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Direitos humanos
e globalização
7.1 Contextualizando
Por diversas ocasiões, tivemos a oportunidade, neste livro, de ressaltar
que os Direitos Humanos pressupõem não apenas a sua declaração em um
documento escrito, sendo fundamental também a garantia de efetivação
desses direitos.
Em poucos anos, pouco mais que duas décadas, este termo saiu dos círculos dos
analistas políticos e econômicos e foi absorvido pela linguagem comum de forma
impressionantemente rápida. Não apenas isso. A palavra caiu no gosto popular.
Mas será que é assim? Será que todos esses fenômenos, tão diferentes
entre si, estão de fato unidos por esse conceito? A globalização serve mesmo
para explicar coisas tão diferentes? Nós acreditamos que não. É por isso que
lançamos o convite para que você nos acompanhe nesse processo de definir de
maneira mais precisa possível a globalização.
Isso não significa que os conceitos que você aprenderá aqui sejam
“errados” ou “falsos”. Entretanto são parciais, ou seja, exibem apenas uma
ou outra faceta da globalização impossibilitando uma compreensão mais
abrangente acerca do assunto.
LEMBRETE
Você deve se lembrar que, no capítulo 2, a
liberdade foi apresentada como um dos valores
primordiais da Revolução Francesa. Pois bem,
algumas teorias econômicas, baseadas neste
princípio, defendiam a não intervenção do
Estado e a livre atuação dos agentes econômicos
na condução de seus negócios. Essas teorias
ficaram conhecidas pelo nome de Liberalismo.
A Globalização como liberalização tem origem
no liberalismo.
LEMBRETE
Perceba que nesta concepção de globalização a
ocidentalização/modernização são equiparadas
ao americanismo, ao capitalismo etc.
Lembre-se que, no capítulo 2, você viu que o
desenvolvimento do capitalismo nos Estados
Unidos foi uma de suas características mais
marcantes desde a época de sua formação
como país independente. Não é à toa que
modernidade e capitalismo são noções que
remetem imediatamente ao americanismo.
CONCEITO
Finalmente chegamos ao nosso conceito de
globalização, aquele que usaremos neste
capítulo: globalização é o processo de
desterritorialização da geografia social onde
as relações já não são mais determinadas
exclusivamente por limites territoriais. Esses
continuam a existir, mas não impedem o
desenvolvimento de relações de trocas para
além dos limites impostos pelas fronteiras.
Mas são justamente esses pressupostos que devem ser revistos. Porque,
como já vimos, a geografia social atual já não se estrutura mais territorialmente.
Se quiséssemos usar uma metáfora, poderíamos dizer: não é que as fronteiras
estão se misturando; elas estão se apagando.
É por esta razão que o quinto conceito, aquele que envolve a noção e
desterritorialização, parece ser o mais adequado para descrever a globalização,
porque descreve um fenômeno que, de fato, não tem precedentes na história
e que marca profundamente a nossa época.
SAIBA QUE
É muito importante que a desterritorialização
fique bem compreendida. Ela significa apenas
o fim do territorialismo, mas não o fim da
territorialidade. O que isso significa? Que os
territórios ainda existem (e não podem deixar
de existir), mas não condicionam mais de forma
exclusiva às relações entre fronteiras.
REFLEXÃO
Para ilustrar o alcance das ações do homem
em nível planetário, pense nos impactos dos
desmatamentos da Selva Amazônica ou da Mata
Atlântica, ocorridas em solo brasileiro, para a
ecologia global. Ou ainda, no custo ambiental dos
acidentes de exploração de petróleo ocorridos em
alto mar, ocasionando vazamentos nos oceanos e
cujos impactos são simplesmente incalculáveis.
Em primeiro lugar, recordemos ainda mais uma vez do que você aprendeu
no capítulo 2 sobre a Revolução Francesa. Aquela revolução, que deu origem
a uma série de princípios de defesa dos direitos humanos, baseou-se em certa
medida nos ideais do Iluminismo.
SAIBA QUE
O Iluminismo foi um movimento intelectual
europeu, que teve como principais
representantes pensadores Rousseau, Voltaire,
e Montesquieu – todos conhecidos seus no
capítulo 2 –, mas também outros pensadores
como Kant, Diderot, entre outros.
As inovações tecnológicas
Patrick Gruban
Figura 2 e 3 – Bandeira da ONU, à esquerda; Assembleia Geral das Nações Unidas na sede em
Nova Iorque, à direita.
•• O Banco Mundial
Shiny Things
O problema dos famintos na África não é sentido como grave por ser
um problema dos africanos, mas por ser um problema humano. O problema
da violência contra as mulheres no Brasil não é sentido como sendo grave por
ser um problema das mulheres brasileiras, mas por ser um problema humano.
REFLEXÃO
Nessa busca por eficiência e vantagem
competitiva na concorrência, a mecanização
é fundamental. Mas essa mecanização
exigirá também níveis de qualificação sempre
crescentes. E, nesse sistema que prima pela
eficiência e exige qualificação, qual o lugar dos
analfabetos e famintos?
Alguém poderia dizer que não é culpa do capitalismo. Que isso é uma
questão de administração dos recursos, investimentos em educação, etc. mas
essa tese precisa ser argumentada e não é nosso propósito fazer isso aqui. O que
é mais importante para os interesses desse capítulo é mostrar que o capitalismo
impõe desafios à defesa dos direitos humanos. Porque os direitos humanos
pressupõem a igualdade entre as pessoas. O capitalismo pressupõe justamente
o contrário, a diferença. E essa diferença é medida pela competência.
7.5 Relembrando
•• As causas da globalização
Onde encontrar
FARIA, José Eduardo. Direito, economia e globalização. São Paulo: Malhieros, 2010,
FREIRE, Gilberto. Casa grande e senzala. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.