Manual do Formando
PEDRO CABRAL
1.ENQUADRAMENTO HISTÓRICO
1.1.NA ANTIGUIDADE
Desde o início da civilização que ambas são praticadas, embora com maior ou menor grau de
consciência e sistematização. O que é relativamente recente é o estudo das boas práticas e a sua
difusão e aplicação sistemática na vida das empresas.
No passado, quer no contexto civil quer empresarial, qualquer organização tinha sempre um
carácter fundamentalmente empírico, na medida em que as exigências se colocavam também a um
âmbito geográfico mais restrito (mercados locais e comunidades rurais quase autossuficientes até à
revolução industrial).
No que diz respeito à Logística, apesar de ter sido de grande importância no campo militar, em termos
comerciais, a organização das rotas comerciais na sequência dos Descobrimentos Marítimos, com o
estabelecimento de Feitorias (entrepostos) em diversos pontos do percurso entre a origem (Índia, Brasil,
etc.) e os grandes mercados de consumo dos produtos (Europa do Norte e Central) foi um importante
passo no desenvolvimento logístico.
Na verdade, estamos aqui perante um primeiro fenómeno de globalização, que já nessa altura
terá exigido muito por parte da Logística.
Quanto à Gestão de Operações, a Revolução Industrial foi o motor do seu desenvolvimento, embora os
processos pré-industriais já fossem sujeitos a otimizações e esse saber se desenvolvesse e sistematizasse
em torno das corporações de artesãos.
Durante esta fase, a sistematização era inexistente, e cada artesão trabalhava "à sua
maneira", mesmo nas pequenas manufaturas que surgiram durante o século XVIII, e cada unidade
produzida era única e irrepetível.
As atividades logísticas desenvolvidas na 2.ª Guerra Mundial foram o início de muitos dos conceitos hoje
em dia utilizados na logística empresarial. Após a 2.ª Guerra, foram as indústrias alimentares as primeiras
a colocar, sob o mesmo comando, as atividades de transporte e armazenagem de produtos acabados.
Obviamente, em todas as empresas se encontravam atividades do foro da logística, mas não eram
tratadas com a importância devida, encontrando-se dispersas pelas diferentes áreas de gestão.
O ambiente económico e os conhecimentos teóricos nesta área não eram propícios a uma mudança de
atitude em relação às atividades logísticas. A área do Marketing crescia em termos de importância nas
empresas da altura, diminuindo o peso da Produção nas decisões de gestão global. Esta situação é
característica de um período de capacidade de produção estabilizada e adequada a um mercado
crescente e muito competitivo. As margens de lucro eram altas e absorviam as improdutividades do
sistema.
Estávamos numa época de expansão económica após a 2.ª Guerra Mundial. Nas universidades, muitos
investigadores e professores de Marketing alertaram para a importância da distribuição física dos
produtos. Peter Drucker apresentava as atividades de distribuição, após a obtenção do produto acabado,
como “as áreas de negócio infelizmente mais desprezadas e mais promissoras na América”.
A capacidade de produção aumentava e os produtos no mercado eram cada vez em maior quantidade.
De acordo com alguns autores, existiram quatro condições fundamentais para o desenvolvimento da
logística:
1. Alterações nos padrões de procura e nas atitudes dos consumidores
2. Pressão para a redução de custos na indústria 3. Avanços nas
tecnologias de informação
4. Influências da logística militar.
Iniciou-se uma migração das zonas rurais para os grandes centros urbanos, alargando os subúrbios
desses centros urbanos. Era necessário servir áreas metropolitanas de maior dimensão, o que aumentou
os níveis de stocks na distribuição, penalizando os custos de distribuição.
Por outro lado, o pequeno retalhista começou a passar o seu stock para o fornecedor ou para centrais de
distribuição especializadas, solicitando entregas mais frequentes.
Nos anos 50 houve um crescimento económico na sequência do culminar da 2.ª Guerra Mundial, seguido
de uma recessão. Os períodos de recessão são alturas normalmente aproveitadas pelas administrações
para reduzir custos e aumentar a produtividade.
A área da produção já há muito tinha sido estudada pelos engenheiros de produção e pouco havia a
fazer. As atividades de distribuição surgiam como a única possibilidade de reduzir custos.
Por outro lado, começou-se a reconhecer a importância dos custos logísticos. Os primeiros estudos
apresentaram valores surpreendentes. Se considerarmos a economia no seu todo, os custos logísticos
representavam cerca de 15% do Produto Nacional Bruto. Destes custos, o transporte representava cerca
de 2/3 e a manutenção de stocks 1/3.
Todas as alterações verificadas nestes anos aumentaram a complexidade do sistema logístico. Este nível
de complexidade só consegue ser gerido com o auxílio de computadores.
Foi nos anos 50 que o computador se estreou no mundo dos negócios. Simultaneamente, tornava-se
mais comum a utilização de modelos matemáticos para apoio à decisão nas empresas. Técnicas
matemáticas como a programação linear e simulação são ferramentas fundamentais para os profissionais
desta área.
Estas ferramentas permitem lidar com problemas de localização de armazéns, afetação de clientes e
armazéns, controlo de stocks e programação de rotas. Com o auxílio dos computadores torna-se possível
utilizar estas técnicas, permitindo a obtenção de economias significativas no sistema logístico.
A logística militar inclui as atividades de aquisição, manutenção de stock e transporte. A experiência das
estruturas militares nesta área é significativa.
No final dos anos sessenta, algumas universidades americanas começaram a lecionar cursos na área de
logística, surgiram livros sobre o tema, algumas empresas reorganizaram-se tendo em conta o conceito
de logística e surgiram as primeiras associações profissionais.
1.3.GLOBALIZAÇÃO
Até ao início da década de 60 a logística não existia enquanto unidade funcional ou processual, ainda
que, como é óbvio, as atividades e procedimentos conducentes a conferir disponibilidade aos
produtos/serviços fossem operadas. A manutenção de baixo custos de produção era prioridade, pelo que
o nível de stocks era usualmente elevado sem que isso implicasse necessariamente bons níveis de
serviço.
O processo estava a correr de uma forma lenta, pois as empresas estavam mais preocupadas com a
expansão dos mercados e a geração de lucros do que com o controlo dos custos. Porém, em 1973, com a
subida do preço do petróleo, a taxa de crescimento do mercado começou a diminuir e a inflação a
aumentar. A gestão passou então a orientar-se para o controlo dos custos, a produtividade e a qualidade
dos produtos fabricados.
A distribuição física adquiriu uma independência funcional, passando a mesma a reportar diretamente ao
Diretor Geral. Este facto fazia com que as atividades logísticas, ou pelo menos algumas delas, passassem
a ser integradas numa função da empresa sendo integradas, pela primeira vez, atividades tão distintas
como a gestão de stocks de produtos acabados, a gestão da frota (e de rotas), o processamento de
encomendas, entre outras.
Na década de 80, os mercados apresentam-se cada vez mais “turbulentos” – as previsões são pouco
fiáveis – e mais controlados pelos consumidores. As tecnologias de informação atingem um elevado nível
de utilização e as margens dos produtos são muito reduzidas. Neste cenário, o conceito de logística dá
mais um passo no sentido da logística integrada.
Surge a cadeia logística, que envolve, de uma forma integrada, os fornecedores, os aprovisionamentos, a
produção, a distribuição física e os clientes. O serviço ao cliente passa a ser um objetivo da maior parte
das empresas, que são levadas a dedicar especial atenção ao tempo de ciclo das encomendas (intervalo de
tempo entre o pedido de um produto e a sua entrega ao cliente/utilizador final).
A logística assume uma relevância estratégica que até então não lhe era atribuída pelos gestores das
empresas. Este desenvolvimento, que redefiniu as fronteiras conceptuais da logística, fez com que fosse
possível integrar funcionalmente um conjunto de atividades que dizem respeito ao fluxo físico
intraorganizacional, permitindo que nesta terceira fase de integração funcional a logística assumisse uma
total independência funcional face a outras áreas da organização.
O conjunto de atividades que suportam o fluxo físico, e que aglutinámos em três itens (procurement,
suporte à produção e distribuição física), passou a partir de então a ser gerido de forma integrada,
possibilitando sinergias e assim um gestão efetiva dos trade-offs. Para o desenvolvimento desta fase foi
muito importante o papel desempenhado pelas tecnologias de informação, sem o qual esta integração não
teria sido possível. A subordinação do conjunto de atividades logísticas a uma única linha de autoridade é o
grande contributo desta fase de desenvolvimento organizacional da logística para uma gestão integrada da
mesma no contexto empresarial.
1.4.ATUALIDADE
Na atualidade, verifica-se que a estrutura burocrática vertical que prevaleceu durante longo tempo está a
dar lugar às abordagens horizontais que se focalizam nos processos-chave. As empresas tendem a
reorganizar-se e a redesenhar os seus processos de forma a que estes sejam geridos e assegurados por
equipas multidisciplinares.
Contrariamente ao que se passava nas fases anteriores, em que cada função tomava as decisões que
minimizavam os seus custos, nesta fase, as decisões são tomadas de forma a otimizar a totalidade da
empresa e, na fase seguinte, esta otimização será conseguida ao longo de toda uma cadeia de
abastecimento, envolvendo as empresas nas várias posições.
A nova realidade empresarial envolvente obrigava a uma nova realidade organizacional, as estruturas
funcionais não se adequavam às exigências da envolvente, e tornou-se urgente orientar as empresas
para novos processos de negócio. Assim, a logística, no contexto atual, tem um carácter processual
emanado pelo objeto da sua ação dentro da organização: os fluxos físicos e informacionais. Assim, a
logística pode funcionar como uma alavanca à redefinição dos processos de negócio e da estrutura
organizacional da empresa.
Deste modo, nos dias de hoje, a logística deve ser entendida como um processo chave da empresa com o
objetivo de conferir disponibilidade total aos produtos/serviços, e que acrescenta valor, quando os seus
atributos, incorporados no produto nuclear, são percebidos e valorizados pelo mercado (ou por
determinado segmento do mesmo). Na fase de desenvolvimento organizacional da logística apela-se à
integração dos processos que conduzem à consecução da missão logística, à satisfação total dos clientes,
e não à integração funcional das atividades que devem ser operacionalizadas para o alcançar da mesma.
Esta evolução para a fase de Integração de Processos é potenciada pela tecnologia de comunicação, que
potencia a rápida e cuidada recolha de informação que permite a todas as unidades da organização
estarem integradas, nomeadamente pela utilização de sistemas ERP (Enterprise Resource Planning), no
estádio 4, e da Internet no estádio 5. Os estádios 4 e 5 da Integração por Processos podem ser vistos
como uma viragem da função ao processo. No estádio 4 encontramos uma organização do século XXI,
que deixa de ser funcional vertical e hierárquica e passa a ser funcional horizontal orientada para os
processos.
O estádio 5, sendo uma abordagem por processo, vai para além da estrutura, ao encontro da virtualidade
e transparência organizacional, em que a direção e o controlo hierárquico e formal da estrutura
organizacional vertical tende a ser substituído pela rede eletrónica informal, muitas vezes referida como
organização virtual.
Tendo em vista a produção de um serviço, equipas de trabalho-chave podem estar eletronicamente
ligadas para realizar atividades críticas de um modo integrado. Estas equipas de trabalho podem ser
transparentes, ou não, em termos de uma estrutura organizativa formal dos seus membros. Por outras
palavras, os organogramas formais podem não deixar transparecer os fluxos de trabalho reais. De facto,
a organização do futuro pode ser caracterizada pela desagregação funcional da organização numa
tentativa de focalização no fluxo de trabalho mais do que na estrutura. A chave para o aumento de
performance neste tipo de organização é a flexibilidade proporcionada pela rede eletrónica que facilita a
organização da Gestão de Operações e da Logística em contraste com a estrutura organizacional formal.
2.INTERVENIENTES PRINCIPAIS E SEU POSICIONAMENTO NA
CADEIA DE ABASTECIMENTO
Conceito de cadeia de abastecimento
Os vários operadores da cadeia de abastecimento contribuem de forma complementar para criar valor
para o consumidor final. Cada operador realiza um conjunto específico de atividades naquilo que foi
denominado por Porter como cadeia de valor interna de cada empresa, em que o valor do output tem
que ser superior aos custos dos inputs.
Deste modo, a cadeia de abastecimento, em que vários intervenientes interagem sequencialmente, pode
ser vista como uma sequência de cadeias de valor ou, ainda melhor, como uma grande cadeia de valor
integrada, em que cada entidade participa e contribui com uma fração do valor final criado.
Uma rede normalmente não irá focar o seu fluxo numa só cadeia, como é mostrado no diagrama
exemplo abaixo, tendo antes que lidar com fluxos convergentes e divergentes dentro de uma rede
complexa, sendo esta o resultado de muitas encomendas de diferentes consumidores a serem tratadas
em paralelo.
Com vista a diminuir a complexidade, algumas organizações optam por concentrar em apenas uma porção
da sua cadeia de abastecimento geral.
Num sentido mais limitado, o termo cadeia de abastecimento pode ser aplicado a uma grande companhia
com diferentes locais situados em diferentes países. Coordenar fluxos de informação, material e
financeiro para uma companhia multinacional de uma maneira eficiente é uma tarefa considerável.
O objetivo que governa todas as atividades de uma cadeia de abastecimento é visto como o aumento da
competitividade.
Isto é porque nenhuma única unidade organizacional é somente responsável pela competitividade do seu
produto e/ou serviço aos olhos do consumidor final mas antes toda a cadeia de abastecimento o é. Ou
seja, a competição passou das entidades individuais para as cadeias de abastecimento.
No entanto se se observar uma cadeia de abastecimento do fim para o início, passa-se a ter uma cadeia de
necessidades.
Antes de mais, convêm esclarecer que cadeia de fornecimento não é a mesma coisa do que cadeia de
valor. A cadeia de fornecimento tem a ver com a gestão do aprovisionamento, algo que é feito de forma
mais ou menos eficaz por todas as empresas e de uma forma relativamente rotineira. Por sua vez, a
noção de cadeia de valor está mais próxima da preocupação de acrescentar valor à empresa, como um
todo.
Cadeia de fornecimento
O que é:
• Uma rede de unidades de negócio, com um grau de autonomia variável, que tem a
responsabilidade das atividades de aquisição, fabricação e distribuição de uma ou várias famílias
ou gamas de produtos;
Missão:
• Assegurar que cada elemento ou segmento da cadeia recebe os materiais de que necessita a
tempo e em boas condições;
Função objetiva:
• Procurar a melhor forma de transportar produtos da forma mais eficaz, mais rápida e mais
eficiente;
Preocupação:
• A movimentação eficaz de matérias e de produtos através da cadeia e não as vendas ou os lucros;
Objetivo:
• Limitar os stocks ao mínimo, conservando uma margem de segurança e aproximar-se o mais
possível do JIT - Just In Time.
Cadeia de valor
O que é:
• Um modelo eficaz de gestão que permite à empresa receber matérias-primas, acrescentar-lhe
valor por variados processos e vender produtos transformados aos clientes com uma margem;
Missão:
• Avaliar qual o valor que cada elemento ou segmento da cadeia acrescenta ao produto que vai
evoluindo através dessa mesma cadeia;
Ideia:
• Mostrar como cada produto transporta consigo um peso de custos que é preciso recuperar;
Objetivo:
• Fornecer uma avaliação adequada do verdadeiro custo e lucro unitário de cada produto;
Utilidade:
• Descobrir eficiências e ineficiências na cadeia de fornecimentos e de transformação.
TRANSPORTE INFORMAÇÃO
Produção
A produção indica a capacidade que uma cadeia de abastecimento tem para de produzir e armazenar
produtos, tendo como espaços associados fábricas e armazéns.
Quando se toma decisões de gestão relativamente à produção são muitas vezes questões de
balanceamento entre capacidade de resposta e eficácia.
Quanto maior o stock de uma fábrica ou armazém, maior será a sua flexibilidade e capacidade de
resposta, mas também maiores serão os custos e stock parado e em excesso não gera receita, portanto
quanto maior a sua capacidade de resposta, menor serão os seus níveis de eficiência.
Stock
Para ter altos níveis de eficiência, deverá manter-se o nível de stock baixo, uma vez que estes acarretam
custos.
Terão então que ser consideradas três decisões importantes relativamente a criar e manter stock:
• Ciclo de stock – quantidade de stock necessário para satisfazer a procura de um produto nos
espaços temporais entre compras do mesmo.
• Stock de segurança – stock que se mantêm com vista a combater a incerteza.
• Stock sazonal – acumulação de stock antecipando aumentos na procura expectáveis
relacionados com determinadas épocas do calendário.
Localização
Localização refere a localização geográfica das instalações de uma cadeia de abastecimento e às decisões
tomadas sobre que atividades deverão ser efetuadas em cada espaço.
Terão que se ter em conta diferentes fatores como o custo do local, da mão-de-obra, experiência da
mão-de-obra, distâncias entre instalações, condições das infraestruturas e impostos, sendo estes fatores
irão influenciar os gastos a longo prazo e o desempenho de uma cadeia de abastecimento.
Transporte
Os transportes são os responsáveis por movimentar tudo o que se encontra a circular numa cadeia de
abastecimento, desde matérias-primas ao produto final.
Tendo em conta que os custos relacionados com a transportação chegam a ser um terço do custo
operacional de uma cadeia de abastecimento, não será errado dizer que as decisões relativamente a que
modo de transporte usar figuram entre as mais importantes.
Regra geral, quanto mais valioso é o produto, mais a organização deverá se preocupar com a capacidade
de resposta do modo de transporte e quanto menos valioso, mais se deverá preocupar com a eficiência.
Informação
A base de todas as decisões, a informação é o elo que ligada todos os outros elementos, atividades e
operações de uma cadeia de abastecimento. Pode ser usada para dois propósitos numa cadeia de
abastecimento:
Coordenação de Atividades Diárias;
Planeamento e Previsão.
Informação exata e em abundância é meio caminho andado para uma boa decisão, tendo que cada
organização decidir quanta da sua informação estará disposta a partilhar e quanta será privada, tendo
em conta que conta mais partilhar, mais eficaz serão as cadeias de abastecimento mas maior será o risco
de revelar informação que poderá ser usada contra si por um rival.
FORNECEDORES
CONSUMIDORES
DE SERVIÇOS
Em qualquer cadeia de abastecimento existe uma combinação de entidades que executam diferentes
funções, podendo ser organizações, como os distribuidores e revendedores, ou até mesmo indivíduos,
como o cliente final de um produto. Nesta secção serão dados a conhecer os protagonistas de uma
cadeia de abastecimento.
Produtores
Os produtores são organizações que fazem um produto, incluindo neste grupo os produtores de matérias-
primas e os de produtos finais, mas não têm que ser produtos tangíveis, ou seja, podem ser produtores
de música, software ou design e pode ser um serviço como limpeza, ensino ou atividades médicas.
Verifica-se no mundo atual que um grade número de produtores de artigos tangíveis encontram-se nos
países onde a mão-de-obra é mais barata ao invés dos produtos intangíveis que se encontram em maior
número nos países desenvolvidos da América do Norte, Europa e Ásia.
Distribuidores
Os distribuidores são organizações que transportam stock dos produtores e entregam-no aos
consumidores, vendendo normalmente os produtos em grande quantidade. Ajudam os produtores a
defender-se de flutuações de mercado armazenando stock e procurando consumidores.
Retalhistas
Consumidores
Os consumidores são organizações ou indivíduos que compram ou usam um produto, podendo depois
vende-lo a outro cliente ou serem mesmo o cliente final.
Fornecedores de serviços
Estas organizações fornecem serviços aos produtores, distribuidores, retalhistas e consumidores, estando
especializadas numa determinada tarefa precisa para a cadeia de abastecimento, sendo também
conhecidas como operadores logísticos e executando tarefas que vão desde transporte e armazenagem a
empréstimos e análises de crédito, passando por recolha de dados e serviços legais.
Tendo estas entidades atingido elevados níveis de especialização ou sendo alternativas mais económicas
a desenvolver a tarefa in-house, muitas organizações acabam por optam pela prática de outsourcing
junto destas.
3.TENDÊNCIAS FUTURAS
3.1.CRESCIMENTO DOS MEIOS URBANOS
As grandes concentrações urbanas geram, diariamente e pela sua própria natureza, enormes fluxos de
pessoas e de bens. Uma parte destes fluxos tem um caráter regular, refletindo as deslocações pendulares
casa / trabalho / casa ou, no caso dos produtos e mercadorias, os movimentos diários, em geral,
previamente programados.
Apesar de uma evolução no sentido de estes movimentos se distribuírem no tempo, verifica-se uma forte
concentração em horas específicas do dia, com congestionamentos e um aumento significativo dos
tempos de deslocação, dos consumos de energia e da poluição.
Na prática, nas suas deslocações regulares (que chegam a representar mais de 90% do total), as pessoas
têm de optar entre usar o automóvel ou o transporte público, num compromisso por vezes difícil de
racionalizar mas que reflete preocupações com custos, autonomia, comodidade ou flexibilidade nos
movimentos.
O peso relativo destas escolhas (modais) reflete também uma série de valores e é fortemente
dependente do contexto cultural e de desenvolvimento, dos preços dos combustíveis e dos transportes
públicos.
A gestão estratégica destes sistemas (ou seja, a definição de políticas e a sua implementação) é um
problema de uma grande dimensão, conduzindo tipicamente ao desenho de soluções com que se procura
aumentar a fluidez do trânsito e a velocidade das deslocações.
Essas soluções têm, em geral, elevados custos de investimento (já que se referem a infraestruturas) e
representam uma ocupação do solo urbano negativa e que é, muitas vezes, feita em detrimento da
criação de equipamentos e espaços comerciais ou de lazer.
Com as alterações climáticas e o constante crescimento dos custos da energia, torna-se mais evidente a
necessidade de sistemas de transportes de mercadorias mais eficientes, limpos e menos poluentes.
Atualmente, na UE, 44% das mercadorias são transportadas por camião (sendo que 41% são transporte
marítimo de curta distância, 10% são via férrea e 4% são por barco em canais no interior) com a
previsão de 47'k em 2014. No seu conjunto, os transportes são supostamente responsáveis por 23% de
todas as emissões de C02.
Uma progressiva transferência modal (por exemplo, com a promoção do transporte ferroviário) e o
recurso otimizado à intermodalidade poderiam ter um papel decisivo nos consumos energéticos e na
eficiência destes sistemas.
E aqui, uma parte dessa eficiência dependerá de sistemas mais sofisticados de gestão (multimodal) dos
transportes e de rastreamento das mercadorias, que passam por formas mais avançadas de co labo
ração e de partilha das capacidades de transporte, com a otimização de custos e de tempos, permitindo,
por exemplo, a reconfiguração dinâmica das rotas quando ocorrem acontecimentos imprevistos.
É também reconhecido que estes sistemas serão mais eficientes, permitindo uma consciência dos aspetos
ecológicos, se tornarem visível, e em tempo real a informação detalhada da "pegada de carbono"
associada a cada produto individual que é transportado.
A história e os dados acumulados permitiriam também apoiar a tomada de decisões e definir políticas de
gestão destes sistemas menos consumidoras de energia e mais amigas do ambiente. Por exemplo, pela
partilha de espaço em contentores, pela utilização de entrepostos e armazéns comuns, etc.
Estas questões têm também todo o sentido no que se refere à logística urbana. Com o crescimento das
cidades e das expectativas dos seus habitantes, em termos de qualidade vida, têm aumentado mu1to a
quantidade e a variedade de produtos que chegam diariamente ao centro das cidades e que neles têm de
ser guardados e comercializados.
Os impactes dos transportes e movimentos que estão associados a esta logística são muito significativos,
desde os congestionamentos (como resultado das operações de carga ou descarga) ao acréscimo das
emissões de gases poluentes.
Naturalmente que veículos mais "limpos" (movidos a eletricidade) poderão minorar significativamente
estes impactes negativos. Mas dada a multimodalidade característica destes sistemas, a sua
complexidade, e as suas interações com a restante mobilidade urbana, é natural que contribuições como
as referidas (partilha de cargas, controlo e rastreamento dos materiais e veículos, otimização dinâmica
das rotas) possam ter uma grande importância na prática.
Isto é, a solução deverá passar mais pelo desenho de novos "sistemas" logísticos mais abrangentes e
integrados, baseados nas novas tecnologias de informação e comunicação.
É assim absolutamente essencial que as políticas para a mobilidade urbana assentem numa visão
estratégica de longo prazo, capaz de integrar as perspetivas e objetivos dos múltiplos atores envolvidos,
por forma a garantir a sustentabilidade de sistemas de grande complexidade e dimensão, essenciais para
a qualidade de vida das populações.
3.2.ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO
O risco de exclusão social e a vulnerabilidade do consumidor irão aumentar nos próximos anos. Para tal
contribuem os efeitos persistentes da crise económica, o envelhecimento da população, a complexidade
cada vez maior dos mercados e das escolhas e a dificuldade de algumas pessoas quando confrontadas
com o ambiente digital.
Os consumidores precisam de ter confiança para poderem desempenhar um papel pleno e ativo no
mercado único. No entanto, muitos cidadãos europeus continuam a mostrar-se bastante prudentes:
• 25% consideram que um número significativo de produtos não alimentares vendidos na União
Europeia não são seguros;
• 30% pensam que carecem dos conhecimentos necessários;
• Quase 50% não consideram que os seus direitos estão protegidos.
A política de defesa dos consumidores tem de se adaptar a esta nova realidade. Com isto em mente, a
Comissão Europeia adotou uma «Agenda do Consumidor», que traça uma visão estratégica para a
política europeia dos consumidores e que tem quatro prioridades principais:
• Finanças: proteger os interesses financeiros dos consumidores, dando-lhes meios para gerirem
as suas finanças.
Foi este o modus operandi predominante na era da escassez, na qual a procura latente não era
completamente satisfeita pela oferta de produtos.
Nas últimas décadas, nos países desenvolvidos, a era da escassez foi substituída pela da abundância, que
se caracteriza pelo facto da maioria dos consumidores ter as suas principais necessidades integralmente
satisfeitas e se assistir por isso a uma gradual saturação de consumo em muitas categorias de produtos
básicos.
Nestes mercados maduros, em que a oferta tende a exceder a procura, o centro de gravidade passa da
primeira para a segunda. Agora quem manda é o consumidor, que não compra aquilo que há mas aquilo
que quer, o que torna o push, em que os produtores colocam no comércio aquilo que produzem,
insustentável.
Exige-se outra prática, da frente para trás, designada pull (puxar), em que são os consumidores que
determinam aquilo que deve ser produzido.
No comércio tradicional, as diversas funções encontram-se quase sempre repartidas por diversos
operadores, designadamente grossistas, que tomam a seu cargo a transferência de mercadorias entre a
produção e os pontos de venda, e retalhistas, que se ocupam do interface com os consumidores.
Desde há muito que os maiores retalhistas compram diretamente aos fabricantes, dispensando o
grossista.
Numa primeira fase, apesar de o retalhista poder ter muitas lojas, elas tendiam a funcionar de modo mais
ou menos independente, com integração mínima. As compras eram feitas diretamente pelas lojas e as
entregas, a cargo do produtor, eram também realizadas em cada ponto de venda.
É este modelo de gestão integrada de operações na cadeia de abastecimento que se designa por
distribuição, na aceção moderna do termo.
Apesar de se ter colocado o acento tónico na migração do retalho para montante, nalguns casos é o
grossista que estende as suas atividades a jusante, de forma direta, pela abertura de lojas próprias, ou
usando modalidades de integração de retalhistas independentes.
A nova dinâmica do mercado constitui para o comércio um desafio e uma oportunidade. Um desafio de
adaptação ao novo paradigma. Uma oportunidade para, aproveitando a sua posição intermédia, serem
fatores de equilíbrio e, de certo modo, árbitros, entre produtores desorientados e consumidores
exigentes mas isolados.
3.4.AUMENTO DA UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS PELOS CONSUMIDORES
A primeira grande revolução que se opera nesta área tem a ver com a nova tecnologia de venda
introduzida pelo método do livre serviço que vem alterar as características tradicionais da forma de fazer
comércio.
Em primeiro lugar, através da supressão do papel do vendedor, fazendo diminuir o seu número por loja
e, aumentar a produtividade do serviço.
A segunda grande revolução tecnológica surge com uma maior generalização da informática na loja que
vai permitir a substituição pelo computador de muitas tarefas, anteriormente realizadas manualmente,
aumentando a rentabilidade e permitindo a utilização de técnicas mais evoluídas de gestão e controle do
negócio.
A terceira grande revolução aparece com a introdução do código de barras e da leitura ótica que, com
um muito menor risco de erro, regista o preço e dá automaticamente baixa no stock, permitindo uma
gestão de stocks e uma encomenda praticamente automáticas e evitando as demoradas operações de
remarcação de preços, sempre que existe qualquer alteração. A operadora de caixa limita-se a fazer
passar os produtos pelo scanner que faz a leitura ótica.
A leitura ótica e a informatização vêm, assim, alterar profundamente as formas de gestão das empresas
comerciais, permitindo um melhor conhecimento da rotatividade e da margem dos vários produtos, dos
ritmos e ciclos de vendas e, portanto, construir sortidos mais adequados, ter um maior controlo do
negócio e gerir com maior rigor e menor risco.
É nesta base que as técnicas de merchandising utilizadas pelas grandes cadeias, podem recorrer
normalmente a sofisticados modelos de gestão que, para além dos conhecimentos da atuação do
consumidor, jogam com variáveis de rentabilidade dos vários produtos (rotatividade e margem),
colocando-os nas prateleiras de acordo com áreas e locais específicos previamente estipulados, segundo
instruções emanadas para as várias lojas da cadeia por estruturas centralizadas e muito especializadas;
quem repõe tem orientações claras e precisas, limitando-se a realizar uma operação mecânica.
3.5.AUMENTO DO NÍVEL DE SERVIÇO AO CLIENTE
Existe uma tendência para delegar a responsabilidade do serviço ao cliente para departamentos como o
marketing ou as vendas, ao invés de integra-lo no sistema logístico. Mas tem-se provado a sua
importância no comportamento dos clientes às vezes superior ao preço, qualidade e outros elementos do
marketing, finanças e produção.
Já se provou que o efeito do Marketing Mix (preço, produto, promoção e local) não contribuem de
maneira igual na participação do mercado, sendo, para os clientes, os elementos logísticos os mais
importantes.
Já algum tempo que se acredita que os níveis dos serviços tem influência nas vendas. Provada a
importância da logística dos serviços ao cliente, esta poderia ser aperfeiçoada e melhorada se houvesse o
conhecimento da relação entre vendas e níveis da logística, ou seja, que mudanças existem nas vendas
após uma mudança dos níveis logísticos.
Existe a necessidade de expressar matematicamente essa relação. Surge, no entanto, um problema para
relacionar o comportamento exato que as vendas têm face a um nível ou a mudanças nos serviços
logísticos.
Essa relação é difícil de obter porque nem sempre os clientes manifestam de forma clara as suas
preferências, nem reagem consistentemente ao nível de oferta dos serviços.
Entretanto está explicitamente documentado a sensibilidade dos clientes em relação aos serviços
prestados pelos fornecedores.
Consequentemente, melhorar os serviços, significa baixar custos de existências para o cliente, partindo
do princípio que a qualidade do produto e o seu preço não são inflacionados pela melhoria dos serviços.
Assim, os compradores são pressionados a fidelizar-se aos fornecedores que oferecem os melhores
serviços.
Os estudos têm relevado uma equidade dessa importância sendo um parâmetro mais importante do que
os outros dependendo da situação de marketing específica.
O serviço ao cliente, sendo uma das medidas mais visíveis aos olhos dos principais beneficiados dos
serviços logísticos, ou seja dos clientes/consumidores, merece, por isso, uma atenção especial por parte
das empresas.
Neste sentido, estas devem apostar em melhorar o serviço prestado aos clientes recorrendo à utilização
de técnicas de gestão de stocks que aumentem a disponibilidade dos produtos, bem como a sistemas de
comunicação e transportes de encomendas que proporcionem tempos de ciclos de encomendas mais
consistentes e curtos.
Assim, as empresas conseguirão preços mais competitivos, maior qualidade e variedade para os seus
produtos, bem como uma melhor informação e maior frequência das encomendas.
No entanto, a última metade do século passado teve os seus desafios. Garantir alimentos seguros e
saudáveis para o que é hoje a UE, com cerca de 490 milhões de cidadãos, exigiu empenho contínuo,
reavaliação constante e uma abordagem inovadora por parte da UE ao longo das últimas décadas.
Um corpo sólido de legislação sobre segurança alimentar foi criado ao longo dos anos, para garantir a
proteção da saúde humana e animal. As medidas a aplicar foram adaptadas e melhoradas, de acordo
com as informações mais recentes da evolução científica e tecnológica.
O resultado é que os europeus, agora, desfrutam de um dos mais elevados níveis de segurança alimentar
no mundo.
A legislação europeia em matéria de segurança dos alimentos garante aos consumidores um elevado
nível de proteção relativamente a todos os géneros alimentícios vendidos na União Europeia em todas as
fases de produção e distribuição.
Essa legislação controla a higiene dos alimentos, a saúde e o bem-estar dos animais, a fitossanidade e o
risco de contaminação de alimentos.
O seu principal objetivo consiste em assegurar que todos os consumidores têm acesso a alimentos
seguros, de alta qualidade e de preço razoável, que podem ser comprados num mercado aberto e
transparente e adaptado às preferências individuais.
São também abrangidas pela legislação europeia determinadas substâncias, como os aditivos
alimentares, que desempenham um importante papel na produção e distribuição de alimentos, por
exemplo, assegurando a higiene dos mesmos ou permitindo um prazo de validade mais longo. Essas
substâncias têm de ser autorizados pela Comissão Europeia após uma avaliação científica independente
da sua segurança.
A legislação europeia prevê igualmente que os consumidores recebam informações exatas sobre a
composição e as principais qualidades nutritivas dos alimentos para que saibam o que comem e bebem.
Determinados produtos alimentares estão sujeitos a regras adicionais. É o caso dos alimentos destinados
a crianças com menos de três anos, dos alimentos destinados a uma alimentação especial e de certas
bebidas, como o álcool.
As regras em matéria de rotulagem também facilitam a identificação dos produtos biológicos, dos
produtos de qualidade ou os alimentos produzidos de certa forma.
A informação sobre os eventuais benefícios para a saúde de determinadas substâncias dos alimentos
para efeitos de comercialização só é autorizada após aprovação e avaliação científica. Os produtos que
ostentem alegações enganosas e não fundamentadas acabarão por desaparecer das prateleiras.
As empresas do sector alimentar têm de garantir a segurança dos alimentos que produzem ao longo da
cadeia alimentar:
1) Durante o transporte - falhas na limpeza e desinfeção dos veículos e na higiene pessoal,
nos cuidados com o manuseamento da mercadoria e principalmente falhas na temperatura
durante o transporte, podem favorecer os perigos, principalmente biológicos;
2) Na distribuição e preparação do alimento - falta de higiene de quem manuseia, falta de
higiene no ambiente, nos utensílios e nos equipamentos e falta de cuidados com as temperaturas
e os tempos a que o alimento fica exposto, são as principais causas que favorecem os perigos.
3.7.PREOCUPAÇÃO CRESCENTE SOBRE SUSTENTABILIDADE
Em termos empresariais, a sustentabilidade é conseguida com base no equilíbrio dos seus três pilares
(social, ambiental e económico) que deverão ser transversais à empresa (e à própria sociedade),
conforme os exemplos:
• Social – através da filantropia, mecenato, proximidade com comunidade local, programas de
voluntariado, participação dos colaboradores no lucro..;
• Económico – economia interna, gestão de risco e controlo interno, promoção da segurança e
responsabilidade na utilização do seu produto…;
• Ambiental – plano dos 3’R (Reduzir, Reutilizar e Reciclar); eficiência energética – exemplos:
poupança, ecoeficiência das instalações, projetos ambientais com apoios financeiros…;
Uma gestão sustentável nas empresas implica a adoção de estratégias de negócios e atividades que, nos
dias de hoje, vão ao encontro das necessidades internas e dos stakeholders, enquanto protegem,
sustentam e melhoram os recursos naturais e o capital humano que serão necessários no dia de amanhã.
Os parâmetros de sustentabilidade, por sua vez, só podem ser socialmente definidos. A determinação de
uma escala sustentável, envolve outros valores para além da busca individual da maximização do ganho
ou do bem-estar, como a solidariedade inter e intra – gerações, valores que têm que se afirmar num
contexto de controvérsias e incertezas científicas decorrentes da complexidade dos problemas ambientais
globais.
O tema da sustentabilidade confronta-se com o paradigma da “sociedade de risco”, isto é, uma sociedade
que emerge com a globalização, a individualização, a revolução do género, o subemprego e a difusão dos
riscos globais. Isto implica a necessidade de se multiplicarem as práticas sociais baseadas no
fortalecimento do direito ao acesso à informação e à educação ambiental numa perspetiva integradora.
Como é natural, os assuntos ambientais devem ser considerados e deverão ser uma prioridade da
atenção da gestão. As práticas ecológicas da atividade logística denominam-se Logística Verde. O
princípio básico da Logística Verde é o de fazer convergir os pontos de vista económicos e ecológicos de
forma a criar uma solução sustentável a longo prazo.
Tais políticas devem ser integradas no planeamento empresarial estratégico com base em informação
disponível nos sistemas de informação e de controlo de gestão. Gestores seniores devem emitir/aprovar
relatórios com a informação disponível nos sistemas de informação e de controlo de gestão.
É necessário aumentar a transparência na cadeia logística, para evitar informação distorcida entre cada
elo da cadeia, aumentando a importância de uma cadeia logística integrada.
Cada cadeia de fornecimento é única, com oportunidades exclusivas na forma como utiliza a tecnologia
de informação, práticas de gestão e incentivos. O desenvolvimento de uma cadeia sustentável requer a
avaliação da “pegada ecológica” de cada negócio, no contexto de todas as estratégias e operações.
É necessário definir qual a metodologia adaptada ao core business da empresa, que pode ser a
combinação dos três tipos de medidas: reduzir a “pegada ecológica” através da redução do consumo e
eficiência de energia/materiais em atividades como design, construção e operações; substituir as fontes
de energia tradicionais e materiais por alternativa “zero – CO2” e por último através de criação de
programas específicos para a redução.
A logística, enquanto sistema lógico (racionalizado, coerente, eficiente, adequado, etc.) de prestação de
serviços às atividades de criação de valor, de gestão de recursos considerados estratégicos ou, ainda, de
sustentabilidade de atividades e ações, historicamente, de carácter militar, sofreu, naturalmente,
influência do fenómeno de Globalização.
A arquitetura logística (localização e tipologia de serviços) que deverá ser assegurada, ganha uma nova
dimensão num espaço Global.
Não é só a tipologia de serviços, que os sistemas logísticos contemplam, que sofre o impacto das
mudanças tecnológicas e inovações produtivas, mas, associados a estes, os fenómenos estratégicos e a
tendencial especialização produtiva dos países/regiões, reclamam a sua constante reestruturação e o seu
redesenho à luz de conceitos inovadores que possibilitam, em cada momento, a eficácia e eficiência dos
sistemas produtivos e a competitividade das nações e regiões.
Consiste, portanto, numa estratégia de definição dos locais onde se acrescenta valor ao produto em
trânsito a caminho dos clientes/consumidores que assume alguma flexibilidade. É função dos mercados,
dos canais de distribuição, das vantagens competitivas e da eficácia logística dos territórios.
As mudanças têm vindo a acontecer a um ritmo cada vez maior o que exige às organizações que estejam
preparadas para enfrentar situações novas, tanto a nível do mercado como das necessidades dos
clientes.
Para dar resposta a estes desafios, a Gestão de Operações e a Logística têm vindo a evoluir nas seguintes
linhas de força:
• A área de abrangência comercial das novas empresas globais, necessariamente mais
extensa, leva a movimentos de centralização operacional, com especialização das diferentes
unidades produtivas por produto ou por processo, a que se associa, por vezes, a subcontratação
de segmentos do processo produtivo a empresas externas. Por exemplo, uma empresa produtora
de automóveis pode ter uma fábrica na Alemanha que se encarrega de montar toda a viatura,
recebendo os diferentes componentes de outras fábricas do grupo ou externas, espalhadas por
todo o mundo. Este tipo de organização obriga a uma capacidade acrescida de gerir a
complexidade operacional e de coordenar operações e equipas à escala mundial, com diferenças
determinantes em termos legais, laborais, culturais, linguísticas e mesmo de fuso horário.
• A organização das empresas à escala planetária obriga a que as empresas prestadoras de
serviços se organizem da mesma forma, formando grupos globais, a fim de dar resposta às novas
necessidades dos seus clientes. Esta nova organização faz-se, muitas vezes, através do
estabelecimento de parcerias. A Internet e as tecnologias de informação e comunicação são, sem
dúvida, uma ferramenta crucial para dar resposta a estas novas necessidades.
No último século, os desastres ambientais provocaram mais migrações do que os conflitos armados.
Cerca de 25 milhões de pessoas tiveram que abandonar as suas casas devido a desastres ambientais
resultantes da ação direta ou indireta do homem no Meio Ambiente – inundações, tempestades, elevação
do nível do mar, desgaste e artificialização dos solos e desertificação.
Todas as ocorrências súbitas não planeadas, geradas por atividades desenvolvidas pelo Homem e
causadores de danos graves no ambiente, são designadas por acidentes tecnológicos. Exemplo disso são
os acidentes químicos, nucleares e as alterações climáticas.
De acordo com as previsões do Instituto para o Meio Ambiente e a Segurança Humana da Universidade
das Nações Unidas, os problemas ambientais afetarão mais de 80 milhões de pessoas até 2020,
pretendendo a ONU defender os mesmos direitos entre os “refugiados ambientais” e os “refugiados
políticos”.
Esta situação suscita questões diplomáticas de elevada complexidade, nomeadamente no apoio aos
refugiados ambientais (alimentação, abrigo, cuidados médicos e condições de sobrevivência), com
elevados custos derivados dos impactos negativos nos ecossistemas terrestres e atividades humanas
(agricultura, pesca e turismo) e na qualidade de vida das populações.
Neste contexto, os grandes grupos económicos pretendem melhorar a imagem no mercado através da
criação de cadeias logísticas, nas quais as atividades são coordenadas segundo uma Gestão Sustentável,
incorporando na sua missão questões como a responsabilidade económica, social e particularmente
ambiental, numa tentativa de atenuar a culpabilidade resultante do impacto causado por essas mesmas
atividades.
Na estruturação da Cadeia de Valor, as empresas devem definir três focos de atuação:
3. Aumento do valor dos produtos e serviços – fornecendo benefícios aos clientes, ampliando a
funcionalidade e a flexibilidade dos produtos e oferecendo serviços de upgrade, troca e manutenção.
Água
Estes projetos pretendem diminuir a dependência de fontes de água fresca, podendo ser utilizados
processos de dessalinização, soluções de separação e reutilização da água e gestão dos resíduos
efluentes. Para além da redução dos custos operacionais, diminuem o impacto no meio ambiente.
Energia
De acordo com o Anuário de Sustentabilidade (2007) em 2002, a produção de energia elétrica e calor
contribuiu cerca de 40% para as emissões globais de dióxido de carbono (CO2) a partir da queima de
combustíveis, sendo a queima de carvão responsável por cerca de 70% destas emissões.
Segundo o “Manual de Boas Práticas de Eficiência Energética” (2005) existem três estratégias
complementares para alcançar o Desenvolvimento Sustentável ao nível energético:
1. A intensificação da eficiência energética e da cogeração (atenuar o crescimento da procura de
energia);
2. Aumento das energias renováveis (dar resposta à satisfação da procura);
3. Fixação de dióxido de carbono (CO2) – permitir o uso de combustíveis fósseis sem os impactos
negativos que lhe estão associados;
Portugal importa quase 90% da energia primária de que necessita, sendo que 60% correspondente a
petróleo. O custo dos combustíveis, a sua disponibilidade a longo prazo e as consequentes desordens
climáticas são alguns dos motivos que levam os gestores a pensar na conservação energética na cadeia
logística industrial.
A criação de uma cadeia eficiente em termos energéticos tem diversas vantagens: primeiro, a redução de
custos relacionados com a energia; segundo, o cumprimento do regulamento – muitas entidades
governamentais estão a impor limites na quantidade de Gases Efeito Estufa (GEE) libertados pelas
empresas pelas suas atividades industriais; em terceiro, um crescente número de consumidores é a favor
de empresas credíveis em termos de redução energética; e por último, a melhoria da produtividade.
Combustíveis Fosseis
É necessário reconhecer que vivemos numa economia global, e que existe uma estreita relação entre a
energia e o desenvolvimento económico, e se os Estados Unidos e a Europa querem continuar a crescer,
têm que ser competitivos em termos do uso de energia.
São necessários novos entendimentos entre os Estados, novos acordos políticos que garantam os
patamares de entendimento mínimo para travar esta degradação ambiental.
A Logística Inversa é o processo de remover os produtos do seu local normal de consumo, com o objetivo
de recapturar o seu valor, ou eliminá-los de forma adequada. Há que avaliar permanentemente os
impactes desta prática nos transportes e consequente emissão de poluentes.
As expectativas dos passageiros também estão a aumentar, provocando uma procura de novos produtos
e serviços, bem como uma melhor e mais rápida distribuição.
Dado que os transportes e logística constituem uma importante parcela dos custos das empresas, a
aposta em meios e redes de transporte mais eficientes e inteligentes constitui um fator de acréscimo de
competitividade, podendo também ser uma importante fonte de atração de agentes económicos e de
investimentos.
Em Março de 2011, a Comissão Europeia lançou um novo livro Branco - «Roteiro do espaço único
europeu dos transportes» que orientará a política de transportes no período 2010-2050, refletida em 10
metas e 40 iniciativas para o desenvolvimento de um sistema de transportes competitivo, visando o
aumento da mobilidade, a remoção das principais barreiras em áreas-chave de crescimento e potenciar a
criação de emprego.
Em paralelo inscreve-se como objetivo a redução das emissões de carbono no sector dos transportes em
60% até 2050.
Com vista a modernizar e reduzir as emissões de carbono do sector dos transportes, a Europa deverá
apostar em medidas como a rápida implantação das infraestruturas da rede de abastecimento de veículos
elétricos, a gestão inteligente do tráfego e a melhoria dos sistemas logísticos.
O automóvel “verde”, elétrico ou híbrido, estará também no centro das atenções, com apoio à
investigação, a criação de normas comuns e o desenvolvimento das infraestruturas necessárias.
O desafio que se coloca ao sistema de I&D e de Inovação consiste em dotar o setor da logística de
soluções inovadoras que facilitem e potenciem a interoperabilidade e intermodalidade dos transportes,
melhorem a eficiência da rede e minimizem o seu impacte ambiental.
Recentemente, em 1999, foi publicado um novo regime jurídico comunitário para o transporte rodoviário
profissional de mercadorias que essencialmente liberaliza o acesso ao mercado e aumenta a intervenção
regulamentar no combate ao excesso de carga e no regime de contratação das tripulações. Muito
curiosamente, no mesmo ano, consagra pela primeira vez o estatuto de operador logístico na
regulamentação da atividade de transitário.
As orientações de política comum de transportes onde se deixa claro que a aposta deverá ser no suporte
ao necessário crescimento da economia comunitária e no alargamento, na liberalização dos fluxos de
bens, pessoas e financeiros, e acima de tudo na sustentabilidade económica, ambiental e social do
sistema de transportes, impõe uma estratégia de gestão global do sistema de transportes, onde a
cooperação modal é a pedra essencial.
Ao nível da segurança, existe um conjunto de medidas negativas ao nível do aumento das restrições e
penalizações, bem como um conjunto de medidas de reforço de qualificação do pessoal tripulante e de
melhoria dos equipamentos.
Nesta medida, as várias estratégias enunciadas passam pela aposta tecnológica, para remover os
obstáculos quer de planeamento quer de compatibilidade técnica e de gestão de sistemas.
Para além da ameaça da dificuldade de competir através da utilização massiva da tecnologia necessária
ao desenvolvimento dos sistemas multimodais, o país sendo periférico, não tendo até ao momento um
porto de primeira grandeza, e tendo uma das maiores taxas de dependência do transporte rodoviário,
terá um dos maiores agravamentos do custo global de transporte, em termos comunitários, à medida que
o transporte rodoviário vai aumentando o seu custo através das imposições de política comum.
Aparentemente paradoxal, o transporte rodoviário será beneficiado em termos de quota mas arrisca-se a
perder em termos absolutos pela diminuição da atividade produtiva primária e secundária.
A tecnologia existente, hoje em dia, permite já a uma fábrica, armazém, loja ou centro de prestação de
serviços, funcionar totalmente sem papel. Para além da poupança decorrente do não consumo de papel e
tinta, e das vantagens ecológicas, a maior vantagem prende-se com a poupança de custos
administrativos.
Outra vantagem será a eliminação de erros de introdução de dados, pois as transações são introduzidas
apenas uma vez no sistema informático, e seguidamente confirmadas ou alteradas no seu status, sem
necessidade de transcrição ou reintrodução.
Existem três tipos de tecnologia que, aliados a um bom sistema de informação, potenciam a operação
sem papéis: a radiofrequência, os sistemas de captura de dados e identificação automáticas e o EDI.
A radiofrequência é uma tecnologia de comunicação de dados entre o utilizador e o computador, sem fios
nem papel. O seu funcionamento não requer a utilização de equipamentos sofisticados de movimentação
ou armazenagem, podendo estar instalado num simples porta-paletes, havendo mesmo terminais
manuais para apoio à conferência de mercadoria.
Os sistemas de captura de dados e identificação automáticas (AIDC - Automatic Identification and Data
Capture) permitem controlar as operações, gerir os recursos e assinalar as anomalias atempadamente. É
um meio revolucionário de captura e transmissão de dados em qualquer atividade em que existam dados
a controlar e seguir.
A leitura ótica de códigos de barras é uma das faces desta tecnologia, que ilustra bem as suas vantagens:
a conferência por leitura ótica de códigos de barras demora cerca de meio segundo, o que, face à leitura
manual de três segundos, corresponde a poupanças de tempo na ordem dos 84%. Esta vantagem
adiciona-se à da precisão e eliminação de erros.
O RFID (Radio Frequency Identification) acelera ainda mais a captura de dados, sendo uma tecnologia
ainda em fase de introdução a nível mundial, e que consiste na leitura por radiofrequência dos
movimentos do bens.
Estes bens, para que possam ser detetados, devem possuir uma etiqueta que emite radiação, e que
permite identificar os produtos, o lote, a data de validade e outra informação, à medida que eles passam
através do arco de leitura.
O EDI (Electronic Data Interchange) consiste numa troca de dados estruturada entre dois parceiros de
negócio (cliente - fornecedor, mas também operador logístico, transportador, etc.), relativa a transações
(encomendas, avisos de expedição, confirmações de receção, faturação, por exemplo) e dados de
referência (gama de produtos, preços, dimensões e pesos, estiva). É um dos fundamentos do
relacionamento colaborativo na Cadeia de Abastecimento.
Esta troca de dados é efetuada entre dois sistemas informáticos de duas empresas, através de um
ficheiro de dados estruturado, em conformidade com protocolos standard internacionais, e geralmente
utilizando uma VAN (Value Added Network), embora cada vez mais empresas utilizem a Internet.
O EDI caracteriza-se por não necessitar de intervenção humana, após a criação da transação, com as
decorrentes vantagens em termos de poupança de custos administrativos e eliminação de erros. O
alinhamento de dados entre os parceiros é um dos aspetos fundamentais para o sucesso do EDI.
O crescimento do comércio eletrónico e das entregas ao domicílio (decorrentes de uma tendência global
para o cocooning, i.e., as pessoas, por uma questão de tempo, comodidade e segurança, preferem ficar
em casa) tem sido um enorme desafio para a Logística.
O comércio eletrónico cria nos consumidores a sensação de que tudo está à distância de um "clique". Se
isso é verdade para a colocação da encomenda, e mesmo para a efetuação do pagamento, a entrega
efetiva dos produtos não pode ser imediata na maioria dos casos (exceção para os produtos que podem
ser "descarregados", como o software e os documentos eletrónicos).
Por outro lado, o consumidor do comércio eletrónico tem expectativas quanto à informação em tempo
real sobre o status do seu pedido - seguimento -, o que cria uma transparência inaudita no processo
logístico e um nível de exigência muito elevado.
Uma terceira fonte de complexidade diz respeito à gama de produtos de uma mesma empresa, que é
cada vez mais vasta, com inúmeras variantes e sub-variantes para cada produto, e está sempre em
evolução - assiste-se a um incremento da inovação na gama de produtos das empresas.
O ciclo de vida dos produtos tem encurtado e a taxa de renovação da gama de produtos tem aumentado.
Estes factos obrigam a que as empresas constantemente revejam e adaptem os seus processos de
produção e logísticos (o que tem vantagens...), sendo fundamental que as empresas se organizem para a
flexibilidade.
BIBLIOGRAFIA
Figueira, M., Logística industrial: Guia do formando, Ed. ISQ/ IEFP, 1996
Marques. A; Vieira, P., Logística Operacional: Manual do formando, Ed. Companhia própria, 2004