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AULA 5

GESTÃO DE INOVADORES
EM AMBIENTES CRIATIVOS

Profª Dinamara Pereira Machado


Profª Márcia Regina Mocelin
CONVERSA INICIAL

Para a maioria de nós, os habitantes da terra, uma verdade já faz parte,


pelo menos, do ideário de nossas vidas: precisamos de inspiração e de atitudes
para um presente e um futuro melhores.
Nosso país, por exemplo, tem aproximadamente 220 milhões de
brasileiros, que passam seu tempo entre o ambiente de trabalho/profissional
(afinal, até bebês estão em crechês, que são ambientes profissionais) e suas
moradias, com suas famílias presentes fisicamente ou conectadas, seja na
pequena Nova Cantu, em Campos Novos, ou na grande e frenética São Paulo,
com mais de 12 milhões de habitantes.
A tecnologia, a economia, o novo entendimento de sustentabilidade, a
busca pela felicidade, pela riqueza e tantos outros fatores fizeram com que o ser
humano que vive este momento repensasse como pode ser melhor no presente e
no futuro. O que se percebe é que as riquezas agrícolas são processadas nos
centros urbanos, e que não existe apenas a economia de um país, e sim
economias municipais que são agrupadas, tornando-se patrimônios nacionais de
projeção mundial – tudo isso possibilitado pelo avanço de uma rede de cidades
conectadas, seja por tecnologia via satélite, rádio, por rodovias, ferrovias ou por
malhas áereas, que transportam matéria bruta para ser transformada. A
competividade econômica do mundo capitalista, com base na aceitação do novo
cenário, impetra como positiva a transformação e, por consequência, a inovação,
que molda o presente e o futuro.
Nesta aula, vamos discutir os seguintes assuntos:

 Qualidade de vida e sustentabilidade nas cidades e empresas;


 Cidades inovadoras e educadoras;
 Escola inovadoras;
 Nômades pela sobrevivência.

Nossas carreiras e vidas pessoais estão envolvidas no cenário atual; se


desejamos que as gerações futuras avancem positivamente nas comunas globais,
repensar o presente talvez seja o primeiro exercício – ou melhor, estudo de caso
– que líderes possam realizar com suas equipes.

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CONTEXTUALIZANDO

Ver o que é invisível ao olhos, perceber o inexistente e reconhecer as


fragilidades são habilidades necessárias depois de duas décadas de século XXI.
O mundo inventa novas profissões, (r)estabelece conceitos, relembra a imensa
força da natureza diante da fragilidade humana em nossos edifícios e sonhos. De
modo impactante, algumas empresas encontram, no caos, novos rumos,
transformando fragilidades em grandes negócios. De forma reveladora,
surpreendente e humana, entendemos que a troca de trabalho braçal por
máquinas esta à frente; conhecemos novos desafios com inteligência artificial e
nos tornamos nômades digitais, com a consciência de que os bens naturais são
finitos, e somente novas formas de viver nas cidades (comunas) permitirão
qualidade de vida.
À luz do velho tempo – afinal o tempo é uma construção social –, vivemos
este presente que se apresenta. Para contextualizar nossa conversa, faça um
esforço em sua memória e resgate aquela aula de História que mostrava como
ocorria a vida na cidade de Damasco (Pérola do Oriente, Cidade Perfumada),
considerada um dos primeiros aglomerados humanos na história moderna, com
existência estimada de aproximadamente 5 mil anos. As igrejas e templos
construídos nos tempos remotos de sua edificação ainda resistem ao tempo, e os
famosos arquitetos modernos buscam compreender, por meio de pesquisas, mas
do que beleza, mas o pouco impacto do tempo nessas construções. Podemos
também relembrar os processos educacionais vivenciados pelos alunos de
Esparta (escola técnica) e Atenas (arte, filosofia), modelos adotados que
moldaram sociedades e gerações. Também podemos reviver quantas e quantas
vezes assistimos a trechos do filme Tempos Modernos, do memorável Charles
Chaplin, que apresentou de forma imagética as mudanças provocadas pelo
mundo moderno “industrializado” e discutiu como podemos sobreviver neste novo
mundo.
Você já parou para pensar? O roteiro desse filme traz uma crítica ao
humano, pois somos aprensentados com base em um personagem que apenas
quer viver de forma deliberada, sem compromisso, sem controle, no total ócio.
Não somos assim! Durante todos os momentos somos postos diante da realidade
da vida. Precisamos refletir sobre como somos apenas conduzidos, ou se de fato
ajudamos na construção de uma nova história social.

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TEMA 1 – QUALIDADE DE VIDA E SUSTENTABILIDADE NAS CIDADES E
EMPRESAS

De acordo com relatório da Organização das Nações Unidas – ONU1, 54%


da população vive em grandes cidades, ou próxima do litoral. Em 1990, tínhamos
10 megacidades; hoje, menos de três décadas depois, viajamos para 28
megacidades, projetadas ou não para receber tantos habitantes, todos em busca
de ascenção em suas carreiras e vida, em busca de viver seus sonhos.
A urbanização nas megacidades, ou a desocupação nas cidades
pequenas, sobre as quais negativamente falamos e que quase não aparece nos
mapas, mostra exemplos de inovação, resgatando velhos modelos vivenciados
nas comunas judaicas, que dividiam suas vidas de “parede e meia”, entre cristãos
e muçulmamos, com economia extremamente agrícola, administrando suas
necessidades com base em trocas, usando os bens que possuíam. Nossa
sociedade recriou e inovou conceitos milenares. Hoje, vivemos em “parede e
meia” com vizinhos sobre os quais, muitas vezes, nem sabemos a nacionalidade;
trocamos nosso esforços por outros artefatos para sobrevivência, ou apenas por
sonhos êfemeros. Começamos a conviver com o conceito de economia
colaborativa: é “chique e está na moda” trocar roupas usadas em um bazar;
customizar peças é fashion. Assim também aquela velha horta que sua avó
cultivava para ajudar nas despesas da casa ganhou os espaços urbanos e possui
o nome de Horticultura com Design.
E ainda tem mais: Você já ouviu falar de Piracanga? Piracanga pode ser
seu destino depois de ler este trecho. É uma pequena comunidade “paradísiaca”
no interior da Bahia. Vamos às caracteristicas: mar e rios de água doce correndo
lado a lado. Basta escolher em qual se banhar. Tem natureza com coqueiros e
areia. Pessoas que compartilham uma visão sistêmica da vida em sociedade, que
acreditam em sustentabilidade, pois a energia solar é utilizadas nas casas e ruas.
Falando em casas, existem moradores que optaram por compartilhar suas casas
em lugares onde existem casas comunitárias, desenvolvendo outras concepções
de família. Cada um vive dentro da casa comunitária sendo respeitado em sua
individualidade, mas com regras gerais. Piracanga tem escola, policiamento, e é
proibido o uso de drogas. Possivelmente, você vai comprar aquele coco e

1 Maiores informações podem ser obtidas em: <https://www.unric.org/pt/actualidade/31537-


relatorio-da-onu-mostra-populacao-mundial-cada-vez-mais-urbanizada-mais-de-metade-vive-em-
zonas-urbanizadas-ao-que-se-podem-juntar-25-mil-milhoes-em-2050>. Acesso em: 11 set. 2018.
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perguntar para o vendedor: Por que escolheu vender coco na praia? Ele vai
responder: Para viver 365 dias de bem com a vida, pois preciso de pouco para
viver. Uma ótima notícia: Picaranga recebe turista e também gera renda por meio
daqueles que queiram aproveitar esse modelo social: todo dinheiro é revertido
para a comunidade. O modelo de Picaranga é uma nova forma de vida em
comunidade, não sendo tão pequena para ainda depender de externos, e
contando com um agrupamento humano restrito àqueles que queiram permanecer
e seguir as regras. Parece que estamos retomando o conceito de viver entre os
muros das pequenas comunas.
Saímos da paradisíaca Picaranga e vamos para a frenética Nova York. Em
canteiros de prédios comerciais do Brooklin, floreceu o projeto econômico das
Hortas Urbanas, Horticultura como Design, um negócio social. Os funcionários
dos prédios se uniram, começaram a fazer pequenas hortas e a comercializar as
hortaliças para os restaurantes próximos. Esse modelo ganhou as ruas e, nos dias
atuais, conseguimos reconhecer projetos de hortas urbanas em distintas cidades
do mundo. É importante reforçar que o projeto iniciado no Brooklin tem as marcas
de uma população que já foi marginalizada, constituída de povos de vários lugares
do mundo; essas pessoas conseguem conviver com a busca constante por
diminuir a violência, deixando em cada período da história sua marca, tanto nos
muros como na luta pela independência do seu povo. O negócio social iniciado no
Brooklin vislumbra ser uma das correntes que vão gerar muita renda no futuro.
Qual o motivo? Produto direto do produtor para a mesa. Economia na distribuição
e, como consequência, alimentos mais acessíveis, com distribuição dos lucros
para um maior número de pessoas.
Vejamos o exemplo da BRFoods, empresa do ramo alimentício, detentora
de várias marcas conhecidas por nós brasileiros. Essa empresa dá preferência a
produtores locais que tenham “ficha limpa” no Ibama e no Ministério do Trabalho;
além disso, privilegia contratações dos moradores das cidades nas quais está
instalada. Em seu plano de carreira, desenvolve os colaboradores para
alcançarem distintos cargos de liderança na empresa. É uma empresa
internacional que estabeleceu políticas de acordo com as normas sociais para o
desenvolvimento da vida sustentável, com qualidade e respeito pelo ambiente
local.

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A urbanização sustentável requer que os arquitetos e engenheiros
repensem os espaços urbanos de moradia, de locomoção e de convivência nos
condomínios.
Vamos voltar a falar de Piracanga, que é uma inovação nos tempos atuais,
pois conjuga sustentabilidade, economia solidária e convivência pacífica de vários
moradores que, em comum acordo, decidem viver juntos, sem imposição de
permanecer por conta de bens adquiridos.
Picaranga também exemplifica como podemos conviver com bens
sustentáveis e transformar energias da natureza em recursos dentro dos nossos
lares, sem devastações. Esse exemplo abarca várias teorias sociais e avanços
tecnológicos desenvolvidos nos últimos anos. Piracanga é uma pequena
comunidade conectada, que implantou placas solares para geração de energia,
construiu um novo código social, além de outros pilares, mas não é um lugar de
antigos milionários (você pode pensar isso por causa das placas solares, não é?).
As pessoas acreditam numa possibilidade de vida alternativa. Faça uma pesquisa
e descubra mais sobre Picaranga. Por enquanto, saiba que as placas solares
comercializadas têm duração de 50 anos; também podemos adequar elementos
descartáveis e estabelecer sistemas de captura de luz solar e transformá-la em
energia. Caso você não seja um expert em construir apenas assistindo a vídeos
na Internet, pesquise empresas que se dedicaram a construir sistemas de placas
solares acessíveis para a população, gerando energia limpa e sustentável.

TEMA 2 – CIDADES INOVADORAS E EDUCADORAS

Se reconhecemos que precisamos revisitar conceitos estabelecidos e


desenvolver novas possibilidades de sistema educacional e de processo de
urbanização, relacionamos essa necessidade ao dever de revisitar e de buscar
perspectivas inovadoras para a formação do cidadão que emerge em um cenário
que, muitas vezes, se apresenta de forma desigual, provocando intolerância,
violência, insegurança, transfomando moradias em prisões, com uma mobilidade
que aumenta o distanciamento entre classes sociais e pessoas, com promoção
da degradação ambiental, além de tantas outras temáticas.
Diante dessas questões, ao estabelecer uma gestão inovadora para as
cidades, as escolas serão afetadas, e as novas gerações vivenciarão novas
realidades.

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Quando tratamos de cidades educadoras, podemos contar com a
Associação Internacional de Cidades Educadoras (Aice), que tem por objetivo
contribuir para que o debate se transforme em políticas públicas, e para que novas
percepções de cidades possam ser edificadas entre os cidadãos.
Segundo a Aice2, conforme a Carta das Cidades Educadoras, uma cidade
educadora

tem personalidade própria, integrada no país onde se situa; é, por


consequência, interdependente do território do qual faz parte. É
igualmente uma cidade que se relaciona com o meio envolvente, outros
centros urbanos do seu território e cidades e outros países. O seu
objectivo principal permanente será de aprender, trocar, partilhar e, por
consequência, enriquecer a vida dos seus habitantes.

Desde 1990, as cidades têm se mobilizado para compreender o fenômeno


da sociedade. Assim, várias temáticas fazem parte da discussão:

Quadro 1 – Temáticas discutidas pelas cidades educadoras

Ano Local Tema


1990 Barcelona/Espanha A cidade educadora para crianças e jovens

1992 Gotemburgo/Suécia A educação permanente

1994 Bolonha/Itália Multiculturalismo. Reconhecer-se: para uma geografia


das identidades
1996 Chicago/EUA As artes e humanidades como agentes de mudança

1999 Jerusalém/Israel Levar o legado e a história para o futuro

2000 Lisboa/Portugal A cidade, espaço educativo para o novo milênio

2002 Tampere/Finlandia O futuro da educação: o papel da cidade em um mundo


globalizado
2004 Genova/ Itália Outra cidade possível: o futuro da cidade como projeto
educativo
2006 Lyon/França O papel das pessoas nas cidades

2008 São Paulo/Brasil Construção de cidadania em cidades multiculturais

2010 Guadalajara/México Esporte, política pública e cidadania. Desafios de uma


cidade educadora
2012 Changwon/Coreia do Sul Meio ambiente verde, educação criativa

2014 Barcelona/Espanha Uma cidade educadora é uma cidade que inclui

2016 Rosário – Argentina Cidades, territórios de convivência.

2018 Cascais – Portugal Harmonia entre identidade e a diversidade cultural.

Fonte: elaborado com base na Aice, 2018.

2 A Carta das Cidades Educadoras foi publicada na década de 1990 em Barcelona, e está
disponível em <Barcelona.pdf>. Acesso em: 11 set. 2018.
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Quando pesquisamos documentos elaborados com base em conferências,
o que se percebe é a busca por soluções para os enfrentamentos dos dilemas
sociais vivenciados por todos nós neste momento. Busca-se de forma intencional
encontrar uma solução para os problemas existentes, o que acontece mediante
pesquisa, participação coletiva e, principalmente, uma atitude de permanência no
que tange a resolver os problemas.
Com base nas temáticas debatidas na Aeic, percebemos como os polos,
antes antagônicos – Estado e População –, aproximam-se para apresentar ideias
que, transformadas em cidades comprometidas, possam compreender os
cidadãos desse novo século. Vejamos alguns exemplos de inovações nas
cidades:

 Valongo (Portugal) – Biblioteca Humana de Valongo: a bilbioteca é


direcionada para jovens entre 14 e 15 anos; seu acervo é constituído por
títulos que tratam da inclusão social, da diversidade cultural, da igualdade
de oportunidades, de direitos humanos, entre outros. A diversidade de
livros e as atividades promovidas têm aumentado os empréstimos de livros
entre os diferentes grupos da cidades, como ciganos, imigrantes e
homossexuais.
 Bruzelas – Práticas Cívicas: na perspectiva da construção de uma
sociedade mais democrática, justa e inclusiva, com respeito a todas as
pessoas, existem centros educativos municipais espalhados pela cidade
que buscam promover ações educativas para cidadania, convertendo
alunos em cidadãos, e cidadãos autônomos, livres, responsáveis e
solidários.

Percebe-se que o objetivo é desenvolver ações altruístas por meio de


atividades solidárias em entidades públicas. O que vemos é que os projetos nas
cidades consideradas inovadoras perpassam o processo educacional, moldando
um sentimento de pertencimento naqueles que optaram por fazer do planeta novo
espaço de morada.

TEMA 3 – ECONOMIA CRIATIVA

Você já ouviu falar de Margaret Thatcher? Uma mulher de personalidade


forte, que permaneceu 11 anos no comando da Grã-Bretanha como Primeira
Ministra, conhecida popularmente como Dama de Ferro. Suas políticas de

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governo conseguiram recuperar o Reino Unido da grave situação econômica em
que se encontrava, fortalecendo a iniciativa privada.
Outro nome importante é Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos
entre 1981 e 1989, período marcado por novas políticas econômicas, recuperando
os cofres públicos por meio do estímulo da oferta e da isenção de impostos em
algumas atividades. Esse é o cenário inicial da temática desta aula. O termo
“Economia Criativa” foi apresentando ao mundo num dos discursos da renomada
política Margaret Thatcher, que alguns consideram como precursora do avanço
do neoliberalismo na economia mundial; em parceria com o presidente dos
Estados Unidos, ela promoveu uma revisão do papel do Estado na vida dos
cidadãos e na divisão da riqueza.
Mais próximos de terras nacionais, no país vizinho Chile, Pinochet já havia
implantando políticas governamentais de estado mínimo antes do final da década
de 1970. No Brasil, desde 1989, com Collor de Mello, as políticas governamentais
neoliberais refazem o papel do Estado.
Houve, então, uma “reinvenção” da figura do Estado, recriando a ordem
social e política existente até o momento, com distinção de público e privado. Uma
reconfiguração que possui como pilares privatizar e desregulamentar, como
exercício de sobreviência de governos atuais e livres. Seja por ineficiência do
estado em atender às demandas econômicas e sociais ou por não vencer lacunas
historicamente enraizadas no arcabouço das economias, o neoliberalismo
apresentou-se mundialmente e realizou o empoderamento da economia criativa.
Aos críticos e/ou adeptos do neoliberalismo, dos legados da Dama de Ferro
ou da predominância estadunidense, pode-se dizer que não construímos uma
régua para medir seus sucessos e insucessos; o que podemos é reconhecer que,
após esse momento histórico, a economia mundial transformou-se. O Estado
aparentemente intervém com menos ênfase política e econômica; como
consequência, retira-se das políticas sociais.
Cabe à história o papel de revisitar os fatos e refazer a ideia pelo movimento
de cada cidadão. Nesse mundo complexo e globalizado em que enfrentamos
crises difíceis, discrepância econômica cada vez mais presente na esfera social,
com a desigualdade tornando-se marginalizada, e principalmente desaparecendo
da observação crítica da população, a economia criativa apresenta-se como uma
das perspectivas para responder os desafios culturais, econômicos e
tecnológicos.

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Com base em exemplos, principalmente do Reino Unido, é possível
perceber que a economia criativa movimenta a economia, mas também é utilizada
como propulsora para o desenvolvimento de projetos de inclusão social, de
diversidade de negócios, de elevação do nível de ciência produzida e de novas
formas de trocas de bens e serviços.
A economia criativa mescla os valores econômicos com os culturais,
favorecendo que a inovação popularize-se e ganhe espaço nos mercados
mundiais, provocando riqueza econômica e social com base em singularidades
locais.
O termo “economia criativa” foi criado pelo professor John Howkins, em seu
livro célebre The Creative Economy: how people make money from ideas,
publicizado pela Dama de Ferro. A definição para economia criativa pode ser
assumida da seguinte forma: “atividade em que pessoas de forma individual ou
coletiva exercitam sua imaginação explorando o valor econômico daquela
proposta”.
O pilar da economia criativa consiste em interligar os projetos de cultura,
economia e tecnologia. A economia criativa engloba todo tipo de negócio que gera
valor econômico com base na junção dos elementos de cultura e tecnologia.
Assim, a matéria-prima dos projetos de economia criativa está centrada no
cognitivo coletivo – capital intelectual –, no uso da tecnologia e na associação à
cultura existente, ou que será produzida.

TEMA 4 – ESCOLAS INOVADORAS

O binômio que envolve quantidade e qualidade é um fenômeno vivenciado


dentro do ambiente educacional, e muitas escolas conseguiram no decorrer do
desenvolvimento de sua história realizar projetos inovadores que acompanhados
de muito esforço renderam o reconhecimento por suas práticas.
A cultura da inovação também é presente no ambiente educacional de
forma polissêmica, modificando-se em abrangência e profundidade, dependendo
de cada cultura organizacional.
Autores como Masetto (2012), Cunha (2001) e Carbonell (2002) apontam
que a inovação educacional traz os seguintes elementos:

a. Intencionalidade: todo projeto possui uma marca de intervenção social.


b. Histórico-social: acontece mediante tempo, espaço e sujeitos sociais.

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c. Resultado de tensões: emerge de diálogos e discussões dos vários sujetios
envolvidos.
d. Planjeamento estratégico: faz parte de um processo sistemático realizado
de forma coletiva.

Ainda podemos aprender com Hernandez e Sancho (2000) que a inovação:

a. Nunca se inicia sem passado – tem história.


b. Tem processos estabelecidos.
c. Tem tensões em dialógos e práticas.
d. Modifica concepções de ensino, a forma de aprender, a organização
curricular, as técnicas de avaliação, o acompanhamento dos alunos.
e. Responde às necessidades dos sujeitos da escola.
f. É construída de forma plural.
g. Tem participação efetiva da direção da Escola.
h. Precisa de um grupo que impulsione as mudanças.
i. Democratiza o discurso.

Com base nos elementos mencionados acima, percebemos que o tema da


inovação no ambiente educacional também é complexo por sua abrangência, e
que se assemelha aos processos de implantação da cultura organizacional para
inovação vivenciada em outro setor.
Vejamos alguns exemplos de escolas inovadoras:

 O projeto Escola Barco leva tecnologia e educação para as populações que


não conseguem chegar às escolas por conta das enchentes em
determinadas épocas do ano. Esse projeto acontece em Bangladesh, na
Índia.
 Na Wooranna Park Primary School, o aprendizado é autônomo. Os alunos
organizam seus estudos com base em seus interesses e os professores
são mediadores para o desenvolvimento da aprendizagem. O espaço
também é compreendido como parte do projeto inovador, pois é concebido
para que os alunos tenham percepção de que estão num parque para
diversão. Os alunos estudam em qualquer ambiente.
 A escola The Future School Program utiliza tecnologia para desenvolver as
habilidades necessárias para os profissionais do século XXI. O currículo é
organizado por projetos e experimentos, possibilitando que os alunos

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realizem seu processo de aprendizagem por meio de desafios. A The
Future School Program está localizada em Pequim.
 O Projeto Âncora (São Paulo) foi fundando em 2012, com base nas
orientações de uma aprendizagem para o desenvolvimento de cidadãos
para o século XXI que aprendem em comunidades de aprendizagem. Os
ideários do Projeto Âncora estão centrados em valores (afetividade,
honestidade, respeito, responsabilidade e solidariedade),
multirreferencialidade teórica e marco legal. A proposta pedagógica é uma
convergência de tendências e referências educacionais, perpassando das
contribuições de Freinet até Deleuze, com olhares dos grandes educadores
brasileiros.

A cada ano, os órgãos reguladores democratizam diversas experiências


nacionais e internacionais que conferem às instituições de ensino o título de
“escolas inovadoras”. O que se percebe é que existem muitos projetos inovadores,
mas que acontecem de forma pontual, corroborando para os preceitos conceituais
de inovação, ou seja, a inovação acontece mediante organização sistemática de
profissionais que, ao perceberem determinada necessidade, organizam-se para
resolver aquele problema e, com base em discussões e tensões, implementam e
persistem no tempo com suas proposições. Os projetos inovadores não estão
atrelados ao processo de tecnologia, mas à mudança de determinado assunto,
envolvendo ou não aparato tecnológico.
Como também nas demais áreas, a inovação acontece em determinado
loco, portanto, não provoca mudanças estruturais em todos os ambientes
educacionais. Diante da magnitude e da complexidade do sistema educacional, a
inovação educacional acontece em ilhas de excelência que agregam o binômio
qualidade de profissionais e quantidade de intenções envolvida.

TEMA 5 – NÔMADES PELA SOBREVIVÊNCIA

Quando Alvin Toffler, autor futurista, escreveu seus livros profetizando os


acontecimentos do presente, muito dos aparatos tecnológicos existentes ainda
nem era pesquisado. Os livros de Toffler tornaram-se recordistas de venda, pois
mostravam o futuro; hoje, conseguimos comprovar suas altas taxas de acerto.
Na obra A Terceira Onda, Toffler (1975) afirma que a humanidade passou
basicamente por três grandes ondas: 1) a primeira, quando deixamos de ser

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nômades para ser tipicamente agrícolas; 2) a segunda, quando deixamos de ser
agrícolas para sermos industriais; 3) a terceira onda fala das migrações das
populações pelo mundo.
A morte do industrialismo trouxe o nascimento de uma nova civilização que,
novamente, não teria apenas um endereço físico, e que compreenderia os
processos de mudança de forma natural; os seres humanos seriam imortais, os
mercados teriam cunho invisível; o meio ambiente seria inteligente; a memória
seria social. A terceira onda de Toffler (1975) registrava justamente a revolução
do conhecimento e da informação.
Toffler afirmava, nos livros escritos nas décadas de 1960, 1970 e 1980, que
uma bomba de informação está explodindo em nosso meio, alterando a forma
como nos identificamos e mudando o modelo mental da realidade, das famílias e
das escolhas.
Num dos capítulos do livro dedicado justamente à “Cabana Eletrônica”, o
autor faz menção a que, partindo de nossas casas, pode-se realizar projetos,
como as atividades cotidianas da fábrica e do escritório, sugerindo que as novas
gerações podem fazer uma transição do trabalho centralizado para a “cabana
eletrônica”. Ainda reforça que fatores sociais e ambientais incentivam a transferir
as atividades para a cabana eletrônica, além do aumento da privacidade e uma
mudança básica na atitude da unidade familiar.
Em outro capítulo, Toffler (1975) trata das “famílias do futuro”; ele
estabelece comparações com momentos da história e demonstra como foi
importante para o desenvolvimento de uma nova família, na década de 1930, a
Grande Depressão. A má distribuição de riqueza fez com que as mulheres se
tornassem forças produtivas e os homens assumissem novos papéis. O autor
afirma que, desde aquele momento, a família nuclear não poderia ser modelo para
as novas gerações, e que a cultura de famílias sem filhos constitui-se novo modelo
de família; ainda defende que as famílias nasceriam de blips casuais e de hábeis
dedos no computador, além de muitas famílias nascerem de forma eletrônica e
expandida.
As mudanças previstas por Toffler são concebidas como inovação para
manutenção da sobrevivência na terra. Inovações que percebemos no cotidiano
de nossas vidas.
Aprendemos com Toffler que ninguém sabe exatamente o que reserva o
futuro, ou como ele funcionará. Devemos pensar em milhares de experiências –

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descentralizadas, conscientes – que nos permitam tomar decisões políticas e
sociais em nível local, regional, antes de sua aplicação em nível transnacional.
Aprendemos, também, que a responsabilidade pela inovação deve ser
democratizada, partindo de empreendedores e de forma plural; o processo de
reconstrução está em nós como possibilidade de criarmos o destino para as
futuras gerações.

FINALIZANDO

Nesta aula, buscamos conhecer projetos inovadores em distintos espaços,


além de apresentar as reflexões sobre mudanças sociais do futurista Alvin Toffler.
Percebemos que a inovação está presente no processo de qualidade de
vida dos profissionais nas empresas, em novas formas de conceber moradia,
distribuição de alimentos e sustentabilidade.
Também reconhecemos cidades que mudaram sua forma de conceber os
espaços urbanos, sua convivência e relacionamentos, com novas perspectivas de
sistema educacional e outros elementos.

LEITURA OBRIGATÓRIA

Texto de abordagem teórica

CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

O sociólogo Marcos Masetto organiza uma obra que trata do processo de


inovação no ensino superior, demonstrando, com base em estudos de caso, como
a inovação é possível e necessária para o desenvolvimento de cidadãos com
habilidades profissionais para o século XXI.

Texto de abordagem prática

CÂNDIDO, A. C. Inovação disruptiva: reflexões sobre suas características e as


implicações para o mercado. IET Working Papers Series. Portugal, 2011.
Disponível em: <https://run.unl.pt/bitstream/10362/6912/1/WPSeries_05_2011AC
C%25C3%25A2ndido-1.pdf>. Acesso em: 11 set. 2018.

Este texto aborda como o mercado pode sofrer alterações por meio de
produtos inovadores que criam novas possibilidades, rompendo com os
paradigmas existentes.
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Saiba mais

GOOGLE. Google Cloud. Criar uma cultura de inovação: oito ideias que
funcionam no Google. Disponível em: <https://gsuite.google.com.br/intl/pt-
BR/learn-more/creating_a_culture_of_innovation.html>. Acesso em: 11 set. 2018.

Este texto demonstra como a Google, considerada uma das empresas mais
inovadoras do mundo, promove diariamente inovação entre seus colaboradores.

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REFERÊNCIAS

AICE – ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DAS CIDADES EDUCADORAS.


Disponível em: <http://www.aice.org/>. Acesso em: 11 set. 2018.

CARBONELL, J. A aventura de inovar: a mudança na escola. Porto Alegre:


Artmed, 2002.

CUNHA, M. I. da. Inovações: conceitos e práticas. In: CASTANHO, S.;


CASTANHO, M. E. (Org.). Temas e textos em metodologia do ensino superior.
Campinas: Papirus, 2001.

HERNÁNDEZ, F.; SANCHO, J. M. Aprendendo com as inovações nas escolas.


Porto Alegre: Artmed, 2000.

MASETTO, M. (Org.). Inovação no ensino superior. São Paulo: Loyola, 2012.

TOFFLER, A. A terceira onda. v. 6. São Paulo: Pioneira, 1975.

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