Discente: Artur Ferreira Componente Curricular: ECER
Docente: Alissan MARia Período: 2020.1 (Fase 2) Data: 11/10/2020
FICHAMENTO CARRARA, Sergio et al (org). Gênero e diversidade na escola: formação de professoras/es em Gênero, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais. Livro de conteúdo. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: SPM, 2009. p. 191 – 197. P. 191 - [...] etnocentrismo: um jeito de ver o mundo no qual um determinado povo (etnos) está no seu centro geográfico e moral, ponto a partir do qual todos os outros povos são medidos e avaliados. O etnocentrismo chega mesmo a dizer que os limites do humano são os limites daquele povo. P. 192 - [...] as diferenças não existem em função do isolamento dos povos, mas da combinação particular que cada povo fez e faz dos elementos que retira do contato com outros povos. P. 192 - Assim, uma das características do racismo é justamente ser uma doutrina, ou seja, um tipo de conhecimento que se mantém por repetição, ignorância e preconceito, mas que guarda pretensões de se apresentar como conhecimento objetivo, supostamente sustentado na natureza das coisas. P. 194 - Foi com base neste racismo que, na segunda metade do século XIX, a concepção religiosa cristã da irmandade entre todos os homens e mulheres e a concepção filosófica de que cada pessoa humana estava igualmente apta a “progredir” foram substituídas pela idéia de que a humanidade se encontrava irremediavelmente dividida em tipos raciais, e que esses tipos – em função de suas diferenças inatas e hereditárias – não tinham as mesmas capacidades para “evoluir” culturalmente ou “progredir” socialmente. P. 196 - A principal característica do regime nazista foi dar forma oficial, obrigatória e sistemática, em moldes científicos e industriais, às normas de separação, seleção e eliminação de indivíduos em função de determinados caracteres “naturais” tidos como desviantes: desde as minorias nacionais até as pessoas com déficit intelectual (consideradas doentes mentais); as pessoas com deficiências físicas (tidas como aleijadas); os/as homossexuais, judeus e judias, passando pelos/as artistas e escritores/as modernistas, identificados como responsáveis por uma arte degenerada. P. 196 - Se o etnocentrismo é um comportamento muito generalizado – e até mesmo tido como normal – de se reagir à diferença, privilegiando o seu próprio modo de vida em relação aos outros possíveis, o racismo, ao contrário, é uma forma de se usarem as diferenças como um modo de dominação. Primeiro, ele serviu para a dominação de um povo sobre os outros, depois, para a dominação de um grupo sobre o outro dentro de uma mesma sociedade. Dessa forma, o racismo não é apenas uma reação ao outro, mas uma maneira de subordinar o outro. P. 197 - o racismo tem uma história, que é tipicamente ocidental e moderna e diz respeito às relações de saber e poder que se estabeleceram tanto internamente à população européia, quanto entre as sociedades européias ou europeizadas e uma grande variedade de outras sociedades e povos. Em ambos os casos, o que o racismo faz é usar as diferenças para naturalizar as desigualdades. SANTOS, Hélio. Discriminação Racial no Brasil. In: Anais de Seminários Regionais Preparatórios para Conferência Mundial contra Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata. Brasília: Ministério da Justiça, 2001. p. 81 – 102. P. 83 - O preconceito e o racismo são atitudes. São modos de ver certas pessoas ou grupos raciais. Quando ocorre uma ação, uma manifestação, um comportamento de forma a prejudicar, é que se diz que houve discriminação. Enfim, quando o racista ou preconceituoso externaliza a sua atitude, agora transformada em manifestação, ocorre a discriminação. P. 84 - Quando se fala em grupo étnico, a idéia que se tem é de um conjunto humano com sólido sentido de união e pertença (as pessoas sentem pertencerem ao mesmo grupo). Tem-se a mesma cultura; o que envolve a história, o idioma, a tradição com os seus valores – todos eles comuns. A idéia de raça é mais árida, pois somos levados a pensar em aspectos físicos. P. 85 - O racismo é uma construção dos homens. É, portanto, ideologia. P. 87 - O subemprego negro antecede a Abolição. Os negros já libertos, em plena escravidão, já operavam assim: trabalha hoje; não trabalha amanhã nem depois; um dia aqui, depois acolá – nada fixo. P. 89 - Se pensarmos no que deve ser boa aparência: porte físico e saúde, boa parte da população brasileira, independentemente da etnia a que pertence, estaria fora do mercado de trabalho. O conceito de beleza existente no Brasil – o país com maior mescla racial do mundo – é olimpicamente branco e de preferência loiro mesmo. É como se aqui fosse uma espécie de escandinávia tropical. P. 90 - A política que discrimina os negros no trabalho raramente está deliberada formalmente – trata-se de um dado cultural internalizado por todos. Essa é uma das “vantagens” do racismo nacional. Ele funciona – e bem – sem que ninguém combine nada. Tudo flui impulsionado por uma cultura de exclusão do negro. P. 96 - O que acontece é que as dificuldades dos pretos e pardos estão associadas a aspectos que são específicos à sua realidade: desde a postura dos professores quanto à sua educabilidade, passando pela baixa auto-estima; indo até a entrada precoce dos mesmos no mercado de trabalho a fim de reforçar o magro orçamento familiar. Destes percalços todos, advém uma natural desmotivação. P. 97 – [...] quando a população carente (da qual os pretos e pardos são larga maioria) passou a ter acesso à escola pública esta se deteriora por completo. A partir daí, os governos (municipal, estadual e federal) começaram a desprestigiar a escola pública. Afinal, os filhos das elites não cursavam mais aquela escola, agora “ïnfestada” por um alunado carente de tudo. Foi assim que os antigos professores da boa escola pública sentiram o seu status e salário despencarem ladeira abaixo. Não ficou por aí: a qualidade e a manutenção dos prédios acabaram. Passou-se a dar importância à quantidade – jamais à qualidade. A desqualificação do magistério acompanhou a degradação do ensino secundário público. P. 100 - Assim, indiretamente, pela propaganda e também pelo cinema, o negro brasileiro se vê retratado pela mídia produzida nos Estados Unidos! P. 101 - Com o fim do escravismo se ampliam as delegacias de vadiagem (polícia civil) que eram criadas para inibir os que não trabalhavam. Ora, o desemprego estrutural dos negros (notadamente dos homens) se alarga, como já vimos, após 13 de maio de 1888! Assim, a própria organização da máquina policial já foi feita tendo como direcionamento reprimir aos negros.