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natural volume ii
ÍNDICE GERAL
A ÍNDICE REMISSIVO
Impressão:
Agir
Rua Particular, Edifício Agir
Quinta de Santa Rosa
2680-458 CAMARATE
deco.proteste.pt/guiaspraticos
Portugal
natural volume ii
capítulo 1
Os invertebrados
Os diferentes grupos 11
Os invertebrados lusos 15
Se quiser saber mais 42
capítulo 2
As aves
Aves aquáticas 48
Aves terrestres 59
Se quiser saber mais 96
capítulo 3
Os mamíferos
Insetívoros e quirópteros 100
Os roedores 108
Os lagomorfos 112
Os artiodáctilos 113
Os predadores 116
Se quiser saber mais 122
capítulo 4
Répteis e anfíbios
Os répteis 127
Os anfíbios 137
Se quiser saber mais 144
capítulo 5
Animais de água doce
Os peixes 149
Os caracóis aquáticos 155
Os mexilhões 156
Os crustáceos 157
As minhocas e as sanguessugas 159
As aranhas aquáticas 160
Os escaravelhos aquáticos 160
Os percevejos de água 161
As larvas de insetos 163
Se quiser saber mais 165
capítulo 6
Os sinais da presença de animais
Os dejetos 169
As pegadas 172
As regurgitações de aves 175
As marcas
de ocupação 178
Os vestígios de refeições 179
Se quiser saber mais 180
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OS INVERTEBRADOS
Os diferentes grupos
Não é nossa intenção transformar este livro num compêndio de
zoologia, longe disso. No entanto, a fim de lhe dar uma ideia mais
concreta da grande diversidade do mundo dos invertebrados,
decidimos apresentar uma breve caracterização dos principais
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OS INVERTEBRADOS
Anelídeos
São vermes de corpo dividido em segmentos (ou anéis), redondos
ou achatados, que se alimentam de uma grande variedade de
substâncias; são cerca de 17 mil as espécies conhecidas, reparti-
das em quatro classes. Os mais conhecidos são as minhocas e as
sanguessugas.
Moluscos
São 85 mil as espécies conhecidas, repartidas em cinco classes,
das quais convém reter:
— os gastrópodes: vivem em terra e no mar, em água salgada e
doce; desta classe fazem parte animais como as lapas, os búzios,
os caracóis e as lesmas;
— os bivalves: principalmente marinhos, mas também existem
algumas espécies de água doce; mexilhões, ostras e canivetes são
alguns membros ilustres desta classe;
— os cefalópodes: exclusivamente marinhos; exemplos bem conhe-
cidos desta classe de moluscos são os chocos, as lulas e os polvos.
Artrópodes
É o maior grupo de invertebrados. Caracterizam-se por terem corpo
quase sempre segmentado e coberto de quitina (de consistência
dura, portanto; veja Um pouco de vocabulário na página anterior).
As patas e, muitas vezes, também as antenas são compostas por
vários elementos. Vejamos alguns dos subgrupos que o compõem.
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OS INVERTEBRADOS
Os invertebrados lusos
Como é evidente, o que dissemos sobre o efeito negativo da ati-
vidade humana no mundo dos invertebrados também se aplica
ao nosso país. Mesmo assim, não deixa de haver, entre nós, uma
grande variedade de espécies. Pelas razões já apontadas, falaremos
apenas das mais comuns e/ou importantes. As espécies aquáticas
serão descritas no capítulo 5 (veja Os animais de água doce, a partir
da página 146).
Minhocas
Alguns pequenos animais, como, por exemplo, as minhocas e as
sanguessugas, têm o corpo dividido em segmentos semelhantes a
anéis, razão pela qual se chamam anelídeos. Nas minhocas, cada
um desses segmentos contrai-se de forma independente, o que
permite a formação de “ondinhas” características, sempre que os
animais se deslocam. E fazem-no quase sempre debaixo de terra,
porque são seres tipicamente subterrâneos. Dessa forma, preen-
chem um papel insubstituível no arejamento e na revitalização
dos solos. Basta saber que uma única minhoca consegue arejar e
fertilizar, anualmente, quase 250 gramas de terra… As minhocas
alimentam-se principalmente de matérias orgânicas em decom-
posição que se encontram no solo, fragmentos de folhas caídas
e restos de animais. Por sua vez, servem de alimento a inúmeros
animais, desde aves a répteis, passando por alguns tipos de insetos
e até mamíferos. Existem no mundo mais de cinco mil espécies
diferentes.
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OS INVERTEBRADOS
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Centopeias e marias-cafés
Os miriápodes são invertebrados com nove ou mais pares de patas
(miriápode quer dizer “que tem dez mil pés”) e de corpo alongado.
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OS INVERTEBRADOS
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A
OS INVERTEBRADOS
Grilos e ralos
Quanto aos grilos, o mais conhecido de todos, quanto mais não
seja através das histórias para crianças e dos desenhos animados
(há alguém que desconheça a história do Pinóquio e do seu Grilo
Falante?), é o grilo-do-campo. Atualmente, começa a tornar-se
raro. Tem cerca de dois centímetros de comprimento, cor negra
de azeviche e asas bem desenvolvidas, que usa para produzir o
seu som característico. Mas só os machos cantam.
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o canto do gafanhoto
As diferentes espécies de gafanhotos e de grilos produzem um som
tão característico que é possível identificá-las através do canto,
tal como acontece com as aves. Os gafanhotos-castanhos, por
exemplo, produzem um som muito estridente, esfregando as patas
traseiras nas espessas nervuras das asas ou nas saliências do ven-
tre. Os grilos e os gafanhotos-verdes, por sua vez, produzem o som
esfregando, muito simplesmente, as asas uma na outra.
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OS INVERTEBRADOS
Louva-a-deus
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OS INVERTEBRADOS
Graphosoma lineatum
ou percevejo-de-
-riscas (também
designado por
percevejo-listrado)
Tira-olhos e libelinhas
Quem nunca se deteve a admirar o fascinante voo
de uma libélula ao longo de um ribeiro? Muitos o libélulas,
fizeram, com certeza, e desde tempos imemoriais, libelinhas
porque as libélulas são os insetos voadores mais ou tira-olhos?
antigos. Os seus ancestrais já existiam 280 milhões
Há quem designe indiferentemente
de anos antes da nossa era! Os cientistas costumam
libélula ou libelinha quer falemos
dividi-las em dois grandes grupos: os anisópteros, de anisópteros ou de zigópteros
maiores e com as asas diferentes, e os zigópteros, e quem chame libélula aos
mais pequenos e com as asas iguais (veja a caixa primeiros e libelinhas ou tira-
Libélulas, libelinhas ou tira-olhos?, à direita). -olhos aos segundos. Para
facilitar a compreensão do texto,
optámos por usar esta última
Como distinguir os dois grupos? Antes de mais, forma, embora não haja distinção
as libélulas, quando estão em repouso, costumam dos termos em português.
manter as asas abertas, enquanto a maioria das
libelinhas as conserva fechadas; depois, as libélulas
veem-se quase sempre em plena perseguição de outros insetos,
à superfície da água, ao contrário das libelinhas, que se mantêm
escondidas, discretamente, entre a vegetação das margens de rios
e ribeiros. As larvas de ambas as espécies vivem na água (veja o
capítulo dedicado aos Animais de água doce, a partir da página 146).
Contrariamente ao que, por vezes, se diz, nem as libélulas nem
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OS INVERTEBRADOS
Borboleta-saturna
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Lagarta de
borboleta
espreitando as borboletas…
Tal como muitos outros insetos, as de ano para ano, espécies diferentes. Mas,
borboletas costumam estar mais ou menos depois de as observar e identificar, não se
ligadas a uma determinada planta. Além esqueça de as libertar! Para lhe despertar
de extraírem delas o alimento, também é (ou aguçar) a curiosidade, eis os nomes
nelas que põem os ovos. Dessa forma, as de algumas borboletas comuns e os das
lagartas, quando nascem, alimentam-se plantas a que costumam estar associadas.
diretamente da planta e os pais-borboletas •• Borboleta-da-couve: encontra-se
nada mais têm a fazer. nas couves, claro está!
Se estiver interessado num tipo específico •• Anthocharis cardamines (atenção: só
de borboleta, procure acompanhar a sua o macho possui manchas luminosas
evolução e descobrir em que planta põe cor de laranja nas asas): aliária,
os ovos. Após a postura, envolva a planta cardamina-dos-prados.
com uma rede leve e espaçosa, de malha •• Borboleta-cauda-de-andorinha:
suficientemente cerrada, que poderá fixar cenoura-brava, pequenas raízes.
à volta do caule. Algum tempo depois •• Vanessa atalanta, Inachis io, Aglais
(normalmente, passadas uma a duas urticae: urtigas.
semanas), os ovos abrem-se e deles
surgem umas lagartas minúsculas. Cerca de
quatro semanas depois (durante as quais
passam a maior parte do tempo a comer),
as lagartas começam a fabricar os casulos,
que ficam suspensos dos ramos da planta-
-hospedeira e passam ao estado de
crisálida. Segue-se um período de
transformações espetaculares, no fim do
qual a borboleta adulta acaba por escapar
do casulo. Mantendo-as sob a rede, poderá
observá-las à vontade e até comparar, Borboleta-zebra
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OS INVERTEBRADOS
Pinheiro atacado
por processionária
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OS INVERTEBRADOS
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OS INVERTEBRADOS
Abelhas
A dieta das abelhas é constituída
de pólen e néctar de flores. Mas
o comprimento da língua é dife-
rente conforme as espécies e, em
consequência, nem todas as flores
são acessíveis a todas as abelhas.
Por essa razão, desempenham
um papel muito importante na
fecundação de numerosas espé-
cies de plantas, o que inclui algu-
mas árvores de fruto (a pereira,
a macieira, a ameixoeira, etc.).
por exemplo, sem abelhas, não
poderíamos saborear aquela fruta
de que tanto gostamos... Abelhas na colmeia
Vespas
Debaixo da habitual denominação de vespas escondem-se diver-
sas espécies de insetos (cerca de cinco mil), cujo modo de vida e
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Formigas
As formigas são fáceis de reconhecer. As suas antenas são curvas,
e a maioria não tem asas. As rainhas nascem com asas, mas só as
usam por ocasião do voo nupcial. Depois, perdem-nas.
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OS INVERTEBRADOS
As formigas desempenham
um papel muito importante
na disseminação de sementes
de plantas. Algumas, como as
violetas, até produzem semen-
tes cujo apêndice açucarado
atrai as formigas. Em Portugal,
a espécie mais comum é a das
formigas-vermelhas. São bastante
úteis, devido à razia que fazem
em milhares de outros insetos,
o que ajuda a evitar que estes
atinjam proporções excessivas.
Formigas-vermelhas
em sobreiro
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OS INVERTEBRADOS
Vaca-loira, o maior
escaravelho da Europa
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Aranhas
Do mito…
São muitas as lendas e outras histórias mais ou menos fantasiosas
que têm as aranhas como protagonistas. Por isso, vamos aproveitar
para esclarecer algumas dúvidas que possa ter a respeito delas…
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OS INVERTEBRADOS
Ocelos ou olhos
simples de uma aranha
… à realidade
Tendo “desmontado” alguns dos principais preconceitos respei-
tantes às aranhas, talvez possamos dar início a um novo tipo de
relacionamento entre o homem e os aracnídeos…
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• A teia das aranhas é uma das fibras naturais mais resistentes que
se conhecem; é bastante mais sólida do que o nylon ou mesmo o
arame de grossura comparável. Mas, contrariamente ao que acon-
teceu com outras fibras naturais, como a seda, ninguém conseguiu
ainda sintetizar e industrializar uma teia de aranha… No entanto,
algumas famílias de aranhas, como as tarântulas, não tecem teias
e caçam as suas vítimas como qualquer outro predador.
Palpos
Quelíceras
Olhos
Fiandeiras
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OS INVERTEBRADOS
Em que época?
Os caracóis e as lesmas só saem quando chove ou, pelo menos,
quando o tempo está enevoado e húmido. Quando o ar está seco
e quente, escondem-se, a fim de preservar a sua frágil vida. Os
insetos, por sua vez, gostam dos dias quentes de verão. As ara-
nhas começam a tornar-se menos ativas a partir de setembro e,
no inverno, quase desaparecem — exceto aquelas que têm a sorte
de morar em casas quentinhas!
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CAPÍTULO 2
As aves
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AS AVES
O canto das aves é matéria árdua. Não é fácil fazer a sua descrição
e, por vezes, esta varia bastante de livro para livro. É por isso
que as gravações constituem o melhor material de referência.
Para memorizar mais facilmente a diversidade dos sons, observe
a ave, durante o máximo de tempo possível, enquanto ela canta.
Mesmo que já a tenha identificado. Isso permitir-lhe-á associar
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um bom conselho
Quando avistar uma ave, não se precipite imediatamente para o
seu guia de identificação. Se o fizer, o mais provável é que, quando
tiver encontrado a página correta, já ela tenha voado. É preferível
observá-la durante o máximo de tempo possível e guardar na
memória tudo o que vir: tamanho (compare-o com o das espécies
comuns), forma, cores, comprimento da cauda, forma e tamanho
do bico, comportamento, local onde se encontra, etc. Anote tudo
num caderno, juntando, se possível, um pequeno esboço da ave.
Também pode relatar tudo o que vê, em voz baixa, enquanto
alguém ao seu lado toma notas. Só então deverá começar a folhear
as páginas do guia.
Aves aquáticas
Cegonhas: um feliz regresso
Graças, em grande parte, ao louvável esforço de “acolhimento” de
algumas associações ambientalistas e ao estatuto de proteção que
lhe foi conferido, estas aves imponentes regressaram, em força, às
paisagens portuguesas. Com efeito, contrariamente ao que se passou
até ao final da década de 1980, com uma acentuada regressão da
população de cegonha-branca, o número de cegonhas continua a
aumentar desde essa altura. Além disso, alguns exemplares desta
espécie, que apenas passava cá o verão regressando ao calor de
África nos meses mais frios, decidiram começar a ficar também
no inverno, sendo já mais de dez mil as aves residentes. Por isso,
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AS AVES
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Garças: intrépidas
pescadoras
Garça-real
Constitui um espetáculo bastante
interessante a forma como algu-
mas espécies de garças (espe-
cialmente a garça-real, a garça-
-vermelha e o goraz) obtêm o seu
alimento. A técnica de pesca da
garça-vermelha, por exemplo,
é de molde a deixar roxos de
inveja os pescadores mais hábeis.
Equilibrada apenas sobre uma
pata, com a cabeça aninhada entre
os ombros e os olhos semicerra-
dos, quase adormecida, parece
completamente indiferente a tudo
o que a rodeia. Mas basta uma
ínfima ondulação à superfície da
água ou um pequeno ruído vindo
da vegetação para que ela, rápida
como um relâmpago, utilize o
bico, como se de um punhal
se tratasse, apanhando a presa
desprevenida. Outras, como a
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uropígio ou rabadilha
nuca
lista supraciliar
alto da cabeça ou
coroa
sobrancelha
queixo ou mento
bigode flancos
região auricular ventre
peito
punho da asa
barras alares
punho da asa
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Garça-boieira
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garças e cegonhas
As garças — à exceção da garça-boieira —
e as cegonhas alimentam-se de forma parecida.
Mas as semelhanças entre as duas espécies
não vão muito além disso: a indumentária negra
e branca e o bico vermelho-vivo da cegonha,
por exemplo, distinguem-se perfeitamente da
plumagem predominantemente cinzenta e do
bico amarelo da garça-real e da garça-vermelha,
que são as únicas com que poderia ser
confundida! E, mesmo durante o voo, continua a
ser fácil distingui-las, porque a cegonha voa com
o pescoço todo estendido, enquanto as garças o
mantêm recolhido. Além disso, o bater de asas
das garças é mais pesado e amplo.
Cegonha-branca
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Pato-real
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a plumagem de eclipse
Em todos os patos, a plumagem dos machos é nitidamente mais
vistosa do que a das fêmeas (dimorfismo sexual). Parece que a
razão disso está no facto de serem as fêmeas, sobretudo, que se
ocupam do ninho e das crias. A sua indumentária pardacenta, que
não chama a atenção, constitui uma camuflagem ideal, porque
lhes permite confundirem-se com a vegetação e, desse modo,
tornarem-se quase invisíveis.
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AS AVES
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AS AVES
Gaivota-de-patas-
-amarelas, a espécie
mais comum entre nós
A gaivota-de-patas-amarelas, a espécie mais comum entre nós,
é cinzenta no dorso e na cobertura das asas. O bico é amarelo com
a ponta vermelha (os filhotes bicam essa zona vermelha quando
querem comida). As patas, como o próprio nome indica, são ama-
relas. O guincho, que só costuma ver-se durante o inverno, tem o
bico avermelhado e mais fino. As duas espécies são muito sociáveis
e formam colónias extremamente numerosas e ruidosas.
Aves terrestres
O pombo-torcaz: uma ave versátil
O pombo-torcaz, que por vezes se vê a debicar sementes nos jar-
dins e nos campos, está longe de ser uma ave rara. Por vezes, até
é visto nas cidades. No entanto, o comum pombo das cidades
ou pombo “doméstico” pertence a outro tipo, pois descende do
pombo-das-rochas.
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AS AVES
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O cuco: um folgazão
Uma coisa é certa: o canto do
cuco, o famoso “cu-cu, cu-cu”, é
tão característico que é impossí-
vel confundi-lo com o de outra
espécie qualquer. Toda a gente o
reconhece. Quando se trata de o
identificar apenas pela aparên-
cia, o caso muda de figura. Mas
como é o cuco, afinal? Bom, no
que diz respeito ao tamanho, é
semelhante ao peneireiro-vulgar,
e o voo também é parecido: tra-
jetória plana e regular, silhueta
esguia, asas pontiagudas e cauda
comprida. Por outro lado, exce-
tuando o ventre, que possui
Cuco-rabilongo estrias transversais brancas,
a plumagem do cuco é cinzento-
-azulada, embora haja algumas fêmeas avermelhadas. Quanto ao
cuco-rabilongo, uma espécie afim que tem, aproximadamente,
os mesmos hábitos, este distingue-se facilmente, graças à sua longa
cauda e à plumagem branca do peito e do ventre. Mal regressa das
“férias de inverno”, passadas em África, o cuco-macho emite o seu
famoso “cu-cu”. O canto da fêmea é bastante diferente — parece-
-se mais com um relincho — e ouve-se muito menos. Quando a
fêmea surge, o canto do macho redobra de intensidade. Depois
do acasalamento, o macho volta a tirar “férias”. A hipótese de
construir um ninho não chega a colocar-se: a fêmea põe os ovos
nos ninhos de outras aves, à razão de um ovo por ninho. O choco
e a criação dos filhos são deixados a cargo dos hospedeiros ou pais
adotivos. Isso explica que a presença de cucos num determinado
território esteja dependente não só da existência de alimentação
adequada (lagartas, escaravelhos e gafanhotos) mas também… da
existência de eventuais pais adotivos, como a carriça, a calhandra,
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Águia-cobreira
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Por outro lado, aquilo que, nos mochos, parece ser as orelhas, não
passa de meras penas e não tem qualquer relação com as orelhas
verdadeiras; estas estão situadas de ambos os lados da cabeça,
à altura dos olhos. Enquanto o homem apenas pode determinar
Coruja-das-torres a direção do som, o ouvido do
mocho é capaz de localizar, exa-
tamente, a sua origem: é como
se ele “visse” com os ouvidos.
Por isso, pode encontrar, sem
dificuldades de maior, um rato
bem escondido, mas que se trai
pelo ruído que faz ao roer o ali-
mento. A conjunção da audição
e da visão permite aos mochos
obter uma imagem global do meio
que os rodeia. Em Portugal há,
essencialmente, seis espécies de
corujas e mochos.
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mochos e corujas:
sábios ou fantasmas?
Mochos e corujas são aves noturnas por excelência, mas, por
vezes, também se veem durante o dia. Esta “dualidade” também se
exprime no simbolismo que suscitam.
Bufo-real
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O peto-verde: um papa-formigas
É impossível ignorar o peto-verde, pois a plumagem esverdeada,
o uropígio amarelo e o barrete vermelho-vivo da cabeça atraem-
-nos imediatamente a atenção. Além disso, possui também uma
espécie de bigode, totalmente preto na fêmea e vermelho rodeado
de preto no macho. Mas é mais frequente ouvi-lo do que vê-lo: o seu
“gargalhar” sonoro, soluçante, quase demoníaco, é muito especial!
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O pica-pau-malhado-grande:
um pica-pau a sério
Dorso negro, mancha vermelha na nuca, largas ombreiras brancas
e zona sob a cauda de um vermelho muito vivo são o cartão de
Pica-pau-
visita do macho desta espécie. A fêmea não tem a característica
-malhado-grande mancha vermelha na nuca e a zona sob a cauda
é de um vermelho menos vivo. São, como se vê,
aves coloridas, mas não muito grandes: o seu
tamanho é mais ou menos o de um melro.
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Andorinhas e andorinhões
Apesar de não serem as únicas aves a surgir nessa altura, a sabedoria
popular consagrou as andorinhas como mensageiras da primavera.
Em Portugal, com um pouco de sorte, podem observar-se cinco
espécies diferentes: a andorinha-das-chaminés, a andorinha-dos-
-beirais, a andorinha-das-barreiras, a andorinha-das-rochas (a única
espécie sedentária) e a andorinha-dáurica. Todas são autênticas
acrobatas dos ares e igualmente loucas por insetos. Quanto ao
resto, são bastante diferentes: a plumagem, o modo de vida e o
tipo de ninho são perfeitamente distintos.
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• As outras duas espécies são azuladas com reflexos negros. Ambas
são muito abundantes por todo o país. A andorinha-das-chaminés
reconhece-se facilmente, graças à cauda bastante bifurcada — de
notar que a dos machos é ainda maior do que a das fêmeas. A parte
de baixo do corpo é cinzento-creme, enquanto a garganta e a testa
são castanho-arruivadas.
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AS AVES
A alvéola-branca:
uma camponesa convicta
A alvéola-branca prefere, inegavelmente, os campos abertos, embora
também se possa encontrar noutros locais, desde que a vegetação
não seja muito densa e haja água nas proximidades. Não é difícil
identificá-la. O branco, o cinzento e o negro caracterizam a sua
plumagem: as asas e o dorso são cinzentos; a testa, as sobrancelhas,
o peito e o ventre são brancos; finalmente, o barrete na cabeça e o
pescoço, que se prolonga por uma mancha no peito, são negros.
A fêmea é mais cinzenta e tem menos negro na cabeça e no peito.
A cauda, longa e negra, possui uma risca branca de ambos os lados.
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Alvéola-branca
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Gaio, um corvídeo
vistoso
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A plumagem negra
e branca da pega
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AS AVES
• Finalmente, a felosa-do-mato,
que é uma espécie aparentada
com as toutinegras, é ainda mais
pequena do que a anterior: tem
apenas 12,5 centímetros de com-
primento. A cabeça e o dorso são
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AS AVES
O pisco-de-peito-ruivo:
um macho hesitante…
O pisco-de-peito-ruivo é tão conhecido que quase não vale a pena
descrevê-lo e, além disso, é quase impossível confundi-lo com
outra ave qualquer. Frequenta parques e jardins, embora, origi-
nalmente, fosse uma ave de matas densas. Infelizmente, estas são
cada vez mais raras.
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Pisco-de-peito-ruivo
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Chapim-real
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Os pântanos e pauis, por sua vez, são ótimos locais para observar
aves ligadas a zonas húmidas. Patos, galeirões e garças são aves
comuns, por exemplo, nos pauis de Arzila (perto de Coimbra)
e do Boquilobo (junto à Golegã, Ribatejo).
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AS AVES
Em que época?
Todas as épocas são boas, mas depende das espécies de aves que
se deseja observar. As migradoras, por exemplo, regressam entre
março e princípios de junho. Depois de um curto período de acli-
matação, começam a fazer o ninho. Não se aproxime demasiado
entre maio e junho, porque, nessa altura, as aves são muito mais
ariscas. No verão estão mais calmas e a sua intervenção não as
perturbará tanto. A partir de meados de agosto, algumas migra-
doras pensam já na sua partida para as regiões do Sul. É nessa
altura que será mais fácil observá-las. Esse período prolonga-se,
normalmente, até finais de outubro.
• Seja paciente!
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CAPÍTULO 3
Os mamíferos
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OS MAMÍFEROS
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OS MAMÍFEROS
Musaranhos nervosos
Os musaranhos são, por natureza, animais nervosos e agressivos.
Não se deixam intimidar com facilidade, mesmo que sejam desa-
fiados por outros animais de tamanho superior ao seu. Na prima-
vera e no outono, ouvem-se, por vezes, os guinchos dos machos,
que lutam entre si para determinar quem manda. Também são
muito ruidosos quando procuram alimento.
• O musaranho-de-dentes-brancos
ou musaranho-doméstico costuma
frequentar zonas habitadas.
103
A
PORTUGAL NATURAL II
Morcegos: os mal-amados
Os morcegos sempre estimularam a imaginação do homem.
É verdade que o seu modo de vida, muito escondido, se presta
a todos os tipos de especulações e de histórias misteriosas.
No entanto, embora muitas dessas histórias se mantenham bem
vivas na imaginação popular, hoje sabe-se que os morcegos não
são minimamente prejudiciais. Antes pelo contrário: cada mor-
cego pode comer, numa só noite, o equivalente ao seu peso em
insetos, o que contribui para que o número destes se mantenha
num nível aceitável.
104
A
OS MAMÍFEROS
105
A
PORTUGAL NATURAL II
106
A
OS MAMÍFEROS
encaixe
para o teto
ranhuras
15
cm
20 cm
25 cm
cm
15
os morcegos 9 cm
entram por aqui
cm
15
pequena abertura
o abrigo pode acolher em baixo
cerca de 50 morcegos (15-20 mm)
107
A
PORTUGAL NATURAL II
Os roedores
A ordem dos roedores é, de longe, a mais numerosa entre os mamí-
feros: existem mais de 1500 espécies, espalhadas pelo mundo
inteiro, e uma enorme diversidade, tanto no que diz respeito ao
seu aspeto como ao modo de vida.
Rato-do-campo
108
A
OS MAMÍFEROS
A rata-d’água e o rato-cego
Contrariamente aos outros ratos, a rata-d’água e o rato-cego têm
focinho achatado, olhos e orelhas pequenos e cauda geralmente
curta.
109
A
PORTUGAL NATURAL II
O leirão
O leirão, ou rato-dos-pomares, é um dos mamíferos que fazem uma
hibernação completa. Chegado o final do verão, durante o qual
tudo fez para “ganhar uns quilos”, este pequeno animal procura
uma toca acolhedora e deixa-se dormir até março ou abril. E é,
talvez, devido à necessidade da “engorda” que a sua alimentação
é bastante diversificada: inclui frutos, ovos, insetos e até pequenos
mamíferos.
110
A
OS MAMÍFEROS
Esquilo
111
A
PORTUGAL NATURAL II
Os lagomorfos
Durante muito tempo, este grupo de animais, a que pertencem,
por exemplo, os coelhos e as lebres, foram catalogados entre
os roedores e, de facto, existe um certo parentesco entre eles.
No entanto, os lagomorfos são exclusivamente herbívoros e têm
no maxilar superior, sob os dentes incisivos, um segundo par de
dentes, o que não acontece nos roedores.
Coelho-bravo
112
A
OS MAMÍFEROS
Os artiodáctilos
Pertencem a este grupo animais bastante diferentes, como os
veados, os búfalos e os javalis. O que os une é o facto de todos se
apoiarem, quando andam, nas unhas (transformadas em cascos)
do terceiro e do quarto dedos de cada uma das patas. Quase todos
são herbívoros.
113
A
PORTUGAL NATURAL II
114
A
OS MAMÍFEROS
Os javalis do Obélix
Habituados a vê-los apenas em
livros de banda desenhada, onde
o olhar guloso de Obélix não
parecia minimamente repro-
vável, muitos de nós talvez
fiquemos surpreendidos ao
saber que estes animais, que
na década de 1960 estiveram
à beira da extinção devido aos
surtos de peste suína africana
e à caça excessiva, voltaram a
ser, nos últimos anos, bastante
abundantes, ocupando a gene- Javali com as suas
crias
ralidade do território nacional.
Para isso parece ter contribuído a interdição temporária da caça,
o abandono dos campos e, também, a reflorestação de algumas
zonas do país. No entanto, além de continuarem a ser uma das
espécies cinegéticas mais apreciadas pelos caçadores, os javalis
têm sido vítimas, ultimamente, de outra ameaça, não menos
perigosa: o tráfego automóvel. É verdade que o número de javalis
mortos dessa forma está muito abaixo do respeitante a ouriços e
a sapos, por exemplo, mas é preciso não esquecer que o número
destes é muito maior.
115
A
PORTUGAL NATURAL II
Os predadores
Excetuando o texugo, que é omnívoro, e a lontra, que come peixe,
todos os nossos predadores se alimentam, essencialmente, de
pequenos animais: ratos e musaranhos. Entre eles, estão algumas
espécies em perigo de extinção, como o lince, o felino mais amea-
çado do mundo, e o lobo, o nosso maior predador.
116
A
OS MAMÍFEROS
117
A
PORTUGAL NATURAL II
Saca-rabos e genetas
Célebres como predadores de cobras, os saca-rabos
ou mangustos também se alimentam de outros
répteis, além de ratos, insetos e ovos de aves. O
corpo é alongado, a cauda comprida e a cabeça
pequena e pontiaguda. Os caninos, como é próprio
dos carnívoros, são extremamente compridos. A
sua agilidade é notável e é graças a ela que conse-
guem levar de vencida as cobras, ao desviarem-se
rapidamente quando estas atacam e ripostando
depois com grande ferocidade. O saca-rabos vive
normalmente em zonas relativamente áridas, mas
de vegetação densa.
É um animal essencialmente
noturno e faz da agilidade e da
astúcia as suas principais armas.
Quando salta, a cauda ajuda-a
a manter o equilíbrio. Vive em
matas de arbustos e locais ári-
dos. É relativamente abundante
O perfil esguio da geneta entre nós.
118
A
OS MAMÍFEROS
Felinos
O gato-bravo faz lembrar, em tudo, o gato-doméstico, mas é maior,
mais pesado e com a cabeça grande. A cauda é mais densa e farfa-
lhuda e possui riscas negras transversais. Este felino alimenta-se,
principalmente, de ratos, como o seu parente doméstico, mas
coelhos, lebres e pequenas aves também fazem, por vezes, parte
do cardápio. Foi relativamente frequente em todo o país, mas apa-
rentemente encontra-se em regressão. Vive em planícies e serras
onde a vegetação suficientemente densa lhe permite manter-se
escondido. É um animal esquivo e, como tal, evita a proximidade
do homem, sendo este, talvez, o aspeto em que mais se diferencia
do gato-doméstico.
Lince-ibérico
119
A
PORTUGAL NATURAL II
Raposa
120
A
OS MAMÍFEROS
Raposas e lobos
A raposa, devido à sua grande capacidade de adaptação, tem-se
saído bastante bem. Apesar de os caçadores não lhe darem descanso,
o seu número não parece ter diminuído. Encontra-se presente
em todo o país, frequentando habitats muito diversos, embora
prefira bosques densos e zonas cultivadas. Além disso, também
não é muito exigente no que diz respeito ao abrigo. Escava muitas
vezes a sua própria cova, mas pode contentar-se em alargar uma
toca de coelho ou ocupar um covil abandonado por um texugo.
Quando chega o crepúsculo, parte à procura de coelhos e de outros Lobo, espécie
pequenos mamíferos, mas também se alimenta em perigo
de insetos, de bagas e de frutos, enfim, tudo o
que lhe dê pouco trabalho a procurar.
121
A
PORTUGAL NATURAL II
122
A
OS MAMÍFEROS
Em que época?
A melhor altura para observar os mamíferos é de manhã cedo
ou ao fim da tarde. E também para os ouvir: os musaranhos, por
exemplo, são muito ruidosos. Os veados e corços saem ao alvor do
dia, quando nada perturba a sua passagem. Os morcegos voam nas
noites quentes de verão, quando os insetos de que se alimentam
são abundantes. Poderá vê-los mais facilmente perto de caminhos
ou de jardins bem iluminados, porque a luz atrai os insetos.
123
CAPÍTULO 4
Répteis e anfíbios
A
PORTUGAL NATURAL II
126
A
RÉPTEIS E ANFÍBIOS
Os répteis
Lagartos, lagartixas e osgas
Trata-se de animais geralmente pequenos e que gostam de estar
escondidos. Mas, como têm “sangue frio”, os melhores locais para
os encontrar são aqueles onde bate o sol.
127
A
PORTUGAL NATURAL II
Lagarto-d’água
128
A
RÉPTEIS E ANFÍBIOS
Finalmente, a lagartixa-de-dedos-
-denteados gosta de frequentar
as zonas arenosas do litoral,
sobretudo aquelas onde existem
pinhais. É fácil de reconhecer,
porque tem riscas amarelas
e negras no dorso, e a cauda,
quase tão comprida como a da Lagartixa-ibérica
lagartixa-do-mato, é alaranjada.
129
A
PORTUGAL NATURAL II
O camaleão: um vira-casacas
Há, ainda, o camaleão, um outro réptil aparentado, ainda que de
forma mais ou menos longínqua, com os lagartos. Os camaleões,
originários do Norte de África, foram introduzidos em Portugal
num passado relativamente recente, habitando uma pequena área
Camaleão, um terrível
exterminador
do Algarve. Referimo-lo aqui pelo inegável interesse da espécie.
de insetos A sua extraordinária capacidade de mudar de
cor, de acordo com as conveniências, é de tal
forma marcante, que, apesar de outros possuírem
capacidades idênticas, este pequeno animal se
tornou o símbolo da versatilidade.
Cobras ou lagartos?
• Finalmente, a cobra-de-vidro ou licranço, por incrível que pareça
e apesar do nome popular, também está mais próxima dos lagartos
do que das cobras. Bem sabemos que parece uma cobra, mas não
o é. Há até quem lhe chame “lagarto sem pernas”... Os licranços
são mais lentos e menos ágeis do que as serpentes. Os olhos são
relativamente pequenos; as pálpebras, móveis. As escamas do ventre
são diferentes das escamas das serpentes e, tal como acontece com
a maioria dos lagartos, a cauda cai facilmente. No entanto, quase
nunca volta a crescer, de forma que, em seu lugar, muitos licranços
apenas possuem uma espécie de coto. Também na alimentação
os licranços se distinguem das serpentes, preferindo os insetos e
as suas larvas aos pequenos mamíferos e às aves.
130
A
RÉPTEIS E ANFÍBIOS
• A cobra-cega não é um licranço, mas, tal como este, também não
é uma verdadeira cobra. Parece-se mais com uma grande minhoca
(mede cerca de 20 centímetros) e a verdade é que também se
encontra perfeitamente adaptada à vida subterrânea. É raro vir
à superfície. Os olhos são atrofiados — daí o seu nome — e o corpo
encontra-se dividido em segmentos (anéis). A cor é castanha ou
acinzentada. Alimenta-se, tal como o licranço, de insetos e das
suas larvas. Não perde a cauda.
• A última surpresa que lhe reservávamos é esta: sabia que existem
cobras com pernas? Pois é verdade, apesar de não serem verdadeiras
cobras e também pertencerem, de acordo com os cientistas, ao
grupo dos sáurios ou lagartos. Embora possuam dois minúsculos
pares de patas, estes répteis são extremamente parecidos com as
cobras. O corpo é cilíndrico e alongado, e a cauda é, relativamente
ao tamanho do corpo, bastante comprida. As patas, que acabam
em grupos de três ou cinco dedos, é que “estragam” tudo!
Cobra-de-pernas-
-tridáctila ou fura-
-pastos
131
A
PORTUGAL NATURAL II
132
A
RÉPTEIS E ANFÍBIOS
Víbora-cornuda,
uma espécie
venenosa
133
A
PORTUGAL NATURAL II
Cobra-rateira Cobra-d’água-de-colar
134
A
RÉPTEIS E ANFÍBIOS
135
A
PORTUGAL NATURAL II
Cágados e tartarugas:
devagar, devagar...
Já é muito raro ver-se uma tartaruga em Portugal continental;
no entanto, de vez em quando uma corrente marinha favorável
traz até nós uma tartaruga-comum ou uma tartaruga-de-couro.
Tartaruga-comum Ambas são espécies marinhas e, como tal,
excelentes nadadoras. São grandes, especial-
mente a tartaruga-de-couro, que é a maior das
tartarugas ainda existentes: o seu peso pode ser
superior a 500 quilos! Os cágados são, felizmente,
bastante mais vulgares do que as tartarugas,
especialmente o cágado-mediterrânico, que é
frequente no Centro e no Sul do país. Parece-se,
à primeira vista, com uma tartaruga, mas é muito
mais pequeno e leve. Costuma encontrar-se em
ribeiros, pequenos lagos, canais e zonas húmidas
em geral. Alimenta-se de anfíbios e suas larvas,
peixes, insetos e moluscos. É um animal pro-
verbialmente lento, mas, quando se encontra
na margem de um ribeiro ou sobre uma pedra,
mergulha com bastante rapidez na água, no caso
Cágado-mediterrânico de se sentir ameaçado.
136
A
RÉPTEIS E ANFÍBIOS
Os anfíbios
Já alguma vez parou para pensar no que quererá dizer a palavra
“anfíbios”? Talvez sim, mas nós dizemos-lhe na mesma: trata-se
de um termo proveniente do grego (amphi+bios) que significa “dois
modos de vida”. Não há dúvida de que, neste caso, o nome diz
quase tudo: os anfíbios, com efeito, são animais que se reproduzem
dentro de água e nela vivem parte da vida, mas passam a outra
parte em terra firme. Além disso, algumas espécies, como o sapo,
são seminómadas: passam o inverno num determinado local, que
lhes oferece as condições adequadas, e o verão noutras paragens.
Os locais escolhidos nem sempre ficam perto uns dos outros e, por
isso, veem-se, por vezes, autênticas “manadas” migratórias de sapos
e de rãs, atravessando, descuidadamente, estradas e caminhos.
Nem sequer evitam as autoestradas! As consequências são fáceis de
prever: os anfíbios são das maiores vítimas do tráfego rodoviário.
137
A
PORTUGAL NATURAL II
138
A
RÉPTEIS E ANFÍBIOS
3m
fio ou
arame
plástico
balde
estrada
: 15-20 m
distância
balde
berma
139
A
PORTUGAL NATURAL II
AS METAMORFOSES DA RÃ
2. Girino 3. As brânquias
tornam-se internas
140
A
RÉPTEIS E ANFÍBIOS
• Por outro lado, há rãs que não são verdes. É o caso da rã-ibérica
ou rã-castanha. Esta espécie aparece quase exclusivamente no
Centro e no Norte do país, ao contrário da rã-verde, que é comum
em Portugal inteiro, embora seja mais frequente no Sul. Ambas
têm hábitos relativamente semelhantes, mas a rã-verde é melhor
“garfo”: de uma voracidade extrema, a sua dieta inclui minhocas,
moscas, mosquitos, caracóis, lesmas, ovos de peixes e de anfíbios
e, até, pequenos peixes!
Salamandras e tritões
Falámos até agora de um grupo restrito de anfíbios, que se carac-
teriza por os seus membros não terem cauda; as espécies de que
vamos falar a seguir, as salamandras e os tritões, são exatamente
o oposto, porque possuem cauda e, por vezes, até bastante longa,
como é o caso da salamandra-lusitânica. Por esse facto e, também,
um pouco pelas suas dimensões, estes animais fazem lembrar
os lagartos (veja a caixa Lagarto ou salamandra?, na página 143).
Mas é só à primeira vista.
Salamandra-de-
-pintas-amarelas
141
A
PORTUGAL NATURAL II
142
A
RÉPTEIS E ANFÍBIOS
lagarto ou salamandra?
Há muitas pessoas que confundem •• “Ativos” é o termo adequado para
os lagartos com as salamandras. definir os lagartos, pois eles deslo-
O que não deveria acontecer, já que cam-se com grande rapidez; as sala-
as salamandras são anfíbios; e os mandras são muito mais vagarosas.
lagartos, répteis.
•• Quando nascem, os pequenos
Vamos tentar definir as principais lagartos parecem uma versão
diferenças entre eles. reduzida dos adultos; as
salamandras, como bons anfíbios
•• Os lagartos andam, quase sempre, que são, passam, primeiro, por um
sobre terra firme; as salamandras estádio larvar (como os girinos das
ficam, quase sempre, dentro de água rãs; veja As metamorfoses da rã
ou muito perto dela. na página 140).
143
A
PORTUGAL NATURAL II
144
A
RÉPTEIS E ANFÍBIOS
145
CAPÍTULO 5
Animais
de água doce
A
PORTUGAL NATURAL II
148
A
ANIMAIS DE ÁGUA DOCE
Os peixes
Os únicos vertebrados a que nos referiremos neste capítulo são
os peixes, já que os mamíferos, as aves, os répteis e os anfíbios
que vivem em água doce foram abordados nos capítulos 2 a 4.
A maioria dos peixes de água doce é extremamente rápida e
difícil de observar; geralmente, apenas é possível vislumbrá-los
enquanto deslizam, com a velocidade de um relâmpago, sob a
superfície da água ou saltando ao sol durante uma fração de
segundo.
Enguias
Distinguem-se facilmente dos outros peixes dos rios, por serem
compridas e alongadas. As fêmeas são maiores do que os machos:
estes não ultrapassam, regra geral, 50 centímetros de compri-
mento, enquanto as fêmeas podem ter mais de um metro. Vivem
em rios e lagos e alimentam-se de larvas de insetos, crustáceos e
peixes mortos. O comportamento das enguias é curioso: quanto
atingem a idade adulta, encaminham-se para o mar dos Sargaços,
perto das Bermudas, no oceano Atlântico; aí, as fêmeas põem os
149
A
PORTUGAL NATURAL II
Trutas e salmões
As trutas e os salmões pertencem à mesma família e vivem tanto
em águas salgadas como doces. A truta-marisca, que é do mesmo
tamanho do salmão — ambos podem atingir cerca de metro e
meio —, pode confundir-se facilmente com este; no entanto,
a barbatana da cauda do salmão é profundamente bifurcada,
Salmão
150
A
ANIMAIS DE ÁGUA DOCE
A verdemã
Vive nas águas claras de ribeiros e de rios pouco
profundos, mas mostra alguma preferência pelos
fundos pedregosos e de vegetação abundante. É Truta (Salmo trutta)
um peixe pequeno — não mede mais de 12 cen-
tímetros — e o corpo é alongado e achatado lateralmente. A boca
também é pequena e dela partem seis barbilhos curtos (veja Um
pouco de vocabulário, na página 148) que fazem lembrar os bigo-
des dos gatos. Tem hábitos noturnos e alimenta-se de pequenos
crustáceos e vermes.
Barbos, bogas,
escalos e bordalos
Pertencentes à principal família de peixes de água doce do mundo
— os ciprinídeos —, o barbo, a boga, o escalo e o bordalo são espécies
bastante abundantes. Encontram-se por todo o país e frequen-
tam rios e lagos, alimentando-se de invertebrados e suas larvas e,
nalguns casos, de pequenos peixes. O maior de todos é o barbo,
que chega a ter um metro de comprimento. É o único que possui
barbilhos na boca, o que o distingue das três espécies citadas e o
aproxima da verdemã, de que falámos anteriormente. No entanto,
a confusão com esta última espécie é impossível, quanto mais não
fosse pelo tamanho, já que a verdemã é um peixe pequeníssimo.
No extremo oposto ao do barbo, encontra-se o bordalo, que rara-
mente atinge 15 centímetros.
151
A
PORTUGAL NATURAL II
Lampreias
As lampreias distinguem-se de todas as espécies já mencionadas.
São os vertebrados mais primitivos que se conhece. Ao contrário
dos demais, não têm mandíbulas. O nome do
grupo a que pertencem (os ciclóstomos), prove-
niente do grego (kúklos, círculo + stóma, boca),
significa “boca redonda”. Esta parece-se com uma
ventosa e encontra-se munida de dentes fortes,
que as lampreias usam para atacar outros peixes.
152
A
ANIMAIS DE ÁGUA DOCE
Peixes imigrantes
Existem nos nossos rios e lagos algumas espécies de peixes que
foram introduzidas e, portanto, não são naturais do nosso país.
Muitos deles, porém, adaptaram-se bastante bem, quer por tole-
rarem condições ambientais mais adversas quer por não possuí-
rem predadores naturais, e hoje são até mais frequentes do que
algumas espécies espontâneas. Além da degradação do habitat,
a introdução de espécies exóticas é um dos principais responsáveis
pela perda de biodiversidade nestes ecossistemas.
Gambúsias
• A gambúsia, por exemplo, foi
introduzida na Europa, primeiro
com finalidades ornamentais e,
depois, para a luta contra as larvas
dos mosquitos transmissores de
malária, já que se trata de uma
terrível predadora. No entanto,
como também se alimenta de
larvas de outros peixes e, por
vezes, até dos próprios filhos,
esta espécie pode provocar graves
estragos e atingir proporções de
verdadeira praga. Encontra-se em
todo o país, à exceção de alguns
rios do Noroeste. É um peixe muito pequeno, pois não tem mais
de cinco centímetros de comprimento.
153
A
PORTUGAL NATURAL II
boa pescaria!
Para observar bem os peixes e os invertebrados de água doce, não
há alternativa: é preciso pescá-los. No entanto, a técnica a utilizar,
como é evidente, não é a dos pescadores “normais”…
154
A
ANIMAIS DE ÁGUA DOCE
Os caracóis aquáticos
Como vimos no capítulo 1 (veja a partir da página 8), os caracóis
pertencem à classe dos gastrópodes. A maioria destes respira através
de pulmões, mas, em meio aquático, existem também algumas
espécies que respiram por brânquias. Isto permite-lhes subsistir
mesmo em águas relativamente profundas. Possuem no dorso uma
espécie de prega de pele, o opérculo, que se fecha quando, por
alguma razão, existe risco de secura ou de outro tipo de perigo
para a sua sobrevivência.
155
A
PORTUGAL NATURAL II
Os mexilhões
Em Portugal existem seis espécies de mexilhões
Um Planorbarius de água doce, recebendo todos, indiscriminada-
corneus
mente, o nome de mexilhão-de-rio ou náiades.
Possuem uma concha composta por duas valvas
(veja Um pouco de vocabulário, na página 148),
unidas por um ligamento elástico que mantém
Mexilhão-de-rio aberta uma pequena fenda entre elas. A concha
fecha-se graças a dois grandes músculos internos,
o que requer uma boa dose de energia por parte
do mexilhão. Por isso, em condições normais,
as duas valvas estão sempre ligeiramente abertas.
O contacto com o mundo exterior estabelece-se
através de um ou dois sifões (veja também em Um
pouco de vocabulário), que aspiram o oxigénio da
água. É também graças aos sifões que pequenos
animais unicelulares e algas, presentes na água,
são levados até ao estômago, servindo assim de
alimento. De igual modo, todas as impurezas são
evacuadas através de um sifão.
156
A
ANIMAIS DE ÁGUA DOCE
Os crustáceos
Os crustáceos de água doce nem sempre se pare-
cem com os que se veem nos restaurantes. Mesmo
assim são fáceis de reconhecer, graças à carapaça
dura que lhes envolve o corpo e às numerosas
patas (mais de quatro pares). Os camarões, as
gambas, os caranguejos e os bichos-de-conta Dáfnia ou pulga-
aquáticos são crustáceos. Em água doce, vivem, -d’água
sobretudo, espécies de dimensões inferiores a
cinco milímetros. Constituem o alimento de base
de numerosos insetos e suas larvas e de peque-
nos peixes.
157
A
PORTUGAL NATURAL II
158
A
ANIMAIS DE ÁGUA DOCE
As minhocas e as sanguessugas
A maioria das minhocas de água é pequena e leva uma vida dis-
creta, enterrada no leito dos cursos de água. As pertencentes ao
grupo dos tubícolas, por exemplo, vivem com a cabeça escondida
e ingerem lama continuamente. Os elementos nutritivos são dige-
ridos no intestino, e o resto é
lançado para a água, através do
ânus. A parte posterior fica fora
da lama e move-se sem parar, para
renovar a água à volta. As espécies
tubícolas vivem, muitas vezes,
na companhia de larvas verme-
lhas de mosquitos (veja adiante),
em águas poluídas e pobres em
oxigénio. Tal como nós, sinteti-
zam hemoglobina, que tem um
enorme poder de oxigenação,
o que lhes permite viver num
ambiente tão pobre. Sanguessuga
159
A
PORTUGAL NATURAL II
Aranha-d’água As aranhas
aquáticas
Quando pensamos em aranhas,
associamo-las com muito mais
facilidade aos cantos das casas
do que a lagos ou pântanos.
No entanto, é aí que se pode
encontrar a aranha-d’água. Esta
espécie vive quase todo o tempo
debaixo de água e nada perfei-
tamente — o que constitui uma
adaptação única no mundo das
aranhas. Constrói uma espécie
de campânula de seda entre as
plantas aquáticas, utilizando a sua
teia. Durante a execução desse
trabalho, vem regularmente à
tona de água, a fim de levar ar
fresco entre os pelos do corpo. Depois, introduz o ar na campânula,
com a ajuda das patas. Dessa forma, pode ficar lá durante algum
tempo, respirando sem problemas enquanto aguarda a sua presa
(muitas vezes um pequeno peixe).
Os escaravelhos aquáticos
Estes pequenos animais reconhecem-se facilmente, como os demais
escaravelhos, pelo facto de terem as asas dianteiras transformadas
em carapaças, antenas bem visíveis e corpo arredondado.
160
A
ANIMAIS DE ÁGUA DOCE
Os percevejos de água
Os percevejos de água são, juntamente com os escaravelhos aquáti-
cos, os únicos insetos que passam a vida (do ovo até à idade adulta,
passando pela larva) em meio aquático. São fáceis de reconhecer,
porque — ao contrário da maioria dos outros insetos — têm antenas
muito curtas, que praticamente não se veem.
161
A
PORTUGAL NATURAL II
162
A
ANIMAIS DE ÁGUA DOCE
As larvas de insetos
Larva de libélula a alimentar-se
Um grande número de insetos passa a vida na água de larva de tritão
quando se encontra no estado de larva. É o caso, por
exemplo, das libélulas, das efémeras, das moscas, dos
mosquitos, dos moscardos e das melgas. As espécies
são numerosas e difíceis de distinguir.
163
A
PORTUGAL NATURAL II
164
A
ANIMAIS DE ÁGUA DOCE
165
CAPÍTULO 6
Os sinais da
presença de animais
A
PORTUGAL NATURAL II
168
A
OS SINAIS DA PRESENÇA DE ANIMAIS
Os dejetos
Apesar de, à primeira vista, serem muito desa-
gradáveis, os dejetos podem ensinar-nos mui-
tas coisas. Seja qual for o nome que se lhes dê
— dejetos, excrementos ou mesmo “caganitas” —,
a verdade é que permitem detetar, com elevado
grau de certeza, a presença de algumas espécies,
porque são utilizados, muitas vezes, para demarcar
169
A
PORTUGAL NATURAL II
170
A
OS SINAIS DA PRESENÇA DE ANIMAIS
171
A
PORTUGAL NATURAL II
As pegadas
Para que seja possível identificar um animal com base nas suas pegadas,
é necessário que as circunstâncias ajudem. É impossível fazê-lo,
como é evidente, numa estrada alcatroada ou num caminho pedre-
goso. Mas, mesmo em situações aparentemente propícias, convém
desconfiar: as marcas deixadas na lama são, muitas vezes, incom-
pletas — distinguem-se mal — e as que se veem, embora raramente,
na neve também não são de confiança.
• No que diz respeito às aves, a tarefa não é nada fácil: há tantas
espécies que se podem incluir na mesma categoria por terem o
mesmo tamanho ou o mesmo tipo das patas, que poucas coisas
se podem dizer sobre isso. Uma pegada de uma ave aquática, por
exemplo, reconhece-se, quando bem formada, pelas membranas
interdigitais (palmuras) que unem os dedos do pé, ou pelos lobos
(saliências) que os rodeiam. As aves canoras, os pombos e outras
espécies que costumam contemplar o mundo do alto de uma
árvore ou de um arbusto têm, geralmente, um dedo posterior
(comparável ao nosso polegar) bastante forte, o que lhes permite
empoleirarem-se nos ramos.
172
A
OS SINAIS DA PRESENÇA DE ANIMAIS
173
A
PORTUGAL NATURAL II
174
A
OS SINAIS DA PRESENÇA DE ANIMAIS
PEGADAS DE UM MAMÍFERO
passo
trote
corrida
patas
Distância
dianteiras pata dianteira pata traseira
entre passadas
e traseiras
As regurgitações de aves
As regurgitações, tendo em conta a informação que fornecem,
não são menos interessantes do que os dejetos, apesar de o seu
aspeto ser igualmente desagradável. São constituídas por restos
não digeridos de animais (ossos, pelos, penas, asas de insetos)
e de vegetais (cascas, caroços, sementes), expelidos na forma
de uma bola compacta. O conteúdo e a forma desses vestígios,
bem como o local onde se encontram, permitem identificar a espé-
cie de ave que as produziu e a constituição daquilo que comeu. As
regurgitações que melhor se conhecem são as dos mochos e das
corujas, mas as aves de rapina diurnas, os corvídeos, as gaivotas,
175
A
PORTUGAL NATURAL II
Por outro lado, estas regurgitações nem sequer para a ave são um
total desperdício, porque as mais antigas acabam por se decompor,
o que serve como camada protetora sobre a qual ela põe os seus
ovos. Portanto, se descobrir a moradia de uma coruja-das-torres,
por exemplo, não retire as regurgitações (contente-se em levar
um exemplar, no caso de querer observá-las com mais atenção),
nem os seus restos. Lembre-se de que esse “lixo” tem utilidade.
176
A
OS SINAIS DA PRESENÇA DE ANIMAIS
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PORTUGAL NATURAL II
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A
OS SINAIS DA PRESENÇA DE ANIMAIS
Os vestígios
de refeições
Consideram-se vestígios de refeições todos os
indícios relativos à absorção de alimentos por
um determinado animal. Essas marcas são tão
amplas e variadas que, normalmente, é muito
difícil determinar com exatidão a sua origem.
Muitas vezes, nem sequer notamos a existência
de quaisquer marcas… Só alguns casos são verda-
deiramente característicos e, destes, abordaremos
apenas os mais frequentes.
179
A
PORTUGAL NATURAL II
180
A
OS SINAIS DA PRESENÇA DE ANIMAIS
181
A
PORTUGAL NATURAL II
Toca de coelho
• Procure ter sempre à mão, para guardar algumas das suas des-
cobertas, uma coleção de frascos e caixas que podem ser uma
simples caixa de fósforos, uma caixa de um rolo de fotografias ou
até uma caixa de queijo fundido…
182
A
OS SINAIS DA PRESENÇA DE ANIMAIS
• Se tiver jeito para isso, também pode fazer moldes, em gesso ou
cimento de secagem rápida, das pegadas que encontrar. Enterre
no chão um anel feito a partir de uma garrafa de plástico. Pulverize
com laca, para a areia não colar ao gesso/cimento. Verta com
cuidado o gesso/cimento até ao cimo do anel de plástico. Deixe
endurecer e retire. Depois de bem seco, retire o anel e limpe o
molde com uma escova macia. Este processo leva bastante tempo,
mas permitir-lhe-á registar permanentemente o seu achado.
183
A
PORTUGAL NATURAL II
Bibliografia aconselhada
Aguiar, C. A. S. e Serrano, A. R. M., Coleópteros carabídeos de Portugal
continental (Coleoptera, Carabidae): chaves para a sua identificação,
Sociedade Portuguesa de Entomologia, Lisboa, 2012.
Vários autores, Atlas dos anfíbios e répteis de Portugal, 1.ª edição, Instituto
da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Lisboa, 2008.
Vários autores, Hamlyn guide: animals tracks, trails and signs, Hamyln
Publishing Group, Londres, 1982.
184
A
INFORMAÇÕES ÚTEIS
Quercus: www.quercus.pt
Contactos úteis
Linha SOS Ambiente e Território: 808 200 520
185
PORTUGAL NATURAL II
Índice remissivo
A arminho�����������������������������������������������������116
abelharucos ������������������������������������������� 46 artiodáctilos�����������������������������������113-115
abelhas�������� 11, 14, 17, 30-34, 43, 178 artrópodes�����������������������������������������13-14
abibes��������������������������������������������������������� 58 Asellus aquaticus������������������������������ 158
abrigo para aves���������(veja construir Athene noctua ��������������������������������������69
abrigo para aves) aves�����������������������������������������������������46-97
abrigo para morcegos�������������������(veja
construir abrigo para morcegos) B
abutre-negro������������������������������������������47 barata-castanha ����������������������������������22
acarídeos ���������������������������������������������������13 barata-negra������������������������������������������22
ácaros�����������������������������������������������������������13 baratas���������������������������������������� 19, 22, 34
achigãs�������������������������������������������153-154 barbos �������������������������������������������������������151
açor ����������������������������������������������������������� 180 besouros�������������������������������������������35-37
Aglais urticae������������������������������������������28 bichas-cadelas���������������������������������������14
águia-cobreira����������������������������������������65 bicha-solitária����(veja platelmintes)
alfaiates����������������������������������96, 161-163 bichinho-de-prata �������������������������(veja
aliária������������������������������������������������������������28 peixinho-de-prata)
alvéola-branca ����������������������������� 75-76 bicho-da-macieira������������������������������29
bicho-da-madeira ���������������������� 10, 35
Anax imperator��������������������������������������26
bicho-da-seda��������������������������������������29
andorinha-das-barreiras�������� 71-73
bicho-de-conta����������������������������� 14, 18
andorinha-das-chaminés������ 71-73
bicho-de-conta aquático���157-158
andorinha-das-rochas�������������71-72
bivalves�������������������������������������������������������13
andorinha-dáurica�����������������������71-72
boga��������������������������������������������������151-152
andorinha-dos-beirais�������������� 71-73
borboleta-cauda-de-andorinha����28
andorinhão ���������(veja andorinhões)
borboleta-colibri������������������������������������11
andorinhão-preto������������������������73-74
borboleta-da-couve�����������������27-28
andorinhão-real����������������������������73-74
borboleta-monarca�������������������������8-9
andorinhas��������������������������������� 71-72, 74
borboleta-noturna����������� 26, 37, 106
andorinhões�������������������������������������71-74 borboletas����������������8-14, 26, 30, 106
anelídeos����������������������������������������������13, 15 borboleta-saturna������������������������������27
anémonas-do-mar�����������������������������12 bordalo��������������������������������������������151-152
anfíbios�������������������������������������������137-145 búfalos�������������������������������������������������������113
Anodonta cygnea������������������������������156 bufo-pequeno����������������������������������������67
Anotonda anatina������������������������������157 bufo-real�������������������������������������������67-68
Anthocharis cardamines������������������28 búzios�����������������������������������������������������������13
aracnídeos����������������������� 13-14, 38-43
aranha-caranguejeira������������������������42 C
aranha-d’água������������������������������������� 160 cabras����������(veja dejetos de cabras)
aranha-doméstica���������������������� 38, 41 cágado-de-carapaça-estriada 136
aranha-dos-jardins�����������������������������41 cágado-mediterrânico��������������������136
aranha-lobo �������������������������������� 41 (veja cágados����������������������������������������������������136
também tarântulas) caganitas�����������������(veja dejetos de…)
aranhas ����������������������������� 13-14, 38-42 calhandra-real����������������������������������������75
aranhas aquáticas����������������������������� 160 calhandras������������������������������������������������62
aranha-saltadora����������������������������������42 calhandrinha��������������������������������������������75
aranha-vespa ����������������������������������������42 camaleão ����������������������������������������������� 130
aranha-zebra������������������������������������������42 camarão-d’água-doce������������������ 158
aranhiços�����������������������������������������������������41 camarões���������������������� 14, 18, 157-158
186
ÍNDICES ÚTEIS
187
PORTUGAL NATURAL II
188
ÍNDICES ÚTEIS
189
PORTUGAL NATURAL II
mosca-do-esterco�������������������������������31 pardal������������������������������������������������������172
mosca-doméstica �������������������������������31 perdiz������������������������������������������������������172
mosca-drosófila�������������������������������������31 pombo����������������������������������������������������172
moscardos������������������������������������� 30, 163 raposa����������������������������������������������������173
moscas�����������������������������30-31, 43, 164 texugo���������������������������������������������������� 174
mosquitos �������������������������10, 14, 30, 43 pegas������������������������������������������60, 80-81
musaranho-anão ����������������������������� 104 peixes�������������������������������������������� 149-154
musaranho-d’água ������������������������� 104 peixinho-de-prata�������������������������������14
musaranho-de-dentes- peneireiros���������������������������������������62-64
-brancos ���������������������������������� 103-104 peneireiro-das-torres ����������������������63
musaranho-doméstico����������������� 103 peneireiro-vulgar ��������������������������������62
musaranhos����������102-104, 122-123 perca-sol������������������������������������������������ 154
percebes��������������������������������������������� 14, 18
N percevejo-de-riscas��������������������������25
náiades��������� (veja mexilhão-de-rio) percevejo-doméstico������������������������24
nemátodes �����������������������������������������������12 percevejo-listrado���������������������������(veja
notonectas ���������������������������������162-163 percevejo-das-riscas)
O percevejos������������������������������23-24, 161
percevejos de água�����������������������������161
obreiras ����������������������������(veja abelhas)
perdizes���� (veja pegadas de perdiz)
ógea����������������������������������������������������� 63, 66
perna-longa��������������������������������������������96
opiliões���������������������������������������������������������14
peto-verde ����������������������������������������������69
osga-comum����������������������������������������129
Philaenus spumarius���������������������(veja
osgas�����������������������������������������������127-130
osga-turca�����������������������������������129-130 cigarrinha-da-espuma)
ostras ������������������������������������������������ 13, 148 Phoneutria����������������������������������������������� 38
ouriço-cacheiro�����������������������������������101 Piadeira ����������������������������������������������������� 54
ouriços �� 15, 17, 100-101, 122-123, 179 picanço-barreteiro����������������������������� 85
picanço-de-dorso-ruivo��������������� 85
P picanço-real���������������������������������� 84-85
papa-figos������������������������������������������������ 77 picanços ������������������������������������������ 84-85
parasitas�������������10, 12-13, 17, 33, 159 pica-pau-malhado-grande��� 70-71
pardais�������������������������������������� 39, 92-94 piolhos ������������������������������������������������� 10, 14
pardal-comum ������������������������������������� 94 pirálide-da-maçã����������������������������������29
pardal-montês ������������������������������������� 94 pirilampo�������������������������������������������37-38
pato de superfície���������������������� 53-54 pisco-de-peito-ruivo������ 63, 85-86
pato-de-bico-vermelho����������55, 79 Planorbarius�������������������������������155-156
pato-mergulhador������������������������������53 platelmintes�����������������������������������������������12
pato-real������������������������������������������ 53-54 Podarcis����������������������������������������������������129
patos�����������������������������������49, 51, 53-54 polinização���������������(veja fecundação
pato-trombeteiro ������������������������������� 54 ��������������������������������������������������������� de plantas)
pega-azul������������������������������������������81-82 polvos�����������������������������������������������������������13
pegadas de pombo-bravo����������������������������������������� 60
aves ��������������������������������������������������������172 pombo-das-rochas����������������������������59
carnívoros��������������������������������������������173 pombos������������������������������������ 59-60, 95
coelho����������������������������������������������������173 pombo-torcaz������������������������������ 59-60
corço�������������������������������������������������������� 174 Porcellio scaber���������������������������������(veja
fuinha��������������(veja rasto de fuinha) �������������������������������������������bicho-de-conta)
gato-bravo������������������������������������������173 Potomida littoralis������������������������������157
javali�������������������������������������������������������� 174 potro ��������������������������������������������������������� 180
lebre��������������������������������������������������������173 processionária����������������������������������������29
lobo������������������������������������������������ 167, 172 pulga-d’água���������������������������������14, 157
mamífero������������������������������������ 172, 175 pulgão-das-couves����������������������������24
190
ÍNDICES ÚTEIS
191
PORTUGAL NATURAL II
V Z
vaca-loira��������������������������������������������������37 zarro��������������������������������������������������������������55
Parques naturais
e outros locais de interesse
Alcácer do Sal��������������������������������������� 114 Mira������������������������(veja Lagoa de Mira)
Alvão��������������������(veja Parque Natural Monsanto�������(veja Parque Florestal
������������������������������������������������������������� do Alvão) �������������������������������������������������� de Monsanto)
Arrábida������(veja Serra da Arrábida) Montesinho������(veja Parque Natural
Arzila����������������������(veja Paul de Arzila) ����������������������������������������������de Montesinho)
Barrancos�������������������������������������������������114 Parque Florestal de Monsanto������111
Barrinha�� �� (veja Lagoa da Barrinha) Parque Nacional da Peneda-Gerês
Boquilobo�(veja Paul do Boquilobo) �������������������������������������������������30, 103, 122
Cabo Parque Natural
de São Vicente������������������������������������97 da Serra da Estrela������������������������� 103
Espichel��������������������������������������������������97 de Montesinho����������������������������������122
Castro Marim�����������������������(veja Sapal do Alvão����������������������������������������������� 103
����������������������������������������� de Castro Marim) Paul de Arzila�������������������������������������������96
Coimbra������������(veja Jardim Botânico Paul do Boquilobo��������������������������������96
�������������������������������������������������������de Coimbra) Peneda-Gerês����������������� (veja Parque
Coruche�����������������������������������������������������114 ���������������Nacional da Peneda-Gerês)
Espichel��������������(veja Cabo Espichel) Reserva Natural da Malcata������������111
Estuário Sado���������������(veja Estuário do Sado)
do Sado ����������������������������������������� 52, 96 São Vicente�����������(veja Cabo de São
do Tejo��������������������������������������������� 52, 96 �����������������������������������������������������������������Vicente)
Fermentelos����������������������� (veja Lagoa Sapal de Castro Marim��������������������� 30
��������������������������������������������de Fermentelos) Serra
Jardim Botânico de Coimbra����������111 da Arrábida������������������������������������������� 30
Lagoa da Estrela��������(veja Parque Natural
da Barrinha������������������������������������������156 ����������������������������������� da Serra da Estrela)
de Fermentelos��������������������������������156 da Malcata �������������������(veja Reserva
de Mira����������������������������������������������������156 ������������������������������������ Natural da Malcata)
Mafra��������������(veja Tapada de Mafra) Tapada de Mafra����������������������������������122
Malcata������������ (veja Reserva Natural Tejo��������������������(veja Estuário do Tejo)
��������������������������������������������������������da Malcata) Vicente�(veja Cabo de São Vicente)
192
No primeiro volume deste guia
explore a flora do nosso país.
Também em versão digital.
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