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3º Curso Virtual de Teologia do Corpo – 2010 ____________________________________________________ 1

Cristo se Refere à Ressurreição


Introdução 6. A revelação desta dimensão do corpo,
estupenda no seu conteúdo – mas ligada com o
1. Depois da reflexão sobre o ―princípio‖ e sobre a Evangelho relido o seu conjunto e em
condição do ―coração humano‖ no período profundidade – manifesta-se no colóquio com os
teológico da ―história‖, o Papa João Paulo II se saduceus, "os quais afirmam que não há
refere agora ao ―homem escatológico‖, dentro da ressurreição" (Mt 22, 23): ―Havia sete irmãos. O
realidade da ressurreição futura. mais velho casou-se com uma mulher e morreu
sem deixar descendência. O segundo, então,
2. Esse ciclo da Teologia do Corpo é constituído casou-se com ela e igualmente morreu sem deixar
de 21 audiências gerais, proferidas por João Paulo descendência. A mesma coisa aconteceu com o
II entre 11 de novembro de 1981 e 21 de julho de terceiro. E nenhum dos sete irmãos deixou
1982. descendência. Depois de todos, morreu também a
mulher. Na ressurreição, quando ressuscitarem,
3. Nesse ciclo o Papa mostra uma visão profunda ela será a esposa de qual deles? Pois os sete a
da ressurreição, talvez nunca antes exposta com tiveram por esposa?‖ (Mc 12, 20-23). (TdC 64)
tanta clareza. Além disso, fala do celibato ―para o
Reino de Deus‖ como uma antecipação, em certo 7. A resposta de Cristo é uma das respostas-
sentido, dessa realidade. chaves do Evangelho. Jesus responde assim:

As Palavras de Cristo "Acaso não estais errados, porque


4. Convém, desta vez, referirmo-nos às palavras
não compreendeis as Escrituras,
do Evangelho nas quais Cristo se refere à nem o poder de Deus? Quando
ressurreição: palavras que têm importância ressuscitarem dos mortos, os
fundamental para entender o matrimônio no homens e as mulheres não se
sentido cristão e também "a renúncia" à vida
conjugal pelo "reino dos céus". (TdC 64)
casarão; serão como anjos no céu"
(Mc 12, 24-25).
5. Ao lado dos dois outros importantes diálogos –
nomeadamente, aquele em que Cristo faz
referência ao "princípio" (ver Mt 19, 3-9 e Mc 10, A Realidade da Ressurreição
2-12), e o outro no qual ele se refere ao [ser]
interior do homem (o "coração"), indicando o 8. Essencial é a observação de que, na futura
desejo [redutivo] e a concupiscência da carne ressurreição, os homens, depois de readquirirem
como fontes do pecado (ver Mt 5, 27-32) – o os corpos na plenitude da perfeição própria da
diálogo que nos propomos a analisar agora imagem e semelhança de Deus — depois de os
constitui, diria, a terceira componente da tríade readquirirem na sua masculinidade e feminilidade
das enunciações do próprio Cristo: tríade de — "não tomarão mulher nem marido". (...) Como
palavras essenciais e constitutivas para a teologia fica claro destas palavras, o matrimônio, aquela
do corpo. Neste diálogo Jesus refere-se à união em que, como diz o Livro do Gênesis, "o
ressurreição, revelando assim uma dimensão homem... se unirá a sua mulher e os dois serão
completamente nova do mistério do homem. (TdC uma só carne" (Gen 2,24) — união própria do
64) homem desde o "princípio"— pertence
exclusivamente "a este mundo". O matrimônio e a

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procriação não constituem o futuro escatológico 12. Aqui se poderia falar também de um perfeito
do homem. Na ressurreição perdem, por assim sistema de forças nas relações recíprocas entre o
dizer, a sua razão de ser. (TdC 66) que é espiritual e o que é corpóreo no homem. (...)
Na ressurreição o corpo voltará à perfeita unidade
9. A ressurreição, segundo as palavras de Cristo e harmonia com o espírito: o homem já não
referidas pelos Evangelhos, significa não só a experimentará a oposição entre o que nele é
recuperação da corporeidade e o restabelecimento espiritual e o que é corpóreo. A "espiritualização"
da vida humana na sua integridade, através da significa não só que o espírito dominará o corpo,
união do corpo e da alma, mas também um estado mas, diria, que ele permeará inteiramente o
completamente novo da própria vida humana. corpo, e que as forças do espírito permearão as
Encontramos a confirmação deste novo estado do energias do corpo. (...) É, portanto, uma
corpo na ressurreição de Cristo (ver Rom 6, 5-11). espiritualização perfeita, na qual a possibilidade
(TdC 66) de uma ―outra lei [em meus membros], que luta
contra a lei de minha mente‖ é completamente
eliminada. (TdC 67)

13. Entretanto, esse estado que —como é


evidente— é essencialmente (e não só quanto ao
grau) diferente daquilo que experimentamos na
vida terrena, não significa qualquer
"desencarnação" do corpo nem, por conseguinte,
uma "desumanização" do homem. Antes, ao
contrário, significa a sua perfeita "realização". De
fato, no ser composto, psicossomático, que é o
homem, a perfeição não pode consistir numa
recíproca oposição do espírito e do corpo, mas
numa profunda harmonia entre eles, na
salvaguarda do primado do espírito. (...) A
ressurreição consistirá na perfeita participação de
tudo o que é corporal no homem em tudo que é
10. As palavras "Não se casarão" parecem ao espiritual nele. (TdC 67)
mesmo tempo afirmar que os corpos humanos,
que foram recuperados e também renovados na 14. As palavras dos Evangelhos atestam que o
ressurreição, preservarão seu específico caráter estado do homem no "outro mundo" não será
masculino ou feminino, e que o significado de ser apenas um estado de perfeita espiritualização, mas
homem ou mulher no corpo será constituído e também de fundamental "divinização" da sua
entendido, no “outro mundo”, de modo diferente humanidade. (...) A participação na natureza
daquilo que foi "desde o princípio" e depois em divina, a participação na vida interior do próprio
toda a dimensão da existência terrena. (TdC 66) Deus, penetração e permeação daquilo que é
essencialmente humano por aquilo do que é
11. Em Lc 20, 36 lemos que "já não poderão essencialmente divino, atingirá, então, o seu auge,
morrer, pois serão iguais aos anjos; serão filhos de de modo que a vida do espírito humano chegará a
Deus, porque ressuscitaram." Esse enunciado nos uma plenitude que antes lhe era absolutamente
permite, acima de tudo, deduzir uma inacessível. (...) Esta intimidade com Deus em
espiritualização do homem segundo uma uma perfeita comunhão de pessoas —com toda a
dimensão que é diferente daquela da vida terrena sua intensidade subjetiva— não dissolverá a
(e até diferente daquela do "princípio"). É óbvio subjetividade pessoal do homem, antes, pelo
que não se trata aqui de transformação da natureza contrário, a fará emergir numa medida
humana em uma angélica, isto é, puramente incomparavelmente maior e mais plena. (TdC 67)
espiritual. O contexto indica claramente que o
homem conservará no "outro mundo" a própria
natureza humana psicossomática. Se fosse de A Ressurreição e o
outro modo, não teria sentido falar de
Significado Esponsal do Corpo
ressurreição. (...) A ressurreição significa uma
nova submissão do corpo ao espírito. (TdC 66)
15. A "divinização" no "outro mundo", indicada
pelas palavras de Cristo, trará ao espírito humano
tal "gama de experiências" de verdade e de amor,

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que o homem nunca seria capaz de atingir na vida 19. Devemos pensar na realidade do "outro
terrena. (...) Nesta "espiritualização" e mundo" nas categorias da redescoberta de uma
"divinização", em que o homem participará na nova e perfeita subjetividade de cada pessoa, e, ao
ressurreição, descobrimos —numa dimensão mesmo tempo, na redescoberta de uma nova,
escatológica— as mesmas características que perfeita intersubjetividade de todos. Desse modo,
marcam o significado "esponsal" do corpo; essa realidade significa a realização verdadeira e
descobrimos essas características no encontro com definitiva da subjetividade humana, e, nesta base,
o mistério do Deus Vivo, que se revela mediante a a plenitude definitiva do significado "esponsal" do
visão d'Ele "face a face". (TdC 67) corpo. (TdC 68) O significado "esponsal" de ser
um corpo será, portanto, realizado como um
16. A comunhão (communio) escatológica do significado que é perfeitamente pessoal e
homem com Deus, constituída graças ao amor de comunitário ao mesmo tempo. (TdC 69)
uma perfeita união, será alimentada pela visão
"face a face", pela contemplação da comunhão 20. O matrimônio e a procriação em si mesmos
mais perfeita – porque é puramente divina – que é, não determinam definitivamente o significado
nomeadamente, a comunhão trinitária das original e fundamental de ser um corpo nem de
Pessoas divinas na unidade da mesma divindade. ser, enquanto corpo, homem e mulher. O
(TdC 68) matrimônio e a procriação apenas dão realidade
concreta àquele significado nas dimensões da
história. (TdC 69)

21. Aquele perene significado do corpo humano –


à qual a existência de cada homem, oprimida pela
herança da concupiscência, trouxe
necessariamente uma série de limitações, lutas e
sofrimentos –, será então revelado de novo, e será
revelado ao mesmo tempo com tal simplicidade e
esplendor, que todo participante do "outro
mundo" encontrará, no seu corpo glorificado, a
fonte da liberdade do dom. A perfeita "liberdade
dos filhos de Deus" alimentará, com aquele dom,
também cada uma das comunhões que formarão a
grande comunidade da comunhão dos santos.
(TdC 69)
17. Neste recíproco dom de si por parte do
homem, um dom que se tornará completamente e
definitivamente beatífico, como resposta digna de Um Novo Adão
um sujeito pessoal ao dom de si por parte de
Deus, a "virgindade", ou melhor, o estado virginal 22. Este "homem celestial" — o homem da
do corpo se manifestará completamente como a ressurreição, cujo protótipo é Cristo
plenitude escatológica do significado "esponsal" ressuscitado— não é tanto antítese e negação do
do corpo, como o sinal específico e a expressão "homem na terra" (cujo protótipo é o "primeiro
autêntica da subjetividade pessoal como um todo. Adão"), mas sobretudo é a sua consumação e a
Assim, portanto, a situação escatológica na qual sua confirmação. A humanidade do "primeiro
"não se casarão" tem o seu sólido fundamento no Adão", "homem da terra", leva em si, diria, uma
estado futuro do sujeito pessoal, quando, como particular potencialidade (que é capacidade e
consequência da visão de Deus "face a face", prontidão) para acolher tudo o que se tornou o
nascerá nele um amor de tal profundidade e força "segundo Adão", o Homem celestial, ou seja,
de concentração sobre o próprio Deus, que Cristo: o que Ele se tornou na sua ressurreição.
inundará completamente a sua inteira (...) Cada homem leva em si a imagem de Adão e
subjetividade psicossomática. (TdC 68) cada um é também chamado a levar em si a
imagem de Cristo, a imagem do Ressuscitado.
18. Professamos a fé na "comunhão dos Santos" (TdC 71)
(communio sancturum) e a professamos em
conexão orgânica com a fé na "ressurreição do 23. Este tema tem as suas origens já nos primeiros
corpo". (TdC 68) capítulos do Livro do Gênesis. Pode-se dizer que
São Paulo (ver 1 Cor 15, 42-49) vê a realidade da

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futura ressurreição como certa restitutio in nem se baseia num juízo negativo a respeito da
integrum, isto é, como a reintegração e, ao mesmo sua importância. (...) Não é por causa de "não ser
tempo, a obtenção da plenitude da humanidade. melhor casar-se", nem por causa de um suposto
Não é só restituição, porque em tal caso a valor negativo do matrimônio que a continência é
ressurreição seria, em certo sentido, um retorno observada por aqueles fazem tal opção "para o
àquele estado da alma antes do pecado, fora do Reino dos Céus" em suas vidas, mas em vista do
conhecimento do bem e do mal (ver Gen 1-2). particular valor que está ligado com essa escolha e
Mas esse retorno não corresponde à lógica interna que se deve descobrir e adotar como própria
de toda a economia da salvação,ao mais profundo vocação. (TdC 73)
significado do mistério da redenção. A restitutio
in integrum, ligada à ressurreição e à realidade do
"outro mundo", só pode ser a entrada em uma
nova plenitude. (TdC 72)

O Celibato para o Reino dos Céus


27. Em sua doutrina, a Igreja tem a convicção de
que estas palavras não expressam um
24. Quando a chamada à continência "para o reino mandamento que obriga a todos, mas um conselho
dos céus" encontra eco na alma humana, nas que diz respeito só a algumas pessoas: aquelas
condições da temporalidade, isto é, nas condições precisamente que são capazes "de entender". E
em que as pessoas ordinariamente "tomam mulher são capazes "de entender" aqueles "a quem é
e tomam marido", não é difícil captar nisso uma concedido". As palavras citadas indicam com
particular sensibilidade do espírito humano que clareza a importância da opção pessoal e
parece antecipar, já nas condições da simultaneamente da graça particular, isto é, do
temporalidade, aquilo de que o homem se tornará dom que o homem recebe para fazer tal opção.
participante na ressurreição futura. (TdC 73) (TdC73)

25. Jesus respondeu: ―Moisés permitiu despedir a 28. O termo ―eunuco‖ diz respeito aos defeitos
mulher, por causa da dureza do vosso coração. físicos que tornam impossível a procriação no
Mas não foi assim desde o princípio. Ora, eu vos matrimônio. Precisamente tais defeitos explicam
digo: quem despede sua mulher — fora o caso de as duas primeiras categorias, quando Jesus fala
união ilícita — e se casa com outra, comete quer dos defeitos congênitos, quer dos defeitos
adultério‖. Os discípulos disseram-lhe: ―Se a adquiridos, causados por intervenção humana. Em
situação do homem com a mulher é assim, é ambos os casos, trata-se, portanto, de um estado
melhor não casar-se‖. Ele respondeu: de coação externa, por isso não voluntário. Se
Cristo, no seu confronto, fala depois daqueles
"que se fizeram incapazes do casamento [eunucos]
“Nem todos são capazes de entender por amor do Reino dos Céus", como de uma
isso, mas só aqueles a quem é terceira categoria, certamente faz esta distinção
concedido. De fato, existem homens para acentuar ainda mais o caráter voluntário e
impossibilitados de casar-se, porque sobrenatural dela. Voluntário, porque os
nasceram assim; outros foram feitos pertencentes a esta categoria "fizeram-se
eunucos"; sobrenatural, por outro lado, porque o
assim por mão humana; outros ainda, fizeram "para o Reino dos Céus". (TdC 74)
por causa do Reino dos Céus se fizeram
incapazes do casamento. Quem puder 29. Falando daqueles que escolheram
entender, entenda”. conscientemente o celibato ou a virgindade para o
(Mt 19, 8-12) Reino dos Céus (isto é, "se fizeram eunucos"),
Cristo enfatiza —pelo menos indiretamente—
que, na vida terrena, essa escolha está conectada à
26. A questão da continência para o Reino dos
Céus não é colocada em oposição ao matrimônio,
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renúncia e também a um determinado esforço 33. A divina maternidade de Maria é também, em


espiritual. (TdC 74) certo sentido, uma superabundante revelação
daquela fecundidade do Espírito Santo, a que o
30. Essa maneira de existir enquanto ser humano homem submete o seu espírito, quando livremente
(homem e mulher), aponta para a "virgindade" escolhe a continência "no corpo": precisamente, a
escatológica do homem ressuscitado, na qual, eu continência "por amor do Reino dos Céus". (TdC
diria, o absoluto e eterno significado esponsal do 75)
corpo glorificado será revelado na união com o
próprio Deus, na sua visão "face a face"; e
glorificado, também, mediante a união de uma Celibato e Matrimônio
perfeita intersubjetividade, que unirá todos os
"participantes do outro mundo", homens e 34. Do contexto do evangelho de Mateus 19, 10-
mulheres, no mistério da comunhão dos santos. A 12, resulta de modo suficientemente claro que não
continência terrena "por amor do Reino dos Céus" se trata aqui de diminuir o valor do matrimônio
é indubitavelmente um sinal que indica esta em favor da continência e nem sequer de ofuscar
verdade e esta realidade. É sinal de que o corpo, um valor com o outro. (TdC 77)
cujo fim não é a morte, tende para a glorificação;
e por esse mesmo fato já é, eu diria, um 35. As palavras de Cristo (Mt 19, 11-12) se
testemunho entre os homens que antecipa a iniciam com todo o realismo da situação do
futura ressurreição. (TdC 75) homem e com o mesmo realismo elas o conduzem
para fora, para o chamamento em que, de maneira
31. A continência "por amor do Reino dos Céus" nova, embora permanecendo pela sua natureza um
— na medida em que é indubitável sinal do "outro ser "dual" (isto é, inclinado como homem para a
mundo"— leva em si sobretudo o dinamismo mulher, e como mulher, para o homem), ele é
interior do mistério da redenção do corpo (ver Lc capaz de descobrir nesta sua solidão, que nunca
20, 35), e neste significado possui também a deixa de ser uma dimensão pessoal da natureza
característica de uma particular semelhança com dual de cada um, uma nova e até mesmo mais
Cristo. (TdC 76) plena forma de comunhão intersubjetiva com os
outros. (TdC 77)

Maria e José 36. No seu enunciado, põe Cristo porventura em


relevo a superioridade da continência ―pelo Reino
32. O matrimônio de Maria com José (em que a dos Céus‖ acima do matrimônio? Sem dúvida, ele
Igreja honra José como esposo de Maria e Maria diz que esta é uma vocação "excepcional", não
como esposa dele), encerra em si, ao mesmo "ordinária". Afirma, além disso, que é
tempo, o mistério da perfeita comunhão das particularmente importante, e necessária para o
pessoas, do Homem e da Mulher no pacto Reino dos Céus. Se compreendemos a
conjugal, e ao mesmo tempo o mistério daquela superioridade sobre o matrimônio neste sentido,
singular "continência por amor do Reino dos devemos admitir que Cristo aponta para ela
Céus": continência que serviu a mais perfeita implicitamente; contudo, não a exprime de modo
"fecundidade do Espírito Santo" da história da direto. Só Paulo dirá daqueles que escolhem o
salvação. (TdC 75) matrimônio, que fazem "bem", e, dos que estão
dispostos a viver na continência voluntária, dirá
que fazem "melhor" (ver 1 Cor 7, 38). (TdC 77)

37. Tal é também a opinião de toda a Tradição,


tanto doutrinal como pastoral. A "superioridade"
da continência sobre o matrimônio não significa
nunca, na autêntica Tradição da Igreja, uma
depreciação do matrimônio ou uma diminuição
do seu valor essencial. Não significa tampouco
um desvio, nem sequer implícito, para as posições
maniqueístas ou um apoio a modos de avaliar e de
agir que se fundam na compreensão maniqueísta
do corpo e do sexo, do matrimônio e da geração.
A superioridade evangélica e autenticamente
cristã da virgindade, da continência, é, portanto,

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ditada pelo motivo do Reino dos Céus. Nas maternidade física e nela se confirma exatamente
palavras de Cristo, referidas por Mateus 19, 11-12 como amor esponsal. (TdC 78)
encontramos uma base sólida para admitir apenas
tal superioridade; pelo contrário, não encontramos
nelas base alguma para qualquer desmerecimento
do matrimônio que porventura pudesse estar
presente no reconhecimento daquela
superioridade. (TdC 77)

38. As palavras de Cristo referidas em Mateus 19,


11-12 (como também as palavras de Paulo na
primeira Epístola aos Coríntios, cap. 7) não
oferecem motivo para sustentar nem a
"inferioridade" do matrimônio, nem a
"superioridade" da virgindade ou do celibato com
base no fato de que o celibato, pela sua natureza,
consiste em abster-se da "união" conjugal "no 42. Parece que para esclarecer o que é o Reino dos
corpo". Sobre este ponto as palavras de Cristo são Céus para aqueles que por causa dele escolhem a
decididamente claras. Ele propõe aos seus continência voluntária, tem particular significado
discípulos o ideal da continência e o chamado a a revelação da relação esponsal de Cristo com a
ela não por motivo de inferioridade ou em Igreja (...) Sem dúvida, mediante tudo isto, o que
prejuízo da "união" conjugal "no corpo", mas só transparece e reluz é o amor: o amor como
"por amor do Reino dos Céus". (TdC 78) prontidão a fazer de si um dom exclusivo pelo
"reino de Deus". (TdC 79)
39. O matrimônio e a continência nem se
contrapõem um ao outro, nem dividem a 43. Deste modo, a continência "por amor do Reino
comunidade humana (e cristã) em dois campos dos Céus", a opção pela virgindade ou pelo
(digamos: aqueles que são "perfeitos" por causa celibato para toda a vida, tornou-se na experiência
da continência e aqueles que são ―imperfeitos‖ ou dos discípulos e dos seguidores de Cristo o ato de
menos perfeitos por causa da realidade da vida uma resposta particular ao amor do Esposo
conjugal). Mas estas duas situações fundamentais, Divino, e por conseguinte adquiriu o significado
ou seja, como se costuma dizer, estes dois de um ato de amor esponsal: isto é, de um dom
"estados", em certo sentido explicam-se e esponsal de si, a fim de retribuir de modo
completam-se reciprocamente com respeito à particular o amor esponsal do Redentor; um dom
existência e à vida (cristã) desta comunidade. de si entendido como renúncia, mas feito
(TdC 78) sobretudo por amor. (TdC 79)

44. A mentalidade contemporânea habituou-se a


Celibato e Significado Esponsal do Corpo pensar e a falar sobretudo do instinto sexual,
transferindo para o terreno da realidade humana o
40. O perfeito amor conjugal deve ser que é próprio do mundo dos seres vivos, os
caracterizado pela fidelidade e pela entrega ao animalia. (...) A aplicação do conceito de "instinto
único Esposo (e também pela fidelidade e entrega sexual" ao homem — varão ou mulher— limita
do Esposo à única Esposa), sobre os quais se grandemente, e em certo sentido "diminui" o que
fundam a profissão religiosa e o celibato essa mesma masculinidade-feminilidade é na
sacerdotal. Em resumo, a natureza de um e outro dimensão pessoal da subjetividade humana. (...)
amor é "esponsal", ou seja, se expressa mediante o A verdade sobre o significado esponsal do corpo
dom total de si. (TdC 78) humano na sua masculinidade e feminilidade e na
estrutura pessoal da subjetividade do homem e da
41. O amor esponsal que encontra a sua expressão mulher, parece ser neste âmbito um conceito-
na continência "pelo Reino dos Céus", deve levar, chave e, ao mesmo tempo, o único conceito
em seu desenvolvimento normal, à "paternidade" apropriado e adequado. (TdC 80)
ou "maternidade" no sentido espiritual (ou seja,
precisamente àquela "fecundidade do Espírito 45. À luz das palavras de Cristo, devemos admitir
Santo", de que já falamos), de modo análogo ao que esse segundo tipo de opção, ou seja, a
amor conjugal que amadurece na paternidade e continência pelo reino de Deus, se realiza também
em relação com a masculinidade ou feminilidade

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própria da pessoa que faz tal opção; realiza-se Conclusão


com base na plena consciência do significado
esponsal, que a masculinidade e a feminilidade 49. ―Também nós, que temos as primícias do
contêm em si. (TdC 80) Espírito, gememos em nosso íntimo, esperando a
condição filial, a redenção de nosso corpo.‖ (Rom
46. A renúncia ao matrimônio por amor do Reino 8, 23)
de Deus coloca em evidência, ao mesmo tempo,
aquele significado [esponsal do corpo] em toda a 50. Na sua vida cotidiana, o homem deve ir buscar
sua verdade interior e em toda a sua beleza no mistério da redenção do corpo a inspiração e a
pessoal. Pode-se dizer que esta renúncia por parte força para vencer o mal que está latente em si sob
de pessoas individuais, homens e mulheres, é em a forma da tríplice concupiscência. O homem e a
certo sentido indispensável para um mulher, ligados no matrimônio, devem
reconhecimento mais claro do mesmo significado cotidianamente, como a uma tarefa, reafirmar a
esponsal do corpo em todo o ethos da vida união indissolúvel da aliança fizeram entre si. Mas
humana e sobretudo no ethos da vida conjugal e também os homens e mulheres que
familiar. (TdC 81) voluntariamente escolheram a continência por
amor do Reino dos Céus devem dar
cotidianamente um testemunho vivo da fidelidade
A Compreensão de São Paulo acerca da a tal escolha, escutando as diretrizes de Cristo.
Relação entre Virgindade e Matrimônio (TdC 86)
(1 Cor 7)
51. Tudo isto, que procuramos fazer no decurso
47. Em 1 Coríntios 7, encontramos um claro das nossas meditações, para compreender as
encorajamento a se abster do matrimônio, e a palavras de Cristo, tem o seu fundamento
convicção de que a pessoa que decide se abster definitivo no mistério da redenção do corpo. (TdC
―faz melhor‖ (1 Cor 7, 38). Entretanto, não 86)
encontramos nenhum fundamento para chamar de ________________________________________
―carnais‖ aqueles que vivem no matrimônio, e
nem, por contraste, para chamar de ―espirituais‖ Perguntas para estudo
aqueles que por razões religiosas escolhem a
continência. De fato, em ambos os modos de viver 1. A relação conjugal nesta terra é “ícone” ou
o ―dom‖ que cada um recebe de Deus está agindo, “imagem” do matrimônio celeste que virá. Como essa
ou seja, a graça, que traz consigo a realidade de visão pode afetar o matrimônio, namoro, ou o
discernimento de uma vocação celibatária?
que o corpo é um “templo do Espírito Santo”, e
permanece como tal tanto na virgindade 2. Qual sua primeira reação ao ensinamento de Cristo
(continência) quanto no matrimônio, isso se o de que não haverá matrimônio no céu?
homem permanece fiel ao próprio dom e, em
conformidade com o seu estado ou vocação, não 3. De acordo com JPII, como pode o celibato não ser
―desonra‖ o ―templo do Espírito Santo‖ que é seu uma rejeição da sexualidade, mas sim uma vivência do
corpo. (TdC 85) sentido mais profundo dessa mesma sexualidade?

48. Na doutrina de São Paulo contida acima de 4. Quais são as razões sobrenaturais para um
tudo em 1 Coríntios 7, não encontramos nenhum sacerdócio celibatário?
vestígio daquilo que seria depois conhecido como
5. Em que sentido se diz que cada homem está
―maniqueísmo‖. O Apóstolo tem plena chamado a ser de alguma maneira esposo e pai, e cada
consciência de que – muito embora a continência mulher está chamada a ser de alguma maneira esposa
pelo reino de Deus seja sempre digna de e mãe?
recomendação – ao mesmo tempo a graça, ou seja,
―o dom de Deus próprio a cada um‖, também (Sugere-se enviar as respostas para daniel@teologiadocorpo.com.br)
auxilia os esposos na vida em comum, na qual (de ____________________________________________
acordo com as palavras de Gênesis 2, 24) estão
© Texto elaborado pela equipe Teologia do Corpo - Brasil
unidos tão intimamente que se tornam ―uma só exclusivamente para fins didáticos, contendo trechos das
carne‖. (TdC 85) catequeses do Papa. As citações das catequeses TdC seguem
a numeração de Michael Waldstein (ver quadro de referência
em separado) As citações bíblicas são da tradução da CNBB.

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