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ÍNDICE

INTRODUÇÃO PG 3

RESPONDER AO DESAFIO DEMOGRÁFICO PG 7


Família e Natalidade pg 8
Envelhecimento Ativo pg 10
Valorizar o Regresso de Emigrantes pg 11

VALORIZAR AS PESSOAS PG 13
Educação e Formação pg 14
Por Uma Política Integrada para a Infância pg 14
Por uma Escolaridade Obrigatória com Sucesso pg 15
Pela Valorização do Ensino Profissional e Vocacional pg 16
Pela Dignificação dos Profissionais da Educação pg 17
Pela Liberdade de Educação e Integração nas Comunidades Locais pg 18
Por uma Escola Livre de Barreiras e Amiga da Diferença pg 19
Por uma Cultura de Avaliação Consequente pg 19
Por uma Qualificação Real de Adultos pg 20
Inovovar para Diferenciar pg 21
Um Ensino Superior Diversificado e Aberto ao Mundo pg 21
Reforçar a Aposta na Ciência, na Tecnologia e na Inovação pg 23
Cultura, Valor de Coesão e Crescimento pg 25
A Cultura, da Hierárquia à Rede pg 25
Cultura e Coesão Social pg 26
Cultura, Identidade e Património Comum pg 27
As Artes, Elemento Fundamental da Atividade Cultural pg 28
Valorizar a Função dos Arquivos, das Bibliotecas e da Política da Língua pg 28
DEFENDER E REVIGORAR O ESTADO SOCIAL PG 31
Combater as Desigualdades - Lançar um Ambicioso Programa de Desenvolvimento Social pg 32
Segurança Social e Solidariedade pg 34
Assegurar a Sustentabilidade dos Sistemas Previdenciais de Segurança Social pg 34
Mais Inclusão Social, Valorizando o Papel da Economia Social pg 37
Aprofundar o Voluntariado pg 40
Uma Saúde Moderna, Competitiva e com Liberdade de Acesso pg 41
Um SNS Sustentável, um SNS com Futuro pg 42
Melhorar o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde pg 43
Pelo Desenvolvimento de uma Rede de Cuidados de Saúde Coerente e ao Serviço dos Portugueses pg44
Investir na Saúde Digital, Melhorar a Informação, Aumentar a Eficiência pg 45
Um SNS virado para a Criação de Conhecimento e para a Cooperação - A Aposta
na Inovação e na Investigação Clinica pg 45
Reforçar a Transversalidade das Políticas de Juventude pg 46
Desporto - Aprofundar o Modelo Colaborativo pg 47

PROMOVER A COMPETITIVIDADE PARA CRIAR EMPREGO PG 51


Reforçar a Competitividade da Economia Nacional pg 52
Promover o Investimento e a Melhoria das Condições de Financiamento das Empresas pg 53
Melhorar as Condições de Pagamento pelo Estado pg 56
Reduzir os Custos de Contexto pg 57
Energia pg 57
Desburocratização e Digitalização pg 58
Consolidar uma Economia Assente no Empreendedorismo e na Inovação pg 59
Explorar as Oportunidades geradas pela Economia Verde - Crescimento, Inovação e Investimento pg 61
Afirmar a Liderança na Política do Mar e no Desenvolvimento da Economia Azul pg 63
Manter o Rumo da Agricultura Portuguesa pg 64
Promover o Valor da Floresta Nacional pg 67
Reforçar a Aposta na Reindustrialização pg 69
Implementar uma Agenda para o Comércio, os Serviços, e a Restauração pg 70
Reforçar a Competitividade do Turismo pg 72
Transportes, Infraestruturas e Comunicações ao Serviço do Desenvolvimento pg 74
Mais e Melhor Emprego pg 79

ASSEGURAR UM ESTADO RESPONSÁVEL, MAIS PRÓXIMO DAS PESSOAS, MAIS AMIGO DA ECONOMIA PG 85
Garantir o Equilíbrio das Contas Públicas pg 85
Consolidar a Reforma Fiscal e Reforçar as Garantias dos Contribuintes pg 88
Prosseguir a Reforma da Administração Pública e a Valorização dos seus Recursos pg 92
Simplificar a Vida dos Cidadãos e das Empresas - Modernizar e Vigitalizar os Serviços Públicos pg 99
Aprofundar o Processo de Descentralização pg 104
GARANTIR A SUSTENTABILIDADE, VALORIZAR OS RECURSOS E O TERRITÓRIO PG 109
Água, Recursos Hídricos e Resíduos PG 110
Ordenamento do Território pg 111
Cidades Sustentáveis pg 112
Territórios de Baixa Densidade pg 112
Habitação e Reabilitação Urbana pg 114
Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas pg 116
Litoral pg 116
Alterações Climáticas pg 117
Energia pg 117

APROFUNDAR O ESTADO DE DIREITO E ROBUSTECER O EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES DE SOBERANIA PG 123


Um sistema Político mais Eficiênte, mais Transparente, mais Vínculado e Gerador de Confiança e Credibilidade pg 123
Defesa Nacional - Garantir a Estabilidade da Reforma em Curso pg 126
Prosseguir o Reforço das Políticas de Segurança pg 129

AFIRMAR PORTUGAL NO MUNDO PG 143


Portugal na Europa pg 144
O Atlântico pg 146
Mundo Lusófono pg 147
Comunidades Portuguesas - Revalorizar a Diáspora pg 148
INTRODUÇÃO

Nos últimos quatro anos, Portugal viveu uma tão eram perigosamente postos em causa.
situação excecional e venceu-a: é hoje um País
diferente, em manifesta recuperação e em con- Hoje podemos dizer que cumprimos a missão
dições de ser um País melhor. Em 2011, Portu- mais difícil que os nossos compatriotas nos con-
gal apresentava um défice orçamental superior feriram: 3

a 11% do PIB e caminhava imparavelmente para


a bancarrota, pois já não conseguia obter finan- • Fechámos o Programa de Assistência Econó-
ciamento nos mercados internacionais. Sem al- mico-Financeira, sem necessidade de recorrer
ternativa para o beco sem saída a que conduzira a um segundo resgate ou, sequer, a um progra-
os Portugueses, o Governo de então pediu aos ma cautelar;
nossos parceiros internacionais o auxílio finan-
ceiro sem o qual o País não teria cumprido as • As contas públicas estão na boa direção e o
suas obrigações internacionais, nem teria con- défice orçamental ficará este ano abaixo de
seguido honrar os seus compromissos internos, 3%, permitindo que Portugal, pela primeira vez
pagando os salários dos funcionários públicos e em muitos anos, deixe de estar submetido ao
as pensões. procedimento por défice excessivo;

Nesse quadro, de verdadeira emergência nacio- • O País financia-se nos mercados internacionais
nal, a atual maioria foi chamada à responsabili- a taxas de juro historicamente baixas (nalguns
dade de retirar Portugal da situação dramática casos até negativas), o que permitiu, nomea-
a que a incompetência e a leviandade de outros damente, o início dos reembolsos antecipados
nos conduzira. De repor Portugal no caminho do ao FMI;
crescimento e do desenvolvimento. De devolver
• O défice público diminuiu em mais de 12,4 mil
a Portugal o prestígio e a credibilidade que en-
milhões de euros, dos quais 8,5 mil milhões se
ficaram a dever à redução da despesa (e isto para a recuperação económica;
sem contar com a despesa certa que o atual
governo conseguiu evitar, por exemplo, atra- • Portugal subiu de forma significativa em todos
vés da renegociação das parcerias público- os rankings internacionais de competitividade,
-privadas); tornando-se mais atrativo para os investidores;

• O saldo primário apresenta consistentemente • Os índices de confiança, tanto de consumido-


valores positivos. res como de empresas, apresentam valores
que há muito anos se não registavam.
Como afirmámos em 2011, no programa do atu-
al Governo, a legislatura teria dois tempos dis- • O investimento privado cresceu substancial-
tintos. E a verdade é que o acerto da estratégia mente a partir de 2014, nomeadamente com
seguida permitiu abrir, na segunda metade do a redução do IRC e as demais reformas estru-
mandato, um ciclo de crescimento, de confiança turais.
e de criação de emprego. E os resultados são já
bem visíveis: Sabemos que o mérito desta transformação é,
antes do mais, dos Portugueses. Da sua resili-
• Pelo segundo ano consecutivo Portugal reto- ência, do seu bom senso, da sua capacidade de
mou o crescimento económico, o qual irá ace- vencer a adversidade. Mas também sabemos
lerar nos próximos anos; que, sem uma estratégia coerente, todo esse
esforço teria sido em vão. Que, se como alguns
• O rendimento disponível das famílias está a au- propunham, tivéssemos pedido mais tempo ou
mentar; mais dinheiro aos credores, teríamos aumenta-
do a nossa dependência externa e não teríamos
• O desemprego reduziu-se de 17,5% para 13,2%, reconquistado a nossa liberdade. Que se tivésse-
situando-se num plano praticamente idêntico mos hesitado, a troika não teria saído do nosso
aquele que se registava aquando do pedido de País.
intervenção da troika, ao mesmo tempo que o
emprego aumenta, como o demonstra a cria- Os problemas dramáticos que o País enfrenta-
ção líquida de mais 175 mil postos de trabalho va obrigaram a que aos Portugueses fossem pe-
desde Janeiro de 2014; didos sacrifícios indesejáveis mas, infelizmente,
indispensáveis. E daí a necessidade de dar uma
• As exportações batem sucessivos recordes, prioridade governativa clara à situação daqueles
apesar de a economia de muitos dos nossos que mais atingidos foram por essas políticas e,
principais parceiros se encontrar ainda numa muito em particular, aos que se encontravam em
situação de grande incerteza; situação de maior fragilidade.

• Sectores como a agricultura, o mar e o turis- Conduzidos por essa prioridade de justiça social
mo estão a dar contributos muito significativos e de coesão nacional, preocupámo-nos com a

4 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


repartição equitativa do esforço, exigindo mais dos pensionistas.
aos cidadãos com rendimentos mais elevados ou
uma contribuição especial a sectores económi- • Implementando a tarifa social na eletricidade e
cos de especial relevância. no gás, bem como o subsídio de renda para as
familías mais desfavorecidas.
Mas preocupámo-nos igualmente em salvaguar-
dar das consequências do resgate aqueles que Apesar dos enormes progressos registados no
menos tinham, desde logo pondo em prática um passado recente, a sociedade portuguesa conti-
Programa de Emergência Social em que se apli- nua a ter diante de si desafios muito complexos,
cou uma verba de cerca de 1.000 milhões de eu- fruto de muitos anos de negligência política e de
ros e, ao mesmo tempo: desorientação estratégica. A resolução de tais
problemas não pode mais ser adiada, sob pena
• Assegurando um aumento real das pensões de, mais cedo que tarde, a realidade se encarre-
mínimas, sociais e rurais; gar de nos apresentar uma pesada fatura.

• Incrementando o apoio às instituições de soli- Nessa medida, há um conjunto de desafios que


dariedade social; se afiguram especialmente relevantes e que são
assumidos neste programa como prioridade da
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• Majorando o subsídio de desemprego para ca- governação na próxima legislatura..
sais em que o desemprego atingiu ambos os
cônjuges; É o caso, desde logo, da necessidade de respon-
der ao “inverno demográfico” em que o nosso
• Alargando as isenções em matéria de taxas País está a cair há mais de três décadas e que,
moderadoras para 6 milhões de pessoas; se não for invertido, nos colocará perante aque-
le que pode porventura ser considerado como o
• Reduzindo substancialmente os preços dos nosso maior problema estrutural.
medicamentos, em particular no que respeita
aos genéricos; É caso da valorização das pessoas, quer pelo
relevo que assume enquanto elemento estru-
• Aumentando o número e o valor médio das
turante no combate à pobreza e na promoção
bolsas no ensino superior;
da mobilidade social (e, consequentemente,
• Ampliando a comparticipação em livros e ma- na concretização do princípio da igualdade de
teriais escolares; oportunidades), quer porque, no contexto de
uma economia cada vez mais globalizada, o ace-
• Aumentando o salário mínimo nacional; so ao saber se assume como determinante.

• Isentando do pagamento da contribuição ex- É o caso da defesa e do reforço do Estado So-


traordinária de solidariedade a grande maioria cial, assegurando plenamente as condições da
sua viabilidade e tendo como preocupação pri- cumprir, sem falhas, os compromissos que ou-
meira o combate, sem tréguas, às desigualdades tros tinham assumido, condicionou largamente
sociais. os rumos da governação ao longo de toda a le-
gislatura que agora termina. Fez-se o que tinha
É o caso da promoção da competitividade da de ser feito mas isso, muitas vezes, não permitiu
nossa economia, com base no modelo que tem que concretizassemos as nossas próprias ideias
vindo a ser desenvolvido ao longo dos últimos e projetos.
quatro anos. Um modelo assente no crescimen-
to do investimento privado e na inovação, nas Agora, queremos ir mais longe e com um redo-
exportações e nos bens transacionáveis e na re- brado sentido de ambição,
posição gradual do poder de compra. Um mo-
QUEREMOS MAIS CRESCIMENTO ECONÓMICO
delo em que a parcela de investimento público
E EMPREGO.
será seletiva e focada em pequenas e médias
obras necessárias, não em projetos faraónicos QUEREMOS MAIS ACESSO À SAÚDE.
ou sumptuosos.
QUEREMOS MAIS COMBATE ÀS
DESIGUALDADES SOCIAIS.
Mas a produtividade da economia não é um fim
em si mesmo. Ela é, antes, um pressuposto indis- QUEREMOS MAIS QUALIDADE NA EDUCAÇÃO.
pensável para a sustentada criação de riqueza e QUEREMOS MAIS EQUILÍBRIO DEMOGRÁFICO.
de emprego. E só com mais riqueza e mais em-
prego é possível estabelecer as condições indis- Nas próximas eleições legislativas pedimos, por
pensáveis à construção de uma sociedade mais isso, aos Portugueses que nos deem a oportuni-
confiante, mais próspera e mais inclusiva. dade para continuar a transformar Portugal com
segurança, com justiça e com prudência. Com a
É o caso, por fim, da promoção da eficiência do consciência de que este não é o tempo das pro-
Estado, de forma a torná-lo mais próximo dos messas fáceis, mas dos desafios corajosos.
cidadãos e mais amigo das empresas. Porque é
preciso reconhecer que, independentemente do Este não é o tempo do regresso a um passado
acerto que as políticas públicas substantivamen- que queremos definitivamente ultrapassado,
te apresentem, as estruturas da Administração mas da conquista do futuro que merecemos.
e os procedimentos em que esta assenta, pese
embora o muito que já se fez nos últimos anos, Este não é o tempo de por tudo em risco e de
não conseguem ainda dar integral resposta, e voltar para trás, mas de caminhar com sobrieda-
em tempo adequado, aos anseios e às necessi- de e com contenção.
dades das pessoas e dos agentes económicos.
PORQUE AGORA PORTUGAL PODE MAIS.
A imperiosidade de retirar Portugal da situa-
ção em que se encontrava há quatro anos e de

6 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


RESPONDER AO
DESAFIO DEMOGRÁFICO

Num prazo não muito longínquo, a nossa capa- Por nossa iniciativa, foi promovido um amplo de-
cidade de afirmação enquanto entidade política bate em redor das questões da natalidade, que
autónoma depende largamente da inversão do permitiu a apresentação de um conjunto de me-
“inverno demográfico” em que Portugal caiu didas legislativas, quer na Assembleia da Repú-
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desde há mais de três décadas e, portanto, da blica, quer no Governo, de que podem destacar-
nossa mobilização coletiva em favor de políticas -se, como exemplo, o quociente familiar em sede
públicas amigas das famílias. Este é, claramen- de IRS, cuja reforma visou torná-lo mais amigo
te, um dos desafios mais relevantes que temos das famílias e sensível à dimensão do agregado
perante nós, para cuja resolução se exige uma familiar, o alargamento e diversificação dos cui-
verdadeira mobilização nacional, traduzida em dados formais na primeira infância ou a amplia-
políticas que resultem de um amplo consenso ção do plano de vacinação.
social e político.
O caminho está iniciado, mas é necessário ir
O diagnóstico da situação está feito e não deixa mais longe, levando à prática medidas adicio-
dúvidas quanto à urgência de contrariar a situ- nais que removam os obstáculos à natalidade,
ação atual que, se nada de relevante for feito, que favoreçam a harmonização entre a vida
terá apenas tendência a agudizar-se. Não basta, profissional e a vida familiar, que permitam uma
pois, reconhecer que os desafios populacionais participação efetiva dos pais na vida dos filhos,
fazem parte dos problemas estruturais com que nomeadamente no que toca ao acompanha-
nos confrontamos. É necessário sobretudo en- mento do seu percurso escolar, que melhorem
contrar soluções, tendo em conta que os estu- os apoios à primeira infância, que favoreçam um
dos demonstram que os portugueses gostariam envolvimento da família mais alargada, como
de ter mais filhos, mas sentem muitos obstáculos sejam os avós, ou que considerem a questão da
à concretização desse desejo. habitação.
O nosso objectivo é claro: queremos um Esta- que ver com o regresso dos nossos emigrantes.
do mais amigo das famílias e que se oriente pela Muitos compatriotas nossos foram forçados, ao
preocupação de remover os obstáculos à nata- longo da última década, a buscar fora das nossas
lidade. fronteiras um futuro melhor. Muitos têm a legíti-
ma expectativa de regressar a Portugal e há que
Mas a questão demográfica não pode apenas encontrar caminhos que permitam a realização
ser encarada sob esse prisma. Ela exige também desse concreto desejo.
que, face ao envelhecimento progressivo das
nossas sociedades, se mude radicalmente a for- Com estas preocupações em mente, propomo-
ma como olhamos para o papel que os mais ido- -nos levar a cabo as seguintes medidas:
sos devem assumir, valorizando o seu contributo
em diversos níveis, nomeadamente por via de
medidas que promovam o envelhecimento ativo.
1. FAMÍLIA E NATALIDADE
• Aprofundar o quociente familiar no IRS, nos
Queremos, pois, trabalhar para criar condições
termos previstos na respectiva reforma, de
que permitam uma transição gradual da vida ati-
modo a que a ponderação por filho cresça
va, facilitando o prolongamento da vida laboral,
para 0,4 em 2016 e para 0,5 em 2017 e que o
de forma voluntária, nomeadamente favorecen-
limite máximo do benefício passe para 2.250
do modelos de trabalho a tempo parcial. Uma
euros em 2016 e 2.500 euros em 2017;
sociedade mais equilibrada passa necessaria-
mente por estabelecer pontes entre as gerações. • Avançar com a definição de uma nova estru-
Queremos que as novas gerações possam valo- tura de comparticipação para as respostas
rizar as gerações mais sabedoras e experientes da infância, fazendo a revisão dos escalões
e com elas aprender, permitindo a estas, por seu de modo a abranger o maior número de fa-
turno, partilhar conhecimento e disponibilidade mílias, nomeadamente da classe média;
e receber o entusiasmo e a força que normal-
mente caracteriza as gerações mais jovens. As • Continuar a aumentar a cobertura na rede
políticas de envelhecimento ativo devem pois de creches, nomeadamente através da rede
apontar o caminho da criação de oportunidades social e solidária. Para este efeito, iremos au-
para todos aqueles que querem e podem con- mentar a contratualização com estas entida-
tinuar a ter uma vida ativa em seu benefício e des, bem como com outras, quer públicas,
no da própria sociedade, mas devem também quer privadas;
considerar a garantia da existência de mecanis-
mos efetivos de proteção que salvaguardem e • Aprofundar a qualificação da rede de creches
atendam às particularidades, riscos e fragilida- e estabelecimentos de ensino, adaptando
des dos mais velhos. o seu funcionamento às novas realidades e
necessidades das famílias, salvaguardando-
Uma terceira dimensão em que importa agir tem -se sempre o superior interesse da criança,

8 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


nomeadamente: impactos positivos na conciliação familiar,
que permita uma maior diversidade de mo-
a) Facilitar uma maior flexibilização dos ho- dalidades de trabalho, assente na promoção
rários das creches. A maioria das creches de novas formas de conciliação das respon-
pratica um horário das 8h às 19h, nem sabilidades familiares e profissionais, nome-
sempre coincidente com as necessida- adamente no que se refere à assistência a
des das famílias. Assim, propomos a ma- filhos menores;
joração dos acordos de cooperação para
as creches que anteciparem o horário de • Avançar com a certificação de empresas e
abertura ou adiarem o horário de encer- institutos públicos como Entidades Fami-
ramento, como forma de promover um liarmente Responsáveis, no âmbito de uma
apoio reforçado e mais compatível com cultura de responsabilidade social, discrimi-
as necessidades das famílias e dos seus nando-as positivamente no acesso aos fundos
horários de trabalho. comunitários em que tenham enquadramento;
b) Incentivar a celebração de acordos entre • Prever a possibilidade de dispensa para tra-
estabelecimentos de infância e entida-
balhadores que recorram a procriação medi-
des empregadoras, visando o estabele-
camente assistida, equiparando ao que hoje 9
cimento de horários e outras condições
acontece com as consultas pré-natais;
de acesso, de maneira a conceder mais
alternativas aos pais, apoiando a dinâmi- • Estimular uma partilha mais equilibrada do
ca familiar; gozo das licenças parentais e criar condições
c) Atribuir às escolas uma maior autonomia para a valorização do trabalho em casa, em
na definição de horários e de pausas leti- prol da família, seja do pai ou da mãe;
vas, tendo em vista os interesses dos alu-
• Estender aos avós o direito de gozo de licen-
nos e encarregados de educação;
ça e de faltas atribuído aos pais para acom-
• Atingindo-se, no ano lectivo 2016/2017, a panhamento e cuidado de filho menor ou
universalização da oferta da educação pré- doente, bem como a possibilidade de gozo
-escolar desde os 4 anos, no decorrer da pró- dos regimes de horário flexível, part-time e
xima legislatura será possível preparar o alar- jornada contínua – hoje consagrada na legis-
gamento da oferta aos 3 anos, promovendo, lação laboral como um direito dos pais – para
em colaboração com as autarquias, a mobili- acompanhamento dos netos
zação dos sectores público, social e privado,
com e sem fins lucrativos, para a prossecu- • Introduzir progressivamente benefícios que
ção deste objetivo; premeiem a maternidade, obtidos através de
um mecanismo de majoração de pensões fu-
• Incentivar uma cultura nas organizações com turas;
• Dar prioridade a mulheres grávidas na uni- que tenham introduzido e desenvolvido me-
versalização do acesso a médicos de família, canismos de conciliação entre a vida familiar
que pretendemos estabelecer; e profissional;

• No que se refere às técnicas de procriação


medicamente assistida (PMA) realizadas no
âmbito do SNS, reforçar os ciclos e reduzir o
2. Envelhecimento Ativo
intervalo entre os mesmos, bem como estu- • Introduzir a reforma a tempo parcial, por for-
dar a viabilidade do reforço da compartici- ma a estimular o envelhecimento ativo e mi-
pação na medicação da PMA e o aumento da tigar o impacto da entrada na reforma;
idade das beneficiárias;
• Incentivar as empresas, designadamente as
• Adotar medidas de discriminação positiva
médias e grandes, a estabelecer um Plano
em favor dos agregados familiares com mais
de Gestão da Carreira dirigido aos trabalha-
filhos nos programas de apoio à habitação,
dores mais velhos, que inclua formação em
designadamente em matéria de renda apoia-
novas qualificações e atualização de qualifi-
da e de atribuição de habitação social;
cações técnicas e apoio na gestão eficaz da
• No domínio da deficiência, dar maior liber- carreira em função da idade, bem como pro-
dade às famílias para escolherem o apoio de jetos de melhoria das condições de trabalho
que necessitam e permitir aos pais planear e sensibilização para a prevenção da saúde
melhor o futuro dos seus filhos, asseguran- (física e mental), entre outros aspectos. As
do-lhes plenos direitos sucessórios, designa- propostas de incentivo a este plano deverão
damente em matéria de tutela e curatela, ou ser analisadas e discutidas em sede de con-
instituindo planos de garantia que permitam certação social;
aforrar em benefício da pessoa com defici-
ência; • Desenvolver medidas direcionadas para ci-
dadãos em idade de reforma, em ordem a
• Rever o Código Penal, tornando o crime de colocar as suas competências e experiências
violação de obrigação de alimentos num cri- ao serviço das organizações do terceiro sec-
me público e aumentando a respetiva mol- tor e autarquias locais;
dura penal;
• Facilitar o prolongamento da vida laboral,
• Criar um Portal dedicado à Família, disponi- de forma voluntária. Nesse sentido, propõe-
bilizando toda a informação essencial, nome- -se equiparar o regime do sector privado, em
adamente em matéria legislativa, de presta- que é permitido a quem o pretender, conti-
ções sociais (e seus simuladores), de oferta nuar a trabalhar depois dos 70 anos, ao sec-
educativa, social e formativa e de divulgação tor público, onde esta possibilidade está to-
de boas práticas de municípios e empresas talmente vedada;

10 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


• No âmbito do Estado, avançar para a revi- viços, no âmbito do Serviço de Apoio
são das regras de acumulação de rendimen- Domiciliário, incluindo mecanismos de
tos de trabalho com a pensão, harmonizando apoio à vida independente, reforçando a
com as regras praticadas no setor privado; teleassistência, etc.;

• Criar um programa de incentivo ao empreen- c) Da generalização da figura do “enfermei-


dedorismo a partir dos 55 anos; ro da família”;

• Reconhecendo a importância das universida- • Incentivar a utilização da tecnologia ao ser-


des sénior, proceder à sua integração numa viço da qualidade de vida dos idosos, no-
estratégia de promoção e divulgação da im- meadamente intensificando a utilização da
portância do envelhecimento ativo, fomen- telemedicina e de equipamentos de uso pes-
tando também cursos de e-learning; soal que monitorizem o estado de saúde e
reforçando a comunicação do idoso com a
• Incentivar o desenvolvimento de iniciativas sua rede social;
de voluntariado intergeracional através dos
Bancos Locais de Voluntariado e das estru- • Definir como causa de incapacidade suces-
turas públicas e privadas locais, designada- sória por indignidade a condenação dos fi-
lhos por crime de exposição ou abandono ou 11
mente no âmbito de programas de apoio à
infância e juventude, como sejam, atividades por crime de violação de obrigação de ali-
de apoio ao estudo e extracurriculares ou, mentos.
em parcerias com universidades, a coloca-
ção de mentores seniores que apoiem jovens 3. Valorizar o regresso
licenciados no início do negócio e na procura de emigrantes
do primeiro emprego;

• Continuar a reforçar os mecanismos de apoio • Monitorizar a aplicação do programa VEM


que assegurem a qualidade de vida aos ido- (Valorização do Empreendedorismo Emi-
sos que pretendam continuar a residir junto grante) e introduzir as adaptações que a prá-
das suas famílias, procurando opções face à tica da sua aplicação revele adequadas;
institucionalização, através:
• Concretizar medidas que incentivem o lan-
a) Do reforço do regime fiscal aplicável às çamento em Portugal de novos projetos em-
famílias que acolhem os seus ascenden- presariais baseados num empreendedorismo
tes idosos, nomeadamente através do enriquecido pela experiência internacional.
aumento das deduções à coleta em IRS
por encargos com apoio domiciliário; • Criar e manter, através da estrutura diplomá-
tica e consular, redes nacionais e internacio-
b) Do alargamento da diversidade de ser- nais de contacto com a diáspora portuguesa,
de modo a promover a circulação e regresso
de talento e capital humano de origem na-
cional;

• Com idêntico objetivo, desenvolver encon-


tros de quadros portugueses residentes no
estrangeiro que prestem funções de influên-
cia em instituições públicas e privadas;

• Promover o contacto com as comunidades


portuguesas, de modo a identificar os ci-
dadãos nacionais que desejem regressar ao
país para investir ou trabalhar, designada-
mente através da prestação de serviços a
estas comunidades e interação, através da
plataforma comum, com entidades públicas
e privadas que possam intervir no processo
de regresso.

12 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


VALORIZAR
AS PESSOAS

A valorização das pessoas assume uma dimen- dos docentes. Os Portugueses contam connosco
são crucial. Desde logo, porque se assume en- para intensificar o esforço que permite a redução
quanto elemento estrutural no combate à po- sustentada do abandono escolar ou para ir mais
breza e na promoção da mobilidade social e longe nos contratos de autonomia que favore-
na consequente concretização do princípio da çam a diferenciação dos projetos escolares na 13

igualdade de oportunidades. Mas também por- rede pública. Em paralelo, é importante acentuar
que, no quadro de uma economia cada vez mais as condições para o surgimento de escolas in-
globalizada, o acesso ao saber é cada vez mais o dependentes, geridas por professores no sector
elemento que faz a diferença. público. Apostamos na qualidade, defendemos
a exigência, estamos abertos à diferenciação de
Mas para aqueles que, como nós, partilham uma projetos públicos e mantemos a contratualiza-
conceção personalista, a aposta na educação, no ção com o particular e cooperativo.
conhecimento e no saber encontra-se no âmago
das preocupações, porque constitui um elemen- Ao mesmo tempo, temos a forte convicção de
to essencial no processo de afirmação de cada que as políticas públicas que concorrem para a
um. Por isso mesmo, e numa perspetiva bem valorização das pessoas não podem ser postas
distinta de outros, não resumimos a questão à em prática de forma compartimentada, isto é,
dimensão da qualificação, embora não desvalo- que ignore ou desconsidere o valor acrescenta-
rizemos a relevância que esta deve igualmente do que se pode retirar da complementaridade
assumir. entre todas elas. E daí que proponhamos uma
visão transversal, que integre e coordene as di-
Ninguém esperará de nós o abrandamento da mensões da educação, do ensino superior, da ci-
exigência no sistema educativo ou menor rigor ência e da cultura.
no recrutamento e avaliação, ao longo da vida,
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO O Ministério da Educação, enquanto principal ins-
tância reguladora do sistema de ensino, deverá
centrar a sua ação na conceção do curriculum na-
Depois de uma legislatura de marcantes refor-
cional, na promoção da avaliação, na introdução
mas no sistema de ensino, impõe-se estabilizar
de inovação no sistema, no acompanhamento do
as políticas educativas e relançar a confiança
desempenho escolar, na auditoria e inspeção das
dos professores, das famílias e demais agentes
organizações escolares, no financiamento e mo-
educativos. Nessa medida, é fundamental cons-
nitorização dos recursos educativos.
truir compromissos que contribuam para a esta-
bilidade dessas políticas educativas.

O principal desafio para a próxima legislatura é o 1. POR UMA POLÍTICA


de centrar o esforço da ação pública na qualida- INTEGRADA PARA A INFÂNCIA
de do ensino com vista a reforçar a preparação
dos jovens e reduzir de forma sustentada o insu- A quebra sustentada da natalidade em Portugal
cesso e o abandono escolares, concretizando as- exige que valorizemos o apoio às famílias e às
sim os princípios da equidade e da igualdade de crianças de maneira a garantir a sua proteção e
oportunidades para todas as crianças e jovens confiança.
portugueses, preocupação que deve ir de par
com a aposta na exigência e no rigor. O primeiro passo deverá ser o de promover o
acesso às ofertas de creche e jardim-de-infância
Os princípios de autonomia das escolas e de a todas as crianças até aos seis anos de forma a
descentralização do sistema educativo continu- atenuar as desigualdades nos trajetos escolares
arão a ser instrumentos estruturantes das políti- seguintes. Dar, portanto, prioridade à educação
cas públicas de educação, respeitando e valori- pré-escolar para mitigar os efeitos da origem so-
zando a diferenciação dos projetos educativos, cial na capacidade de aprendizagem e de aspira-
bem como a diversificação das estratégias, com ção das crianças mais pequenas, em linha com a
vista a melhor responder às características dos evidência que quanto mais cedo no ciclo de vida
alunos e dos contextos sociais locais. Respeitar, das crianças forem realizados os investimentos
valorizar e integrar as dinâmicas das escolas, dos em educação, maior será o seu retorno.
municípios e das comunidades, é o caminho que
permite concretizar o princípio da liberdade de Neste contexto, propõe-se:
educação em todas as suas expressões.
• Atingindo-se no ano letivo 2016/2017 a uni-
Caberá ao Estado, através do Ministério da Edu- versalização da oferta da educação pré-
cação, em colaboração com as diversas forças -escolar desde os 4 anos, no decorrer da
sociais, construir uma visão integrada do serviço próxima legislatura será possível preparar o
público de educação – desde a infância à idade alargamento da oferta aos 3 anos, promo-
adulta. vendo, em colaboração com as autarquias,

14 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


a mobilização dos sectores público, social retenção escolar. Daí que a escolaridade obriga-
e privado, com e sem fins lucrativos, para a tória de 12 anos, que foi alcançada na legislatura
prossecução deste objetivo; que agora termina, deva ser acompanhada por
uma melhoria da taxa de sucesso.
• Promover um sistema de incentivos aos Mu-
nicípios com taxas mais baixas de cobertura Para a atingir, propomos a adoção das seguintes
do pré-escolar mais, com vista a aumentar a medidas:
oferta e a garantir a total cobertura de cre-
ches e jardins de infância; • Integrar os diferentes programas de pro-
moção do sucesso escolar e de combate
• Por forma a abranger um número progres- ao abandono, introduzidos em 2012, num
sivamente crescente de famílias carenciadas, Plano Nacional de Combate ao Insucesso e
aumentar o número de contratos de desen- Abandono Escolar, favorecendo a interven-
volvimento, por via da revisão e simplifica- ção precoce junto dos alunos que revelem
ção dos escalões de capitação; dificuldades de aprendizagem nos primeiros
anos de escolaridade, bem como daqueles
• Lançar um Programa Nacional de Tempos que apresentem maior risco de retenção,
Livres, promovendo, em articulação com as especialmente nos anos que se sucedem às
autarquias, escolas públicas e privadas, insti- 15
transições de ciclo.
tuições de ensino superior e organismos des-
portivos e culturais, atividades de ocupação • Reforçar a autonomia das escolas na defini-
educativa, cultural e desportiva dos jovens, ção dos instrumentos e dos planos de redu-
após os horários letivos, nos fins de semana ção do insucesso e abandono escolares, es-
e nos períodos de férias, de forma a propiciar pecialmente pelo ajustamento e execução do
a ocupação e integração dos jovens em ati- sistema de incentivos na atribuição de crédi-
vidades culturais, educativas e desportivas. tos horários em função dos progressos regis-
Este programa permitirá ajudar as famílias e tados na redução do número de retenções, na
integrar jovens na vida social coletiva e pre- melhoria dos resultados escolares reais, inter-
pará-los para o sucesso escolar. nos e externos, aferidos pela avaliação externa
e na redução da desistência e do abandono.

2. POR UMA ESCOLARIDADE • Reforçar a contratualização da autonomia


OBRIGATÓRIA COM SUCESSO das escolas. Em concreto, defendemos a
contratualização de graus crescentes de au-
EDUCATIVO tonomia de acordo com os resultados ob-
tidos e respeitando o princípio de tratar de
Não obstante a tendência descendente regista- forma diversa o que é diferente. Essas opções
da e os resultados notáveis atingidos, Portugal abrangerão dimensões como: constituição
continua a apresentar uma significativa taxa de
diferenciada de turmas, gestão do currículo, • Direcionar crescentemente a aplicação dos fun-
liberdade de adoção de disciplinas adicio- dos europeus do Programa Operacional Capital
nais, processos de ensino, gestão e organiza- Humano para os objetivos de promoção do su-
ção escolar, com especial foco nas matérias cesso escolar e de combate ao abandono.
pedagógicas, contratação de docentes para
preencher necessidades transitórias e reno- • Incentivar o uso de soluções escolares digi-
vação por mútuo acordo do serviço docente tais. Ao longo da próxima legislatura, alar-
prestado por professores contratados. gar o uso de soluções digitais nos primeiros
anos de cada ciclo, de forma adequada a
• Promover o sucesso escolar, com especial cada ano e respetivas disciplinas, preparando
incidência nas disciplinas estruturantes de condições legislativas para adaptar a escola
Português e Matemática, continua a ser ne- ao novo mundo digital. Introduzir e valorizar
cessário para permitir aos jovens fazerem o ensino da programação será uma grande
as suas escolhas com sucesso, qualquer que aposta para o futuro dos nossos jovens.
seja a sua vocação e os seus interesses. Na
futura legislatura, adicionalmente, assumirão • Introduzir de forma faseada, nas escolas,
importância três eixos complementares: conteúdos em suporte digital, substituindo
progressivamente os manuais escolares em
a) Geração das ciências e da tecnologia suporte de papel.
O reforço da formação técnica e científica,
dando a todos os jovens a possibilidade de
prosseguirem os seus estudos em áreas de 3. PELA VALORIZAÇÃO
que o país necessita e com acesso a carreiras DO ENSINO PROFISSIONAL
técnicas, de engenharia ou similares, ou cien- E VOCACIONAL
tíficas.
Deve-se às forças políticas que integram a atual
b) Geração global
coligação o desenvolvimento das modalidades de
O reforço do domínio e certificação em lín- ensino profissional e a introdução do ensino voca-
guas estrangeiras através de testes inter- cional no sistema educativo português. Este facto
nacionais realizados nas nossas escolas, a confere-nos uma responsabilidade acrescida na
exemplo do que já sucede com o Inglês; valorização social destes cursos, através de uma
adequada organização curricular, da capacidade de
c) Geração das artes atrair os alunos e da resposta às necessidades do
O reforço da formação artística, em cola- desenvolvimento económico e, em particular, das
boração com as autarquias e as instituições oportunidades criadas pelo mercado de trabalho.
artísticas, de forma a promover a prática, o
conhecimento e a apreciação das artes; A experiência atual do ensino vocacional tem reve-
lado uma elevada procura destes cursos, que é ne-

16 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


cessário consolidar através das seguintes medidas: pecialização dos diferentes estabelecimentos
(públicos e privados) em função dos recursos
• Alargar a oferta a todas as regiões do país, disponíveis, da experiência desenvolvida e do
especialmente nos locais em que estes cur- grau de empregabilidade estimado.
sos podem desempenhar um papel muito re-
levante no combate ao abandono escolar e,
simultaneamente, colmatar necessidades de 4. PELA DIGNIFICAÇÃO DOS
técnicos qualificados.
PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO
• Adequar os cursos vocacionais ao catálogo
nacional de qualificações, com uma moder- O Estado tem a obrigação de assegurar a dig-
nização permanente deste. nidade profissional e a qualidade formativa dos
seus docentes e demais profissionais da educa-
• Diferenciar entre prática em ambiente simu- ção. Essa exigência deve ser extensível às dife-
lado de trabalho (prioritário para os alunos rentes etapas dos desenvolvimento profissional,
até aos 15 anos) e prática em contexto de a começar na formação inicial, passando pelo
trabalho (prioritário no ensino secundário e processo de seleção por prova de avaliação de
maiores de 16 anos). conhecimentos e capacidades (PACC), de pro-
fissionalização, de recrutamento e de progres- 17
• Assegurar a reversibilidade das opções por são nas respetivas carreiras.
trajetos profissionalizantes e a permeabilida-
de entre percursos, permitindo o prossegui- Será dada especial atenção às seguintes medidas:
mento de estudos nas diversas ofertas, qual-
quer que seja a opção escolhida pelos alunos. • Redefinir os perfis profissionais e de forma-
ção dos educadores e professores, de forma a
• Alinhar a oferta de cursos com a sua em- aumentar a qualidade da sua formação inicial
pregabilidade e disponibilidade de recursos, e a elevar os níveis de competência e desem-
designadamente infraestruturas (oficinas e penho face aos desafios futuros da socieda-
laboratórios, por exemplo) e docentes devi- de da informação e do conhecimento.
damente qualificados.
• Apostar na formação contínua de professo-
À semelhança dos cursos vocacionais, constitui res, virada para a gestão da sala de aula (e
requisito para o funcionamento dos cursos dos múltiplos desafios que esta hoje coloca),
profissionais a sua integração na rede de ofertas bem como para uma atualização sobre me-
de nível concelhio ou regional, pelo que a sua tas, programas e currículos.
coordenação deverá ser descentralizada para o
nível municipal ou intermunicipal – e contar com • Libertar os docentes da diversidade de ta-
a colaboração dos institutos politécnicos –, de refas burocráticas, passando pela redução e
modo a assegurar a complementaridade e a es- simplificação de procedimentos e pelo au-
mento da confiança na sua responsabilidade 5. PELA LIBERDADE DE
profissional.
EDUCAÇÃO E INTEGRAÇÃO
• Valorizar o papel das lideranças pedagógicas NAS COMUNIDADES LOCAIS
a todos os níveis de decisão escolar, desde o
Diretor da Escola ou Agrupamento até ao Di- A par do reforço da autonomia das escolas, im-
retor de Turma, em detrimento das lideran- põe-se apoiar, avaliar e dar continuidade às ex-
ças burocráticas. periências de descentralização educativa. Maior
descentralização para os Municípios não é incom-
• Promover a formação pós-graduada de diri- patível com uma maior autonomia das escolas.
gentes escolares, através do desenvolvimento
de programas protocolados com instituições Esse é um caminho que permite a realização si-
de ensino superior – incluindo as áreas da multânea de dois objetivos: aproximar as políticas
gestão - e orientados para os atuais diretores educativas das pessoas e das comunidades e asse-
escolares e demais professores que preten- gurar uma maior participação dos agentes locais
dam iniciar uma carreira de gestor escolar. nas estratégias de formação das novas gerações.

• Aumentar os programas de formação dos au- Para tal, defendemos:


xiliares de ação educativa, com vista a melho-
rar o seu desempenho profissional e a aumen- • Avaliar as experiências-piloto do Programa
tar as suas competências, especialmente nos Aproximar a fim de otimizar o modelo e, me-
domínios das tecnologias de informação e diante os resultados obtidos, propor o seu
comunicação, bem como da gestão de com- alargamento ou a sua reestruturação. Publi-
portamentos em ambiente escolar. citar de forma transparente esses resultados.

• Criar equipas multidisciplinares orientadas • Reforçar a relação das famílias com a escola,
para o apoio social escolar, prevenção de na construção de soluções práticas que per-
comportamentos de risco e para a orientação mitam uma efetiva liberdade na escolha do
escolar e profissional que, para além do apoio projeto educativo que melhor sirva os inte-
direto aos alunos, às escolas e às famílias, es- resses dos seus filhos – não esquecendo de
tabelecerão ligações privilegiadas com os um modo particular as famílias numerosas,
serviços sociais públicos e as comissões de as mais carenciadas e as com filhos com ne-
proteção de menores. cessidades educativas especiais, na medida
em que são essas que, sem apoio do Esta-
do, não têm ferramentas para exercer a sua
escolha. Neste sentido, propomos o alarga-
mento da elegibilidade dos contratos simples
de apoio à família a mais escolas e famílias.

18 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


• Diversificar a oferta educativa e formativa, in- Especiais, dando continuidade ao trabalho in-
traconcelhia e interconcelhia, de forma a pro- clusivo que tem sido desenvolvido nos últimos
porcionar aos alunos e às famílias uma efetiva anos e garantir mais apoios a mais alunos.
liberdade na escolha dos trajetos escolares.
• Dar particular atenção à qualidade dos profis-
sionais da educação especial, quer através de
um maior investimento na formação contínua,
6. POR UMA ESCOLA LIVRE quer pelo maior rigor da sua formação especia-
DE BARREIRAS E AMIGA lizada inicial, quer ainda no seu recrutamento.
DA DIFERENÇA • Apostar numa maior capacidade de plane-
Os alunos com necessidades educativas espe- amento das necessidades das escolas, de
ciais e as suas famílias merecem uma redobrada forma a garantir a colocação dos docentes
atenção por parte das políticas de educação. As e dos profissionais de educação especial a
escolas portuguesas poderão ter avançado mui- tempo de poderem preparar cada ano letivo
to na eliminação das barreiras arquitetónicas, e de programarem a aprendizagem em fun-
mas mantêm-se as barreiras culturais, os méto- ção do tipo de alunos com que vão trabalhar.
dos de aprendizagem uniformes, os conteúdos 19
• Reforçar as parcerias com entidades do setor
curriculares universais, incapazes de proporcio-
social, particular e cooperativo, de modo a
nar àqueles alunos as oportunidades de constru-
melhorar a qualidade dos apoios educativos
írem um trajeto escolar próprio que os dignifique
e terapêuticos para os alunos com necessi-
e os prepare para a vida ativa.
dades educativas especiais, bem como pro-
É necessário assegurar aos pais de alunos com mover a articulação entre os setores da edu-
necessidades educativas especiais uma maior cação, da segurança social e da saúde.
liberdade de escolha quanto à opção formativa para
o desenvolvimento individual dos seus filhos. Além da
possibilidade de frequência de Centros de Atividades 7. POR UMA CULTURA
Ocupacionais (CAO) ou de estabelecimento de
ensino especial, queremos que a capacitação destes
DE AVALIAÇÃO CONSEQUENTE
jovens, seja através da formação profissional, seja via A qualificação do sistema de ensino português
estágios profissionais integrados, permita uma efeti- depende da forma como o Estado conseguir de-
va promoção da vida independente. senvolver um sistema de avaliação que exerça
uma efetiva função reguladora da aprendizagem
Para isso, será necessário:
e do funcionamento das organizações escolares.
• Clarificar os termos de referência da identifica- Assim, propomo-nos a:
ção dos alunos com Necessidades Educativas
• Aprofundar a complementaridade e garantir
o equilíbrio das avaliações externas, de cará- 8. POR UMA QUALIFICAÇÃO
ter sumativo, sob a forma de provas nacio-
nais no final de cada ciclo de ensino, com as REAL DE ADULTOS
avaliações internas que deverão desempe-
Pese embora os progressos registados no que
nhar uma função tendencialmente formativa
toca à educação dos jovens, deve reconhecer-se
e orientadora dos percursos escolares.
que uma dimensão significativa da população
• Complementar os processos de autoava- escolar portuguesa apresenta ainda carências
liação das escolas com a avaliação externa, de educação e formação que precisam de ser
ajustada às especificidades das suas mis- constantemente supridas. A nossa competitivi-
sões, diferenciando-se consoante se tratem dade internacional depende em grande parte do
de escolas do ensino regular ou de modalida- sucesso da formação e qualificação de adultos.
des especiais de ensino. As escolas cuja ava-
Mas o que importa é a qualificação real e não a
liação for, em alguns dos itens, suficiente ou
pura distribuição de diplomas com meros efeitos
inferior, poderão beneficiar de um programa
estatísticos.
de apoio e recuperação contratualizado.
Cabe às políticas de emprego um papel fundamen-
• Melhorar o atual modelo de avaliação docen-
tal nesta batalha, mas as políticas educativas devem
te, focando o processo sobre o trabalho de-
continuar a cumprir a sua função. Assim, entre ou-
senvolvido pelo docente e pelo conhecimen-
tras, importa desenvolver as seguintes medidas:
to por este demonstrado acerca do currículo
e do modo de o por em prática – nomeada- • Estabelecer e reforçar, em todas as áreas ge-
mente através da avaliação do seu portfólio ográficas do país, os Centros de Qualificação
profissional – e articulando com um maior in- e Ensino Profissional (CQEP) escolares, que
vestimento em formação contínua que incida colaborem na orientação profissional dos
especialmente na superação das dificuldades nossos jovens e sirvam, em articulação com
eventualmente identificadas nessa avaliação. a rede nacional, os adultos que a eles recor-
ram, encaminhando-os para ofertas de for-
• Avaliar periodicamente o desenvolvimento
mação apropriadas.
curricular concretizado através de metas, de
forma a aferir a sua adequação aos objetivos • Desenvolver progressivamente o ensino re-
de aprendizagem. Pretende-se conferir es- corrente nas diferentes regiões do país, com
tabilidade aos currículos o que não significa ofertas equivalentes às do ensino básico e
imobilismo. Dessa interação entre os profes- secundário, oferecendo uma via para rein-
sores, as escolas e as equipas responsáveis gresso na educação e formação a todos os
pela elaboração dos currículos, pretende-se maiores de 18 anos que pretendam comple-
que resultem processos de ajustamento pe- tar o 12.º ano, com possibilidade de prosse-
riódico entendidos como necessários. guimento de estudos.

20 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


• Criar regionalmente programas articulados cação, a partir de projetos diferenciadores
de formação profissional para adultos e de liderados por professores ou consórcios que
preparação para acesso a programas poli- integrem encarregados de educação, muni-
técnicos de ciclos curtos de Técnico Superior cípios ou IPSS. O desenvolvimento desses
profissional (TeSP). projetos deve fazer-se com base em con-
cursos públicos e mediante a celebração de
contratos-programa.
9. INOVAR PARA DIFERENCIAR • O desenvolvimento da política de contratos
A atual Lei de Bases do Sistema de Educativo de associação, tendo em conta a importân-
completa, em 2016, trinta anos sobre a sua apro- cia do serviço prestado por essas escolas a
vação, razão pela qual importa proceder à sua muitos alunos-nomeadamente de familías
atualização, que deve partir de uma reflexão desfavorecidas-e a necessidade de agir com
alargada sobre a adequabilidade daquele qua- maior efetividade nos territórios em que,
dro normativo, não só ao tempo presente, mas tanto o abandono como o insucesso escolar,
principalmente aos desafios que se prefiguram são mais relevantes.
nos tempos futuros.

UM ENSINO SUPERIOR
21
Na nossa perspetiva, essa atualização deve ter
como preocupações fundamentais:
DIVERSIFICADO E
• A identificação das capacidades e dos va-
lores indispensáveis ao desenvolvimento de ABERTO AO MUNDO
uma sociedade baseada no conhecimento,
na investigação e na criação cultural; O ensino superior português começou a dar os
primeiros passos no sentido de redefinir a sua
• A organização do sistema educativo orienta- vocação e de identificar um modelo estratégico
do para o sucesso de todos os alunos e que de desenvolvimento que lhe permita assumir um
valorize a liberdade de escolha e a diferen- lugar de maior relevo na sociedade do conheci-
ciação dos percursos escolares; mento e num mundo cada vez mais globalizado
e competitivo, nos domínios da formação alta-
• A reorganização dos ciclos de ensino, de for- mente especializada, da investigação científica e
ma a eliminar a excessiva segmentação po- da criação cultural.
tenciadora do insucesso escolar;
É responsabilidade do Estado constituir-se como
• A diversificação da natureza institucional facilitador e integrador de um maior diálogo
das escolas, nomeadamente pelo incentivo e cooperação entre as instituições do ensino
ao desenvolvimento de escolas independen- superior, visando a consensualização dessa es-
tes que garantam o serviço público de edu-
tratégia de desenvolvimento a médio e longo • Promover o maior sucesso académico dos
prazo que permita valorizar as suas vantagens estudantes, estimulando a criação de instru-
competitivas. Cabe também às políticas públi- mentos de apoio no sentido de ultrapassar
cas definir, com clareza, o enquadramento, seja as dificuldades académicas e de encontrar
normativo, seja financeiro e orçamental, em que um percurso individual com sucesso. Deverá
essas estratégias se deverão desenvolver. Um ser prosseguida a otimização do sistema na-
enquadramento que se exige claro e estável, de cional de apoio social e incentivado o reforço
modo a que as opções de cada instituição pos- dos mecanismos locais para resposta rápida
sam ser assumidas com responsabilidade e no em situações especiais;
exercício da sua autonomia.
• Assegurar uma adequada compreensão da
Para realizar esses objetivos, elegem-se como oferta educativa, em ordem a possibilitar
prioritários os seguintes eixos de atuação: uma escolha plenamente informada. Serão
seguidas as melhores práticas europeias
• Promover uma maior participação no ensi- para melhorar a compreensão da diversidade
no superior, por forma a que todos os jovens da oferta educativa e a empregabilidade de
com um diploma do secundário possam ace- todos os diplomados;
der a um ensino superior de qualidade. Pro-
pomos que, em 2020, a participação dos jo- • Apostar na criação e transferência de conhe-
vens no ensino superior atinja os 50% e que cimento, de modo a que o sistema de ensino
a percentagem de diplomados (30-34 anos) superior veja reforçada a sua função de in-
atinja os 40%. Serão criadas condições para vestigação e o seu impacto social. Será incre-
a expansão do ensino à distância (e-learning mentada a articulação entre as estruturas de
e b-learning), com garantias de qualidade e investigação académica e as próprias institui-
de presença internacional do melhor ensino ções de ensino superior que lhes dão suporte;
em língua portuguesa e estabelecidos meca-
nismos de apoio às políticas de internaciona- • Valorizar o trabalho científico e tecnológico
lização das instituições; ao serviço da inovação empresarial e digni-
ficá-lo, tanto na avaliação docente como na
• Reforçar a qualificação e a requalificação avaliação de instituições de ensino superior e
de ativos, especialmente através de cursos de centros de investigação;
de TeSP (Técnico Superior Profissional), li-
cenciaturas e mestrados profissionalizantes. • Reforçar a autonomia das instituições de ensino
Todos os ciclos de estudos de TeSP devem superior na utilização das receitas obtidas em
reforçar a preparação dos futuros diploma- projetos de I&D com financiamento empresarial
dos para a sua inserção na vida ativa. A ofer-
ta formativa e as condições de acesso dos • Reestruturar a rede de estabelecimentos,
ativos serão ajustadas à sua realidade; promovendo uma oferta mais racional e de
maior qualidade. É possível e desejável re-

22 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


configurar a rede de ofertas, criando con-
dições para que, de forma gradual e numa
REFORÇAR A APOSTA NA
base voluntária, as instituições se possam
especializar em domínios do conhecimen-
CIÊNCIA, NA TECNOLOGIA
to e das tecnologias onde apresentam mais E NA INOVAÇÃO
vantagens. A partir de uma consensualização
sobre os princípios, propõe-se que cada ins-
tituição identifique o seu potencial mais rele- No decurso da presente legislatura e em condI-
vante, de forma a concentrar no seu desen- ções especialmente difíceis, foi possível assegu-
volvimento o fundamental dos seus recursos; rar a sustentabilidade do Sistema Nacional de
Ciência e Tecnologia e, até, interromper um ciclo
• Assegurar um financiamento estável e previ- de redução que se vinha observando desde 2010.
sível, através de um modelo plurianual que E a verdade é que os resultados dos primeiros
inclua estímulos à reorganização da rede, à concursos do Horizonte 2020, revelam que o
exploração das vantagens competitivas das sistema nacional de I&D é qualitativamente mais
instituições e à melhoria contínua. Na tran- robusto e internacionalmente mais competitivo
sição progressiva para o novo modelo, serão do que em 2011. Importa agora consolidar esta
consideradas as condições especiais das ins- senda de progresso e introduzir novas medidas 23
tituições sediadas em regiões de baixa den- que permitam otimizar os fundos comunitários
sidade demográfica e o seu contributo para para I&D&I negociados com a Comissão Euro-
o desenvolvimento regional. Apesar de se ter peia para o Portugal 2020, um montante que se
mantido o rácio docente/discente no período aproxima do dobro do negociado para o Progra-
de correção orçamental, o rejuvenescimen- ma Quadro anterior.
to dos recursos humanos é uma questão a
equacionar no binómio ensino/investigação; A ciência e a investigação científica constituem
fator fundamental para o futuro do país - não só
• Rever o Regime Jurídico das Instituições de para o nosso posicionamento entre as nações
Ensino Superior (RJIES), garantindo uma au- mais desenvolvidas, como para a qualidade do
tonomia institucional adequada à melhoria do conhecimento e do ensino superior e para o de-
serviço público. Terminado o período experi- senvolvimento cultural e económico do país. Não
mental das universidades-fundação e comple- há país avançado em que o ensino ou a moder-
tada a sua autoavaliação, será feita a avaliação nização da economia surjam à margem de uma
global do funcionamento do RJIES, usando as grande qualidade e competitividade da investi-
experiências concretas para melhorar o de- gação científica.
sempenho futuro das instituições e da rede.
De acordo com essa orientação, propõem-se as • Estimular a cooperação interinstitucional,
seguintes linhas estratégicas: através de programas temáticos e de cará-
ter multidisciplinar, envolvendo consórcios
• Estimular uma maior competitividade interna- de entidades não empresariais do sistema de
cional do sistema de C&T, através de uma refor- I&I que contribuam para responder a grandes
ma do regime de emprego científico e tecnoló- desafios societais, alinhados com as priorida-
gico que consolide e expanda a sua qualidade, des da estratégia de I&I para a especialização
para que as instituições portuguesas possam inteligente e para colmatar lacunas no teci-
competir no mundo global e aceder com su- do científico e tecnológico que prejudiquem
cesso a fontes de financiamento europeias. a competitividade internacional do sistema
nacional de I&D.
• Estimular a investigação fundamental e apli-
cada de muito elevada qualidade, privile- • Apoiar a formação pós-graduada de excelência,
giando a atribuição de fundos públicos aos predominantemente em programas de douto-
melhores investigadores e às melhores insti- ramento de elevada qualidade, selecionados
tuições do país, para que Portugal continue a competitivamente. A formação pós-doutoral
aproximar-se dos melhores padrões interna- será integrada em projetos de I&D adequada-
cionais em todas as áreas do conhecimento. mente financiados através de concursos com-
petitivos nacionais ou internacionais.
• Continuar a estimular a permanência em Por-
tugal e a atração de investigadores interna- • Continuar a reforçar a internacionalização do
cionalmente competitivos, através de con- sistema de I&D&I, não apenas pela participa-
cursos internacionais anuais. ção ativa nas iniciativas do Espaço Europeu
de Investigação mas, também, através de
• Reduzir as assimetrias regionais nas capa- novos programas de cooperação com países
cidades de I&D&I, através de um Programa terceiros, designadamente da CPLP.
para a criação de Centros de I&D&I de exce-
lência nas regiões do interior de baixa densi- • Incentivar a aproximação da ciência ao teci-
dade populacional, alinhados com a RIS3 da do produtivo, através:
respetiva região, com forte ligação ao tecido
empresarial. Um Centro de Excelência no in- a) Do lançamento de concursos que valorizem
terior deverá assumir uma natureza “única” a o conhecimento produzido em projetos de
nível nacional, ser reconhecido internacional- investigação científica e desenvolvimento
mente, ter forte potencial inovador e de ge- tecnológico, conduzindo os resultados da
ração de emprego qualificado no tecido pro- investigação fundamental e/ou aplicada
dutivo, para que se transforme rapidamente desenvolvidos em ambiente laboratorial a
num polo atrator de talento a nível nacional uma fase de pré-comercialização, poten-
e internacional. ciando criação de valor para a economia;

24 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


b) Do incentivo à adoção, nas instituições social de cada um e de todos numa comunida-
de I&D, de uma cultura sistemática de de. Por isso, extravasa uma dependência orgâ-
mostra e oferta dos resultados de inves- nica administrativa e atua em sectores como a
tigação ao tecido empresarial; educação, a economia, a política externa, a in-
clusão social ou o ordenamento do território. As
c) Da continuada preparação de uma nova políticas públicas da área da cultura têm, pois,
geração de doutores habilitados para o uma base estratégica na coesão, soberania e no
mercado não académico, através de no- desenvolvimento do país.
vos concursos para programas de dou-
toramento em ambiente empresarial e A cultura portuguesa, seja nas suas componen-
bolsas individuais em empresas. tes patrimoniais, seja nas suas dimensões con-
temporâneas, é um dos ativos mais valiosos da
• Avançar com a reforma da Fundação para a presença portuguesa no mundo.
Ciência e Tecnologia, seguindo os melhores
exemplos das agências europeias e interna- A língua portuguesa é uma das línguas europeias
cionais congéneres. Torná-la uma agência mais faladas no mundo e a língua mais falada no
verdadeiramente independente, com auto- hemisfério sul e o nosso património cultural está
nomia administrativa, organizativa e finan- presente nos cinco continentes. Temos razões
25
ceira, com maior eficácia de gestão, maior para querer, no âmbito da representação externa
estabilidade de financiamento plurianual e do País e da diplomacia cultural, desempenhar
novas condições para manter relações de um papel no mundo globalizado do século XXI.
proximidade com a comunidade científica.

• Preparar a avaliação internacional intercalar de 1. A Cultura, da hierarquia


2017 das unidades de investigação e desenvol-
vimento, de forma a criar novas possibilidades
à rede
para unidades em reestruturação e a incentivar A Cultura vale por si própria, mas o exercício de
a adaptação do sistema às exigências de com- articulações e do trabalho em rede é essencial
petitividade europeia e internacional. para promover a sua presença. Esta transversali-
dade deve ser assumida sem complexos e traba-
lhada nos dois sentidos.
CULTURA, VALOR DE
Por isso, devem assumir especial relevância as
COESÃO E CRESCIMENTO seguintes dimensões de ação:

A Cultura é muito mais que o conjunto das polí- • Cultura e educação, através do desenvolvi-
ticas culturais de uma tutela ou de um governo, mento de programas integrados para a edu-
é o próprio dispositivo de construção pessoal e cação pré-escolar, o ensino obrigatório e o
ensino superior, com o objetivo de promover • Cultura e internacionalização, por via do es-
a presença das artes e do património no quo- tímulo ao desenvolvimento de iniciativas de
tidiano dos estudantes e das suas famílias, internacionalização das artes performativas
potenciando objetivos curriculares e aumen- e das artes visuais, de uma maior penetra-
tando a criação e a fruição cultural; ção da literatura e edições portuguesas nos
circuitos internacionais, de um estímulo à
• Cultura e economia, reconhecendo a im- produção e difusão de conteúdos televisivos
portância do sector criativo como elemento em língua portuguesa, assim como através
diferenciador e de mais-valia na economia de um programa de internacionalização do
global atual, da importância da cultura na cinema e do audiovisual português e da cap-
criação de empregos e de riqueza e enquan- tação de produções externas.
to área de elevado potencial competitivo e
recorrendo a incentivos à criação e desen-
volvimento de micro e pequenas empresas, 2. Cultura e coesão social
nomeadamente nas áreas do artesanato, do
design, do turismo cultural, do mercado de À cultura cabe um papel crucial na criação de
arte e da produção artística e de incentivos uma sociedade mais inclusiva e na afirmação
à criação de capital de risco e de utilização do princípio da igualdade de oportunidades.
de fundos reembolsáveis na área da cultura; Na realização desse objetivo, assume especial
relevo o programa Cultura para Todos, criado no
• Cultura e turismo, criando condições ade- âmbito do Portugal 2020 e a necessidade de:
quadas à exploração da mais valia que o pa-
trimónio cultural edificado, paisagístico, mó- • Melhorar a participação das diversas comu-
vel e imaterial pode induzir nas dinâmicas da nidades linguísticas e nacionais presentes
economia do turismo interno e externo, afir- em Portugal em atividades que permitam a
mando a cultura como um dos elementos di- sua efetiva e plena integração no todo social;
ferenciadores de Portugal enquanto destino;
• Promover o acesso das populações que, por
• Cultura e territórios de baixa densidade, va- razões de limitações carência de diversa na-
lorizando a dinamização da proteção do pa- tureza, não conseguem aceder em termos
trimónio e a atividade artística nestas regiões equitativos à fruição e à criação cultural;
do país – com modelos de aproximação às
populações, de inserção em redes nacionais e • Promover a melhoria da articulação dos ser-
internacionais de programação ou de itinerân- viços públicos do Estado com as autarquias
cia -, que deve contar com dispositivos de ins- locais, as empresas e a sociedade civil, tendo
talação de indústrias criativas nessas regiões; em vista a máxima utilização dos recursos
disponíveis para servir as comunidades na-
cional, regional e local;

26 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


• Reforçar o papel da cultura enquanto elo de • A sistematização do trabalho de preservação
ligação com a diáspora portuguesa, muito e promoção do património cultural edificado,
em especial no que diz respeito aos luso- móvel e imaterial, em especial dos patrimó-
-descendentes; nios cristão, judaico, islâmico e do patrimó-
nio arqueológico;
• Reforçar os instrumentos de literacia digital
para o acesso à Cultura em ambientes vir- • A melhoria do conhecimento da nossa his-
tuais, nomeadamente o acesso ao conheci- tória militar e do progresso da sociedade
mento de bens culturais, como os arquivos. civil ao longo da nossa História, através de
um mapeamento atualizado do património
em Portugal e do património português ou
3. Cultura, identidade de influência portuguesa no mundo e de uma
e património comum estratégia da sua preservação e valorização;

É crucial a capacidade de levar a cabo uma • A revisão da operacionalidade do Conselho


atuação no domínio patrimonial e museológico Nacional de Cultura, como órgão de aconse-
que tenha em conta a sua relevância enquanto lhamento das políticas públicas com repre-
elemento para a defesa e afirmação da iden- sentantes da sociedade civil;
27
tidade nacional, mas também o seu potencial
• A revisão da Lei do Mecenato, no âmbito de
contributo para o desenvolvimento económico
um alargamento das possibilidades de finan-
e social e para a nossa projeção no mundo. Pro-
ciamento à atividade cultural;
pomo-nos levar a cabo:
• A definição de um ponto de contacto para
• A defesa das várias formas de manifestação
o investimento na Cultura – que abranja as
do património móvel e imaterial e das tradi-
candidaturas internacionais, o restauro e re-
ções orais e da valorização dos nossos mu-
qualificação de património classificado -, de
seus e da Rede Portuguesa de Museus;
forma a facilitar a atuação e a diminuir a bu-
• A adoção de medidas que permitam a quali- rocracia procedimental do Estado, com arti-
ficação museológica e comunicacional do Es- culação entre as administrações centrais e as
tado, das autarquias e do património privado. autarquias.

• A defesa dos sistemas de paisagem cultural,


urbana ou natural;

• Uma maior articulação entre administração


pública central e autarquias locais, com vista
à melhoria de procedimentos respeitantes a
instrumentos urbanísticos e de salvaguarda;
4. As artes, elemento • A melhoria dos mecanismos de apoio às ati-
vidades artísticas amadoras;
fundamental da atividade
cultural • A regulamentação/certificação dos modelos
de formação e de atividades culturais profis-
A criação e a fruição artística são determinantes sionais e amadoras;
para a qualidade de vida dos cidadãos. Para am-
pliar as possibilidades neste domínio, considera-
-se ser necessário: 5. Valorizar a função dos
• A concretização do estatuto do artista, en-
arquivos, das bibliotecas e
quanto instrumento importante para a ga- da política da língua
rantia das liberdades e direitos dos artistas e
para a sua estabilidade profissional; É nos nossos arquivos nacionais e distritais que
está o repositório da nossa memória coletiva. É
• A elaboração de quadros estratégicos plurianu- nas nossas bibliotecas que estão os recursos para
ais para o apoio às artes, cinema e audiovisual o desenvolvimento das capacidades de leitura. É
e para os organismos de produção artística do na nossa língua que encontramos um dos mais
Estado (teatros nacionais, ópera e bailado) poderosos patrimónios da cultura portuguesa.
Tomando em consideração estas realidades, é
• O combate à violação de direito de autor e necessário:
direitos conexos, com o objetivo de impedir
ou fazer diminuir os comportamentos ilegais • A concretização da plena digitalização e in-
verificados na Internet e em outros meios; teroperabilidade dos arquivos do Estado e
a plena integração do Arquivo Histórico Ul-
• A revisão do modelo de organização e fun- tramarino na Torre do Tombo e do Sistema
cionamento da Direção Geral das Artes e Integrado do Património Arquitetónico na
dos seus procedimentos concursais, do Or- Direção Geral do Património Cultural;
ganismo de Produção Artística (OPART), do
Instituto do Cinema e Audiovisual e da Cine- • O desenvolvimento de redes intermunicipais
mateca Portuguesa-Museu do Cinema e o au- de bibliotecas, com o apoio técnico da Admi-
mento das competências regionais no domí- nistração Central e dos processos de consti-
nio do apoio às artes e da descentralização da tuição de redes digitais de leitura;
gestão de equipamentos culturais do Estado;
• A criação de incentivos próprios ao cresci-
• A melhoria das articulações entre a área da mento de conteúdos culturais em ambiente
educação e cultura, nomeadamente, em or- digital em língua portuguesa e o alargamen-
dem ao desenvolvimento das escolas artísticas to de sistemas de tradução e distribuição de
e das atividades artísticas em contexto escolar; documentos em Português;

28 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


• A articulação dos dispositivos arquivísticos e
das bibliotecas com os países de língua por-
tuguesa

• O desenvolvimento de projetos de articula-


ção entre bibliotecas públicas, bibliotecas
escolares, bibliotecas privadas e a Associa-
ção Portuguesa de Editores e Livreiros, ten-
do em vista o aprofundamento do Plano Na-
cional de Leitura;

29
DEFENDER
E REVIGORAR
O ESTADO SOCIAL

O desenvolvimento das áreas sociais deve ser Mas, no domínio da Segurança Social importa
um desígnio nacional neste período de progres- também continuar a criar condições para a sus-
siva recuperação económica. Porque a nossa op- tentabilidade dos sistemas previdenciais, para o
ção de fundo foi, é e continuará sempre a ser reforço da proteção social e para o desenvolvi-
defender e revigorar o Estado Social e as suas mento do voluntariado, no âmbito de uma refor- 31

condições de viabilidade. A nossa orientação é ma abrangente de todo o sistema.


mesmo, no perímetro dos serviços públicos, di-
versificar projetos e aumentar a escolha. Algo No que diz respeito à Saúde, o objetivo central
que é de todo compatível, como a experiência é desenvolver o SNS, reforçando as garantias de
de décadas claramente demonstra, com políti- acesso e liberdade de escolha, a prestação de
cas de contratualização com os setores da eco- serviços de qualidade, nomeadamente a quem
nomia social ou com a iniciativa privada que quer ter filhos e aos mais velhos, a implementa-
obedecem a um quadro legal definido e a uma ção de medidas ativas de prevenção da doença
regulação forte. e os sistemas de informação na saúde.

Nesta linha, o combate às desigualdades sociais Relativamente à Juventude e Desporto, é impor-


deve ser a primeira prioridade, com o lançamen- tante manter o modelo colaborativo, tendo em
to de um Programa de Desenvolvimento Social, atenção o carácter transversal das políticas de
que defina uma estratégia transversal e multis- juventude e o impacto do desporto no desenvol-
sectorial assente numa parceria publico-social. vimento social e na economia nacional.
COMBATER AS contexto ambiental -, pelo que é necessário uma
estratégia para o seu combate, que envolva e ar-
DESIGUALDADES - LANÇAR ticule a segurança social, o emprego, a educa-
ção, a saúde e outros setores.
UM AMBICIOSO PROGRAMA No País que desejamos, todos têm lugar e nin-
DE DESENVOLVIMENTO guém pode ficar para trás. É este o nosso de-
signo prioritário e para este desafio todos estão
SOCIAL convocados.

Em Portugal, a pobreza e as desigualdades so- O nosso compromisso é desenvolver uma nova


ciais têm dinâmicas muito enraizadas e comple- geração de políticas públicas, mais focadas na
xas, que carecem de uma estratégia integrada e capacitação e autonomia das pessoas e famílias,
focada na capacitação e autonomia das pessoas mais integradas e coerentes, com maior envolvi-
e das famílias, de forma a interromper os ciclos mento da comunidade, sustentáveis e com maior
de exclusão que teimam em se perpetuar. equidade, promovendo uma maior coesão social.

O Estado tem feito um investimento muito signi- Ambicionamos, assim, uma verdadeira mudança
ficativo e de forma continuada na Segurança So- de paradigma, garantindo a proteção de quem
cial, nomeadamente nas duas últimas décadas, mais precisa, potenciando a mobilidade social e
de tal forma que a despesa da Segurança Social promovendo a inclusão social.
aumentou de 9,1% para 26,9% do PIB. No entan-
to, esse investimento não teve uma correspon- Com essa ambição, e depois de, num período de
dência direta na mobilidade social das famílias, emergência, atendermos a quem mais precisava
sendo que, entre 1994 e 2013, a taxa de risco de e estava mais exposto à crise, através do Pro-
pobreza antes de qualquer transferência social grama de Emergência Social, queremos agora
aumentou de 37% para 47,8% e, após transferên- desenvolver um Programa de Desenvolvimento
cias relativas às pensões, ficou quase inalterada Social, assente numa parceria público-social.
de 27% para 26,7%.
O desenvolvimento social é, por definição, o pro-
A natureza dos problemas sociais a enfrentar cesso de melhoria da qualidade de vida de uma
exige, assim, uma atuação do Estado mais glo- sociedade e nós temos a forte convicção que
bal e sistémica, quer no ataque às causas onde este Programa de Desenvolvimento Social será
os próprios problemas se geram, quer ao nível a alavanca decisiva para a melhoria da qualida-
das situações específicas quando os problemas de de vida em Portugal, com mais justiça social,
se manifestam. maior igualdade de oportunidades e mais espe-
rança.
A exclusão social reflete-se nas mais diversas di-
mensões - económicas, sociais, culturais ou de Apostamos, assim, no desenvolvimento de uma

32 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


intervenção transversal e multissetorial, ao nível A concretização deste Programa de Desenvol-
da administração pública, das autarquias e com vimento Social passará assim, em larga medida,
o envolvimento ativo da rede social e solidária, pela capacidade de articular adequadamente as
capaz de concretizar um conjunto de medidas políticas públicas e a intervenção das institui-
que contribuam para um forte combate às de- ções da Economia Social na concretização do
sigualdades sociais, nomeadamente à pobreza novo paradigma, o qual permitirá o aprofunda-
e particularmente à pobreza infantil, ao insuces- mento do Estado Social sem colocar em questão
so escolar e que contribuam para promover a a sustentabilidade do seu financiamento.
igualdade de oportunidades, a coesão social e
a criação de mais e melhor emprego . Especial Compreende-se, assim, que neste quadro assu-
atenção será também atribuída à situação das ma também relevo particular o aprofundamento
pessoas com deficiência. da transferência de competências da Adminis-
tração, central e descentralizada, para a rede so-
Este compromisso, firmado numa relação de cial e solidária. No mesmo sentido, deverão ser
parceria, permitirá uma maior descentralização incentivadas as instituições da Economia Social
e criação de mais e melhores políticas de pro- a um trabalho em rede e de parcerias, partilhan-
ximidade, alargadas a todas as áreas sociais do do serviços e recursos e dando especial enfoque
Estado. às questões da inovação e do empreendedoris- 33
mo social.
Igualmente, a promoção de uma cidadania ati-
va e de uma cultura de responsabilidade social O lançamento de um programa nacional para a
deverá assumir um papel de relevo neste novo requalificação das respostas sociais existentes
paradigma de intervenção. Basicamente, preten- será uma outra das prioridades a ser desenvolvi-
de-se ter um Estado cada vez mais próximo das da, no sentido de adequar essas infraestruturas
pessoas, com uma forte humanização e perso- às novas realidades e necessidades das pessoas.
nalização nas políticas de apoio social, cabendo
à Administração Pública assegurar o seu papel Para a concretização do programa de desenvol-
imprescindível de cofinanciador, de supervisor e vimento social, contaremos com a forte contri-
de regulador, tendo como parceiro privilegiado buição dos fundos comunitários, nomeadamen-
as instituições da Economia Social. te do Programa Operacional de Inclusão Social e
Emprego, bem como do Orçamento de Estado e
Esta parceria público-social permitirá continuar das verbas dos Jogos Sociais, contribuindo para
a reforçar o trabalho notável e imprescindível uma Economia Social de futuro, assente na ino-
que estas instituições sociais desenvolvem nos vação e no empreendedorismo social.
seus territórios, na promoção, criação de riqueza
e emprego, permitindo o seu desenvolvimento
sustentável.
SEGURANÇA SOCIAL segurança social e o sistema público de pensões,
em particular, não cumprem com os objetivos
e SOLIDARIEDADE principais de garantir a redistribuição e substi-
tuição justa do rendimento, ficando seriamente
ameaçada a própria sustentabilidade política do
1. Assegurar a sistema de pensões.

sustentabilidade dos Enquanto Governo, avançámos com um conjun-


sistemas previdenciais de to de medidas que permitiram introduzir maior
Segurança Social sustentabilidade no sistema – nomeadamente a
ligação entre o aumento da esperança média de
Toda a Europa vê hoje a sua esperança média vida e a idade de acesso à pensão – tendo ainda
de vida aumentar. Esta enorme conquista civili- proposto algumas soluções e boas práticas de
zacional é produto dos avanços científicos, mas outros países que acabaram por não ser imple-
também de um modelo social que edificámos ao mentadas, por terem sido consideradas incons-
longo de décadas. titucionais.

Se, por um lado, temos este facto positivo, por Reformar e viabilizar a Segurança Social é algo
outro, uma preocupante quebra demográfica, de inevitável num prazo relativamente urgente.
que alastrou a quase todas as nações do velho Em virtude das dificuldades crescentes que se
continente, constitui um sério problema para a agudizam, entendemos ser necessário levar à
sustentabilidade dos sistemas sociais. prática políticas reformistas que assegurem a
sustentabilidade dos sistemas previdenciais de
A conjugação destes dois fatores levanta assim um segurança social, que resultem de um debate
enorme desafio: responder a um processo de “du- alargado, envolvendo a sociedade civil, e ne-
plo envelhecimento” com incremento, por um lado, cessariamente do entendimento entre todos os
do número de pessoas idosas e, felizmente, com partidos do arco da governabilidade e que tra-
maior esperança de vida e, por outro, uma diminui- duzam, consequentemente, a existência de um
ção significativa da proporção de jovens. amplo consenso social e político.

Num estudo da OCDE, é referido que se não fo- A reforma deverá salvaguardar um conjunto de
rem feitas reformas atempadamente as gerações princípios que já hoje enformam o atual sistema
atuais e seguintes verão diminuído o retorno face público de pensões: (I.) matriz de regime públi-
ao que contribuíram, isto é, a taxa de substitui- co, (II.) obrigatório e universal de proteção so-
ção diminuirá em todo o mundo. cial, (III.) gestão pública do sistema, (IV.) meca-
nismo de repartição do modelo de redistribuição
Sem sustentabilidade financeira não há equidade - as pensões em pagamento continuarão a ser
intergeracional e sem equidade intergeracional a financiadas pelas contribuições geradas essen-

34 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


cialmente no mercado de trabalho - e (V.) solida- planos complementares de reforma, sejam
riedade do Estado através da atribuição de um de natureza profissional sejam de iniciativa
complemento social aos pensionistas do sistema individual, reforçando a cultura de poupan-
previdencial da segurança social e da atribuição ça para a reforma, enquanto complemento à
de uma pensão social aos pensionistas do regi- pensão pública, ou seja, fomentando a res-
me não contributivo. ponsabilidade individual e coletiva na forma-
Nas preocupações da reforma devem estar: ção da pensão global;

• O reforço do princípio da contributividade • A introdução, para as gerações mais novas,


e da transparência na relação que se esta- de um limite superior para efeitos de con-
belece entre os contribuintes e o sistema de tribuição, que em contrapartida também
pensões; determinará um valor máximo para a futura
pensão. Dentro desse limite, a contribuição
• A criação de uma “Caderneta de Aforro para deve obrigatoriamente destinar-se ao siste-
a Reforma”, que reflita todos os movimentos ma público e, a partir desse limite, garantir a
registados na Conta Individual do beneficiá- liberdade de escolha entre o sistema públi-
rio junto do sistema público de pensões, rele- co e sistemas mutualistas ou privados. Esta
vantes para a formação da sua pensão. Para reforma, que deve ser analisada em sede de 35
além de fornecer dados individuais sobre concertação social e objeto de um consen-
rendimentos do trabalho declarados e con- so alargado, deve ser feita em condições de
tribuições entregues (na parte afeta à pro- crescimento económico sustentado.
teção na velhice) e respetiva valorização, a
Caderneta de Aforro para a Reforma fornece • A introdução progressiva de benefícios que
informação complementar que apoia o bene- premeiem a maternidade, obtidos através de
ficiário a tomar decisões de poupança para a um mecanismo de majoração de pensões fu-
reforma. O investimento do sistema público turas.
de pensões no bom funcionamento da Conta
• A criação de condições para um enve-
Individual e na acessibilidade à Caderneta de
lhecimento ativo, através de mecanismos
Aforro para a Reforma são apostas estrutu-
que flexibilizem a entrada na reforma, com
rantes para a relação de confiança, proximi-
preocupações de suavizar a travessia entre a
dade e transparência que o Estado tem obri-
vida ativa e a etapa da reforma. Será criado um
gação de acautelar;
mecanismo que permita moldar o ritmo da re-
• Os incentivos à participação formal no mer- forma pela combinação de soluções de refor-
cado do trabalho e o combate à fraude e ma parcial e de reforma gradual - por exemplo,
evasão contributiva; 25%, 50% e 75% - introduzindo liberdade de
escolha na esfera da decisão individual e co-
• Uma aposta efetiva no desenvolvimento dos letiva e flexibilidade no mercado de trabalho;
• A definição de um regime de capitalização A confiança dos cidadãos na Segurança Social,
específico para os jovens trabalhadores emi- designadamente no sistema público de pensões,
grantes; está fortemente condicionada pela transparência.
Sem transparência não há compreensão e infor-
• A conclusão da convergência dos sistemas mação sobre o sistema, seja no plano individual
de pensões público e privado, prosseguindo seja no plano institucional e político, com efeitos
o esforço que tem sido desenvolvido há mais negativos: (I.) na satisfação dos contribuintes e
de uma década. beneficiários e na sua capacidade de interagirem
positivamente com o sistema e (II.) na qualidade
Relativamente ao sistema de proteção social, da decisão política e do próprio escrutínio público.
queremos que ele possa honrar os seus compro-
missos atuais e futuros, estando presente para Um sistema que não é transparente não conse-
quem dele efetivamente precisa. Nesse sentido, gue comunicar. É ineficiente e ineficaz, tem custos
pretendemos: elevados desnecessários e gera insatisfação junto
dos seus destinatários. Pelo contrário, um sistema
• Continuar o compromisso de aumentar as transparente cumpre com as suas funções edu-
pensões mínimas, sociais e rurais, repetindo cativa, informativa e pedagógica.
a política dos últimos 4 anos e favorecendo
o aumento real dos rendimentos de mais de Reconhecemos que há espaço para introduzir
um milhão de portugueses; melhorias na transparência do sistema de pen-
sões, seja no plano da macroestrutura - institu-
• No espaço da próxima legislatura, completar cional, orçamental, financeira e funcional - seja
o trabalho de cruzamento de dados relativos no plano individual.
às prestações sociais, seja de nível central,
regional ou local, de modo a aumentar a jus- Será adotado um conjunto de boas práticas que
tiça na redistribuição de rendimentos com melhorem a transparência, a profundidade da in-
o teto global para as prestações sociais não formação relevante e o escrutínio público das con-
contributivas, substitutivas de rendimentos tas. A elaboração de documentos de prestação de
de trabalho; contas e estudos atuariais, demográficos e finan-
ceiros, a sua estrutura, o conteúdo dos relatórios
• Desenvolver mecanismos para uma maior e a periodicidade da sua realização e divulgação,
inserção no mercado de trabalho dos titu- merecem uma profunda reflexão, considerando
lares do Rendimento Social de Inserção RSI. os objetivos atrás referidos e o que de melhor já
Queremos definir e implementar programas é feito no domínio nacional e internacional. Nes-
de formação e capacitação profissional com te âmbito, propomos:
conteúdos específicos para estes benefici-
ários, a par com as atividades socialmente • Desenvolver o relatório de sustentabilida-
úteis, visando sempre um seu reingresso no de que consta do Orçamento do Estado, de
mercado de trabalho;

36 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


modo a evoluir para um orçamento geracio- solidária nacional que, na atual legislatura, foram
nal, que permita antever a evolução demo- desenvolvidos esforços e uma estratégia política
gráfica, o seu impacto e pressão junto da que edificou um modelo que até então não exis-
segurança social, transmitindo maior trans- tia em Portugal e que assenta na contratualiza-
parência, previsibilidade e solidariedade in- ção para uma resposta social de parceria.
tergeracional;
A economia social é hoje um setor emergente
• Desenvolver o Portal do Cidadão, tendo em e cada vez mais essencial para contribuir como
vista funcionar como uma loja do cidadão uma resposta inovadora aos novos desafios da
online, na qual seriam progressivamente cen- economia e da sociedade mundial.
tralizados todos os serviços da segurança s-
-Social, e-Emprego e formação profissional, Face às potencialidades da economia social, esta
designadamente todas as informações e in- pode contribuir para um crescimento inteligente,
terações como: históricos de contribuições, sustentável e inclusivo, privilegiando a dimen-
conta corrente das prestações recebidas e são humana e a coesão social e assumindo-se
conta corrente das empresas, registo das enquanto pilar importante para o cumprimento
obrigações legais do empregador de uma for- dos objetivos da estratégia “Europa 2020”, razão
ma articulada e simplificada com a Seguração pela qual, na cadeia de programação do ciclo de
37
Social e a Autoridade Tributária, ofertas de fundos europeus 2014-2020, passa a assumir-se
emprego e medidas de apoio à contratação e a economia social como uma das principais prio-
respetivas candidaturas. Este portal permitiria ridades de investimento no futuro Programa Ope-
assegurar uma diminuição da procura física racional para a Inclusão Social e Emprego.
pelos serviços e, consequentemente, melho-
res níveis de resposta no atendimento dos O que fizemos num período de emergência, fize-
serviços públicos, nomeadamente dos servi- mo-lo com as instituições sociais. O que faremos
ços da segurança social e do emprego. num período de crescimento, fá-lo-emos tam-
bém com as instituições sociais.

Junto com as instituições de solidariedade social


2. Mais inclusão Social, é possível gerar riqueza de inquestionável valor
valorizando o papel social e humano. É possível assegurar a manu-
da economia Social tenção do modelo social europeu, que é símbolo
para o mundo inteiro da conquista civilizacional
O modelo social europeu não é só o Estado. Não trilhada, que é matriz identitária da Europa e que
é apenas do Estado. Muito menos apenas e só o pretendemos preservar.
Estado central.
Mas é também possível relançar a economia, ge-
Hoje, sabemos que a melhor resposta é aquela rar emprego e potenciar crescimento. É nesse
que é dada em parceria. E foi crendo na malha rumo que caminhamos.
Para isso há um elemento extremamente relevan- porte, até à colaboração no desenvolvimen-
te que temos vindo a reforçar: o da contratualiza- to das próprias respostas sociais em deter-
ção. Nunca antes Portugal tinha tido um nível de minadas áreas de intervenção, evitando uma
contratualização tão elevado. duplicação de esforços, promovendo um
melhor planeamento territorial e maior sus-
E pretendemos continuar a seguir essa estraté- tentabilidade das entidades. Assim, a estas
gia no futuro, para atingirmos uma resposta so- instituições devem ser proporcionados bene-
cial em parceria abrangente e de malha mais fina. fícios, como a preferência na celebração de
acordos de cooperação ou a majoração do
Assegurar a coordenação eficiente de todos os valor em acordo de cooperação para as insti-
recursos é um dos princípios essenciais de uma tuições que partilhem a gestão de respostas
boa gestão territorial. O incentivo para uma sociais;
agregação e partilha de recursos deve ser uma
prioridade, tendo em vista a necessária sustenta- • Reorganizar os programas de apoio alimen-
bilidade das instituições. Assim, queremos: tar (distribuição de alimentos e bens de pri-
meira necessidade, bem como as cantinas
• Continuar a avançar com a rede local de inter- sociais), entregando a sua gestão à rede so-
venção social (RLIS), que é um instrumento cial e solidária, beneficiando dos apoios da
que o Estado coloca à disposição dos cida- União Europeia, através do Fundo Europeu
dãos, por via das instituições do setor soli- de Auxílio a Carenciados;
dário, para agilizar, facilitar e resolver o aces-
so e o acompanhamento aos seus direitos, • Lançar um programa nacional “Saber +”,
nomeadamente nas prestações sociais, para com um foco nos alunos com dificuldades
públicos mais necessitados. Pretendemos de aprendizagem e oriundos de famílias mais
um modelo de organização para uma inter- desfavorecidas, nomeadamente junto dos
venção articulada, integrada e de proximida- Empreendimentos Sociais, privilegiando a
de, que contribua para reforçar a resposta de capacitação nas áreas da matemática e do
ação social e que, junto com o novo modelo português. Este programa, descentralizado,
de Contratos Locais de Desenvolvimento So- deverá envolver, entre outros, a Administra-
cial, contribua no combate às desigualdades ção Central (segurança social e educação),
e à pobreza e na promoção da coesão; os municípios, os agrupamentos escolares e
a rede social e solidária;
• Valorizar as entidades que desenvolvem o
seu trabalho em parceria, tendo por base a • Lançar um programa nacional para a requali-
partilha de recursos e a procura de econo- ficação das respostas sociais (creches, jardins
mias de escala. Promover a valorização das de infância, Centro de Atividades Ocupacio-
parcerias entre instituições a diversos níveis, nais (CAO) e lares residenciais, estabeleci-
desde a partilha de serviços administrativos, mentos residenciais para idosos e unidades
de espaços, de recursos e de meios de trans-

38 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


de cuidados continuados), com recurso aos der. Para isso, propomo-nos:
fundos comunitários, às verbas dos Jogos
Sociais e do OE, tendo em vista adequar es- • De forma a responder à necessidade de pla-
ses equipamentos às novas necessidades; near e assegurar o futuro dos filhos com defi-
ciência, criar um Plano de Garantia, enquanto
• Criar uma nova rede de serviços personaliza- seguro de longo prazo para pessoas com de-
dos, para apoio a idosos e a pessoas com de- ficiência e suas famílias. Os rendimentos do
ficiência, assente em habitações já existentes Plano de Garantia não serão considerados
e adaptadas às suas necessidades de acessi- para efeito de condição de recursos no aces-
bilidades, numa lógica de apoio à vida inde- so a prestações sociais;
pendente, geridas pelas instituições da rede
social e solidária, como medida alternativa à • Alterar a bonificação do abono de família por
institucionalização; deficiência. Esta bonificação é hoje conside-
rada independentemente dos rendimentos
• Promover o alargamento da Rede de Cuida- do agregado familiar, pelo que se justifica
dores de Proximidade, dirigida à população plenamente uma majoração para os agrega-
mais idosa e portadora de deficiência, a par- dos com menos recursos;
tir do incremento do trabalho em rede entre
• Aumentar o subsidio para assistência a fi- 39
as várias instituições do setor social e soli-
dário. lho com deficiência ou doença crónica para
100% da remuneração de referência, nos 6
• Continuar a apostar na inovação social, en- meses após o subsidio de parentalidade;
quanto resposta a novos desafios que se vão
colocando, bem como fortalecer e agilizar • Assegurar programas de transição para a
um plano de microcrédito e empreendedo- vida ativa dos jovens com deficiência, atra-
rismo social que, efetivamente, se constitua vés do desenvolvimento de nova resposta
como oportunidade, sobretudo para desem- formativa mais individualizada, que permita
pregados de longa duração; a qualificação personalizada de cada jovem
no seu processo de aquisição e desenvolvi-
• Sistematizar a informação sobre as organi- mento de competências pessoais, sociais e
zações que compõem a economia social, as vocacionais, com vista à autonomia, inclusão
boas práticas desenvolvidas, as atualizações social, bem como integração no mundo do
legislativas verificadas, as candidaturas a trabalho;
programas e outros elementos de consulta
importantes do sector. • Avançar com Modelos de Apoio à Vida Inde-
pendente, caminhando para a introdução de
Ainda relativamente à inclusão social, as políti- uma maior liberdade às famílias para esco-
cas da pessoa com deficiência são para nós uma lherem o apoio que necessitam, sem que a
prioridade a que procuraremos continuar a aten- institucionalização seja a única opção viável;
• Desenvolver respostas sociais diferenciadas • Rever a Lei do Voluntariado para trazer uma
e diversificadas adaptadas ao perfil de ne- nova dinâmica social, integrando o voluntaria-
cessidades das pessoas com deficiência, no do empresarial, os grupos informais existen-
seu contexto de vida, com impactos positi- tes no terreno e outras formas de organiza-
vos na sua qualidade de vida autónoma e in- ção, de modo a reconhecer o voluntariado de
dependente e de suas famílias. Esta solução proximidade pela sua capilaridade e ação na
permitirá o descanso do Cuidador em famí- identificação, procura e criação de soluções;
lias com deficientes a cargo e a retoma da
atividade profissional por parte das famílias. • No plano do voluntariado júnior, promover
um projeto de sensibilização para o volunta-
riado direcionado a crianças em idade pré-
3. APROFUNDAR -escolar e do 1º e 2º Ciclo do Ensino Básico
e a realizar em agrupamentos de escolas e
O VOLUNTARIADO instituições;
O Voluntariado tem um importante impacto na
• No que respeita à promoção do voluntariado
consciência cívica da população e define um ca-
sénior, aproveitar a prática das Universidades
minho viável para a coesão social. O papel eco-
da Terceira Idade e a entrega voluntária que
nómico e social que o voluntariado desenvolve
lhes é reconhecida, para a criação de uma
deve, a nosso ver, assumir uma prioridade e uma
disciplina anual na área do voluntariado, de
crescente importância na agenda política.
cariz facultativo, para os alunos dos diferen-
Mostra-se, ainda, necessário reforçar os meios tes níveis escolares;
disponíveis para essa promoção, designadamen-
• Dinamizar o Cartão do Voluntariado, não só
te através de uma estratégia nacional de volun-
para certificar e distinguir o voluntário, mas
tariado.
também para que este possa usufruir de be-
Assim as medidas a desenvolver são: nefícios a ele associados;

• Promover o voluntariado em todas as idades, • Criar condições para que as entidades priva-
mas especialmente o Jovem e Sénior, numa das e públicas possam ter uma maior inicia-
cultura de solidariedade intergeracional e tiva na área do voluntariado, não apenas en-
consideração pelas diferentes necessidades quanto impulsionadoras deste tipo de ações,
e expectativas; mas também enquanto criadoras de melho-
res condições para os voluntários que com
• Desenvolver iniciativas que promovam um elas colaboram. Nesse sentido, queremos
maior cruzamento entre a oferta e a procu- avançar com mecanismos de certificação de
ra ao nível regional e local, potenciando uma boas práticas, sobretudo para empresas e
maior ação voluntária onde ela é precisa por entidades não lucrativas;
quem a pretende efetivamente prestar;

40 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


• Compreender a dimensão real e quantitativa O compromisso de promover um novo paradigma
do voluntariado e o seu impacto na socieda- de relacionamento entre o Cidadão e o Estado,
de, o que exige que se criem instrumentos definindo quais os direitos e deveres de ambos.
estatísticos para o aferir e um maior diálogo
com as instituições representativas da área. O compromisso de garantir um SNS plenamente
regulado, assegurando uma total transparência
entre setores prestadores, sejam eles públicos,
Uma Saúde moderna, privados ou do setor social.

competitiva e com O compromisso de continuar a desenvolver uma


politica de acesso a cuidados de saúde em tem-
liberdade de acesso pos clinicamente desejáveis e com a proximida-
de possível na prestação dos mesmos.
Porque a responsabilização de um governo pe-
rante o País implica a definição clara de objetivos O compromisso de garantir os melhores cuida-
estratégicos e dos seus compromissos para com dos de saúde, onde mais necessários sejam, de-
os cidadãos importa, no que se refere ao setor senvolvendo uma rede de cuidados moderna e
da Saúde, estabelecer quais são os compromis- integradora de níveis de cuidados.
41
sos que queremos assumir no que respeita ao
sistema nacional de saúde e ao Serviço Nacional O compromisso de investir na saúde digital,
de Saúde (SNS). como forma de garantir mais acesso e maior
proximidade de cuidados, com maior eficiência
O SNS completou 35 anos de existência e consti- e adequação às expectativas dos cidadãos.
tui, em Portugal, uma das maiores conquistas do
regime democrático. A perceção dos cidadãos O compromisso de trabalhar para que o SNS dis-
com a qualidade do seu SNS é, consensualmen- ponha das necessárias condições para promover
te, das mais positivas entre os diferentes servi- um país mais jovem e mais habilitado a proteger
ços públicos assegurados pelo Estado. a qualidade de vida dos mais idosos.

Ao longo de uma legislatura caracterizada por O compromisso de ter um SNS que contribua
enormes dificuldades e restrições, trabalhámos para o desenvolvimento da inovação e da inves-
para defender e prestigiar o SNS. O nosso ob- tigação clínica, num permanente investimento
jetivo fundamental para a próxima legislatura é no conhecimento.
continuar a apostar no SNS, garantindo-lhe sus-
Em coerência com estas linhas de orientação
tentabilidade, competitividade e excelência e
política, propomos por em prática as seguintes
aprofundado as condições de exercício da liber-
medidas:
dade de escolha. E, para isso, consideramos es-
sencial assumir um conjunto de compromissos.
Um SNS sustentável, • Reformular o modelo de contratualização
com as unidades de saúde, incorporando o
um SNS com futuro novo modelo de financiamento e as dimen-
sões de qualidade, ensino e investigação.
• Promover um Compromisso de Saúde entre
o Cidadão e o Estado, que garanta o envol- • Criar um sistema de incentivos, direcionado a
vimento de todos e de cada cidadão, consi- premiar os melhores desempenhos.
derando o Cidadão como um parceiro ativo
• Reconhecendo a sensibilidade do setor da
no Serviço Nacional de Saúde, em especial
Saúde, garantir uma regulação que garanta a
na promoção da sua saúde e na prevenção
equidade, a transparência nos processos e a
da doença;
defesa do cidadão contra a indução da pro-
• Promover um novo modelo de financiamen- cura, tanto mais quanto a liberdade de esco-
to das unidades de saúde, baseado na ava- lha for um facto.
liação qualitativa e de acordo com quatro
• Apostar na prevenção enquanto dimensão
pressupostos essenciais:
fundamental do combate à doença. O reco-
o Privilegiar um financiamento por resul- nhecimento dessa importância passa, nome-
tados e não exclusivamente por atos, ou adamente:
seja, tendo em consideração o estado
o Pela aproximação da média europeia no
de saúde da população abrangida e não
que diz respeito ao orçamento da saúde
apenas as intervenções sobre a doença.
afeto à prevenção.
o Alargar a remuneração por objetivos, já exis-
o Pelo aprofundamento do papel ativo do
tente nas USFs, a outros setores da saúde;
enfermeiro na equipa de saúde, na pre-
o Garantir maior autonomia aos hospitais venção e rastreio de doenças crónicas
com resultados financeiros equilibrados; como a diabetes, a obesidade e a hiper-
tensão, com a generalização da figura do
o Traduzir o princípio da livre escolha. Enfermeiro de Família, privilegiando a
relação de proximidade entre estes pro-
• Reconfigurar o modelo de governação da fissionais e os utentes e com a melhoria
ADSE, atribuindo-lhe crescente autonomia, do ratio entre o número de médicos e o
alargando o seu âmbito a outros trabalha- número de enfermeiros.
dores, designadamente aos em regime de
contrato individual de trabalho na Adminis- o Pelo incremento da relação de parceria
tração Pública, com regras que preservem a com a Rede de Farmácias, na promoção
sua sustentabilidade; de saúde, no rastreio da doença e no
acompanhamento da doença crónica.

42 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


• Dar execução à Estratégia Nacional de Qua- locais de residência, levando os cuidados a
lidade para todas as unidades de saúde do quem deles precisa, através de cuidados in-
SNS. Deverá ser igualmente garantido que o tegrados e com recurso às tecnologias pro-
processo de licenciamento de unidades do motoras da conectividade e com a colabora-
setor social e privado inclua a dimensão de ção das famílias, IPSS e Câmaras Municipais.
qualidade.
• Garantir a continuação da aposta no inves-
• Aprovar medidas de regulação sobre os me- timento de qualificação da rede de equipa-
nus escolares e sobre a disponibilização de mentos de saúde, favorecendo um acesso da
alimentos e bebidas nos estabelecimentos população a uma rede mais qualificada e ao
da administração pública em geral serviço do concreto bem-estar do cidadão.

• Concretizar soluções de redução das listas


Melhorar o acesso de espera e de melhoria da eficiência dos re-
cursos disponíveis no que se refere a meios
e a qualidade dos cuidados complementares de diagnóstico e consultas
de saúde de especialidade, sendo possível a adoção de
um modelo inspirado no Sistema Integrado
• Aumentar progressivamente a liberdade de de Gestão de Inscritos para Cirurgias (SIGIC). 43
escolha, na rede pública de prestação de cui-
dados de saúde, para todos os utentes do • Garantir a articulação eficaz entre os médi-
SNS, de forma a possibilitar o aumento da cos de medicina geral e familiar e as outras
qualidade e a melhoria dos tempos de aces- especialidades médicas, em particular, com a
so e a proporcionar maior equidade. mobilização de consultorias de especialida-
de como a Psiquiatria, Pediatria, Cardiologia
• Promover uma maior integração entre a rede ou Fisiatria para os centros de saúde.
de hospitais, de centros de saúde e de uni-
dades de cuidados continuados e paliativos, • Reforçar a rede de cuidados paliativos numa
reforçando a prestação de cuidados como lógica de cobertura territorial e de necessi-
uma intervenção sequencial e garantindo dade.
uma melhor gestão dos recursos disponíveis.
• Aumentar o investimento no desenvolvimen-
• Garantir que cada português tenha um médi- to de cuidados continuados e de apoio às
co de família até final de 2017. pessoas com problemas de saúde mental,
com destaque para as demências.
• Facilitar o acesso a cuidados de saúde e o
combate ao isolamento, especialmente dos • Atingir uma quota de genéricos de 3/4, em
mais idosos, promovendo proximidade no volume do mercado, de grupos homogéne-
atendimento, atuando prioritariamente nos os, até ao final da legislatura.
Pelo desenvolvimento • Desenvolver modelos de prática clinica foca-
dos nos processos clínicos e no percurso do
de uma rede de cuidados doente. Estes modelos deverão ser iniciados
de saúde coerente e ao nos centros de referência aprovados e para
as patologias incluídas.
serviço dos portugueses
• Aprofundar e rever o modelo de gestão das
• Rever o modelo de organização, articulação e Unidades Locais de Saúde, de forma a pros-
integração de cuidados entre as unidades de seguir uma integração plena e mais eficaz
saúde do SNS, as administrações regionais e a entre os diferentes níveis de cuidados.
administração central, no sentido de dar uma
maior coerência e capacidade de resposta, • Depois de terem sido criadas as condições
eliminando redundâncias, otimizando os re- para a abertura de 130 unidades de saúde fa-
cursos existentes, simplificando e melhoran- miliar no atual mandato, mesmo em contex-
do o modelo de governação e aumentando a to de grande constrangimento financeiro, dar
eficiência dos recursos disponíveis. continuidade à aposta nestas instituições,
quer na criação de novas unidades, quer na
• Programar a rede hospitalar até 2025, de for- melhoria da robustez, eficiência e eficácia
ma a manter a sua adequação à procura e a das já existentes
assunção de uma hierarquização da comple-
xidade da prestação de cuidados, integrando • Agilizar a gestão da rede de prestação de
os pressupostos definidos nas redes de re- cuidados de saúde, em especial em matéria
ferenciação hospitalar e os centros de refe- de recursos humanos, premiando as unida-
rência existentes, bem como a definição do des com melhor desempenho.
conceitos de hospitais e serviços afiliados.
• Prosseguir o processo de devolução dos hos-
• Avançar para a construção do Hospital Lis- pitais às Misericórdias.
boa Oriental, incorporando as unidades hos-
pitalares e valências que lhe dão origem. • Concluir uma rede coordenada de laborató-
rios de saúde pública, concentrando as res-
• Promover a reavaliação das prioridades na cons- postas e eliminando as redundâncias.
trução ou ampliação de hospitais, nomeada-
mente os do Funchal, Amadora/Sintra, Algarve, • Dar execução ao Sistema de Informação
Évora, Península de Setúbal e Vila Nova de Gaia. Georeferenciado de Dados de Saúde, como
instrumento de obtenção fidedigna de infor-
• Implementar Centros de Referência e asse- mação global e específica, garantindo a dis-
gurar a sua integração na Rede Europeia de ponibilização permanente de dados de for-
Centros de Referência, como modelo de ga- ma transparente e inequívoca.
rantia de cuidados de excelência em áreas de
elevada diferenciação.

44 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


• Aprofundar a Carta de Equipamentos Médi- o Garantindo que todos os portugueses te-
cos Pesados, de forma a poder programar- nham disponível um registo privado e pes-
-se atempadamente o investimento em novo soal da sua informação clinica com a garan-
equipamento e a renovação do equipamento tia de proteção dos seus dados pessoais.
existente, definindo anualmente os investi-
mentos prioritários para o ano e triénio se- • Desmaterializar a totalidade do processo
guintes. de prescrição de medicamentos e de meios
complementares de diagnóstico, incluindo o
sector convencionado.
Investir na Saúde Digital,
• Reforçar os estímulos aos auto-cuidados e
melhorar a informação, à introdução do uso de novas tecnologias,
aumentar a eficiência como forma de diminuir a utilização desne-
cessária de unidades de saúde.
• Fazer um forte investimento na Saúde Digi-
tal, fomentando a utilização de ferramentas
digitais a todos os níveis do sistema de saú- Um SNS virado para a
de. criação de conhecimento 45

• Integrar, de forma sustentada e progressiva, e para a cooperação - a


e-Health, m-Health, telemedicina e inteligên- aposta na inovação e na
cia artificial na prestação de cuidados de
saúde, o que permitirá uma melhoria expo- investigação clínica
nencial da acessibilidade e a diminuição da
• Fomentar o estabelecimento de uma comu-
iniquidade.
nidade direcionada para a inovação e para a
• Criar uma plataforma digital que disponibili- investigação clínica, através da permanente
ze informação ao cidadão sobre os resulta- integração de conhecimento e de garantia
dos da avaliação de indicadores das várias de evolução constante, envolvendo o Estado,
unidades e os tempos de espera, por forma a a sociedade civil, a academia e a indústria,
garantir aos utentes uma escolha informada apostando em centros nacionais de alta dife-
e com maior transparência. renciação enquanto elementos especializa-
dos da rede europeia.
• Concluir, até ao final da legislatura, o proces-
so do Registo Clínico Eletrónico: • Apoiar o desenvolvimento de centros acadé-
micos e centros de ensaios e a materializa-
o Alargando-o a meios complementares ção de projetos multidisciplinares e interins-
de diagnóstico; titucionais.
• Desenvolver um modelo de registos por pa- ção do emprego e a inclusão social dos jovens, a
tologias, em colaboração com entidades emancipação e o desenvolvimento juvenil. Nesse
científicas, nomeadamente sociedades mé- contexto, importa sublinhar a dimensão trans-
dicas, de forma a um melhor conhecimento versal das políticas de juventude, o que implica
da doença em domínios específicos. que os diferentes sectores de governação, em
particular a educação, o emprego, a habitação
• Apostar na introdução de inovação em saú- e a economia, desenvolvam políticas especifica-
de, na área do medicamento, dos dispositivos mente dirigidas a esta camada social.
e dos equipamentos médicos, contribuindo
para a atualização permanente do SNS. No sector específico da Juventude, as medidas
a levar a cabo passam pela aposta na capacita-
• Implementar o sistema de avaliação de tec- ção e informação aos jovens, na valorização das
nologias de saúde para equipamentos e dis- suas competências, nomeadamente no contexto
positivos médicos. da educação não formal, no reforço do associa-
tivismo juvenil e dos programas associados, bem
• Desenvolver um programa ativo e integrado como no aumento da participação em fóruns in-
de cooperação com os PALOP no setor da ternacionais sobre políticas de juventude.
saúde, de forma a contrariar a dependência e
a criar autonomia, garantindo a possibilidade De acordo com essa orientação, propomo-nos:
de realização de estágios de profissionais e
o desenvolvimento de projetos de formação • Reforçar a transversalidade das políticas de
integrada nos referidos países. juventude, dando continuidade ao processo
do Livro Branco da Juventude;

reforçar a • Promover a revisão da lei de associativismo


jovem, avaliando a necessidade de uma re-
transversalidade forma dos modelos de financiamento ao mo-
vimento associativo juvenil;
das políticas de • Reforçar os mecanismos de participação jo-
JUVENTUDE vem, nomeadamente no contexto do diálogo
estruturado entre jovens e decisores públicos;
As novas gerações devem encontrar no Estado um
parceiro no desenvolvimento de todo o seu poten- • Dinamizar os programas orientados para a
cial. Para o efeito, a proximidade e a colaboração juventude já existentes, como o programa
devem ser a tónica da relação com os jovens. Férias em Movimento, bem como avaliar a
necessidade de criar novos programas;
A intervenção das políticas públicas no âmbito
da juventude deve ter como objetivos a promo- • Dinamizar a utilização dos espaços e equipa-
mentos públicos de juventude;
46 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE
• Promover o “Programa Erasmus+ Juventude Nacional de Pousadas de Juventude;
em Ação”, no sentido de reforçar a sua ação;
• Avaliar os mecanismos de promoção da ha-
• Desenvolver um modelo de reconhecimento bitação jovem;
de competências no domínio da educação
não formal e do voluntariado; • Promover a utilização do Cartão Jovem, au-
mentando o número de utilizadores;
• Implementar um modelo de capacitação jo-
vem que permita criar uma rede nacional de • Reforçar a participação nacional em orga-
técnicos da juventude, valorizando as meto- nismos internacionais de juventude, nome-
dologias adotadas; adamente no âmbito das Nações Unidas,
União Europeia, Conselho da Europa, Co-
• Dinamizar o programa nacional de saúde ju- munidade dos Países de Língua Portuguesa
venil, através dos Gabinetes de Saúde Juve- (CPLP) e Organização Ibero-americana de
nil; Juventude.

• Reforçar a estratégia nacional de informação


e comunicação aos jovens;
DESPORTO - 47
• Incentivar a criação de uma linha de apoio a
projetos desenvolvidos por jovens ou asso-
APROFUNDAR O MODELO
ciações juvenis, que possam contribuir para
a inclusão social dos jovens, através do Pro-
COLABORATIVO
grama de Fundos Europeus Portugal 2020; Reconhecendo o papel que o desporto assume
tanto no desenvolvimento social como na eco-
• Promover exercícios de democracia partici- nomia nacional, as políticas desenvolvidas nos
pativa, em parceria com o setor da educação, últimos anos assentaram na responsabilidade e
de forma a consciencializar os jovens para a responsabilização coletiva, delegando, regulan-
atividade cívica e política; do, fiscalizando e fazendo com que, através da
participação cooperativa, o universo desportivo
• Promover a realização de estudos no setor
assumisse também o seu papel na mudança, que
da juventude que permitam caraterizar as
era necessária, de paradigma e na adequação
novas gerações no contexto atual, as suas
que os tempos de forte constrangimento obri-
motivações e áreas de interesse, assim como
gavam. Importa dar continuidade a essa orienta-
aferir do investimento público realizado no
ção, mantendo o modelo colaborativo, e envol-
setor da juventude;
vendo cada vez mais os parceiros do movimento
• Dar continuidade ao processo de implemen- associativo desportivo na tomada de decisão
tação do novo modelo de gestão da Rede política.
Para a próxima legislatura, os principais objetivos • Reforçar a implementação da Estratégia Na-
neste domínio colocam-se nos planos da edu- cional para a Economia do Desporto, em par-
cação para a cidadania, da promoção da saúde, ticular através:
da inclusão e integração social pelo desporto,
da reafirmação deste enquanto fator de desen- o Da consolidação da Conta Satélite do
volvimento económico e, essencialmente, no de- Desporto, como instrumento de avalia-
senvolvimento desportivo e incremento da sua ção do impacto do desporto na socieda-
prática, sem esquecer a defesa da integridade do de portuguesa;
desporto e corporiza-se nas seguintes linhas:
o Do apoio à diversificação das fontes de
• Reforçar as condições para o incremento da financiamento ao desporto, com recurso
prática desportiva, com particular incidên- ao mecenato desportivo;
cia nas idades mais jovens, combatendo os
fatores que estão na base do abandono da o Da definição de uma estratégia de pro-
atividade; moção das estruturas desportivas, do
capital humano e capacidade científica e
• Aprofundar o Programa Nacional de Despor- técnica instalada no nosso território, de
to para Todos, com o objetivo de aumentar o forma a identificar Portugal como desti-
acesso à prática desportiva nos segmentos no de excelência para a prática desporti-
populacionais mais desfavorecidos, como as va de alto rendimento;
pessoas com deficiência, a população sénior
e os imigrantes; o Da participação das entidades nacionais
representativas de todos os setores com
• Consolidar o modelo de deteção, sinalização interesse no cluster do desporto;
e seleção de talentos desportivos, em articu-
lação com o universo desportivo e atenden- • Reforçar a estratégia de cooperação inter-
do aos programas instituídos; nacional no desporto para combater amea-
ças globais à sustentabilidade do desporto,
• Reforçar a articulação entre o desporto fede- como o tráfico de menores, a corrupção, a
rado e o desporto escolar; manipulação de resultados ou as apostas
desportivas ilegais;
• Rever o estatuto de acesso ao alto rendimen-
to desportivo, bem como desenvolver medi- • Reforçar a aposta no eixo da Comunidade
das que promovam as Carreiras Duais; dos Países de Língua Portuguesa (CPLP),
através da operacionalização dos protocolos
• Consolidar e reforçar a atividade do Plano bilaterais e programas de apoio à convergên-
Nacional para a Ética no Desporto, subli- cia com estes países;
nhando os valores e a integridade do despor-
to como vetores principais a promover; • Implementar medidas tendentes à capaci-

48 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


tação do universo do desporto, no domínio jurídico-desportivo existente e eventual ado-
da formação e da qualificação dos agentes e ção de novos diplomas após uma maturação
das organizações; da vigência da atual legislação;

• Avaliar o estatuto do dirigente desportivo • Promover uma maior interligação entre o se-
em regime de voluntariado; tor audiovisual público e o desporto, procu-
rando incrementar a sua visibilidade e reco-
• Potenciar as oportunidades decorrentes do nhecimento.
Programa de Fundos Europeus Portugal
2020, no domínio da economia do despor-
to, de forma a reforçar a capacidade do país
em organizar eventos desportivos que pos-
sam rentabilizar os equipamentos e permitir
o desenvolvimento de uma estratégia glo-
bal de promoção externa para os centros de
alto rendimento, com o objetivo de tornar
Portugal num destino de excelência para a
prática desportiva ao mais alto nível;
49

• Implementar a Carta Desportiva Nacional e


consolidar o Sistema Nacional de Informação
Desportiva, viabilizando a gestão e utilização
das instalações, equipamentos e infraestru-
turas existentes;

• Definir os procedimentos necessários para a


requalificação do Centro Desportivo Nacio-
nal do Jamor, no seguimento da elaboração
do respetivo Plano de Gestão e Ordenamen-
to;

• Potenciar a atividade do Museu Nacional do


Desporto e contribuir para a modernização e
atualização do acervo da Biblioteca Nacional
do Desporto, promovendo a proteção do pa-
trimónio cultural do desporto;

• Continuar a revisão pontual do ordenamento


PROMOVER A
COMPETITIVIDADE
PARA CRIAR EMPREGO

É essencial que Portugal mantenha uma dinâ- lançamento de um novo ciclo de reformas estru-
mica de crescimento sustentável que continue turais e de investimentos seletivos e produtivos
a reforçar a confiança no nosso país. Condição em áreas estratégicas, como a economia azul e
primeira para que tal suceda é permanecer fiel a economia verde, que se juntam aos sectores
ao modelo que tem vindo a ser desenvolvido mais inovadores da agricultura, da indústria, do 51

ao longo dos últimos quatro anos. Um modelo comércio, dos serviços e do turismo, na promo-
assente na redução dos níveis de dívida, tanto ção de forma sustentável do crescimento e do
pública como privada, no crescimento do inves- emprego.
timento privado e na inovação, nas exportações
e nos bens transacionáveis e na reposição gra- Garantimos assim aos portugueses que, no que
dual do poder de compra. Um modelo em que de nós depender, a próxima será uma legislatu-
a parcela de investimento público será seletiva ra de crescimento económico robusto e gerador
e focada em pequenas e médias obras necessá- de emprego. A nossa ambição é criar condições
rias, não em projetos faraónicos ou sumptuosos. para um crescimento económico médio de 2% a
Um modelo que assegure a sustentada criação 3% nos próximos 4 anos.
de riqueza e de emprego e que estabeleça as
condições indispensáveis à construção de uma Como garantimos, dentro do que está ao alcance
sociedade mais confiante, mais próspera e com de um Governo, uma legislatura em que a redu-
mais oportunidades para todos os Portugueses. ção continuada do desemprego seja a priorida-
de máxima. A nossa ambição é que o desempre-
Mas o modelo que defendemos passa também go em Portugal baixe, pelo menos, para a média
por estabelecer e concretizar uma visão de de- europeia.
senvolvimento de longo prazo, que beneficie do
1. REFORÇAR A liado como a 25ª economia mais competitiva do
mundo (em 189 paises). A nossa ambição é con-
COMPETITIVIDADE DA tinuar a melhorar, tendo como objectivo de lon-
ECONOMIA NACIONAL go alcance que Portugal se torne uma das dez
mais competitivas economias mundiais e que, no
Estamos bem conscientes que a competitivi- espaço da próxima legislatura, nos situemos no
dade económica não se cria por decreto, nem top 20 do DB e no top 25 do WEF.
surge como consequência de manifestações de
voluntarismos estéreis, porque deslocados da No mercado global em que hoje nos movemos,
realidade, antes dependendo da capacidade promover a competitividades das empresas é,
para articular políticas pública corretas e esco- pois, uma orientação essencial, pois só assim
lhas empresariais adequadas. estas poderão explorar as novas oportunidades
de negócios, dinamizar a sua atividade exter-
Porque não temos uma visão dirigista ou inter- na e conquistar, como tem vindo a suceder nos
ventora da atividade económica, acreditamos últimos anos, quotas de mercado, permitindo-
convictamente que são as empresas e os agen- nos aumentar as exportações para mais de 50%
tes económicos que criam riqueza. Mas que ao do PIB até 2020.
Estado deve caber um papel importante, seja na
definição de quadros claros de acão (incluindo Nessa medida, o pior que poderia suceder à eco-
no plano regulatório), na eliminação progressiva nomia nacional e, consequentemente, às empre-
dos custos de contexto, na aplicação adequada sas portuguesas, seria pôr em risco as políticas
dos fundos comunitários, na diversificação dos que vêm sendo seguidas e os compromissos já
mecanismos de financiamento, no apoio à in- assumidos, porquanto é precisamente a sua ma-
ternacionalização ou na dinamização da relação nutenção que induz maior estabilidade, maior
entre as instituições de ensino e de investigação certeza e maior confiança para investir.
e o tecido empresarial.
Nessa linha, propomo-nos:
Portugal tem nestes últimos quatro anos fei-
to um caminho significativo no reforço da sua • Prosseguir com a redução da taxa geral de
competitividade. Tal não é avalizado só por nós, IRC dos atuais 21% para 20% em 2016, man-
mas também pelas principais instituições que tendo-se o ritmo de redução de um ponto
avaliam e comparam a competitividade das di- percentual por ano entre 2017 e 2019, ano em
ferentes economias mundiais. Assim, refira-se que a taxa de IRC se fixará em 17%;
que no Global Competitiveness Report 2014 do
World Economic Forum, Portugal subiu 15 posi- • Harmonizar os requisitos regulatórios face
ções face ao ano anterior, ocupando agora a 36ª aos requisitos dos outros países membros da
posição (em 144 paises analisados). No Doing União Europeia e dos nossos principais parcei-
Business 2015 do Banco Mundial, Portugal é ava- ros de negócios, nos sectores com maior po-
tencial exportador, facilitando a colocação dos

52 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


nossos produtos nos mercados externos e ma- 2. PROMOVER O INVESTIMENTO
ximizando economias de escala. Justifica-se
um especial enfoque no mercado único digital, E A MELHORIA DAS CONDIÇÕES
na energia, telecomunicações e transportes; DE FINANCIAMENTO DAS
• Assegurar a estabilidade e previsibilidade do EMPRESAS
quadro legal existente em Portugal, nomeada-
Sem investimento produtivo não há crescimento
mente no que diz respeito a requisitos regu-
económico sustentável e sem financiamento às em-
latórios, com vista a atrair mais investimento;
presas não há condições para que estas prosperem.
• Prosseguir o esforço, bem sucedido na le-
Neste pressuposto, um primeiro aspeto essen-
gislatura cessante, de abertura de mercados
cial à aceleração do investimento em Portugal
extracomunitários aos nossos produtos agrí-
passa pelo aproveitamento das oportunidades
colas e alimentares;
de apoio ao investimento existentes ao nível da
• Promover a integração das indústrias de fun- União Europeia.
cionamento em rede com a UE, nomeada-
O Programa Portugal 2020 irá dar um impulso
mente no setor da energia e dos transportes;
significativo ao investimento, crescimento e em- 53
• Fomentar alianças estáveis entre a produção prego. O programa é agora mais inteligente na
primária e a indústria, com vista a acrescen- utilização dos fundos públicos, porque o racional
tar valor e a apostar na inovação; da sua atuação passou a ser muito mais focado
na obtenção de resultados.
• Reforçar os mecanismos da concertação social
enquanto local preferencial de construção de Um segundo aspeto significativo passa por tra-
entendimentos, de forma a criar incentivos e balhar no sentido da melhoria das condições de
alinhar os interesses dos vários parceiros, ten- financiamento à atividade produtiva.
do em vista contribuir para o aumento da pro-
Finalmente, um terceiro aspeto essencial à pro-
dutividade nacional e a geração de emprego:
moção do desenvolvimento económico nacio-
• Introduzir a obrigatoriedade de serem efe- nal passa pela captação de mais investimento
tuadas e divulgadas publicamente análises estrangeiro. Esta é, de resto, uma dimensão que
custo/benefício de qualquer regulação da assume especial relevância, considerando a ne-
atividade económica que afete sectores que cessidade de capitalização do setor privado na-
representem uma percentagem relevante do cional.
PIB.
Nesta matéria, são as seguintes as nossas pro- • Criar uma plataforma nacional complementar
postas: à Plataforma Europeia de Aconselhamento
ao Investimento para potenciar o investimen-
• Dinamizar a inclusão de mecanismos de tro- to através do Fundo Europeu para o Inves-
ca de dívida por capitais próprios ou quase timento Estratégico, agregando os esforços
capital; do IFD e da AICEP e em estreita colaboração
com o Banco Europeu de Investimento;
• Reforçar a utilização de mecanismos eficien-
tes de troca de dívida por capitais próprios • Garantir que a Caixa Geral de Depósitos, em
em processos de recuperação de empresas, linha com a sua carta de missão, maximize o
em particular no âmbito do PER e do SIREVE; apoio ao tecido empresarial, com particular
destaque para as empresas exportadoras e
• Reforçar a convergência no sentido de um produtoras de bens e serviços transacioná-
tratamento fiscal mais equilibrado da dívida veis, bem como o empreendedorismo e a
e dos capitais próprios (dedução dos juros à inovação, sobretudo nas PME;
matéria coletável);
• Tirar partido da Instituição Financeira de De-
• Avaliar a introdução de benefícios fiscais senvolvimento no financiamento de projetos
para a remuneração variável sob forma de em situações em que existem falhas de mer-
capital próprio da entidade empregadora; cado, contribuindo ainda para a capitaliza-
ção e para o financiamento de longo prazo
• Reforçar a majoração da dedução à coleta da atividade produtiva. Esta instituição, du-
dos lucros retidos que sejam reinvestidos em rante os 7 anos do quadro comunitário de
investimento produtivo; apoio 2014-2020, irá mobilizar um volume de
fundos estruturais reembolsáveis próximo de
• Conduzir uma análise de impacto normativo
€ 1.500 milhões direcionados às PMEs, valor
sobre sobre o PER e o SIREVE, de forma a
ao qual acresce ainda a responsabilidade de
detetar áreas adicionais de melhoria e a oti-
gestão dos reembolsos associados aos ante-
mizar o processo;
riores quadros comunitários;
• Aproveitar as oportunidades de apoio ao in-
• Explorar junto do BEI a possível abertura a
vestimento existente ao nível da União Eu-
novas áreas de apoio ao investimento produ-
ropeia, nomeadamente os fundos estruturais
tivo privado, nomeadamente no domínio de
e de coesão e o Fundo Europeu de Investi-
áreas anteriormente excluídas, como a agri-
mento Estratégico (FEIE), através de uma
cultura e a floresta;
implementação célere e eficaz para facilitar
o acesso a financiamento das empresas, com • Reforçar o papel dos instrumentos e incen-
destaque para as PMEs; tivos financeiros que permitam melhorar os
capitais próprios das empresas, promovendo

54 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


ainda mercados de capitais mais integrados; empresas, com vista a tornar o custo do fi-
nanciamento mais competitivo e a melhorar
• Reforçar o papel das linhas de crédito e se- o seu risco fundamental de crédito, através:
guros à exportação, de forma a acelerar o
crescimento das exportações; a) Da criação de incentivos à utilização do
mercado de capitais e obrigacionista pe-
• Robustecer a aposta no financiamento multi- las PME, proporcionando o aumento do
lateral, dando continuidade ao trabalho que nível de capitais permanentes;
tem vindo a ser desenvolvido, nomeadamen-
te através da plataforma “Parcerias para o b) Da simplificação das atuais condições
Desenvolvimento, promovendo o financia- para conseguir incrementar o número de
mento através das 8 instituições financeiras empresas que aumentam o seu capital
multilaterais e dos 2 fundos de cooperação através da bolsa, com a meta de atingir-
europeia em que Portugal participa; mos uma capitalização bolsista de 70%
do PIB;
• Estimular o investimento estrangeiro em Por-
tugal como forma de coinvestimento, alavan- c) Da criação de condições para aumentar
cagem do financiamento nacional e reforço significativamente o número de empre-
55
dos capitais próprios, através: sas emitentes de obrigações cotadas,
que atualmente são apenas 14;
a) Do compromisso com a estabilidade do
quadro fiscal e com a harmonização de d) Da promoção de um aumento relevante
normas e legislação; do rácio ponderado de autonomia finan-
ceira das empresas portuguesas de 30%
b) Da definição de objetivos claros e quanti- para, pelo menos, 40%;
ficados da AICEP de captação de investi-
mento direto estrangeiro, por áreas cha- e) Da promoção do Fundo Europeu de In-
ve de interesse, selecionados de acordo vestimentos Estratégicos como fonte de
com os domínios de maior potencial do financiamento de capital de risco e/ou
País, como prestador de contragarantia, secu-
ritização e titularização de créditos que
• Incrementar o envolvimento da rede diplo- permitam um reforço dos capitais pró-
mática na captação de investimento dire- prios e melhor acesso a financiamento;
to estrangeiro, através da disseminação da
imagem e informação sobre a caraterização, f) Da aplicação dos fundos europeus desti-
vantagens competitivas, potencial de investi- nados à capitalização de PMEs, que atin-
mento e setores de elevado potencial do País gem os 3 mil milhões de euros

• Diversificar as fontes de financiamento das • Tendo em atenção a posição dos Estados


Unidos sobre a presença militar nas Lages, de 2012 para 2014, o abatimento da dívida das
dar continuidade ao trabalho de articulação Administrações Públicas representou 2% do PIB
com as autoridades regionais, no sentido de – mais de 3.3 mil milhões de euros - o que, não
um plano mobilizador que integre medidas sendo despiciendo, pode e deve ser melhorado.
de compensação pelos impactos sociais na
Ilha Terceira e medidas de estímulo a novas Além disso, verificou-se também uma redução
oportunidades económicas na ilha, relacio- do prazo médio de pagamento mas, ainda, dis-
nadas com novos investimentos, novos ne- tante da média europeia.
gócios e novos empregos, aproveitando es-
pecificamente a próxima geração de fundos Esta é uma prioridade que se mantém para a
comunitários. próxima legislatura e que não pode claudicar.
O Estado, como pessoa de bem, tem de honrar
os seus compromissos e não pode esquecer que
3. MELHORAR AS CONDIÇÕES à dívida das entidades públicas corresponde um
DE PAGAMENTO PELO ESTADO crédito dos fornecedores, que arriscam tudo e
que não vêm retribuídos em tempo o seu esfor-
A redução de pagamentos em atraso das Admi- ço, o seu trabalho e o seu investimento, levando
nistrações Públicas – em montante e dias – é um a situações de incumprimento em escada. Me-
compromisso antigo. No passado, várias foram lhorar os pagamentos do Estado é, também, me-
as tentativas feitas nesse sentido, mas todas elas lhorar a economia e ajudá-la a crescer.
resultaram infrutíferas, sobretudo porque não
previram mecanismos que evitassem nova acu- Cumpre, assim, adotar as seguintes medidas:
mulação de pagamentos e, por isso, apenas tive-
ram efeito temporário. Ao pagamento das dívidas • Continuar a reduzir, de forma persistente, a
muito antigas foram-se sempre somando novas dívida das Administrações Públicas;
dívidas, num ciclo vicioso difícil de contrariar.
• Prosseguir a diminuição do número de dias de
Em 2012, a publicação da Lei aplicável à Assunção pagamento, encurtando os prazos médios;
de Compromissos e aos Pagamentos em Atraso
• Reforçar a vigilância sobre as entidades públi-
das Entidades Públicas veio, a par das sucessivas
cas que ainda mantêm prazos de pagamento
Leis do Orçamento do Estado, da revisão da Lei
superiores a 90 dias, contrariando a Lei dos
de Enquadramento Orçamental, do PAEF da Ma-
Compromissos e Pagamentos em Atraso;
deira, do Programa de Apoio à Economia Local
e do Fundo de Apoio Municipal, permitir que se • Dar efetividade às sanções previstas na Lei
começasse a diminuir de forma duradoura a acu- para quem não cumpra os prazos de paga-
mulação de dívidas, assim reduzindo consisten- mento e/ou assuma compromissos financei-
temente o passivo das Administrações Públicas ros sem que hajam sido previamente fixados
e libertando dinheiro para a economia. De facto, os fundos disponíveis.

56 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


4. REDUZIR OS CUSTOS praticamente eliminar a dívida tarifária, her-
dada do Governo do PS, até 2020;
DE CONTEXTO
• Aprofundar a integração dos mercados ibéricos,
As situações que prejudicam objetivamente o tanto da energia elétrica como do gás natural;
normal desenvolvimento da atividade das em-
presas, mas que não lhes são imputáveis, conti- • Estabelecer, no contexto europeu, o reforço
nuam a pesar negativamente sobre elas, prejudi- das interligações de eletricidade e de gás,
cando as condições de competitividade face aos que podem gerar uma redução de custos
seus concorrentes estrangeiros. Importa, por isso, anuais da energia na UE na ordem dos 40 mil
prosseguir o trabalho de redução dos custos de milhões de euros;
contexto e de operacionalização do investimen-
to, nomeadamente aquele que tem vindo a ser • Fomentar o autoconsumo de energia, na ha-
desenvolvido no âmbito da Reunião de Coorde- bitação e nas empresas, como medida efi-
nação dos Assuntos Económicos e Investimento ciente de promoção de fontes de energia
(RCAEI). Dois domínios se apresentam como es- renovável (em especial energia solar) e de
pecialmente relevantes: os custos da energia e os redução da necessidade de investimento nas
entraves que subsistem na relação com a Admi- redes de distribuição;
nistração Pública. Combater esses entraves é, as- 57

sim, essencial, em particular no que toca às PME. • Assumir objetivos mais ambiciosos para a
eficiência energética, atingindo, em 2020, o
Em tais áreas, as nossas propostas são: objetivo de redução do consumo de energia
de 25% e 30% em 2030;

Energia • Consolidar o processo de liberalização do


mercado da energia, simplificado o processo
Tal como se descreve, de modo mais detalhado, de mudança de comercializador;
no capítulo “Garantir a Sustentabilidade, Valo-
rizar os recursos e o território”, a estratégia de • Prosseguir a concretização da reforma do
redução dos custos na área da energia envolve: setor dos combustíveis, visando o aumento
da transparência e da concorrência, nomea-
• Prosseguir a implementação das medidas, já damente, através das medidas, já aprovadas,
aprovadas, de cortes nas rendas excessivas de reequilíbrio dos custos do sistema de gás
no setor elétrico (totalizando 3400 milhões natural, da publicação dos preços de referên-
de euros) e continuar a política, do atual Go- cia dos combustíveis líquidos e gás de botija,
verno, de não introduzir nenhum custo adi- da generalização dos combustíveis simples
cional (CIEG), de modo a que o sistema elé- e da passagem para a esfera da regulação
trico passe a ter superavit tarifário a partir do das atividades de armazenamento e logística
final de 2015 e seja alcançando o objetivo de na área dos produtos petrolíferos.
Desburocratização e digitalização se imporem condições mais onerosas do que
as vigentes na maioria dos países da União
• Identificar e continuar a remover barreiras ao Europeia, em especial para as PME, forman-
investimento, tornando mais ágil e transpa- do os funcionários públicos para este efeito e
rente todo o processo de investimento, no- limitando a criação de entraves burocráticos
meadamente através: e de novas taxas;

a) Da implementação de um interface único • Prosseguir o esforço de aumentar a celeri-


de licenciamento dos projetos de investi- dade judicial, em especial nos tribunais com
mento, garantindo procedimentos claros maior impato na atividade económica;
de licenciamento e com calendarização
definida; • Criar simuladores de procedimentos admi-
nistrativos, que permitam às empresas co-
nhecer o procedimento e a sua tramitação
b) Da promoção do alargamento da regra
(em particular os tempos de decisão), assim
do “Deferimento Tácito”.
como os valores das taxas devidas;
• Promover o «princípio da confiança», alar-
• Aumentar as valências da certidão perma-
gando a regra da fiscalização a posteriori de
nente do registo comercial, incluindo nesta
atividades económicas, com concomitante
informação sobre o licenciamento económi-
responsabilização dos empresários;
co (comercial/industrial) de que a empresa
• Estabelecer como regra a renovação auto- seja titular, disponibilizando-a sempre de
mática de autorizações e documentos, ou, forma bilingue (português/inglês) e esten-
não sendo possível, criar avisos para a em- dendo-a a associações e outras pessoas co-
presa tomar conhecimento da futura cadu- letivas não comerciais;
cidade, com pré-agendamento da renovação
• Aumentar a transparência da vida empresa-
presencial, se necessária;
rial, através da publicação gratuita da infor-
• Analisar em detalhe os entraves burocráticos mação sobre as contas anuais das empresas;
em todas as áreas, através de planos anuais
• Simplificar todo o processo de recolha de
de simplificação, contando com a partici-
informação de natureza periódica sobre a
pação dos agentes económicos, cidadãos e
atividade empresarial – para efeitos estatísti-
agentes e sociedade civil em geral, na simpli-
cos (INE e Banco de Portugal), tributários ou
ficação e desburocratização do Estado;
contributivos –, procurando assegurar meios
• Promover as avaliações de impacto das leis automatizados de cumprimento dessas obri-
e regulamentos para redução dos encargos gações, quer através de portais únicos, quer
burocráticos, estabelecendo a regra de não através da possibilidade de cumprimento das
obrigações por recurso a soluções de softwa-

58 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


re devidamente credenciadas ou desenvolvi- start-up baseadas em conhecimento intensivo e
das pelo Estado, quer através do pré-preen- elevada intensidade tecnológica, deve ser priori-
chimento das declarações, reaproveitando tário, não esquecendo a importante geração de
informação anteriormente apresentada; negócios sustentáveis de base local, regional e
nacional.
• Disponibilizar meios de pagamento automati-
zado (por exemplo, de débito direto em conta Um problema chave do empreendedorismo con-
bancária) das obrigações contributivas perió- siste no seu financiamento. Em toda a UE existe
dicas e repetidas dos cidadãos e agentes eco- uma falha de mercado clara no financiamento de
nómicos junto da Administração Pública. fundos de capital de risco. Ou seja, existem pou-
cas entidades a atuar como fundos de fundos ou
a investir neste tipo de produtos, ao contrário do
5. CONSOLIDAR UMA que acontece nos EUA.
ECONOMIA assente no Neste contexto, o Estado deve alicerçar a sua
EMPREENDEDORISMO E na ação na área do empreendedorismo nos seguin-
INOVAÇÃO tes eixos:
59
Em Portugal, atendendo aos constrangimentos e • Reforçar os mecanismos de financiamento,
realidade atual, nomeadamente o endividamen- através da criação de um fundo de fundos
to do tecido produtivo, tem que se considerar a para promoção do co-investimento com in-
criação de novas empresas como um dos mo- vestidores privados, incluindo internacionais;
tores essenciais de crescimento e de emprego,
• Mobilizar os agentes na promoção inter-
não querendo com isto significar que outros não
nacional, funcionando como facilitador de
sejam altamente impactantes, como o investi-
vontades, catalizador da cooperação, indu-
mento de grandes empresas e de PME´s existen-
tor de sinergias e de economias de escala,
tes, as exportações e o IDE produtivo. Segundo
visando (1) o aumento da notoriedade e ex-
o estudo “O empreendedorismo em Portugal
posição internacional das start-ups com po-
2007-2014”, elaborado pela Informa D&B, as
tencial demonstrado de rápido crescimento
start-ups representaram em média 18% do em-
internacional, (2) o acesso a recursos/talen-
prego criado em Portugal por ano nos últimos
tos/decisores críticos ao crescimento das
anos. As empresas criadas há menos de cinco
start-up, (3) a criação de redes de influência
anos valem cerca de 46% dos postos de trabalho
que permitam a concretização das oportu-
criados anualmente.
nidades, e, como objetivo último, (4) o aces-
De facto, a importância das novas empresas para so a capital internacional;
o crescimento económico e geração de empre-
• Facilitar o desenvolvimento de uma base
go é fundamental. Assim, o foco nas empresas
empresarial competitiva intervindo a longo
prazo em fatores como a educação e justiça, líticas de incentivos, com efeito tanto no tecido
criando incentivos para uma maior intera- produtivo como nas unidades de investigação.
ção entre o meio universitário e empresarial No que ao tecido empresarial respeita, devem
e, sobretudo, reduzindo as barreiras à reen- ser desenvolvidas as seguintes ações:
trada no meio universitário após um desafio
empresarial; • Apostar na I&D, em ordem a fazer de Por-
tugal um centro tecnológico de referência
• Incentivar o investimento em novas empre- da Europa, atraindo e criando oportunida-
sas por investidores/Business Angels, e por des de trabalho e centros de competências,
parte da população que assim o considere através:
nas suas opções de investimento, por via
do incentivo fiscal. Adaptar o modelo inglês a) Da criação de conselhos sectoriais (in-
onde as novas empresas, após um processo dústria pesada, calçado, têxtil, agroali-
de auditoria, emitem ações ao abrigo do EIS mentar), integrando os principais agentes
– Entreprise Investment Scheme; de várias áreas de atividade (ministérios,
agências de desenvolvimento e associa-
• Regime Fast Track para empresas de eleva- ções empresariais);
do crescimento: qualquer empresa que ve-
rifique a definição de empresa de elevado b) Do reforço dos direitos de propriedade
crescimento (mais de 20% de crescimento intelectual, incentivando a produção e o
ao ano durante 3 anos seguidos), tem aces- registo de patentes.
so a um regime de avaliação especial “fast
track” em todos os programas e iniciativas • Desenvolver uma maior e melhor articulação
de apoio empresarial, com tempos de res- entre as empresas e as restantes entidades
posta acelerados, e critérios de majoração do Sistema de I&I;
nos regimes de apoio;
• Aumentar a participação do Sistema de I&I
• Regime especial de vistos, residência e in- nas redes internacionais de I&I, apoiando as
centivos para start-ups internacionais, in- nossas empresas na apresentação de pro-
tensivas em conhecimento avançado, que postas competitivas de tecnologia avançada
se instalem em Portugal. e tirando partido da sua elegibilidade a con-
cursos dos grandes projetos e organizações
Uma outra dimensão a que importa atentar pren- científicas internacionais a que Portugal per-
de-se com o facto de a modernização da econo- tence.
mia portuguesa depender, em grande parte, do
sucesso na transferência de conhecimento dos • Estimular a visibilidade internacional da coo-
centros de investigação para as empresas. Por peração das empresas com o sistema de I&D,
isso mesmo, urge aprofundar e desenvolver po- através de iniciativas conjuntas de diploma-
cia económica e científica.

60 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


• Reforçar o investimento empresarial em I&I
determinado pela procura e com aplicabili-
6. EXPLORAR AS
dade comercial (aumentando a componente OPORTUNIDADES GERADAS
privada de financiamento); PELA ECONOMIA VERDE -
• Estimular o emprego de investigadores no CRESCIMENTO, INOVAÇÃO E
tecido empresarial e o aumento da atividade INVESTIMENTO
e despesa em I&D empresarial, mantendo os
incentivos fiscais para recrutamento de dou- Na área da economia verde é determinante gerar
torados pelas empresas e aumento de I&D soluções políticas que transcendam o horizonte
empresarial plasmados no Código Fiscal de do curto-prazo e que confiram ambição, esta-
Investimento de 2014, bem como os apoios bilidade e previsibilidade às exigentes reformas
do Portugal 2020 ao recrutamento de dou- estruturais.
torados pelas empresas;
As possibilidades que se abrem são imensas e é
• Incentivar as empresas na procura de solu- nossa obrigação tirar partido das oportunidades
ções tecnológicas avançadas, por consulta económicas e de geração de emprego associa-
às instituições de ensino superior e às unida- das ao crescimento verde. Desde logo porque,
61
des de investigação nacionais. nesta área, dispomos de condições ímpares para
competir e vencer à escala global no curto pra-
• Estimular a maior participação das nossas zo. Mas também porque está em curso um for-
empresas no programa Horizonte 2020, de- tíssimo aumento da procura de bens e serviços
signadamente nos pilares Liderança Indus- verdes à escala global.
trial e Desafios Societais.
Não se trata, apenas, da abertura de novas vias
• Apostar na I&D&I para o desenvolvimento de para promoção do crescimento económico. É,
uma Economia Verde e uma Economia Azul, antes, uma mudança de paradigma na forma de
estimulando abordagens pluridisciplinares promover esse mesmo desenvolvimento
de I&D&I e projetos inovadores de consórcios
entre empresas e instituições de I&D. Assim, propomos:

• Crescimento Verde:
Posicionar Portugal como referência mundial
do crescimento verde e assegurar a concre-
tização das 111 iniciativas e cumprimento das
14 metas do Compromisso para o Cresci-
mento Verde, subscrito pelo Governo e por
82 organizações da sociedade civil, nomea-
damente: aumentar o VAB verde em 5% por • Investimento Verde:
ano; aumentar as exportações nos setores Acelerar o desenvolvimento de projetos e a
verdes em 5% por ano; duplicar o emprego criação de emprego nas áreas da economia
verde até 2030 (com um aumento anual de verde a partir dos significativos recursos fi-
4%); atingir 40% de renováveis no consumo nanceiros existentes no Fundo Europeu para
final de energia e 80% na eletricidade em Investimentos Estratégicos (315 mil milhões
2030; reduzir o consumo de energia em 30%; de euros) e, no domínio da sustentabilidade
reduzir as perdas de água de 35% para 20%; e eficiência, no uso de recursos do Portugal
aumentar a reabilitação urbana de 10% para 2020 (4 mil milhões). Promover a gestão in-
23% do volume  de negócios da construção tegrada de todos os fundos nacionais am-
civil; reduzir as emissões de CO2 em 30-40% bientais e energéticos, concentrando sob um
em 2030, face aos níveis de 2005; aumentar mesmo enquadramento estratégico e ope-
a utilização de transportes públicos em 40% racional um volume de financiamento muito
até 2030; atingir, na UE, 10% de interligações significativo e com forte impacte catalisador
elétricas em 2020 e 15% em 2030; na área da eficiência energética, mobilidade
elétrica, gestão de recursos hídricos, conser-
• Fiscalidade Verde:
vação da natureza, proteção do litoral, trata-
Prosseguir a implementação, num quadro mento de resíduos, eco-inovação. Promover
de neutralidade do sistema fiscal e de triplo a criação de novos mecanismos que esti-
dividendo (ambiente, economia e emprego), mulem o investimento privado em negócios
da reforma fiscal verde aprovada em 2014, verdes como, por exemplo, “capital de risco
de forma a: tributando mais o que se polui verde” e green bonds.
e degrada, tributar menos o que se produz e
aufere; promover a ecoinovação, a eficiência • Eco-inovação:
na utilização de recursos, a autonomia ener- Estabelecer um programa específico de di-
gética e a indução de padrões de produção namização da investigação, desenvolvimen-
e de consumo mais sustentáveis. A estraté- to e inovação, no setor público e privado, em
gia anual de reciclagem da receita gerada a tecnologias limpas e de baixo carbono, com
partir da fiscalidade verde deverá contribuir forte impacto na sustentabilidade, na eficiên-
não apenas, como em 2015, para o desagra- cia no uso dos recursos, no desenvolvimento
vamento dos impostos sobre o rendimento de novos produtos e de novos processos e
do trabalho e das famílias, mas também para na criação de emprego.
a atribuição de créditos fiscais às empresas
em investimentos em eficiência energética. • Estabelecer um programa de compras pú-
O aumento líquido da receita tem de ser uti- blicas ecológicas e assegurar a inclusão de
lizado para diminuir outros impostos, nome- critérios de sustentabilidade nos contratos
adamente, sobre o rendimento; públicos de aquisição de bens e serviços.

62 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


7. AFIRMAR A LIDERANÇA Assim, propomos:
NA POLÍTICA DO MAR E NO 1. No que respeita aos objetivos económicos
DESENVOLVIMENTO
• Reafirmar o objetivo de, até 2020, passar a
DA ECONOMIA AZUL barreira dos 4% de contributo do PIB azul
para o PIB português e de, nos sete anos se-
Portugal é um grande país marítimo e deve in- guintes, crescer até 6%;
teriorizar essa identidade, de maneira a atingir
plenamente o objetivo, tão ambicioso quanto re- • Assumir o desafio de aumentar a cobertura
alista, de liderar a nível global na discussão e na das importações dos produtos da pesca para
ação sobre o mar. 75% em 2020;

Para nós o mar é, antes do mais, um elemento • Promover até 2020 um investimento produ-
central na definição da nossa própria identida- tivo no setor das pescas, transformação do
de nacional. Ao mesmo tempo, o contributo que pescado e aquicultura de 1000 milhões de
pode dar para o desenvolvimento económico é euros, suportado pelo programa operacional
relevante e deve ser adequadamente explorado. Mar2020;
63

Importa, por isso, ser capaz de definir uma visão 2. No que respeita ao uso sustentável dos
para a política do mar e dos oceanos e de con- recursos e à promoção do investimento
cretizar, sem hesitações, as medidas necessárias assente no conhecimento
para a concretizar, numa perspetiva multidisci-
• Promover uma gestão eficaz e sustentável
plinar. Nos últimos quatro anos fomos claros e
das espécies piscícolas capturadas em águas
consistentes na afirmação desta visão expressa,
nacionais no âmbito dos acordos bilaterais e
desde logo, na revisão da Estratégia Nacional
da Política Comum de Pescas, envolvendo a
para o Mar, alinhando-a com o horizonte tem-
comunidade cientifica e os agentes do sec-
poral e os objetivos dos fundos europeus neste
tor;
domínio, e na assunção de que, até 2020, deve-
remos aumentar em 50% o contributo da econo- • Fomentar a transparência e a simplificação
mia azul para o PIB nacional. nos processos associados à produção de
pescado, em zonas de aquacultura;
Entendemos que o caminho percorrido é acerta-
do, tanto mais que no período da próxima legis- • Desenvolver um programa de financiamen-
latura se estima poder obter o reconhecimento to do empreendedorísmo, no quadro do
da extensão da nossa plataforma continental pe- Mar2020, fomentando nomeadamente a
las Nações Unidas. criação de empresas a partir do conhecimen-
to produzido na academia;
• Desenvolver a plataforma informática neces- de dos seus vários domínios, nomeadamen-
sária à plena e célere articulação de todos os te da valorização da pesca à promoção da
procedimentos no quadro do ordenamento e aquacultura, da liderança na biotecnologia
gestão do espaço marítimo, de forma a tor- azul ou nas energias renováveis oceânicas, à
ná-lo um efetivo instrumento de promoção e possibilidade de todos os alunos do ensino
facilitação do investimento; obrigatório obterem progressivamente a car-
ta de marinheiro;
• Desenvolver um programa nacional de ava-
liação sistemática dos recursos naturais ma- • Apostar continuadamente na investigação,
rinhos, promovendo a participação de em- promovendo a criação de uma rede nacional
presas, nacionais e estrangeiras, com vista à de todos os centros de investigação já exis-
efetiva exploração económica; tentes, a sua integração em redes europeias e
mundiais e o seu apoio seja através dos fundos
3. No que toca à internacionalização do setor comunitários, seja através da disponibilização
do navio de investigação oceanográfica;
• Intensificar a estratégia de internacionaliza-
ção da fileira da indústria transformadora e • Continuar a aposta determinada na conclusão
conserveira de pescado, já exporta mais de do Projeto de Extensão da Plataforma Conti-
900 milhões de euros; nental de Portugal, reforçando a capacidade de
intervenção com a apresentação de uma can-
• Persistir na estratégia de captação de in- didatura à Comissão de Limites da Plataforma
vestimento direto estrangeiro para as áreas Continental no âmbito das Nações Unidas;
da economia azul e reiterar o papel da Blue
Week neste domínio; • Avaliar a possibilidade de melhorar o posicio-
namento estratégico dos recursos da Arma-
• Intensificar as ações externas de divulgação da Portuguesa, nomeadamente fixando par-
da nossa estratégia para o mar e dos instru- te desses recursos nos Açores, no contexto
mentos para a sua concretização, envolven- do alargamento do nosso território marítimo.
do sistematicamente a AICEP e a diplomacia
económica e procurando rotinar missões in-
versas; 8. MANTER O RUMO DA
AGRICULTURA PORTUGUESA
4. No que tange à visão global da nossa es-
tratégia nacional do mar e à extenção do
A agricultura tem vindo a assumir-se, cada vez
nosso território
mais, como um sector muito relevante da econo-
• Reiterar o compromisso com a execução da mia nacional, como o demonstra o incremento
Estratégia Nacional para o Mar, na diversida- do seu papel na balança comercial nacional, seja
por via do aumento das exportações, seja como

64 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


consequência da diminuição de importações. tários, mantendo o rumo traçado de apoio
Por outro lado, é muito importante continuar o ao investimento, de promoção da agrega-
percurso que tem vindo a ser prosseguido em ção da produção, de rejuvenescimento do
termos de atração de jovens para o sector agrí- sector e de aposta no regadio eficiente;
cola e agroalimentar.
• Avaliar continuamente as medidas do
Ao mesmo tempo, é indispensável ter sempre em PDR 2020, adaptando cada uma das de-
conta que estamos perante uma política comum las à adesão dos produtores e efetuar
da União Europeia, pelo que o futuro do sector e uma avaliação intermédia das implica-
daqueles que nele trabalham, se assegura, antes ções da nova reforma da PAC 2014-2019
do mais, pela capacidade de ali defender o inte- no tecido produtivo português, sugerindo
resse nacional. eventuais adaptações no âmbito da UE,
de modo a obter a melhor eficiência das
Entendemos, por isso, que o caminho que nos medidas de política em Portugal
últimos anos foi percorrido deve ser mantido,
visando nomeadamente reduzir o défice agro- • Avaliar a evolução da despesa do orça-
alimentar e atingir a autossuficiência em valor mento do PDR 2020, abrindo a possibi-
até 2020 e promover um desenvolvimento rural lidade de aumento dos fundos ao sector
65
sustentável, assente num sector agrícola forte, através de um incremento da comparti-
dinâmico e inovador. cipação da componente nacional de 15%
para 25%.
Neste sentido, propõe-se:
2. No que respeita à Política Agrícola
1. No que toca à execução dos fundos Comum
comunitários
• Defender, a nível europeu, um aprofun-
• Garantir o aproveitamento, na totalidade, damento da convergência entre Estados-
das verbas destinadas a apoiar o rendi- -membros após 2019, bem como a ne-
mento dos agricultores (PU), exclusiva- cessidade de existir uma Política Agrícola
mente financiadas pela UE, continuando Comum forte, ao longo das avaliações
a efetuar os pagamentos de forma atem- contínuas dessa política;
pada e previsível e sempre que possível
antecipadamente; • Aproveitar a medida do PDR 2020 dire-
cionada ao investimento realizados por
• Assegurar a permanência de controlos Organizações de Produtores que proce-
rigorosos e eficazes que evitem futuras dam a fusões, para impulsionar a fusão
correções financeiras da UE; de cooperativas agrícolas, de modo a que
se reconvertam e se modernizem, promo-
• Garantir o uso eficaz dos fundos comuni-
vendo um sector cooperativo com mais • Reafirmar e aprofundar o portal
meios para apoiar os produtores na pro- GlobalAgrimar enquanto balcão de
dução e no escoamento dos seus produ- apoio à exportação especializado para
tos, através do aumento de escala; agricultura, facilitando informações aos
produtores e empresários que visam
• Apoiar pequenos investimentos agrícolas exportar a sua produção;
através das verbas do PDR 2020, promo-
vendo o desenvolvimento e a inovação • Promover o fortalecimento das cadeias de
rural e maximizar a abordagem multifun- distribuição e comercialização de produ-
dos, nomeadamente promovendo a com- tos agrícolas regionais de qualidade supe-
plementaridade com o turismo ligado aos rior reconhecidos como DOP e IGP e fo-
produtos portugueses, vegetais e animais. mentar as cadeias curtas de distribuição;

• Continuar a simplificação dos procedi-


3. No que se relaciona com a posição
mentos de permissão de venda em mer-
dos produtores na cadeia de valor
cados locais, por parte de pequenos pro-
• Continuar o trabalho da PARCA procu- dutores agrícolas, dinamizando este tipo
rando aprofundar a transparência das re- de comercialização em colaboração com
lações comerciais entre produção-trans- as autarquias, promovendo a venda de
formação-distribuição, através da criação produtos locais localmente e alargando
e consolidação de um observatório de as ofertas de comercialização por parte
preços, permitindo que o objectivo da de produtores de pequena dimensão;
equidade na relação seja efetivado atra-
vés da avaliação e revisão da proibição • Valorizar e promover as raças autóctones,
de práticas abusivas de comércio (PIRC) com grande potencial de melhoria do ren-
e fomentando a autorregulação do sector dimento para o produtor e apostar numa
através de um apoio claro às Organiza- estratégia de valorização e promoção na-
ções Interprofissionais. cional e internacional do cavalo lusitano;

• Promover a valorização dos produtos na- • Flexibilizar as normas de produção e de


cionais através da agroindústria, favore- transporte da produção agrícola, em par-
cendo alianças estáveis e sólidas entre a ticular no domínio pecuário, no sentido
produção primária e a industria; de conferir maior competitividade aos
produtores nacionais, mantendo elevados
• Continuar a apostar numa estratégia de padrões de segurança alimentar e bem-
exportações e de internacionalização do estar animal;
setor, abrindo cada vez mais mercados
terceiros e apoiando as empresas nessa • Garantir uma maior celeridade nos proces-
estratégia; sos de homologação de produtos fitofar-

66 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


macêuticos, cuja utilização seja permitida • Divulgar, através de canais tradicionais e
na União Europeia, conferindo à produção inovadores, as particularidades da produ-
nacional maior competitividade; ção agrícola em meios urbanos, com par-
ticular incidência em população infantil e
• Defender nos acordos bilaterais de co- juvenil.
mércio agroalimentar o princípio da reci-
procidade, no sentido de garantir que os
5. No que tange à melhoria da relação
produtos alimentares produzidos fora da
do Estado com os agricultores
UE cumprem as mesmas normas de segu-
rança alimentar e bem-estar animal que • Diminuir a carga burocrática, através da
os produzidos na UE, garantindo ao con- persistência do caminho da simplificação
sumidor nacional produtos de qualidade de procedimentos entre as entidades pú-
e ao produtor concorrência leal. blicas e privadas, reduzindo os encargos
financeiros e processuais para o produtor;
4. No que se relaciona com a investiga-
• Flexibilizar o licenciamento de constru-
ção e informação para o setor
ções agrícolas dentro das explorações
• Promover uma investigação aplicada agrícolas, nos casos de aumentos de pro-
67
acertada entre os agentes das várias fi- dução, reconversão ou inovação cultural
leiras e as entidades do sistema científico ou tecnológica;
e tecnológico nacional, através da execu-
ção dos protocolos dos centros de com-
petência com as organizações interpro- 9. PROMOVER O VALOR
fissionais a nível nacional e da criação de DA FLORESTA NACIONAL
outros que se afigurem pertinentes;

• Destinar verbas ao estudo aplicado de Sendo responsável por uma ocupação de dois
prevenção e combate a pragas e doenças terços do nosso território, a floresta represen-
incidentes nas produções agrícolas e flo- ta uma riqueza enorme no nosso país, seja pelo
restais nacionais; valor económico que cria e pelos empregos que
gera, seja pelo que representa em termos am-
• Prosseguir a estratégia de redução do bientais e de serviços dos ecossistemas.
desperdício alimentar em toda a fileira
da alimentação por forma a estimular, em A fileira florestal é responsável por quase 10%
conjunto com a saúde e a educação, uma das exportações de bens e os números das ex-
alimentação mais saudável, inspirada na portações são solidamente crescentes. Neste
dieta mediterrânica; domínio, Portugal ocupa o primeiro lugar a ní-
vel mundial na produção e exportação de cor- gica nacional, a certificação florestal nas
tiça e encontra-se entre os primeiros na pro- áreas privadas e públicas;
dução de papel e de pasta. Apesar do saldo
positivo da balança comercial de 2,5 mil mi- • Aprofundar o caminho já iniciado com a
lhões de euros, o investimento e o aumento da reforma da fiscalidade florestal, no senti-
capacidade industrial instalada têm levado a do de criar uma conta de gestão florestal
um aumento da procura de matéria-prima, em que favoreça a poupança com vista ao
muitos casos colmatada com importações. Há investimento na floresta e de concretizar
por isso muito espaço para aumentar a produ- o Estatuto Fiscal e Financeiro no Investi-
ção, reduzindo importações e continuando a mento e na Gestão Florestal;
agregar mais valor nacional.
• Promover a plena execução do novo re-
Para promover este aumento de produção, e gime da estruturação fundiária e dinami-
sabendo que em matéria de floresta tudo se zar a Bolsa de Terras, como instrumento
mede a médio e a longo prazo, é necessário crítico para um pleno aproveitamento das
dar continuidade ao conjunto de linhas de potencialidades do nosso território, bene-
ação e de medidas adotadas nos últimos anos. ficiando, nomeadamente, das vantagens
Estas linhas, refletidas na Estratégia Nacional decorrentes da elaboração prevista do
para as Florestas, deverão ser mantidas e apro- cadastro;
fundadas.
• Incentivar e apoiar a transferência da ad-
ministração dos baldios para os compar-
Assim, propomos:
tes e concentrar a ação do Estado na re-
gulação e na fiscalização do setor.
1. No que respeita a tornar o investi-
mento florestal mais atrativo e a re-
forçar a gestão florestal 2. No que toca a tornar o investimento
florestal mais seguro
• Aumentar o investimento produtivo na
floresta, nomeadamente através da boa • Intensificar os esforços ao nível da defe-
execução do PDR2020; sa da floresta contra incêndios, nomea-
damente ao nível da sensibilização e da
• Favorecer uma gestão cada mais vez con- execução das redes primárias e de faixas
junta das parcelas florestais, apoiando a de gestão de combustível na defesa da
criação de ZIFs em 100.000 ha/ano e ou- floresta contra incêndios, concluindo até
tras formas de gestão conjunta da floresta; 2019 as localizadas em áreas públicas ou
sob gestão do ICNF;
• Incentivar a gestão profissional da flores-
ta, melhorando a sua produtividade e es- • Aprofundar a aposta na silvicultura pre-
timulando, na linha das metas da estraté- ventiva, nomeadamente através da ação

68 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


dos Sapadores Florestais, continuando a 4. No que se relaciona com o fomento da
melhorar as condições de funcionamento transparência, da equidade e do equilí-
das equipas; brio ao longo das Fileiras Florestais

• Reforçar a execução do Programa Ope- • Aprofundar o diálogo ao nível da PARF, pla-


racional de Sanidade Florestal, no âmbito taforma que junta todos os atores, com vista
da defesa da floresta contra danos causa- a garantir uma distribuição equitativa do va-
dos por pragas e doenças; lor ao longo da cadeia;

• Operacionalizar o seguro de incêndios • Promover a criação de Organizações Comer-


florestais. ciais de Produtores Florestais, apoiando os
produtores na produção, concentração e or-
ganização da oferta de matéria-prima.
3. No que se refere a reforçar a inves-
tigação e informação para o setor e
para o público em geral 10. REFORÇAR A APOSTA
• Garantir a intensificação de uma investi- NA REINDUSTRIALIZAÇÃO
gação aplicada acertada por todo o se-
tor, muito relevante nomeadamente para A reindustrialização de Portugal deverá ser manti- 69

as questões fitossanitárias, executando da como dimensão essencial do nosso modelo de


o programa de trabalho dos centros de crescimento económico, por força do contributo
competência já criados para o sobreiro, o que poderá trazer em termos de aumento da ca-
pinheiro bravo e o pinheiro manso e refor- pacidade exportadora, da substituição de impor-
çando a transferência de conhecimento tações por produção nacional, da geração de ri-
para os produtores; queza e consequente aumento do rendimento das
famílias e da criação sustentada de emprego.
• Divulgar, junto da população escolar e
dos consumidores, a importância da flo- Em reconhecimento dessa relevância, foi aprova-
resta, da sua gestão e do consumo de da e encontra-se em plena implementação a Es-
produtos florestais, em particular os cer- tratégia de Fomento Industrial para o Crescimen-
tificados, como garante da valorização e to e o Emprego, que tem por objetivo dinamizar
sustentabilidade da floresta; a indústria nacional, reforçar a sua competitivi-
dade e elevar o peso da indústria transformado-
• Valorizar as acções de sensibilização para ra na economia nacional, em ordem a atingir um
a prevenção dos fogos, com envolvimen- valor de 18% do PIB em 2020.
to alargado de agentes, seja através da Especial relevância assume, nesse contexto, a
administração, seja de programas como o consolidação e revitalização do tecido empresa-
Portugal pela Floresta ou a ação do Mo- rial, apoiando a sua reconfiguração, de modo a
vimento Eco.
potenciar ganhos de eficiência e maiores econo- industrialização;
mias de escala.
• Valorizar a intervenção dos Centros de Ges-
Nessa linha, propomo-nos:
tão Participada:
• Implementar integralmente o Sistema de Indus-
tria Responsável, que permite o licenciamento • Lançar um programa de dinamização da trans-
integral de qualquer estabelecimento industrial missão empresarial (processos de fusão, aqui-
on-line e de forma muito simplificada, sição e sucessão), nomeadamente por via do
Portal Nacional de Transmissão Empresarial;
• Adotar o princípio da taxa única para o licen-
ciamento e operação industrial, impedindo • Apostar na criação de produtos com capa-
assim a criação de taxas adicionais com bai- cidade competitiva internacional, produtos
xo escrutínio e que limitam a competitivida- diferenciados, com incorporação de marca,
de industrial; design e perceção de valor, que permita au-
mentar o preço internacional de venda.
• Implementar a linha de revitalização empre-
sarial no âmbito da PME Crescimento;
11. IMPLEMENTAR UMA AGENDA
• Reforçar a competitividade da proposta de
valor de Portugal na atração de investimen-
PARA O COMÉRCIO, OS SERVIÇOS,
to, nomeadamente através: E A RESTAURAÇÃO
a) Da utilização e execução do Portugal Os sectores do comércio, serviços e restauração
2020 ao nível do Sistema de Incentivos lideram a criação de emprego, ajudam a estabili-
às Empresas; zar a procura interna e contribuem para aumen-
tar as exportações, pelo que a sua competitivi-
b) Da criação de um mecanismo de opções dade é crucial para o conjunto da economia e
acionistas que estimule a entrada de Ven- para o seu futuro crescimento.
ture Capital internacional em Portugal e
Na próxima legislatura, a linha de atuação es-
que permita manter os empreendedores
sencial passará pela plena implementação da
nas empresas;
Agenda para o Comércio, Serviços e Restaura-
• Dinamizar a constituição de clusters indus- ção, 2014-2020, cujo objetivo é estabelecer um
triais com efetiva representatividade e ca- enquadramento favorável ao permanente co-
pacidade produtiva, como forma de apoiar a nhecimento da realidade concreta dos setores, à
internacionalização e exportação, mas tam- redução dos custos de contexto, ao aumento da
bém como forma de desenvolver cadeias de competitividade, ao acesso ao financiamento e
valor. O aumento e qualificação de redes de à diversificação de mercados para as empresas,
fornecedores são essenciais à dinâmica de em particular aproveitando as oportunidades
geradas pela economia digital.

70 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


Assim, como principais medidas a implementar c. Caixa de correio eletrónico disponível 24h,
propõe-se: destinada às comunicações dos agentes
económicos, nas quais identifiquem cons-
• Criar um enquadramento legal de financia- trangimentos na aplicação da legislação
mento colaborativo (crowdfunding); em vigor

• Estudar, no âmbito da IFD, a criação de uma • Concretizar uma presença unificada na in-
linha de financiamento para capitalizar a res- ternet e em aplicações para telemóveis e re-
tauração e similares; lançar o programa PME Digital, aumentando
a sua abrangência de apoios para a criação
• Lançar uma nova linha Comércio Investe no âm- de aplicações ou websites formatados para a
bito do Fundo de Modernização do Comércio; presença digital móvel;

• Implementar uma Estratégia Territorial para • Avaliar formas de agilizar as alterações aos
o Comércio, Serviços e Restauração, onde se Códigos de Atividade Económica (CAE),
avalia uma política de ordenamento do terri- identificando com os setores os desafios que
tório em articulação com uma política seto- apresentam e os seus impactos em candida-
rial para o comércio, serviços e restauração, turas a programas públicos;
desenvolvendo um visão para requalificar e 71

modernizar os centros urbanos e o meio rural • Criar regras tendo em vista a proteção de infor-
(em particular nas áreas transfronteiriças); mações comerciais confidenciais, promovendo
a harmonização das legislações europeias que
• Promover a criação de mecanismos institucio- protegem segredos comerciais da sua aquisi-
nais de avaliação da utilização de “Big Data” ção, utilização e/ou divulgação ilegais;
em Portugal – potenciando a inovação e pre-
servando a utilização de dados anónimos; • Estabelecer protocolos para estágios de
recém-licenciados com organizações inter-
• Criar um canal de informação e comunicação, nacionais de comércio e com organizações
centralizado na DGAE que, numa ótica de internacionais de hotelaria e restauração;
proximidade aos agentes económicos inclua:
• Simplificar o mecanismo de prestação de
a. Mecanismo de alerta para as empresas e informação entre empresas/empresários e
associações, relativamente às alterações entidades reguladoras ou Estado (garantir a
legislativas e regulamentares, de forma plena operacionalização do “Uma só vez”);
clara e com a necessária antecedência.
• Com o objetivo, para o biénio 2015-2016, de o
b. Linha telefónica e caixa de correio eletró- aumentar em mais 3.000 produtos e serviços,
nico específicas, que respondam aos pe- iniciar uma nova fase do programa Portugal Sou
didos de informação Eu, abrindo-o à participação de novas entidades
em regime de co-promoção e incorporando no- privado. E os nossos objetivos são claros e am-
vas valências que permitam a dinamização de biciosos: atingir 20 milhões de turistas por ano
atuações específicas, que sejam orientadas à até 2020, crescer em receitas por turista acima
partida para áreas de domínio concretas; da média dos nossos principais concorrentes,
chegar a 2020 como o décimo país mais compe-
• Prosseguir as políticas visando a promoção titivo do mundo em matéria de turismo (somos
da equidade e do equilíbrio na cadeia de va- hoje o décimo quinto).
lor, o aumento da transparência do mercado,
a adequada repartição de valor entre os sec- Sendo assim, propõe-se:
tores da produção, da transformação e da
distribuição de produtos agrícolas e agroa- 1. Desburocratizar: ultrapassar a dimen-
limentares e o estabelecimento de uma con- são sectorial do turismo.
corrência saudável, âmbito em que é decisi-
vo promover o reforço do papel institucional • Rever o atual Plano Estratégico Nacional
da Plataforma de Acompanhamento das Re- para o Turismo, que termina em 2015, subs-
lações na Cadeia Agroalimentar (PARCA). tituindo-o por um documento enquadrador
das políticas públicas para o sector organiza-
do em torno do foco no turista individual, na
12. REFORÇAR A liberdade de atuação do sector privado, na
COMPETITIVIDADE DO TURISMO abertura do sector aos desafios do futuro e
no conhecimento sobre a atividade.
O sector do Turismo desempenha uma função
estratégica no crescimento da economia portu- • Continuar a flexibilização da legislação re-
guesa, nomeadamente pelo incremento do seu levante para o setor, por forma a permitir o
contributo líquido para a nossa balança externa. desenvolvimento, pelos agentes privados, de
Importa, assim, assumir a relevância das políti- produtos turísticos diversificados, que res-
cas que reforcem essa tendência, as quais devem pondam eficazmente à procura turística.
continuar a assentar na adoção de medidas que
• Analisar, em colaboração com o setor priva-
contribuam para o reforço da competitividade,
do, toda a cadeia de valor do turismo, para
seja no que diz respeito à desburocratização e à
identificar custos de contexto, a montante e
redução de custos de contexto, seja no que toca
a jusante, da atividade turística, que estejam
às orientações de promoção do destino Portugal.
a limitar a competitividade do setor.
Para os próximos quatros anos dois grandes de- • Continuar a agir diretamente sobre os fato-
safios se apresentam às políticas públicas: ultra- res que influenciam os rankings sectoriais de
passar os desafios colocados pela transversali- competitividade internacional, para reforçar
dade da atividade e estreitar a ligação entre a a atratividade de Portugal como destino de
ação do Estado e a competitividade do sector investimento turístico.

72 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


• Afirmar o papel do “Turismo de Portugal” 3. Qualificação: ter como referencial a em-
como interlocutor preferencial entre o sector pregabilidade
privado e a restante Administração Central,
de modo a possibilitar uma articulação eficaz • Centrar a ação das Escolas de Hotelaria e Tu-
entre os diferentes organismos com influên- rismo (EHT) na inserção profissional, prepa-
cia na atividade turística rando os profissionais do sector turismo para
atrair, receber e fidelizar turistas.
2. Promoção: reforçar o papel dos privados
• Envolver o sector privado na definição e pre-
• Associar estreitamente o sector privado à de- paração da oferta formativa das escolas, de
finição, execução e avaliação da componente modo a adequá-la às reais necessidade do
política de promoção do Destino Portugal, fi- sector.
nanciada com fundos comunitários, bem como
as Agências Regionais de Promoção Turística • Ligar o financiamento público das EHT à
publicitação de indicadores, quantitativos e
• Aprofundar a vertente de apoio à comercia- qualitativos, sobre a oferta formativa de cada
lização da política de promoção, de modo uma das escolas e sobre os resultados dessa
a que a promoção do destino possa servir formação, sobretudo no que à inserção pro-
também para apoiar e complementar o es- fissional diz respeito, para que os alunos pos- 73

forço comercial do sector privado, através da sam escolher de forma informada a escola
atuação junto de operadores turísticos, de que frequentam.
canais de distribuição dos mercados exter-
nos, de workshops, fam trips, etc. • Descentralizar a gestão de EHT que tenham
particular relevância para destinos regionais
• Prosseguir com a política de reforço da aces- e locais, de modo a que estas possam, em
sibilidade aérea, não só para angariar novas conjunto com o setor privado, adaptar a sua
rotas e operações, mas também para reter e oferta formativa às necessidades desses des-
maximizar ocupações das ligações atuais e/ tinos, através da contratualização com Enti-
ou reforçar frequências em rotas atuais. dades Regionais de Turismo, Câmaras Muni-
cipais ou outros agentes regionais e locais.
• Aprofundar a articulação da promoção de
produtos turísticos com a de outros produ- • Promover a internacionalização das EHT,
tos portugueses distintivos, autênticos e com com base nos protocolos de cooperação que
relevância e prestígio internacional como se- têm sido assinados recentemente com países
jam o vinho, a cortiça, o azeite, o cavalo lusi- terceiros interessados em desenvolver e qua-
tano e o calçado, que também promovem o lificar o seu sector do turismo e através da
país no exterior. captação de alunos estrangeiros.
• Articular a rede de EHT com as de outras lhorar a vida das pessoas, dinamizar as ativida-
entidades públicas que oferecem formação des económicas, alavancar a geração de empre-
profissional ou avançada (ex.: IEFP, Univer- go e a criação de riqueza. Devem, também por
sidades, Institutos Politécnicos, Escolas Pro- isso, ter sustentabilidade económico-financeira
fissionais, etc.), para evitar a duplicação de e ser estruturados visando aprofundar a coesão
funções e da oferta formativa pública na área social e territorial e a esbater as disparidades
do Turismo. que ainda subsistem.

4. Conhecimento: Economia Digital e Inovação Se muito do desenvolvimento da economia pas-


sa pelas infraestruturas, seja de comunicações,
• Implementar um Sistema de Gestão do Co- seja de transportes ou logísticas, apenas a boa
nhecimento (Business Intelligence) no Turis- planificação do investimento evita que os cida-
mo de Portugal, que permita ao setor aceder dãos acabem por ver o seu rendimento e a sua
a informação completa e relevante, não só qualidade de vida condicionados para pagar por
sobre a atividade turística em termos gené- algo que não gera retorno por si e que não serve
ricos, mas também sobre métricas que aju- a ninguém.
dem à seleção de investimentos, à avaliação
da eficácia da promoção turística, no apoio Os últimos anos demonstraram que é possível
ao empreendedorismo, etc. manter redes de transportes e fazer investimen-
tos com menos custos para os contribuintes,
• Concretizar a reativação de Conta Satélite do Tu- sem deixar nenhum português para trás.
rismo, uma vez terminados os trabalhos de cam-
po preparatórios que decorrem atualmente.
A. SETOR MARÍTIMO-PORTUÁRIO
• Colaborar com o ensino superior para fo-
mentar a investigação e a inovação aplicadas Portugal deve afirmar-se com o Hub Logístico
ao setor. do Atlântico. Os portos portugueses cresceram,
entre 2011 e 2015 cerca de 30%, a par com as
reformas dos sistemas logístico e portuário, em
12. TRANSPORTES, particular através da redução de taxas para os
INFRAESTRUTURAS E exportadores, da reforma da lei que regula o tra-
balho portuário e do aumento de capacidade do
COMUNICAÇÕES AO SERVIÇO DO nosso sistema portuário. Os portos portugueses
DESENVOLVIMENTO estão em recordes absolutos. A competitivida-
de dos portos e da capacidade logística nacional
As infraestruturas, os transportes e as comuni- deve ser aprofundada através de um conjunto de
cações são ferramentas coletivas ao serviço das medidas destinadas a:
pessoas e da economia. São um meio, não são
um fim. Os investimentos nessa área visam me- • Definir e afirmar o conceito de Portugal

74 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


como “Logistic Hub” e sua divulgação/ma- sa posição geoestratégica no Mundo, a ser
rketing internacional, através da publicitação constituída por um terminal ou Administra-
do conceito Porto + Ferrovia + Rodovia; ção Portuária de cada Estado membro e que
teria como missão fundamental o aumento
• Por via da contratação coletiva, e aproveitando de trocas comerciais e o desenvolvimento de
a experiência já colhida nalgumas localizações novas rotas de comércio internacional;
portuárias nacionais, criar condições para que
os terminais portuários estejam em funciona-
mento 24h por dia/ 7 dias por semana. B. AEROPORTOS E TRANSPORTE AÉREO
• Levar a cabo o benchmarking público Desde a privatização da ANA, Portugal está li-
dos custos portuários por concessão gado a mais destinos, tem mais bases aéreas de
(nomeadamente das taxas cobradas aos companhias internacionais estabelecidas nos
utilizadores) por forma a aferir, em cada nossos aeroportos, tem mais companhias aéreas
momento, da competitividade e atratividade a operar e aumentou o número de passageiros
dos portos a nível nacional e, sobretudo,
internacional (à semelhança do que foi A privatização da TAP, tentada há mais de quin-
feito no modelo regulatório do sector ze anos por diferentes governos, vai permitir
75
aeroportuário); alcançar uma solução viável de capitalização e
crescimento da companhia aérea, em benefício
• Simplificar o tarifário cobrado aos utilizado- dos seus clientes, dos seus trabalhadores, do tu-
res dos portos, procedendo à consolidação rismo, da economia e de todos os portugueses.
das diversas taxas num único valor, a ser
objeto de distribuição em back-office pelos O aprofundamento da conectividade de Portu-
diversos beneficiários, à semelhança da taxa gal e do seu transporte aéreo comporta ainda
de segurança nos aeroportos; alguns desafios que pretendemos ultrapassar,
através da implementação das seguintes medi-
• Abrir progressivamente a atividade de pilo- das:
tagem à iniciativa privada;
• Concluir o processo de privatização da TAP;
• Concretizar a atribuição de subsídio à mobi-
lidade para residentes e estudantes das re- • Adequar a capacidade existente na região de
giões autónomas que se desloquem, por via Lisboa ao previsto no Contrato de Concessão
marítima, entre o Continente e as Regiões e ao crescimento esperado do tráfego aéreo
Autónomas ou entre estas; nos próximos anos, nomeadamente através
da análise de aumento de capacidade com-
• Propor a criação de uma plataforma portu- plementar ao aeroporto da Portela, designa-
ária da CPLP que permita o reforço da nos- damente na base aérea do Montijo;
• Continuar a adequada execução do Plano Es- te concorrencial do sector. Mais recentemente, a
tratégico assinado entre o Estado, a ANA e privatização da CP Carga veio dar uma dinâmica
a Vinci, bem como o Plano de Investimento acrescida ao mercado logístico.
nos diversos aeroportos, por forma a garan-
tir o seu impacto positivo nas economias de Os descontos nas taxas de portagem de que os
cada região de abrangência; transportadores de mercadorias beneficiam, cuja
receita reverte para a Infraestruturas de Portugal
• Concretizar as políticas de mobilidade aérea mantiveram, num período crítico, a competitivi-
que assegurem continuidade territorial e dade das nossas exportações. Depois de anos de
coesão social, em colaboração com as regiões desenvolvimento da Janela Única Portuária, foi
e autarquias servidas por aeródromos, desenvolvida a Janela Única Logística, alargada
consolidando as ligações do Continente às a toda a cadeia logística, o que permitiu fluxos
Regiões Autónomas, bem como as ligações mais dinâmicos nas mercadorias exportadas.
Bragança - Vila Real – Viseu – Cascais –
Portimão e Funchal – Porto Santo; A competitividade das nossas exportações é um
desafio permanente e exige novas propostas:
• Dar continuidade ao processo de abertura
do transporte aéreo low cost para a Ilha • Criar um título habilitante para circulação nas
Terceira, como parte do plano de alternativas autoestradas, cuja receita reverte para o Es-
e oportunidades económicas para a ilha; tado e que permita que o valor cobrado seja
similar ao atualmente cobrado no sistema de
• Fomentar o transporte de carga aérea aero- pagamento MLFF – contribuindo para a re-
portuária, através da criação de condições dução da circulação pelas estradas nacionais
para a instalação de terminais de carga nos e municipais, com a consequente redução
principais aeroportos ainda não servidos. dos custos de manutenção;

• Instituir um Observatório de preços no sec-


C. TRANSPORTE DE MERCADORIAS tor – frete rodoviário e outros, a funcionar no
âmbito do regulador, sem quaisquer custos
O objetivo de fazer de Portugal um hub logístico para o Estado ou empresas, que promova
passa por criar condições plenas de intermoda- transparência no custo da prestação de ser-
lidade na cadeia logística, onde os tráfegos de viços;
mercadorias por via ferroviário, rodoviária ou flu-
vial têm preponderância. • Explorar adicionalmente a Via navegável do
Douro e aumentaro o transporte fluvial de
A transferência dos terminais de mercadorias, da carga no estuário do Tejo.
CP Carga para a Infraestruturas de Portugal, per-
mitiu um acesso mais transparente por parte dos
operadores de carga, com melhorias no ambien-

76 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


D. TRANSPORTE DE PASSAGEIROS urbanas do Porto e Lisboa, complementando
o concurso da Linha de Cascais;
Os últimos anos foram marcados por uma trans-
formação profunda no sector dos transportes • Liberalizar o transporte fluvial de passagei-
públicos de passageiros. De uma situação de ros entre as margens do Tejo e a navegabi-
insustentabilidade financeira, as empresas de lidade do Tejo e Douro, através da abertura
transportes públicos passaram a prestar o seu à exploração de novas rotas e permissão de
serviço sem recorrer aos impostos dos portu- entrada de novas entidades, mantendo, se
gueses. necessário, algumas rotas como “obrigações
de serviço público”.
Ao mesmo tempo, foi aberta a exploração do
serviço público a operadores privados, com exi-
gências de qualidade no serviço prestado ao E. INFRAESTRUTURAS
cliente, proibição de aumentos de tarifas acima
da inflação e renovação de frota. Como desafio Os últimos anos reestabeleceram a confiança en-
para os próximos anos, propõe-se: tre as pessoas e as políticas públicas de desen-
volvimento das infraestruturas, através do Pla-
• Descentralizar plenamente competências na no Estratégico de Transportes e Infraestruturas
área de mobilidade para os municípios e agru- 77
(PETI3+), cuja aprovação reuniu consenso junto
pamentos de municípios, na sequência da en- dos agentes económicos e das diferentes forças
trada em vigor do Regime Jurídico do Serviço políticas. Quem investe em Portugal, nos nossos
Público de Transporte de Passageiros; portos, na ferrovia, nas ligações viárias ou na
cadeia logística, tem hoje um quadro estável no
• Implementar o “Portugal Porta-a-Porta” nos desenvolvimento da sua atividade para os próxi-
territórios de baixa densidade, com apoio do mos anos. Assim, pretende-se dar sequência aos
Estado através da aplicação das regras do trabalhos já iniciados num conjunto de investi-
Passe Social+ em todo o País; mentos, concretizar os investimentos que estão
em projeto e trazer mais capital para o Estado
• Alargar os graus de liberdade para, no âmbito
através das infraestruturas, pelo que propomos:
das ofertas comerciais não subsidiadas, criar
novos títulos de transporte que fomentem a • Concretizar os projetos rodoviários previstos
mobilidade dos idosos, reformados e pensio- no PETI3+ e nos Planos de Proximidade e de
nistas, bem como das crianças e jovens; Investimentos da Infraestruturas de Portugal,
com prioridade às conexões last mile a zonas
• Aprofundar a liberalização do transporte
de forte desenvolvimento industrial;
ferroviário de passageiros, mediante o lan-
çamento de concurso para a prestação do • Ao nível das infraestruturas rodoviárias em
serviço de transporte ferroviário de longo perfil de autoestrada, concretizar a constru-
curso (alfa pendular e intercidades) e áreas ção da ligação entre as regiões de Coimbra
e Viseu,  com cobrança de portagens e sem consolidação do serviço universal de comunica-
qualquer custo para o contribuinte; ções electrónicas e do serviço universal postal.

• Preparar uma Oferta Pública Inicial (OPI) da Importa agora desenvolver as reformas em ver-
“Infraestruturas de Portugal”, preferencial- tentes menos infraestruturais e mais regulatórias:
mente através de um aumento de capital no
mercado de capitais, que mantenha a parti- • Garantir adequada cobertura territorial de
cipação maioritária no controlo do Estado e postos e estações de correio, no âmbito do
que permita, por um lado, uma maior raciona- serviço universal de comunicações postais;
lidade das decisões de investimento, atentos
os compromissos qualitativos do Contrato de • Garantir uma redução progressiva do custo
Concessão rodo e ferroviário e, por outro, a de roaming das comunicações móveis a pa-
geração de liquidez que permita a recompra gar pelos portugueses nas suas deslocações
adicional de contratos de PPP com vantagem no espaço europeu;
incremental na redução de pagamentos;
• Assegurar condições regulatórias que per-
• Atribuir ao Grupo de Trabalho para as Infraes- mitam continuar o investimento em redes de
truturas de Elevado Valor Acrescentado (GT fibra óptica, sobretudo nas regiões menos
IEVA) o estatuto de Unidade de Acompanha- densamente povoadas;
mento da execução do PETI3+, garantindo um
• Criar condições para maior investimento na
envolvimento permanente dos agentes eco-
área de conteúdos, para dar melhor serviço
nómicos, das associações empresariais e dos
aos portugueses.
utilizadores das infraestruturas. Esta Unidade
funcionará sem qualquer custo para o Estado;
G. ÁREAS TRANSVERSAIS
• Prosseguir atividades de elevado valor acres-
centado, nomeadamente a expansão da rede O desenvolvimento de Portugal enquanto par-
de fibra em todos os canais rodo e ferroviá- te de uma economia globalizada exige que os
rios, para posterior concessão/alienação, au- agentes políticos tenham a permanente preocu-
mentando assim o património físico e finan- pação de melhorar os mecanismos de regulação,
ceiro da Infraestruturas de Portugal. bem como a qualidade nos processos e no servi-
ço às pessoas, sejam os processos de mudança
desenvolvidos no quadro nacional ou no quadro
F. COMUNICAÇÕES
europeu. Assim, propomo-nos:
Na área das comunicações é importante subli-
• Apostar no aprofundamento da regulação,
nhar, nos últimos anos, entre outras, a expansão
por via da capacitação funcional e operacio-
das redes de fibra óptica, o início e expansão
nal das recém-criadas Autoridade da Mobili-
das comunicações móveis de quarta geração e a

78 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


dade e dos Transportes e Autoridade Nacio- 13. MAIS E MELHOR EMPREGO
nal de Aviação Civil, tendo em consideração
a concretização das concessões de transpor-
tes das Áreas Metropolitanas de Lisboa e do A. Trabalho
Porto e as concessões de transporte de pas-
sageiros a lançar por municípios e comuni- Portugal viveu, ao longo da presente legislatu-
dades intermunicipais, bem como a recente ra, um momento social particularmente difícil.
privatização da ANA, SA e do Grupo TAP; Tal circunstância não nos impediu, porém, de
celebrar um importante acordo de concertação
• Adotar soluções de tecnologias de informa- social, que se revestiu de um âmbito estrutural
ção, no âmbito da AMT, que possibilitem a extenso e aprofundado. E o conjunto de refor-
divulgação e partilha, em tempo real, de in- mas que foram introduzidas permitiu atingir um
formação com origem nos operadores e ges- mercado de trabalho mais pródigo na criação de
tores de infraestrutura e com destino aos emprego, mais capaz de se ajustar aos ritmos
utilizadores, por forma a estimular escolhas de mudança da economia global, mais amigo da
eficientes, em tempo e custo, do modo de inovação, do investimento e do empreendedo-
transporte e/ou percurso mais adequado às rismo.
necessidades; 79
Graças à capacidade do tecido empresarial e
• Reforçar a ação, a nível europeu, visando, por produtivo português, o contributo destas medi-
um lado, a eliminação da fragmentação do das e reformas no mercado de trabalho permitiu
mercado de transporte ferroviário, através ainda inverter o cenário de desemprego que ha-
da abolição das barreiras físicas e tecnoló- víamos herdado e que haveria de ser provocado
gicas (Portugal deve continuar a pugnar por pelo período de ajustamento a que Portugal se
um Single Rail Market europeu) e, por outro, comprometera. Prova dessa recuperação são os
a defesa do aumento da comparticipação, atuais dados de evolução do emprego, as evo-
até 100%, dos sobrecustos de investimento luções tidas nos rankings de competitividade,
em infraestrutura por fatores exógenos (por o aumento das exportações, a restauração da
exemplo, no caso de Portugal, o sobrecusto confiança no investimento e do consumo dos
estritamente decorrente da migração de bi- portugueses. Um mercado laboral melhorado re-
tola ibérica para bitola UIC). presenta sempre melhores condições de vida. A
nossa proposta é fiel à política de compromisso
social e de valorização da concertação social,
dando estabilidade às reformas feitas e tendo
sempre em atenção a manutenção, em Portugal,
de um ambiente competitivo, com produtivida-
de, criação de valor e justiça social.
A recuperação de emprego, em especial com a laboral, com a participação dos parceiros so-
criação de postos de trabalho sustentáveis, dimi- ciais.
nuindo a segmentação e a precariedade, devem
ser as prioridades das políticas de trabalho. Por- • Desenvolver uma política nacional integrada
que estamos conscientes que, para os que estão de condições de trabalho, com vista a pro-
desempregados, a mudança de ciclo ainda não mover uma ligação efetiva entre a compe-
começou. Porque acreditamos que o direito ao titividade das empresas e as condições de
trabalho é elemento essencial da dignidade hu- trabalho.
mana e desejamos construir uma sociedade com
• Propor, a partir de 2016 e com espiríto de
mobilidade social.
gradualismo, a revisão do acordo com a San-
Nesse sentido, propomos: ta Sé sobre a questão dos feriados religiosos,
tendo em atenção a sua correspondência
• No quadro do compromisso estabelecido nos feriados civis.
com os parceiros sociais em 2014, avaliar a
evolução da produtividade do trabalho, de
modo a determinar as condições de evolu- B. Emprego
ção do Salário Mínimo Nacional.
A promoção do emprego foi sempre a nossa
• Desenvolver mecanismos de agilização do prioridade durante a passada legislatura. Conhe-
mercado de emprego, facilitando o encontro cíamos a crise que havíamos herdado, os níveis
entre empregadores e candidatos a empre- de desemprego que iria provocar em conjunto
go, designadamente, no acesso a dados pú- com um duro programa de ajustamento que tí-
blicos dos candidatos a emprego. nhamos de cumprir e por isso cedo apostámos
na criação e reforço de apoios à contratação e
• Continuar a dinamizar a contratação coleti- proteção social em situação de desemprego.
va e a negociação entre representantes de Medidas que alargaram a proteção social a um
empregadores e trabalhadores, enquanto conjunto de trabalhadores que anteriormente
instrumentos de regulação das condições de não tinham acesso a qualquer apoio; medidas
trabalho. de apoio à contratação que permitiram criar
oportunidades para quem nunca antes havia in-
• Aprofundar o diálogo social nas empresas, gressado no mercado de trabalho ou para quem
através de disposições legais para a discrimi- dele, involuntariamente, havia saído; medidas
nação positiva em áreas como, por exemplo, que permitiram a valorização em contexto de
a Segurança e Saúde no Trabalho. formação e capacitação; medidas que mitigaram
o efeito da exclusão social.
• Realizar campanhas nacionais setoriais de
promoção e prevenção de Segurança e Saú- Dois grupos mais vulneráveis constituíram-se
de no Trabalho e de combate à sinistralidade como a nossa prioridade: os jovens e os desem-

80 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


pregados de longa duração, para quem trabalhá- b) Simultaneamente, terão um apoio sob a
mos de forma expressiva para resgatar o futuro forma de crédito, como reconhecimento
que lhes havia sido hipotecado, seja avançando pelo mérito social da contratação.
de forma pioneira a nível europeu com a medi-
da garantia jovem, seja avançando com um con- c) Os trabalhadores, beneficiários de pres-
junto de medidas que visaram e conseguiram tações de desemprego, que iniciem uma
potenciar a empregabilidade daqueles que, por relação de trabalho, beneficiarão de um
motivos relacionados com a idade ou menor “Prémio de Ativação”, durante o período
qualificação, tinham maiores dificuldades em en- remanescente de concessão da proteção
frentar novos desafios. no desemprego.

O Estado deve continuar a promover um conjun- • Prosseguir com as medidas de “Apoio à Contra-
to de políticas ativas de emprego que ajudem a tação”, do figurino do “Estímulo Emprego”, com
estabelecer uma melhor ligação entre a procura a atribuição de apoio financeiro às entidades
e a oferta; deve poder, sobretudo em momentos empregadoras que concretizem a criação líquida
de crise e de início de retoma económica, discri- de emprego, privilegiando as situações de con-
minar positivamente os que tomam a iniciativa tratação sem termo e as majorações de situa-
na criação de oportunidades para quem está à ções mais vulneráveis e de acrescida dificuldade
81
porta do mercado laboral. de integração, introduzindo nestas uma compo-
nente territorial relativamente aos “territórios de
Nesse sentido, pretendemos: baixa densidade”.

• Intensificar o desenvolvimento de políticas ati- • Introduzir uma discriminação positiva para


vas de emprego, orientadas para públicos mais os “territórios de baixa densidade” na promoção
vulneráveis, nomeadamente os desempregados do emprego dos jovens e desempregados de
de longa duração e os jovens, com soluções ajus- longa duração, na dispensa de contribuições à
tadas, visando a integração e o emprego. segurança social, pelo período máximo de 36
meses, relativamente às entidades emprega-
• Instituir uma medida de apoio à contrata- doras que contratem sem termo, jovens com
ção – “Contratação Ativa” - exclusivamente idade inferior a 30 anos que, à data da con-
orientada para a integração profissional de tratação, nunca tenham tido um contrato de
beneficiários de proteção no desemprego e trabalho sem termo ou desempregados de
assente no seguinte modelo: longa duração;

a) As entidades que contratem um benefici- • Desenvolver para aqueles territórios de baixa


ário de subsídio de desemprego, durante densidade uma medida de apoio ao empreen-
o período de concessão, terão isenção in- dedorismo e à criação de empresas – “Iniciativas
tegral das contribuições para a seguran- Locais de Emprego – ILE’s”.
ça social no período remanescente.
• Promover a inserção no mercado de trabalho • Enquanto medida promotora do autoempre-
de trabalhadores beneficiários de prestações go, criar oferta formativa específica com sis-
de apoio ao desemprego, estimulando e agi- temas mistos de microcrédito e crowdfunding
lizando a coexistência de uma relação de tra- que, sendo acompanhados por tutoria técni-
balho com a proteção social no desemprego, ca, viabilizem projetos de empreendedorismo
através de um maior recurso ao subsídio de especialmente importantes como resposta a
desemprego parcial. desempregados acima dos 50 anos

• Desenvolver as medidas que integram a Ga- • Desenvolver o programa de apoio às artes e


rantia Jovem, assegurando aos jovens uma ofícios tradicionais, concretizando a promo-
oportunidade de emprego, formação ou ção de emprego e geração de riqueza, atra-
aprendizagem e diminuindo o número de jo- vés da valorização de saberes e competên-
vens NEET (sem emprego e que não estão cias que encerram também uma dimensão
a frequentar qualquer ação de educação ou histórica e cultural.
formação) na sociedade portuguesa.
• Instituir “Estágios de Contacto”, de nature-
• Instituir uma intervenção (Ativar +) orientada za extracurricular, de muito curta duração, a
para o combate ao desemprego de longa du- realizar por jovens, de iniciativa voluntária,
ração, promovendo o emprego, a atualização como forma de contactar com atividades
de competências e a ativação do trajeto de económicas e sociais, experienciar situações
retorno à vida ativa, através de um sistema e apetências.
de acompanhamento dos Desempregados
de Longa Duração que inclua a definição de • Publicitar a taxa de empregabilidade e a re-
um Plano Pessoal de Emprego, enquanto re- muneração média do primeiro emprego para
sultado de um diagnóstico personalizado de todos os Cursos e Escolas do Ensino Supe-
oportunidades de inserção/integração pro- rior.
fissional.

• Privilegiar a promoção de emprego perma- C. Formação Profissional


nente e de qualidade, valorizando-o através
de discriminação positiva e majorações dos Uma das funções essenciais e nucleares do Es-
apoios prestados pelas políticas públicas. tado Social, que é necessário assumir sem reser-
vas, prende-se com a preparação dos cidadãos
• Criar o “Portal do Empreendedorismo”, com para a vida ativa, não apenas na sua educação
informação centralizada sobre os apoios dis- de base, mas cada vez mais naquilo que são as
poníveis ao nível das políticas públicas no suas competências para que se possam afirmar
sentido de promover a criação de empresas, no mercado de trabalho.
o autoemprego e o empreendedorismo.

82 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


Temos ainda níveis de desemprego elevado que com responsabilidades no mercado de traba-
apenas conseguiremos superar com uma aposta lho local - Centros de Formação, Escolas da
no reforço das competências e qualificações que rede pública, Escolas Profissionais, empresas
contribuam para a empregabilidade de popula- e outras. Este Plano deverá ter em conta, não
ções excluídas ou socialmente desfavorecidas. só capacidades técnicas e infraestruturais
das entidades, as interações possíveis, como
Promover o emprego não passa apenas por as necessidades estratégicas locais e regio-
criar novas oportunidades, sendo igualmente nais, privilegiando a utilização plena dos
importante fortalecer o atual tecido produtivo, recursos, enquanto reforço à promoção da
capacitando-o para todos os desafios. É assim economia e do emprego.
fundamental apostar na formação profissional,
enquanto via para a valorização pessoal e labo- • Promover a Aprendizagem Dual, enquanto solu-
ral contínuas, capaz de defender o trabalho num ção de formação de elevado prestígio e reconhe-
ambiente global cada vez mais exigente, e como cimento, de dupla certificação orientada para os
reforço da competitividade das nossas empresas. jovens e conferente do 12º ano de escolaridade.

Nesse sentido, propõe-se: • Desenvolver a modalidade de formação -


Vida Ativa – incluindo uma componente de
• Maximizar, nas atividades de emprego e 83
formação em contexto de trabalho, com
formação profissional, as oportunidades de base em unidades de formação modular cer-
desenvolvimento de emprego em áreas de tificada de curta duração.
elevado potencial como a economia verde,
a reabilitação urbana, a economia digital, os • Concretizar ações de reconversão de com-
serviços de proximidade e apoio às famílias e petências de diplomados do ensino superior
pessoas e a economia ligada ao mar. em áreas de baixa empregabilidade, desig-
nadamente para a área das tecnologias de
• Estabelecer Planos Estratégicos Sectoriais informação e comunicação, oportunidades
de Qualificação Profissional, com a partici- da economia digital e programação.
pação dos parceiros sociais, considerando a
participação das instituições e recursos dis- • Concretizar uma estratégia de valorização
poníveis, focalizando a formação inicial e a contínua dos recursos humanos em proces-
formação contínua dos ativos, com especial sos de validação e certificação de compe-
ênfase em sectores industriais, no quadro da tências, escolares e profissionais, sobretudo
estratégia de fomento industrial. quanto às adquiridas em contexto de tra-
balho, associados à caderneta individual de
• No domínio da capacitação e competências competências, como um instrumento essen-
profissionais dos recursos humanos, elaborar cial e indissociável do reforço da mobilidade,
Planos de Capacitação Plurianuais por Ter- combate ao desemprego e valorização do
ritórios que enquadrem as entidades locais capital humano.
• Desenvolver Cursos de Especialização Tec- D. Reabilitação Profissional
nológica (CET), qualificação de nível V, com
base numa ligação com empresas e a ativi- O trabalho e o emprego não são apenas fato-
dade económica, privilegiando a emprega- res de subsistência, mas também de integração
bilidade e a formação de recursos técnicos do cidadão na comunidade, meios de realização
qualificados. pessoal e autonomia.

• Desenvolver o cheque-formação, enquanto Enquanto sociedade, mas também enquanto


via para introduzir maior responsabilidade cidadãos responsáveis, não devemos nunca de-
e liberdade de escolha na oferta formativa a sistir daqueles que, por alguma razão, apresen-
frequentar;. tam maiores limitações no exercício das suas
atividades, fazendo um esforço coletivo, mas
• Reeditar um plano de ”Formação para a também individual, para que os cidadãos porta-
Inclusão”, orientado para as pessoas de- dores de deficiência e incapacidade possam, no
sempregadas com menores qualificações e contexto das suas capacidades, exercer ativida-
maiores fragilidades de inserção, com base des profissionais válidas, em ambiente protegi-
em formação para competências básicas, do. Assim, propomos:
processos de reconhecimento e certificação
e educação e formação de adultos. • Assegurar ações de reabilitação profissional
relativamente a pessoas com deficiência e in-
• Priorizar intervenções de qualificação pro- capacidade, nomeadamente deficiência ad-
fissional dirigidas a jovens detentores de quirida, que necessitem de uma nova qualifi-
escolaridade obrigatória e sem qualificação cação ou de reforço das suas competências
profissional, reforçando o potencial de em- profissionais.
pregabilidade.
• Estabelecer apoios financeiros para adapta-
• Publicitar a taxa de empregabilidade e a re- ção de postos de trabalho aos empregadores
muneração média do primeiro emprego para que necessitem de adaptar o equipamento
as modalidades de formação profissional ou o posto de trabalho às dificuldades fun-
de natureza qualificante desenvolvidas pelo cionais do trabalhador.
IEFP.
• Estabelecer planos de ação a nível territorial
• Proceder a uma sistemática avaliação da para emprego apoiado e emprego protegido,
rede de Centros de Emprego e Centros de visando o exercício de uma atividade profis-
Formação, com apresentação pública de re- sional e o desenvolvimento de competências
sultados. pessoais, sociais e profissionais necessárias à
integração de pessoas com deficiência e in-
capacidade.

84 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


ASSEGURAR UM ESTADO
RESPONSÁVEL, MAIS
PRÓXIMO DAS PESSOAS,
MAIS AMIGO DA ECONOMIA

1. garantir o equilíbrio das tal. Não apenas porque é um compromisso que


Portugal assumiu enquanto Estado-Membro da
contas públicas União Europeia e da área do euro, mas sobretu-
do porque a disciplina orçamental é fundamen-
A credibilidade, a confiança e o crescimento le-
tal para assegurar a sustentabilidade das finan- 85
varam tempo e muito esforço a reconquistar, mas
ças públicas. E embora as políticas dos últimos
rapidamente poderão desaparecer se o sentido
anos tenham vindo a contribuir para este obje-
de responsabilidade não for mantido. O sentido
tivo de forma decisiva, a verdade é que o nível
de responsabilidade com que as políticas públi-
da dívida pública portuguesa é ainda elevado e
cas e, desde logo, a política orçamental, foram
que o peso do Estado na economia exerce ainda
conduzidas nos últimos quatro anos. O sentido
pressão sobre a despesa pública, exigindo assim
de responsabilidade que permitiu recuperar a
a mesma prudência na definição das políticas
confiança dos nossos parceiros internacionais e
para o futuro.
ultrapassar a fase de maior emergência. O senti-
do de responsabilidade que abriu caminho a um Assumimos assim o compromisso com uma es-
novo ciclo e a uma nova esperança e que permi- tratégia orçamental que garante a remoção gra-
tiu iniciar o desagravamento dos sacrifícios dos dual e progressiva das medidas excecionais, ao
Portugueses. passo que renovamos a nossa determinação de
respeitar o enquadramento europeu aplicável
Garantimos, assim, aos Portugueses, que o nos-
e de assegurar a sustentabilidade das finanças
so País não voltará a depender de intervenções
públicas. Isto significa que as principais medidas
externas e não terá défices excessivos.
transitórias de consolidação orçamental adota-
Nessa medida, em matéria de finanças públicas das durante o período mais crítico de emergên-
é imperativo preservar a disciplina orçamen- cia serão revertidas, mas que essa reversão terá
de ser gradual, em linha com uma disponibilida-
de orçamental crescente ao longo do tempo. Estados nas suas leis fundamentais.

Em matéria de finanças públicas, as nossas pro- Esta trajetória tem como enquadramento o cum-
postas têm como âncora a trajetória orçamental primento das regras europeias aplicáveis e como
apresentada no Programa de Estabilidade para base o cenário macroeconómico subjacente ao
2015-2019, cujos objetivos reiteramos: mesmo Programa de Estabilidade. E assenta no
cumprimento de um conjunto de opções políti-
• Reduzir o défice orçamental para um valor cas:
inferior a 3% do PIB em 2015, permitindo en-
cerrar o Procedimento por Défice Excessivo • Reversão gradual, em 20% por ano, da redu-
no ano previsto; ção remuneratória aplicável aos trabalhado-
res do sector público com salários superiores
• Utilizar, a partir de 2016, as condições de fle- a 1500 euros mensais, por forma a atingir a
xibilidade aplicáveis aos países na vertente recuperação integral no ano de 2019, poden-
preventiva do Pacto de Estabilidade e Cres- do o ritmo de reversão ser acelerado me-
cimento; diante a disponibilidade orçamental;
• Alcançar, já em 2016, a meta do saldo estru- • Redução de 0,875 p.p. da sobretaxa aplica-
tural de -0.5% do PIB; da em sede de Imposto sobre o Rendimento
das Pessoas Singulares (IRS), em cada ano
• Manter uma situação orçamental equilibrada da legislatura, conduzindo à sua eliminação
ou excedentária – de acordo com a definição total em 2019, podendo o ritmo de reversão
constante no Tratado Orçamental – no perí- ser acelerado mediante a disponibilidade or-
odo 2017-2019; çamental;
• Reduzir o rácio da dívida pública de 130.2% • Políticas reformistas que assegurem a sus-
do PIB em 2014, para 124.2% em 2015 e tentabilidade dos sistemas previdenciais de
107.6% do PIB em 2019, cumprindo-se tam- segurança social, e que resultem de um de-
bém o critério da dívida pública ao longo do bate alargado, envolvendo a sociedade civil
horizonte. e necessariamente o acordo de todos os par-
tidos do arco da governabilidade e que tra-
Em matéria de sustentabilidade das finanças pú-
duzam, consequentemente, a existência de
blicas, reafirmamos ainda a nossa disponibilida-
um amplo consenso social e político;
de para que a Constituição consagre um limite
à expansão da dívida pública. A nosso ver, os • Continuação da reforma do Imposto sobre
Portugueses devem defender-se de experiências o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC),
de irresponsabilidade financeira que conduzem prevendo-se uma redução da taxa em 1 p.p.,
a consequências políticas, económicas e sociais anualmente no período;
extremamente graves. O mesmo fizeram outros

86 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


• Prossecução da estratégia de pagamento de 4 anos), devendo-se garantir a escolha das
antecipado dos empréstimos do FMI, a qual opções com maior potencial de retorno, nome-
permitirá uma significativa poupança adicio- adamente com base na demonstração quantifi-
nal na despesa com juros ao longo do qua- cada dos benefícios económicos e orçamentais
driénio; a médio-prazo.

• Continuação do processo de reforma e ra- No âmbito da cláusula das reformas estruturais,


cionalização dos serviços públicos, tirando será de considerar a redução da carga fiscal e
partido de um vasto conjunto de medidas contributiva sobre o trabalho, reforma determi-
introduzidas nos últimos quatro anos, cujo nante no reforço da competitividade e da pro-
impacto se materializa predominantemente dutividade, estimulando o investimento e poten-
na rubrica consumos intermédios; ciando a criação de emprego. O desenho dessa
reforma deverá incluir incentivos à criação de
• Reversão da Contribuição Extraordinária de novo emprego, à celebração de contratos de tra-
Solidariedade em 50% em 2016 e sua aboli- balho sem termo e à promoção da natalidade.
ção em 2017, para as pensões de valor supe- Outra reforma que se pode enquadrar nos requi-
rior a 4611,4 euros; sitos da cláusula de flexibilidade é a introdução,
para as gerações mais novas, de um limite supe- 87
• Eliminação gradual do IMT nas transações rior salarial para efeito de contribuição e deter-
de imóveis, que conduza à sua abolição em minação do valor da pensão. Dentro desse limite,
2019 e sua substituição parcial por imposto a contribuição deve obrigatoriamente destinar-
do selo. -se ao sistema público e, a partir desse limite, ga-
rantir a liberdade de escolha entre o sistema pú-
• Reversão gradual da Contribuição Extraor-
blico e sistemas mutualistas ou privados. Poderá
dinária sobre o Sector Energético, que será
ainda considerar-se para efeito desta cláusula a
abolida em 2018.
reorganização e modernização do Estado.
A definição de uma trajetória orçamental de dis-
ciplina e rigor, que assegura o cumprimento das No âmbito da cláusula do investimento, pode-
regras europeias, abre ainda a possibilidade de rão ser tidas em conta iniciativas no quadro do
requerer formalmente o uso da flexibilidade do PETI+3 e também projetos relacionados com o
Pacto de Estabilidade e Crescimento, para os Plano de Investimento para a Europa. O pedido
Estados-Membros posicionados na sua vertente formal de utilização da cláusula das reformas es-
preventiva. Neste quadro, será cuidadosamente truturais e da cláusula de investimento será efe-
ponderada a possibilidade do requerimento for- tuado oportunamente às instâncias europeias,
mal da “cláusula das reformas estruturais” e/ou uma vez especificadas e finalizadas as propostas
da “cláusula do investimento”, tendo presente de reforma, incluindo a quantificação dos efeitos
que a sua utilização é restrita (e elas não podem de médio-prazo sobre as variáveis económicas
representar mais de 0,5% do PIB, num período mais relevantes.
O cumprimento da trajetória orçamental deli- 2. CONSOLIDAR A REFORMA
neada no Programa de Estabilidade e que neste
programa eleitoral por inteiro se assume, consti- FISCAL E REFORÇAR
tui um passo decisivo na construção de finanças AS GARANTIAS DOS
públicas verdadeiramente sustentáveis. Ainda
assim, não é suficiente, uma vez que a discipli-
CONTRIBUINTES
na orçamental depende igualmente da continui-
dade de reformas estruturais na Administração O Combate à fraude e evasão
Pública. De entre estas, assumem particular rele-
vância, por um lado, a reforma do processo orça- fiscais
mental e, por outro, a reforma do Estado.
O contexto financeiro português com que nos
A reforma do processo orçamental, já lançada, deparámos no início da presente legislatura im-
constitui uma transformação-chave que deve plicou a necessidade de se prestar especial aten-
ser aprofundada, não só enquanto base de uma ção ao sistema fiscal, de forma a garantir a sus-
execução orçamental mais controlada e passível tentabilidade das finanças públicas.
de escrutínio pelos cidadãos, mas também pelo
contributo que poderá ter na redução efetiva da Neste âmbito, foi dado especial ênfase ao com-
despesa pública. bate à fraude e evasão fiscais, com o intuito de
dar resposta às injustas situações de desigualda-
Tal reforma exigirá, assim, uma estratégia bem
de e de concorrência desleal que o incumprimen-
definida e delimitada no tempo, nomeadamente
to fiscal e a economia paralela geram entre os
para dar cumprimento às novas exigências or-
portugueses. Mas, em paralelo com esta especial
çamentais que resultam tanto da recente Refor-
atenção ao combate à fraude, preocupámo-nos
ma da Lei de Enquadramento Orçamental como
com a adoção de várias medidas tendo em vista
do novo Sistema de Normalização Contabilística
o fortalecimento das garantias dos contribuintes.
para as Administrações Públicas (SNC-AP). Nes-
te sentido, iremos empenhar-nos em garantir
Por outro lado, logo que estabilizadas as contas
com sucesso a efetiva implementação nas Ad-
públicas e iniciada a recuperação económica, co-
ministrações Públicas de todo o normativo que
meçámos a trabalhar na alteração do paradigma
resultou destas alterações, em particular criar
fiscal – promoção de uma fiscalidade mais jus-
as condições necessárias para que as entidades
ta, mais equitativa, mais amiga das famílias, das
que compõem as Administrações Públicas se
empresas e do trabalho -, com destaque para as
preparem para dar resposta às novas exigências
reformas do IRS e do IRC.
no plano contabilístico, orçamental e de presta-
ção de contas.
Não obstante todo o trabalho efetuado, enten-
de-se que existem diversas áreas onde medidas

88 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


adicionais podem e devem ser propostas e con- tem, numa próxima legislatura, adotar uma série
sideradas, nomeadamente tendo em vista refor- de novas medidas com vista à continuação da
çar e consolidar as reformas realizadas e tirar simplificação das obrigações fiscais dos contri-
partido da substancial informatização ocorrida buintes, das quais se destacam:
nos últimos anos na área fiscal.
• A eliminação de algumas obrigações decla-
rativas - seguindo o exemplo introduzido
Neste âmbito, cabe referir que a estabilidade do
pela reforma do IRS, deverá ser promovido
sistema fiscal deve ser um ponto essencial da atu-
pela AT o pré-preenchimento das declara-
ação do próximo Governo. De facto, a título de
ções dos contribuintes,
exemplo, a previsibilidade fiscal nos próximos anos
no âmbito do IRC, em resultado do consenso alar- • A atualização dos pagamentos por conta,
gado obtido, será um fator decisivo para a atração atendendo também aos rendimentos obti-
de investimento, para a criação de emprego e para dos nos primeiros meses do ano em que o
o crescimento económico em Portugal. mesmo seja efetuado.
Neste contexto propomos:
3. Simplificação e aclaração das notificações
1. Simplificação do sistema fiscal e continu- fiscais
89
ação do reforço das garantias dos contri-
buintes através da reforma do processo e Deverá ser efetuado um trabalho detalhado nes-
procedimento tributário ta área, com vista a conseguir simplificar o con-
teúdo destas notificações, tornando mais claro
Após a conclusão da revisão em curso do Código para os contribuintes os fundamentos do ato no-
de Processo dos Tribunais Administrativos (CPTA), tificado, os meios de reação ao seu dispor e as
é chegado o momento de se concretizar uma re- consequências da falta de tal reação.
forma profunda do Código de Procedimento e
4. Atribuição de um gestor do contribuinte a
de Processo Tributário (CPPT). Tal só é possível e
empresas, nomeadamente em sede de exe-
desejável agora, porquanto o CPTA se aplica sub-
cução fiscal ou processo contraordenacional
sidiariamente ao processo tributário e, como tal,
não seria coerente fazer esta reforma enquanto a Considera-se oportuno estender a iniciativa
revisão do CPTA não estivesse concluída. “gestor do contribuinte” a outras empresas além
daquelas já hoje abrangidas pela Unidade de
2. Simplificação das obrigações fiscais, nome-
Grandes Contribuintes, o que lhes permitirá ace-
adamente das obrigações declarativas
der de forma mais rápida e direta aos serviços
da AT.
Considera-se que as reformas fiscais, a par da re-
estruturação e da informatização da AT, permi-
5. Transferência dos processos pendentes nos mento jurídico, ao longo das últimas décadas, de
Tribunais Judiciais para os Tribunais Arbitrais taxas e contribuições financeiras, não tem con-
tribuído para a aprovação do regime geral das
Ainda que se assuma hoje como uma garantia taxas e das contribuições financeiras.
adicional ao dispor dos contribuintes, a Arbitra-
gem Tributária encontra-se limitada a litígios que Nestes termos, entende-se que a criação do re-
sejam submetidos, ab initio, a esse regime. Con- gime geral das taxas e contribuições financeiras
sidera-se que se deverá permitir, de forma estru- assume especial relevância no âmbito das garan-
tural e salvaguardando eventuais questões de tias dos contribuintes.
abuso, a transição para os tribunais arbitrais de
8. Criação de um regime de autoliquidação do
processos de natureza tributária que se encon-
IVA devido nas importações
trem pendentes nos tribunais judicias de primei-
ra instância há mais de dois anos (à semelhança
do que se encontrava previsto, mas a título tem- Entende-se que deverá ser criado, logo que a si-
porário pelo período de um ano, no diploma que tuação orçamental o permita, um sistema de au-
aprovou a Arbitragem Tributária). toliquidação de IVA (através da declaração pe-
riódica de imposto) nas importações realizadas
6. Extensão e flexibilização do regime de com- por sujeitos passivos que evite, em muitas situa-
pensação de créditos sobre o Estado ções, um impacto financeiro negativo na sua es-
fera, frequentemente ultrapassado pela realiza-
A compensação deverá ser flexibilizada, sendo ção de importações noutros Estados Membros,
aplicada de forma transversal, no que respeita à evitando-se a importação em Portugal, com a
natureza das dívidas e dos créditos e em qual- consequente diminuição de receitas portuárias
quer fase de arrecadação da receita, quer seja e afins).
pagamento voluntário ou cobrança coerciva.
O regime permitiria, assim, atenuar o custo fi-
Considera-se, ainda, que deverão ser criadas to- nanceiro e fiscal das operações de importação,
das as condições para que a referida compensa- incluindo o correspondente ao valor do IVA a
ção abranja todos os créditos, ainda que não tri- considerar no montante das cauções de impor-
butários, detidos sobre a administração central tação a prestar à AT, aumentando a competiti-
direta e indireta do Estado. vidade de Portugal ao nível das operações de
importação de mercadorias para a UE, de forma
7. Criação do regime geral das taxas e contri- a estimular o comércio dos portos marítimos e
buições financeiras aéreos portugueses, com as consequências po-
sitivas decorrentes do mesmo.
Apesar de se encontrar previsto na LGT, a proli-
feração que se tem verificado no nosso ordena-

90 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


9. Uniformização dos prazos disponibilizados A devida proteção do sigilo fiscal de todos os
aos contribuintes, face aos que a AT dispõe contribuintes é uma prioridade para a admi-
para correção do apuramento da situação nistração fiscal, devendo ser reforçada a sua
tributária dos contribuintes prossecução, designadamente através de meto-
dologias conformes com os princípios legais e
constitucionais em vígor.
Embora de forma genérica os prazos para efetu-
ar correções a situações passadas se equiparem
O cumprimento destas obrigações legais deve
entre a AT e os sujeitos passivos, situações de
ser objeto de auditorias regulares por parte da
prazos mais curtos para estes últimos subsistem.
IGF, especialmente no que diz respeito à segu-
Entende-se que tal diferenciação carece de fun-
rança informática e à proteção do sigilo fiscal.
damento, devendo todos os prazos equivaler-se,
colocando AT e contribuintes ao mesmo nível
quanto a este assunto.
 Impostos: prosseguir com as
10. Flexibilização do sistema de pagamento de
reformas, moderar a carga fiscal
dívidas fiscais em prestações
1. Eliminação progressiva da sobretaxa em
sede de IRS 91
Considerando a crescente eficácia da máquina
fiscal, entende-se que deverá ser estendido a to-
dos os impostos (com exceção dos repercutidos Considera-se que a melhoria das circunstâncias
ou retidos na fonte) o regime de pagamento de económicas e financeiras do país deverá ser uti-
dívidas fiscais em prestações hoje em vigor em lizada para criar as condições para uma redução
sede de IRS e IRC, permitindo pagamentos par- progressiva da sobretaxa em sede de IRS, até à
ciais durante o período de pagamento voluntá- sua eliminação total em 2019, podendo esta ser
rio. acelerada, em função das condições económicas
e orçamentais do país.
11. Proteção do sigilo fiscal dos contribuintes
Com a eliminação da sobretaxa, e consequente
desagravamento da tributação das famílias, au-
Na prossecução das funções que lhe estão con-
menta-se o rendimento disponível das famílias
fiadas, nomeadamente no que respeita à prote-
de forma sustentável e credível, consolidando
ção do sigilo fiscal, a AT está vinculada aos prin-
simultaneamente a reforma do IRS.
cípios da legalidade e da igualdade, devendo por
isso pautar a sua ação por regras transparentes 2. Continuação da reforma do IRS, através do
e devidamente fundamentadas, que se aplicam reforço do quociente familiar
nos mesmos termos a todos os contribuintes,
não privilegiando uns em detrimento de outros.
O novo IRS criou o quociente familiar, permitin-
do, pela primeira vez, que as famílias com filhos 4. Eliminação do IMT e redução para metade
ou avós a cargo passassem a beneficiar de um da tributação sobre a compra de casa
tratamento fiscal claramente mais favorável.
Com o intuito de reforçar a eficácia desta me- Em cumprimento da Lei de Finanças Locais e do
dida, tal como previsto na Reforma do IRS, pro- acordo firmado entre o Governo e os municípios,
põe-se que a ponderação por filho cresça para o IMT deverá ser eliminado de forma gradual até
0,4 em 2016 e para 0,5 em 2017 e que o limite 2019, sendo substituído parcialmente (em 50%)
máximo do benefício passe para 2.250 euros em por uma tributação em sede de imposto do selo.
2016 e 2.500 euros em 2017. Cumpriremos este Desta forma, depois de concluída a reforma do
compromisso e continuaremos a executar uma património, é dado um novo impulso ao mer-
política fiscal amiga das famílias. cado imobiliário e de reabilitação gerador de
emprego, e à situação fiscal de tantas famílias
3. Continuação da redução da taxa do IRC
portuguesas, sem colocar em risco a situação fi-
nanceira do Estado e dos municípios.
A Reforma do IRC, que foi aprovada no final de
2013 por mais de 85% dos deputados do Par-
lamento, veio dar um novo fôlego à economia 3. PROSSEGUIR A REFORMA
portuguesa no panorama europeu: reforçou a DA Administração Pública
competitividade fiscal, simplificou o imposto e
criou melhores condições para promover o in-
E A VALORIZAÇÃO DOS SEUS
vestimento e a criação de emprego. A previsibi- RECURSOS
lidade fiscal nos próximos anos, em resultado do
consenso alargado obtido, é um fator decisivo Para pensarmos a reforma da Administração Pú-
para a atração de investimento, para a criação blica, numa perspetiva de linhas de ação para
de emprego e para o crescimento económico o futuro, devemos começar por assumir que,
em Portugal ao longo das últimas décadas, já se verificaram
evoluções significativas e duradouras. O balanço
Nestes termos, a redução da taxa de IRC estabe- que pode ser feito das reformas levadas a cabo
lecida na respetiva reforma deverá continuar no no nosso país revela que existe uma profun-
horizonte compreendido entre 2016 e 2019. Sem da transformação, não só ao nível da máquina
prejuízo da análise e ponderação a efetuar pela administrativa, mas também das suas funções.
comissão de monitorização da reforma do IRC e A Administração Pública portuguesa tem sido
da avaliação da situação económica e financeira bem-sucedida em vários domínios, há que reco-
do país a realizar pelo Governo, a taxa de IRC nhecê-lo.
deverá ser reduzida para 17%, de forma a fixar-
-se em linha com a taxa reduzida de 17% já hoje Porém, ter-se-á igualmente que assumir que há
aplicada às PME. ainda um longo caminho de melhoria a percorrer
em várias áreas da Administração Pública.

92 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


As reformas a empreender deverão, nos próxi- Administração Pública, com o objetivo de al-
mos anos, dar prioridade aos seguintes eixos terar o paradigma atual, passando a forma-
fundamentais: ção a ser gerida numa lógica de procura e
não de oferta, adequando-a às necessidades
funcionais e ao perfil de competências asso-
A) Formação e Reforço de Competências ciados aos postos de trabalho. Em paralelo,
serão implementados, através do INA, meca-
Passada a fase da emergência em matéria de nismos de diagnóstico de efetivas necessida-
equilíbrio das contas públicas, a qualificação e des de formação nos serviços e organismos
o reforço das competências dos trabalhadores da Administração, a par de metodologias de
da Administração Pública terá que ser uma das identificação e definição de perfis individuais
principais apostas. de competências.
Só com uma Administração qualificada, motiva- l Dar continuidade ao Programa APEX (Alian-
da e com forte sentido de serviço público, po- ça para a Promoção da Excelência na Admi-
derá o país ultrapassar os enormes desafios que nistração Pública), que garante o acesso a
ainda enfrenta nos próximos anos. formação qualificada e altamente especiali-
zada em instituições de ensino superior aos 93
Neste âmbito, o investimento na qualificação e dirigentes e quadros superiores da Adminis-
no reforço de competências dos trabalhadores tração Pública, em condições de acesso ex-
é determinante para o aumento da eficiência e traordinárias, a um custo na ordem de 20%
produtividade da Administração Pública. do valor efetivo da propina.
Para este efeito, importa desenvolver um siste- l Promover estágios para funcionários públi-
ma de formação profissional que garanta a apro- cos em empresas privadas, sobretudo em
ximação entre as competências detidas pelos áreas de forte desenvolvimento técnico e
trabalhadores e as efetivamente necessárias em tecnológico, por forma a transpor conheci-
contexto de trabalho. Propõe-se assim: mento do setor privado para o setor público
nos domínios da gestão, da inovação e das
l A par do desenvolvimento de competências
práticas de gestão em ambiente de merca-
específicas de elevada tecnicidade, assegu-
do/concorrencial.
rar o reforço de competências transversais
imprescindíveis a uma maior flexibilidade de
trabalho e mobilidade funcional, permitindo
B) Estabilização e qualificação
que o trabalhador se adapte mais rapida-
dos quadros de pessoal
mente às necessidades de mudança que se
colocam de forma cada vez mais rápida. A Administração Pública registou um ritmo con-
sistente de redução de efetivos nos últimos 4
l Rever o diploma que regula a formação na
anos, situação que não levou contudo a que fos- l Desenvolvimento de programas de formação
se posto em causa o cumprimento, com qualida- que permitam uma maior mobilidade entre
de, das suas funções. carreiras e grupos profissionais;

A mobilidade interna de trabalhadores foi subs- l Implementação de mecanismos de recruta-


tancialmente aumentada, levando a que muitos mento centralizado de Técnicos Superiores
serviços tenham visto as suas necessidades sa- em início de carreira para toda a Administra-
tisfeitas através de uma melhor redistribuição ção Central, que permitam economias de es-
dos recursos humanos dentro da própria Admi- cala com o processo e maior transparência,
nistração. imparcialidade e igualdade de oportunidades.

Este processo de redimensionamento deverá ser Com base na demonstração da redução efetiva
complementado, nos próximos anos, por uma de pessoal, pode ser equacionado um programa
renovação progressiva de quadros, assente no de recrutamento seletivo para funções qualifica-
seguinte conjunto de medidas: das de, pelo menos, 1.000 recém-licenciados por
ano (através de concurso centralizado a condu-
l Desenvolvimento de um diagnóstico e de um zir pelo INA).
plano global de evolução dos recursos hu-
manos a 10 anos – Plano Previsional de Ges- Esta modalidade de recrutamento, aumentando
tão de Recursos Humanos; o controlo e coordenação nas admissões, permi-
te diminuir o custo médio de recrutamento, por
l Definição de objetivos quantitativos para a candidato e entidade, alcançando economias de
evolução e renovação dos trabalhadores da escala e eliminando a duplicação de esforços e
Administração Pública e aplicação articula- atividades repetidas por várias entidades.
da dos instrumentos de gestão que os permi-
tam concretizar (v.g. reformas, rescisões por Permite ainda satisfazer a necessidade de per-
mútuo acordo, requalificação, mobilidade in- fis transversais, sem prejuízo das especificidades
terna e recrutamento externo). do posto de trabalho, as quais devem ser desen-
volvidas mediante adequado plano de formação
l Desenvolvimento de um modelo de recruta- específica (presencial e on the job), no contexto
mento orientado e seletivo de novos quadros do posto de trabalho assegurando, tanto quanto
técnicos que permita a retenção e a reprodu- possível, a transferência de conhecimento e sa-
ção do conhecimento dos trabalhadores que beres entre trabalhadores mais antigos e traba-
vão saindo (qualificação), especialmente em lhadores recentemente recrutados;
áreas nucleares do serviço público, como a
saúde, a justiça, a regulação, a inspeção e a
proteção social, entre outras;

94 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


C) Revisão de carreiras e reforço D) Revisão da política remuneratória,
dos instrumentos de flexibilidade promovendo a valorização e a pro-
laboral moção do mérito

Um importante caminho foi concretizado nos últi- Apesar de terem sido, nos últimos anos, dados
mos 4 anos no sentido de aproximar em algumas importantes passos no sentido da uniformização
áreas o regime dos trabalhadores públicos ao re- dos regimes remuneratórios da Administração
gime dos trabalhadores do setor privado, ressal- Pública, que passou pela redução do número de
vadas as especificidades exigidas pela função e carreiras e pela aprovação da Tabela Remunera-
pela natureza pública do empregador Estado. tória Única, continua a ser significativa a disper-
são das práticas remuneratórias no Estado.
Há, no entanto, ainda espaço para continuar a
adequar os regimes laborais que enquadram a Recentes estudos, desenvolvidos por entidades
organização e o funcionamento dos serviços pú- externas e internas, confirmam a ideia de que a
blicos, no sentido de aproximar às exigências do política de remunerações da Administração Pú-
presente. blica não é a mais adequada em algumas áreas
chave do serviço público. Concluem mesmo que
Em concreto, deverão ser prosseguidos os se- a política remuneratória do Estado pode levar, 95
guintes objetivos: em alguns setores, à desmotivação dos traba-
lhadores que exercem funções públicas e afetar
l Implementação de modelos de organização a competitividade do mercado de trabalho em
do trabalho mais flexíveis, designadamen- geral.
te mediante o recurso aos instrumentos da
adaptabilidade e do banco de horas, em fun- Nessa linha, a política salarial do Estado deverá
ção das necessidades efetivas de cada servi- evoluir, dentro das limitações financeiras exis-
ço ou organismos. tentes, no sentido de favorecer a valorização da
Administração Pública, reconhecendo o mérito e
l Conclusão do processo de revisão de carrei- a competência dos trabalhadores que exercem
ras, assegurando que algumas áreas funcio- funções públicas. Propõe-se assim:
nais da Administração Pública vêm reconhe-
cidas a sua especificidade e criticidade para • A reversão dos cortes salariais em curso, na
o desempenho de funções essenciais do Es- proporção de 20% ao ano;
tado.
• A recuperação dos instrumentos de reconhe-
cimento do mérito; possibilidade de atribui-
ção de prémios de desempenho adicionais
associados à redução de custos e ao aumento
da eficiência dos serviços – pelo menos 50%
das reduções de custos face ao orçamentado
revertem a favor dos organismos e podem nados. É crítica uma separação inequívoca entre
ser utilizados como prémios de desempenho o plano político e o plano da Administração. O
a distribuir aos respetivos colaboradores (via decisor político define a estratégia e dá orienta-
sistema de avaliação de desempenho); ção, a alta administração segue a orientação e
executa a política definida.
• A conclusão do processo relativo à Tabela
Única de Suplementos; Foi dado um passo decisivo ao rever as regras de
recrutamento e seleção de dirigentes superiores
• Acompanhar estas medidas com a centraliza- da Administração Pública, impondo o modelo de
ção progressiva da função de pagamento sa- concurso público e dissociando o exercício dos
larial da Administração Central no Ministério mandatos dos ciclos políticos.
das Finanças (através da ESPAP).
Neste enquadramento, deverão ser prossegui-
Por fim, a renovação dos quadros da Adminis- dos os seguintes objetivos complementares:
tração Pública, aumentando progressivamente o
nível de qualificação e capacitação para os no- • Definir programas de formação e de avaliação
vos desafios de uma administração moderna e de desempenho específicos para dirigentes.
orientada para os cidadãos e as empresas, será
acompanhada pelo início do processo de des- • Desenvolver mecanismos que promovam a
congelamento das promoções e progressões gestão flexível dos orçamentos e dos quadros
nas carreiras no ano de 2018, devendo o rítmo de pessoal pelos dirigentes dos organismos
desse processo ter em conta a disponibilidade da Administração Pública, de acordo com ob-
orçamental e respeitar o objetivo de conter a jetivos previamente aprovados no OE, refor-
massa salarial agregada. çando o sistema de avaliação de desempenho
e reconhecimento de mérito dos dirigentes.

E) Melhoria dos Modelos de Governação


F) Reorganização e reforço
O primeiro elemento estrutural a definir é o da da eficiência das estruturas
estabilidade e da continuidade dos altos respon- da Administração Central
sáveis da Administração Pública, assegurando a
independência e o mérito profissional no exer- Tendo em conta o trabalho já realizado, que
cício destes cargos, marca indelével da atual le- levou à racionalização de muitos organismos
gislatura. públicos, e na sequência das orientações cons-
tantes do documento “Um Estado Melhor”, im-
Importa, nesse contexto, separar o exercício das põe-se intensificar a intervenção sobre o modelo
funções dirigentes dos ciclos políticos, sem no organizacional da Administração Pública.
entanto criar condições que levem os titulares à
perpetuação nos cargos para os quais são desig- O aprofundamento dos objetivos de raciona-

96 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


lização do Estado e de utilização dos recursos cruciais para o funcionamento do Estado, de-
humanos é, de facto, crucial no processo de mo- signadamente nas vertentes de:
dernização e de otimização do funcionamento
da Administração Pública e, consequentemente, • Consultoria jurídica e patrocínio judicial;
da melhoria da qualidade dos serviços públicos
prestados. Tais propósitos associam-se, igual- • Planeamento estratégico e económico;
mente, à imperiosa necessidade de se reduzir o • Inspeção e controlo financeiro;
volume da despesa pública, para a qual contri-
• Cooperação e relações internacionais;
bui ainda de forma muito relevante o peso do
funcionamento interno da Administração Públi- • Ação social.
ca, muitas vezes com pouco valor acrescentado
• Identificar organismos que podem ser inte-
para o cidadão.
grados (em termos de estruturas e/ou fun-
Tal terá, inevitavelmente, que passar pela avalia- ções) sem prejuízo para o funcionamento dos
ção analítica das atribuições dos serviços e orga- serviços públicos, no contexto de escolhas e
nismos, incidindo o foco de análise sobre as pos- preferências a definir em matéria de organiza-
sibilidades de melhoria de processos/funções e ção dos ministérios – novo Programa de Ra-
de simplificação de estruturas organizativas. cionalização de Estruturas;
97

Essa racionalização deve estar focada nos se- • Aplicar um modelo de Balance Scorecard
guintes objetivos primordiais: (criação de indicadores de desempenho e de
controlo financeiro) a todos os organismos
• Efetuar um levantamento exaustivo das com- públicos.
petências de cada organismo, com vista a
supressão de duplicações e de ineficiências • Promover a organização matricial dos servi-
funcionais, o que poderemos designar por au- ços.
ditoria funcional em cada organismo.
• Implementar o Plano Estratégico de Serviços
• Otimizar as estruturas internas de cada Mi- Partilhados da Administração Pública, visan-
nistério, através da criação nas Secretarias- do uma redução substancial de custos, a ob-
-Gerais de todos os Ministérios de sistemas tenção de ganhos de eficiência que permitam
de gestão de serviços comuns, centralizando, a libertação de força de trabalho para outros
designadamente, as áreas de recursos huma- fins, e adoção de novos serviços de valor
nos, pagamentos, logística, compras e patri- acrescentado de informação para funcioná-
mónio. rios e gestores.

• Integração progressiva, interministerial, dos • Atualizar e desenvolver o Plano global estra-


serviços com competência especializada, tégico de racionalização e redução de custos
criando capacidades transversais em áreas nas TIC na Administração Pública.
G) Gestão mais eficaz do património xada de forma incremental e por recurso a
imobiliário do Estado um regime transitório;

Apesar de todos os esforços que neste domínio • Adicionalmente, para garantir que os imóveis
têm vindo a ser desenvolvidos, é urgente assegu- onde se prestam serviços públicos, tanto os
rar uma gestão mais eficiente do património imo- servidores do Estado como os cidadãos e
biliário do Estado. Tal implica que o Estado deve utentes, dispõem de condições adequadas
desenvolver uma política coerente sobre a forma e condignas, deve o Estado fixar, de forma
como ocupa imóveis e como gere e afeta o pa- clara e objetiva, regras básicas de instalação
trimónio de que é proprietário. Por conseguinte, dos serviços em termos de qualidade, di-
o desenho de uma política estatal, transparente mensão e acessos;
e imparcial, que pretende melhorar a eficácia da
gestão do património imobiliário e evitar o des- • Devem ainda ser realizadas auditorias ex-
perdício, deve assentar nos seguintes eixos: ternas à ocupação de imóveis pelos diver-
sos serviços do Estado, de forma a apurar,
• Numa parceria com a administração local de uma forma independente e profissional,
para o aproveitamento do património pú- a racionalidade das soluções de ocupação
blico, de modo a permitir que as autarquias imobiliária do Estado, incluindo a análise da
locais, mais aptas a assegurar a prossecu- sua adequação face às regras de qualidade
ção do interesse público e da legalidade ur- definidas para a instalação de serviços;
banística dos aproveitamentos imobiliários,
estabeleçam com a Administração Central • A inclusão, nos novos arrendamentos pelo Es-
acordos de ocupação do património públi- tado, da obrigação dos senhorios realizarem
co que se encontra devoluto, subutilizado ou todas as obras de conservação ordinária e
em degradação, com serviços ou atividades extraordinária, evitando que os serviços pú-
públicas, quer para sua exploração ou por blicos desperdicem tempo e recursos em ati-
entidades da economia social; vidades para as quais não têm especialização;

• Entende-se ainda que deve haver uma maior • A centralização na secretaria-geral da ges-
responsabilização dos utilizadores, mesmo tão e manutenção do património imobiliário
que públicos, dos imóveis do Estado, recor- afeto a todos os serviços de cada ministério,
rendo a uma implementação alargada do permitindo a responsabilização e uma gestão
princípio da onerosidade: o espaço ocupado integrada e de proximidade desse património;
nos bens imóveis do Estado deve ser avalia-
do e sujeito a uma contrapartida que deve • A centralização numa única entidade das
assumir a forma de compensação financeira vendas de imobiliário excedentário, permi-
a pagar pelo serviço ou organismo utilizador, tindo assim uma gestão especializada e inte-
ainda que esta oneração possa ter de ser fi- grada das operações de rentabilização des-
ses imóveis

98 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


• A simplificação e modernização das regras do Cidadão em municípios, freguesias e postos
de alienação dos imóveis do Estado, permi- de correio e à abertura e contratualização de no-
tindo acelerar os processos de venda através vas Lojas do Cidadão, de gestão descentraliza-
de uma maior utilização dos sites públicos da e preferencialmente municipal, no âmbito da
de venda de imobiliário e o estabelecimento execução do Programa Aproximar.
de protocolos de venda com mediadores
imobiliários; Continuando este trabalho, é nosso objetivo dar
corpo à Rede do Cidadão, que consolida os di-
• A garantia da afetação de uma parcela ade- ferentes canais através dos quais o cidadão inte-
quada das vendas de imobiliário aos minis- rage com o Estado, de forma coerente e visando
térios que libertem património, incentivando uma cada vez maior integração dos diferentes
a alienação de património atualmente com serviços públicos, para o que propomos:
reduzida ocupação;
• No canal presencial, instalar uma Loja do Ci-
dadão por município, na qual se concentram
SIMPLIFICAR A VIDA os diversos serviços de atendimento da Ad-
ministração Pública, assegurando uma ade-
DOS CIDADÃOS E DAS quada oferta de serviços aos cidadãos e, nos
maiores aglomerados urbanos, complemen- 99

EMPRESAS-Modernizar tar a oferta com um número mais significa-


tivo de Espaços do Cidadão e, quando ne-
e digitalizar OS cessário, com a instalação de outras Lojas do
Cidadão no concelho;
SERVIÇOS PÚBLICOS
• No canal digital, concluir a digitalização
dos serviços públicos até ao final da le-
A Rede do Cidadão – gislatura, com enfoque na usabilidade dos
o atendimento no Estado portais públicos, na segurança da informa-
ção e na coerência da presença do Estado
ao serviço do cidadão, cen- na Internet;
trado no cidadão e organi-
• Complementar o atendimento nas Lojas do
zado para o cidadão Cidadão com o atendimento digital assis-
tido nos Espaços do Cidadão (em colabo-
Chegar ao cidadão e encontrar a melhor forma
ração com autarquias, entidades do setor
de o fazer foram prioridades desta legislatura.
público e social, associações empresariais,
Em especial, temos hoje uma Administração Pú-
empresas prestadoras de serviços de inte-
blica mais próxima, mais simples e mais inclusiva,
resse público) – chegando aos 1000 Espa-
graças ao lançamento da rede dos mil Espaços
ços do Cidadão em março de 2016 – e con-
tinuando a aproximar ainda mais o Estado O serviço público digital –
dos cidadãos, através de:
o desenvolvimento e uso de
o Espaços do Cidadão em postos consula- ferramentas de eGov para
res e associações da nossa diáspora;
prestar um melhor serviço
o Promoção do atendimento digital assisti- público ao cidadão
do nas Carrinhas do Cidadão e do Trans-
porte Porta a Porta (transporte flexível), Nesta legislatura, as políticas de eGov foram cen-
para servir as populações dos territórios trais na modernização do Estado e na prestação
de mais baixa densidade populacional; de um melhor serviço aos cidadãos, como o de-
monstra o ranking de Portugal em benchmarks
• Integrar nos Espaços do Cidadão de todos os internacionais.
serviços públicos digitais os pedidos ou re-
novações dos documentos de identificação Aprofundando o que foi feito nesta legislatura,
do cidadão (Cartão do Cidadão e Passapor- propõe-se:
te), sempre com as necessárias condições de
segurança; • Concluir a digitalização da Administração
Pública, de forma sistemática e coerente,
• Estender a Rede do Cidadão a novos canais promovendo a usabilidade, acessibilidade, e
de atendimento, como a Linha do Cidadão, mapeamento dos sites públicos, integrando-
que assegurará um atendimento telefónico -os no Portal do Cidadão e no Balcão do Em-
na Administração Pública de forma integra- preendedor, acabando em definitivo com o
da, a videoconferência online, o chat e as re- processo administrativo em papel e continu-
des sociais ou a interação através do sistema ando a inovar no setor público (v.g. coope-
da rede Multibanco; rando com a Universidade das Nações Uni-
das, em Guimarães);
• Assegurar a elevada qualidade no atendi-
mento público, com integração e comple- • Em particular, promover a desmaterialização
mentaridade dos canais de atendimento, em em todos os sectores do Estado, através, por
particular mediante a avaliação pelos uten- exemplo:
tes, através de meios simples, expeditos e
transparentes, em articulação com o novo o De diplomas e certificados de habilitações
sistema desmaterializado de elogios, suges- digitais, em todos os níveis de ensino, da
tões e reclamações da Administração Públi- caderneta individual de competências di-
ca, com o Mapa do Cidadão e com o Portal gital, para qualificações profissionais, e da
do Cidadão. criação do sistema integrado de gestão
de alunos, que inclui a matrícula eletróni-
ca e o registo individual do aluno;

100 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


o Da e-vacina, do processo clínico eletró- Simplificar a vida dos cida-
nico e da e-consulta – assegurando-se o
acesso do utente em qualquer centro de dãos – a continuação das
saúde não só ao seu médico de família, políticas de simplificação
mas a um médico da especialidade em e desburocratização
causa, através de meios à distância – e da
receita sem papel; da Administração Pública
o Do certificado de registo criminal online A desburocratização da Administração Pública –
e do «livro de reclamações eletrónico» a todos os níveis – é condição de sucesso na sim-
para os consumidores e utentes; plificação e resolução dos problemas concretos
da relação entre os cidadãos e os serviços pú-
o Da caderneta predial unificada, que in- blicos. Assim, o Governo reviu e simplificou mais
tegra informação do registo predial, das de 100 procedimentos administrativos e refor-
finanças e da gestão do território; çou a confiança mútua e uma cultura de boa fé
e responsabilidade entre cidadãos e Administra-
o Da integração de todos os portais refe- ção Pública, em particular através do Programa
rentes às ocorrências relacionadas com Simplificar, que consagrou o princípio «uma só
101
viaturas e condução (portal das contra- vez» (dispensa de apresentação de documentos
ordenações e portal automóvel online) já entregues ao Estado).

• Utilizar as tecnologias para facilitar a comu- Com base neste trabalho, propõe-se:
nicação dos cidadãos portadores de defici-
ência com os serviços públicos; • Aprofundar o princípio «uma só vez», auto-
matizando a troca de informação entre orga-
• Estimular o uso de meios de identificação nismos públicos, de modo a que o cidadão
eletrónica seguros (através da dissemina- não tenha de comunicar o mesmo facto mais
ção da Chave Móvel Digital e do Cartão de do que uma vez à Administração Pública.
Cidadão) nos sites públicos, no comércio Neste contexto, ir-se-á:
eletrónico, bem como na demonstração de
poderes de representação (em particular das o Assegurar que, entre outros dados, a
empresas) ou de habilitações profissionais; mudança de morada dos cidadãos seja
comunicada uma única vez ao Estado,
• Disponibilizar informação em tempo real so- sendo as demais comunicações oficiosas
bre filas de espera e tempos médios de aten- e dispensando-se a substituição de do-
dimento nos organismos públicos, permitir cumentos que resulte dessa mudança,
agendar o atendimento ou tirar a senha de como no caso dos documentos relativos
atendimento online através do Mapa do Ci- a automóveis;
dadão.
o Harmonizar a elegibilidade e a prova ne- O uso das tecnologias de
cessária para apoios sociais ou isenção
de taxas, aferindo-se essa elegibilidade informação e comunicação
uma única vez, por uma única entidade; para racionalizar a
o Assegurar a coordenação entre a Segu- despesa pública
rança Social e o Ministério da Educação
Nos últimos quatro anos foi lançado e executado
para a agilização do pagamento do abo-
o plano global estratégico para a racionalização
no de família;
e redução da despesa pública em tecnologias
• Estabelecer como regra a renovação auto- de informação e comunicação (TIC) na Adminis-
mática de autorizações e documentos, ou, tração Pública, no âmbito do qual, entre outras
não sendo possível, criar avisos para o cida- medidas, se promoveu a centralização da função
dão tomar conhecimento da futura caduci- informática numa única entidade por ministério,
dade, com pré-agendamento da renovação estimulou a utilização de ferramentas de softwa-
presencial, se necessária; re comuns e da plataforma de interoperabilidade
da Administração Pública e lançou o portal TIC.
• Estabelecer mecanismos de cooperação in- GOV.PT, com divulgação de indicadores de de-
terinstitucional, entre o Governo e a Assem- sempenho na utilização e racionalização de TIC
bleia da República, no sentido de promover na Administração Pública.
a codificação e consolidação legislativa, e
assegurar a qualidade das avaliações de im- Continuando esse trabalho, e de modo a assegu-
pacto das leis e regulamentos; rar uma Administração Pública eficiente e inte-
grada, propõe-se:
• Criar simuladores de procedimentos admi-
nistrativos, que permitam aos cidadãos co- • Promover a unificação de comunicações na
nhecer o procedimento administrativo e a Administração Pública, tornando gratuitas as
sua tramitação (em particular os tempos de comunicações entre números fixos da Admi-
decisão), assim como os valores das taxas nistração Pública;
devidas;
• Promover a partilha de recursos computa-
• Disponibilizar meios de pagamento automa- cionais na Administração Pública, de modo a
tizado (por exemplo por débito direto em rentabilizar os investimentos e a capacidade
conta bancária) das obrigações contributi- instalada existente, racionalizando dessa for-
vas periódicas e repetidas dos cidadãos jun- ma o número de salas técnicas e de centros
to da Administração Pública. de dados da Administração Pública;

• Generalizar a utilização da plataforma de in-


teroperabilidade da Administração Pública,

102 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


para a troca e reutilização de informação performance dos diferentes municípios em vá-
entre organismos públicos mais célere, mais rias áreas, através do Portal da Transparência
económica e com salvaguarda da segurança Municipal.
e proteção dos dados trocados;
A «administração aberta» deve também consti-
• Aprofundar o uso e desenvolvimento de solu- tuir uma prioridade, uma vez que é decisiva no
ções de software aberto pela Administração fomento da transparência do Estado e na res-
Pública, continuando o trabalho realizado ponsabilização dos decisores públicos, mas tam-
pelo Governo e promovendo as correspon- bém assegura uma participação democrática,
dentes poupanças que daí resultam para o informada e ativa dos cidadãos e da sociedade
erário público; civil em geral. Além disso, contribui significativa-
mente para o crescimento económico (em par-
• Fomentar o tratamento analítico de informa- ticular no domínio da economia das apps), bem
ção através de soluções de software business como para aumentar a eficiência na prestação
intelligence, em particular nas áreas de dete- de serviços públicos e na prossecução de políti-
ção de fraude, de controlo de gestão e con- cas públicas.
trolo orçamental e gestão do atendimento;
Propomos, assim, para uma cultura de Governo
103
• Criar o cluster de empresas nacionais asso- aberto e de dados abertos:
ciadas ao desenvolvimento de soluções de
governo eletrónico, em torno da marca “e- • Lançar o Portal da Transparência, disponibi-
-Gov de Portugal”. lizando de forma permanente e atualizada
a principal informação sobre os organismos
públicos – informação orçamental, indicado-
A Transparência na res de gestão e desempenho, etc. – e sobre a
Administração Pública – o atividade dos membros do Governo (despa-
chos, nomeações, decisões e posições públi-
fomento da transparência cas), identificando e detalhando, nos vários
na Administração Pública e a níveis da Administração Pública, as taxas, os
reutilização de informação requisitos e os prazos de decisão nos respe-
tivos procedimentos administrativos, em or-
do setor público dem a garantir mecanismos de comparabili-
dade;
Na atual legislatura foram feitos avanços muito
significativos no fomento da transparência na • Disponibilizar, de forma permanente e atua-
Administração Pública – divulgando as dívidas lizada, no portal Dados.Gov os conjuntos de
dos organismos públicos aos fornecedores; pu- informação mais relevantes resultantes da
blicando a composição dos gabinetes ministe- actividade dos organismos públicos – da-
riais e a respetiva remuneração; comparando a
dos orçamentais, estatísticos, informação
geográfica, sobre o sistema de ensino, sobre
APROFUNDAR
equipamentos públicos, atendimento, trans-
portes e infraestruturas e, em geral, dados re-
O PROCESSO DE
levantes para a tomada de decisões de inves- DESCENTRALIZAÇÃO
timento – para reutilização, e promover essa
reutilização através de concursos de ideias Ao longo dos últimos quatro anos foi dado um
para aplicações informáticas, lançando, em forte impulso ao processo de descentralização,
conjunto com a sociedade civil, o movimento como o demonstra a transferência, de forma uni-
das «apps para o cidadão», com vista à me- versal e definitiva, para os municípios e entida-
lhor prestação de serviços públicos; des intermunicipais das competências de gestão
do serviço público de transportes de passagei-
• Fomentar a participação dos cidadãos nos ros, bem como os avanços no plano das funções
processos legislativos, da Assembleia da Re- sociais da educação, saúde, cultura e seguran-
pública e do Governo, regulamentares e de ça social, com o lançamento de um conjunto de
definição e acompanhamento de políticas projetos-piloto estabelecidos através de con-
públicas; tratos livremente celebrados pelas autarquias
e que abrangem universos populacionais muito
• Lançar um site que permita a monitorização significativos e territórios de características di-
e acompanhamento permanente pelos cida- versas. Importa agora prosseguir e alargar esse
dãos das medidas do programa do Governo processo
e do seu grau de realização e, em geral, pro-
mover a avaliação, fiscalização e melhora- Em especial nas áreas da educação, saúde e
mento dos serviços públicos pelos cidadãos/ ação social, deverão ser avaliados os referidos
utentes através de ferramentas de crowd- projetos-piloto e, em função dos resultados des-
sourcing; sa avaliação e do diálogo com os municípios e
entidades intermunicipais, aperfeiçoar esse pro-
• Aprofundar o site «Base.Gov» no sentido cesso e alargá-lo a todo o território continental,
de disponibilizar todos os elementos equacionado mesmo a generalização da des-
integrando o contrato público e não apenas centralização nestas funções sociais através de
o contrato reduzido a escrito, e também uma transferência legal universal e definitiva das
de disponibilizar informação sobre a sua competências.
execução, designadamente informação
sobre cumprimento contratual (v.g. prazos), Em qualquer caso, e conforme estabelecido nos
resolução ou modificação do contrato. projetos-piloto já contratualizados, a descentra-
lização de competências deve assegurar, por um
lado, o ganho de eficiência na gestão pública e,
por outro lado, ser acompanhada da transferên-

104 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


cia para as autarquias dos recursos humanos, implementação do Programa Aproximar a todo
materiais e financeiros necessários e suficientes o território nacional. A sua implementação tem
ao exercício das competências descentralizadas. indispensavelmente que continuar a ser realiza-
da com o estreito envolvimento das entidades
O programa de descentralização deve também intermunicipais, municípios e freguesias, incluin-
ser alargado a outras áreas da administração pú- do através da contratualização de parcerias para
blica, como a gestão florestal, a proteção civil, a as várias soluções das Lojas do Cidadão, Espa-
gestão do litoral e zonas ribeirinhas e os serviços ços do Cidadão, Carrinhas do Cidadão e o Trans-
de medicina veterinária. porte Flexível a Pedido.

Programa APROXIMAR – Promoção da integração e


reorganização dos serviços partilha de serviços entre
públicos de atendimento os municípios
Demonstrou-se, com o Programa Aproximar, A enorme diferenciação e heterogeneidade que
que é possível tornar a administração pública entre nós apresenta a realidade municipal justifi-
105
simultaneamente mais simples, mais próxima ca que muitos dos serviços, funções, operações,
e mais eficiente. Apostando na ação integrada equipamentos e políticas públicas municipais ga-
dos vários serviços da administração central e nhem em eficiência se desenvolvidos em escala
na parceria com as autarquias e aproveitando superior à de muitos dos municípios, em ordem
a modernização tecnológica e digitalização da a evitar duplicações e desperdícios e a aumentar
administração pública, o “Programa Aproximar - a eficiência, a qualidade e a massa crítica para a
reorganização dos serviços de atendimento da intervenção pública local.
administração pública” - consegue racionalizar
as estruturas e custos dos serviços públicos ao As Áreas Metropolitanas e as Comunidades In-
mesmo tempo que assegura a presença dos ser- termunicipais deverão ser o veículo primordial
viços do Estado nos territórios, levando-os até para essa atuação intermunicipal. Assim, devem
mais próximos das populações. ser adotados incentivos para que os vários muni-
cípios concretizem essas integrações e partilhas.
No primeiro ano, o Programa Aproximar foi im- Assentando em escolhas locais de base voluntá-
plementado nas primeiras quatro Comunidades ria quanto às soluções concretas de integração
Intermunicipais piloto, envolvendo 41 municípios ou partilha que cada um adotará, pode equacio-
que voluntariamente contratualizaram soluções nar-se a regulamentação de um procedimento e
de serviços públicos de proximidade. Para futu- um calendário para a necessária participação de
ro, cumpre avaliar a implementação nos municí- todos os municípios e das suas comunidades lo-
pios-piloto, aperfeiçoar o modelo e generalizar a cais neste processo de integração e partilha.
Na sequência lógica desta orientação, deve ain- dirigentes e trabalhadores das autarquias, o
da potenciar-se o processo de reforma dos muni- estabelecimento de redes de partilha espe-
cípios, estimulado por um quadro de vantagens cializada entre municípios, a criação de uma
institucionais que permita, numa base sempre Plataforma de Divulgação e Estudo de Ca-
voluntária, a sua agregação. sos de Sucesso de Desenvolvimento Local, o
Erasmus-Autarquias, a realização de missões
de estudo a casos de sucesso e, finalmente, a
Promover o novo paradigma elaboração participada de estratégias locais
de administração de desenvolvimento econômico local;

local orientada para • Da programação e gestão do quadro de fun-


o desenvolvimento dos europeus Portugal 2020, como instru-
mento essencial de promoção desta mudan-
económico e social local ça de paradigma na gestão local;
As autarquias cumpriram, com grande sucesso, • Do alinhamento do modelo de financiamento
uma fase de quatro décadas dedicadas à criação das autarquias e, em especial, das fontes de
das infraestruturas e dos equipamentos públicos receita, com o objetivo de reorientação da
nos territórios, que foram responsáveis por uma gestão autárquica para o desenvolvimento
significativa melhoria das condições e qualidade económico e social local, incentivando posi-
de vida das populações. É tempo, agora, de um tivamente a melhoria dos índices de desen-
novo paradigma da gestão e das políticas públi- volvimento, de competitividade, de investi-
cas locais, orientado para a competitividade e mento, de riqueza e de emprego;
desenvolvimento económico local e para a inclu-
são social. • Do aprofundamento da redução dos custos
de contexto sobre a atividade económica e
A definição das políticas locais e as escolhas de o investimento que resultem da intervenção
gestão é responsabilidade de cada autarquia, autárquica. Designadamente, deve promo-
mas ao poder central deve caber, no respeito por ver-se a simplificação administrativa local e a
essa autonomia local, a tarefa de estimular essa digitalização, incluindo pela implementação
transição de paradigma da gestão autárquica, universal da utilização integral das platafor-
designadamente através: mas eletrónicas do Balcão Único Eletrónico
para os licenciamentos industrial, comercial,
• Da implementação do Programa Capacitar
ambiental e urbanístico. Noutra dimensão,
- iniciativa de capacitação da administração
deve ser equacionada a revisão das regras de
local para o desenvolvimento econômico e
fixação das taxas municipais, procurando re-
social. Este programa envolve a capacita-
forçar a exigência de proporcionalidade das
ção avançada dos líderes autárquicos (mu-
taxas face aos serviços correspetivos efeti-
nicipais e intermunicipais), a formação de

106 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


vamente prestados e aumentando a transpa- Ajustamento equilibrado
rência das mesmas, designadamente através
de uma obrigação de reporte e divulgação do modelo de financiamen-
nacional comparável das taxas fixadas e em to das autarquias
vigor em cada autarquia, sob pena de inefi-
cácia. Importa ajustar o modelo de financiamento das
autarquias locais, na sequência da avaliação do
impacto das reformas legislativas realizadas no
Consolidar as reformas, período 2011-2015, concedendo atenção espe-
cial ao Estudo Independente sobre as Receitas e
em especial nas empresas Despesas Municipais, realizado em 2015.
municipais e nas parcerias
público-privadas locais Com base nessa avaliação deverão ser executa-
dos os ajustamentos necessários no modelo de
As reformas estruturais e financeiras na admi- financiamento e fontes de receitas das autar-
nistração local produziram nos últimos 4 anos quias de modo a que, atendendo quer às despe-
extraordinários resultados de redução do endivi- sas para um nível adequado e eficiente dos ser-
damento, dos pagamentos em atraso a fornece- viços prestados, quer à grande heterogeneidade
107
dores, dos prazos de pagamento, das estruturas das autarquias portuguesas, se possam corrigir
autárquicas, das empresas municipais, dos car- situações identificadas como de sub ou sobre-
gos dirigentes, dos gabinetes de apoio político -financiamento.
e do pessoal, permitindo que, nos últimos três
anos, o conjunto das autarquias tenha alcança-
do excedentes orçamentais significativos. Urge, Conselho de Concertação
agora, consolidar tais reformas. Territorial
Na perspetiva dessa consolidação, é particular- Institucionalizar e regular, em lei, o Conselho de
mente importante prosseguir a racionalização Concertação Territorial, órgão presidido pelo
das empresas municipais e das parcerias públi- Primeiro-Ministro e que é composto pelos dife-
co-privadas locais e acompanhar o adequado rentes níveis de administração pública territorial,
funcionamento do Fundo de Apoio Municipal. ou seja, representantes do Governo da Repúbli-
ca, Governos Regionais, Entidades Intermunici-
pais, Municípios e Freguesias;
GARANTIR A
SUSTENTABILIDADE,
VALORIZAR OS RECURSOS
E O TERRITÓRIO

Portugal não fez dos constrangimentos econó- atenção a crescente pressão sobre os recursos.
micos e financeiros um pretexto para adiar, he-
sitar ou transigir mas, pelo contrário, uma razão Em segundo lugar, porque urge superar, através
adicional para ousar, reformar e liderar no cres- de um novo ciclo de reformas estruturais, a si-
cimento verde. E isso tem sido reconhecido no tuação paradoxal em que nos encontramos há 109

plano internacional. décadas combinando, na área dos recursos na-


turais, elevado potencial de talentos, recursos
Conseguimos demonstrar que é inteiramente e infraestruturas, com a persistência de alguns
possível colocar as políticas do crescimento ver- problemas. Depois dos bons resultados alcança-
de ao serviço da proteção ambiental, mas tam- dos com as reformas nas áreas da energia, ar-
bém da coesão territorial, da competitividade e rendamento, água, resíduos, reabilitação urbana,
da solidariedade, enfrentando interesses e remo- fiscalidade verde, licenciamento ambiental, con-
vendo rendas excessivas, obstáculos e precon- servação da natureza, é agora especialmente im-
ceitos que nos impediram, durante muitos anos, portante impulsionar níveis mais adequados de
de crescer sustentada e sustentavelmente. coesão territorial e de eficiência na utilização de
energia, água e materiais.
Agora é necessário concretizar um novo ciclo de
reformas estruturais e de investimentos seletivos Em terceiro lugar porque, como se destaca no
na área da economia verde e da coesão territorial, capítulo deste programa dedicado à competiti-
conferindo ambição, estabilidade e previsibilidade. vidade, devemos tirar partido das oportunidades
económicas e de geração de emprego associa-
Em primeiro lugar, porque é necessário agir pe- das ao crescimento verde. Nesta área, dispomos
rante o agravamento dos sinais globais de crise de condições ímpares para competir e vencer à
climática, degradação e escassez de recursos escala global no curto-prazo.
hídricos e perda de biodiversidade, tendo em
Em obediência a estas orientações, propomos: • Avançar para uma nova geração de instru-
mentos de ordenamento e planeamento dos
recursos hídricos, através:
Águas, recursos a) Da concretização do Plano Nacional da
hídricos e resíduos Água e da 2ª geração de Planos de Ges-
tão de Região Hidrográfica (PGRH) e da
• Assegurar a coesão social e territorial, a sus- forte articulação e coordenação com Es-
tentabilidade económico-financeira e a pro- panha no caso das bacias internacionais;
teção ambiental nos serviços de água e sa-
neamento, prosseguindo a implementação b) Da melhoria dos mecanismos de moni-
da já aprovada reforma do setor das águas, torização quantitativa e qualitativa das
traduzida: massas de água e da adequada dissemi-
nação da informação às populações;
a) No PENSAAR 2020, que estabelece um
novo quadro estratégico e de ação; c) Do estabelecimento de estratégias pre-
ventivas e de gestão de risco de cheias,
b) No reforço da independência e das com- seca e poluição acidental e da concreti-
petências da entidade reguladora; zação das medidas de adaptação às al-
terações climáticas. Deve, em especial,
c) Na agregação de sistemas multimunici- ser prosseguido o objetivo de melhorar o
pais; estado das massas de água, passando de
52% das massas de água nacionais com
d) Num novo modelo de financiamento dan- qualidade “Boa ou Superior” em 2010,
do prioridade, através dos novos fundos para 79,8% em 2021 e 100% em 2027.
europeus previstos no Portugal 2020, à
reabilitação das redes municipais; • Assumir a eficiência hídrica como um vetor
prioritário para a eficiência de recursos. A
e) Na promoção de estratégias de gestão resposta a dar terá de passar, por um lado,
mais integradas, tanto pela verticalização pelo desenvolvimento de projetos de reu-
dos serviços de abastecimento de água tilização de água, tanto ao nível residencial
e de saneamento em alta e baixa, como como na rega e na limpeza urbana e, por
pela agregação dos sistemas em baixa; outro, pela certificação e rotulagem hídri-
cas, pela instalação, nos edifícios, de equipa-
f) Na reorganização empresarial do grupo mentos com melhor eficiência hídrica e pela
Águas de Portugal, através da definição maior integração, sem acréscimo de custos
de serviços partilhados. para os consumidores, de tecnologias de in-
formação e comunicação nas redes de distri-
buição de água.

110 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


• Promover uma economia mais circular, apro- atividades perigosas, a avaliar a qualidade
veitando os resíduos como fonte renová- dos respetivos solos e a assumir a responsa-
vel de recursos, beneficiando da reforma já bilidade pela descontaminação, de modo a
aprovada do setor dos resíduos, traduzida no prevenir futuros passivos ambientais.
enquadramento estratégico do PNGR (Plano
Nacional de Gestão de Resíduos) e do PER- • Implementar a Estratégia Nacional para o Ar
SU2020, no reforço da concorrência, na redu- (ENAR 2020), em associação com as medi-
ção de custos estabelecida no regulamento das de mitigação das alterações climáticas
tarifário, no reforço dos objetivos de serviço (redução de emissões de GEE), para ir ainda
publico e numa maior exigência e ambição mais longe no cumprimento de objetivos e
ambiental. Devem ser assumidos, até 2020 e metas exigentes em matéria de emissões e
2030, objetivos mais ambiciosos de redução, de qualidade do ar, melhorando a qualidade
reciclagem e reutilização de resíduos: reduzir de vida dos cidadãos.
de 63% para 35% a deposição, em aterro, dos
resíduos urbanos biodegradáveis; aumentar
de 24% para 50% a taxa de preparação de Ordenamento
resíduos para reutilização e reciclagem; as-
segurar níveis de recolha seletiva de 47kg/ do território 111
habitante/ano; aumentar em 30%, até 2030,
a produtividade dos materiais; aumentar a • No quadro da reforma do ordenamento do
incorporação de resíduos na economia, de território, assegurar o uso racional e eficiente
56% em 2012, para 68% em 2020 e 86% em do solo, limitando a expansão urbana, con-
2030. centrando no PDM todas as regras de orde-
namento, erradicando o solo urbanizável (li-
• Prosseguir a estratégia de eliminação de mitando a classificação do solo apenas em
passivos ambientais, tirando partido do in- rústico e urbano), simplificando procedimen-
vestimento previsto de mais de 65 milhões tos e promovendo soluções de planeamen-
de euros no POSEUR, dando continuidade to intermunicipais. Manter, até 2030, o atual
aos processos identificados e em curso, que grau de 5% de artificialização do solo. Rever
permitirão resolver um acumulado de déca- e aprovar os Planos Regionais de Ordena-
das de passivos ambientais, proporcionando mento do Território (PROT).
a requalificação ambiental das zonas impli-
cadas, com consequente aumento da quali- • Aprovar e concretizar o Sistema Nacional de
dade de vida das populações e regeneração Informação Cadastral, por forma a assegu-
dos ecossistemas. rar a harmonização do sistema de registo da
propriedade e promover um levantamento
• Adotar uma estratégia de proteção do solo cadastral do território nacional mais eficaz.
que obrigue as empresas que desenvolvam
• Implementar o regime, já aprovado, de Li- b) Desenvolver mecanismos, como o Baróme-
cenciamento Único de Ambiente (LUA) que tro e Índice de Sustentabilidade das Cidades,
incorpora, num único título e num único pro- de avaliação e fomento da gestão eficiente
cesso, os elementos e procedimentos que es- dos aglomerados urbanos e dos espaços en-
tavam dispersos por uma dezena de regimes volventes.
de licenciamento no domínio do ambiente,
tornando o licenciamento ambiental num
processo mais simples, mais transparente,
mais célere e menos oneroso, contribuindo
Territórios de baixa
simultaneamente para a proteção ambiental densidade
e para uma maior competitividade das em-
presas. • Lançar uma nova geração de políticas públi-
cas de base territorial, assente num quadro
• Melhorar os procedimentos de gestão am- político-institucional que favoreça a articula-
biental, garantindo as necessárias salvaguar- ção e a integração, territorial e setorial, dos
das mas reduzindo a carga burocrática e vários instrumentos de política pública e que
administrativa, com recurso a novas tecno- assegure uma maior coordenação das inter-
logias e otimização na gestão de processos. venções da administração central, regional e
local, através:
• Adotar um novo Regulamento Geral da Edifi-
cações Urbanas que integre todas as normas a) Da definição do Estatuto dos Territórios
técnicas da construção. de Baixa Densidade e de Muito Baixa
Densidade, identificando as suas especi-
ficidades estruturais e permitindo a ela-
Cidades sustentáveis boração e implementação de estratégias,
instrumentos e medidas próprias e ade-
Concretizar, no âmbito da Estratégia “Cidades quadas à natureza dos seus problemas
Sustentáveis 2020”, uma política de desenvolvi- específicos;
mento urbano que reforce a dimensão estratégi-
ca das cidades nos domínios da sustentabilidade, b) Da elaboração e implementação de um
criatividade, competitividade, empreendedoris- Programa Nacional para a Coesão Terri-
mo, inclusão, participação e capacitação. Nesse torial (PNCT) adequado a promover, in-
âmbito, é importante: tegrar e articular as várias políticas seto-
riais e garantir uma maior coordenação
a) Alinhar os investimentos e recursos do Por- das intervenções dos diferentes atores,
tugal 2020 com a estratégia de sustentabili- públicos e privados, nacionais, regionais,
dade das cidades; intermunicipais e locais.

112 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


• Estabelecer um maior compromisso da eco- a) Minimizar os custos de contexto (trans-
nomia com os territórios e dos territórios portes, água, energia, comunicações)
com a economia, com reforço do contribu- com que se confrontam e promover a
to das empresas e atividades locais atuais e capacidade empreendedora, reforçando
potenciais na criação e fixação de riqueza e a inovação e a criatividade dos agentes
emprego, nomeadamente a agricultura, a flo- económicos e sociais;
resta, as indústrias extrativas, o turismo rural,
cultural e de natureza, os serviços ambientais b) Promover o espírito empresarial e apoiar
e a economia verde. O aprofundamento des- o lançamento de novos projetos adequa-
te compromisso deverá fazer-se através de dos a valorizar recursos e a transformar
medidas adequadas a: oportunidades em negócios rentáveis e
sustentáveis. A criatividade e a inovação
a) Modernizar o tecido produtivo, permitir são também indispensáveis para atrair
a progressão nas cadeias de valor e pro- empresas e investimentos, criar e fixar
mover os recursos e produtos associados valor acrescentado nas atividades tradi-
ao território, valorizando o papel desem- cionais, na economia e na economia so-
penhado pela inovação e empreendedo- cial;
rismo social, o artesanato, tradições e sa- 113
beres endógenos; c) Aprofundar os incentivos à cooperação
das instituições de ensino superior com
b) Por via de uma adequada utilização dos o tecido empresarial e os agentes terri-
instrumentos e incentivos do Portugal toriais, criando redes de captação e de
2020, apoiar a valorização dos conheci- difusão de informação, desenvolvendo
mentos e dos saber-fazer tradicionais, a projetos específicos de inovação e em-
consolidação de novas competências e preendedorismo, instalando valências de
atividades que explorem as sinergias dos transferência de tecnologia e do conhe-
setores tradicionais com outras ativida- cimento adequadas a cada realidade ter-
des e o reforço das vantagens competiti- ritorial específica.
vas de cada território, nomeadamente as
que permitam produzir e vender produ- • Promover a igualdade de oportunidades no
tos e serviços transacionáveis e exportá- acesso a serviços públicos, garantindo os
veis de maior valor acrescentado. princípios da equidade social e territorial e,
simultaneamente, a racionalidade e susten-
• Reforçar a atratividade e a competitividade tabilidade das redes públicas de provisão de
dos Territórios de Baixa Densidade e de Mui- bens e serviços. Propõe-se, neste domínio,
to Baixa Densidade, através do desenvolvi- consolidar e aprofundar os programas em
mento de medidas adequadas a: curso (“Aproximar” e “Descentralizar), esta-
belecendo limiares mínimos de acessibilidade
para cada setor e nível de serviço, adequan- princípios de uma efetiva descentraliza-
do os modelos de organização às especifi- ção de competências e real adesão ao
cidades territoriais, repensando os modelos princípio da subsidiariedade.
de organização dos serviços desconcentra-
dos da administração central, promovendo a
redistribuição de funções e de competências
(back-office) pelas estruturas periféricas ou
Habitação e
garantindo maior racionalidade na alocação reabilitação urbana
de recursos e um maior equilíbrio territorial.
• Dinamizar o mercado do arrendamento, im-
• Reforçar o associativismo, a cooperação e a pulsionado pela reforma da legislação que
governança territorial, através da mobiliza- pôs fim a décadas de congelamento de al-
ção dos atores locais em torno dos estraté- gumas rendas mais antigas, atraindo para
gias e projetos coerentes e consequentes de os centros urbanos população mais jovem
desenvolvimento, da construção de visões e famílias e transformando o arrendamento
estratégicas partilhadas e da criação e dina- numa verdadeira alternativa à aquisição de
mização de redes de informação, competên- habitação própria.
cias e instituições. A realização desse objeti-
vo pressupõe: • Implementar o modelo de proteção social, já
aprovado, assente em subsídio de renda, des-
a) Aprofundar a consolidação do associa- tinado a apoiar os arrendatários mais vulne-
tivismo municipal ao nível das Comuni- ráveis, após a conclusão, em 2017, do período
dades Intermunicipais (CIM) e valorizar o transitório de 5 anos, durante o qual vigoram
papel das Comissões de Coordenação e as cláusulas de salvaguarda e de limitação
Desenvolvimento Regional (CCDR), con- do aumento da renda. O subsídio de renda
tribuindo para o reforço das suas atribui- corresponderá ao diferencial entre a renda
ções e competências, criando condições fixada para o período transitório, atualizada
para a capacitação dos seus recursos hu- em face dos rendimentos que o agregado fa-
manos e a melhoria dos níveis de quali- miliar aufira no final desse período e o valor
dade dos serviços e de eficiência da ges- da renda atualizada, que pode ascender, na
tão pública local e central; falta de acordo das partes, a um máximo de
1/15 do valor patrimonial tributário do loca-
b) Incrementar o apoio público à melhoria do. Assim, o subsídio corresponderá, sempre,
dos níveis de eficiência coletiva, através à totalidade do valor da renda que ultrapas-
da densificação das redes de coopera- se o valor que o agregado pode suportar em
ção institucional e empresarial e da qua- função do seu RABC. O subsídio de renda
lificação dos dispositivos e das práticas poderá ser utilizado pelo arrendatário para o
de governança territorial, baseadas nos arrendamento em vigor ou, em alternativa e

114 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


se o desejar, para um novo contrato de arren- de realojamento assentes na reabilitação de
damento, contribuindo, assim, para a dinami- imóveis e na reconversão de áreas urbanas
zação do mercado de arrendamento e para a degradadas, em detrimento de soluções que
reabilitação dos imóveis. fomentem a nova construção.

• Fomentar o mercado social de arrendamen- • Alargar significativamente o peso da reabi-


to e o acesso à habitação social e assegurar, litação urbana no volume de negócios da
no quadro do novo regime de renda apoia- construção civil, passando de 10% em 2013,
da, a uniformidade, em todo o território, das para 17% em 2020 e 23% em 2030, através:
regras de atribuição de habitações sociais e
das condições em que a mesma habitação é a) Do Regime Excecional de Reabilitação
facultada. Assim, a renda será baseada numa Urbana (RERU), que dispensa, durante 7
taxa de esforço face ao rendimento do agre- anos, para as intervenções em edifícios
gado familiar, que atende à composição do com mais de 30 anos, o cumprimento
agregado familiar, por um lado, discriminan- de algumas normas que inviabilizavam,
do positivamente os agregados com mais fi- técnica e financeiramente, aquelas ope-
lhos e, por outro lado, incorporando no agre- rações;
gado familiar as pessoas com idade igual ou
115
superior a 65 anos. Quanto à atribuição de b)
Da implementação, no âmbito dos
habitações sociais, são estabelecidos crité- novos fundos europeus enquadrados
rios preferenciais para famílias monoparen- no Portugal 2020, de instrumentos
tais ou que integrem menores, pessoas por- financeiros de apoio às intervenções de
tadoras de deficiência ou com idade superior reabilitação e regeneração urbanas nas
a 65 anos, ou relativos a vítimas de violência áreas carenciadas, nas áreas industriais
doméstica. abandonadas, na habitação social, nos
edifícios públicos e na eficiência ener-
• Promover uma progressiva transferência de gética na habitação, atingindo 1000
toda a gestão da habitação social para os milhões de euros. A integração deste
municípios, centrando as atividades da ad- financiamento do Portugal 2020 com
ministração central na sua regulação e na fundos do BEI e da banca comercial, po-
harmonização dos mecanismos e regras de derá proporcionar um envelope financei-
atribuição de habitação. ro global de 3000 milhões de euros.

• Desenvolver programas de erradicação dos


núcleos de habitações precárias, promoven-
do o direito a habitação condigna por parte
de todos os cidadãos, privilegiando soluções
BiodiversidAde Litoral
e serviços • Proteger, ordenar, recuperar e valorizar a orla
costeira. Na sequência da prioridade que tem
dos ecossistemas vindo a ser dada à proteção e valorização do
litoral, nomeadamente, com o investimento,
nos últimos dois anos, de 300 milhões de
• Expandir e internacionalizar a marca natu-
euros para ações de proteção costeira e de
ral.pt, de produtos e serviços desenvolvidos
salvaguarda de pessoas e bens previstas no
com base nos recursos das áreas protegidas,
Plano de Ação de Proteção e Valorização do
atingindo, em 2016, 200 aderentes (produtos
Litoral, assim como pela concretização, pela
e serviços) e aumentando uma taxa média
primeira vez em 30 anos, de um programa
anual de 10% desde 2017 até 2030.
de demolição de construções ilegais na orla
• Identificar até 2020 o valor económico dos costeira, é agora fundamental:
principais serviços dos ecossistemas - não
a) Implementar a nova Estratégia Nacional
só ao nível da provisão de matérias-primas
de Gestão Integrada das Zonas Costeiras
e das oportunidades de recreio e lazer, mas
(ENGIZC 2020) e definir um novo modelo
também nas funções de regulação ambien-
de governança para o litoral, que reforce a
tal - e integrá-lo na contabilidade pública e
articulação entre o Estado e as autarquias;
nos sistemas nacionais de reporte (exemplo
REA - Relatório do Estado do Ambiente). b) Concretizar projetos de gestão sistémica
Desenvolver novos mecanismos de remu- de sedimentos, que visem a reposição do
neração dos serviços dos ecossistemas, no- ciclo sedimentar natural;
meadamente, sistemas de créditos de biodi-
versidade (assegurando a ausência de perda c) Promover o planeamento resiliente e de-
líquida de biodiversidade), bancos de habi- finir novas opções de ordenamento no
tats e novos mecanismos fiscais (num con- âmbito da nova geração de Programas
texto de neutralidade fiscal). Nesse sentido, para a Orla Costeira (POC);
é importante alargar a iniciativa TEEB (The
Economics of Ecosystems and Biodiversity), d) Intensificar a fiscalização e atuar na repo-
já iniciada no Parque Natural de S. Mamede, a sição da legalidade nos casos de ocupa-
todas as áreas protegidas, de modo a mape- ções ilegais no litoral;
ar e avaliar o estado dos ecossistemas e con-
tabilizar os benefícios económicos e sociais e) Desenvolver um programa de monitori-
dos respetivos serviços prestados, com vista zação global do sistema costeiro portu-
à posterior integração nas contas públicas e guês e elaborar mapas de vulnerabilida-
privadas. de e de risco para todo o litoral;

116 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


f) Concretizar ações prioritárias de prote- funcionamento da reserva de estabilidade
ção costeira, beneficiando da linha de de mercado, por forma a assegurar um am-
financiamento de 200 milhões de euros biente de investimento estável e promover o
prevista no PO SEUR 2014-2020. desenvolvimento e interligação de mercados
de carbono - sectoriais, nacionais e regio-
nais - como instrumento privilegiado para a
Alterações Climáticas obtenção de reduções de emissões custo-
-eficientes.
• Contribuir para a obtenção de um acordo
climático global, sucessor do Protocolo de • Defender, no contexto europeu, a criação de
Quioto, ambicioso, abrangente, justo e cus- um novo mecanismo de flexibilidade (CDM
to-eficiente, assegurando o cumprimento do doméstico) que reconheça, para efeitos do
objetivo de aumento da temperatura inferior mercado de carbono, as reduções de emis-
a 2°C face ao período pré-industrial. são em setores não incluídos no comércio de
emissões.
• Implementar o Programa Nacional para as
Alterações Climáticas (PNAC), asseguran- • Promover na UE, à semelhança do que já
do uma trajetória sustentável de redução acontece em Portugal na sequência da re-
117
das emissões de gases com efeito de estufa forma da fiscalidade verde, a adoção de re-
(GEE) de forma a alcançar uma meta de -18% gimes de tributação do carbono nos setores
a -23% em 2020 e de -30% a -40% em 2030 não abrangidos pelo CELE, indexada aos
em relação a 2005, garantindo o cumprimen- preços das licenças de carbono do CELE,
to dos compromissos nacionais de mitigação energéticos.
e colocando Portugal em linha com os obje-
• Assegurar, no âmbito das negociações euro-
tivos europeus.
peias e internacionais, o reconhecimento do
• Concretizar a Estratégia Nacional de Adap- potencial de absorção de gases com efeito
tação às Alterações Climáticas (ENAAC) e de estufa (GEE) das atividades de uso do
integrar a adaptação às alterações climáticas solo e florestas (LULUCF - Land Use, Land-
nos Instrumentos de Gestão Territorial, em Use Change and Forestry).
particular à escala local, conforme já previsto
no novo Regime Jurídico dos Instrumentos
de Gestão Territorial (RJIGT) aprovado em Energia
2015.
• Assumir a eficiência energética como a maior
• Fomentar, no contexto europeu, a reforma prioridade da política energética nacional.
do Comércio Europeu de Licenças de Emis- Nesse sentido, é importante atingir, em 2020,
são (CELE), incluindo a rápida entrada em o objetivo de redução do consumo de ener-
gia de 25% (30% na administração pública, de medidas implementadas com uma redu-
nas áreas da iluminação, frotas e edifícios) ção de 4.000 milhões de euros nas rendas
em 2020 e 30% em 2030. Existem seis ele- do setor energético, as políticas de redução
mentos estratégicos para que esta alteração dos custos nos setores elétrico, de gás natu-
de comportamentos do lado da procura pos- ral e dos combustíveis, a nível da produção,
sa concretizar-se: transporte, distribuição e comercialização,
que contribua para a redução da dívida ta-
a) Dinamizar as empresas de serviços de rifária, para o aumento da competitividade
energia (ESE); das empresas e para a redução da fatura dos
consumidores domésticos, com enfoque nas
b) Integrar, conceptualmente e operacional- questões sociais, aumentando o acesso aos
mente, a eficiência energética e a eficiên- serviços energéticos pelas famílias de baixos
cia hídrica; recursos. É fundamental aplicar plenamen-
te as medidas de cortes de custos no setor
c) Alocar cerca de 400 milhões de euros
elétrico já aprovados (totalizando 3.400 mi-
dos novos fundos europeus a esta priori-
lhões de euros) e continuar a política seguida
dade;
na presente legislatura, de não introduzir ne-
d) Assumir a fiscalidade verde como um fa- nhum custo adicional (CIEG), de modo a que
tor de reorientação de comportamentos, o sistema elétrico passe a ter superavit tarifá-
criando condições para que, cada vez rio a partir de 2016 e seja alcançado o objeti-
mais, produzir verde represente um fator vo de praticamente eliminar a dívida tarifária,
de competitividade e consumir verde um herdada do governo do PS, até 2020.
sinónimo de poupança;
• Aprofundar a integração dos mercados ibé-
e) Assegurar que as políticas para a efici- ricos, tanto da energia elétrica como do gás
ência energética são monitorizadas e natural. Depois da constituição do Mibel,
avaliadas com exactidão, sendo, para tal, deve agora ser concluída a constituição do
importante avançar, gradualmente e sem Mibgás, assegurando a coordenação das
acréscimo de custos para os consumido- atividades de gás na Península Ibérica, crian-
res, com projetos de contagem inteligen- do as condições para a eliminação da dupla
te (telegestão) de energia; tarifação fronteiriça de gás natural entre Por-
tugal e Espanha e consolidadando a impor-
f) Promoção custo-eficiente da mobilidade tância estratégica do hub ibérico de gás.
sustentável, incluindo a mobilidade elé-
trica, os transportes coletivos e os modos • Consolidar o processo de liberalização do
de mobilidade suave, como a bicicleta. mercado da energia, com especial enfoque
na competitividade dos custos energéticos,
• Prosseguir, na sequência dos três pacotes na promoção da concorrência e na proteção

118 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


dos consumidores, em especial, dos mais mercados onde a procura de energia elétri-
vulneráveis. No contexto de um mercado li- ca ainda se encontra em forte crescimento.
beralizado, deve ser simplificado o processo Trata-se, para Portugal, de uma alteração de
de mudança de comercializador e, adicio- paradigma: de bom utilizador de renováveis,
nalmente, ser fornecida informação clara e para exportador de renováveis. Além da re-
comparável sobre consumos, tarifas, termos ferida produção, com custos unitários mais
e condições dos contratos, aos consumido- reduzidos e com recurso a mecanismos de
res, comercializadores, operadores de rede mercado, de eletricidade a partir de fontes
e operadores de mercado. A concretização renováveis com maior maturidade tecnológi-
deste objetivo inclui a implementação do ca, como é o caso da hidroeletricidade, eólica
Operador Logístico de Mudança de Comer- e solar, Portugal deve promover igualmente
cializador (OLMC), como operador indepen- projetos de investigação e demonstração nas
dente de todas as empresas que atuam no novas tecnologias de energia, como a produ-
sector, que deverá ser igualmente responsá- ção de energia offshore (eólica e das ondas),
vel pela gestão da Rede de Mobilidade Elé- a energia solar concentrada e sistemas de
trica. armazenamento distribuído de eletricidade.

• Aplicar de forma eficiente o novo enquadra- • Fomentar o autoconsumo de energia, como 119
mento legal da tarifa social no gás e na ele- medida eficiente de promoção de fontes de
tricidade, de modo a proporcionar a redução, energia renovável (em especial energia solar)
em 31%, da tarifa de gás natural e, em 34%, e de redução da necessidade de investimen-
da tarifa de eletricidade a cerca de 500 mil to nas redes de distribuição, atingindo pelo
consumidores. menos 300MW, em 2020, tirando partido
do novo regime de autoconsumo através do
• Aumentar a produção de energia renovável qual foram simplificados os procedimentos e
(atingindo 31%, em 2020, e 40%, em 2030, o orientados os projetos para o consumo indi-
peso de fontes renováveis no consumo final vidual, possibilitando a injeção do remanes-
bruto de energia) e assumir, no quadro euro- cente na rede a preço de mercado, isto é,
peu clima e energia para 2030, depois da bem permitindo que as famílias possam produzir
sucedida negociação sobre interligações de a sua própria eletricidade sem causarem so-
eletricidade (10% em 2020 e 15% em 2030), brecustos no sistema tarifário.
a oportunidade de posicionar Portugal como
um fornecedor de energias renováveis para a • Estabelecer, no contexto europeu, o reforço
UE, sem sobrecustos para o sistema elétrico das interligações não só de eletricidade mas
nacional. Por outro lado, a aposta na interli- também de gás, posicionando Portugal, atra-
gação com outros mercados, como o Norte vés do terminal de Sines, como porta de en-
de África, permitirá expandir as exportações trada de Gás Natural Liquefeito (GNL) na UE,
de eletricidade do mercado Europeu para contribuindo para a segurança energética da
UE e para uma utilização mais eficiente das • Consolidar a aposta custo-eficiente na mo-
infraestruturas, com consequente redução bilidade elétrica, alargando e introduzindo
de custos para os consumidores. maior concorrência na rede pública, privile-
giando os modos de carregamento em locais
• Prosseguir a concretização da reforma, já privados (habitações e locais de trabalho) e
aprovada, do setor dos combustíveis, visan- em locais privados de acesso público (por
do o aumento da transparência e da compe- exemplo, centros comerciais), concretizan-
titividade, traduzida: do programas de mobilidade sustentável na
administração pública (até 2020, introduzir
a) No reequilíbrio dos custos do sistema de 1200 viaturas elétricas na renovação da frota
gás natural (através do alargamento da em contexto de gestão partilhada de frota)
contribuição extraordinária da energia e mitigando, através dos incentivos concre-
aos contratos take-or-pay); tizados na reforma da fiscalidade verde, as
desvantagens, ao nível do preço, dos veícu-
b) Na liberalização do mercado do gás;
los elétricos e híbridos plug-in, face aos veí-
c) Na constituição da ENMC - Entidade Na- culos convencionais;
cional do Mercado dos Combustíveis;
• Reforçar a aposta em atividades de inves-
d) Na publicação dos preços referência dos tigação, prospeção e exploração de hidro-
combustíveis líquidos e do gás butano e carbonetos, em condições que assegurem a
propano de botija; proteção ambiental e dos ecossistemas ma-
rinhos, contribuindo para o desenvolvimento
e) Na eliminação das barreiras à entrada económico, a criação de emprego e a redu-
de novos operadores no setor do GPL ção da dependência energética do exterior.
engarrafado e na estandardização dos
equipamentos; • Promover atividades de valorização susten-
tável dos recursos geológicos e minerais –
f) Na promoção do gás natural veicular; que podem atingir 1% do PIB e 25 000 pos-
tos de trabalho –, através:
g) Na generalização dos combustíveis sim-
ples (low cost); a) Do aprofundamento das atividades de
mapeamento, conhecimento e investiga-
h) Na passagem para a esfera da regulação, ção sobre os recursos minerais;
de modo a fomentar o acesso por tercei-
ros, das atividades de armazenamento e b) Da promoção, internacionalização e atra-
logística na área dos produtos petrolífe- ção de investimento privado e internacio-
ros. nal para o sector, devendo, para o efeito,
ser constituído o Balcão Único Mineiro;

120 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


c) Da revisão do modelo de licenciamento
mineiro no sentido de tornar mais rápida
e transparente a tramitação do pedido e
de dotar o investidor de toda a informa-
ção disponível sobre a área requerida na
fase inicial dos procedimentos, tornan-
do obrigatória a consulta, desde a fase
de prospeção e pesquisa, aos municípios
e às entidades competentes na área da
preservação ambiental e patrimonial, da
gestão territorial e da conservação da
natureza.

121
APROFUNDAR O ESTADO
DE DIREITO E ROBUSTECER
O EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES
DE SOBERANIA

Ao longo da última legislatura trabalhámos, con- tabilidade e não podem ser sujeitas a modifica-
sistentemente, no sentido da consolidação dos ções permanentes ou a mudanças determinadas
princípios e valores do Estado de Direito Demo- apenas pela vontade de mudar. Por isso o nosso
crático. De um Estado exclusivamente orientado, compromisso fundamental é o de assegurar a sua
na sua ação, pela defesa do interesse público. estabilidade sem prejuízo, evidentemente, da ne- 123

De um Estado que não transija perante a cor- cessária avaliação dos seus efeitos e da introdu-
rupção. De um Estado com respeito escrupulo- ção, se disso for caso, de pontuais correções.
so pelo princípio da separação de poderes e da
independência do poder judicial. Também neste
plano Portugal está a mudar de forma determi-
nada e consistente.
Um Sistema Político
Não esquecemos, por outro lado, que é ao Es-
mais eficiente, mais
tado que cabe criar as condições e os espaços transparente, mais
adequados à normalidade da vida em socieda-
de e à participação ativa dos cidadãos. E que vinculado e gerador
isso pressupõe, antes do mais, que se assegure
o exercício efetivo das tradicionais funções de de confiança e
soberania, a que se deve somar, por força das
transformações profundas que se têm vindo a
credibilidade
registar na concepção do papel do próprio Es- A política é património dos cidadãos e não pode
tado, as tarefas e responsabilidades regulatórias. resumir-se aos agentes políticos que apenas
exercem um mandato que é democraticamente
As reformas que nestes domínios foram levadas
delegado.
a cabo ou estão em curso, requerem agora es-
A humilhação com que Portugal e os portugue- O Parlamento, centro da ação política e da deli-
ses se confrontaram em 2011, quando em con- beração democrática, deve ser alvo de reformas
texto de pré-bancarrota nos vimos obrigados a que permitam aprofundar a representatividade
recorrer - pela terceira vez em quarenta anos de proporcional e a confiança dos cidadãos na ins-
democracia - a um resgate financeiro agravou a tituição e nos membros que a compõem.
crise de confiança dos cidadãos nas instituições.
Comprometemo-nos a incrementar medidas
Rigor, previsibilidade, transparência, exempla- que assegurem mais eficientemente a atuação e
ridade e escrutínio são, e continuarão a ser, os a responsabilidade dos eleitos e que fortaleçam
valores que balizam o caminho prosseguido os vínculos entre eleitores e eleitos.
para devolver a confiança dos cidadãos na polí-
tica e nos atores políticos. Valores que impõem Promoveremos, ainda, instrumentos que habili-
um compromisso cada vez mais acentuado com tem cada vez mais o exercício da participação
uma matriz de cultura e de conduta política que política pelos cidadãos num quadro cada vez
assegure, em simultâneo, a firmeza das institui- mais pronunciado de democracia participativa.
ções e a confiança dos cidadãos.
No plano da reforma do sistema político, espaço
Neste quadro, continuaremos o processo de pro- natural e necessário do diálogo entre forças polí-
moção de mecanismos de responsabilização e ticas, elegemos assim como prioridades:
controlo da ação política, de escrutínio sobre os
níveis de empenho e de eficiência na prossecu- • Manter, em matéria de sistema eleitoral, o sis-
ção do interesse público, bem como da qualida- tema proporcional afinado pelo método de
de do funcionamento das instituições ao serviço Hondt, estando aberto à possibilidade da in-
efetivo e quotidiano dos cidadãos e da eficiência trodução do chamado voto preferencial, em
na utilização dos recursos públicos. que os eleitores, para além de fazerem uma
opção partidária, podem indicar candidatos
A luta contra a corrupção permanecerá como da sua preferência na lista partidária. Os par-
um dos objetivos cruciais da nossa ação política. tidos da coligação trabalharão em propostas
Declaramos tolerância zero às graves ameaças que articulem os princípios da representati-
ao Estado de Direito Democrático e, neste pata- vidade, da pluralidade e da acrescida inter-
mar, prosseguiremos no combate aos fenómenos venção dos eleitos nas escolhas.
transnacionais que minam a democracia e que
promovem o desvio dos recursos necessários à • A aprovação/organização de um Código
promoção do desenvolvimento humano, social e Eleitoral: promoveremos uma organização
económico, tal como continuaremos a enfrentar sistémica das leis eleitorais que permita aos
sem indulgência a criminalidade organizada e as cidadãos condições de acesso e de compre-
potenciais cumplicidades e abusos do sistema ensão simplificada e ordenada dos regimes
político e dos sistemas financeiro e bancário. jurídicos eleitorais respeitantes aos diversos
órgãos eleitos. A codificação facilita a elimi-

124 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


nação de discrepâncias nos diversos regimes plificada e célere, aprofundando os meca-
e aumenta a coerência dos regimes e dos nismos de responsabilização e de escrutínio
sistemas eleitorais nacional, regional, local e sobre os níveis de empenho e de eficiência na
para o Parlamento Europeu. resposta ao cidadão. Neste âmbito é nosso
compromisso promover uma cultura cada vez
• O desenvolvimento de projetos-piloto de voto acentuada para a transparência e para o di-
eletrónico e de voto em mobilidade, especial- reito de acesso à informação pelos cidadãos.
mente para as comunidades no estrangeiro;
• Reforçaremos as garantias de transparência
• A aprovação/organização de um Código de e probidade na ação política, através da uni-
Referendos: Promoveremos uma organiza- versalidade e da harmonização dos registos
ção sistémica das leis dos referendos que de interesses exigidos aos titulares de cargos
permita aos cidadãos condições de acesso políticos e públicos, tendo em consideração
e de compreensão simplificada e ordenada os diversos patamares de responsabilidade.
dos respetivos regimes jurídicos. Daremos sequência ao trabalho que vem
sendo desenvolvido, adotando atos legis-
• A revisão dos regimes de referendos e de lativos respeitantes ao estabelecimento de
iniciativa legislativa popular: nomeadamen- regras de registo obrigatório e gratuito para 125
te promovendo a simplificação dos procedi- a atividade de representação de interesses
mentos e dos requisitos exigidos para a ini- legítimos (vulgo lobbying), em alinhamento
ciativa popular de referendo nacional e para com o quadro da União Europeia e, nomea-
a iniciativa legislativa por cidadãos. . damente para os âmbitos de decisão parla-
mentar e executiva, bem como os respetivos
• A organização de um Código de Participação
códigos de conduta.
Política por cidadãos: promoveremos uma or-
ganização sistémica dos instrumentos de par- • Trabalharemos no sentido de rever o Regi-
ticipação política por cidadãos, por forma a mento da Assembleia da República, por for-
simplificar a compreensão, a ordenar coeren- ma a aprofundar a equidade do sistema de
temente os regimes jurídicos, a estimular o re- representação proporcional, bem como a
curso pelos cidadãos aos instrumentos dispo- incrementar a perceção pública respeitan-
níveis, bem como a alargar e a aprofundar os te ao trabalho dos deputados nos diversos
instrumentos de participação política vigentes. patamares de atuação. Promoveremos a re-
organização das esferas de atuação das co-
• Promoveremos o aprofundamento da lei da
missões permanentes e do plenário com o
transparência no acesso à informação públi-
objetivo de garantir maior rendibilidade do
ca que reforce, por um lado, os deveres da
trabalho desenvolvido.
administração nesta matéria e, por outro, que
garanta aos cidadãos a efetivação do direito • Reforçaremos o controlo parlamentar dos
de acesso à informação de forma ágil, sim-
organismos independentes e de supervisão, Uma derradeira nota respeitante ao tema da re-
tornando absolutamente claro que, em de- visão constitucional. Sabemos que a Assembleia
mocracia, não há entidades não escrutiná- da República que vamos eleger terá poderes or-
veis e que o respeito pelo escrutínio demo- dinários de revisão constitucional tal como, ali-
crático não se confunde com qualquer lesão ás, já sucedia na atual legislatura. Os partidos da
da independência das entidades reguladoras coligação estão conscientes de que a maioria de
e de supervisão. dois terços necessária para essa revisão depende
da vontade politica, não apenas de ambos, mas
• Reforçaremos o escrutínio das políticas pú- também do maior partido da oposição. Esse fac-
blicas - As transformações sociológicas a to desaconselha portanto um excesso de insis-
que vimos assistindo nas sociedades reve- tência neste ponto em tempo de campanha elei-
lam uma desconfiança cada vez maior dos toral. É conhecida a disponibilidade dos partidos
cidadãos face aos modelos representativos e da coligação para melhorias da lei fundamental e
governativos. Esta circunstância impõe o de- já mencionámos a importância de garantir, para
senvolvimento de novos modelos de envol- futuro, que o abuso e o excesso de divida pública
vimento dos cidadãos nas escolhas das polí- constituam um ónus profundamente injusto para
ticas públicas, cientes dos efeitos concretos as atuais gerações e para as gerações vindouras.
que cada opção possa acarretar.

• Consolidaremos e aprofundaremos o mode-


lo de autonomia das Regiões Autónomas, DEFESA NACIONAL –
com base num diálogo permanente com os
órgãos de governo próprio das Regiões Au-
GARANTIR A ESTABILI-
tónomas, com particular incidência nas áre-
as da agricultura, do mar e das pescas, do
DADE DA REFORMA EM
ambiente, da energia, dos transportes, do CURSO
turismo, da saúde, da segurança social e da
fiscalidade. Aprofundaremos igualmente a No domínio da defesa nacional está em cur-
cooperação na estratégia de participação so uma reforma profunda que tem subjacente,
das Regiões Autónomas nos processos de por um lado, o redimensionamento sustentável
decisão europeia e na consagração do re- da estrutura das Forças Armadas e, por outro, o
gime específico das ultraperiferias. Promo- reequilíbrio dos rácios afectos às despesas com
veremos ainda uma melhor clarificação da pessoal, com manutenção e operação e com in-
repartição de competências entre os órgãos vestimento, em ordem a privilegiar, sempre, a
de soberania e as Regiões Autónomas, ajus- componente operacional. Tal reforma, denomi-
tando em conformidade os mecanismos de nada “Defesa 2020”, consubstanciou-se, numa
controlo constitucional. primeira fase, na revisão do Conceito Estratégico
de Defesa Nacional, da Lei de Defesa Nacional

126 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


e da Lei Orgânica de Bases da Organização das sa nacional na próxima legislatura. Em obediên-
Forças Armadas e, num segundo momento, na cia a essa lógica, propõe-se:
aprovação das novas leis orgânicas do Ministério
da Defesa Nacional, do Estado Maior General das • Garantir a execução e desenvolvimento coe-
Forças Armadas e dos Ramos, bem como na mo- rente do Sistema de Forças e Dispositivo de
dificação da Lei de Programação Militar, da Lei Forças, o que permitirá, ao mesmo tempo,
de Programação das Infra-estruturas Militares e concretizar a libertação de imóveis que pode-
do Estatuto dos Militares das Forças Armadas. rão ser aproveitados noutras valências, man-
tendo uma presença coerente e integrada das
A defesa nacional é uma essencial função de so- Forças Armadas no território nacional;
berania, em cujo âmbito as Forças Armadas as-
sumem um papel nuclear, seja no plano da defe- • Proceder à concretização do regime do con-
sa da independência nacional e na proteção do trato especial, numa abordagem mais dinâ-
território, seja no plano da afirmação internacio- mica dessa realidade;
nal do Estado Português por via da sua partici-
pação em missões internacionais, com destaque • Rever o modelo da Ação Social Complemen-
para aquelas que são levadas a cabo por orga- tar para a família militar, incrementando a
nizações internacionais de que o nosso País faz capacidade e qualidade da resposta e ade-
quando-a às efetivas necessidades e capaci- 127
parte, como sucede com a ONU, a NATO e a UE.
dades dos seus beneficiários;
Nessa medida, é fundamental garantir que a
política de defesa nacional se desenvolva num • Desenvolver sinergias e parcerias com enti-
quadro de previsibilidade, evitando as lógicas dades e organismos públicos, no sentido de
disruptivas ou a cedência à tentação de mudar garantir uma resposta integrada para os be-
só por mudar, atitudes que são apenas gerado- neficiários da Ação Social Complementar;
ras de instabilidade que afeta negativamente a
• Reforçar as políticas integradoras nos do-
solidez dessa política, bem como o estado de
mínios da gestão de recursos, humanos, fi-
espírito dos militares das Forças Armadas. As-
nanceiros e materiais no universo da defesa
sim, a preocupação essencial que deve orientar
nacional;
nos próximos anos a política de defesa nacional
deve ser a de assegurar a estabilidade no cum- • Garantir a consolidação do Enquadramento
primento da profunda reforma em curso, inde- Estratégico Orçamental, na perspectiva de
pendentemente como é óbvio, da necessidade uma Forças Armadas mais operacionais;
de proceder a uma adequada avaliação dos seus
resultados e da eventual introdução, se disso for • Promover o apoio à internacionalização das
caso, de pontuais alterações. empresas da Economia de Defesa, reforçan-
do o papel do Estado como parceiro das
Executar, complementar e consolidar devem ser, empresas nacionais no aumento da sua com-
assim, as ideias orientadoras da política de defe-
petitividade e a presença nacional e interna- -lhes nomeadamente o mais adequado apoio
cional, prosseguindo e incrementado o apoio social;
à atividade da IDD – Plataforma das Indús-
trias de Defesa Nacionais; • Reforçar o apoio ao projeto do turismo militar,
consolidando uma oferta integrada e coerente
• Satisfazer as reais necessidades de equipa- do património histórico e militar de Portugal;
mento e preservação patrimonial das Forças
Armadas, por via de uma adequada execu- • Promover o reforço da ligação entre a institui-
ção dos compromissos constantes da lei de ção militar e os cidadãos, através de visitas a
programação militar e da lei de programação unidades, estabelecimentos e órgãos militares
das infraestruturas militares; (potenciado entre outros contributos, aquele
que pode ser dado pelo Dia da Defesa Nacio-
• Aprofundar o enquadramento adequado do nal), por forma a contribuir para um aumento
Ensino Superior Militar e da Saúde Militar, progressivo da cultura de defesa na socieda-
permitindo a maximização dos recursos ma- de portuguesa, que se reflita numa maior re-
teriais e humanos disponíveis; cetividade da opinião pública à valorização e
modernização das Forças Armadas;
• Prosseguir uma política de abertura dos es-
tabelecimentos militares de ensino, de forma • Reforçar a participação das Forças Armadas
a continuar o aumento da sua procura, con- portuguesas em missões de cooperação e in-
ferindo sustentabilidade à sua atividade; ternacionais de apoio à paz e à segurança,
no âmbito dos compromissos assumidos na
• Enquadrar a atividade do Arsenal do Alfei- ONU, OTAN e UE;
te S.A., num modelo que, garantindo a sua
componente militar, permita encontrar novas • Proceder a uma aproximação gradual aos
oportunidades de negócio, tanto no merca- compromissos internacionais assumidos, no-
do interno como no mercado internacional; meadamente os que resultam da nossa vin-
culação à NATO e UE, valorizando as com-
• Promover o trabalho de proximidade das ponentes conjuntas e o aprofundamento
Forças Armadas com as comunidades locais dos programas Smart Defence e Pooling and
e valorizar as missões de interesse público Sharing, respetivamente;
desenvolvidas pelas Forças Armadas, re-
conhecendo também a necessidade de, em • Valorizar e reforçar a presença em cargos
sede de futura revisão constitucional, clarifi- nas estruturas internacionais relacionados
car os conceitos de segurança e de defesa; com a área da Defesa;

• Prosseguir a política de dignificação do es- • Incrementar a cooperação técnico-militar com


tatuto dos Antigos Combatentes e dos De- os Países da CPLP, promovendo, também, as
ficientes das Forças Armadas, assegurando- relações no âmbito da economias de defesa;

128 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


PROSSEGUIR O REFORÇO segurança interna deve ser marcada, fundamen-
talmente, pela fidelidade às orientações que têm
DAS POLÍTICAS DE vindo a ser seguidas, que se deve traduzir nas
seguintes medidas:
SEGURANÇA • Aprofundar o esforço para libertar efetivos
de tarefas burocráticas para funções opera-
Segurança Interna cionais de segurança e de policiamento, as-
segurando gradativamente a admissão de
A segurança interna constitui, indubitavelmente, elementos civis nas Forças de Segurança para
uma das responsabilidades primárias do Estado. desempenhar tarefas de carácter administra-
Porque é ao Estado que cabe proteger a vida e tivo, logístico, burocrático ou de manutenção;
a integridade física das pessoas, assegurar a paz
pública e defender a ordem democrática, condi- • Continuar a trabalhar no sentido de robuste-
ções básicas indispensáveis à própria vida da co- cer os mecanismos de coordenação e coope-
munidade, ao seu desenvolvimento, à defesa dos ração entre as diversas Forças e Serviços de
direitos fundamentais dos cidadãos e à normal Segurança, em ordem a evitar duplicações
convivência entre eles, bem como ao progresso de competências e missões;
129
e desenvolvimento da sociedade. Sem que todos
esses valores estejam devidamente assegurados • Incrementar as capacidades de planeamen-
é o próprio edifício do Estado de Direito Demo- to, através de uma permanente articulação
crático que fica posto em causa. com a vertente prevenção e com o sector
das informações, assegurando a correta ado-
Ao longo dos últimos 4 anos foi possível assegu- ção de medidas de natureza operacional;
rar, quer do ponto de vista da operacionalidade,
quer das exigências particularmente difíceis que • Valorizar o papel da Plataforma para o In-
se colocaram, um escrupuloso e rigoroso cum- tercâmbio de Informação Criminal (PIIC),
primento dos fins e interesses inerentes à função através da qual se pretenda ligar as diversas
de segurança interna. Uma atuação que se tra- bases de dados da GNR, PSP, PJ, SEF e PM,
duziu numa queda constante e consistente dos ficando definitivamente assente que cabe à
valores da criminalidade. Não pode esquecer-se, figura do Secretário-Geral do Sistema de Se-
contudo, que as nossas sociedades estão, hoje, gurança Interna a sua “administração”;
confrontadas com novas e significativas e ame-
• Assegurar uma adequada representação das
aças, pelo que temos de estar permanentemen-
nossas forças e serviços de segurança em
te preparados para responder aos desafios que
todos os órgãos internacionais que lhes di-
elas colocam.
gam respeito, porquanto essa cooperação é
A essa luz, a atuação do Estado em matéria de decisiva na obtenção de informação e na sua
operacionalização;
• Prosseguir o reequipamento e moderniza- de de evitar comportamentos de risco.
ção das Forças de Segurança, melhorando a
execução e o escrupuloso cumprimento da Em linha com essa orientação geral, são as se-
Lei de Programação de instalações e equipa- guintes as linhas de actuação a favorecer:
mentos das forças de segurança;
• Aprovar a Estratégia Nacional de Segurança
• Intensificar as ações de patrulhamento em Rodoviária 2016-2020, cujos trabalhos estão
zonas urbanas sensíveis; já em curso;

• Dar pleno cumprimento à Estratégia Nacio- • Generalizar o desenvolvimento dos Planos


nal de Combate ao Terrorismo, nas suas múl- Municipais de Segurança Rodoviária, ten-
tiplas vertentes; do em vista dotar todos os municípios por-
tugueses deste importante instrumento de
• Reforçar o papel do Sistema de Informações prevenção e segurança rodoviária;
da República Portuguesa no combate às
ameaças internas e externas, trabalhando ao • Incrementar a georeferenciação dos aciden-
mesmo tempo para melhorar, junto da opi- tes rodoviários, utilizando os terminais SI-
nião pública, a consciência da relevância da RESP das forças de segurança, sendo tam-
sua atuação; bém este um elemento chave para combater
a sinistralidade rodoviária dentro das locali-
• Intensar o combate do tráfico ilegal de pes- dades;
soas e de estupefacientes, através do reforço
das vigilâncias das nossas fronteiras, nomea- • Avançar com a segunda fase de expansão do
damente na orla marítima. SINCRO (Sistema Nacional de Controlo de
Velocidade), tendo presente as característi-
cas da sinistralidade rodoviária em Portugal;
Segurança Rodoviária
• Continuar a valorizar o reforço da seguran-
A segurança rodoviária tem de continuar a me- ça, direitos e deveres dos utilizadores mais
recer uma atenção particular por parte, não ape- vulneráveis, reforçando o estatuto do peão e
nas dos poderes públicos, mas da sociedade no do ciclista, dando assim adequado reconhe-
seu conjunto. Com efeito, se é verdade que o cimento a estas soluções de mobilidade, com
País tem registado progressos significativos nes- importantes benefícios para o ambiente, saú-
te domínio, não é menos verdade que a perda de de e economia:
vidas humanas nas nossas estradas atinge ainda
valores significativos. E o combate a esse flagelo • Concretizar e avaliar a introdução da carta
não pode, nem deve, basear-se apenas em medi- por pontos, aumentando o grau de percep-
das punitivas, antes requerendo a conscienciali- ção e de responsabilização dos condutores,
zação acrescida dos cidadãos para a necessida- face aos seus comportamentos, com a ado-

130 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


ção de um sistema sancionatório mais trans- da Lei de Bases de Proteção Civil e concreti-
parente e de fácil compreensão; zar as reformas que dela decorrem, como a
revisão do Sistema Integrado de Operações
• Promover a realização de campanhas de sen- de Proteção e Socorro (SIOPS) ou a criação
sibilização e esclarecimento dos cidadãos, as das Zonas Operacionais;
quais contribuem, por um lado, para uma me-
lhor compreensão das regras rodoviárias e, por • Dar seguimento aos trabalhos iniciados entre
outro, para uma melhor perceção dos compor- os Ministérios da Defesa Nacional, da Admi-
tamentos de risco, contribuindo, assim, para a nistração Interna e da Saúde, no sentido de,
redução de sinistralidade rodoviária; assegurando a melhor defesa do interesse
público nas várias vertentes envolvidas, se
• Desenvolver trabalho estatístico referente alcançar o objetivo mais amplo de definição
à informação sobre sinistralidade associada e execução dos conceitos de emprego e ges-
aos quilómetros percorridos. tão dos meios aéreos próprios do Estado no
combate aos incêndios florestais;

Proteção Civil • Continuar os trabalhos técnicos de elabora-


ção de cartografia de risco, seja ao nível dis-
131
Portugal dispõe hoje de uma estrutura de pro- trital, seja ao nível municipal, no sentido de
teção civil competente no plano operacional e dotar o País dos necessários instrumentos de
assente num edifício normativo claro, resultante planeamento, contribuindo assim para uma
das alterações recentemente introduzidas na Lei maior resiliência do território e segurança
de Bases de Proteção Civil. O objectivo essen- das populações;
cial deve ser, assim, o de reforçar as condições
de resposta a qualquer eventualidade com que o • Promover a constante avaliação e acompa-
País possa vir a confrontar-se nhamento da lei de financiamento das asso-
ciações humanitárias de bombeiros volun-
Neste domínio, atenção particular deve continu- tários, enquanto detentoras de corpos de
ar a ser concedida à questão dos fogos flores- bombeiros, que pretendeu conferir a estas
tais, atento o risco que Portugal apresenta por instituições um sistema de financiamento
força das condições climatéricas, o que envolve, mais justo e transparente, no sentido de veri-
necessariamente, o reconhecimento do papel ficar a sua adequação e introduzindo os ajus-
especial que, neste âmbito, cabe aos corpos de tamentos que se mostrem necessários;
bombeiros.
• Desenvolver os programas de apoio infraes-
Nesses termos, a atuação na área da proteção trutural e de equipamentos aos corpos de
civil deve assentar nas seguintes medidas: bombeiros, no sentido de manter e incre-
mentar os níveis de resposta operacional
• Monitorizar os efeitos da aplicação da revisão destes agentes de proteção civil, promoven-
do um correto e estruturado aproveitamen- como garantia última dos direitos e liberdades
to dos fundos comunitários disponíveis para do cidadão e que potencie a Justiça como um
esse efeito; valor permanente na organização política da so-
ciedade.
• Continuar a desenvolver e atualizar o Esta-
tuto Social do Bombeiro, reconhecendo a Para que tal seja conseguido, impõe-se que se
relevância do facto de ser maioritariamente simplifiquem os procedimentos, os normativos e
voluntária a génese da estrutura de proteção as estruturas judiciárias e que se torne o sistema
e socorro; judiciário acessível e percetível pelos cidadãos.
A qualidade resulta, também, da especialização
• Aprovar o Estatuto da Força Especial de e a rapidez promove-se com uma maior proximi-
Bombeiros, conferindo-lhe estabilidade e dade na gestão processual, que permita a ado-
clarificando a sua dependência administrati- ção de medidas, em tempo útil, para promoção
va e operacional; de uma resposta.
• Consolidar a aposta na diversificação e no Estes foram, precisamente, os princípios orien-
aumento da oferta formativa da Escola Na- tadores das profundas e coerentes reformas
cional de Bombeiros, assegurando uma for- levadas a cabo na presente legislatura, quer no
mação de qualidade, que constitui o maior plano normativo, quer no plano da organização
garante da segurança de todos os interve- judiciária, quer no plano da inovação capaz de
nientes; assegurar condições de maior celeridade, espe-
cialização e proximidade na realização da Justi-
• Promover o diálogo com as autarquias e
ça. Reformas que não esqueceram, igualmente,
as estruturas representativas dos bombei-
a relevância da aplicação de medidas que contri-
ros profissionais, por forma a concretizar a
buam para a competitividade económica.
melhoria e dignificação da sua carreira bem
como as condições necessárias a uma boa Em coerência com a estratégia seguida, propo-
resposta operacional. mo-nos complementar as reformas introduzidas,
seja no que toca à simplificação normativa ou no
que respeita à coesão, à consolidação e à har-
Uma Justiça mais célere, monização dos diversos instrumentos e pilares
mais ágil e mais próxima da organização judiciária, nomeadamente atra-
do cidadão vés:

A Justiça constitui um valor estruturante do • Da promoção da monitorização das reformas


Estado de Direito Democrático. Nessa medida, efetuadas: a dimensão e abrangência das re-
compete ao Estado definir e concretizar uma po- formas introduzidas impõem um permanen-
lítica pública de Justiça que opere efetivamente te acompanhamento da respetiva execução

132 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


e uma permanente e efetiva disponibilidade e por juiz (valores de referência processual)
para promover as correções que vierem a ser no quadro dos objetivos estratégicos de mo-
consideradas adequadas e necessárias. nitorização estabelecidos na legislação em
vigor.
• Da consolidação da execução dos planos de
combate à corrupção, ao branqueamento de • Do reforço das estruturas e dos instrumentos
capitais e à criminalidade organizada. Ten- de coordenação, fiscalização e transparên-
do estabelecido com prioridade prevenir e cia. Promoveremos a criação de um Conse-
reagir contra a corrupção, o branqueamen- lho Superior do Poder Judicial, a prazo, em
to de capitais e a criminalidade organizada, substituição dos atuais Conselho Superior de
prosseguiremos no reforço das estratégias Magistratura e Conselho Superior dos Tribu-
em curso de execução, bem como no reforço nais Administrativos e Fiscais, por forma a
dos instrumentos adequados e necessários reforçar a coerência e o escrutínio público no
aos objetivos estabelecidos. sector. Promoveremos igualmente a publica-
ção do relatório semestral sobre o estado dos
• Do desenvolvimento dos manuais de boas serviços e a qualidade da resposta, a cargo
práticas: a transparência, rigor e previsibili- dos Presidentes dos Tribunais de Comarca,
dade na atuação dos titulares de órgãos e elaborado nos termos da Lei da Organização
133
cargos políticos ou públicos, bem como na do Sistema Judiciário adotada na presente
administração pública, é objetivo a prosse- legislatura. Ampliaremos, adequando-as, as
guir através de instrumentos adequados a regras respeitantes ao quadro dos objetivos
garantir parâmetros elevados de compro- estratégicos de monitorização aos Tribunais
misso de uma ordem jurídica de qualidade Superiores.
ao serviço dos cidadãos. Dentro destas boas
práticas deve-se criar as condições para que • Da reorganização das estruturas no âmbito
possa ser publicado um Relatório Anual da da administração da justiça e da organização
atividade disciplinar dos Conselhos Superio- judiciária. Promoveremos a reorganização
res. dos Tribunais superiores, incluindo do Supre-
mo Tribunal de Justiça, redimensionando-
• Da continuação dos trabalhos no âmbito -os em função do aumento do recurso aos
do Plano de Ação para a Sociedade de In- meios de resolução extrajudicial de conflitos,
formação na Justiça. Neste âmbito, importa que foram entretanto especificamente con-
também aprofundar as condições de aces- sagrados na Lei de Organização do Sistema
so à informação pelos cidadãos, sendo que, Judiciário como parte integrante da rede de
para além da informação relativa ao anda- administração de justiça, bem como em fun-
mento processual na perspetiva do utente, ção da variação dos recursos decorrente da
deverá garantir-se informação respeitante à vigência do novo Código de Processo Civil.
evolução anual das pendências por tribunal Promoveremos a reorganização da jurisdição
administrativa. Promoveremos a reorganiza- precise, introduzindo mecanismos de mais
ção do mapa notarial. Integraremos no Insti- efetiva fiscalização dos procedimentos por
tuto de Registos e Notariado, IRN o registo forma a evitar abusos. Promoveremos a revi-
das sociedades financeiras. Aprovaremos os são do regime das cláusulas contratuais ge-
Estatutos dos Magistrados Judiciais e dos rais, nomeadamente no que respeita ao re-
Magistrados do Ministério Público. forço do direito à informação pelos cidadãos
e empresas. Avançaremos com a revisão do
• Da simplificação e harmonização legislativa. regime de responsabilidade dos administra-
Promoveremos a aproximação do Código de dores de sociedades, bem como do regime
Procedimento e de Processo Tributário ao das responsabilidades das auditoras, ROCs
Código de Processo Civil, através da simpli- e TOCs. Promovereremos um regime de in-
ficação dos procedimentos e da introdução compatibilidades dos auditores.
de prazos decisórios. Promoveremos a ade-
quação da Lei Geral Tributária ao Código • Da prioridade à reabilitação e à reinserção
do Procedimento Administrativo, nomeada- social. Promoveremos a revisão e expansão
mente no que respeita aos direitos dos con- do Plano Nacional de Reabilitação e Reinser-
tribuintes. Promoveremos um amplo debate ção. Promoveremos a ampliação dos Estabe-
em torno da modernização do Código Civil lecimentos Prisionais e o desenvolvimento
em diversas áreas, nomeadamente no que das casas de saída.
toca ao regime das incapacidades, com vista
a uma maior proteção dos idosos, ao regime • Do reforço da formação para todos os ope-
supletivo de bens do casamento, à atualiza- radores judiciários. Promoveremos a revitali-
ção do regime geral de incumprimento dos zação do Centro de Estudos Judiciários, como
contratos e ao direito das coisas. Promove- entidade especialmente vocacionada para a
remos a revisão do Código das Sociedades formação inicial de magistrados e para a forma-
Comerciais. Promoveremos a revisão do re- ção complementar dos diferentes operadores
gime das contraordenações. Promoveremos da justiça. Promoveremos o aprofundamento
a revisão sistémica dos Códigos Penal e de da especialização dos operadores judiciários,
Processo Penal, bem como a codificação do com o objetivo de delimitar de forma acentu-
Direito Penal. Promoveremos a adoção de ada o âmbito de atuação, as sinergias e a coo-
um novo Código do Processo de Trabalho peração entre as diferentes profissões jurídicas
adequado ao novo paradigma do processo num Tribunal, num paradigma de complemen-
civil, bem como ajustaremos o Código de taridade ao serviço da prestação de justiça.
Trabalho ao novo paradigma processual. Promoveremos a realização de um plano anual
de inspeções, no início de cada ano judicial, e a
• Do reforço das garantias. Aprofundaremos a revisão das regras de avaliação dos diferentes
revisão do regime de acesso ao Direito, ga- operadores de justiça.
rantindo o apoio a quem dele efetivamente

134 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


Uma sociedade mais justa, cioso de uma sociedade igual para todos e, assim,
mais justa, mais inclusiva e mais participada.
mais inclusiva e mais
participada Os planos nacionais têm delineado, sistemati-
zado e calendarizado as medidas destinadas à
A integração das sensibilidades da diversidade execução das políticas públicas de promoção
- que compõe o puzzle da realidade social - nos da igualdade, para além de integrarem medidas
processos de decisão económica e política é fa- cumpridoras dos compromissos assumidos por
tor determinante para a construção de uma so- Portugal em várias instâncias internacionais.
ciedade justa e inclusiva.
As estratégias em curso encontram-se atual-
Efetivamente, a diversidade e a paridade, para
mente consagradas nessa nova geração de pla-
além de refletirem um desejável paradigma de
nos, aprovados no decurso da presente legisla-
progresso social, podem e devem ser conside-
tura, relativos à igualdade de género, cidadania
radas como fator de progresso económico e de
e não discriminação, à prevenção e combate à
desenvolvimento sustentável.
violência doméstica e de género, à prevenção e
combate ao tráfico de seres humanos, à elimina-
Os princípios da igualdade e da não discrimina- ção da mutilação genital feminina e às questões 135
ção constituem princípios constitucionais estru- sobre mulheres, paz e segurança.
turantes de uma ordem jurídica de qualidade,
sendo a promoção da igualdade entre homens e
mulheres assumida como “tarefa fundamental do Igualdade de género
Estado” e desiderato primordial da ordem jurídi-
ca da União Europeia. Por outro lado, constitui A presença das mulheres nos vários domínios da
tarefa fundamental do Estado promover o bem- vida social, económica e política apresenta aspe-
-estar e a qualidade de vida do povo e a igualda- tos claramente positivos, desde a sua crescente
de real entre os portugueses. Para o efeito, com- participação política, expressa, designadamen-
pete ao Estado promover e garantir a integração te, no exercício de funções em cargos públicos
e participação - em condições de igualdade de de grande relevância, até à sua forte participa-
oportunidades - dos segmentos que integram o ção no mercado de trabalho, maioritariamente a
pluralismo sociopolítico. tempo integral, com manifesto benefício para o
desenvolvimento do País.
Neste quadro, propomo-nos aprofundar as condi-
ções de efetiva integração, participação e repre- Porém, mantém-se um conjunto de desafios per-
sentatividade das minorias que integram o contex- feitamente identificados a que cumpre dar res-
to social, bem como aprofundar as condições de posta, por forma a utilizar plenamente o potencial
consagração efetiva da igualdade entre homens que as mulheres constituem para o desenvolvi-
e mulheres, num paradigma cada vez mais ambi- mento das nações e que um País que aspira a um
crescimento sustentado não pode dispensar. continuidade ao trabalho desenvolvido, estabe-
lecemos as seguintes prioridades e propostas:
Com efeito, as mulheres continuam a enfren-
tar maiores dificuldades no acesso ao empre- • Promover o aprofundamento da formação
go, nomeadamente ao primeiro emprego, e na dos profissionais da comunidade educativa
progressão das suas carreiras profissionais, com para parâmetros de governança democrática
especial destaque para a sua reduzida presença nos ambientes educativos;
em lugares de decisão económica. A segregação
de género no mercado de trabalho, horizontal e • Generalizar a utilização de materiais
vertical, é uma realidade antiga e persistente, pedagógicos sobre igualdade, pluralidade,
tendo como consequência, entre outras, a de- diversidade e não discriminação, em defesa
sigualdade salarial entre mulheres e homens, de uma cultura intransigente para a defesa
patente nomeadamente nas suas diferenças de dos direitos humanos a todo o sistema
remuneração média. educativo, incluindo o contacto reiterado
com as declarações de direitos em todos os
graus de ensino desde a pré-primária, bem
Aos obstáculos que as mulheres enfrentam, de-
como tornar obrigatória a substituição de
correntes da organização e funcionamento do
terminologia não inclusiva nos manuais esco-
mercado de trabalho, somam-se as dificuldades
lares e nos documentos normativos e oficiais.
com que tradicionalmente se deparam na con-
ciliação das suas responsabilidades familiares e • Combater todas as formas de discriminação
laborais. As tarefas de cuidados de familiares de- de género, nomeadamente através de ações
pendentes continuam a ser entendidas, maiori- de sensibilização e prevenção do bulling ho-
tariamente, como uma obrigação feminina, dada mofóbico entre jovens.
a persistência de estereótipos que ainda condu-
zem a uma menor participação masculina na es- • Intensificar, no âmbito autárquico, a
fera familiar e doméstica. territorialização da dimensão da igualdade
de género, através da multiplicação continu-
Apesar de todas as medidas tomadas nesta legis- ada de planos municipais para a igualdade.
latura, que manifestamente colocaram o tema no
centro da agenda pública, designadamente com • Aprofundar a política já iniciada de estímulo
medidas tomadas no domínio da identificação e do à contratação de mulheres, designadamente
combate às diferenças salarias, nunca antes empre- com baixas qualificações académicas ou em
endidas, cumpre manter e aprofundar esforços para condições de especial vulnerabilidade.
que se atinja o imperativo da efetiva e não apenas
normativa igualdade entre homens e mulheres. • Ampliar as medidas de estímulo à contratação
do sexo sub-representado nas atividades
Neste enquadramento, com o objetivo de dar profissionais onde se verificam maiores níveis
de segregação.

136 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


• Criar medidas de estímulo a uma partilha mais Configurando uma grave violação dos direitos
equilibrada do gozo das licenças parentais, humanos e uma manifestação de desigualda-
incentivando ao gozo mais prolongado pelo de estrutural, a violência contra as mulheres é
pai da parte da licença parental suscetível de um obstáculo à concretização dos objetivos da
partilha e criando condições para a valoriza- igualdade.
ção do trabalho em casa, em prol da família,
seja do pai ou da mãe. Apesar dos esforços continuados para combater
este fenómeno e da estabilização dos valores re-
• Aprofundar as medidas já tomadas com gistados na criminalidade reportada nos relató-
vista ao aumento da representatividade rios anuais de segurança interna nos dois últimos
das mulheres nos mecanismos de decisão anos, a sua resistência impõe a continuação dos
económica, designadamente alargando a sua esforços desenvolvidos.
aplicação a um universo mais amplo de em-
presas, para além das cotadas em bolsa. No domínio da prevenção, cumpre dar conti-
nuidade e ampliar os esforços destinados à sua
• Continuar a combater as diferenças salariais maior eficácia, considerando-se necessário in-
injustificadas entre homens e mulheres para vestir adicionalmente na melhor avaliação do
o desempenho de idênticas funções, desig- risco das vítimas. 137
nadamente através da ampliação do apoio
técnico às empresas dos sectores que regis-
Também no que se refere à proteção das vítimas
tam diferenças mais acentuadas e da aprova-
e à prossecução da sua autonomização pós-aco-
ção de medidas destinadas à sua eliminação.
lhimento, deverão continuar a multiplicar-se os
• Desenvolver ações de apoio ao empreende- apoios à rede nacional já existentes.
dorismo feminino, como forma de promover
a criação de emprego e de incentivo à lide- Neste âmbito, com o objetivo de dar continuida-
rança feminina no mundo empresarial. de ao trabalho desenvolvido, estabelecemos as
seguintes prioridades e propostas:

Prevenir e combater a violên- 1. Generalizar no sistema educativo a utilização


de materiais pedagógicos relativos à preven-
cia doméstica e de género ção e combate à violência doméstica e de gé-
nero e contra qualquer tipo de discriminação.
Outro problema que não pode deixar de ser des-
tacado quando se fala do estatuto das mulheres 2. Prosseguir o combate à violência no namoro,
é o da violência doméstica, fortemente marca- através de programas e ações desenvolvidas
da pelo género, já que 80,2% das vítimas deste com a comunidade educativa, dando conti-
crime são ainda mulheres. nuidade ao trabalho que tem vindo a ser de-
senvolvido.
3. Reforçar a monitorização, consciencialização Tráfico de Seres Humanos
e responsabilização de todos os atos de vio-
lência exercidos sobre idosos, e, nomeada- O combate ao tráfico de seres humanos, embo-
mente, garantindo a aprovação do Estatuto ra apresentando nos últimos anos uma mudança
do Idoso cujos trabalhos foram desencadea- de perfil e registando-se um número predomi-
dos na presente legislatura. nante, em território nacional, de casos de tráfico
para exploração laboral de homens estrangeiros,
4. Criar, no âmbito das forças de segurança
mantém uma relevante incidência de género no
com responsabilidade em cada área territo-
que se refere ao tráfico destinado à exploração
rial, equipas de prevenção do risco em vio-
sexual, neste caso predominantemente de mu-
lência doméstica desenvolvendo, em coor-
lheres.
denação com o Ministério da Administração
Interna, medidas de aprofundamento para a
formação de equipas com formação e voca- Por outro lado, a particular vulnerabilidade das
ção específicas para o diagnóstico com vista crianças perante qualquer tipo de abuso e, nome-
à prevenção e monitorização desta realidade. adamente, o tráfico de crianças para fins sexuais
ou de qualquer outra natureza, impõe medidas
5. Manter um forte investimento na formação preventivas e repressivas cada vez mais inflexíveis.
específica das forças de segurança, dos pro-
fissionais de saúde, de técnicos de apoio à Para combater estes flagelos, dando continui-
vítima e de magistraturas, por forma a poten- dade ao trabalho desenvolvido, estabelecemos
ciar a utilização de todos os recursos legais e como prioridades:
técnicos para uma mais eficaz proteção das
vítimas e contenção dos agressores. • Reforçar a formação das forças e serviços de
segurança e inspetores do trabalho em matéria
6. Reforçar a coordenação local das entidades de deteção e combate a situações de tráfico
envolvidas na prevenção e combate à vio- de seres humanos aumentando a pro-ativida-
lência doméstica, promovendo um crescente de destas entidades na investigação de situa-
envolvimento dos municípios e freguesias. ções suspeitas, designadamente, na deteção
de redes de exploração sexual de pessoas.
7. Ampliar os apoios já existentes à promoção
de ações de prevenção e deteção de situa- • Manter e se necessário reforçar os apoios a es-
ções de mutilação genital feminina, através truturas regionais de identificação e proteção
do reforço das condições de trabalho das a vítimas de tráfico, nomeadamente no que
associações que desenvolvem ações nes- respeita a equipas multidisciplinares e a re-
ta área, designadamente, as associações de des regionais de deteção de casos.
imigrantes que atuam junto das comunida-
des de risco.

138 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


Integração de imigrantes vés do Programa Português para todos, tan-
to pela promoção do ensino envolvendo as
As boas práticas que o País regista na integração escolas, o Instituto de Emprego e Formação
dos imigrantes são um fator de reconhecimento Profissional, as associações de imigrantes, as
internacional, um elemento de paz social, uma ONG e as empresas, como pela consolidação
garantia demográfica e uma condição para o dos programas de aprendizagem;
nosso crescimento económico. Por isso, no próxi-
mo ciclo governativo, queremos aprofundar este • Criar um plano de formação nacional para
compromisso com as políticas de integração que técnicos que desenvolvam trabalho na inte-
são simultaneamente políticas de cidadania, po- gração dos imigrantes;
líticas sociais, políticas económicas, políticas de
• Apoiar a capacitação económica e empreen-
gestão das mobilidades. É com o horizonte des-
dedorismo migrante, reconhecendo o eleva-
ta ambição transversal que nos propomos:
do potencial e qualificações de imigrantes;
• Reforçar e promover os programas locais de
• Aprofundar o Programa Mentores para Imi-
integração de imigrantes, dotando os muni-
grantes;
cípios de recursos para dar resposta aos de-
safios na sua escala e monitorizando as polí- • Incentivar o autoemprego, através de um 139
ticas locais de integração; melhor aproveitamento das linhas de finan-
ciamento existentes;
• Promover o associativismo junto das comu-
nidades imigrantes, estimulando também o • Atribuir o Selo Diversidade Empresarial para
associativismo jovem enquanto instrumento empresas públicas e privadas, e combater a
de coesão; discriminação racial com novas práticas pre-
ventivas e repressivas;
• Promover o exercício da cidadania ativa pe-
los membros das comunidades migrantes, • Criar o Programa para o Desenvolvimento do
reforçando o conhecimento e práticas de di- Talento e da Rede para o Talento, destinado
reitos e deveres e desta forma contribuindo a jovens imigrantes ou descendentes de imi-
para a coesão e efetiva mobilidade social; grantes residentes;
• Desenvolver acordos de cooperação, no do- • Lançar a 6ª Geração do Programa Escolhas;
mínio da integração, com os países de ori-
gem dos principais fluxos migratórios, em • Reforçar as políticas de educação e o com-
especial com os países de língua oficial por- bate à exclusão social, escolar e profissional
tuguesa, tendo em vista a valorização do es- dos descendentes de imigrantes e dos gru-
paço migratório lusófono; pos étnicos da sociedade portuguesa;

• Reforçar o ensino da língua portuguesa, atra-


Respeitar a plena As iniciativas que se propõem para a próxima
legislatura visam prosseguir estes dois objetivos
independência da no plano nacional e europeu e corporizam-se
comunicação social e nas seguintes linhas de ação:
promover a adaptação à • Promover a fusão entre a ERC e a ANACOM,
nova realidade digital uma vez que a crescente interligação entre
a comunicação social e as telecomunicações
Ao longo da última legislatura foi levado a cabo exige, hoje em dia, uma abordagem integra-
um conjunto alargado de reformas no domínio da, coerente e transversal na regulação des-
da comunicação social, que constituem passos tas duas áreas;
significativos no sentido de, por um lado, asse-
gurar a independência dos órgãos de comuni- • Continuar a melhorar a cobertura da TDT,
cação social perante o poder político e o poder matéria que compete sobretudo ao regula-
económico, bem como o pluralismo, a liberdade dor, e, por outro lado, aumentar a oferta de
de imprensa e o acesso informado dos cidadãos serviços de programas. Este objetivo, difícil
aos conteúdos e, por outro, promover a adapta- de prosseguir à luz dos contratos celebrados
ção dos órgãos de comunicação social à nova no passado, tem de passar pelo alargamento
realidade digital. do espaço concessionado, de forma a tornar
a TDT sustentável enquanto forma de distri-
É fundamental continuar este caminho, buição competitiva face aos outros modelos.
nomeadamente através do reforço e capacitação Tal exige provavelmente uma renegociação
das autoridades regulatórias com competência com o atual detentor de direitos, envolvendo
nesta área. É igualmente prioritário intervir, a nível igualmente os diferentes operadores (quer
nacional, no sentido de assegurar uma melhor aqueles atualmente nesse mercado, quer os
distribuição do modelo de negócio associado que nele possam vir a entrar com o alarga-
aos media entre os criadores e os distribuidores mento do espaço disponível). Importa colo-
de conteúdos. Com efeito, o contexto particular- car a nossa TDT ao nível das suas congéneres
mente desafiante em termos tecnológicos para europeias. É um imperativo de justiça social
a comunicação social e o desenvolvimento da e de coesão territorial, pois este serviço deve
economia digital impõem, também, a adoção de ser igualmente acessível a todos, incluindo
uma estratégia digital para a comunicação so- os mais desfavorecidos, e em todo o lado,
cial. A construção de uma agenda digital pode especialmente nos territórios de baixa densi-
ser um importante catalisador desta mudança, dade, onde a oferta de serviços alternativos
na defesa da criatividade digital e da qualidade é reduzida ou excessivamente onerosa;
dos bens e serviços fornecidos e duma infra-es-
trutura digital (física e regulatória) que lhe facili- • Assegurar a transparência no domínio da pu-
te a inovação e a sustentabilidade. blicidade digital pugnando, em colaboração

140 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


com os organismos privados competentes, REFORÇAR O PAPEL
pela melhoria dos instrumentos de medição
de tráfego, no sentido de eliminar inconsis- DA REGULAÇÃO
tências e distorções que hoje se registam;
É ponto assente - e a história comprova-o - que
• Apostar no desenvolvimento de competências o mercado é a forma mais eficiente e racional
digitais para os profissionais. Em colaboração de organização da economia, sobretudo num
com as universidades e com as empresas, levar mundo global como o de hoje. As economias
a cabo programas de formação em jornalismo mais fortes, sólidas e perenes são fundadas em
digital, promover a modernização dos currícu- economias de mercado abertas, concorrenciais
los nesta área e o reforço de parcerias entre e competitivas, atraindo o investimento e
formação académica e formação tecnológica; fomentando a inovação.

• Participar ativamente na construção do mer- Porém, se é verdade que uma economia saudá-
cado único digital. A nova realidade digital vel e em crescimento pressupõe o funcionamen-
tem alterado profundamente o equilíbrio en- to em mercado aberto, não é menos verdade
tre a remuneração dos que criam conteúdos que há distorções e falhas que, a bem dos consu-
audiovisuais e a remuneração dos que distri- midores e do interesse público – e numa cultura
buem esses conteúdos. É necessário atuar, a de rigor e exigência –, cabe ao Estado acautelar. 141

nível europeu e nacional, no sentido de pro-


A regulação é, portanto, condição para o são
teger os produtores de conteúdos, incluindo
funcionamento de uma economia de mercado e
os informativos, e promover a indústria cria-
uma essencial função do Estado, exercida atra-
tiva, de forma a manter esse equilíbrio num
vés de entidades administrativas independentes
ponto desejável. Só através da União Euro-
das respectivas tutelas e dos sectores regulados.
peia será possível alcançar esse objetivo;
Nos últimos quatro anos deram-se passos muito
• Promover a internacionalização dos agentes
significativos na reorganização, racionalização
de comunicação social no mercado global de
e eficiência dos reguladores portugueses. Con-
língua portuguesa, a congregar conteúdos e
tudo, essa experiência mostra, também, que o
a aumentar a distribuição;
trabalho ainda não está concluído, sobretudo no
• Promover a reforma do regime de publici- que toca ao escrutínio rigoroso da sua atividade
dade dos media (televisão, rádio, imprensa e ao nível da função preventiva dos reguladores.
e online), respondendo aos desafios dos no-
Neste sentido, o próximo governo deve pautar a
vos meios de distribuição de conteúdos, re-
sua ação através das seguintes medidas:
conhecendo a nova realidade que trazem e
promovendo a sustentabilidade da produção • Monitorizar a aplicação prática da Lei-quadro
portuguesa de conteúdos de audiovisual e das entidades administrativas independen-
media.
tes com o objectivo de, por um lado, acom- da ação preventiva e aplicação de medidas
panhar o efeito das alterações introduzidas cautelares;
em matéria de autonomia, responsabilização
e transparência e de, por outro lado, verificar • Aprofundar a possibilidade de conferir pode-
o resultado das modificações feitas em sede res de mediação aos reguladores.
de incompatibilidades e impedimentos, quer
dos membros do conselho de administração,
quer dos respectivos trabalhadores;

• Verificar a eficácia da tutela jurisdicional dos


direitos dos particulares, acompanhando a
atividade do recém-criado Tribunal da Con-
corrência, Regulação e Supervisão;

• Continuar o trabalho de alteração da arqui-


tetura institucional e legislativa das entida-
des reguladoras, designadamente através
da fusão da Autoridade Nacional de Comu-
nicações com a Entidade Reguladora para a
Comunicação Social, sem prejuízo de outras
que possam, entretanto, justificar-se;

• Reforçar o poder de intervenção da Assem-


bleia da República, atribuindo-lhe poderes
efetivos de fiscalização da atividade dos re-
guladores, com aprovação do relatório anual;

• Estender a capacidade de intervenção das


entidades reguladoras, sobretudo ao nível

142 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


AFIRMAR PORTUGAL
NO MUNDO

As evoluções registadas nas últimas décadas no impõe-se, antes de mais, evitar futuros resgates,
plano das relações internacionais não deixam que voltariam a comprometer a nossa capacida-
quaisquer dúvidas de que o futuro dos Estados de externa e a nossa reputação internacional.
depende, cada vez mais, da sua capacidade para
desempenhar um papel ativo na construção dos A globalização continuará a refletir-se nas re- 143

novos modelos de governança internacional, seja lações entre os Estados e a indiciar um mundo
no plano económico, seja no plano político. E é crescentemente aberto. As décadas que se apro-
essa capacidade, precisamente, que determina ximam irão produzir desafios sem precedentes,
se um determinado Estado é encarado como um designadamente nos planos da economia e da
agente cujo contributo é tido em conta e valora- segurança. O contexto internacional pauta-se
do ou se, diferentemente, a sua postura o remete pela complexidade e, simultaneamente, pelo sur-
irremediavelmente para o plano da irrelevância. gimento de novas oportunidades. Além disso, as
relações internacionais serão mais económicas
Afirmar Portugal como um interveniente cuja voz do que nunca.
é escutada e cujos interesses são respeitados –
Por isso, mais do que ruturas e experimentalis-
seja no plano global, seja no palco europeu – é,
mos, os tempos aconselham a que se preservem
assim, um desafio determinante. E isso implica,
- naturalmente com os ajustes exigidos pelas cir-
para um Estado com a nossa dimensão e carac-
cunstâncias - as linhas de continuidade da po-
terísticas, a capacidade permanente para definir
lítica externa portuguesa – dimensão europeia,
e prosseguir uma política externa irrepreensível,
dimensão atlântica e dimensão lusófona -, às
tanto no plano bilateral como multilateral, de
quais acresce um esforço substancial, já larga-
modo a salvaguardar o interesse nacional num
mente em curso mas a aprofundar, exigido pela
contexto de crescente turbulência internacional.
contemporaneidade, em matéria de diplomacia
E nesse quadro, em ordem a maximizar a nossa
económica.
soberania e a nossa margem de atuação externa
Essencial, assim, é prosseguir também uma po- complexos, exigindo à nossa diplomacia criati-
lítica externa com fins económicos, capaz de ar- vidade acrescida perante as circunstâncias. Por-
ticular finanças, crescimento e desenvolvimento, tugal terá de encontrar, em função dos seus in-
em que as redes privadas e empresariais coe- teresses, as alianças intra-europeias que melhor
xistem com mecanismos intergovernamentais e se lhe adequam. Num quadro europeu crescen-
com a multiplicidade dos níveis da governação, temente fluido, Portugal terá de revelar a flexibi-
ao nível nacional, europeu e global. A diploma- lidade necessária para assegurar os seus interes-
cia económica é, assim, um veículo para apoiar ses nacionais.
a internacionalização das empresas portuguesas
e a captação de investimento externo, seja no Assim, no plano institucional, e em linha com os
espaço europeu, seja sobretudo nos mercados princípios da coesão e da solidariedade, Por-
lusófonos e emergentes, em articulação com a tugal deve desempenhar um papel muito ativo
nossa diáspora, sempre que possível. no seguimento do processo de consolidação
orçamental e no ímpeto às reformas estruturais
necessárias para garantir a competitividade da
Portugal na Europa UE na economia internacional. A solidariedade
é inseparável da responsabilidade e vice-versa.
As relações com os nossos parceiros da União Devemos também continuar a contribuir para
Europeia (UE) fazem da nossa política europeia evitar culturas ou retóricas, frequentemente po-
um pilar central da política externa portuguesa. pulistas em ambos os sentidos, de fragmentação
entre Norte e Sul.
No momento atual, os traços distintivos da UE
são a sua mutação geográfica e a metamorfo- No momento que a Europa atravessa, é indis-
se institucional interna. Ou seja, o alargamento pensável que a estrutura atual, assente no cum-
e o aprofundamento da União foi e é, simulta- primento de regras, dê lugar progressivamente
neamente, uma opção e uma necessidade. Sen- a uma estrutura assente em instituições fortes e
do assim, interessa a Portugal estar presente em capazes de dar resposta a desafios críticos, sem
todos os novos desenvolvimentos de natureza o que o distanciamento entre os cidadãos e o
institucional, porque só assim se atenuam as processo de integração se tornará maior do que
desvantagens inerentes à ocupação da periferia já hoje é. É que se defendemos, no plano inter-
geográfica da Europa. Mas importa também, ao no, a importância central do princípio da igual-
mesmo tempo, garantir ao longo deste processo dade de oportunidades, temos de ser capazes
um aprofundamento do debate interno com to- de o fazer valer, ao mesmo tempo, no âmbito
dos os sectores da sociedade, de forma a asse- europeu, impedindo que os cidadãos fiquem
gurar o envolvimento e a participação alargada dependentes, na procura de uma vida melhor,
dos cidadãos. dos constrangimentos e obstáculos ao desen-
Hoje, ao contrário do que sucedia no passado, volvimento que atingem mais duramente este
os processos de decisão no seio da UE são mais ou aquele Estado membro. Se temos sido bem

144 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


sucedidos na garantia da convergência em ter- • A construção de um quadro orçamental e
mos de liberdade e democracia, os nossos cida- institucional estável e de confiança, que po-
dãos exigem-nos que sejamos também capazes derá passar pela instituição de um Fundo
de assegurar a convergência na prosperidade. O Monetário Europeu e pela atribuição de ca-
progresso na nossa comparabilidade em matéria ráter permanente ao cargo de Presidente do
de rendimento per capita, face à média da União Eurogrupo, que deveria assim deixar de ser
Europeia, deve constituir um objectivo nacional, exercido em acumulação com o cargo de mi-
que se torna possível porque Portugal venceu o nistro das finanças de um Estado membro.
perigo da bancarrota.
Portugal atribui também, por todas as razões,
Nesse contexto, é urgente avançar com a segun- particular relevo à conclusão do mercado único
da fase de reforma da zona euro, assente em três nas suas múltiplas vertentes, designadamente
pilares fundamentais: nos serviços, na área digital ou no domínio da
energia.
• A delimitação de um quadro mais coerente
para as políticas estruturais, o que envolve, A segurança energética europeia afigura-se,
nomeadamente, a reorientação e simplifica- igualmente, como questão central à qual Portu-
ção do Semestre Europeu, a delimitação de gal não é indiferente. Será fundamental dar con-
145
mecanismos de coordenação fiscal e a de- tinuidade aos esforços nacionais que permitiram
finição de orientações globais em matéria ver consagrada a prioridade agora atribuída à
orçamental, que consubstanciem, não uma construção de interconexões de gás e eletricida-
união orçamental, mas uma política conjunta de que permitam pôr fim ao isolamento do país
e articulada nesse domínio; - reforço das interligações da Península Ibérica
com a França, um objetivo em consonância com
• A realização de uma União Financeira para o o mercado comum europeu de energia eléctrica.
Crescimento e a Estabilidade, o que requer,
desde logo, que se complete a União Ban- Portugal deve, ao mesmo tempo, posicionar-se
cária, dando origem a um sistema bancário como um hub na ligação entre a Europa e os con-
verdadeiramente integrado, que englobe um tinentes africano e americano em muitas áreas e,
sistema comum de garantia de depósitos e com acrescida importância, nos domínios do gás
um fundo único de resolução mas que jus- e do petróleo. Mais do que nunca, a energia é um
tifica, também, a instituição de mecanismos factor central na competitividade internacional
adequados a combater os problemas provo- dos Estados e a segurança energética passou a
cados pela flutuações económicas, contex- ser um elemento chave da segurança global da
to em que teria plena justificação a institui- União Europeia.
ção de um complemento europeu ou de um
substituto parcial ao subsídio de desempre- Mas a UE é também um actor na geopolítica
go nacional; mundial. Por conseguinte, a UE, através da Políti-
ca Europeia de Vizinhança (PEV), tem um papel
crítico a desempenhar no Mediterrâneo, na Eu-
ropa Oriental e no Cáucaso. Portugal tem, pois,
O Atlântico
todo o interesse em promover a PEV, particular- A relevância estratégica da relação transatlân-
mente no que se refere ao Magrebe. Portugal de- tica reforçou-se com a crise que recentemente
verá também continuar a pugnar pelo aprofun- eclodiu entre os EUA/UE e a Rússia, tendo por
damento das relações com outros continentes e epicentro a Ucrânia. Num sistema internacional
países, designadamente em África e na América caracterizado pela volatilidade geoestratégica, o
Latina e nestes, com os países de língua oficial interesse de Portugal passa pela preservação e
portuguesa. fortalecimento da relação com os Estados Uni-
dos da América.
De igual modo, a Portugal interessa o desenvol-
vimento e a consolidação da Política Comum de Membro fundador da NATO, Portugal tem nela
Segurança e Defesa, bem como, em particular, a uma participação ativa. Naturalmente, para um
cooperação estruturada permanente. Na ausên- Estado com a nossa dimensão as garantias de
cia de uma política comum de segurança e defe- segurança proporcionadas pela Aliança Atlân-
sa eficaz, dificilmente a UE poderá desempenhar tica são cruciais. Nessa medida, Portugal tem
o papel a que aspira na cena internacional. todo o interesse em que se cumpram os objeti-
vos delineados na cimeira da NATO realizada no
O lugar no mundo da UE passa, também, pelo es- País de Gales.
tabelecimento e aprofundamento de parcerias es-
tratégicas com potências emergentes, como é o Para além da dimensão multilateral de seguran-
caso do Brasil, e na concretização de acordos de ça no âmbito da NATO, é importante aprofundar
livre comércio, que compatibilizem um acesso tão a dimensão estratégica da relação bilateral com
alargado quanto possível a novos mercados, com o os EUA, buscando novos pontos de interesse co-
respeito pelo selo de origem dos nossos produtos. mum para uma ação conjunta dos dois países. Ao
mesmo tempo, afigura-se como muito relevante
No momento atual, a UE negoceia com os Esta- continuar a trabalhar com os EUA no sentido da
dos Unidos um Acordo de Parceria Transatlân- implementação de soluções que minimizem as
tica de Comércio e Investimento (TTIP), cuja consequências da redução da presença militar
conclusão é uma prioridade para Portugal. Com americana na Base das Lajes, tendo particular-
a sua adoção, Portugal assumirá uma acrescida mente em atenção os interesses da economia da
centralidade na nova zona de comércio transa- região autónoma dos Açores.
tlântico, beneficiando de um conjunto de novas No que se refere ao Atlântico Sul, Portugal tam-
oportunidades económicas e geoestratégicas. O bém deve aprofundar a sua diplomacia política
acordo deve ser justo no plano da sua efetivi- e relacionamento comercial com diversos paí-
dade entre os Estados-membros da União Euro- ses latino americanos. A nossa frente atlântica
peia e os estados federados dos Estados Unidos abrange o relacionamento privilegiado que te-
da América. mos com o Brasil e é do interesse nacional en-

146 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


corajar todas as iniciativas que visem esta inter- e interesses, a qual se encontra numa fase de
pretação do conceito de relação transatlântica. crescimento e transformação, de que a adesão
da Guiné-Equatorial é o sintoma mais visível.

Mundo Lusófono Sendo a CPLP um vetor central da lusofonia,


Portugal tem todo o interesse em que esta or-
Assentes numa língua comum, as relações entre ganização continue a evoluir em sintonia com os
Portugal e os países de língua portuguesa con- interesses e valores que unem os seus membros.
tinuarão a ser uma prioridade da nossa política Hoje, o interesse da CPLP não se resume à pro-
externa. As fortes ligações históricas e culturais moção da língua portuguesa, uma dimensão que
que unem Portugal a estes estados constituem será sempre fundamental para Portugal. Apro-
uma mais-valia para a afirmação do nosso país. fundar a CPLP significa também promover a di-
nâmica económica e comercial neste espaço.
Esse desiderato passa designadamente pela
aposta na Ajuda Pública ao Desenvolvimento, Convém, pois, que a cooperação no âmbito de
pelo envolvimento do sector privado, ao lado CPLP se continue a estender a outros sectores,
das ONG, fundações, autarquias e universidades, como é o caso da produção energética e da se-
pela integração das políticas sectoriais de coo- gurança marítima. Assim, a redução dos entra-
peração, pelo envolvimento em programas de ves comerciais no espaço da CPLP e o reforço 147
cooperação delegada da União Europeia e por da cooperação militar serão prioridades para
programas como o da capacitação parlamentar Portugal.
nos países parceiros que deles possam benefi- *
ciar, da construção de aparelhos de administra-
ção pública e da criação de universidades, entre A política externa de um País como Portugal não
outros. Nesse âmbito, pela importância estraté- se esgota, naturalmente, nos seus eixos prioritá-
gica que assume, a cooperação nos domínios da rios, existindo outras dimensões, tanto bilaterais
educação, da língua e da cultura, deverá continu- como multilaterais que são merecedoras de uma
ar a constituir elemento central. atenção constante. De entre elas, são de destacar:

Portugal deve continuar a apostar na realização • A valorização do papel das organizações


de cimeiras bilaterais regulares com os países de internacionais no desenvolvimento de uma
língua portuguesa, as quais são um instrumen- nova agenda para a paz e para o desenvolvi-
to privilegiado para dar corpo às parcerias es- mento, com particular destaque para a ONU;
tratégicas pretendidas. Dito isto, nos próximos
anos, a política externa portuguesa deve prestar • O empenho no combate contra o terrorismo
especial atenção à Comunidade dos Países de transnacional, nomeadamente o Estado Islâ-
Língua Portuguesa (CPLP). A CPLP é um corpo mico e seus aliados;
heterogéneo, integrando Estados localizados em
• O aprofundamento do relacionamento com
quatro continentes, rica nas suas características
o Magrebe, região onde importa contribuir
para a implementação de soluções que con- Será assim dada continuação às ações que per-
tribuam para a estabilidade política, econó- mitirão apoiar as diversas modalidades de ensi-
mica e social; no, desenvolver novos mecanismos de avaliação
e certificação das aprendizagens, aumentar os
• O incremento das relações com a China, a In- hábitos de leitura através do Plano de Incentivo
donésia, a Índia, a Coreia do Sul e o Japão, à Leitura, prosseguir a integração do ensino da
muito em particular no domínio comercial, nossa Língua nos sistemas educativos locais e
tendo em atenção a nova centralidade que alargar a rede de leitorados e de universidades
a região Ásia/Pacífico assume no âmbito da com cursos de Língua Portuguesa.
economia global. Neste contexto, importa
ainda explorar as possibilidades abertas pela Simultaneamente, será lançada uma nova plata-
adesão do nosso País ao Banco de Investi- forma de ensino à distância que permitirá alar-
mento para as Infra-Estruturas Asiáticas. gar o ensino do Português a grupos até aqui não
cobertos, particularmente em países e regiões
mais periféricas. Esta plataforma deverá inserir-

COMUNIDADES -se numa rede de ensino monitorizado, tipo b-


-learning, devidamente apoiada pelo Instituto
PORTUGUESAS – Camões e que servirá de incentivo ao ensino da
nossa Língua em instituições locais e associa-
Revalorizar a ções.

Diáspora Os Portugueses que emigraram adquiriram co-


nhecimentos que representam uma mais va-
As comunidades portuguesas nos países de aco- lia para o desenvolvimento nacional. Por isso
lhimento constituem um fator de afirmação exter- mesmo, há a necessidade de articular políticas
na do país. Porque os portugueses no estrangeiro propícias à participação plena da diáspora no
mantêm um elo de afetividade com Portugal e desenvolvimento do turismo, na promoção das
contribuem para valorizar o seu país de origem, exportações, da cultura e da imagem de Portu-
o Estado português deve, em primeiro lugar, con- gal nos países de acolhimento.
tribuir para a preservação da identidade lusa das
comunidades residentes no estrangeiro. Não se ignora o trabalho levado a cabo em fa-
vor do desígnio da projeção internacional dos
Nessa linha, importa assumir uma orientação de interesses das nossas comunidades – estímulo
maior qualidade e exigência nas mais variadas à constituição de associações locais económica
modalidades do Ensino Português no Estrangeiro, e/ou comerciais, de conselhos empresariais, etc.
em estreita ligação com uma política de afirma- –, mas haverá que aprofundá-lo e alargá-lo, de
ção da Cultura Portuguesa que privilegie a ima- acordo com uma perspetiva coordenada e inte-
gem de um Portugal moderno e absolutamente grada.
envolvido nos desafios globais da Lusofonia.

148 PROGRAMA ELEITORAL COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


Assim, será desenvolvido um amplo programa Neste contexto, tem sido muito importante o pa-
de valorização das associações de portugueses pel desempenhado por associações e câmaras
no estrangeiro, o qual deverá incluir um grande empresariais portuguesas no exterior. O esforço
plano de formação de quadros, incentivos para destas estruturas merecerá um apoio muito es-
a integração de associações, mecanismos que pecial na linha do já realizado ao nível dos en-
aumentem a participação de jovens e de mulhe- contros empresariais da Diáspora, na sua articu-
res na vida associativa, apoio a parcerias para a lação com o associativismo nacional e os nossos
prestação de apoio social a portugueses mais municípios, na criação do Gabinete de Apoio ao
isolados e carenciados e um novo projeto de fé- Investidor da Diáspora e no desenvolvimento de
rias culturais em Portugal, dirigido especialmen- redes de contacto entre empresários.
te a lusodescendentes.
Para além da modernização dos serviços consu-
lares, será dada continuidade ao esforço já ini-
ciado de aproximação dos postos da nossa rede
consular às nossas mais diversas Comunidades,
incluindo as mais isoladas. As permanências con-
sulares e o recurso a prestadores externos, com-
plementares da rede consular, serão instrumen- 149

tos a melhorar e a utilizar com mais frequência.

Cabe a Portugal promover um diálogo contínuo


com as comunidades lusas nos exteriores. Per-
manente e estruturado, esse diálogo é particu-
larmente importante nos países onde as comuni-
dades começam a ser dominadas pela segunda
e terceira gerações. As comunidades portugue-
sas e de origem portuguesa no exterior terão de
passar a ser encaradas como parceiras estraté-
gicas, possuidoras de experiências e mais- valias
únicas, passíveis de contribuir para o desenvol-
vimento da economia nacional. Deve fomentar-
-se a criação de uma rede de profissionais lusos,
particularmente aqueles ligados ao empreende-
dorismo empresarial e à inovação científico-tec-
nológica, para que possam contribuir diretamen-
te para o crescimento da economia portuguesa.

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