Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
INTRODUÇÃO PG 3
VALORIZAR AS PESSOAS PG 13
Educação e Formação pg 14
Por Uma Política Integrada para a Infância pg 14
Por uma Escolaridade Obrigatória com Sucesso pg 15
Pela Valorização do Ensino Profissional e Vocacional pg 16
Pela Dignificação dos Profissionais da Educação pg 17
Pela Liberdade de Educação e Integração nas Comunidades Locais pg 18
Por uma Escola Livre de Barreiras e Amiga da Diferença pg 19
Por uma Cultura de Avaliação Consequente pg 19
Por uma Qualificação Real de Adultos pg 20
Inovovar para Diferenciar pg 21
Um Ensino Superior Diversificado e Aberto ao Mundo pg 21
Reforçar a Aposta na Ciência, na Tecnologia e na Inovação pg 23
Cultura, Valor de Coesão e Crescimento pg 25
A Cultura, da Hierárquia à Rede pg 25
Cultura e Coesão Social pg 26
Cultura, Identidade e Património Comum pg 27
As Artes, Elemento Fundamental da Atividade Cultural pg 28
Valorizar a Função dos Arquivos, das Bibliotecas e da Política da Língua pg 28
DEFENDER E REVIGORAR O ESTADO SOCIAL PG 31
Combater as Desigualdades - Lançar um Ambicioso Programa de Desenvolvimento Social pg 32
Segurança Social e Solidariedade pg 34
Assegurar a Sustentabilidade dos Sistemas Previdenciais de Segurança Social pg 34
Mais Inclusão Social, Valorizando o Papel da Economia Social pg 37
Aprofundar o Voluntariado pg 40
Uma Saúde Moderna, Competitiva e com Liberdade de Acesso pg 41
Um SNS Sustentável, um SNS com Futuro pg 42
Melhorar o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde pg 43
Pelo Desenvolvimento de uma Rede de Cuidados de Saúde Coerente e ao Serviço dos Portugueses pg44
Investir na Saúde Digital, Melhorar a Informação, Aumentar a Eficiência pg 45
Um SNS virado para a Criação de Conhecimento e para a Cooperação - A Aposta
na Inovação e na Investigação Clinica pg 45
Reforçar a Transversalidade das Políticas de Juventude pg 46
Desporto - Aprofundar o Modelo Colaborativo pg 47
ASSEGURAR UM ESTADO RESPONSÁVEL, MAIS PRÓXIMO DAS PESSOAS, MAIS AMIGO DA ECONOMIA PG 85
Garantir o Equilíbrio das Contas Públicas pg 85
Consolidar a Reforma Fiscal e Reforçar as Garantias dos Contribuintes pg 88
Prosseguir a Reforma da Administração Pública e a Valorização dos seus Recursos pg 92
Simplificar a Vida dos Cidadãos e das Empresas - Modernizar e Vigitalizar os Serviços Públicos pg 99
Aprofundar o Processo de Descentralização pg 104
GARANTIR A SUSTENTABILIDADE, VALORIZAR OS RECURSOS E O TERRITÓRIO PG 109
Água, Recursos Hídricos e Resíduos PG 110
Ordenamento do Território pg 111
Cidades Sustentáveis pg 112
Territórios de Baixa Densidade pg 112
Habitação e Reabilitação Urbana pg 114
Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas pg 116
Litoral pg 116
Alterações Climáticas pg 117
Energia pg 117
Nos últimos quatro anos, Portugal viveu uma tão eram perigosamente postos em causa.
situação excecional e venceu-a: é hoje um País
diferente, em manifesta recuperação e em con- Hoje podemos dizer que cumprimos a missão
dições de ser um País melhor. Em 2011, Portu- mais difícil que os nossos compatriotas nos con-
gal apresentava um défice orçamental superior feriram: 3
Nesse quadro, de verdadeira emergência nacio- • O País financia-se nos mercados internacionais
nal, a atual maioria foi chamada à responsabili- a taxas de juro historicamente baixas (nalguns
dade de retirar Portugal da situação dramática casos até negativas), o que permitiu, nomea-
a que a incompetência e a leviandade de outros damente, o início dos reembolsos antecipados
nos conduzira. De repor Portugal no caminho do ao FMI;
crescimento e do desenvolvimento. De devolver
• O défice público diminuiu em mais de 12,4 mil
a Portugal o prestígio e a credibilidade que en-
milhões de euros, dos quais 8,5 mil milhões se
ficaram a dever à redução da despesa (e isto para a recuperação económica;
sem contar com a despesa certa que o atual
governo conseguiu evitar, por exemplo, atra- • Portugal subiu de forma significativa em todos
vés da renegociação das parcerias público- os rankings internacionais de competitividade,
-privadas); tornando-se mais atrativo para os investidores;
• Sectores como a agricultura, o mar e o turis- Conduzidos por essa prioridade de justiça social
mo estão a dar contributos muito significativos e de coesão nacional, preocupámo-nos com a
Num prazo não muito longínquo, a nossa capa- Por nossa iniciativa, foi promovido um amplo de-
cidade de afirmação enquanto entidade política bate em redor das questões da natalidade, que
autónoma depende largamente da inversão do permitiu a apresentação de um conjunto de me-
“inverno demográfico” em que Portugal caiu didas legislativas, quer na Assembleia da Repú-
7
desde há mais de três décadas e, portanto, da blica, quer no Governo, de que podem destacar-
nossa mobilização coletiva em favor de políticas -se, como exemplo, o quociente familiar em sede
públicas amigas das famílias. Este é, claramen- de IRS, cuja reforma visou torná-lo mais amigo
te, um dos desafios mais relevantes que temos das famílias e sensível à dimensão do agregado
perante nós, para cuja resolução se exige uma familiar, o alargamento e diversificação dos cui-
verdadeira mobilização nacional, traduzida em dados formais na primeira infância ou a amplia-
políticas que resultem de um amplo consenso ção do plano de vacinação.
social e político.
O caminho está iniciado, mas é necessário ir
O diagnóstico da situação está feito e não deixa mais longe, levando à prática medidas adicio-
dúvidas quanto à urgência de contrariar a situ- nais que removam os obstáculos à natalidade,
ação atual que, se nada de relevante for feito, que favoreçam a harmonização entre a vida
terá apenas tendência a agudizar-se. Não basta, profissional e a vida familiar, que permitam uma
pois, reconhecer que os desafios populacionais participação efetiva dos pais na vida dos filhos,
fazem parte dos problemas estruturais com que nomeadamente no que toca ao acompanha-
nos confrontamos. É necessário sobretudo en- mento do seu percurso escolar, que melhorem
contrar soluções, tendo em conta que os estu- os apoios à primeira infância, que favoreçam um
dos demonstram que os portugueses gostariam envolvimento da família mais alargada, como
de ter mais filhos, mas sentem muitos obstáculos sejam os avós, ou que considerem a questão da
à concretização desse desejo. habitação.
O nosso objectivo é claro: queremos um Esta- que ver com o regresso dos nossos emigrantes.
do mais amigo das famílias e que se oriente pela Muitos compatriotas nossos foram forçados, ao
preocupação de remover os obstáculos à nata- longo da última década, a buscar fora das nossas
lidade. fronteiras um futuro melhor. Muitos têm a legíti-
ma expectativa de regressar a Portugal e há que
Mas a questão demográfica não pode apenas encontrar caminhos que permitam a realização
ser encarada sob esse prisma. Ela exige também desse concreto desejo.
que, face ao envelhecimento progressivo das
nossas sociedades, se mude radicalmente a for- Com estas preocupações em mente, propomo-
ma como olhamos para o papel que os mais ido- -nos levar a cabo as seguintes medidas:
sos devem assumir, valorizando o seu contributo
em diversos níveis, nomeadamente por via de
medidas que promovam o envelhecimento ativo.
1. FAMÍLIA E NATALIDADE
• Aprofundar o quociente familiar no IRS, nos
Queremos, pois, trabalhar para criar condições
termos previstos na respectiva reforma, de
que permitam uma transição gradual da vida ati-
modo a que a ponderação por filho cresça
va, facilitando o prolongamento da vida laboral,
para 0,4 em 2016 e para 0,5 em 2017 e que o
de forma voluntária, nomeadamente favorecen-
limite máximo do benefício passe para 2.250
do modelos de trabalho a tempo parcial. Uma
euros em 2016 e 2.500 euros em 2017;
sociedade mais equilibrada passa necessaria-
mente por estabelecer pontes entre as gerações. • Avançar com a definição de uma nova estru-
Queremos que as novas gerações possam valo- tura de comparticipação para as respostas
rizar as gerações mais sabedoras e experientes da infância, fazendo a revisão dos escalões
e com elas aprender, permitindo a estas, por seu de modo a abranger o maior número de fa-
turno, partilhar conhecimento e disponibilidade mílias, nomeadamente da classe média;
e receber o entusiasmo e a força que normal-
mente caracteriza as gerações mais jovens. As • Continuar a aumentar a cobertura na rede
políticas de envelhecimento ativo devem pois de creches, nomeadamente através da rede
apontar o caminho da criação de oportunidades social e solidária. Para este efeito, iremos au-
para todos aqueles que querem e podem con- mentar a contratualização com estas entida-
tinuar a ter uma vida ativa em seu benefício e des, bem como com outras, quer públicas,
no da própria sociedade, mas devem também quer privadas;
considerar a garantia da existência de mecanis-
mos efetivos de proteção que salvaguardem e • Aprofundar a qualificação da rede de creches
atendam às particularidades, riscos e fragilida- e estabelecimentos de ensino, adaptando
des dos mais velhos. o seu funcionamento às novas realidades e
necessidades das famílias, salvaguardando-
Uma terceira dimensão em que importa agir tem -se sempre o superior interesse da criança,
A valorização das pessoas assume uma dimen- dos docentes. Os Portugueses contam connosco
são crucial. Desde logo, porque se assume en- para intensificar o esforço que permite a redução
quanto elemento estrutural no combate à po- sustentada do abandono escolar ou para ir mais
breza e na promoção da mobilidade social e longe nos contratos de autonomia que favore-
na consequente concretização do princípio da çam a diferenciação dos projetos escolares na 13
igualdade de oportunidades. Mas também por- rede pública. Em paralelo, é importante acentuar
que, no quadro de uma economia cada vez mais as condições para o surgimento de escolas in-
globalizada, o acesso ao saber é cada vez mais o dependentes, geridas por professores no sector
elemento que faz a diferença. público. Apostamos na qualidade, defendemos
a exigência, estamos abertos à diferenciação de
Mas para aqueles que, como nós, partilham uma projetos públicos e mantemos a contratualiza-
conceção personalista, a aposta na educação, no ção com o particular e cooperativo.
conhecimento e no saber encontra-se no âmago
das preocupações, porque constitui um elemen- Ao mesmo tempo, temos a forte convicção de
to essencial no processo de afirmação de cada que as políticas públicas que concorrem para a
um. Por isso mesmo, e numa perspetiva bem valorização das pessoas não podem ser postas
distinta de outros, não resumimos a questão à em prática de forma compartimentada, isto é,
dimensão da qualificação, embora não desvalo- que ignore ou desconsidere o valor acrescenta-
rizemos a relevância que esta deve igualmente do que se pode retirar da complementaridade
assumir. entre todas elas. E daí que proponhamos uma
visão transversal, que integre e coordene as di-
Ninguém esperará de nós o abrandamento da mensões da educação, do ensino superior, da ci-
exigência no sistema educativo ou menor rigor ência e da cultura.
no recrutamento e avaliação, ao longo da vida,
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO O Ministério da Educação, enquanto principal ins-
tância reguladora do sistema de ensino, deverá
centrar a sua ação na conceção do curriculum na-
Depois de uma legislatura de marcantes refor-
cional, na promoção da avaliação, na introdução
mas no sistema de ensino, impõe-se estabilizar
de inovação no sistema, no acompanhamento do
as políticas educativas e relançar a confiança
desempenho escolar, na auditoria e inspeção das
dos professores, das famílias e demais agentes
organizações escolares, no financiamento e mo-
educativos. Nessa medida, é fundamental cons-
nitorização dos recursos educativos.
truir compromissos que contribuam para a esta-
bilidade dessas políticas educativas.
• Criar equipas multidisciplinares orientadas • Reforçar a relação das famílias com a escola,
para o apoio social escolar, prevenção de na construção de soluções práticas que per-
comportamentos de risco e para a orientação mitam uma efetiva liberdade na escolha do
escolar e profissional que, para além do apoio projeto educativo que melhor sirva os inte-
direto aos alunos, às escolas e às famílias, es- resses dos seus filhos – não esquecendo de
tabelecerão ligações privilegiadas com os um modo particular as famílias numerosas,
serviços sociais públicos e as comissões de as mais carenciadas e as com filhos com ne-
proteção de menores. cessidades educativas especiais, na medida
em que são essas que, sem apoio do Esta-
do, não têm ferramentas para exercer a sua
escolha. Neste sentido, propomos o alarga-
mento da elegibilidade dos contratos simples
de apoio à família a mais escolas e famílias.
UM ENSINO SUPERIOR
21
Na nossa perspetiva, essa atualização deve ter
como preocupações fundamentais:
DIVERSIFICADO E
• A identificação das capacidades e dos va-
lores indispensáveis ao desenvolvimento de ABERTO AO MUNDO
uma sociedade baseada no conhecimento,
na investigação e na criação cultural; O ensino superior português começou a dar os
primeiros passos no sentido de redefinir a sua
• A organização do sistema educativo orienta- vocação e de identificar um modelo estratégico
do para o sucesso de todos os alunos e que de desenvolvimento que lhe permita assumir um
valorize a liberdade de escolha e a diferen- lugar de maior relevo na sociedade do conheci-
ciação dos percursos escolares; mento e num mundo cada vez mais globalizado
e competitivo, nos domínios da formação alta-
• A reorganização dos ciclos de ensino, de for- mente especializada, da investigação científica e
ma a eliminar a excessiva segmentação po- da criação cultural.
tenciadora do insucesso escolar;
É responsabilidade do Estado constituir-se como
• A diversificação da natureza institucional facilitador e integrador de um maior diálogo
das escolas, nomeadamente pelo incentivo e cooperação entre as instituições do ensino
ao desenvolvimento de escolas independen- superior, visando a consensualização dessa es-
tes que garantam o serviço público de edu-
tratégia de desenvolvimento a médio e longo • Promover o maior sucesso académico dos
prazo que permita valorizar as suas vantagens estudantes, estimulando a criação de instru-
competitivas. Cabe também às políticas públi- mentos de apoio no sentido de ultrapassar
cas definir, com clareza, o enquadramento, seja as dificuldades académicas e de encontrar
normativo, seja financeiro e orçamental, em que um percurso individual com sucesso. Deverá
essas estratégias se deverão desenvolver. Um ser prosseguida a otimização do sistema na-
enquadramento que se exige claro e estável, de cional de apoio social e incentivado o reforço
modo a que as opções de cada instituição pos- dos mecanismos locais para resposta rápida
sam ser assumidas com responsabilidade e no em situações especiais;
exercício da sua autonomia.
• Assegurar uma adequada compreensão da
Para realizar esses objetivos, elegem-se como oferta educativa, em ordem a possibilitar
prioritários os seguintes eixos de atuação: uma escolha plenamente informada. Serão
seguidas as melhores práticas europeias
• Promover uma maior participação no ensi- para melhorar a compreensão da diversidade
no superior, por forma a que todos os jovens da oferta educativa e a empregabilidade de
com um diploma do secundário possam ace- todos os diplomados;
der a um ensino superior de qualidade. Pro-
pomos que, em 2020, a participação dos jo- • Apostar na criação e transferência de conhe-
vens no ensino superior atinja os 50% e que cimento, de modo a que o sistema de ensino
a percentagem de diplomados (30-34 anos) superior veja reforçada a sua função de in-
atinja os 40%. Serão criadas condições para vestigação e o seu impacto social. Será incre-
a expansão do ensino à distância (e-learning mentada a articulação entre as estruturas de
e b-learning), com garantias de qualidade e investigação académica e as próprias institui-
de presença internacional do melhor ensino ções de ensino superior que lhes dão suporte;
em língua portuguesa e estabelecidos meca-
nismos de apoio às políticas de internaciona- • Valorizar o trabalho científico e tecnológico
lização das instituições; ao serviço da inovação empresarial e digni-
ficá-lo, tanto na avaliação docente como na
• Reforçar a qualificação e a requalificação avaliação de instituições de ensino superior e
de ativos, especialmente através de cursos de centros de investigação;
de TeSP (Técnico Superior Profissional), li-
cenciaturas e mestrados profissionalizantes. • Reforçar a autonomia das instituições de ensino
Todos os ciclos de estudos de TeSP devem superior na utilização das receitas obtidas em
reforçar a preparação dos futuros diploma- projetos de I&D com financiamento empresarial
dos para a sua inserção na vida ativa. A ofer-
ta formativa e as condições de acesso dos • Reestruturar a rede de estabelecimentos,
ativos serão ajustadas à sua realidade; promovendo uma oferta mais racional e de
maior qualidade. É possível e desejável re-
A Cultura é muito mais que o conjunto das polí- • Cultura e educação, através do desenvolvi-
ticas culturais de uma tutela ou de um governo, mento de programas integrados para a edu-
é o próprio dispositivo de construção pessoal e cação pré-escolar, o ensino obrigatório e o
ensino superior, com o objetivo de promover • Cultura e internacionalização, por via do es-
a presença das artes e do património no quo- tímulo ao desenvolvimento de iniciativas de
tidiano dos estudantes e das suas famílias, internacionalização das artes performativas
potenciando objetivos curriculares e aumen- e das artes visuais, de uma maior penetra-
tando a criação e a fruição cultural; ção da literatura e edições portuguesas nos
circuitos internacionais, de um estímulo à
• Cultura e economia, reconhecendo a im- produção e difusão de conteúdos televisivos
portância do sector criativo como elemento em língua portuguesa, assim como através
diferenciador e de mais-valia na economia de um programa de internacionalização do
global atual, da importância da cultura na cinema e do audiovisual português e da cap-
criação de empregos e de riqueza e enquan- tação de produções externas.
to área de elevado potencial competitivo e
recorrendo a incentivos à criação e desen-
volvimento de micro e pequenas empresas, 2. Cultura e coesão social
nomeadamente nas áreas do artesanato, do
design, do turismo cultural, do mercado de À cultura cabe um papel crucial na criação de
arte e da produção artística e de incentivos uma sociedade mais inclusiva e na afirmação
à criação de capital de risco e de utilização do princípio da igualdade de oportunidades.
de fundos reembolsáveis na área da cultura; Na realização desse objetivo, assume especial
relevo o programa Cultura para Todos, criado no
• Cultura e turismo, criando condições ade- âmbito do Portugal 2020 e a necessidade de:
quadas à exploração da mais valia que o pa-
trimónio cultural edificado, paisagístico, mó- • Melhorar a participação das diversas comu-
vel e imaterial pode induzir nas dinâmicas da nidades linguísticas e nacionais presentes
economia do turismo interno e externo, afir- em Portugal em atividades que permitam a
mando a cultura como um dos elementos di- sua efetiva e plena integração no todo social;
ferenciadores de Portugal enquanto destino;
• Promover o acesso das populações que, por
• Cultura e territórios de baixa densidade, va- razões de limitações carência de diversa na-
lorizando a dinamização da proteção do pa- tureza, não conseguem aceder em termos
trimónio e a atividade artística nestas regiões equitativos à fruição e à criação cultural;
do país – com modelos de aproximação às
populações, de inserção em redes nacionais e • Promover a melhoria da articulação dos ser-
internacionais de programação ou de itinerân- viços públicos do Estado com as autarquias
cia -, que deve contar com dispositivos de ins- locais, as empresas e a sociedade civil, tendo
talação de indústrias criativas nessas regiões; em vista a máxima utilização dos recursos
disponíveis para servir as comunidades na-
cional, regional e local;
29
DEFENDER
E REVIGORAR
O ESTADO SOCIAL
O desenvolvimento das áreas sociais deve ser Mas, no domínio da Segurança Social importa
um desígnio nacional neste período de progres- também continuar a criar condições para a sus-
siva recuperação económica. Porque a nossa op- tentabilidade dos sistemas previdenciais, para o
ção de fundo foi, é e continuará sempre a ser reforço da proteção social e para o desenvolvi-
defender e revigorar o Estado Social e as suas mento do voluntariado, no âmbito de uma refor- 31
O Estado tem feito um investimento muito signi- Ambicionamos, assim, uma verdadeira mudança
ficativo e de forma continuada na Segurança So- de paradigma, garantindo a proteção de quem
cial, nomeadamente nas duas últimas décadas, mais precisa, potenciando a mobilidade social e
de tal forma que a despesa da Segurança Social promovendo a inclusão social.
aumentou de 9,1% para 26,9% do PIB. No entan-
to, esse investimento não teve uma correspon- Com essa ambição, e depois de, num período de
dência direta na mobilidade social das famílias, emergência, atendermos a quem mais precisava
sendo que, entre 1994 e 2013, a taxa de risco de e estava mais exposto à crise, através do Pro-
pobreza antes de qualquer transferência social grama de Emergência Social, queremos agora
aumentou de 37% para 47,8% e, após transferên- desenvolver um Programa de Desenvolvimento
cias relativas às pensões, ficou quase inalterada Social, assente numa parceria público-social.
de 27% para 26,7%.
O desenvolvimento social é, por definição, o pro-
A natureza dos problemas sociais a enfrentar cesso de melhoria da qualidade de vida de uma
exige, assim, uma atuação do Estado mais glo- sociedade e nós temos a forte convicção que
bal e sistémica, quer no ataque às causas onde este Programa de Desenvolvimento Social será
os próprios problemas se geram, quer ao nível a alavanca decisiva para a melhoria da qualida-
das situações específicas quando os problemas de de vida em Portugal, com mais justiça social,
se manifestam. maior igualdade de oportunidades e mais espe-
rança.
A exclusão social reflete-se nas mais diversas di-
mensões - económicas, sociais, culturais ou de Apostamos, assim, no desenvolvimento de uma
Se, por um lado, temos este facto positivo, por Reformar e viabilizar a Segurança Social é algo
outro, uma preocupante quebra demográfica, de inevitável num prazo relativamente urgente.
que alastrou a quase todas as nações do velho Em virtude das dificuldades crescentes que se
continente, constitui um sério problema para a agudizam, entendemos ser necessário levar à
sustentabilidade dos sistemas sociais. prática políticas reformistas que assegurem a
sustentabilidade dos sistemas previdenciais de
A conjugação destes dois fatores levanta assim um segurança social, que resultem de um debate
enorme desafio: responder a um processo de “du- alargado, envolvendo a sociedade civil, e ne-
plo envelhecimento” com incremento, por um lado, cessariamente do entendimento entre todos os
do número de pessoas idosas e, felizmente, com partidos do arco da governabilidade e que tra-
maior esperança de vida e, por outro, uma diminui- duzam, consequentemente, a existência de um
ção significativa da proporção de jovens. amplo consenso social e político.
Num estudo da OCDE, é referido que se não fo- A reforma deverá salvaguardar um conjunto de
rem feitas reformas atempadamente as gerações princípios que já hoje enformam o atual sistema
atuais e seguintes verão diminuído o retorno face público de pensões: (I.) matriz de regime públi-
ao que contribuíram, isto é, a taxa de substitui- co, (II.) obrigatório e universal de proteção so-
ção diminuirá em todo o mundo. cial, (III.) gestão pública do sistema, (IV.) meca-
nismo de repartição do modelo de redistribuição
Sem sustentabilidade financeira não há equidade - as pensões em pagamento continuarão a ser
intergeracional e sem equidade intergeracional a financiadas pelas contribuições geradas essen-
• Promover o voluntariado em todas as idades, • Criar condições para que as entidades priva-
mas especialmente o Jovem e Sénior, numa das e públicas possam ter uma maior inicia-
cultura de solidariedade intergeracional e tiva na área do voluntariado, não apenas en-
consideração pelas diferentes necessidades quanto impulsionadoras deste tipo de ações,
e expectativas; mas também enquanto criadoras de melho-
res condições para os voluntários que com
• Desenvolver iniciativas que promovam um elas colaboram. Nesse sentido, queremos
maior cruzamento entre a oferta e a procu- avançar com mecanismos de certificação de
ra ao nível regional e local, potenciando uma boas práticas, sobretudo para empresas e
maior ação voluntária onde ela é precisa por entidades não lucrativas;
quem a pretende efetivamente prestar;
Ao longo de uma legislatura caracterizada por O compromisso de ter um SNS que contribua
enormes dificuldades e restrições, trabalhámos para o desenvolvimento da inovação e da inves-
para defender e prestigiar o SNS. O nosso ob- tigação clínica, num permanente investimento
jetivo fundamental para a próxima legislatura é no conhecimento.
continuar a apostar no SNS, garantindo-lhe sus-
Em coerência com estas linhas de orientação
tentabilidade, competitividade e excelência e
política, propomos por em prática as seguintes
aprofundado as condições de exercício da liber-
medidas:
dade de escolha. E, para isso, consideramos es-
sencial assumir um conjunto de compromissos.
Um SNS sustentável, • Reformular o modelo de contratualização
com as unidades de saúde, incorporando o
um SNS com futuro novo modelo de financiamento e as dimen-
sões de qualidade, ensino e investigação.
• Promover um Compromisso de Saúde entre
o Cidadão e o Estado, que garanta o envol- • Criar um sistema de incentivos, direcionado a
vimento de todos e de cada cidadão, consi- premiar os melhores desempenhos.
derando o Cidadão como um parceiro ativo
• Reconhecendo a sensibilidade do setor da
no Serviço Nacional de Saúde, em especial
Saúde, garantir uma regulação que garanta a
na promoção da sua saúde e na prevenção
equidade, a transparência nos processos e a
da doença;
defesa do cidadão contra a indução da pro-
• Promover um novo modelo de financiamen- cura, tanto mais quanto a liberdade de esco-
to das unidades de saúde, baseado na ava- lha for um facto.
liação qualitativa e de acordo com quatro
• Apostar na prevenção enquanto dimensão
pressupostos essenciais:
fundamental do combate à doença. O reco-
o Privilegiar um financiamento por resul- nhecimento dessa importância passa, nome-
tados e não exclusivamente por atos, ou adamente:
seja, tendo em consideração o estado
o Pela aproximação da média europeia no
de saúde da população abrangida e não
que diz respeito ao orçamento da saúde
apenas as intervenções sobre a doença.
afeto à prevenção.
o Alargar a remuneração por objetivos, já exis-
o Pelo aprofundamento do papel ativo do
tente nas USFs, a outros setores da saúde;
enfermeiro na equipa de saúde, na pre-
o Garantir maior autonomia aos hospitais venção e rastreio de doenças crónicas
com resultados financeiros equilibrados; como a diabetes, a obesidade e a hiper-
tensão, com a generalização da figura do
o Traduzir o princípio da livre escolha. Enfermeiro de Família, privilegiando a
relação de proximidade entre estes pro-
• Reconfigurar o modelo de governação da fissionais e os utentes e com a melhoria
ADSE, atribuindo-lhe crescente autonomia, do ratio entre o número de médicos e o
alargando o seu âmbito a outros trabalha- número de enfermeiros.
dores, designadamente aos em regime de
contrato individual de trabalho na Adminis- o Pelo incremento da relação de parceria
tração Pública, com regras que preservem a com a Rede de Farmácias, na promoção
sua sustentabilidade; de saúde, no rastreio da doença e no
acompanhamento da doença crónica.
• Avaliar o estatuto do dirigente desportivo • Promover uma maior interligação entre o se-
em regime de voluntariado; tor audiovisual público e o desporto, procu-
rando incrementar a sua visibilidade e reco-
• Potenciar as oportunidades decorrentes do nhecimento.
Programa de Fundos Europeus Portugal
2020, no domínio da economia do despor-
to, de forma a reforçar a capacidade do país
em organizar eventos desportivos que pos-
sam rentabilizar os equipamentos e permitir
o desenvolvimento de uma estratégia glo-
bal de promoção externa para os centros de
alto rendimento, com o objetivo de tornar
Portugal num destino de excelência para a
prática desportiva ao mais alto nível;
49
É essencial que Portugal mantenha uma dinâ- lançamento de um novo ciclo de reformas estru-
mica de crescimento sustentável que continue turais e de investimentos seletivos e produtivos
a reforçar a confiança no nosso país. Condição em áreas estratégicas, como a economia azul e
primeira para que tal suceda é permanecer fiel a economia verde, que se juntam aos sectores
ao modelo que tem vindo a ser desenvolvido mais inovadores da agricultura, da indústria, do 51
ao longo dos últimos quatro anos. Um modelo comércio, dos serviços e do turismo, na promo-
assente na redução dos níveis de dívida, tanto ção de forma sustentável do crescimento e do
pública como privada, no crescimento do inves- emprego.
timento privado e na inovação, nas exportações
e nos bens transacionáveis e na reposição gra- Garantimos assim aos portugueses que, no que
dual do poder de compra. Um modelo em que de nós depender, a próxima será uma legislatu-
a parcela de investimento público será seletiva ra de crescimento económico robusto e gerador
e focada em pequenas e médias obras necessá- de emprego. A nossa ambição é criar condições
rias, não em projetos faraónicos ou sumptuosos. para um crescimento económico médio de 2% a
Um modelo que assegure a sustentada criação 3% nos próximos 4 anos.
de riqueza e de emprego e que estabeleça as
condições indispensáveis à construção de uma Como garantimos, dentro do que está ao alcance
sociedade mais confiante, mais próspera e com de um Governo, uma legislatura em que a redu-
mais oportunidades para todos os Portugueses. ção continuada do desemprego seja a priorida-
de máxima. A nossa ambição é que o desempre-
Mas o modelo que defendemos passa também go em Portugal baixe, pelo menos, para a média
por estabelecer e concretizar uma visão de de- europeia.
senvolvimento de longo prazo, que beneficie do
1. REFORÇAR A liado como a 25ª economia mais competitiva do
mundo (em 189 paises). A nossa ambição é con-
COMPETITIVIDADE DA tinuar a melhorar, tendo como objectivo de lon-
ECONOMIA NACIONAL go alcance que Portugal se torne uma das dez
mais competitivas economias mundiais e que, no
Estamos bem conscientes que a competitivi- espaço da próxima legislatura, nos situemos no
dade económica não se cria por decreto, nem top 20 do DB e no top 25 do WEF.
surge como consequência de manifestações de
voluntarismos estéreis, porque deslocados da No mercado global em que hoje nos movemos,
realidade, antes dependendo da capacidade promover a competitividades das empresas é,
para articular políticas pública corretas e esco- pois, uma orientação essencial, pois só assim
lhas empresariais adequadas. estas poderão explorar as novas oportunidades
de negócios, dinamizar a sua atividade exter-
Porque não temos uma visão dirigista ou inter- na e conquistar, como tem vindo a suceder nos
ventora da atividade económica, acreditamos últimos anos, quotas de mercado, permitindo-
convictamente que são as empresas e os agen- nos aumentar as exportações para mais de 50%
tes económicos que criam riqueza. Mas que ao do PIB até 2020.
Estado deve caber um papel importante, seja na
definição de quadros claros de acão (incluindo Nessa medida, o pior que poderia suceder à eco-
no plano regulatório), na eliminação progressiva nomia nacional e, consequentemente, às empre-
dos custos de contexto, na aplicação adequada sas portuguesas, seria pôr em risco as políticas
dos fundos comunitários, na diversificação dos que vêm sendo seguidas e os compromissos já
mecanismos de financiamento, no apoio à in- assumidos, porquanto é precisamente a sua ma-
ternacionalização ou na dinamização da relação nutenção que induz maior estabilidade, maior
entre as instituições de ensino e de investigação certeza e maior confiança para investir.
e o tecido empresarial.
Nessa linha, propomo-nos:
Portugal tem nestes últimos quatro anos fei-
to um caminho significativo no reforço da sua • Prosseguir com a redução da taxa geral de
competitividade. Tal não é avalizado só por nós, IRC dos atuais 21% para 20% em 2016, man-
mas também pelas principais instituições que tendo-se o ritmo de redução de um ponto
avaliam e comparam a competitividade das di- percentual por ano entre 2017 e 2019, ano em
ferentes economias mundiais. Assim, refira-se que a taxa de IRC se fixará em 17%;
que no Global Competitiveness Report 2014 do
World Economic Forum, Portugal subiu 15 posi- • Harmonizar os requisitos regulatórios face
ções face ao ano anterior, ocupando agora a 36ª aos requisitos dos outros países membros da
posição (em 144 paises analisados). No Doing União Europeia e dos nossos principais parcei-
Business 2015 do Banco Mundial, Portugal é ava- ros de negócios, nos sectores com maior po-
tencial exportador, facilitando a colocação dos
sim, essencial, em particular no que toca às PME. • Assumir objetivos mais ambiciosos para a
eficiência energética, atingindo, em 2020, o
Em tais áreas, as nossas propostas são: objetivo de redução do consumo de energia
de 25% e 30% em 2030;
• Crescimento Verde:
Posicionar Portugal como referência mundial
do crescimento verde e assegurar a concre-
tização das 111 iniciativas e cumprimento das
14 metas do Compromisso para o Cresci-
mento Verde, subscrito pelo Governo e por
82 organizações da sociedade civil, nomea-
damente: aumentar o VAB verde em 5% por • Investimento Verde:
ano; aumentar as exportações nos setores Acelerar o desenvolvimento de projetos e a
verdes em 5% por ano; duplicar o emprego criação de emprego nas áreas da economia
verde até 2030 (com um aumento anual de verde a partir dos significativos recursos fi-
4%); atingir 40% de renováveis no consumo nanceiros existentes no Fundo Europeu para
final de energia e 80% na eletricidade em Investimentos Estratégicos (315 mil milhões
2030; reduzir o consumo de energia em 30%; de euros) e, no domínio da sustentabilidade
reduzir as perdas de água de 35% para 20%; e eficiência, no uso de recursos do Portugal
aumentar a reabilitação urbana de 10% para 2020 (4 mil milhões). Promover a gestão in-
23% do volume de negócios da construção tegrada de todos os fundos nacionais am-
civil; reduzir as emissões de CO2 em 30-40% bientais e energéticos, concentrando sob um
em 2030, face aos níveis de 2005; aumentar mesmo enquadramento estratégico e ope-
a utilização de transportes públicos em 40% racional um volume de financiamento muito
até 2030; atingir, na UE, 10% de interligações significativo e com forte impacte catalisador
elétricas em 2020 e 15% em 2030; na área da eficiência energética, mobilidade
elétrica, gestão de recursos hídricos, conser-
• Fiscalidade Verde:
vação da natureza, proteção do litoral, trata-
Prosseguir a implementação, num quadro mento de resíduos, eco-inovação. Promover
de neutralidade do sistema fiscal e de triplo a criação de novos mecanismos que esti-
dividendo (ambiente, economia e emprego), mulem o investimento privado em negócios
da reforma fiscal verde aprovada em 2014, verdes como, por exemplo, “capital de risco
de forma a: tributando mais o que se polui verde” e green bonds.
e degrada, tributar menos o que se produz e
aufere; promover a ecoinovação, a eficiência • Eco-inovação:
na utilização de recursos, a autonomia ener- Estabelecer um programa específico de di-
gética e a indução de padrões de produção namização da investigação, desenvolvimen-
e de consumo mais sustentáveis. A estraté- to e inovação, no setor público e privado, em
gia anual de reciclagem da receita gerada a tecnologias limpas e de baixo carbono, com
partir da fiscalidade verde deverá contribuir forte impacto na sustentabilidade, na eficiên-
não apenas, como em 2015, para o desagra- cia no uso dos recursos, no desenvolvimento
vamento dos impostos sobre o rendimento de novos produtos e de novos processos e
do trabalho e das famílias, mas também para na criação de emprego.
a atribuição de créditos fiscais às empresas
em investimentos em eficiência energética. • Estabelecer um programa de compras pú-
O aumento líquido da receita tem de ser uti- blicas ecológicas e assegurar a inclusão de
lizado para diminuir outros impostos, nome- critérios de sustentabilidade nos contratos
adamente, sobre o rendimento; públicos de aquisição de bens e serviços.
Para nós o mar é, antes do mais, um elemento • Promover até 2020 um investimento produ-
central na definição da nossa própria identida- tivo no setor das pescas, transformação do
de nacional. Ao mesmo tempo, o contributo que pescado e aquicultura de 1000 milhões de
pode dar para o desenvolvimento económico é euros, suportado pelo programa operacional
relevante e deve ser adequadamente explorado. Mar2020;
63
Importa, por isso, ser capaz de definir uma visão 2. No que respeita ao uso sustentável dos
para a política do mar e dos oceanos e de con- recursos e à promoção do investimento
cretizar, sem hesitações, as medidas necessárias assente no conhecimento
para a concretizar, numa perspetiva multidisci-
• Promover uma gestão eficaz e sustentável
plinar. Nos últimos quatro anos fomos claros e
das espécies piscícolas capturadas em águas
consistentes na afirmação desta visão expressa,
nacionais no âmbito dos acordos bilaterais e
desde logo, na revisão da Estratégia Nacional
da Política Comum de Pescas, envolvendo a
para o Mar, alinhando-a com o horizonte tem-
comunidade cientifica e os agentes do sec-
poral e os objetivos dos fundos europeus neste
tor;
domínio, e na assunção de que, até 2020, deve-
remos aumentar em 50% o contributo da econo- • Fomentar a transparência e a simplificação
mia azul para o PIB nacional. nos processos associados à produção de
pescado, em zonas de aquacultura;
Entendemos que o caminho percorrido é acerta-
do, tanto mais que no período da próxima legis- • Desenvolver um programa de financiamen-
latura se estima poder obter o reconhecimento to do empreendedorísmo, no quadro do
da extensão da nossa plataforma continental pe- Mar2020, fomentando nomeadamente a
las Nações Unidas. criação de empresas a partir do conhecimen-
to produzido na academia;
• Desenvolver a plataforma informática neces- de dos seus vários domínios, nomeadamen-
sária à plena e célere articulação de todos os te da valorização da pesca à promoção da
procedimentos no quadro do ordenamento e aquacultura, da liderança na biotecnologia
gestão do espaço marítimo, de forma a tor- azul ou nas energias renováveis oceânicas, à
ná-lo um efetivo instrumento de promoção e possibilidade de todos os alunos do ensino
facilitação do investimento; obrigatório obterem progressivamente a car-
ta de marinheiro;
• Desenvolver um programa nacional de ava-
liação sistemática dos recursos naturais ma- • Apostar continuadamente na investigação,
rinhos, promovendo a participação de em- promovendo a criação de uma rede nacional
presas, nacionais e estrangeiras, com vista à de todos os centros de investigação já exis-
efetiva exploração económica; tentes, a sua integração em redes europeias e
mundiais e o seu apoio seja através dos fundos
3. No que toca à internacionalização do setor comunitários, seja através da disponibilização
do navio de investigação oceanográfica;
• Intensificar a estratégia de internacionaliza-
ção da fileira da indústria transformadora e • Continuar a aposta determinada na conclusão
conserveira de pescado, já exporta mais de do Projeto de Extensão da Plataforma Conti-
900 milhões de euros; nental de Portugal, reforçando a capacidade de
intervenção com a apresentação de uma can-
• Persistir na estratégia de captação de in- didatura à Comissão de Limites da Plataforma
vestimento direto estrangeiro para as áreas Continental no âmbito das Nações Unidas;
da economia azul e reiterar o papel da Blue
Week neste domínio; • Avaliar a possibilidade de melhorar o posicio-
namento estratégico dos recursos da Arma-
• Intensificar as ações externas de divulgação da Portuguesa, nomeadamente fixando par-
da nossa estratégia para o mar e dos instru- te desses recursos nos Açores, no contexto
mentos para a sua concretização, envolven- do alargamento do nosso território marítimo.
do sistematicamente a AICEP e a diplomacia
económica e procurando rotinar missões in-
versas; 8. MANTER O RUMO DA
AGRICULTURA PORTUGUESA
4. No que tange à visão global da nossa es-
tratégia nacional do mar e à extenção do
A agricultura tem vindo a assumir-se, cada vez
nosso território
mais, como um sector muito relevante da econo-
• Reiterar o compromisso com a execução da mia nacional, como o demonstra o incremento
Estratégia Nacional para o Mar, na diversida- do seu papel na balança comercial nacional, seja
por via do aumento das exportações, seja como
• Destinar verbas ao estudo aplicado de Sendo responsável por uma ocupação de dois
prevenção e combate a pragas e doenças terços do nosso território, a floresta represen-
incidentes nas produções agrícolas e flo- ta uma riqueza enorme no nosso país, seja pelo
restais nacionais; valor económico que cria e pelos empregos que
gera, seja pelo que representa em termos am-
• Prosseguir a estratégia de redução do bientais e de serviços dos ecossistemas.
desperdício alimentar em toda a fileira
da alimentação por forma a estimular, em A fileira florestal é responsável por quase 10%
conjunto com a saúde e a educação, uma das exportações de bens e os números das ex-
alimentação mais saudável, inspirada na portações são solidamente crescentes. Neste
dieta mediterrânica; domínio, Portugal ocupa o primeiro lugar a ní-
vel mundial na produção e exportação de cor- gica nacional, a certificação florestal nas
tiça e encontra-se entre os primeiros na pro- áreas privadas e públicas;
dução de papel e de pasta. Apesar do saldo
positivo da balança comercial de 2,5 mil mi- • Aprofundar o caminho já iniciado com a
lhões de euros, o investimento e o aumento da reforma da fiscalidade florestal, no senti-
capacidade industrial instalada têm levado a do de criar uma conta de gestão florestal
um aumento da procura de matéria-prima, em que favoreça a poupança com vista ao
muitos casos colmatada com importações. Há investimento na floresta e de concretizar
por isso muito espaço para aumentar a produ- o Estatuto Fiscal e Financeiro no Investi-
ção, reduzindo importações e continuando a mento e na Gestão Florestal;
agregar mais valor nacional.
• Promover a plena execução do novo re-
Para promover este aumento de produção, e gime da estruturação fundiária e dinami-
sabendo que em matéria de floresta tudo se zar a Bolsa de Terras, como instrumento
mede a médio e a longo prazo, é necessário crítico para um pleno aproveitamento das
dar continuidade ao conjunto de linhas de potencialidades do nosso território, bene-
ação e de medidas adotadas nos últimos anos. ficiando, nomeadamente, das vantagens
Estas linhas, refletidas na Estratégia Nacional decorrentes da elaboração prevista do
para as Florestas, deverão ser mantidas e apro- cadastro;
fundadas.
• Incentivar e apoiar a transferência da ad-
ministração dos baldios para os compar-
Assim, propomos:
tes e concentrar a ação do Estado na re-
gulação e na fiscalização do setor.
1. No que respeita a tornar o investi-
mento florestal mais atrativo e a re-
forçar a gestão florestal 2. No que toca a tornar o investimento
florestal mais seguro
• Aumentar o investimento produtivo na
floresta, nomeadamente através da boa • Intensificar os esforços ao nível da defe-
execução do PDR2020; sa da floresta contra incêndios, nomea-
damente ao nível da sensibilização e da
• Favorecer uma gestão cada mais vez con- execução das redes primárias e de faixas
junta das parcelas florestais, apoiando a de gestão de combustível na defesa da
criação de ZIFs em 100.000 ha/ano e ou- floresta contra incêndios, concluindo até
tras formas de gestão conjunta da floresta; 2019 as localizadas em áreas públicas ou
sob gestão do ICNF;
• Incentivar a gestão profissional da flores-
ta, melhorando a sua produtividade e es- • Aprofundar a aposta na silvicultura pre-
timulando, na linha das metas da estraté- ventiva, nomeadamente através da ação
• Estudar, no âmbito da IFD, a criação de uma • Concretizar uma presença unificada na in-
linha de financiamento para capitalizar a res- ternet e em aplicações para telemóveis e re-
tauração e similares; lançar o programa PME Digital, aumentando
a sua abrangência de apoios para a criação
• Lançar uma nova linha Comércio Investe no âm- de aplicações ou websites formatados para a
bito do Fundo de Modernização do Comércio; presença digital móvel;
• Implementar uma Estratégia Territorial para • Avaliar formas de agilizar as alterações aos
o Comércio, Serviços e Restauração, onde se Códigos de Atividade Económica (CAE),
avalia uma política de ordenamento do terri- identificando com os setores os desafios que
tório em articulação com uma política seto- apresentam e os seus impactos em candida-
rial para o comércio, serviços e restauração, turas a programas públicos;
desenvolvendo um visão para requalificar e 71
modernizar os centros urbanos e o meio rural • Criar regras tendo em vista a proteção de infor-
(em particular nas áreas transfronteiriças); mações comerciais confidenciais, promovendo
a harmonização das legislações europeias que
• Promover a criação de mecanismos institucio- protegem segredos comerciais da sua aquisi-
nais de avaliação da utilização de “Big Data” ção, utilização e/ou divulgação ilegais;
em Portugal – potenciando a inovação e pre-
servando a utilização de dados anónimos; • Estabelecer protocolos para estágios de
recém-licenciados com organizações inter-
• Criar um canal de informação e comunicação, nacionais de comércio e com organizações
centralizado na DGAE que, numa ótica de internacionais de hotelaria e restauração;
proximidade aos agentes económicos inclua:
• Simplificar o mecanismo de prestação de
a. Mecanismo de alerta para as empresas e informação entre empresas/empresários e
associações, relativamente às alterações entidades reguladoras ou Estado (garantir a
legislativas e regulamentares, de forma plena operacionalização do “Uma só vez”);
clara e com a necessária antecedência.
• Com o objetivo, para o biénio 2015-2016, de o
b. Linha telefónica e caixa de correio eletró- aumentar em mais 3.000 produtos e serviços,
nico específicas, que respondam aos pe- iniciar uma nova fase do programa Portugal Sou
didos de informação Eu, abrindo-o à participação de novas entidades
em regime de co-promoção e incorporando no- privado. E os nossos objetivos são claros e am-
vas valências que permitam a dinamização de biciosos: atingir 20 milhões de turistas por ano
atuações específicas, que sejam orientadas à até 2020, crescer em receitas por turista acima
partida para áreas de domínio concretas; da média dos nossos principais concorrentes,
chegar a 2020 como o décimo país mais compe-
• Prosseguir as políticas visando a promoção titivo do mundo em matéria de turismo (somos
da equidade e do equilíbrio na cadeia de va- hoje o décimo quinto).
lor, o aumento da transparência do mercado,
a adequada repartição de valor entre os sec- Sendo assim, propõe-se:
tores da produção, da transformação e da
distribuição de produtos agrícolas e agroa- 1. Desburocratizar: ultrapassar a dimen-
limentares e o estabelecimento de uma con- são sectorial do turismo.
corrência saudável, âmbito em que é decisi-
vo promover o reforço do papel institucional • Rever o atual Plano Estratégico Nacional
da Plataforma de Acompanhamento das Re- para o Turismo, que termina em 2015, subs-
lações na Cadeia Agroalimentar (PARCA). tituindo-o por um documento enquadrador
das políticas públicas para o sector organiza-
do em torno do foco no turista individual, na
12. REFORÇAR A liberdade de atuação do sector privado, na
COMPETITIVIDADE DO TURISMO abertura do sector aos desafios do futuro e
no conhecimento sobre a atividade.
O sector do Turismo desempenha uma função
estratégica no crescimento da economia portu- • Continuar a flexibilização da legislação re-
guesa, nomeadamente pelo incremento do seu levante para o setor, por forma a permitir o
contributo líquido para a nossa balança externa. desenvolvimento, pelos agentes privados, de
Importa, assim, assumir a relevância das políti- produtos turísticos diversificados, que res-
cas que reforcem essa tendência, as quais devem pondam eficazmente à procura turística.
continuar a assentar na adoção de medidas que
• Analisar, em colaboração com o setor priva-
contribuam para o reforço da competitividade,
do, toda a cadeia de valor do turismo, para
seja no que diz respeito à desburocratização e à
identificar custos de contexto, a montante e
redução de custos de contexto, seja no que toca
a jusante, da atividade turística, que estejam
às orientações de promoção do destino Portugal.
a limitar a competitividade do setor.
Para os próximos quatros anos dois grandes de- • Continuar a agir diretamente sobre os fato-
safios se apresentam às políticas públicas: ultra- res que influenciam os rankings sectoriais de
passar os desafios colocados pela transversali- competitividade internacional, para reforçar
dade da atividade e estreitar a ligação entre a a atratividade de Portugal como destino de
ação do Estado e a competitividade do sector investimento turístico.
forço comercial do sector privado, através da sam escolher de forma informada a escola
atuação junto de operadores turísticos, de que frequentam.
canais de distribuição dos mercados exter-
nos, de workshops, fam trips, etc. • Descentralizar a gestão de EHT que tenham
particular relevância para destinos regionais
• Prosseguir com a política de reforço da aces- e locais, de modo a que estas possam, em
sibilidade aérea, não só para angariar novas conjunto com o setor privado, adaptar a sua
rotas e operações, mas também para reter e oferta formativa às necessidades desses des-
maximizar ocupações das ligações atuais e/ tinos, através da contratualização com Enti-
ou reforçar frequências em rotas atuais. dades Regionais de Turismo, Câmaras Muni-
cipais ou outros agentes regionais e locais.
• Aprofundar a articulação da promoção de
produtos turísticos com a de outros produ- • Promover a internacionalização das EHT,
tos portugueses distintivos, autênticos e com com base nos protocolos de cooperação que
relevância e prestígio internacional como se- têm sido assinados recentemente com países
jam o vinho, a cortiça, o azeite, o cavalo lusi- terceiros interessados em desenvolver e qua-
tano e o calçado, que também promovem o lificar o seu sector do turismo e através da
país no exterior. captação de alunos estrangeiros.
• Articular a rede de EHT com as de outras lhorar a vida das pessoas, dinamizar as ativida-
entidades públicas que oferecem formação des económicas, alavancar a geração de empre-
profissional ou avançada (ex.: IEFP, Univer- go e a criação de riqueza. Devem, também por
sidades, Institutos Politécnicos, Escolas Pro- isso, ter sustentabilidade económico-financeira
fissionais, etc.), para evitar a duplicação de e ser estruturados visando aprofundar a coesão
funções e da oferta formativa pública na área social e territorial e a esbater as disparidades
do Turismo. que ainda subsistem.
• Preparar uma Oferta Pública Inicial (OPI) da Importa agora desenvolver as reformas em ver-
“Infraestruturas de Portugal”, preferencial- tentes menos infraestruturais e mais regulatórias:
mente através de um aumento de capital no
mercado de capitais, que mantenha a parti- • Garantir adequada cobertura territorial de
cipação maioritária no controlo do Estado e postos e estações de correio, no âmbito do
que permita, por um lado, uma maior raciona- serviço universal de comunicações postais;
lidade das decisões de investimento, atentos
os compromissos qualitativos do Contrato de • Garantir uma redução progressiva do custo
Concessão rodo e ferroviário e, por outro, a de roaming das comunicações móveis a pa-
geração de liquidez que permita a recompra gar pelos portugueses nas suas deslocações
adicional de contratos de PPP com vantagem no espaço europeu;
incremental na redução de pagamentos;
• Assegurar condições regulatórias que per-
• Atribuir ao Grupo de Trabalho para as Infraes- mitam continuar o investimento em redes de
truturas de Elevado Valor Acrescentado (GT fibra óptica, sobretudo nas regiões menos
IEVA) o estatuto de Unidade de Acompanha- densamente povoadas;
mento da execução do PETI3+, garantindo um
• Criar condições para maior investimento na
envolvimento permanente dos agentes eco-
área de conteúdos, para dar melhor serviço
nómicos, das associações empresariais e dos
aos portugueses.
utilizadores das infraestruturas. Esta Unidade
funcionará sem qualquer custo para o Estado;
G. ÁREAS TRANSVERSAIS
• Prosseguir atividades de elevado valor acres-
centado, nomeadamente a expansão da rede O desenvolvimento de Portugal enquanto par-
de fibra em todos os canais rodo e ferroviá- te de uma economia globalizada exige que os
rios, para posterior concessão/alienação, au- agentes políticos tenham a permanente preocu-
mentando assim o património físico e finan- pação de melhorar os mecanismos de regulação,
ceiro da Infraestruturas de Portugal. bem como a qualidade nos processos e no servi-
ço às pessoas, sejam os processos de mudança
desenvolvidos no quadro nacional ou no quadro
F. COMUNICAÇÕES
europeu. Assim, propomo-nos:
Na área das comunicações é importante subli-
• Apostar no aprofundamento da regulação,
nhar, nos últimos anos, entre outras, a expansão
por via da capacitação funcional e operacio-
das redes de fibra óptica, o início e expansão
nal das recém-criadas Autoridade da Mobili-
das comunicações móveis de quarta geração e a
O Estado deve continuar a promover um conjun- • Prosseguir com as medidas de “Apoio à Contra-
to de políticas ativas de emprego que ajudem a tação”, do figurino do “Estímulo Emprego”, com
estabelecer uma melhor ligação entre a procura a atribuição de apoio financeiro às entidades
e a oferta; deve poder, sobretudo em momentos empregadoras que concretizem a criação líquida
de crise e de início de retoma económica, discri- de emprego, privilegiando as situações de con-
minar positivamente os que tomam a iniciativa tratação sem termo e as majorações de situa-
na criação de oportunidades para quem está à ções mais vulneráveis e de acrescida dificuldade
81
porta do mercado laboral. de integração, introduzindo nestas uma compo-
nente territorial relativamente aos “territórios de
Nesse sentido, pretendemos: baixa densidade”.
Em matéria de finanças públicas, as nossas pro- Esta trajetória tem como enquadramento o cum-
postas têm como âncora a trajetória orçamental primento das regras europeias aplicáveis e como
apresentada no Programa de Estabilidade para base o cenário macroeconómico subjacente ao
2015-2019, cujos objetivos reiteramos: mesmo Programa de Estabilidade. E assenta no
cumprimento de um conjunto de opções políti-
• Reduzir o défice orçamental para um valor cas:
inferior a 3% do PIB em 2015, permitindo en-
cerrar o Procedimento por Défice Excessivo • Reversão gradual, em 20% por ano, da redu-
no ano previsto; ção remuneratória aplicável aos trabalhado-
res do sector público com salários superiores
• Utilizar, a partir de 2016, as condições de fle- a 1500 euros mensais, por forma a atingir a
xibilidade aplicáveis aos países na vertente recuperação integral no ano de 2019, poden-
preventiva do Pacto de Estabilidade e Cres- do o ritmo de reversão ser acelerado me-
cimento; diante a disponibilidade orçamental;
• Alcançar, já em 2016, a meta do saldo estru- • Redução de 0,875 p.p. da sobretaxa aplica-
tural de -0.5% do PIB; da em sede de Imposto sobre o Rendimento
das Pessoas Singulares (IRS), em cada ano
• Manter uma situação orçamental equilibrada da legislatura, conduzindo à sua eliminação
ou excedentária – de acordo com a definição total em 2019, podendo o ritmo de reversão
constante no Tratado Orçamental – no perí- ser acelerado mediante a disponibilidade or-
odo 2017-2019; çamental;
• Reduzir o rácio da dívida pública de 130.2% • Políticas reformistas que assegurem a sus-
do PIB em 2014, para 124.2% em 2015 e tentabilidade dos sistemas previdenciais de
107.6% do PIB em 2019, cumprindo-se tam- segurança social, e que resultem de um de-
bém o critério da dívida pública ao longo do bate alargado, envolvendo a sociedade civil
horizonte. e necessariamente o acordo de todos os par-
tidos do arco da governabilidade e que tra-
Em matéria de sustentabilidade das finanças pú-
duzam, consequentemente, a existência de
blicas, reafirmamos ainda a nossa disponibilida-
um amplo consenso social e político;
de para que a Constituição consagre um limite
à expansão da dívida pública. A nosso ver, os • Continuação da reforma do Imposto sobre
Portugueses devem defender-se de experiências o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC),
de irresponsabilidade financeira que conduzem prevendo-se uma redução da taxa em 1 p.p.,
a consequências políticas, económicas e sociais anualmente no período;
extremamente graves. O mesmo fizeram outros
Este processo de redimensionamento deverá ser Com base na demonstração da redução efetiva
complementado, nos próximos anos, por uma de pessoal, pode ser equacionado um programa
renovação progressiva de quadros, assente no de recrutamento seletivo para funções qualifica-
seguinte conjunto de medidas: das de, pelo menos, 1.000 recém-licenciados por
ano (através de concurso centralizado a condu-
l Desenvolvimento de um diagnóstico e de um zir pelo INA).
plano global de evolução dos recursos hu-
manos a 10 anos – Plano Previsional de Ges- Esta modalidade de recrutamento, aumentando
tão de Recursos Humanos; o controlo e coordenação nas admissões, permi-
te diminuir o custo médio de recrutamento, por
l Definição de objetivos quantitativos para a candidato e entidade, alcançando economias de
evolução e renovação dos trabalhadores da escala e eliminando a duplicação de esforços e
Administração Pública e aplicação articula- atividades repetidas por várias entidades.
da dos instrumentos de gestão que os permi-
tam concretizar (v.g. reformas, rescisões por Permite ainda satisfazer a necessidade de per-
mútuo acordo, requalificação, mobilidade in- fis transversais, sem prejuízo das especificidades
terna e recrutamento externo). do posto de trabalho, as quais devem ser desen-
volvidas mediante adequado plano de formação
l Desenvolvimento de um modelo de recruta- específica (presencial e on the job), no contexto
mento orientado e seletivo de novos quadros do posto de trabalho assegurando, tanto quanto
técnicos que permita a retenção e a reprodu- possível, a transferência de conhecimento e sa-
ção do conhecimento dos trabalhadores que beres entre trabalhadores mais antigos e traba-
vão saindo (qualificação), especialmente em lhadores recentemente recrutados;
áreas nucleares do serviço público, como a
saúde, a justiça, a regulação, a inspeção e a
proteção social, entre outras;
Um importante caminho foi concretizado nos últi- Apesar de terem sido, nos últimos anos, dados
mos 4 anos no sentido de aproximar em algumas importantes passos no sentido da uniformização
áreas o regime dos trabalhadores públicos ao re- dos regimes remuneratórios da Administração
gime dos trabalhadores do setor privado, ressal- Pública, que passou pela redução do número de
vadas as especificidades exigidas pela função e carreiras e pela aprovação da Tabela Remunera-
pela natureza pública do empregador Estado. tória Única, continua a ser significativa a disper-
são das práticas remuneratórias no Estado.
Há, no entanto, ainda espaço para continuar a
adequar os regimes laborais que enquadram a Recentes estudos, desenvolvidos por entidades
organização e o funcionamento dos serviços pú- externas e internas, confirmam a ideia de que a
blicos, no sentido de aproximar às exigências do política de remunerações da Administração Pú-
presente. blica não é a mais adequada em algumas áreas
chave do serviço público. Concluem mesmo que
Em concreto, deverão ser prosseguidos os se- a política remuneratória do Estado pode levar, 95
guintes objetivos: em alguns setores, à desmotivação dos traba-
lhadores que exercem funções públicas e afetar
l Implementação de modelos de organização a competitividade do mercado de trabalho em
do trabalho mais flexíveis, designadamen- geral.
te mediante o recurso aos instrumentos da
adaptabilidade e do banco de horas, em fun- Nessa linha, a política salarial do Estado deverá
ção das necessidades efetivas de cada servi- evoluir, dentro das limitações financeiras exis-
ço ou organismos. tentes, no sentido de favorecer a valorização da
Administração Pública, reconhecendo o mérito e
l Conclusão do processo de revisão de carrei- a competência dos trabalhadores que exercem
ras, assegurando que algumas áreas funcio- funções públicas. Propõe-se assim:
nais da Administração Pública vêm reconhe-
cidas a sua especificidade e criticidade para • A reversão dos cortes salariais em curso, na
o desempenho de funções essenciais do Es- proporção de 20% ao ano;
tado.
• A recuperação dos instrumentos de reconhe-
cimento do mérito; possibilidade de atribui-
ção de prémios de desempenho adicionais
associados à redução de custos e ao aumento
da eficiência dos serviços – pelo menos 50%
das reduções de custos face ao orçamentado
revertem a favor dos organismos e podem nados. É crítica uma separação inequívoca entre
ser utilizados como prémios de desempenho o plano político e o plano da Administração. O
a distribuir aos respetivos colaboradores (via decisor político define a estratégia e dá orienta-
sistema de avaliação de desempenho); ção, a alta administração segue a orientação e
executa a política definida.
• A conclusão do processo relativo à Tabela
Única de Suplementos; Foi dado um passo decisivo ao rever as regras de
recrutamento e seleção de dirigentes superiores
• Acompanhar estas medidas com a centraliza- da Administração Pública, impondo o modelo de
ção progressiva da função de pagamento sa- concurso público e dissociando o exercício dos
larial da Administração Central no Ministério mandatos dos ciclos políticos.
das Finanças (através da ESPAP).
Neste enquadramento, deverão ser prossegui-
Por fim, a renovação dos quadros da Adminis- dos os seguintes objetivos complementares:
tração Pública, aumentando progressivamente o
nível de qualificação e capacitação para os no- • Definir programas de formação e de avaliação
vos desafios de uma administração moderna e de desempenho específicos para dirigentes.
orientada para os cidadãos e as empresas, será
acompanhada pelo início do processo de des- • Desenvolver mecanismos que promovam a
congelamento das promoções e progressões gestão flexível dos orçamentos e dos quadros
nas carreiras no ano de 2018, devendo o rítmo de pessoal pelos dirigentes dos organismos
desse processo ter em conta a disponibilidade da Administração Pública, de acordo com ob-
orçamental e respeitar o objetivo de conter a jetivos previamente aprovados no OE, refor-
massa salarial agregada. çando o sistema de avaliação de desempenho
e reconhecimento de mérito dos dirigentes.
Essa racionalização deve estar focada nos se- • Aplicar um modelo de Balance Scorecard
guintes objetivos primordiais: (criação de indicadores de desempenho e de
controlo financeiro) a todos os organismos
• Efetuar um levantamento exaustivo das com- públicos.
petências de cada organismo, com vista a
supressão de duplicações e de ineficiências • Promover a organização matricial dos servi-
funcionais, o que poderemos designar por au- ços.
ditoria funcional em cada organismo.
• Implementar o Plano Estratégico de Serviços
• Otimizar as estruturas internas de cada Mi- Partilhados da Administração Pública, visan-
nistério, através da criação nas Secretarias- do uma redução substancial de custos, a ob-
-Gerais de todos os Ministérios de sistemas tenção de ganhos de eficiência que permitam
de gestão de serviços comuns, centralizando, a libertação de força de trabalho para outros
designadamente, as áreas de recursos huma- fins, e adoção de novos serviços de valor
nos, pagamentos, logística, compras e patri- acrescentado de informação para funcioná-
mónio. rios e gestores.
Apesar de todos os esforços que neste domínio • Adicionalmente, para garantir que os imóveis
têm vindo a ser desenvolvidos, é urgente assegu- onde se prestam serviços públicos, tanto os
rar uma gestão mais eficiente do património imo- servidores do Estado como os cidadãos e
biliário do Estado. Tal implica que o Estado deve utentes, dispõem de condições adequadas
desenvolver uma política coerente sobre a forma e condignas, deve o Estado fixar, de forma
como ocupa imóveis e como gere e afeta o pa- clara e objetiva, regras básicas de instalação
trimónio de que é proprietário. Por conseguinte, dos serviços em termos de qualidade, di-
o desenho de uma política estatal, transparente mensão e acessos;
e imparcial, que pretende melhorar a eficácia da
gestão do património imobiliário e evitar o des- • Devem ainda ser realizadas auditorias ex-
perdício, deve assentar nos seguintes eixos: ternas à ocupação de imóveis pelos diver-
sos serviços do Estado, de forma a apurar,
• Numa parceria com a administração local de uma forma independente e profissional,
para o aproveitamento do património pú- a racionalidade das soluções de ocupação
blico, de modo a permitir que as autarquias imobiliária do Estado, incluindo a análise da
locais, mais aptas a assegurar a prossecu- sua adequação face às regras de qualidade
ção do interesse público e da legalidade ur- definidas para a instalação de serviços;
banística dos aproveitamentos imobiliários,
estabeleçam com a Administração Central • A inclusão, nos novos arrendamentos pelo Es-
acordos de ocupação do património públi- tado, da obrigação dos senhorios realizarem
co que se encontra devoluto, subutilizado ou todas as obras de conservação ordinária e
em degradação, com serviços ou atividades extraordinária, evitando que os serviços pú-
públicas, quer para sua exploração ou por blicos desperdicem tempo e recursos em ati-
entidades da economia social; vidades para as quais não têm especialização;
• Entende-se ainda que deve haver uma maior • A centralização na secretaria-geral da ges-
responsabilização dos utilizadores, mesmo tão e manutenção do património imobiliário
que públicos, dos imóveis do Estado, recor- afeto a todos os serviços de cada ministério,
rendo a uma implementação alargada do permitindo a responsabilização e uma gestão
princípio da onerosidade: o espaço ocupado integrada e de proximidade desse património;
nos bens imóveis do Estado deve ser avalia-
do e sujeito a uma contrapartida que deve • A centralização numa única entidade das
assumir a forma de compensação financeira vendas de imobiliário excedentário, permi-
a pagar pelo serviço ou organismo utilizador, tindo assim uma gestão especializada e inte-
ainda que esta oneração possa ter de ser fi- grada das operações de rentabilização des-
ses imóveis
• Utilizar as tecnologias para facilitar a comu- Com base neste trabalho, propõe-se:
nicação dos cidadãos portadores de defici-
ência com os serviços públicos; • Aprofundar o princípio «uma só vez», auto-
matizando a troca de informação entre orga-
• Estimular o uso de meios de identificação nismos públicos, de modo a que o cidadão
eletrónica seguros (através da dissemina- não tenha de comunicar o mesmo facto mais
ção da Chave Móvel Digital e do Cartão de do que uma vez à Administração Pública.
Cidadão) nos sites públicos, no comércio Neste contexto, ir-se-á:
eletrónico, bem como na demonstração de
poderes de representação (em particular das o Assegurar que, entre outros dados, a
empresas) ou de habilitações profissionais; mudança de morada dos cidadãos seja
comunicada uma única vez ao Estado,
• Disponibilizar informação em tempo real so- sendo as demais comunicações oficiosas
bre filas de espera e tempos médios de aten- e dispensando-se a substituição de do-
dimento nos organismos públicos, permitir cumentos que resulte dessa mudança,
agendar o atendimento ou tirar a senha de como no caso dos documentos relativos
atendimento online através do Mapa do Ci- a automóveis;
dadão.
o Harmonizar a elegibilidade e a prova ne- O uso das tecnologias de
cessária para apoios sociais ou isenção
de taxas, aferindo-se essa elegibilidade informação e comunicação
uma única vez, por uma única entidade; para racionalizar a
o Assegurar a coordenação entre a Segu- despesa pública
rança Social e o Ministério da Educação
Nos últimos quatro anos foi lançado e executado
para a agilização do pagamento do abo-
o plano global estratégico para a racionalização
no de família;
e redução da despesa pública em tecnologias
• Estabelecer como regra a renovação auto- de informação e comunicação (TIC) na Adminis-
mática de autorizações e documentos, ou, tração Pública, no âmbito do qual, entre outras
não sendo possível, criar avisos para o cida- medidas, se promoveu a centralização da função
dão tomar conhecimento da futura caduci- informática numa única entidade por ministério,
dade, com pré-agendamento da renovação estimulou a utilização de ferramentas de softwa-
presencial, se necessária; re comuns e da plataforma de interoperabilidade
da Administração Pública e lançou o portal TIC.
• Estabelecer mecanismos de cooperação in- GOV.PT, com divulgação de indicadores de de-
terinstitucional, entre o Governo e a Assem- sempenho na utilização e racionalização de TIC
bleia da República, no sentido de promover na Administração Pública.
a codificação e consolidação legislativa, e
assegurar a qualidade das avaliações de im- Continuando esse trabalho, e de modo a assegu-
pacto das leis e regulamentos; rar uma Administração Pública eficiente e inte-
grada, propõe-se:
• Criar simuladores de procedimentos admi-
nistrativos, que permitam aos cidadãos co- • Promover a unificação de comunicações na
nhecer o procedimento administrativo e a Administração Pública, tornando gratuitas as
sua tramitação (em particular os tempos de comunicações entre números fixos da Admi-
decisão), assim como os valores das taxas nistração Pública;
devidas;
• Promover a partilha de recursos computa-
• Disponibilizar meios de pagamento automa- cionais na Administração Pública, de modo a
tizado (por exemplo por débito direto em rentabilizar os investimentos e a capacidade
conta bancária) das obrigações contributi- instalada existente, racionalizando dessa for-
vas periódicas e repetidas dos cidadãos jun- ma o número de salas técnicas e de centros
to da Administração Pública. de dados da Administração Pública;
Portugal não fez dos constrangimentos econó- atenção a crescente pressão sobre os recursos.
micos e financeiros um pretexto para adiar, he-
sitar ou transigir mas, pelo contrário, uma razão Em segundo lugar, porque urge superar, através
adicional para ousar, reformar e liderar no cres- de um novo ciclo de reformas estruturais, a si-
cimento verde. E isso tem sido reconhecido no tuação paradoxal em que nos encontramos há 109
• Aplicar de forma eficiente o novo enquadra- • Fomentar o autoconsumo de energia, como 119
mento legal da tarifa social no gás e na ele- medida eficiente de promoção de fontes de
tricidade, de modo a proporcionar a redução, energia renovável (em especial energia solar)
em 31%, da tarifa de gás natural e, em 34%, e de redução da necessidade de investimen-
da tarifa de eletricidade a cerca de 500 mil to nas redes de distribuição, atingindo pelo
consumidores. menos 300MW, em 2020, tirando partido
do novo regime de autoconsumo através do
• Aumentar a produção de energia renovável qual foram simplificados os procedimentos e
(atingindo 31%, em 2020, e 40%, em 2030, o orientados os projetos para o consumo indi-
peso de fontes renováveis no consumo final vidual, possibilitando a injeção do remanes-
bruto de energia) e assumir, no quadro euro- cente na rede a preço de mercado, isto é,
peu clima e energia para 2030, depois da bem permitindo que as famílias possam produzir
sucedida negociação sobre interligações de a sua própria eletricidade sem causarem so-
eletricidade (10% em 2020 e 15% em 2030), brecustos no sistema tarifário.
a oportunidade de posicionar Portugal como
um fornecedor de energias renováveis para a • Estabelecer, no contexto europeu, o reforço
UE, sem sobrecustos para o sistema elétrico das interligações não só de eletricidade mas
nacional. Por outro lado, a aposta na interli- também de gás, posicionando Portugal, atra-
gação com outros mercados, como o Norte vés do terminal de Sines, como porta de en-
de África, permitirá expandir as exportações trada de Gás Natural Liquefeito (GNL) na UE,
de eletricidade do mercado Europeu para contribuindo para a segurança energética da
UE e para uma utilização mais eficiente das • Consolidar a aposta custo-eficiente na mo-
infraestruturas, com consequente redução bilidade elétrica, alargando e introduzindo
de custos para os consumidores. maior concorrência na rede pública, privile-
giando os modos de carregamento em locais
• Prosseguir a concretização da reforma, já privados (habitações e locais de trabalho) e
aprovada, do setor dos combustíveis, visan- em locais privados de acesso público (por
do o aumento da transparência e da compe- exemplo, centros comerciais), concretizan-
titividade, traduzida: do programas de mobilidade sustentável na
administração pública (até 2020, introduzir
a) No reequilíbrio dos custos do sistema de 1200 viaturas elétricas na renovação da frota
gás natural (através do alargamento da em contexto de gestão partilhada de frota)
contribuição extraordinária da energia e mitigando, através dos incentivos concre-
aos contratos take-or-pay); tizados na reforma da fiscalidade verde, as
desvantagens, ao nível do preço, dos veícu-
b) Na liberalização do mercado do gás;
los elétricos e híbridos plug-in, face aos veí-
c) Na constituição da ENMC - Entidade Na- culos convencionais;
cional do Mercado dos Combustíveis;
• Reforçar a aposta em atividades de inves-
d) Na publicação dos preços referência dos tigação, prospeção e exploração de hidro-
combustíveis líquidos e do gás butano e carbonetos, em condições que assegurem a
propano de botija; proteção ambiental e dos ecossistemas ma-
rinhos, contribuindo para o desenvolvimento
e) Na eliminação das barreiras à entrada económico, a criação de emprego e a redu-
de novos operadores no setor do GPL ção da dependência energética do exterior.
engarrafado e na estandardização dos
equipamentos; • Promover atividades de valorização susten-
tável dos recursos geológicos e minerais –
f) Na promoção do gás natural veicular; que podem atingir 1% do PIB e 25 000 pos-
tos de trabalho –, através:
g) Na generalização dos combustíveis sim-
ples (low cost); a) Do aprofundamento das atividades de
mapeamento, conhecimento e investiga-
h) Na passagem para a esfera da regulação, ção sobre os recursos minerais;
de modo a fomentar o acesso por tercei-
ros, das atividades de armazenamento e b) Da promoção, internacionalização e atra-
logística na área dos produtos petrolífe- ção de investimento privado e internacio-
ros. nal para o sector, devendo, para o efeito,
ser constituído o Balcão Único Mineiro;
121
APROFUNDAR O ESTADO
DE DIREITO E ROBUSTECER
O EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES
DE SOBERANIA
Ao longo da última legislatura trabalhámos, con- tabilidade e não podem ser sujeitas a modifica-
sistentemente, no sentido da consolidação dos ções permanentes ou a mudanças determinadas
princípios e valores do Estado de Direito Demo- apenas pela vontade de mudar. Por isso o nosso
crático. De um Estado exclusivamente orientado, compromisso fundamental é o de assegurar a sua
na sua ação, pela defesa do interesse público. estabilidade sem prejuízo, evidentemente, da ne- 123
De um Estado que não transija perante a cor- cessária avaliação dos seus efeitos e da introdu-
rupção. De um Estado com respeito escrupulo- ção, se disso for caso, de pontuais correções.
so pelo princípio da separação de poderes e da
independência do poder judicial. Também neste
plano Portugal está a mudar de forma determi-
nada e consistente.
Um Sistema Político
Não esquecemos, por outro lado, que é ao Es-
mais eficiente, mais
tado que cabe criar as condições e os espaços transparente, mais
adequados à normalidade da vida em socieda-
de e à participação ativa dos cidadãos. E que vinculado e gerador
isso pressupõe, antes do mais, que se assegure
o exercício efetivo das tradicionais funções de de confiança e
soberania, a que se deve somar, por força das
transformações profundas que se têm vindo a
credibilidade
registar na concepção do papel do próprio Es- A política é património dos cidadãos e não pode
tado, as tarefas e responsabilidades regulatórias. resumir-se aos agentes políticos que apenas
exercem um mandato que é democraticamente
As reformas que nestes domínios foram levadas
delegado.
a cabo ou estão em curso, requerem agora es-
A humilhação com que Portugal e os portugue- O Parlamento, centro da ação política e da deli-
ses se confrontaram em 2011, quando em con- beração democrática, deve ser alvo de reformas
texto de pré-bancarrota nos vimos obrigados a que permitam aprofundar a representatividade
recorrer - pela terceira vez em quarenta anos de proporcional e a confiança dos cidadãos na ins-
democracia - a um resgate financeiro agravou a tituição e nos membros que a compõem.
crise de confiança dos cidadãos nas instituições.
Comprometemo-nos a incrementar medidas
Rigor, previsibilidade, transparência, exempla- que assegurem mais eficientemente a atuação e
ridade e escrutínio são, e continuarão a ser, os a responsabilidade dos eleitos e que fortaleçam
valores que balizam o caminho prosseguido os vínculos entre eleitores e eleitos.
para devolver a confiança dos cidadãos na polí-
tica e nos atores políticos. Valores que impõem Promoveremos, ainda, instrumentos que habili-
um compromisso cada vez mais acentuado com tem cada vez mais o exercício da participação
uma matriz de cultura e de conduta política que política pelos cidadãos num quadro cada vez
assegure, em simultâneo, a firmeza das institui- mais pronunciado de democracia participativa.
ções e a confiança dos cidadãos.
No plano da reforma do sistema político, espaço
Neste quadro, continuaremos o processo de pro- natural e necessário do diálogo entre forças polí-
moção de mecanismos de responsabilização e ticas, elegemos assim como prioridades:
controlo da ação política, de escrutínio sobre os
níveis de empenho e de eficiência na prossecu- • Manter, em matéria de sistema eleitoral, o sis-
ção do interesse público, bem como da qualida- tema proporcional afinado pelo método de
de do funcionamento das instituições ao serviço Hondt, estando aberto à possibilidade da in-
efetivo e quotidiano dos cidadãos e da eficiência trodução do chamado voto preferencial, em
na utilização dos recursos públicos. que os eleitores, para além de fazerem uma
opção partidária, podem indicar candidatos
A luta contra a corrupção permanecerá como da sua preferência na lista partidária. Os par-
um dos objetivos cruciais da nossa ação política. tidos da coligação trabalharão em propostas
Declaramos tolerância zero às graves ameaças que articulem os princípios da representati-
ao Estado de Direito Democrático e, neste pata- vidade, da pluralidade e da acrescida inter-
mar, prosseguiremos no combate aos fenómenos venção dos eleitos nas escolhas.
transnacionais que minam a democracia e que
promovem o desvio dos recursos necessários à • A aprovação/organização de um Código
promoção do desenvolvimento humano, social e Eleitoral: promoveremos uma organização
económico, tal como continuaremos a enfrentar sistémica das leis eleitorais que permita aos
sem indulgência a criminalidade organizada e as cidadãos condições de acesso e de compre-
potenciais cumplicidades e abusos do sistema ensão simplificada e ordenada dos regimes
político e dos sistemas financeiro e bancário. jurídicos eleitorais respeitantes aos diversos
órgãos eleitos. A codificação facilita a elimi-
• Participar ativamente na construção do mer- Porém, se é verdade que uma economia saudá-
cado único digital. A nova realidade digital vel e em crescimento pressupõe o funcionamen-
tem alterado profundamente o equilíbrio en- to em mercado aberto, não é menos verdade
tre a remuneração dos que criam conteúdos que há distorções e falhas que, a bem dos consu-
audiovisuais e a remuneração dos que distri- midores e do interesse público – e numa cultura
buem esses conteúdos. É necessário atuar, a de rigor e exigência –, cabe ao Estado acautelar. 141
As evoluções registadas nas últimas décadas no impõe-se, antes de mais, evitar futuros resgates,
plano das relações internacionais não deixam que voltariam a comprometer a nossa capacida-
quaisquer dúvidas de que o futuro dos Estados de externa e a nossa reputação internacional.
depende, cada vez mais, da sua capacidade para
desempenhar um papel ativo na construção dos A globalização continuará a refletir-se nas re- 143
novos modelos de governança internacional, seja lações entre os Estados e a indiciar um mundo
no plano económico, seja no plano político. E é crescentemente aberto. As décadas que se apro-
essa capacidade, precisamente, que determina ximam irão produzir desafios sem precedentes,
se um determinado Estado é encarado como um designadamente nos planos da economia e da
agente cujo contributo é tido em conta e valora- segurança. O contexto internacional pauta-se
do ou se, diferentemente, a sua postura o remete pela complexidade e, simultaneamente, pelo sur-
irremediavelmente para o plano da irrelevância. gimento de novas oportunidades. Além disso, as
relações internacionais serão mais económicas
Afirmar Portugal como um interveniente cuja voz do que nunca.
é escutada e cujos interesses são respeitados –
Por isso, mais do que ruturas e experimentalis-
seja no plano global, seja no palco europeu – é,
mos, os tempos aconselham a que se preservem
assim, um desafio determinante. E isso implica,
- naturalmente com os ajustes exigidos pelas cir-
para um Estado com a nossa dimensão e carac-
cunstâncias - as linhas de continuidade da po-
terísticas, a capacidade permanente para definir
lítica externa portuguesa – dimensão europeia,
e prosseguir uma política externa irrepreensível,
dimensão atlântica e dimensão lusófona -, às
tanto no plano bilateral como multilateral, de
quais acresce um esforço substancial, já larga-
modo a salvaguardar o interesse nacional num
mente em curso mas a aprofundar, exigido pela
contexto de crescente turbulência internacional.
contemporaneidade, em matéria de diplomacia
E nesse quadro, em ordem a maximizar a nossa
económica.
soberania e a nossa margem de atuação externa
Essencial, assim, é prosseguir também uma po- complexos, exigindo à nossa diplomacia criati-
lítica externa com fins económicos, capaz de ar- vidade acrescida perante as circunstâncias. Por-
ticular finanças, crescimento e desenvolvimento, tugal terá de encontrar, em função dos seus in-
em que as redes privadas e empresariais coe- teresses, as alianças intra-europeias que melhor
xistem com mecanismos intergovernamentais e se lhe adequam. Num quadro europeu crescen-
com a multiplicidade dos níveis da governação, temente fluido, Portugal terá de revelar a flexibi-
ao nível nacional, europeu e global. A diploma- lidade necessária para assegurar os seus interes-
cia económica é, assim, um veículo para apoiar ses nacionais.
a internacionalização das empresas portuguesas
e a captação de investimento externo, seja no Assim, no plano institucional, e em linha com os
espaço europeu, seja sobretudo nos mercados princípios da coesão e da solidariedade, Por-
lusófonos e emergentes, em articulação com a tugal deve desempenhar um papel muito ativo
nossa diáspora, sempre que possível. no seguimento do processo de consolidação
orçamental e no ímpeto às reformas estruturais
necessárias para garantir a competitividade da
Portugal na Europa UE na economia internacional. A solidariedade
é inseparável da responsabilidade e vice-versa.
As relações com os nossos parceiros da União Devemos também continuar a contribuir para
Europeia (UE) fazem da nossa política europeia evitar culturas ou retóricas, frequentemente po-
um pilar central da política externa portuguesa. pulistas em ambos os sentidos, de fragmentação
entre Norte e Sul.
No momento atual, os traços distintivos da UE
são a sua mutação geográfica e a metamorfo- No momento que a Europa atravessa, é indis-
se institucional interna. Ou seja, o alargamento pensável que a estrutura atual, assente no cum-
e o aprofundamento da União foi e é, simulta- primento de regras, dê lugar progressivamente
neamente, uma opção e uma necessidade. Sen- a uma estrutura assente em instituições fortes e
do assim, interessa a Portugal estar presente em capazes de dar resposta a desafios críticos, sem
todos os novos desenvolvimentos de natureza o que o distanciamento entre os cidadãos e o
institucional, porque só assim se atenuam as processo de integração se tornará maior do que
desvantagens inerentes à ocupação da periferia já hoje é. É que se defendemos, no plano inter-
geográfica da Europa. Mas importa também, ao no, a importância central do princípio da igual-
mesmo tempo, garantir ao longo deste processo dade de oportunidades, temos de ser capazes
um aprofundamento do debate interno com to- de o fazer valer, ao mesmo tempo, no âmbito
dos os sectores da sociedade, de forma a asse- europeu, impedindo que os cidadãos fiquem
gurar o envolvimento e a participação alargada dependentes, na procura de uma vida melhor,
dos cidadãos. dos constrangimentos e obstáculos ao desen-
Hoje, ao contrário do que sucedia no passado, volvimento que atingem mais duramente este
os processos de decisão no seio da UE são mais ou aquele Estado membro. Se temos sido bem