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Homilética

Sumário

Introdução

Capítulo 1
O princípio da homilética
Capítulo 2
A locução do pregador
Capítulo 3
A homilética na comunicação
Capítulo 4
A homilética como instrumento auxiliar da Palavra de Deus
Capítulo 5
A base para se elaborar um sermão
Capítulo 6
Os tipos de sermões
Capítulo 7
As grandes possibilidades do sermão expositivo

Conclusão

Questionário

Referências bibliográficas
Introdução

A origem etimológica da palavra homilética é derivada do grego homilos, que


significa “multidão”, “assembléia do povo”. Da mesma raiz surge outro termo, homilia, que
quer dizer “pequeno discurso”, extraído do verbo omileu, cuja tradução é “conversar”.
O termo grego homilia significa “um discurso com a finalidade de convencer e
agradar”. Portanto, homilética significa “a arte de pregar”.
Como podemos ver, a arte de falar em público nasceu na Grécia antiga, com o nome
de retórica. Usada pelo cristianismo no século XVII como meio de pregação, a arte de falar
em público passou a ser chamada de homilética, que desenvolveu vários métodos de
comunicação. Um desses métodos é o discurso; ou seja, um conjunto de frases ordenadas
faladas em público. A principal característica da homilética é organizar, ordenar a forma
correta de se expor um sermão.
Antes da homilética, a oratória contribuiu muito para aperfeiçoar o discurso e a
elaboração dos sermões. Depois de se tornar uma disciplina responsável pelo
aperfeiçoamento da maneira como homem deveria falar em público, a homilética passou a
ter uma característica básica de anunciar uma notícia que, mais tarde, recebeu o nome de
pregação.
Da união de vários fatores, como a persuasão, por exemplo, e de outros meios de
informar, surgiu, então, a eloqüência, termo derivado do latim eloquentia, que significa
“elegância no falar”, “falar bem”; ou seja, a eloqüência garante o sucesso da comunicação,
concedendo ao orador a capacidade de convencer. A eloqüência, em verdade, está
relacionada também às qualidades do pregador. Não é gritaria, e muito menos excesso de
expressões corporais no púlpito. A elocução é o meio mais comum para a comunicação.
O curso de homilética envolve a pregação e a apresentação do ensino religioso. Isto
é, ensina como montar e apresentar sermões de maneira mais eficaz. Sendo uma disciplina
que educa como falar em público, a homilética deve ser uma honrosa tarefa exercida pelo
cristão. O próprio Jesus Cristo ratificou isto ao dizer: “Ide por todo o mundo, pregai o
evangelho a toda criatura” (Mc 16.15).
Em relação ao estudo da Palavra de Deus, a dedicação e o esforço próprio são
atitudes muito importantes, porque ninguém sabe tudo, o processo de comunicação está
sempre mudando. Assim, ao estudante de comunicação cristã a melhor maneira que ele tem
de aprimorar sua fala em público é estudando.
Ninguém se torna um exímio pregador sem esforço. O estudo sistemático pode fazer
do aluno um notável pregador, desde que se dedique a este propósito!
Capítulo 1

O princípio da homilética

O surgimento dos meios de comunicação


A comunicação faz parte das sociedades humanas desde os seus primórdios. A
palavra foi o primeiro veículo de comunicação (é antes do telex, do rádio, da televisão, das
mensagens via satélite e da Internet) e pode ser compreendida de várias maneiras: sinais
(símbolos gestuais), fala (símbolos sonoros) e escrita (símbolos gráficos). Ou por métodos
visuais.
A voz é um prodígio do sistema nervoso humano. Por meio da voz, da fala, o
homem, dotado de raciocínio e inteligência, pôde criar inúmeros meios de comunicação. É
por esse meio que consegue estabelecer diálogos, formular pensamentos e condicionar suas
emoções, e tudo isso relacionado às suas características psicológicas.
Como um ser sociável, o homem, finalmente, passou a viver e a conviver em
grupos, tendo de recorrer ao diálogo para sua sobrevivência e comunicação entre si. A voz
tornou-se um feito comunitário.
A palavra possui duas características fundamentais: a física (som), chamada de
expressão (palavra que faz parte de uma língua), e a pensativa, que recebe o nome de
marco (limite, relação entre tempo e espaço). Nos primórdios da existência humana, a
palavra tinha um significado nominativo; ou seja, as pessoas não a consideravam de
extrema importância, mas, sim, um simples objeto. Com o avanço do homem ao
conhecimento, a palavra passou a figurar como uma idéia sofisticada, o que fez surgir o
raciocínio completo. De sílabas, ela evoluiu para frases, até chegar à construção gramatical.
Entretanto, foi a extrema necessidade do homem de dar nomes ao mundo à sua
volta, organizando sua vida, que possibilitou o desenvolvimento da comunicação verbal,
fundamentado na palavra: “Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todo o
animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes
chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome. E Adão
pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o
homem não se achava ajudadora idônea” (Gn 2.19,20).

Conversa (diálogo)
Já socializado, e tendo dominado a palavra, o homem começou a buscar informação,
surgindo, assim, a conversa (do latim, conversatio). Ou seja, o dialogo entre de duas ou
mais pessoas.
Os gregos chamaram a conversa de homilia (o que fez surgir a homilética). Mais
tarde, os romanos passaram a chamar a homilia de sermonis (o que deu origem à palavra
sermão). Os dois termos, grego e romano, têm o mesmo sentido de comunicação.

O discurso em público
O aumento populacional, junto com a organização de governos, culminou no
surgimento do discurso (exposição metódica sobre um assunto). O discurso é dirigido, de
forma direita, a determinado grupo de pessoas, porém, o contato com o público passa a ser
imaginário. Em um discurso, o orador transmite determinado assunto trocando informações
com seu público.
A data certa do aparecimento do discurso é indeterminada, mas tudo indica que ele
tenha surgido da necessidade de mudança na intensidade da voz para que o orador pudesse
interagir com os grupos de pessoas. O que podemos afirmar com certeza é que o discurso
surgiu no seio familiar, devido à necessidade de se falar sobre diversos assuntos. O pai,
neste caso, representando um governante, tinha a necessidade de se dirigir à família (ou
seja, ao povo). Então, surgiu o discurso.

Retórica
Os filósofos gregos foram os grandes estudantes do discurso. A história conta que
os gregos elaboraram a democracia (do grego dêmos, povo+krátos: poder que emana do
povo, sistema político mais usado no mundo atual). Foi na Grécia que o homem começou a
estudar os métodos de como deveria ser o pronunciamento em público.
Na democracia grega, as pessoas se reuniam em locais públicos para debater
questões sociais, econômicas e políticas. Era a democracia direta, na qual o povo
participava fielmente das decisões da sociedade. Com o passar do tempo, percebeu-se que o
indivíduo que soubesse se expressar com facilidade com o povo teria grandes privilégios na
sociedade, atraindo para si melhores colocações nas cidades.
O discurso passou a ser atribuído como arte. Foi então que surgiram professores que
difundiram por toda a Grécia a arte de falar em público.
Nessa época, a Grécia era a grande força do mundo. Seus ensinos sobre a arte de
discursar e demais áreas da ciência passaram a ser estudados por outros povos. Discursar
para o povo tornou-se uma febre nacional. Todos precisam aprender este ensino, caso
contrário, eram excluídos da sociedade grega. Foi daí que surgiu a retórica (Arte da
eloqüência, falar bem em público, utilizando regras específicas. O termo deriva da palavra
grega retos.)
Entre os gregos, o indivíduo (ou mestre) que falava em público era conhecido
como rétor, orador de um agrupamento de pessoas. Para nós, este orador passou a ter um
significado majestoso: “doutor da oratória”. O primeiro estudioso grego a traçar uma
metodologia para o discurso foi Corax (sábio que sistematizou a retórica, utilizando-a de
forma comercial, sem nenhuma ética). Ele viveu na cidade de Siracusa, na Grécia, no ano
500 a.C.
Corax ensinava que o discurso tinha de ter introdução, argumentação, informações
suplementares e conclusão. Todavia, outro filósofo, Sócrates, contestou os ensinos de
Corax, por não ter uma ética elaborada. Mas reconheceu que seus estudos, aplicados à
filosofia, trariam benefícios incalculáveis. Sócrates tinha medo que a retórica fosse usada
de forma imoral pelos políticos, causando danos à sociedade.
Suas suspeitas eram tão verdadeiras, que mais tarde a retórica passou a ser usada pelos
políticos de forma demagógica (no grego, o termo demagogo significa “guia do povo”:
dêmos, povo+ágo, conduzir).
Outros filósofos, como Platão e Aristóteles, que possuíam o mesmo pensamento de
Sócrates, preferiram a seguinte frase “a retórica deve estar ao ofício da verdade”.
O que deixa claro que a retórica se tornou uma disciplina a ser estudada é o exemplo
de Demóstenes que, apesar de ser gago, se tornou o melhor orador da Grécia.
Antes da era cristã, a retórica estava dividida em três correntes ideológicas: política,
forense e epidíctica (ostentosa).

Os romanos e sua oratória


Com a queda do império grego, surgiu o império romano. Os romanos eram
grandes admiradores da cultura grega e, por isso, englobaram em sua sociedade muitos
ensinos gregos. Um desses ensinos foi a retórica que, mais tarde, passou a ser chamada de
oratória, do latim oris, que significa “boca”.
Os romanos também tiveram célebres oradores. O maior deles foi Cícero, político e
advogado, que criou vários projetos teóricos defendendo a oratória. Todavia, o mais
renomado escritor romano sobre oratória foi Quintilião, autor da mais complexa obra de
oratória da antiguidade, intitulada Instituição oratória.
Os romanos, no entanto, não conheciam a retórica sacra, pois o cristianismo ainda
não existia.

Homilética cristã
As primeiras religiões não possuíam uma homilética capaz de atrair novos adeptos.
As crenças pagãs, geralmente, tinham atribuições locais, regionais e nacionais. No
judaísmo, por exemplo, os pais passavam a tradição da religião para os filhos.
Com isso, podemos afirmar que o cristianismo foi a primeira religião com um apelo
universal. Desde o surgimento da fé cristã até a queda do império romano, o homem
possuía apenas uma identidade, que se misturava com a vida política, com a religião, com a
vida militar e com a vida civil. O homem, nessa época, não conseguia separar a política da
religião. Dessa forma, entendemos que as guerras políticas tinham atitudes religiosas, e
vice-versa.
As batalhas vencidas eram interpretadas como uma superioridade do povo e de seus
deuses. Por isso, os povos antigos não almejavam a pregação de suas crenças a outros
povos.
A Grécia inventou a retórica, mas foram os romanos que apuraram e criaram a
oratória, ainda que não tivessem o conhecimento de sua serventia para a religião. Até
mesmo os judeus, que se consideravam os donos da verdade de Deus, não se preocupavam
em comunicar, em pregar a verdade divina para os demais povos. Os profetas do Antigo
Testamento falavam e escreviam ou contra ou a favor de seu próprio povo. Os fariseus
(seita do judaísmo) tentaram ser missionários, mas não conseguiram.
Ao cristianismo, Deus incumbiu o apelo universal de propagar o evangelho a todas
as nações, surgindo, assim, a retórica sacra e a oratória sacra que, a partir do século 17,
receberam o nome de homilética (a arte de pregar sermões).
Jesus Cristo foi o homem que começou a estruturar a homilética. Sem dúvida,
ninguém soube falar de forma tão simples e tão profunda como o Messias (Mt 13.54, Mc
6.2, Lc 4.16-23). Ele lançava mão dos costumes da vida diária para poder levar o homem a
Deus. Ou seja, usava as parábolas (narração alegórica na qual o conjunto de elementos
evoca outra realidade de ordem superior).
Depois de Jesus Cristo, os discípulos começaram a estruturar as mensagens de
salvação. Eles narravam os trechos bíblicos que enfatizavam a vida de Jesus Cristo. Dessa
forma, provavam, de fato, que Ele era o Messias profetizado pelos profetas do Antigo
Testamento (At 2.1-47; 7.1-53; 13.16-48, dentre outros).
Os pregadores cristãos aperfeiçoaram a retórica e a oratória, surgindo, então, a
homilética. Quando dizemos que a homilética é a arte de falar em público, não queremos
dizer que o pregador seja um artista. Antes, atribuímos ao pregador o uso da técnica de
como se expressar bem em público. A homilética na pregação, na palestra e no discurso
tem uma única função: levar o ouvinte a concordar com aquilo que o orador está dizendo.
Depois da Reforma protestante, a homilética passou a ser usada de forma genuína,
dando condições ao orador de cumprir sua missão de anunciar o evangelho com eficácia.
Temos de frisar a seguinte análise: a homilética não é somente para ser usada nos
púlpitos das igrejas. O bom orador pode utilizá-la também no evangelismo pessoal.
Capítulo 2
A locução do pregador

A expressão locução é um sinônimo da palavra eloqüência, cuja origem etimológica


vem do latim eloqüentia, que significa “falar bem”. Na eloqüência, atribuímos ao orador o
poder de persuadir as pessoas por meio da palavra.
A boa fala e o verbo fácil culminaram na retórica e na oratória, e delas surgiram
quatro maneiras para convencer os homens: as guerras, que utilizam a força como poder
para convencer; a força psicológica, que busca a razão do entendimento pessoal; a força
sociológica dos costumes e normas da sociedade, o direito; e a força verbal, que utiliza a
conversa ou a escrita, a retórica.
A boa fala e o verbo fácil, junto com a eloqüência, são capazes de levar o pregador a
convencer as pessoas por intermédio de suas palavras.
A boa locução tem como único objetivo persuadir as pessoas a acreditar naquilo que
ouvem. Assim, a eloqüência, ou locução, é o canal pelo qual testamos a retórica, a oratória
e a homilética. A eloqüência é a balança pela qual medimos a retórica. Sem a eloqüência,
fica difícil ao orador alcançar a retórica, a oratória e/ou a homilética. O pregador não existe
sem uma boa eloqüência. Eloqüência não é gritar nem falar alto, antes, é o poder de
convencer as pessoas. Vejamos os elementos da eloqüência.

Estudar o assunto conhecer o tema


O exímio orador ou pregador deve possuir algumas qualidades importantes para o
seu ministério. Ou seja, ele precisa ser estudioso e dedicado. Estudar e conhecer bem o
tema que irá explanar ajuda o pregador a demonstrar seu domínio sobre a matéria.
Geralmente, os bons oradores são estudiosos dedicados, observadores e peritos em
pesquisa.
Quando o pregador conhece de fato o assunto a que se propõe explanar, transmite
autenticidade e verdade absoluta. Expressa, por meio de suas palavras, a sua real maneira
de ser.
O pregador ousado tem a necessita de elucidar que o está transmitindo é a coisa
certa. A convicção é muito mais do que aceitação intelectual. A convicção demonstra o
estilo do pregador. O orador deve se sentir tranqüilidade diante dos céticos e acreditar
naquilo que prega. Caso contrário, por que pregar?!
Por exemplo: um vendedor faz de tudo para que seu produto tenha boa aceitação e
alcance sucesso. Quanto mais nós, os cristãos, devemos nos esforçar sobremaneira para que
Jesus Cristo seja aceito por aquilo que Ele realmente é: o Salvador do mundo. Repetindo, a
comparação é apenas um exemplo. Claro que não somos comerciantes e muitos estamos
tentando vender Jesus. Nossa missão, como discípulos, é transmitir a mensagem do
evangelho e levar a salvação às pessoas por meio daquele que veio ao mundo para resgatar
o homem do pecado: Jesus Cristo, o Filho de Deus.

O pregador precisa ter ânimo


O ânimo (Etimologicamente, significa: “alma, espírito”. No uso atual: “vontade,
coragem”) é o canal central da expressão verbal.
O orador precisa se contagiar com as afirmações e as idéias que transmite. Caso
contrário, não irá comover os espectadores. Para falar com entusiasmo, o orador precisa
viver aquilo que prega.
Muitas vezes, o comunicador peca no quesito “viver o que prega”. Não poucas
vezes, o orador deixa transparecer seus problemas pessoais. Isso é errado. Afinal, o
pregador possui um alvo, e esse alvo não pode ser errado. Se o pregador não consegue
“esquecer” seus problemas quando está no púlpito, é bom que não pregue.
Outro detalhe importante. O pregador precisar ter forte comunhão com Deus.
Grandes façanhas da humanidade foram conquistadas com muito entusiasmo.

Fatores emocionais
Segundo a ciência, 60% de nossas decisões são emocionais, o que significa que
grande parte delas não é racional. O homem, desde o começo de sua história, foi motivado
pela emoção. Sua queda está relacionada à sua desobediência a Deus, pois se deixou
empolgar pela emoção de conhecer o bem e o mal. Todavia, não podemos deixar de
aplaudir os grandes feitos do homem motivados pela emoção. O esforço de cada pessoa, no
entanto, é um ato que precisa ser explorado. O brilhante cientista Thomas Edison, inventor
da lâmpada elétrica, dizia que seu sucesso era 1% de inspiração e 99 % de transpiração.
Os fatores emocionais estão ligados ao esforço de cada indivíduo. Saber trabalhar
com a emoção e a razão proporciona ao orador grande sucesso no seu discurso ou sermão.
A determinação é outro fator muito importante na vida do ser humano. Um exemplo
muito especial de determinação é Abraham Lincoln, o maior presidente que os EUA já
tiveram. Por diversas vezes, ele foi candidato a vereador, mais nunca ganhou. Ao se
candidatar à presidência, conquistou o cargo. Isto quer dizer que o orador jamais pode se
esquecer da fórmula: emoção + determinação = aceitação do público. O pregador deve
ser hábil ao usar estes artifícios para atrair a platéia.

O uso da palavra
O uso da palavra certa interagindo com a platéia possibilita bons resultados. O
orador tem de observar bem seus espectadores, pois, em uma multidão, sempre há pessoas
de diversas faixas etárias. Saber falar de forma que alcance crianças, jovens e adultos trará
ótimos resultados ao seu discurso.
Há casos de oradores, e até mesmo de pastores iniciantes, que usam e abusam das
palavras vãs. Ou seja, falam de forma difícil e, por conta disso, não conseguem retorno de
seus ouvintes. O orador deve procurar organizar suas idéias, para que possa conquistar
(leia-se alcançar) a todos. Deve usar palavras fáceis. Não podemos nos esquecer de uma
coisa: o maior orador do mundo, Jesus Cristo, proferia palavras simples, e jamais deixou de
alcançar seus objetivos por isso.
Além de saber usar bem as palavras, o pregador deve ser fluente, ou seja,
espontâneo, atitude predominante em qualquer discurso. A elegância no uso da fala pode
trazer ótimos resultados. Entretanto, essa elegância depende de vários fatores:
conhecimento do idioma, capacidade criadora para construir frases com inteligência e
suscetibilidade e dicção (capacidade de controlar e articular bem a voz).
Capítulo 3
A homilética na comunicação

Estamos na era da globalização, na qual a comunicação vive seus melhores dias.


Hoje, com o surgimento de escolas e faculdades voltadas para esse assunto, a comunicação
tornou-se algo transparente e eficaz em nosso mundo moderno.
Antigamente, o sentido da comunicação era estudado em sua origem etimológica.
Hoje, a comunicação atribui para si sentido próprio: há várias formas de se comunicar. A
comunicação é a arte de persuadir as pessoas.
A retórica e a oratória (ou seja, a homilética) são instrumentos da comunicação
social. Alguns filósofos faziam críticas à retórica sofista, pois em qualquer processo de
comunicação sempre vai haver um aspecto ideológico. Para que haja comunicação, não
podem faltar três elementos básicos: emissor, mensagem e receptor.

Emissor
O emissor é aquele que envia a mensagem ao receptor.
Para que haja comunicação, é necessário que a mensagem possua vários itens
semelhantes, tanto para aquele que a envia quanto para aquele que a recebe.

Mensagem
A mensagem é uma programação mental, por meio da qual a idéia transmitida é
traduzida por um código comum tanto pelo emissor quanto pelo receptor. É importante
ressaltar que ao emissor cabe formar a mensagem e codificá-la, a ele fica a
responsabilidade de escolher o veículo pelo qual a mensagem será transmitida.
Existem alguns fatores que prejudicam a recepção da mensagem. Essa interrupção
se chama ruído, que pode ser causado por um desajuste do código ou por uma interferência
no veículo.
O desajuste do código acontece primeiramente pelo contraste cultural. Por exemplo:
um médico tem um repertório cultural que lhe possibilita a comunicação com pessoas com
a mesma cultura. No entanto, seu repertório cultural prejudica sua comunicação com
pessoas de menos cultura que ele. Por outro lado, as pessoas mais simples possuem um
repertório cultural de menor amplitude (falam gírias, usam chavões) que prejudica sua
comunicação com o médico, pessoa com um grau de estudo maior.
O médico possui em seu repertório palavras técnicas e gírias da profissão que
possibilita maior comunicação com pessoas da mesma área. Mas tudo isso é totalmente
ineficaz para a comunicação com as pessoas que não tenham a mesma formação acadêmica.
Esses detalhes, na comunicação, são intitulados de ruídos que, basicamente,
interrompem a mensagem. Ou seja, a impedem de ser captada pelo receptor.
Para que a comunicação seja perfeita, o emissor deve utilizar vários métodos como
veículo, desde o áudio até o visual.
Trazendo isso para a nossa matéria, veremos que homilética é muito mais do que a
arte de falar em público. Ela engloba o comunicador de forma geral: expressão corporal,
entonação de voz e demais métodos. Visto que muitos templos hoje em dia são projetados
com uma boa acústica local e visualização do púlpito, o pregador, por mais modesto que
seja, deve lançar mão da expressão corporal, mas sempre evitando os exageros. Antes de
qualquer coisa, o pregador deve conhecer a platéia para qual está pregando ou irá pregar. O
público de hoje não se impressiona apenas com boas e sábias palavras, ele quer mais do
orador.
O bom pregador ou comunicador é aquele que sabe persuadir e se utiliza de todos os
métodos da comunicação.

Como falar com a platéia


O pregador, entre outras coisas, deve falar de forma impessoal. Quando uma pessoa
está pregando, ela representa a Trindade santíssima e também um grupo de pessoas (a
igreja). O pregador é, de fato, o autor da mensagem, mas só deve entregar aquilo que Deus
coloca em seu coração. Somente assim, pode ser considerado um instrumento de Deus.
Para isso, deve abandonar alguns termos usados no dia-a-dia. O orador nunca pode
utilizar a primeira pessoa (eu) para contagiar a platéia. Ele precisa evitar o uso de sua
própria pessoa, porque pode dar a impressão de autovalorização de si mesmo. Afinal, o
pregador evangélico não falar de si mesmo, mas de Deus. O uso dos termos gerais
(senhores, senhoras, irmãos, irmãs e vocês) é aconselhável. Faz bem à platéia ouvir esse
tipo de tratamento. A interação tem retorno e produz bons resultados.

Dinâmica na pregação
Em nossos dias, se fala muito de pregadores que sobem nos púlpitos sem nenhum
preparo. Isso até pode ser verdade; mas, às vezes, o que acontece é que o pregador, ainda
conheça o tema, não tem objetividade ou não conhece seus espectadores. Conhecer seu
público alvo é um fator preponderante para qualquer orador. Para isso, a necessidade da
dinâmica na pregação para que o pregador atingir seus objetivos. Dinâmica aqui é o mesmo
que didática.

Objetividade
Antes de preparar a mensagem, o pregador precisa escolher um tema atraente. Deve,
acima de qualquer coisa, centralizar o objetivo do sermão. Comumente, os discursos são
para persuadir, ensinar e homenagear.
Geralmente, o orador utiliza a persuasão para atrair o público. O importante, em um
sermão, é centralizar o alvo da mensagem. O pregador não deve misturar vários assuntos ao
mesmo tempo, o que pode levá-lo a desviar-se do tema principal.

Dicas aos pregadores

Nunca fazer uma segunda e auto-apresentação;


Nunca manter a mão no bolso ou na cintura o tempo todo;
Nunca molhar o dedo na língua para virar as páginas da Bíblia;
Nunca limpar o nariz, cocar-se, exibir lenços sujos, arrumar o cabelo ou a roupa;
Nunca usar roupas extravagantes;
Nunca fazer gestos impróprios;
Nunca usar esboços de outros pregadores, principalmente sem fonte;
Nunca contar gracejos, piadas ou usar vocabulário vulgar;
Nunca ler o texto sentado. Deve fazer a leitura sempre em pé;
Nunca deve pedir desculpas, pois começa derrotado (não confundir com humildade);
Nunca chegar atrasado.
Capítulo 4

A homilética como instrumento auxiliar da Palavra de Deus

O pregador não deve confiar somente no conhecimento que adquiriu por meio da
homilética. A homilética, neste caso, deve ser vista como um importante assistente para o
orador. Afinal, o pregador é um instrumento de Deus para transmitir a mensagem de Deus.
Embora os pregadores de hoje sejam profetas, porta-vozes da mensagem de Deus,
não podemos confundir seu ministério com o ministério profético dos antigos profetas
bíblicos. Jesus Cristo foi o único a acumular esses dois ministérios. Ou seja, Ele foi
pregador e profeta ao mesmo tempo.
Então, quer dizer que o profeta não é necessariamente um pregador? Sim. A função
do pregador é diferente da função do profeta. Cabe ao pregador instruir e convencer as
pessoas e ao profeta, transmitir a mensagem. O profeta não tem a função de ensinar, mas o
pregador sim, seu ministério é pedagógico.
Ao pregador é necessário muito mais do que saber falar em público. Assim como o
poeta aprecia a poesia e desenvolve um gosto apurado neste sentido, o pregador também
deve agir da mesma forma. Isto é, ele precisa aprimorar, a cada dia, seu gosto pelo estudo
da Palavra de Deus. Em uma comparação simples, o pregador deve ser como o vinho, que
fica melhor e mais apurado com o passar dos anos.
A Bíblia é um livro profundo que deve ser estudado profundamente, para que o
pregador esteja preparado como um obreiro que maneja bem a palavra da verdade.

A evangelização
O pregador jamais pode se esquecer de que a função primordial da homilética é
anunciar as boas novas de salvação, por intermédio de Jesus Cristo. O principal intuito da
homilética é facilitar o caminho para que a mensagem da cruz seja aceita pelos ouvintes.
Quando isto não acontece, o pregador está causando um desvio de função, porque a
homilética foi criada para ajudar os pregadores na evangelização e no ensinamento da
verdade revelada por Deus.
A palavra evangelização possui vários aspectos que facilitam sua compreensão. O
primeiro deles é o etimológico, que compreende seu sentido original: anunciar a boa notícia
ou boas novas. O segundo, o político, ou seja, a mensagem é divulgada por um decreto do
governo. O terceiro, o teológico: a mensagem é anunciada pela vontade divina. O quarto e
último, o literário: a mensagem é divulgada por meio de livros, que mostram e argumentam
os atributos e o caráter de Jesus Cristo.
Além dos vários aspectos da evangelização, existem algumas maneiras de se
anunciar o evangelho: individual, coletiva, pessoal, impessoal, direta e indireta.
A primeira maneira, como o próprio nome já diz, é quando o evangelista fala da
Palavra de Deus individualmente a uma pessoa.
A maneira coletiva é quando o pregador evangeliza um grupo de pessoas.
A maneira pessoal traz a presença ao vivo do indivíduo que transmite a mensagem.
A maneira impessoal é por meio de canais de comunicação: revistas, jornais, filmes,
livros, folhetos e TV. O mesmo exemplo serve também para a maneira indireta.
A maneira direta é quando o evangelista persuade a pessoa na rua, nas praças, nos
púlpitos.

A hermenêutica
Tanto a hermenêutica quando a exegese são duas disciplinas fundamentais para o
sucesso da homilética. Sem o auxílio de uma boa interpretação do texto e dos fatos
históricos desse mesmo texto, o uso da homilética seria incerto. As três matérias andam
juntas. Se o pregador utilizar as três, aliadas à comunhão com Deus, o sucesso será
garantido.
A hermenêutica (interpretação textual) estuda a explicação do texto na época em
que foi escrito. A homilética depende automaticamente da hermenêutica, pois a pregação da
Palavra de Deus se canoniza intrinsecamente com o documento textual, a Bíblia. A
interpretação correta da Bíblia é fundamental para uma boa pregação. Se a homilética é o
dom de falar em público, o estudo da hermenêutica proporciona ao pregador o
conhecimento sobre o tema que pretende desenvolver.
A homilética sem a hermenêutica torna-se obsoleta.

A exegese
A arte de pregar depende da exegese.
A homilética ganha teor quando o orador se apóia no uso da hermenêutica e adquire
a definição correta com auxilio da exegese.
O objetivo da exegese é tornar os fatos de uma mensagem transparentes, coerentes,
e isso de forma cronológica, desenvolvendo a estética e elaborando argumentos e
definições sem nenhum erro.
A exegese oferece ao orador inúmeras alternativas para expor suas idéias. Muitas
vezes, a hermenêutica e a exegese se misturam, embora as duas matérias tenham funções
diferentes.
A exegese apóia-se nas interpretações feitas pela hermenêutica, enquanto a
homilética expõe os atributos da hermenêutica.
A homilética recebe o conhecimento que o pregador conquistou por intermédio da
hermenêutica que, por sua vez, toma estilo próprio quando aplicada à exegese. Eis aí as
diferentes funções que a hermenêutica e a exegese possuem.
Em síntese, a hermenêutica busca o estudo, a análise da interpretação correta dos
originais. A exegese busca dar forma a este estudo, a esta análise, para que a mensagem
seja transmitida com veracidade. Um exímio hermeneuta pode não ser um bom exegeta.
Um exemplo bem simples no meio acadêmico é o caso de brilhantes professores que
dominam a matéria, mas não sabem transmiti-la.

O texto e contexto
O texto é a plataforma principal da qual o pregador tira sua mensagem. A literatura
classificou o texto como um conjunto de signos gráficos que, juntos, dão sentido às
palavras e idéias. Assim, o texto é tudo aquilo que é escrito. O texto pode ser uma palavra,
uma oração, não importando seu tamanho: pequeno ou grande.
O contexto possui outra atribuição. Ele pode ser anterior ou ser lógica imediata ou
longínqua. Tudo depende da posição e localização do texto. O contexto possui várias
possibilidades de ser interpretado: formas interna (em volta do texto examinado) ou externa
(longe dele). Neste cenário, podemos atribuir que o contexto pode ter dimensões históricas,
sociais, psicológicas e culturais.
Isto deixa claro que a Bíblia é o texto, a nossa carta magna. Tudo o que se encontra
à sua volta é história, literatura, lingüística, antropologia, arqueologia, geografia, filosofia...
e equivale ao seu contexto. O livro-texto do pregador é a Palavra de Deus, o que não quer
dizer que o pregador deve ser um homem de único livro, mas que a Bíblia é a base, o
alicerce do pregador.
Capítulo 5
A base para elaborar sermões

Estruturação da pregação
Por diversas vezes, os especialistas em homilética se esforçaram para estruturar os
diversos tipos de sermões que existem. Os termos utilizados para estruturar os sermões
mudam de acordo com o autor. Os sermões podem ser:

Interpretativo, éticos, devocionais, doutrinários, filosóficos, apologéticos, sociais e


evangelísticos.

Os sermões possuem vários tipos de estrutura.


A primeira delas é a estrutura expositiva, que usa um texto, uma passagem, um
livro, uma biografia ou um cenário.
A segunda é a estrutura argumentativa, que pode ser dedutiva ou analítica.
A terceira estrutura está relacionada ao enfoque dado a um assunto abordado, mas
em diferentes ângulos e esferas.
A quarta estrutura trabalha de forma alegórica, ou seja, por analogia, comparação e
parábolas.
O sermão pode ser:

Normativo: propõem ao ouvinte obedecer.


Persuasivo: propõem ao ouvinte a credibilidade de sua fé.
Cooperativo: visa resolver problemas da sociedade e do pregador.
Interrogativo: levanta dúvidas sobre as questões éticas e tenta saná-las.

Existem, ainda, outras formas de estruturar os sermões. Tudo vai depender da


ocasião. Em determinadas situações, os sermões podem ser classificados por alvos. Ou seja,
sermões pastorais, evangelísticos, missionários, cerimoniais ou ocasionais.
Dentre os tipos de sermões abordados até agora, os mais fáceis são o temático, o
textual e o expositivo.
O sermão temático utiliza a idéia do tema, não depende tanto do texto.
O sermão textual tem como propósito explicar um texto bíblico, sempre apoiado na
hermenêutica e na exegese. Um exemplo bem simples desse tipo de sermão é uma pregação
textual do Salmo 23.
O sermão expositivo é exposto por meio de um estudo histórico, gramatical e
literário de uma passagem bíblica dentro do seu contexto.

O título
O pregador não deve preocupar-se com o título quando estiver preparando seu
sermão. Geralmente, o título, e também a introdução, são os últimos tópicos a ser
preparados.

Peculiaridades do título
1. Deve ser interessante e atraente, a fim de despertar a atenção dos ouvintes. Para ser
interessante, deve relacionar-se às circunstâncias exclusivas e às necessidades dos
indivíduos que ouvem o sermão.
2. Deve ter relação com o tema do sermão ou com o texto bíblico.
3. Deve ser decente e digno. Devem ser evitados os títulos rudes, que ofendem e
causam apatia.
4. Deve ser breve, preferencialmente.
5. Pode ser uma citação curta de um texto bíblico.

Como já dissemos, a introdução, também chamada de exórdio, deve ser elaborada


por último. Deve ficar claro que a introdução não é as preliminares que os pregadores
costumam proclamar. As preliminares consistem de observações gerais que não estão
relacionadas com o sermão. Geralmente, é uma apresentação ou um testemunho do
pregador, para que seja conhecido do povo.
A introdução é o processo pelo qual o pregador procura conduzir a mente dos
ouvintes para o tema de sua mensagem. Na introdução, o pregador procura prender a
atenção dos ouvintes quanto ao tema que pretende proclamar e desenvolver.

Peculiaridades da introdução

1. Deve despertar o interesse dos espectadores.


2. Deve ser breve.

As divisões principais
As divisões são o corpo do sermão. São as verdades espirituais divididas em partes
seqüenciais, distintas, mas interligadas à verdade principal, que é a proposição.

Peculiaridades das divisões

1. Devem ter unidade de pensamento.


2. Ajudam o pregador a lembrar-se dos pontos principais do sermão.
3. Ajudam os ouvintes a se recordarem dos aspectos principais do sermão.
4. Devem ser distintas umas das outras.
5. Devem originar-se da proposição e desenvolvê-la progressivamente até o clímax do
sermão.
6. Devem ser uniformes e simétricas.
7. Cada divisão deve ter apenas uma idéia ou ensino.
8. O número das divisões deve, sempre que puder, ser o menor possível.

A conclusão do sermão
A conclusão é o clímax do sermão. Na conclusão, o pregador deve chegar ao seu
alvo, que é atingir os ouvintes e persuadi-los a praticar e a aplicar em suas vidas a
mensagem que ouviram. É a parte do sermão em que tudo o que foi dito anteriormente é
reafirmado com mais veemência e vigor, a fim de brotar maior impacto nos ouvintes.
Peculiaridades da conclusão

1. Não é apenas um anexo da mensagem, antes, é parte dela.


2. Não deve ser apresentada nova idéia, apenas ser enfatizado as idéias expostas
anteriormente.
3. É a parte mais poderosa do sermão, porque une todas as verdades ensinadas em uma
verdade única.
4. Deve ser breve.
5. Pode ser uma recapitulação das idéias expostas nas divisões principais.
6. Pode ser uma ilustração.
7. Pode ser a aplicação da mensagem aos aspectos práticos da vida.
8. Pode ser um apelo.

Discussão
A discussão é o desenvolvimento dos conceitos contidos nas divisões do sermão. A
fonte principal para a discussão deve ser a Bíblia, mas não é errado o pregador recorrer a
outras fontes, desde que sejam confiáveis. Essas fontes podem ser citações de revistas,
jornais, poesias, letras de hinos ou provérbios da sapiência popular. Fontes históricas
também são de grande valia para a discussão, conforme a natureza do sermão.

Ilustração
É o processo de explicar algo desconhecido pelo conhecido. É a exposição de um
exemplo que torna claro os ensinamentos do sermão.
A ilustração pode ser uma parábola, uma alegoria, um testemunho ou uma história.
Devemos enfatizar que a ilustração não é a parte mais importante do sermão. Trata-se
apenas de uma explanação do texto. A parte mais importante é a interpretação do texto,
pois o alvo do sermão é torná-lo conhecido do público, e a ilustração se presta a essa tarefa.

Aplicação
A aplicação é o processo mediante o qual o pregador aplica a verdade espiritual do
sermão à vida dos ouvintes, a fim de persuadi-los a uma reação favorável à mensagem. Em
outras palavras, a aplicação é a persuasão das palavras do pregador; é a palavra dirigida ao
coração. Pelo sermão, o pregador fala à mente das pessoas, a fim de que meditem nas
palavras que estão ouvindo. Pela aplicação, o pregador fala ao coração das pessoas, a fim
de que ponham em prática as palavras que ouviram.
Em síntese, a aplicação é a meditação posta em prática.

Apelo
O apelo é o processo de requerer do auditório uma resposta positiva acerca do que
foi explanado. O apelo é uma invocação feita aos ouvintes para que recebam os
ensinamentos expostos na pregação.
Devemos enfatizar que a própria pregação já traz em si um apelo. O verdadeiro
apelo é feito pelo Espírito Santo, que chama e invoca os homens para que ouçam a sua
Palavra. E quando os homens se voltam para a Palavra, demonstram sua fé naquilo que
ouviram.
As Escrituras afirmam que “a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm
10.17), portanto, a exposição da Palavra é o apelo que o Espírito Santo dirige aos homens
para que ouçam, creiam e recebam a Palavra em seu coração. Este fato, no entanto, não
impede que os pregadores façam apelos à platéia. O apelo pode ser gestual, ou seja, pedir
ao ouvinte que levante o braço ou solicitá-lo a ir à frente da congregação. Esse tipo de
apelo, porém, deve ser usado com moderação.
Capítulo 6
Tipos de sermões

Pregação temática
A partir do tema, o pregador escolhe o texto que vai usar no sermão. Uma vez
escolhido o texto, este deve estar de acordo com o assunto que será explanado pelo
pregador. Para ser bem claro, escolhe-se, primeiro, o tema e depois, o texto bíblico que
apoiará o assunto a ser tratado. Geralmente, este é o modo mais usado pelos pregadores na
preparação dos sermões, por ser o mais fácil. É muito prático preparar sermões doutrinários
e evangelísticos, pois podem ser usados textos da Bíblia, exclusivamente.
As vantagens do método temático são muitas. Vejamos algumas:
Variedade de tópicos. O pregador tem liberdade para falar de diversos temas e,
com isso, não fica preso a um único texto bíblico, tem a possibilidade de usar vários trechos
da Bíblia para desenvolver sua pregação.
É fácil de elaborar. O pregador tem em seu favor a o privilégio de desenvolver
qualquer assunto, o que torna mais fácil a organização de idéias e argumentos da maneira
que ele acredita ser melhor. É o método mais praticado pelos oradores iniciantes no
ministério da pregação, porque o alvo da mensagem é atingido com facilidade. A pregação
temática tem a facilidade de centralizar a idéia e o tema da mensagem, promovendo uma
melhor compreensão dos argumentos apresentados.
Favorecimento uniformidade. Uma vez escolhido o tema do sermão, não há
combinação com outros assuntos. O pregador pode ser fiel ao tema escolhido, mas precisa
ter cuidado com o texto proposto, caso contrário, poderá seguir outros caminhos e abordar
outros assuntos.
Favorece o estilo literário e a ordem cronológica. O orador pode intermediar
fontes literárias e aplicá-las à Bíblia. Pode, também, utilizar hinos e poesias.
Não obstante a todas essas vantagens, o método temático possui algumas
observações que devem ser aplicadas. Por exemplo, o pregador nunca deve negligenciar o
estudo profundo da pregação temática, mesmo que seja fácil de preparar. Outro fator
importantíssimo é: evitar o secularismo. Às vezes, o pregador pode correr o risco de sair
definitivamente do assunto escolhido, e isso pode desviar a atenção do auditório.

A ordem do sermão temático

Ordem cronológica
Alvo central: os juízos de Deus.
Na queda do homem, no dilúvio, em Sodoma e Gomorra e nas últimas pragas.

Estudo de episódio ou fatos bíblicos


Alvo central: Deus perdoa a todos.
Perdoou Judá, Davi, Maria Madalena e Paulo.

Exame de um tema ou de uma doutrina


Alvo central: a volta de Jesus
Os sinais da natureza, os sinais por meio da história e os sinais religiosos.

Declaração e demonstração bíblica


Alvo central: Jesus é Deus
Eu sou o bom Pastor, eu sou a Videira, eu sou o Pão vivo que desceu do céu.

Argumentativa
Alvo central: obediência à Palavra de Deus
Abraão obedeceu, os profetas obedeceram, os discípulos obedeceram e Jesus obedeceu.

Estudo de conceitos bíblicos


Alvo central: o amor
Amor sentimental: Eros. Amor incondicional: ágape. Amor fraternal: fileo.

Ilustrativa e metáfora
Alvo central: o cristão deve influenciar a sociedade
Como sal da terra e luz do mundo e como cartas abertas de Cristo.

Exemplo esboçado de um sermão temático

Tema: A Palavra de Deus atua

1 – Salvando o homem
“Por isso, rejeitando toda a imundícia e superfluidade de malícia, recebei com mansidão a
palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas” (Tg 1.21).

2 – Libertando o homem
“E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto num
lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir” (Jo 11.44).

3 – Julgando o homem
“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois
gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para
discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12).

4 – Purificando o homem
“Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si
mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e
irrepreensível” (Ef 5.26).

5 – Consolando e alentando o homem


“Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a
firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta” (Hb
6.18).

6 – Santificando o homem
“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17).

Depois de expor todos os tópicos, o pregador faz um resumo aplicativo e, em


seguida, o apelo.

A pregação textual
O sermão textual é aquele cujo assunto é extraído do próprio texto. Geralmente, é
utilizado um único versículo bíblico, do qual é tirado o assunto central e demais termos que
serão tratados. Em relação ao sermão temático, o sermão textual é totalmente diferente. O
tema da pregação textual sai do próprio texto. Ao contrário do temático, que é o pregador
que prepara o assunto e o tema. Há exemplos fabulosos de mensagens tiradas do próprio
texto. Vejamos alguns: o vale de ossos secos (livro de Ezequiel) e o vaso do oleiro (livro de
Jeremias), entre outros.
Existem vários benefícios de se pregar um sermão textual. O primeiro deles é:
ancorar o ouvir num só texto. Geralmente, esse método permite que o espectador fique com
a Bíblia aberta, evitando conflito de pensamento sobre o texto ministrado. O outro
beneficio significativo é a facilidade de preparar o sermão textual.Os assuntos a ser tratados
estão concretos no texto. Em regra, as afirmações do texto são diretas, produzindo opinião
clara sobre o tema. Por esse método, o ouvinte acompanha as idéias do texto junto com o
pregado, o que facilita o aprendizado. O último favorecimento, e o mais atraente de todos, é
que esse sistema permite que o ouvinte possa tomar intimidade com a Bíblia.
Todavia, há alguns aspectos negativos nesse método: a pregação não pode ser
aplicada a todos os textos da Bíblia, pois existem versículos que não esboçam idéias claras.
Em falar nos textos bíblicos que contêm outras idéias. Mas isto não é basicamente um
problema, apenas exige que o pregador tenha mais cuidado e desenvoltura para extrair o
assunto principal. Às vezes, o pregador corre o risco de ser artificial. Isso acontece quando
o pregador coloca idéias diferentes das do texto em seu discurso. Por isso é necessário
muita cautela, para que o pregador não imponha suas próprias idéias no texto bíblico
escolhido por ele para desenvolver sua mensagem, criando, sem querer, heresias.
Uma importante dica aos pregadores que desejam lançar mão do sermão textual:
usar idéias consistentes. Se não for assim, a pregação fica cansativa, repetitiva e
redundante, porque o orador não consegue embasar o tema com opinião firme e coerente. A
prática do sermão textual não é aconselhável aos pregadores iniciantes. Normalmente, já é
difícil esboçar este esquema da pregação mesmo quando se tem experiência, pois, como a
maioria das pregações textuais utiliza textos pequenos, às vezes fica difícil a aplicação da
passagem escolhida no dia-a-dia da vida do ouvinte.
O estilo textual é o menos utilizado, simplesmente porque os pregadores preferem
os estilos temático e expositivo, por possuírem maiores possibilidades de assuntos e temas
para doutrinar os ouvinte na sua vida cristã. No entanto, se usado com bom senso,
escolhendo alguns textos peculiares, pode trazer maravilhosas pregações. Mas tudo vai
depender da perspicácia e preferência do orador.
O leitor agora deve está-se perguntando: “Como devo preparar um sermão textual?”.
Primeiramente, o pregador precisa definir o versículo e a idéia principal do texto escolhido.
Deve separar bem a opinião do texto, pois alguns escritos possuem diversidade de assunto.
Já determinado o alvo central da pregação, o orador deve preparar a seqüência dos tópicos
fundamentais escolhidos de acordo com o seu critério do orador, tendo sempre em vista o
cume final da pregação.

A ordem do sermão textual

Ordem simples de acordo com o texto


Alvo central: Cristo é o caminho da salvação (Jo 14.6)
Cristo é o caminho que conduz o homem a Deus, Cristo é a verdade que guia, Cristo é o
doador da vida.
Trocando a ordem para atingir o auge do sermão
Alvo central: os dons espirituais e seus propósitos (Rm 11.29)
Propósito dos dons em cada pessoa: aprimoramento dos santos; propósito social: erigir a
igreja; propósito evangelístico: servir a igreja.

Estabelecer os assuntos aplicando-lhes um alvo a ser alcançado em cada tema


Alvo central: as atribuições de cada cristão (Os 12.6)
Para cada pessoa, justiça; para com a sociedade, sempre promover a misericórdia; para com
Deus, sempre buscar a humildade.

Procurar persuadir para causar reflexão


Alvo central: o propósito do Salvador (At 5.31)
Veio ao mundo para salvar; para remir o pecador.

Exemplo de um sermão textual e seu esboço

Tema: Cristo é o único caminho para a salvação

Texto base: “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e
achará pastagens. O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que
tenham vida, e a tenham com abundância” (Jo 10.9,10).

1. Jesus é o caminho que leva a Deus


2. Ele recebe a todos
3. Ele garante o bom alimento
4. Ele veio para dar vida

Depois de expor todas as aplicações que o texto revela, o pregador leva os ouvintes
ao apelo.

O sermão expositivo, por requerer um enfoque minucioso, será tratado no próximo


capítulo.
Capítulo 7
As grandes possibilidades do sermão expositivo

A pregação expositiva é a mais difícil de preparar, pois possui muita variedade de


texto para se trabalhar, entretanto, é o método mais eficaz para atingir a alma do homem.
Esse método tira do texto muito mais do que o tema central. Ele mostra as divisões e as
subdivisões, além de tornar explícito o espírito do texto, o que faz que o telespectador
reviva a situação e as emoções que levaram o autor a elaborar o sermão.
Em uma análise simplificada, pode haver alguma semelhança com o sermão textual,
porque ambos os métodos se originam no texto bíblico. A primeira semelhança é que o
sermão textual extrai a idéia principal do texto, porém, as subdivisões são tratadas e
argumentadas conforme a disponibilidade do pregador. No sermão expositivo, as divisões e
as subdivisões, no entanto, são extraídas da circunstância narrada no texto.
O sermão expositivo tornou-se o mais usado por possuir vários benefícios, limitados
nos outros estilos. Um desses benefícios é garantir a veracidade da Palavra de Deus,
impedindo o pregador de seguir um rumo diferente e desnecessário. Uma característica
preponderante desse estilo de pregação é tratar o texto bíblico com respeito, expressando
exatamente o que o versículo está dizendo. A principal função do pregador e da Palavra de
Deus é satisfeita. Ou seja, o sermão expositivo fornece o alimento espiritual à igreja,
orientando o ouvinte a ter um profundo relacionamento com Deus e com a sua Palavra.
Nesse método, pregador tem o privilégio de expressar que possui comunhão com
Deus. Ao estudar o tema do sermão, o pregador se alimenta espiritualmente e, depois,
transmite esse alimento aos outros.
Não obstante, existem alguns malefícios no sermão expositivo, pois, como em toda
técnica, ele possui vantagens e desvantagens.
Uma de suas desvantagens: ele é mais difícil preparar, já que requer mais tempo e
dedicação no preparo. Muitos pastores não sabem elaborar um sermão expositivo, porque
não dispõem de tempo para prepará-lo e, por conta disso, elaboram, em muitas ocasiões,
sermões cansativos, maçantes até. Não têm a percepção de esmiuçar profundamente o
texto bíblico.
Por ser um método difícil, porém, rico, exige mais tempo do pregador em sua
preparação. O pregador que deseja apresentar um sermão expositivo à igreja precisa
dedicar-se à pesquisa e ao estudo do contexto histórico e cultural do texto bíblico escolhido.
Precisa, também, de um tempo maior de meditação, para que possa trazer aos ouvintes
todas as condições espirituais relatadas no texto.
Em termos gerais, o sermão expositivo é um método difícil de conquistar os
ouvintes e a igreja, pois aborda fatos passados e, hoje em dia, a mídia tem lançado muitos
fatos atuais, modernos, e as pessoas não têm mais interesse em fatos longínquos. Por isso o
orador tem sempre de se reciclar, de maneira tal que possa atrair a atenção do ouvinte.
Outra desvantagem desse método, e a mais perigosa, é o afastamento do ouvinte da
Bíblia, caso o sermão seja mal estudado e preparado. Se o orador apenas apresentar o texto,
sem explorar a fartura de elementos históricos e contextuais, não podemos chamar o sermão
de expositivo, pois a característica principal desse tipo de pregação é explorar todos os
fundamentos descritos no texto bíblico.

A seriedade do estudo na apresentação de um sermão expositivo


A pregação expositiva é um processo comunicativo, cujo fundamento é transmitir a
Palavra de Deus por meio de relatos históricos, literários, além da interpretação gramatical.
Cada vez mais, o estilo expositivo tem sido considerado o mais completo método de
pregação, porque possui qualidades persuasivas, tem poder de influenciar.
A pregação expositiva é a mais importante de todas, porque mostra, de forma mais
fidedigna possível, o que o texto de fato está dizendo, e isso diminui os erros de
interpretação. Expõe, de maneira extremamente ampla, o sentimento que o Espírito Santo
requer em determinado texto. Por estar fundamentada na veracidade bíblica, a pregação
expositiva apresenta, de forma plena, as necessidades do ser humano. É a Bíblia que deve
preencher completamente o coração do homem, e não a idéia ou a metodologia usada pelo
pregador, por mais brilhante que seja. Devemos lembrar que o bom pregador é apenas
coadjuvante. Por mais genial que seja o seu argumento, esse argumento, no entanto, jamais
substituirá o teor substancial da mensagem da Palavra de Deus.
A apologética está totalmente ligada à pregação expositiva, porque esse método
procura elucidar as verdades à luz da bíblia para debater as heresias e as interpretações
erradas em relação às Escrituras. Respeitando o contexto, o pregador se protege das vãs
ideologias.

Idéias erradas sobre o sermão expositivo


Alguns pregadores têm utilizado o método expositivo de maneira errada. A seguir,
as formas que não fazem parte do sermão expositivo.
Exegese: pregadores há que tentam usar a exegese para explicar o texto, mas, na
verdade, não é assim que funciona. O tratamento expositivo do texto não busca interpretar
os usos lingüísticos, como se fosse um léxico para exprimir cada construção frasal.
Ao agir dessa forma, o pregador conseguirá apenas cansar o ouvinte. Por outro lado,
a exegese é imprescindível para o orador esmiuçar o texto, mas sem explaná-la ao ouvinte.
Explicação bíblica: outra forma que confunde muito o ouvinte é uma explicação
repetitiva dos aspectos históricos retratados no texto. O pregador precisa usar essas
informações como cenário secundário, e não como centro da discussão.
Confundido um esboço temático com um esboço expositivo: em muitos casos, as
pessoas confundem um esboço expositivo com um esboço temático. O método expositivo
não está fundamentado em um tema absoluto, pois o tema desse tipo de sermão é extraído
do próprio texto bíblico, não se adapta, na maioria das vezes, a um tema factual. Na
verdade, quando o texto bíblico não fala por si só, esse fato tira um pouco da eficácia de
uma pregação expositiva. Para encerar, se o pregador deseja explanar um tema, ele deve
preparar um bom sermão temático.

As peculiaridades do sermão expositivo


Bem, já vimos os aspectos errados usados em alguns casos no método expositivo.
Veremos, agora, as peculiaridades desse estilo de pregação, que difere dos demais estilos já
apresentados.
O texto bíblico é o principal fundamento em qualquer pregação, mas, se tratando do
sermão expositivo, o texto extraído da Bíblia merece um uma abordagem mais ampla, pois,
geralmente, é usada uma única passagem bíblica. Isso, no entanto, não impede que o
pregador lance mão de outros textos ao mesmo tempo. Todavia, ele deve prestar muita
atenção, porque, em alguns episódios, pode misturar os textos e, com isso, tirar a
profundidade do texto principal.
A fidelidade ao texto principal é uma das características do sermão expositivo, que
deve respeitar o texto e nunca violá-lo. Na teologia, este tipo de cuidado é chamado de
inteireza à interpretação bíblica (hermenêutica). Ou seja, acatar as normas de interpretar a
Palavra de Deus. O sermão expositivo não força o texto a dizer aquilo que ele não diz. E,
quando isso acontece, surge uma nova heresia.
Outro fator preponderante na pregação expositiva é a coerência textual. Os diversos
assuntos devem estar ligados entre si. As idéias do sermão se encaixam, estabelecendo uma
abordagem clara, refletindo o que a Bíblia está dizendo.
A ilustração é um aspecto peculiar no sermão expositivo. Se o pregador, por
exemplo, for descrever a vida de Moisés, ele precisa fazer que o ouvinte veja esse servo de
Deus ainda menino, dentro de um cesto, no rio Nilo, e como um homem já adulto,
consagrado ao seu Deus, conduzindo milhares de pessoas no deserto.
A ordem lógica do assunto deve ser descrita de acordo com o ponto culminante do
sermão, o apelo. Para isso, o pregador precisa evitar o uso repetitivo de termos, sempre
manipulando bem as palavras-chaves. Toda palavra repetida deve ter um propósito
acentuado para fechar um assunto.
O alvo central do sermão expositivo é a aplicação daquilo que foi dito. Caso isso
não ocorra, os dados históricos não passam apenas de informação cultural. A aplicação do
sermão tem de refletir a realidade do espectador.

Como explorar o texto de forma consistente


Como já sabemos, a pregação expositiva apresenta alguns obstáculos, por isso o
pregador tem de estudar bem o texto bíblico escolhido. A seguir, veremos como transpor
estes obstáculos.
Primeiro passo: analisar bem o texto. Caso o pregador não tenha tempo
disponível para preparar um sermão expositivo, que não se atreva a desenvolvê-lo. Uma das
exigências desse modelo de pregação é a interpretação correta do texto. O pregador não
precisa ser um estudioso de hermenêutica, mas precisa conhecer alguns elementos
fundamentais de interpretação.
Observar o contexto e os fatores históricos é fundamental. Os fatores históricos
estão ligados diretamente ao texto. Conhecer o principal propósito do texto enriquece a
mensagem, tornando-a criativa.
Outra qualidade substancial da pregação expositiva é a qualidade prática, que serve
para evidenciar o dia-dia do espectador. Caso contrário, o texto se torna cansativo, por ser
muito teórico. Quanto mais o pregador demonstrar praticidade, mais sucesso terá sua
pregação.

A ordem do sermão expositivo


O sermão expositivo segue a mesma ordem organizacional dos outros sermões.
Depois de estudar minuciosamente o texto, o orador deve observar o assunto principal e, a
partir dele, preparar a pregação. Após isso, deve elaborar os agrupamentos das idéias
geradas do assunto central. Os demais tópicos darão o tom e a ênfase do sermão.

Relatando episódios e fatos


Alvo centra: batalha espiritual (Ef 6.10-20)
1. Ninguém pode lutar se estiver fraco, por isso a ordem é “fortalecei-vos” (v.10)
2. O crente deve conhecer a armadura (v.11)
3. O crente deve tomar de toda a armadura (v.13)

Razões e circunstâncias
Alvo central: a vida espiritual do crente (Mc 13.24-31)
1. Os sinais estão se cumprido (v. 25)
2. O dia da volta está próximo (v. 29)
3. Passarão os céus e a terra, mas a Palavra de Deus permanecerá (v. 30,31)

Extraindo conceitos doutrinários do texto


Alvo central: o cristão e o novo nascimento (Jo 3.1-15)
1. O homem precisa nascer de novo (v. 3-5)
2. O segredo do novo nascimento (v. 6-10)
3. O galardão do novo nascimento (v. 15)

Estes são alguns exemplos de sermões expositivos. Existem outros que utilizam
metáforas e figuras de linguagem. Vejamos, a seguir, o esboço de um sermão expositivo.

Título: O cristão e a batalha espiritual


Texto base: Efésios 6.10-20

Introdução

1 – Fortalecimento: Efésios 6.10


O crente deve se fortalecer no Senhor.
a) ninguém pode lutar se estiver fraco
b) Jesus é a nossa fortaleza

2 – O crente deve conhecer a armadura de Deus: Efésios 6.11


O crente deve saber quais são as armaduras de Deus e buscar capacitação.
a) Sem preparação para guerra, não haverá vitória.
b) Essa capacitação é recebida na igreja, orando, estudando a Bíblia e exercitando.
c) O instrutor é o Espírito Santo

3 – O campo da batalha: Efésios 6.12


O lugar de combate.
a) É espiritual – nos lugares celestiais
b) Não é lugar geográfico.
c) Existe um inimigo espiritual – o diabo.

4 – As armas espirituais da batalha: Efésios 6. 13-17


As armas espirituais são:
a) O cinto da verdade (v.14)
b) A couraça da justiça (v.14)
c) Calçados na preparação do evangelho (v.15)
d) O escudo da fé (v.16)
e) O capacete da salvação (v.17)
f) A espada do espírito (v.17)

5 – A provisão da batalha
a) A oração na batalha (v.18,19)
b) Orando em todo o tempo (v.18)
c) Vigiando com perseverança (v.18)
d) Na força da Palavra de Deus com confiança (v.19,20)
Apelo final
A conclusão deve sempre ser feita enfatizando uma mudança de atitude.
Conclusão

A matéria que estudamos tornou-se, com o passar dos anos, uma das mais eficazes
para a instrução do pregador. E também para qualquer outro meio de comunicação que
deseje anunciar o evangelho. Em nossos dias, é notório o interesse do pregador em saber
como se deve comportar em público. E é aí que entra a homilética, pois ela mostra o
caminho: ensina como transmitir uma mensagem eficaz e com eficácia, e orienta, de forma
persuasiva, como deve ser a mensagem e a maneira como o pregador pode obter sucesso
em sua comunicação.
Hoje, a ordem do dia é buscar a excelência mais do que qualquer outra coisa.
Conhecer o ser humano e a forma como ele age é uma regra para quem deseja alcançar o
sucesso. Por isso, estimado aluno, procure conhecer bem a Palavra de Deus e o público alvo
que deseja alcançar. Os dias são maus, e quanto mais você se dedicar a Deus, mais frutos
produzirá, e maior será o seu galardão.
Sua dedicação ao estudo da homilética pode torná-lo um excelente pregador!
Questionário

1) Qual é o principal meio de comunicação que o homem possui?


2) Quais foram as disciplinas antecessoras da homilética?
3) Aponte a forma de comunicação antecessora do discurso.
4) De que forma os gregos e os romanos contribuíram para a comunicação?
5) O que é mensagem?
6) O que é um emissor?
7) Qual é a principal função da homilética?
8) O que é um receptor no processo de comunicação?
9) O que é um ruído no processo comunicativo?
10) Defina, de forma sucinta, o que é eloqüência.
11) Quais são os procedimentos básicos que um pregador tem de observar para que a sua
pregação seja bem aceita?
12) Quais são os elementos básicos para se estruturar uma boa mensagem?
13) No que a hermenêutica contribui para uma boa mensagem?
14) Qual é a principal característica da pregação temática?
15) Qual é o papel fundamental da exegese na pregação textual?
16) Por que o sermão expositivo é o mais rico estilo de pregação?
Referências bibliográficas:

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