que
ouviram.
As Escrituras afirmam que “a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm
10.17), portanto, a exposição da Palavra é o apelo que o Espírito Santo dirige aos homens
para que ouçam, creiam e recebam a Palavra em seu coração. Este fato, no entanto, não
impede que os pregadores façam apelos à platéia. O apelo pode ser gestual, ou seja, pedir
ao ouvinte que levante o braço ou solicitá-lo a ir à frente da congregação. Esse tipo de
apelo, porém, deve ser usado com moderação.
Capítulo 6
Tipos de sermões
Pregação temática
A partir do tema, o pregador escolhe o texto que vai usar no sermão. Uma vez
escolhido o texto, este deve estar de acordo com o assunto que será explanado pelo
pregador. Para ser bem claro, escolhe-se, primeiro, o tema e depois, o texto bíblico que
apoiará o assunto a ser tratado. Geralmente, este é o modo mais usado pelos pregadores na
preparação dos sermões, por ser o mais fácil. É muito prático preparar sermões doutrinários
e evangelísticos, pois podem ser usados textos da Bíblia, exclusivamente.
As vantagens do método temático são muitas. Vejamos algumas:
Variedade de tópicos. O pregador tem liberdade para falar de diversos temas e,
com isso, não fica preso a um único texto bíblico, tem a possibilidade de usar vários trechos
da Bíblia para desenvolver sua pregação.
É fácil de elaborar. O pregador tem em seu favor a o privilégio de desenvolver
qualquer assunto, o que torna mais fácil a organização de idéias e argumentos da maneira
que ele acredita ser melhor. É o método mais praticado pelos oradores iniciantes no
ministério da pregação, porque o alvo da mensagem é atingido com facilidade. A pregação
temática tem a facilidade de centralizar a idéia e o tema da mensagem, promovendo uma
melhor compreensão dos argumentos apresentados.
Favorecimento uniformidade. Uma vez escolhido o tema do sermão, não há
combinação com outros assuntos. O pregador pode ser fiel ao tema escolhido, mas precisa
ter cuidado com o texto proposto, caso contrário, poderá seguir outros caminhos e abordar
outros assuntos.
Favorece o estilo literário e a ordem cronológica. O orador pode intermediar
fontes literárias e aplicá-las à Bíblia. Pode, também, utilizar hinos e poesias.
Não obstante a todas essas vantagens, o método temático possui algumas
observações que devem ser aplicadas. Por exemplo, o pregador nunca deve negligenciar o
estudo profundo da pregação temática, mesmo que seja fácil de preparar. Outro fator
importantíssimo é: evitar o secularismo. Às vezes, o pregador pode correr o risco de sair
definitivamente do assunto escolhido, e isso pode desviar a atenção do auditório.
Ordem cronológica
Alvo central: os juízos de Deus.
Na queda do homem, no dilúvio, em Sodoma e Gomorra e nas últimas pragas.
Argumentativa
Alvo central: obediência à Palavra de Deus
Abraão obedeceu, os profetas obedeceram, os discípulos obedeceram e Jesus obedeceu.
Ilustrativa e metáfora
Alvo central: o cristão deve influenciar a sociedade
Como sal da terra e luz do mundo e como cartas abertas de Cristo.
1 – Salvando o homem
“Por isso, rejeitando toda a imundícia e superfluidade de malícia, recebei com mansidão a
palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas” (Tg 1.21).
2 – Libertando o homem
“E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto num
lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir” (Jo 11.44).
3 – Julgando o homem
“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois
gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para
discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12).
4 – Purificando o homem
“Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si
mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e
irrepreensível” (Ef 5.26).
6 – Santificando o homem
“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17).
A pregação textual
O sermão textual é aquele cujo assunto é extraído do próprio texto. Geralmente, é
utilizado um único versículo bíblico, do qual é tirado o assunto central e demais termos que
serão tratados. Em relação ao sermão temático, o sermão textual é totalmente diferente. O
tema da pregação textual sai do próprio texto. Ao contrário do temático, que é o pregador
que prepara o assunto e o tema. Há exemplos fabulosos de mensagens tiradas do próprio
texto. Vejamos alguns: o vale de ossos secos (livro de Ezequiel) e o vaso do oleiro (livro de
Jeremias), entre outros.
Existem vários benefícios de se pregar um sermão textual. O primeiro deles é:
ancorar o ouvir num só texto. Geralmente, esse método permite que o espectador fique com
a Bíblia aberta, evitando conflito de pensamento sobre o texto ministrado. O outro
beneficio significativo é a facilidade de preparar o sermão textual.Os assuntos a ser tratados
estão concretos no texto. Em regra, as afirmações do texto são diretas, produzindo opinião
clara sobre o tema. Por esse método, o ouvinte acompanha as idéias do texto junto com o
pregado, o que facilita o aprendizado. O último favorecimento, e o mais atraente de todos, é
que esse sistema permite que o ouvinte possa tomar intimidade com a Bíblia.
Todavia, há alguns aspectos negativos nesse método: a pregação não pode ser
aplicada a todos os textos da Bíblia, pois existem versículos que não esboçam idéias claras.
Em falar nos textos bíblicos que contêm outras idéias. Mas isto não é basicamente um
problema, apenas exige que o pregador tenha mais cuidado e desenvoltura para extrair o
assunto principal. Às vezes, o pregador corre o risco de ser artificial. Isso acontece quando
o pregador coloca idéias diferentes das do texto em seu discurso. Por isso é necessário
muita cautela, para que o pregador não imponha suas próprias idéias no texto bíblico
escolhido por ele para desenvolver sua mensagem, criando, sem querer, heresias.
Uma importante dica aos pregadores que desejam lançar mão do sermão textual:
usar idéias consistentes. Se não for assim, a pregação fica cansativa, repetitiva e
redundante, porque o orador não consegue embasar o tema com opinião firme e coerente. A
prática do sermão textual não é aconselhável aos pregadores iniciantes. Normalmente, já é
difícil esboçar este esquema da pregação mesmo quando se tem experiência, pois, como a
maioria das pregações textuais utiliza textos pequenos, às vezes fica difícil a aplicação da
passagem escolhida no dia-a-dia da vida do ouvinte.
O estilo textual é o menos utilizado, simplesmente porque os pregadores preferem
os estilos temático e expositivo, por possuírem maiores possibilidades de assuntos e temas
para doutrinar os ouvinte na sua vida cristã. No entanto, se usado com bom senso,
escolhendo alguns textos peculiares, pode trazer maravilhosas pregações. Mas tudo vai
depender da perspicácia e preferência do orador.
O leitor agora deve está-se perguntando: “Como devo preparar um sermão textual?”.
Primeiramente, o pregador precisa definir o versículo e a idéia principal do texto escolhido.
Deve separar bem a opinião do texto, pois alguns escritos possuem diversidade de assunto.
Já determinado o alvo central da pregação, o orador deve preparar a seqüência dos tópicos
fundamentais escolhidos de acordo com o seu critério do orador, tendo sempre em vista o
cume final da pregação.
Texto base: “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e
achará pastagens. O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que
tenham vida, e a tenham com abundância” (Jo 10.9,10).
Depois de expor todas as aplicações que o texto revela, o pregador leva os ouvintes
ao apelo.
Razões e circunstâncias
Alvo central: a vida espiritual do crente (Mc 13.24-31)
1. Os sinais estão se cumprido (v. 25)
2. O dia da volta está próximo (v. 29)
3. Passarão os céus e a terra, mas a Palavra de Deus permanecerá (v. 30,31)
Estes são alguns exemplos de sermões expositivos. Existem outros que utilizam
metáforas e figuras de linguagem. Vejamos, a seguir, o esboço de um sermão expositivo.
Introdução
5 – A provisão da batalha
a) A oração na batalha (v.18,19)
b) Orando em todo o tempo (v.18)
c) Vigiando com perseverança (v.18)
d) Na força da Palavra de Deus com confiança (v.19,20)
Apelo final
A conclusão deve sempre ser feita enfatizando uma mudança de atitude.
Conclusão
A matéria que estudamos tornou-se, com o passar dos anos, uma das mais eficazes
para a instrução do pregador. E também para qualquer outro meio de comunicação que
deseje anunciar o evangelho. Em nossos dias, é notório o interesse do pregador em saber
como se deve comportar em público. E é aí que entra a homilética, pois ela mostra o
caminho: ensina como transmitir uma mensagem eficaz e com eficácia, e orienta, de forma
persuasiva, como deve ser a mensagem e a maneira como o pregador pode obter sucesso
em sua comunicação.
Hoje, a ordem do dia é buscar a excelência mais do que qualquer outra coisa.
Conhecer o ser humano e a forma como ele age é uma regra para quem deseja alcançar o
sucesso. Por isso, estimado aluno, procure conhecer bem a Palavra de Deus e o público alvo
que deseja alcançar. Os dias são maus, e quanto mais você se dedicar a Deus, mais frutos
produzirá, e maior será o seu galardão.
Sua dedicação ao estudo da homilética pode torná-lo um excelente pregador!
Questionário
SODRÉ, HÉLIO. História universal da eloqüência. 3a. ed. Rio de Janeiro, Forense, 1967.
SANTOS, Mário Fereira dos. Curso de oratória e retórica. 8a. ed. São Paulo, Logos, 1960.
VALENTI, Jack. A fácil arte de falar em público. Rio de Janeiro, Record, 1982.
POLITO, Reinaldo. Como falar corretamente sem inibições. São Paulo. Saraiva, 1986.
MENDES, Eunice. Falar em público: prazer ou ameaça? 2a. ed. Rio de Janeiro
Qualitymark, 1999.
SILVA, da Moreira Plínio. Homilética: a eloqüência da pregação. 6a. ed. Curitiba, A.D.
Santos, 1999.
BRINKE, Georg. Mil esboços bíblicos de Gênesis a Apocalipse. 9a. ed. Curitiba,
Esperança, 2000.
MARINHO, Moura Robson. A arte de pregar. 5a. ed. São Paulo, 2002.