Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
AS DANÇAS NAS
PARTITAS PARA VIOLINO SOLO
DE JOHANN SEBASTIAN BACH
RAQUEL ARANHA
JUNHO 2020
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS . SP
Em tempos de isolamento
Este material é um pequeno resultado de anos de estudos, práticas e
Aqui estão reunidas apenas algumas das inúmeras informações que podem
para o passado.
Divirtam-se!
Raquel Aranha
i
Agradecimentos:
Ao grande violinista Emmanuel Baldini, responsável pelo estímulo necessário para trazer
artistas. À Dra. Ema Salomão Bonetti que ao manter meu trabalho, em tempos de
Ao cravista Edmundo Hora, e aos violinistas Paulo Souza e Luiz Fiaminghi, meus primeiros
Música Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora no qual, nos idos de 96, tive a certeza
de que trilharia um novo caminho, guiado pelo violino barroco do mestre Luis Otávio
A Ryo Terakado, pela oportunidade de trocar tantas reflexões sobre a dança na música
instrumental.
concretizar projetos.
A Daniel Ivo e Mayra Pereira, cravistas e amigos de longa data, e de longos caminhos,
pela revisão rápida e eficiente. Aos meus pilares, Alexandre D'Antonio e Juliano Buosi,
pela amizade e sábios conselhos em toda esta jornada pelo conhecimento. A Cristina
Azuma, nova parceira de pesquisa que se soma ao desafio de unir pesquisa e prática em
danças antigas.
A meus passos, Clara Couto, Maíra Alves e Osny Fonseca, que comigo bailam o barroco e
a vida.
ARANHA, Raquel da Silva, As Danças nas Partitas para Violino Solo de Johann Sebastian
Bach, publicação virtual no www.passosdobarroco.com, São José dos Campos, São Paulo,
11 de Julho de 2020.
ii
Raquel Aranha
Violino Barroco. Dança Barroca.
2005 foi spalla dos segundos violinos sob a direção de William Christie.
UDESC, USP, UNESP, UFPE, UFPR, UFRJ, UFU, UFG e UNB) e no exterior
Desde 2016 faz parte do Passos do Barroco, ao lado de Clara Couto,
Contato:
raqaranha@gmail.com
www.passosdobarroco.com
passosdobarroco@gmail.com
iii
Sobre as danças - Belle Danse
às origens;
compostos;
sobretudo durante o reinado de Luis XIV (de 1661 a 1715), ele mesmo um
1661.
arte puderam ser treinados segundo métodos aplicados pelos mestres que
da França setecentista.
[1] Termo empregado por Gottfried Taubert em Rechtschaffner Tantzmeister (Leipzig, 1717)
cortesão francês.
décrire la danse (Paris, 1700), e por isso o sistema ficou mais conhecido, entre os
iv
Feuillet, Recueil de Dances (Paris, 1704): Traité de la Cadence.
v
É preciso então situar que se tratam de danças praticadas por mais de
las e executá-las bem. Assim, podemos nos nutrir de obras diversas como:
distintas:
[3] O metrônomo, com função prática, veio à tona apenas em 1812 e foi desenvolvido por
Loulié (Eléments ou principes de musique, Paris 1696), Chevalier Louies-Léon Pajot Compte
d’Onzembray (Description et usage d’un métronome ou machine pour battre les mesures &
les temps de toutes sortes d’ airs, Paris 1732), Jacques-Alexandre de La Chapelle (Les
vrais principes de la musique, Paris 1737), Henry-Louis Choquel (La musique rendue
sensible para la méchanique, 1762) e Marie Dominique Joseph Engramelle (La tonotechnie
gavotas... o que é mais interessante, e nos traz uma ideia mais precisa, é
dança, ainda que estas tenham sofrido uma maior ou menor modificação
Em resumo, é importante:
ter claro o caráter de cada dança, para que possamos encontrar uma
uma dança.
identitária.
Ainda assim, muitas vezes uma resposta mais acabada e plena à pergunta
Ah! algo muito importante que vale para todas as danças que veremos
aqui:
De forma que, mesmo que não haja anacruse escrita antes deste "gesto
musical tético", haverá uma arsis executada com um plié na dança (um
potencializam.
Raquel Aranha
2020
vii
Sobre a obra Sonatas e Partitas para Violino Solo
– BWV 1001 a 1006
Fontes:
Bach P 967
Disponível em:
https://imslp.org/wiki/6_Violin_Sonatas_and_Partitas%2C_BWV_1001-
1006_(Bach%2C_Johann_Sebastian)
A primeira edição da obra veio à tona por Bote & Bock (Bonn, 1802), 82
anos após a sua criação, e durante este período foi disseminada através
de copistas.
Leipzig, cidade onde viveu e trabalhou a partir de 1723 até sua morte,
Tempo di Borea - Double
[4] Meredith Little e Natalie Jenne, Dance and the Music of J.S. Bach, Bloomington, IN:
músico não pode fazer nada melhor do que executar todos os tipos de
caráteres de dança. Cada uma dessas músicas de dança tem seu próprio
ritmo, suas incisões de igual duração, seus acentos nos mesmos lugares de
expressão que lhe é peculiar, porque cada tipo dessas melodias de dança
suportáveis quaisquer fugas, que por sua miserável execução, que não
Nós dissemos acima que cada melodia de dança tem seu próprio caráter
definido; mas não se pode acreditar que uma dança tenha a mesma
piores.
2
BWV 1002
PARTITA 1
RAQUEL ARANHA
JUNHO 2020
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS . SP
Em tempos de isolamento
PARTITA 1
ALLEMANDE
dançado, do Renascimento.
a mesma métrica da Pavanne mas que não era tão rápida na França [...]
dançá-la. [5]
[5] Marin Mersenne, Harmonie universelle (Paris, 1636). Todas as traduções são de minha
4
PARTITA 1
CORRENTE
Dami (1600), de Fabritio Caroso, e Le Gratie d' Amore (1604), de Cesare Negri - não
5
PARTITA 1
François Couperin (1668 – 1733) em sua obra Concerts Royaux (1722) traz
6
PARTITA 1
SARABANDE
lento.
[8] Pierre Dupont, Principes de musique (Paris, 1718) apud Judith Carls Caswell, Rhytmic
Inequality and tempo in French Music between 1650 and 1740 (Doctor Thesis, University
of Minesota, 1973).
[9] Jean-Philippe Rameau, Traité de l'Harmonie (Paris, 1722), apud Caswell, op. cit.
[10] Johann Mattheson, Der volkommene Capellmeister (Hamburg, 1739), trad. Ernst C.
Harris, MI: UMI Research Press, 1981. Harris traduz o termo Ehrfurcht para ambição, e a
palavra mais precisa seria reverência ou respeito, segundo Daniel Ivo, cravista e
pesquisador.
[11] Johann Joachim Quantz, On Playing the Flute (Berlin, 1752), trad. Edward R. Reilly,
SARABANDE
8
PARTITA 1
SARABANDE
uma arte que considera os movimentos, e que regra o que advém destes
é orgulhoso, enérgico.
[13] Idem. Livre Sixième, De l’ art de bien chanter, IV Partie, Proposition XVII, p.374.
[14] Isaac Vossius, De poematum cantu et viribus rhythmi (Oxford, 1673), apud Betty
Bang Mather, Dance Rhythms of the French Baroque, Indiana Univ. Press, 1987.
XIX, boa parte desses termos se mantiveram e são usados na técnica do balé.
Entretanto a execução dos passos não guarda a mesma mecânica dos movimentos.
9
PARTITA 1
SARABANDE
[16] Francine Lancelot, La Belle Danse - Catalogue Raisonné. Ed. Van Dieren, 1995.
10
PARTITA 1
Informações da coreografia
11
PARTITA 1
Notação Beauchamp-Feuillet
Publicada por Feuillet: Recueil d' Entrees de Ballet de Mr. Pécour (Paris, 1704, p. 225).
12
PARTITA 1
TEMPO DI BOREA
província de Auvergne.
cada compasso.
[17] Jean-Jacques Rousseau, Dictionaire françois (Paris, 1768), apud Betty Bang Mather,
op. cit.
[20] Démotz de la Salle, Méthode de musique selon un nouveau systême (Paris, 1728),
TEMPO DI BOREA
14
PARTITA 1
BOURRÉE
(lembrando que o autor não associa este padrão à bourrée, ainda inexistente
como
leve, fluente, como na dança dos sátiros. Não faz referência ao scolien, mas
sabemos que iambe (ritmo curto seguido de longo) é enérgico, para este
autor.
podem ocorrer para as danças dos bailes da corte, e para a cena. Neste
desta dança), e é usado para percorrer o espaço. Além deste, com frequência
uma dança realizada com muita precisão rítmica nos passos, além de grande
15
PARTITA 1
BOURRÉE
16
PARTITA 1
Informações da coreografia
17
PARTITA 1
BOURRÉ D'ACHILLE
Notação Beauchamp-Feuillet
Publicada por Feuillet: Recueil de Danses composées par Mr. Pécour (Paris, 1700, p.1).
18
BWV 1004
PARTITA 2
Giga . Ciaccona.
RAQUEL ARANHA
JULHO 2020
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS . SP
Em tempos de isolamento
PARTITA 2
ALLEMANDA
20
PARTITA 2
CORRENTE
21
PARTITA 2
SARABANDA
22
PARTITA 2
SARABANDA
enérgico.
23
PARTITA 2
GIGA
Mattheson (1739)[31] fala "a Gige italiana, não usada para dançar, mas
fluidez".
Dami (1600), e Le Gratie d' Amore (1604), op. cit., não constam registros de gigas.
24
25
PARTITA 2
CIACCONA
seguintes menções:
compasso.
Bach), cujas obras são pilares como referência para as tradições musicais
[33] Jacques Hoteterre, L' Art de préluder sur la flute travesière, sur la flute-à-bec, sur le
hautbois, et autres instrument de dessus (Paris, 1719), apud Betty Bang Mather, op. cit.
[34] Didier Saurin, La musique theorique et pratique (Paris, 1722), apud Judith Carls Caswell,
op. cit.
26
PARTITA 2
CIACCONA
27
PARTITA 2
28
PARTITA 2
29
PARTITA 2
30
PARTITA 2
31
PARTITA 2
CIACCONA
compassos do iambe:
Também usa a sequência de três ritmos curtos, seguidos por um ritmo curto e
iambe.
orgulhoso, enérgico.
representações da Belle Danse (de caráter mais nobre), quanto são usadas
coreografias.
CIACCONA
Informações da coreografia:
34
PARTITA 2
CHACONNE DE PHAÉTON
Notação Beauchamp-Feuillet
Publicada por Feuillet: Recueil d' Entrees de Ballets de Mr. Pécour (Paris, 1704, p.185).
35
PARTITA 2
Notação Beauchamp-Feuillet
Corégrafo: F. le Rousseau.
Publicada por F. le Rousseau: Collection of Ball and Stage Dances (Londres, 1720, pp. 72-73).
36
BWV 1006
PARTITA 3
RAQUEL ARANHA
JULHO 2020
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS . SP
Em tempos de isolamento
PARTITA 3
PRELUDIO
38
PARTITA 3
39
PARTITA 3
40
PARTITA 3
LOURE
Origem - Não há precisão sobre a origem desta dança, mas o termo Loure se
seguintes menções:
Bach), cujas obras são pilares como referência para as tradições musicais
LOURE
42
PARTITA 3
LOURE
como:
trochee:
43
PARTITA 3
LOURE
44
PARTITA 3
Informações da coreografia:
45
PARTITA 2
THE LOUVRE
Notação Beauchamp-Feuillet
Publicada por Weaver na: Orchesography or the Art of Dancing (Londres, 1715, p.107).
46
PARTITA 3
GAVOTTE
seguintes menções:
graciosamente.
Bach), cujas obras são pilares como referência para as tradições musicais
moderada no tempo.
47
PARTITA 3
GAVOTTE
48
PARTITA 3
GAVOTTE
dois curtos:
pyrriche:
concomitantemente:
Música
Dança
49
PARTITA 3
GAVOTTE
50
PARTITA 3
Informações da coreografia:
51
PARTITA 3
Notação Beauchamp-Feuillet
Publicada por Jacques Dezais no: XIII Recueil de danses pour l' année 1716 (Paris, 1716, p.1).
52
PARTITA 3
MENUET
seguintes menções:
Rameau (1722) [60]: Menuet [em 2], alegre. O Menuet segundo o uso [em 3],
alegremente.
[...] todas as melodias de dança a três tempos fluido, rápido e muito rápido
Bach), cujas obras são pilares como referência para as tradições musicais
Mattheson (1739)[62]: o Menuet, a Minuetta, pode ser para tocar, pra cantar
e para dançar. Não tem outro afeto que uma alegria moderada.
marcadas mas ainda com arcadas curtas, com a pulsação a cada duas
semínimas.
MENUET
54
PARTITA 3
MENUET
variantes
Mais comum
Mais difícil
Concomitantemente, temos
Música
Dança
55
PARTITA 3
MENUET
dança (de 6 tempos) que ora se organiza como um ternário 3/2, e ora se
56
PARTITA 3
MENUET
Francine Lancelot, La Belle Danse (op. cit., pp. XLV, XLVIII) [67]
57
PARTITA 3
Informações da coreografia:
58
PARTITA 3
MENUET À DEUX
Notação Beauchamp-Feuillet
Publicada por Feuillet no: Recueil d' Entrées de Ballet de Mr. Pécour (Paris, 1704, p.48).
59
PARTITA 3
BOURÉE
60
PARTITA 3
GIGUE
61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Primárias
Démotz de la Salle, Abbé, Méthode de musique selon un nouveau systême. Paris, 1728.
Dezais, Jacques, XIII Recueil de danses pour l' année 1716. Paris, 1716.
Hoteterre, Jacques, L' Ar t de préluder sur la f lute travesière, sur la flute-à-bec, sur le hautbois, et
Kirnberger, Johann Philipp, Recueil d’ airs de danses caractéristiques, pour servir de modele aux
Onzembray, Chevalier Louies-Léon Pajot Compte d', Description et usage d’un métonome ou machine
pour battre les mesures & les temps de toutes sortes d’ airs. Paris 1732.
62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Secundárias
Caswell, Judith Carls, Rhytmic Inequality and tempo in French Music between 1650 and
Harris, Ernst C., Trad. Johann Mattheson, Der volkommene Capellmeister, Hamburg,
Little, Meredith e Jenne, Natalie, Dance and the Music of J.S. Bach. Bloomington,
Lancelot, Francine, La Belle Danse - Catalogue Raisonné. Ed. Van Dieren. Paris, 1995.
Mather, Betty Bang, Dance Rhythms of the French Baroque, Indiana Univ. Press, 1987.
Reilly, Edward R., Trad. Johann Joachim Quantz, Versuch einer Anweisung die Flöte
63