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A vinculação

Perante o conceito de vinculação, certamente pensaremos em sinónimos tais como vínculo,


união ou laço duradouro. De facto, a vinculação mais não é do que uma relação recíproca e
duradoura, entre o bebé e a figura de vinculação, em que cada um contribui para a
qualidade da mesma.

O tema da vinculação entre pais e filhos é umas das temáticas mais interessantes em
psicologia infantil. Assim, neste campo, encontramos Mary Ainsworth e John Bowlby
como nomes incontornáveis e cujas investigações em muito contribuíram para a
proliferação de estudos sobre a temática da vinculação. Se vos perguntar quando é que
começaram a sentir-se vinculadas ao vosso bebé, provavelmente a maioria das respostas
apontará para o período da gravidez. Sem dúvida que sólidos laços afectivos e emocionais
se estabelecem entre a futura mamã e o seu bebé durante o período gestacional e, também
aqui, a expressão de que a gravidez é um estado de graça adquire um significado ainda
maior: a de que estamos a gerar uma vida que amamos incondicionalmente desde o
primeiro instante.

Praticamente qualquer actividade levada a cabo pelo bebé que desencadeie uma resposta
por parte de um adulto de referência, como a mãe e/ou o pai, poderá ser considerado um
comportamento de procura de vinculação: chorar, sorrir, chupar, abraçar e olhar para esse
mesmo adulto de referência.

Segundo Ainsworth (1969), logo na oitava semana de vida, o bebé tende a dirigir alguns
destes comportamentos mais à mãe do que a qualquer outro adulto. E quando a mãe
responde calorosamente e oferece ao bebé contacto físico frequente bem como liberdade
para explorar, então poderemos dizer que a procura de vinculação por parte do bebé foi
bem sucedida, contribuindo para o estabelecimento da segurança em si, nos outros e no
mundo que o rodeia.

De um modo geral, existem quatro estádios, em parte sobrepostos, do comportamento de


vinculação durante o primeiro ano de vida:

1. Antes dos 2 meses, os bebés respondem indiscriminadamente a qualquer pessoa;

2. Entre as 8 e as 12 semanas, os bebés choram, sorriem e balbuciam mais para a mãe do


que para outra pessoa, mas continuam a responder aos outros;

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3. Entre os 6 e os 7 meses, os bebés demonstram uma vinculação à mãe bem definida. O
medo de estranhos poderá surgir entre os 6 e os 8 meses;

4. Entretanto, os bebés desenvolvem uma vinculação com uma ou mais figuras familiares,
como sejam o pai e os irmãos.

No núcleo de todos os estudos sobre os padrões de vinculação está a Situação Estranha,


um procedimento desenvolvido por Ainsworth em finais da década de 1970.

O que é, pois, a Situação Estranha? Esta técnica consiste numa sequência de 8 episódios
com uma duração inferior a 30 minutos. Durante esse período, a mãe deixa, por duas
vezes, o bebé numa sala não familiar, a primeira das vezes com uma pessoa estranha para o
bebé. Na segunda vez, deixa o bebé sozinho e a pessoa estranha regressa à sala antes da
mãe o fazer. A mãe, então, encoraja o bebé a explorar e a brincar novamente e
providencia-lhe conforto se o bebé parecer necessitar (Ainsworth, Blehar, Waters&Wall,
1978). Acrescente-se ainda que a Situação Estranha contou com a colaboração de bebés
entre os 10 e os 24 meses. Por conseguinte, temos duas variáveis que irão, certamente,
provocar uma resposta por parte do bebé: um espaço estranho e uma pessoa estranha. De
especial interesse, neste procedimento, é a resposta do bebé de cada vez que a mãe
regressa. E é com base nessa mesma resposta que Ainsworth e os seus colaboradores,
identificaram quatro padrões principais de vinculação:

 a vinculação segura,

 a vinculação ambivalente/resistente,

 a vinculação evitante

 a vinculação desorganizada/desorientada.

Assim sendo, os bebés com uma vinculação segura (a categoria mais comum, na qual se
enquadram 66% dos bebés americanos), choram ou protestam quando a mãe sai e saúdam-
na com alegria quando regressa. Esta alegria pode ser também um choro de contentamento.
Os bebés com uma vinculação segura, usam a mãe como base segura, deixando-a para irem
explorar, mas regressando, de vez em quando, para obterem confiança. São geralmente
cooperantes e relativamente sem manifestações de raiva.

Bebés com uma vinculação evitante (20%) raramente choram quando a mãe sai e evitam-
na no seu regresso. Tendem a ficar zangados e a não se aproximarem em momentos de

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necessidade. Não gostam de ser pegados ao colo, mas ainda gostam menos de serem
colocados no chão.

Bebés com uma vinculação ambivalente/resistente (12%) ficam ansiosos mesmo antes da
mãe sair, ficando muito perturbados quando ela sai. Quando a mãe regressa, demonstram a
sua ambivalência procurando contacto com ela e, ao mesmo tempo, resistindo, dando
pontapés ou gritando. Estes bebés exploram pouco e são difíceis de acalmar.

Por último, os bebés com uma vinculação desorganizada/desorientada (2%), muitas vezes
revelam comportamentos inconsistentes e contraditórios. Saúdam efusivamente a mãe
quando esta regressa mas depois afastam-na ou aproximam-se, sem olharem para ela.
Parecem confusos e com medo. Segundo Main&Hesse (1990), este poderá ser o padrão
menos seguro, parecendo ocorrer em bebés cujos pais sofreram um trauma não resolvido,
como perda ou abuso.

Quase toda a investigação sobre a temática da vinculação gira em torno da Situação


Estranha. No entanto, alguns investigadores questionam a sua validade porque a Situação
Estranha é, efectivamente, estranha e artificial para o bebé. De igual modo, tem sido
sugerido que a Situação Estranha poderá não ser adequada para estudar a vinculação em
crianças cujas mães trabalham, na medida em que estas crianças estão habituadas a rotinas
de separação das suas mães e a outras figuras que cuidam delas (Clarke-Stewart, 1989;
L.Hoffman, 1989). Contudo, uma comparação de 1153 bebés aleatoriamente seleccionados
em 10 cidades americanas que tinham recebido quantidades, tipos e qualidades variadas de
prestação de cuidados em creches revelou que não há evidência de que a Situação Estranha
seja menos válida para crianças com experiência prolongada de creche do que para as que
não têm (NICHD-Early Child Care Research Network, 1997).

Assim sendo, a Situação Estranha continua a ser a técnica, por excelência, para estudar os
padrões de vinculação em bebés de tenra idade, para além de existir uma outra técnica,
denominada de Q-sort, que visa complementar a Situação Estranha na observação de bebés
em contextos naturais. Para crianças a partir dos 20 meses de idade, temos ainda um outro
instrumento de avaliação da vinculação, a Avaliação da Vinculação no Período Pré-Escolar
(PAA), que tem em conta a complexidade das relações interpessoais bem com as
competências linguísticas das crianças em idade pré-escolar.

Regressando ao conceito de vinculação, tanto as mães como os bebés contribuem para a


segurança da vinculação através da sua personalidade e comportamento. Na base das

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interacções entre o bebé e a mãe, aquele desenvolve, segundo Ainsworth, um modelo
interno dinâmico do que ele poderá esperar dela. Os vários padrões de vinculação que
vimos acima, resultam das expectativas que o bebé tem relativamente ao modo como a sua
mãe responde aos seus comportamentos e solicitações. Paralelamente, as mães que são
consistentes na sua resposta, contribuem para que o modelo de vinculação do bebé se
mantenha, enquanto que mães que alteram o seu comportamento repetidas vezes poderão
provocar alterações no modelo de vinculação do bebé, logo no sentimento de segurança
que este nutre em relação à mãe.

Muitos estudos revelam que as mães de bebés com uma vinculação segura tendem a ser
sensíveis e responsivas (Ainsworth, Blehar, Waters&Wall, 1978; De Wolf&van Ijzendorn,
1997; Isabella, 1993; NICHD-Early Child Care Research Network, 1997). No entanto, a
sensibilidade não é o único factor importante. Igualmente importantes são os aspectos da
actividade maternal como a interacção mútua, a estimulação, uma atitude positiva, calor
humano, aceitação e apoio emocional (De Wolff&van Ijzendorn, 1997).

De igual modo, factores contextuais combinados com a actuação da mãe poderão


influenciar a vinculação. Um desses factores é o emprego materno. Num estudo (Stifter,
Coulehan&Fish, 1993), bebés de mães que trabalhavam e que eram muito ansiosas pelo
facto de não estarem em casa, tendiam a desenvolver uma vinculação evitante, avaliada aos
18 meses pela Situação Estranha. Mas atenção: o emprego materno, por si só, não está na
base de um padrão de vinculação evitante. É antes o sentimento em relação ao emprego e a
separação que este provoca. De facto, algumas mães (e não todas, sublinhe-se) que
trabalham podem ser excessivamente controladoras, na medida em que sentem que
necessitam de compensar as suas “ausências” frequentes. Assim, estes e outros estudos
poderão ajudar essas mesmas mães a libertarem-se do peso que a separação dos seus filhos
lhes provoca. Não é certamente fácil mas o facto de não nos conseguirmos desprender da
ansiedade de não estarmos com os nossos filhos poderá, quando estivermos reunidos com
eles, interferir na relação que com eles temos, sem muitas vezes nos apercebermos de tal.

A temática da vinculação encontra-se intimamente relacionada com o temperamento da


criança. Recordam-se dos 3 grandes padrões de temperamento referidos no artigo anterior
(criança fácil, criança difícil e criança de aquecimento lento)? Ora, num estudo com 114
mães e seus filhos com idades entre os 2 meses e meio e 13 meses, os bebés com uma
vinculação insegura (avaliada através da Situação Estranha), choravam mais, exigiam mais
atenção e demonstravam mais tristeza e raiva do que os bebés com uma vinculação segura.

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E eis que entra agora as relações entre pais e filhos as mães dos bebés inseguros também se
sentiam mais inseguras e desamparadas. Estavam mais zangadas e tristes, embora
estivessem menos abertas a revelar esses sentimentos do que as mães dos bebés seguros,
que tendiam a ser mais sociáveis, carinhosas e reveladoras de empatia. Temos, pois, aqui,
um ciclo vicioso: o comportamento dos bebés inseguros poderá ter levado as mães a
sentirem-se tristes, zangadas e incapazes; por sua vez, o comportamento materno
provavelmente afectou a resposta do bebé e assim sucessivamente. Um exemplo prático:
vamos imaginar uma criança de temperamento difícil, cujas principais características
recordarei de seguida

- Manifesta frequentemente humor intenso negativo; chora muitas vezes e alto; também se
ri alto;

- Responde mal à novidade e à mudança;

- Dorme e come com irregularidade;

- Aceita lentamente novos alimentos;

- É desconfiada com estranhos;

- Adapta-se lentamente a novas situações;

- Reage às frustrações com birras;

- Ajusta-se lentamente a novas rotinas.

Como é que imaginam, de um modo geral, a mãe e/ou o pai de uma criança considerada
“difícil”? Não terá ela e/ou ele também reacções mais intensas ao comportamento do seu
filho? De facto, não será tarefa fácil manter um saudável equilíbrio entre o comportamento
de uma criança “difícil” e a resposta dos pais. Aqui, teremos que fazer um esforço de
descentração do aqui-e-agora para pensarmos nas consequências futuras do padrão de
vinculação dos nossos filhos. Assim, e compilando vários estudos, temos que as crianças
com um padrão de vinculação seguro:

- São mais sociáveis com os pares e com os adultos não familiares;

- Dos 3 aos 5 anos, as crianças seguras são mais curiosas, competentes, empáticas,
resilientes e auto-confiantes, dão-se melhor com as outras crianças e têm tendência para
formar relações de amizade próximas;

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- Interagem mais positivamente com os pais, com as educadoras e com os pares e são mais
capazes de resolver conflitos;

- São mais atentas e participativas nas aulas, obtendo melhores resultados escolares;

- São mais independentes, procurando a ajuda dos professores apenas quando dela
necessitam;

- Na adolescência, tendem a ser mais eficazes a estabelecer e a manter amizades e a


funcionarem em grupo. São igualmente mais auto-confiantes, revelam segurança nas suas
acções e manifestam uma melhor coordenação física.

Assim sendo, se as crianças, com base na experiência nos primeiros tempos de vida, têm
expectativas positivas acerca da sua capacidade de se relacionarem com os outros, de se
envolverem na troca social e se pensarem de forma positiva acerca de si próprias, poderão
criar situações sociais que tendem a reforçar esses mesmos comportamentos. E se as
crianças, enquanto bebés, tiveram uma base segura e contaram com a responsabilidade dos
pais ou de outras figuras parentais, tendem a sentir-se suficientemente confiantes para se
envolverem activamente no mundo onde estão inseridas.

Por último, será que o modo como uma mãe recorda as suas relações de vinculação com os
pais poderá predizer a qualidade da relação de vinculação que o filho virá a estabelecer
com ela? O que é que vocês acham? Pois bem, a resposta parece ser afirmativa. Pais com
um modelo de vinculação seguro tenderão a fomentar esse mesmo padrão nos seus filhos,
por exemplo. No entanto, importa retermos que o facto de reconhecermos que os nossos
pais foram, em alguns momentos, menos responsivos para connosco, poderá contribuir
para que estejamos mais alertas no sentido de não deixar que esses mesmos momentos se
repitam com os nossos próprios filhos. Por exemplo, um pai poderá dizer: “Eu lembro-me
quando era criança e chegava da escola. Fazia os meus trabalhos de casa e depois queria
brincar. Lembro-me perfeitamente...a minha mãe estava habitualmente a fazer o jantar e o
meu pai estava na sala a ver televisão. Quando lhe pedia para brincar comigo aos
comboios, dizia-me que estava muito ocupado, que não podia ser, que ficava para
depois...só que esse depois nunca chegou...agora que sou pai não quero que isso aconteça
com o meu filho...procurarei brincar com ele sempre que ele me pedir...”.Temos, pois, que
a temática da vinculação não se esgota nas idades mais tenras: atravessa a nossa existência,
conhece os nossos próprios filhos e assim sucessivamente. Se desejarem aprofundar esta
temática, poderei sugerir-vos o seguinte livro, da autoria de Nicole Guedeney e Antoine
Guedeney, um dos melhores livros de Psicologia que tive o prazer de ler:

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Bibliografia:

Ainsworth, M. (1969). Object relations, dependency and attachment: A theoretical review


of the infant-mother relationship. Child Development, 40, 969-1025.

Ainsworth, M., Blehar, M., Waters, E. & Wall, S.(1978). Patterns of attachment: A
psychological study of the strange situation. Hillsdale, NJ: Erlbaum.

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