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Indústria de Santa Catarina diminui ritmo de recuperação em agosto

Matheus Rosa*

Assim como em nível nacional, os dados de variação da Produção Industrial de


Santa Catarina continuam em trajetória de recuperação em relação aos meses nos quais
os impactos da pandemia foram mais significativos. A particularidade dos dados de
agosto recentemente divulgados pelo IBGE, porém, é a queda do ritmo dessa recuperação,
em nível nacional e estadual. Como aponta o Quadro 1, a Produção Industrial de SC
variou 6% em agosto, dando continuidade na retomada, mas, ao mesmo tempo,
representando uma queda em relação ao patamar de 10% de variação positiva obtido nos
meses de junho e julho.

Quadro 1: Atividade Industrial em Santa Catarina, 2020

No mês (com Mesmo mês ano


Mês No ano Doze meses
ajuste sazonal) anterior
Janeiro 0,8 -0,5 -0,5 2,1
Fevereiro 1,3 1,8 0,7 1,9
Março -18,5 -16,1 -5,3 0,3
Abril -14,5 -31,1 -11,9 -2,6
Maio 8,7 -28,6 -15,6 -6,6
Junho 10,7 -12,4 -15 -7,5
Julho 10,1 -5,3 -13,6 -8
Agosto 6 -1,3 -11,9 -7,9

Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

É importante ressaltar que essa perda de ritmo ocorre ainda antes da completa
restauração dos níveis de produção pré-pandemia, o que pode ser verificado tanto pela
comparação em relação ao mês de agosto de 2019 (-1,3%), quanto pelo acumulado de
2020, em relação ao acumulado do mesmo período de 2019 (relevantes -11,9%). Em
parte, essa desaceleração no mês a mês é consequência das bases maiores de comparação,
porém nela também influem fatores como demanda desaquecida em vários setores e
dificuldades de obtenção de insumos. Ainda, é preciso também considerar os impactos
resultantes da incerteza sobre a variação do nível de demanda no período posterior à

*
Estudante de Economia na UFSC e Bolsista do NECAT. Email: matheusrosa.contato@outlook.com
redução do valor do auxílio emergencial.† O Gráfico 1 situa a trajetória dessa variação
mensal no período de 24 meses.

Gráfico 1: Produção Física Industrial de SC, variação mês a mês (com ajuste sazonal) –
24 meses

15

10,710,1
10 8,7
6
5,1
5
2,6
1,4 1,5 1,1
0,2 0,8 1,3
0
-0,1 -0,2 -0,1 -0,2 -0,3
-1,3
-2,3 -2,2 -1,6 -1,8
-5 -3,2

-10

-15
-14,5

-20 -18,5
jun/19

jun/20
set/18

jul/19

set/19

jul/20
ago/18

mai/19

ago/19

mai/20

ago/20
nov/18

fev/19
mar/19

nov/19

fev/20
mar/20
out/18

out/19
dez/18
jan/19

dez/19
jan/20
abr/19

abr/20

Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Em relação ao quadro nacional, o desempenho da indústria catarinense continua


abaixo do esperado. Ainda que no mês a mês a variação tenha sido de maior magnitude
do que verificado nacionalmente (3,2% em nível nacional, 6% em nível estadual), no
acumulado de 2020, como pode ser verificado pelo Gráfico 2, Santa Catarina se mantém
como o quinto estado com piores resultados, com uma variação de -11,9%. Resultados
piores se apresentam apenas em Espírito Santo (-18,9%), Ceará (-14,8%), Amazonas (-
13,7%) e Rio Grande do Sul (-12,4%). O nível catarinense também é inferior ao
acumulado nacional, de -8,6%.


Como aponta a edição 1035 da Carta IEDI. Disponível em:
https://iedi.org.br/cartas/carta_iedi_n_1035.html
Gráfico 2: Produção Física – Resultados Regionais Acumulados no Ano – Agosto/2020
(base: igual período do ano anterior)

Brasil -8,6
Rio de Janeiro 2,4
Goiás 1,8
Pernambuco 0,9
Pará -1,9
Mato Grosso -2,3
Bahia -7,7
Minas Gerais -7,9
Paraná -8,5
São Paulo -11,1
Santa Catarina -11,9
Rio Grande do Sul -12,4
Amazonas -13,7
Ceará -14,8
Espírito Santo-18,9

-20 -15 -10 -5 0 5

Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Esse fraco desempenho acumulado é consequência dos fortes impactos da


pandemia e da parca capacidade de retomada que podem ser auferidas em diversos setores
da indústria catarinense. Isso fica nítido ao observamos os dados setoriais, que ilustram
um quadro majoritariamente negativo: apenas o setor de Produtos Alimentícios apresenta
uma variação não-negativa no acumulado de 2020, registrando 0,1% de variação. Todos
os outros setores apresentam retração, com destaque para Veículos Automotores (-
31,9%), Metalurgia (-28,5%), Vestuário e Acessórios (-27,6%) e Produtos de Minerais
não-metálicos (-18,7%).
Gráfico 3: Produção Física de SC, por seções e atividades industriais – acumulado no
ano – Agosto 2020 – (Base: igual período do ano anterior)

Produtos Alimentícios 0,1


Celulose, papel e produtos de papel -2,2
Produtos de Borracha e de Material Plástico -3,9
Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos -4,8
Máquinas e Equipamentos -6,2
Produtos de Metal -7,5
Produtos de Madeira -8,2
Produtos Têxteis -9,7
Produtos de Minerais não-metálicos -18,7
Vestuário e Acessórios -27,6
Metalurgia -28,5
Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias -31,9

-35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5

Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Reafirmando a tendência nacional, esses dados do acumulado setorial de Santa


Catarina mostram que os setores de pior desempenho são aqueles concentrados nos
macrossetores de Bens de Capital e de Consumo Duráveis, consolidando uma trajetória
que já era auferida mesmo antes da pandemia. Também é importante notar que parte
dessas perdas ocorrem em setores de expressiva participação na planta industrial
catarinense, como é o caso de Veículos Automotores, Metalurgia e Vestuário, o que tem
como consequência uma queda significativa na dinâmica econômica estadual.

Os dados da variação mensal, em relação aos meses de 2019, mostram que para
muitos setores ainda há um longo caminho até a plena retomada dos níveis “normais” de
produção. Como pode ser verificado no Quadro 2, é o caso de Veículos Automotores, que
em todos os meses do ano apresentou retrações vultuosas em relação aos níveis de 2019,
e que em agosto apresentou variação de -15,8% em relação a agosto de 2019. O mesmo
acontece com Metalurgia, com a mesma variação de -15,8%. Ainda, é digno de nota o
desempenho do setor de Produtos Alimentícios, registrando retração de -10,4% neste
indicador, o que contrasta com os dados positivos apresentados nos meses anteriores e
com o desempenho acumulado do setor.
Quadro 2: Produção Física Industrial de Santa Catarina, variação dos meses de 2020
em relação ao mesmo mês do ano anterior (2019), por seções e atividades industriais
Seções e atividades industriais mar/20 abr/20 mai/20 jun/20 jul/20 ago/20
Indústria geral -15,9 -30,9 -28,7 -12,2 -4,9 -1,3
Fabricação de produtos alimentícios 4,9 3,1 -6 6,4 2,4 -10,4
Fabricação de produtos têxteis -20,4 -49,7 -31,4 -2,3 2 11,9
Confecção de artigos do vestuário e
-32,8 -47,2 -46,8 -38,5 -32,3 -6,7
acessórios
Fabricação de produtos de madeira -16,9 -18,4 -18,5 -0,7 -1,8 -2,9
Fabricação de celulose, papel e produtos
-3,7 -2,4 -4,5 -3,4 -7,2 0,7
de papel
Fabricação de produtos de borracha e de
-16 -35,2 -19 3,7 4,8 9,7
material plástico
Fabricação de produtos de minerais não-
-17,8 -56,6 -37,8 -22,8 -9,7 -5,4
metálicos
Metalurgia -25,2 -62,8 -58,4 -44,9 -9,8 -15,8
Fabricação de produtos de metal, exceto
-17,8 -28,5 -23,8 -2,3 8,1 6,6
máquinas e equipamentos
Fabricação de máquinas, aparelhos e
-13,2 -37,1 -35,2 7,6 27,7 11
materiais elétricos
Fabricação de máquinas e equipamentos -22,4 -25 -21,4 -1,8 20,4 23,6
Fabricação de veículos automotores,
-33,5 -56,4 -53,1 -48 -31,8 -15,8
reboques e carrocerias

Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC

Os destaques positivos são os setores de Máquinas e Equipamentos, que reafirma


uma trajetória de expansão que apresentara já em julho, registrando variação de 23,6%,
Produtos Têxteis, com variação de 11,9% e Máquinas e Aparelhos Elétricos, com
expansão de 11% em relação a agosto de 2019.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em síntese, os dados de agosto da Produção Industrial de Santa Catarina


reafirmam uma tendência de recuperação em relação aos impactos registrados nos
primeiros meses de pandemia, porém essa recuperação ainda é claudicante, o que pode
ser verificado tanto pela perda de ritmo representada em agosto quanto pela incapacidade
de recuperação de diversos setores.
O dado mais preocupante é o fraco desempenho de setores importantes para a
dinâmica econômica estadual, como Veículos Automotores e Metalurgia, que desde os
primeiros impactos da pandemia apresentam sucessivas variações negativas. Da mesma
forma, preocupa o desempenho acumulado dos setores mais expressivos em mão de obra
no estado, como Vestuário e Produtos Têxteis, que juntos representam 21% dos empregos
de Santa Catarina.
Para os próximos meses será necessário acompanhar o impacto de uma possível
redução de demanda decorrente da redução do valor do auxílio emergencial, fato que
hoje, apenas pela incerteza, já causa impactos negativos no desempenho industrial.

Ainda, é preciso destacar que a trajetória industrial do estado tem acompanhado


as variações nacionais, o que em parte condiciona o desempenho que se apresentará nos
próximos meses às ações do Governo Federal. Se essas ações forem no sentido de
impulsionar a demanda, dar guarida aos empregos e aos setores estratégicos da indústria,
é possível acreditar numa retomada dos níveis de produção. Caso não, o cenário mais
provável é de quedas constantes e alta volatilidade, o que poderia, inclusive, resultar numa
reconfiguração das plantas industriais, em nível nacional e regional.

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