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Darwinianas
todos os sábados
A integração de conhecimentos cientí cos e tradicionais tem sido cada vez mais
proposta em abordagens de conservação e manejo sustentável da natureza. Como
um exemplo marcante, podemos citar o reconhecimento pela Plataforma
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21/10/2020 Integrando conhecimentos científicos e tradicionais na conservação – Darwinianas
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que os haviam recolhido de diferentes grupos humanos, sem dar o devido crédito
(com raras exceções).
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somente pode ser feita quando há um uso do conhecimento em vista (mesmo que
seja um uso como instrumento de pensamento).
Questões interculturais
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Isso nos leva ao quarto e último ponto: responder a essas perguntas requer uma
prática que podemos denominar diálogo inter-ontológico. Voltemos um pouco para
trás no argumento para chegar a este ponto. Reconhecer o papel dos
conhecimentos tradicionais na conservação, como parte dos biólogos da
conservação tem feito, re ete uma tensão (bem vinda) entre uma visão
tecnocrática da sustentabilidade, que legisla desde o gabinete a vida das
comunidades nos ambientes em que vivem, e uma visão mais crítica (mas
necessariamente equilibrada, que nem demonize, nem endeuse) das ciências e
tecnologias contemporâneas, que implique maior ênfase sobre a diversidade
cultural e a autonomia das comunidades. Claro, isso requer negociação entre
partes interessadas (stakeholders), incluindo os cientistas. Nesses termos, um
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Esta teoria sobre “como as coisas são” é uma ontologia. Uma ontologia estabelece
o que é o ser e em quais categorias o ser se divide. Uma ontologia é uma teoria de
todos os tipos de objetos e/ou processos que há, concretos e abstratos, existentes
e não-existentes, reais e ideais. Ela é fundamental, assim, para qualquer
epistemologia e, logo, para todo conhecimento que construímos. Sem ontologia,
não há uma “mobília” do mundo que possamos conhecer. Não há, pois,
conhecimento sem ontologia, de alguma natureza que seja. Muito debate
desnecessário seria evitado se isso fosse mais conhecido entre cientistas e outras
pessoas (a exemplo dos defensores do design inteligente). A título de exemplo,
considere-se uma ontologia de partículas, dominante no Ocidente devido ao
legado da antiguidade greco-romana, na qual as coisas têm prioridade ontológica
sobre os processos. Ou seja, as coisas são e então (secundariamente) participam
de processos. Agora, compare-se esta com uma ontologia de processos, na qual os
processos são (prioritariamente) e eventualmente convergem por um certo tempo
(secundariamente) em coisas. Está claro que se estivermos engajados num
processo de negociação social e aprendizagem coletiva de distintas partes
interessadas, no qual se busca, digamos, algum campo compartilhado de
conhecimentos entre uma visão de mundo fundada numa ontologia de partículas
e outra fundada numa ontologia de processos, estaremos engajados no que
podemos chamar de diálogo inter-ontológico.
Não pode haver dúvida de que este é um diálogo complexo, mas necessário,
porque nossas escolhas ontológicas têm consequências. Elas não poderiam deixar
de ter, porque propiciam meios de entender a realidade e de se posicionar
normativamente, ou seja, de julgar o que se deve ou não fazer, conforme
determinados conjuntos aceitos de normas. Por exemplo, uma ontologia que
coloca o ser humano no centro de todas as coisas (a exemplo de várias tradições de
pensamento) implica uma ética antropocêntrica, que transparece, por mais bem
intencionados que sejam, em discursos atuais que se amparam em ideias como as
dos “recursos naturais” (para nós), do “desenvolvimento sustentável” (de nossas
sociedades), dos “serviços ecossistêmicos” (de que nós nos bene ciamos). Esta
ética, por sua vez, se vincula a certas práticas, como, por exemplo, a de buscar
soluções para o crescimento econômico do atual sistema de produção e consumo,
com sustentabilidade, ou seja, na melhor das hipóteses, com manutenção de
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Devo deixar isso para a próxima postagem, na qual pretendo escrever sobre
algumas ideias acerca de como avançar no diálogo inter-ontológico, bem como
sobre o que acontece nos espaços de encontro e desencontro entre pesquisadores e
comunidades locais. Em suma, deixo-os com as cenas dos próximos capítulos…
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Charbel N. El-Hani
Instituto de Biologia/UFBA
Tengö, M. et al. (2017). Weaving knowledge systems in IPBES, CBD and beyond—
lessons learned for sustainability. Current Opinion in Environmental
Sustainability 26-27:17–25.
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2 blogueiros gostam disto.
Vitor Renck
maio 22, 2018 às 2:13 am
Muito legal Charbel. Parabéns pelo texto. Fiquei na expectativa de ler a respeito
das cenas dos próximos capítulos. Grande abraço!
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Charbel El-Hani
junho 19, 2018 às 8:20 am
Oi Vitor
Acabou de ser postada a continuidade do argumento…
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