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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA – EEL


CENTRO TECNOLÓGICO – CTC

Ensaios de Comissionamento de
Gerador Síncrono em Usinas
Hidrelétricas

Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina


como requisito para a aprovação da disciplina:
EEL 7890: Projeto Final

Thiago Venialgo Tavares

Florianópolis, agosto de 2010


Comissionamento de Gerador Síncrono em Usinas
Hidrelétricas

Thiago Venialgo Tavares

Esta monografia foi julgada no contexto da disciplina


EEL 7890: Projeto Final
e aprovada na sua forma final pelo
Curso de Engenharia Elétrica

Banca Examinadora:

Professor Dr. Jean Vianei Leite


Orientador do Curso

Prof. Dr. Mauricio Valencia Ferreira da Luz


Avaliador

Prof. Dr. Nelson Jhoe Batistela


Avaliador
Agradecimentos

Ao meu Pai Carlos que sempre me aconselhou a tomar as decisões corretas


nas decisões que a vida nos impõe e que o estudo é o melhor caminha paro o
engrandecimento pessoal e profissional. Minha mãe de coração, Maria Erni, que
junto ao meu pai, esteve sempre presente em grande parte da minha vida, com
palavras de carinho quando estas eram necessárias.

À minha mãe Maria Hilda, pelo amor e ombro de mãe sempre a minha
disposição, ouvindo os desabafos nas dificuldades e compartilhando as lágrimas e
sorrisos em todos os momentos. Ao meu pai de coração Vanderlei, que junto a
minha mãe, esteve ao meu lado dividindo os problemas e os méritos. Ao meu irmão
Matheus, que com sua inocência de criança, me ensinou a ver e levar a vida com
outros olhos e de outra maneira.

A todos os colaboradores da Engevix Engenharia S.A, especialmente à Akila


Matos e aos engenheiros Vitor Machado e Osmar Tessmer, por me auxiliarem na
elaboração deste trabalho e estarem ao meu lado nos momentos de aprendizado.

Ao meu orientador Jean, pelo incentivo e auxílio.

A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram de alguma forma


para a elaboração deste e conclusão do curso.

i
Resumo

Este trabalho tem por objetivo a abordagem dos ensaios que são realizados
em geradores síncronos desde a etapa de inspeção em fábrica até a etapa de
comissionamento.

A finalidade deste trabalho é explorar os ensaios que são comumente


realizados, de uma maneira mais sucinta e prática, englobando todas as diretrizes
encontradas nas normas em um único trabalho, facilitando a busca e o entendimento
quando for se tratar de geradores síncronos.

No início será apresentada uma breve fundamentação teórica, descrevendo


os principais parâmetros que envolvem o circuito equivalente do funcionamento das
máquinas síncronas em regime permanente e transitório, sendo apresentado através
de modelos, esquemáticos e equações. Na sequência serão discutidos os ensaios,
levando em consideração os métodos que são feitos e os critérios de aceitação
pertinentes.

Por fim será concluída a abordagem, apresentando as principais idéias


levantadas e questionadas durante o trabalho.

Palavras-chave: Gerador síncrono. Ensaios de comissionamento. Inspeção de


Geradores. Determinação de Pârametros.

ii
Abstract

The present work has the objective to approach experiments of synchronous


generators, which include the stage that goes from the initial inspection in the factory
to the commissioning.

The focus of this work is to explore these widely used experiments in an


succinct and practical way, including all the guidelines found in the regulations and
also simplifying the research and the comprehension about synchronous generators.

First, it will be presented a brief theory fundament, which will describe the
main parameters that involve the synchronous machine operating in steady and
transitory state, that will be presented through models, schematic and equations.
After this stage, these experiments will be discussed taking in consideration the
methods applied and the acceptance´s criteria.

Finally, the work will be concluded with the presentation of the main ideas
exposed and questioned along the development of the essay.

Key-Words: Synchronous Generator. Performance Testing. Parameter


Determination.

iii
Lista de Figuras

Figura 1: Estrutura de um rotor de pólos salientes (Fonte: [1]). ........................ 7


Figura 2: Foto de um rotor de pólos salientes (Fonte: [1]). ............................... 8
Figura 3: Estrutura de um rotor de pólos lisos (Fonte: [1])................................ 8
Figura 4: Foto do estator da Usina de Itaipu (Fonte: Itaipu Binacional). ........... 9
Figura 5: Rotor com excitatriz "brushless" (Fonte: [1]).................................... 10
Figura 6: Esquema de ligação de uma excitatriz "brushless" (Fonte: [1]). ..... 11
Figura 7: Circuito equivalente monofásico de um gerador síncrono (Fonte: [1]).
.................................................................................................................................. 12
Figura 8: Corrente de falta nas três fases (Fonte: [1]). ................................... 17
Figura 9: Componentes simétricas CA da corrente de falta (Fonte: [1]). ........ 18
Figura 10: Valores rms das componentes CA da corrente de falta (Fonte: [1]).
.................................................................................................................................. 19
Figura 11: Curvas de característica em vazio e em curto-circuito (Fonte: [6]).
.................................................................................................................................. 22
Figura 12: Variação da componente periódica da corrente de armadura em
função do tempo - última parte do gráfico constituída por linha reta (Fonte: [6])....... 24
Figura 13: Variação da componente periódica da corrente de armadura em
função do tempo - última parte do gráfico constituída por curva (Fonte: [6]). ........... 24
Figura 14: Esquema de ligação para medição da resistência de isolamento e
IP do estator. ............................................................................................................. 32
Figura 15: Coeficiente de correção de temperatura para o teste de resistência
de isolamento (Fonte: [6]).......................................................................................... 34
Figura 16: Circuito para teste de tensão aplicada. ......................................... 37
Figura 17: Circuito básico para um sequencímetro (Fonte [6]). ...................... 39
Figura 18: Circuito equivalente em sequência negativa. ................................ 44
Figura 19: Circuito para ensaio de reatância de sequência negativa (Fonte:
[6]). ............................................................................................................................ 44
Figura 20: Circuito equivalente em sequência zero. ....................................... 45
Figura 21: Circuito para ensaio de reatância de sequência negativa (Fonte:
[6]). ............................................................................................................................ 45
Figura 22: Conjunto de curvas V (Fonte: [6]). ................................................. 47
iv
Figura 23: Medição do nível de ruído (Fonte: WEG). ..................................... 50
Figura 24: Esquemático para ensaio em vazio no comissionamento (Fonte:
[3]). ............................................................................................................................ 59
Figura 25: Curvas resultantes do ensaio em vazio (Fonte: WEG). ................. 60
Figura 26: Esquemático para ensaio de curto circuito trifásico no
comissionamento (Fonte: [3]). ................................................................................... 61
Figura 27: Curva de curto-circuito (Fonte: WEG). .......................................... 62
Figura 28: Esquemático para ensaio de rejeição de carga ativa (Fonte: [3]). . 64
Figura 29: Rejeição de carga a 25% (Fonte: Voith). ....................................... 66
Figura 30: Rejeição de carga a 50% (Fonte: Voith). ....................................... 66
Figura 31: Rejeição de carga a 75% (Fonte: Voith). ....................................... 67
Figura 32: Rejeição de carga a 100% (Fonte: Voith). ..................................... 67

v
Sumário

Capítulo 1: Introdução ...................................................................................... 1

1.1: Inspeções em Fábrica ............................................................................ 2

1.2: Comissionamento .................................................................................. 2

1.3: Estrutura do Trabalho ............................................................................ 4

Capítulo 2: Funcionamento de um Gerador Síncrono ...................................... 6

2.1: Estrutura do Rotor .................................................................................. 6

2.2: Estrutura do Estator ............................................................................... 9

2.3: Estrutura da Excitatriz ............................................................................ 9

2.4: Circuito Equivalente ............................................................................. 11

2.5: Definição dos Principais Parâmetros em Estado Permanente ............. 14

2.5.1: Reatância Síncrona ....................................................................... 14

2.5.2: Reatância de Dispersão ................................................................ 15

2.5.3: Resistência de Campo .................................................................. 15

2.5.4: Resistência de Armadura .............................................................. 16

2.5.5: Relação de Curto-Circuito ............................................................. 16

2.6: Definição dos Principais Parâmetros em Estado Transitório ............... 16

2.6.1: Reatância Transitória de Eixo Direto ............................................. 19

2.6.2: Reatância Transitória de Eixo em Quadratura............................... 19

2.6.3: Reatância Sub-transitória de Eixo Direto ....................................... 19

2.6.4: Reatância Sub-transitória de Eixo em Quadratura ........................ 20

2.6.5: Constante de Tempo Transitória em Circuito Aberto em Eixo Direto


........................................................................................................................... 20

2.6.6: Constante de Tempo Transitória em Curto-Circuito em Eixo Direto


........................................................................................................................... 20

vi
2.6.7: Constante de Tempo Sub-transitória em Circuito Aberto em Eixo
Direto.................................................................................................................. 20

2.6.8: Constante de Tempo Sub-transitória em Curto-Circuito em Eixo


Direto.................................................................................................................. 21

2.6.9: Constante de Tempo Sub-transitória em Curto-Circuito em Eixo em


Quadratura ......................................................................................................... 21

2.7: Determinação dos Principais Parâmetros ............................................ 21

2.7.1: Reatância Síncrona de Eixo Direto Não-Saturada ........................ 22

2.7.2: Relação de Curto-Circuito ............................................................. 23

2.7.3: Reatância Transitória de Eixo Direto ............................................. 23

2.7.4: Reatância Sub-transitória de Eixo Direto ....................................... 25

Capítulo 3: Ensaios Realizados na Inspeção em Fábrica............................... 26

3.1: Tipos de Ensaios.................................................................................. 27

3.1.1: Ensaios de Rotina ......................................................................... 27

3.1.2: Ensaios de Tipo ............................................................................. 28

3.1.3: Ensaios Especiais ......................................................................... 28

3.2: Ensaios Estáticos ................................................................................. 28

3.2.1: Resistência Ôhmica dos Enrolamentos a Frio ............................... 28

3.2.2: Resistência de Isolamento e Índice de Polarização ...................... 30

3.2.3: Tensão Aplicada ............................................................................ 36

3.3: Ensaios Dinâmicos............................................................................... 38

3.3.1: Sequência de Fases ...................................................................... 38

3.3.2: Equilíbrio de Tensões .................................................................... 39

3.3.3: Distorção Harmônica ..................................................................... 40

3.3.4: Ensaio em Vazio ............................................................................ 41

3.3.5: Curto-Circuito Trifásico Permanente ............................................. 41

3.3.6: Elevação de Temperatura ............................................................. 42

3.3.7: Curto-Circuito Trifásico Instantâneo .............................................. 43

vii
3.3.8: Reatância de Sequência Negativa: X2 ........................................... 43

3.3.9: Reatância de Sequência Zero: X0 ................................................. 45

3.3.10: Tensão no Eixo ............................................................................ 46

3.3.11: Curva V........................................................................................ 46

3.3.12: Vibração ...................................................................................... 47

3.3.13: Sobrevelocidade .......................................................................... 48

3.3.14: Nível de Ruído ............................................................................. 49

3.4: Perdas e Rendimento .......................................................................... 50

3.4.1: Perdas no Cobre (Perdas Joule) ................................................... 50

3.4.2: Perdas no Ferro ............................................................................. 52

3.4.3: Perdas Mecânicas ......................................................................... 52

3.4.4: Perdas Suplementares .................................................................. 53

Capítulo 4: Ensaios de Comissionamento ...................................................... 54

4.1: Características da Máquina Comissionada .......................................... 54

4.2: Ensaios Estáticos ................................................................................. 55

4.2.1: Resistência de Isolamento e Índice de Polarização ...................... 55

4.2.2: Tensão Aplicada ............................................................................ 56

4.2.3: Resistência Ôhmica ....................................................................... 57

4.3: Ensaios Dinâmicos............................................................................... 58

4.3.1: Ensaio a Vazio ............................................................................... 58

4.3.2: Curto-Circuito Trifásico .................................................................. 61

4.3.3: Sequência de Fases ...................................................................... 63

4.3.4: Rejeição de Carga Ativa ................................................................ 63

4.3.5: Elevação de Temperatura ............................................................. 69

Capítulo 5: Conclusão .................................................................................... 71

Bibliografia: ..................................................................................................... 73

viii
Capítulo 1: Introdução

Dentre os principais tipos de máquinas elétricas existentes, máquina de


indução, de corrente contínua e máquinas síncronas, este estudo tratará das
máquinas síncronas. Estas são assim denominadas por operarem sob velocidade e
frequência constante quando estão em regime permanente. Estas máquinas podem
operar como motor (quando converte energia elétrica em energia mecânica) ou
como gerador (quando converte energia mecânica em energia elétrica), dependendo
da configuração sob a qual está submetida. Porém, para aplicações como motores,
as máquinas síncronas são menos usadas, pois seus custos são mais elevados e
alguns parâmetros construtivos fazem com que os outros tipos se sobressaiam para
esta aplicação. Por isso, são mais usadas como geradores.

As principais aplicações dos geradores síncronos são em usinas geradoras


de energia, principalmente as hidráulicas e térmicas. Estas usinas usam turbinas
para transformar a energia da fonte em energia mecânica, que por sua vez, é
transformada em energia elétrica através dos geradores síncronos. No Brasil, grande
parte da matriz energética é constituída por hidrelétricas.

Para que uma usina, e consequentemente um gerador possa entrar em


geração comercial, em outras palavras, estar apto a gerar energia que pode ser
comercializada, devem ser feitos uma série de ensaios a fim de comprovar o seu
bom funcionamento. Para o casa dos geradores, estes ensaios começam a ser
realizados durante o processo de fabricação do equipamento, terminando no que se
chama de comissionamento, com o equipamento montado em seu local e sob
condições reais de operação.

Neste trabalho não será analisado um gerador específico, mas sim, feita uma
abordagem geral tomando por base a experiência adquirida em inspeções em
fabricantes e comissionamento de diversos geradores diferentes, de diversos portes.

1
1.1: Inspeções em Fábrica

As inspeções em fábrica são ensaios realizados no equipamento durante o


seu processo de fabricação e depois de concluído. O intuito é que seja verificada a
conformidade entre equipamento fabricado e o que foi contratado para fornecimento.

Além disso, é verificado se o equipamento está em boas condições


operativas. Muitos dos ensaios poderiam ser realizados diretamente com o gerador
em campo, porém a estratégia de se realizar os ensaios nas dependências do
fabricante é válida no sentido de que caso haja alguma irregularidade que deve ser
reparada, o equipamento está em seu local de fabricação, onde estão alocadas toda
a equipe e instrumentação necessária para que os ajustes possam ser feitos de
maneira mais eficiente.

Uma vez inspecionado e aprovado, o gerador é transportado (inteiro ou em


partes, dependendo do tamanho da máquina) para a obra, onde será montado em
seu local definitivo de funcionamento, junto a todos os equipamentos que compõe a
chamada Unidade Geradora (UG).

1.2: Comissionamento

De acordo com [20], a definição de comissionamento é um conjunto de


técnicas e procedimentos de engenharia aplicados de forma integrada a uma
unidade (ou planta) industrial, visando torná-la operacional, dentro dos requisitos
estabelecidos pelo cliente final. Ainda segundo [20], o principal objetivo do
comissionamento é garantir a transferência da unidade do construtor para o
operador, de forma ordenada e segura, contribuindo significativamente para a
operabilidade da unidade quanto ao seu desempenho, confiabilidade e
rastreabilidade das informações.

Deve-se deixar claro, que embora este trabalho trate apenas de


comissionamento de geradores síncronos, todos os equipamentos eletromecânicos
instalados em uma usina devem ser comissionados, pois desta forma, assegura-se
para o cliente que tudo o que foi por ele adquirido, está funcionando conforme o que
foi projetado.

2
Para que o comissionamento possa ser iniciado e consequentemente
executado de uma maneira correta, devem ser obedecidos alguns procedimentos
padrões.

Antes do início de qualquer atividade, deve ser realizada uma reunião inicial
de comissionamento, onde estarão presentes representantes da equipe de
comissionamento, equipe de montagem, cliente e um técnico de segurança do
trabalho integrante da equipe de comissionamento. Nesta reunião, são apresentadas
as documentações referentes ao equipamento que será comissionado, definido o
tempo previsto para a execução dos ensaios, entregue o Certificado de Conclusão
de Montagem (CCM) que contém a Lista de Pendências de Montagem (LPM) e
criada uma Análise Preliminar de Risco (APR) ou Programa de Segurança do
Trabalho (PST). O técnico de segurança é responsável, com a ajuda da equipe de
comissionamento, por identificar todos os riscos que podem ocorrer durante os
ensaios no equipamento, e uma vez identificados estes riscos, deve ser realizada
uma ação preventiva para que não aconteça, ou uma instrução do que deve ser feito
caso aconteça algum incidente ou acidente.

Encerrada a reunião de abertura (ou reunião inicial), os ensaios podem ser


realizados. Para que o comissionamento possa ser feito de maneira correta, deve
ser seguido o Manual de Comissionamento. Este manual contém todos os ensaios
que devem ser realizados no equipamento, bem como a metodologia e os protocolos
para registro dos resultados. A elaboração do manual é de responsabilidade do
fabricante ou do fornecedor, sendo o cliente o responsável por sua aprovação.

Quando os ensaios são finalizados e todos os resultados protocolados, é


realizada a reunião final (ou reunião de encerramento) de comissionamento, com a
presença dos responsáveis pelas atividades realizadas, tanto por parte da equipe de
comissionamento como por parte do cliente. Nesta reunião são apresentados os
protocolos dos ensaios, a eventual lista de pendências do comissionamento e uma
vez que esta lista é aceita pelo cliente, o equipamento pode ser entregue para o
cliente.

Quando o gerador chega à obra, inicia-se o processo de montagem.


Concluída esta etapa, o supervisor de montagem deve providenciar o CCM, no qual
deve constar a assinatura do responsável técnico pela montagem e eventuais

3
pendências que não foram solucionadas. Este documento é entregue ao supervisor
de comissionamento, que fica responsável por avaliar as condições de início do
comissionamento. Caso estas condições não sejam as necessárias, o CCM é
devolvido ao supervisor de montagem, que deve providenciar as devidas correções
e iniciar o comissionamento.

Uma vez que o gerador está pronto para ser comissionado, inicia-se a etapa
de pré-comissionamento. Esta etapa consiste na calibração e inspeção de toda a
instrumentação que será usada nos ensaios. Alguns destes instrumentos são de
monitoramento e medição da própria UG, como os sensores de temperatura do
gerador, por exemplo. Outros são instalados apenas para os ensaios, sendo
retirados quando os testes são finalizados, como por exemplo, sensores de vibração.

Com a fase de pré-comissionamento concluída, o supervisor do


comissionamento realiza uma reunião com toda a equipe que será envolvida. A
reunião tem como principal objetivo a definição da sequência dos ensaios da
próxima fase do comissionamento.

Todos os resultados obtidos nos ensaios devem ser registrados em suas


respectivas planilhas, para que possam ser obtidos os parâmetros provenientes dos
ensaios, bem como para análise dos resultados e comparação com os dados
operacionais iniciais. Estes dados servirão como base para o histórico de operação e
manutenção do equipamento.

Concluída todas as etapas de comissionamento, é elaborado um relatório, e


este entregue à equipe de operação da usina. A partir deste momento, a
responsabilidade sobre equipamento deixa de ser da equipe de comissionamento e
passa a ser da equipe de operação e manutenção.

1.3: Estrutura do Trabalho

O desenvolvimento deste trabalho é apresentado da seguinte maneira.

O Capítulo 2 define e explica o funcionamento de um gerador síncrono


através de seus modelos equivalentes, tanto operando em regime permanente
quanto transitório. São definidos os principais parâmetros construtivos da máquina
que serão discutidos nos capítulos subsequentes.

4
No Capítulo 3 serão apresentados os principais ensaios que são realizados
durante o período de inspeções em fábrica dos geradores. Para cada ensaio serão
definidos o conceito, a metodologia de realização e análise dos critérios de
aceitação.

O Capítulo 4 tratará dos ensaios de comissionamento, sendo que os ensaios


que são comuns à inspeção não serão repetidos. Neste capítulo serão apresentados
resultados práticos obtidos em um comissionamento de um gerador síncrono em
uma PCH localizada no estado de Santa Catarina.

As conclusões alcançadas através deste trabalho serão discutidas no


Capítulo 5.

5
Capítulo 2: Funcionamento de um Gerador Síncrono

A presença de um campo magnético é fundamental para o funcionamento de


um gerador síncrono. Pode-se definir como a base de funcionamento do gerador,
segundo [1], a produção de uma força eletromotriz através da circulação de corrente
através de um condutor que esteja na presença de um campo magnético.

Segundo [1], uma diferença entre as máquinas síncronas, objeto deste


estudo, é que estas são máquinas cuja corrente que origina o campo magnético é
criada através de uma fonte de corrente CC independente, enquanto nas máquinas
de indução, essa corrente é criada através de indução magnética em seus
enrolamentos de campo.

A tensão gerada nos terminais de um gerador síncrono depende basicamente


de três fatores:

 Fluxo de excitação da máquina;


 Velocidade de rotação;
 Fatores construtivos da máquina, por exemplo, o número de espiras.

Nos geradores síncronos, uma corrente CC é aplicada ao enrolamento do


rotor, originando o campo magnético no rotor. Este campo é girado através da
turbina, formando o campo girante responsável pela indução de tensão nos
enrolamentos do estator.

Tratando-se de máquinas elétricas, existem dois termos para descrever seus


enrolamentos: enrolamento de campo e enrolamento de armadura. Os enrolamentos
de campo são os responsáveis pela produção do campo magnético principal da
máquina, enquanto os enrolamentos de armadura são os sob os quais a tensão é
induzida.

2.1: Estrutura do Rotor

Os rotores dos geradores síncronos são construídos com chapas


ferromagnéticas laminadas em seu núcleo, com material semelhante ao usado no
estator. A escolha do material ferromagnético é para que aumente a permeabilidade

6
magnética, fazendo com que a maior parte do fluxo magnético fique no núcleo,
diminuindo as perdas por fluxo disperso. A escolha de chapas laminadas é para que
diminua as perdas por correntes induzidas nas chapas.

Os rotores utilizados em geradores síncronos de usinas são basicamente de


dois tipos, chamados rotores de pólos salientes e rotores de pólos lisos.

Os de pólos salientes são assim chamados pelo fato de que seus pólos
magnéticos são “externos” à superfície do rotor, como mostra a Figura 1. Os rotores
com pólos salientes são mais encontrados em geradores que operam com grande
número de pólos e baixa rotação. A partir do momento que se aumenta a rotação, os
rotores de pólos salientes sofrem muito efeito da força centrífuga, por isso não são
aplicados. A Erro! Fonte de referência não encontrada. relaciona número de
pólos, frequência e rotação da máquina síncrona. Onde P é o número de pólos, η
rotação nominal em rpm e f a frequência em Hertz.

(1)

Figura 1: Estrutura de um rotor de pólos salientes (Fonte: [1]).

7
Figura 2: Foto de um rotor de pólos salientes (Fonte: [1]).

Os rotores de pólos lisos, ao contrário dos mostrados anteriormente, possuem


seus pólos construídos juntos à superfície do rotor. Essa configuração é utilizada
para rotores que operam em velocidades mais elevadas, e consequentemente, como
pode-se observar através da equação 1, menor número de pólos. A figura 3
apresenta a estrutura de um rotor de pólos lisos.

Figura 3: Estrutura de um rotor de pólos lisos (Fonte: [1]).

8
2.2: Estrutura do Estator

O estator é a parte fixa do gerador. É composto por placas ferromagnéticas


laminadas semelhantes à do rotor. Na montagem das placas, são deixados vãos que
serão preenchidos por bobinas ou barras que são interconectadas formando o
enrolamento de armadura.

Figura 4: Foto do estator da Usina de Itaipu (Fonte: Itaipu Binacional).

2.3: Estrutura da Excitatriz

Existem duas estruturas comuns para alimentar os enrolamentos de campo


de um gerador síncrono. Uma maneira é através de uma fonte de corrente CC
externa ao gerador, que injeta corrente nos enrolamentos do rotor através de
escovas, sendo uma para a alimentação positiva e outra para a negativa. Estas
escovas são direcionadas a anéis chamados de anéis coletores. Estes anéis são
estruturas que envolvem o eixo do gerador, porém são isoladas do eixo. As
terminações dos enrolamentos de campo são conectadas a esses anéis, logo,

9
através destes a corrente é fornecida aos enrolamentos, como pode ser observado
na figura 1. Essa configuração possui alguns problemas, como a necessidade de
manutenção constante nas as escovas e anéis coletores. Outro problema é a queda
de tensão sobre as escovas, o que não se torna viável para máquinas com correntes
de campo muito elevadas. Isso faz com que essa configuração de excitação seja
utilizada apenas em máquinas de pequeno porte.

Outra forma de alimentação é a chamada excitatriz “brushless”, pelo fato de


não usarem escovas. Esta estrutura é formada por outro gerador de menor porte
instalado no mesmo eixo do gerador principal. Neste gerador, o enrolamento de
armadura é montado no eixo rotor e o enrolamento de campo no estator. A corrente
gerada nos enrolamentos de armadura é retificada por uma ponte retificadora (que
pode ser composta de diodos e/ou tiristores) também localizada no eixo do rotor.
Essa corrente CC é responsável pela alimentação dos enrolamentos de campo do
rotor do gerador. Através do controle da corrente CC presente nos enrolamentos de
campo da excitatriz (estator), que é controlado pelo Regulador de Tensão (RT) da
máquina, pode-se variar a corrente de campo do rotor principal, variando assim, a
excitação da máquina e consequentemente a tensão em seus terminais. Por não
haver contato mecânico entre excitatriz e rotor da máquina, esta configuração
possibilita uma manutenção muito menor se comparada à necessária para as
escovas.

Figura 5: Rotor com excitatriz "brushless" (Fonte: [1]).

10
O esquema de ligação explicado acima é ilustrado na figura 6.

Figura 6: Esquema de ligação de uma excitatriz "brushless" (Fonte: [1]).

Como critério de segurança, muitos geradores possuem a excitatriz


“brushless” como excitatriz principal, e uma excitatriz com escovas e anéis como
excitatriz auxiliar, caso a primeira sofra algum problema.

2.4: Circuito Equivalente

Neste item será apresentado o circuito equivalente de um gerador síncrono,


segundo [1]. Para fins de simplificação, será apresentado o circuito monofásico, ou
seja, todas grandezas estão referidas entre fase e terra.

Serão discutidos aqui, os conceitos das principais grandezas construtivas que


envolvem os geradores síncronos. A determinação destas grandezas será discutida
através de dados que são obtidos através dos ensaios que serão descritos nos
capítulos seguintes.

11
Figura 7: Circuito equivalente monofásico de um gerador síncrono (Fonte: [1]).

Onde:

IF = Corrente de campo;

VF = Tensão de campo;

LF = Indutância do enrolamento de campo;

RF = Resistência do enrolamento de campo;

EA = Tensão induzida na armadura;

XS = Reatância síncrona;

RA = Resistência de armadura;

IA = Corrente de armadura;

VΦ = Tensão no terminal do gerador.

Os valores apresentados em negrito representam fasores, contendo o módulo


e ângulo de cada grandeza. Esses fasores também podem ser representados com
uma barra sobre o símbolo da grandeza, como por exemplo, ̅̅̅.

Vale ressaltar, de acordo com [1], que a tensão induzida nos enrolamentos de
armadura (̅̅̅) não é necessariamente igual à tensão gerada nos terminais da
máquina (̅̅̅). Isso só acontece quando a máquina está rodando “a vazio”, ou seja,
sem corrente circulando em seus terminais. Os fenômenos que explicam essa
diferença serão demonstrados no decorrer do trabalho.

Um grande efeito que contribui com essa diferença de tensão, conforme [1], é
a chamada reação de armadura. Isso acontece pelo fato de que quando uma carga
é conectada ao gerador, circula uma corrente pela armadura ( ̅ ). Esta corrente,

12
segundo a Lei de Ampère, produz um campo magnético. Esse campo influencia o
campo original criado no estator, alterando a tensão ̅̅̅.

Pode-se afirmar que a tensão nos terminais é a soma das tensões induzidas
pela corrente de campo (e corrente de armadura, como mostra a equação 2).

̅̅̅ ̅̅̅ ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ (2)

Tem-se que o campo magnético gerado pela corrente de armadura está


atrasado em 90° em relação ao máximo da corrente ̅ . Além disso, seu valor,
segundo a Lei de Ampère, é diretamente proporcional ao valor da corrente, com
constante de proporcionalidade X, essa constante será definida posteriormente
como reatância de dispersão. Logo, segundo [1], ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ pode ser calculado
conforme a equação 3.

̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̅ (3)

Substituindo a equação 3 na equação 2, tem-se a equação 4.

̅̅̅ ̅̅̅ ̅ (4)

Devem ser adicionadas ao efeito de reação de armadura, a indutância própria


do enrolamento do estator LA, que possui XA como reatância associada e a
resistência ôhmica desses elementos, denominada RA. Adicionando-se as quedas
de tensões nestes elementos à equação 4, temos a equação 5.

̅̅̅ ̅̅̅ ̅ ̅ ̅ (5)

Através do agrupamento das reatâncias referentes ao efeito de reação da


armadura e da indutância própria do enrolamento, obtém-se o parâmetro
denominado reatância síncrona, conforme equação 6.

(6)

Substituindo a equação 6 na equação 5, têm-se o valor da tensão no terminal


do gerador, que pode ser conferido fazendo-se a Lei de Kirchhoff no circuito
equivalente apresentado na figura 7.

̅̅̅ ̅̅̅ ̅ ̅ (7)

É comum se encontrar em análises a supressão do termo R A. Isso se dá pelo


fato de que usualmente, os valores de XA são muito maiores do que os valores de

13
RA, logo, exclui-se a contribuição da queda de tensão na resistência de armadura no
valor final da tensão nos terminais do gerador.

2.5: Definição dos Principais Parâmetros em Estado Permanente

A norma [2] define cada um dos principais parâmetros envolvidos na


construção de um gerador síncrono, que serão descritos a seguir. Serão abordados
apenas os parâmetros que dizem respeito à operação do gerador em regime
permanente, sendo os que dizem respeito ao estado transitório apresentados
posteriormente. Para a definição dos termos, serão usadas as referências [2], [3] e
[1].

2.5.1: Reatância Síncrona

A corrente de armadura ̅ pode ser decomposta em duas componentes, a


componente de eixo direto (d) e eixo em quadratura (q), como mostra a equação 8.

̅ ̅ ̅ (8)

Como a corrente ̅ é responsável pela queda de tensão na reatância


síncrona XS, cada uma de suas componentes é responsável pela queda de tensão
nas componentes de eixo direto e quadratura da reatância síncrona, definidas como
Xd e Xq respectivamente.

A reatância síncrona de eixo direto (Xd) é a razão entre a componente CA da


tensão de armadura (EA) que é produzida pelo fluxo total no eixo direto gerado pela
componente de eixo direto (Id) da corrente de armadura, pela componente CA dessa
corrente, considerando que a máquina opera na velocidade nominal. Essa reatância
ainda pode ser dividida em outras duas, a componente saturada Xds e não-saturada
Xdn.

A reatância síncrona de eixo direto não-saturada (Xdn) é determinada pela


relação entre a tensão nominal e a corrente de armadura obtida com a mesma
corrente de campo no ensaio de curto-circuito.

A reatância síncrona de eixo direto saturada (Xds) depende das condições sob
as quais a máquina está operando, estando relacionada também com a saturação
do circuito magnético da máquina.

14
A reatância síncrona de eixo em quadratura (Xq) é definida pela razão entre a
componente CA da tensão de armadura que é produzida pelo fluxo total no eixo em
quadratura gerada pela componente em quadratura (Iq) da corrente de armadura,
pela componente fundamental dessa corrente no estado permanente e em
condições nominais de frequência.

2.5.2: Reatância de Dispersão

Anteriormente foi discutido que quando o gerador é conectado a uma carga,


circula corrente através do enrolamento de armadura. Essa corrente é responsável
pela criação de um campo magnético que interfere no campo principal do gerador. A
equação 3 mostra que esse campo criado é proporcional a uma constante X. Aqui,
essa constante X será definida, como sendo a Reatância de Dispersão. É dado esse
nome pelo fato de que o fluxo criado pela corrente é também chamado de fluxo de
dispersão. A reatância de dispersão é um aspecto construtivo da máquina e pode
ser obtido através da Curva de Fator de Potência Zero e da construção do Triângulo
de Potier.

2.5.3: Resistência de Campo

A resistência de campo é definida como o valor ôhmico da resistência dos


enrolamentos que compõe o rotor do gerador. É obtida através da aplicação da Lei
de Ohm, ou seja, a relação entre tensão e corrente nominais do enrolamento de
campo, sendo essa resistência, responsável pela chamada queda de tensão interna
em carga. A temperatura sob a qual está submetida o enrolamento é um fator
determinante para a variação dessa grandeza, conforme será apresentado nos
ensaios de medição de resistência ôhmica dos enrolamentos, no decorrer do
trabalho.

No circuito da figura 7, o resistor de campo foi demonstrado como variável.


Isso ocorre pelo fato de que algumas vezes, é adicionado uma resistência externa
variável, para controlar a corrente de campo, porém, nem sempre essa abordagem é
adotada, tornando o valor da resistência de campo um valor fixo exclusivo dos
enrolamentos de campo. A indutância dos enrolamentos de campo L F também é
apresentada na figura 7, porém, por habitualmente o seu valor ser muito inferior ao

15
valor da resistência de campo, na maioria das vezes esse parâmetro é
desconsiderado do circuito equivalente.

2.5.4: Resistência de Armadura

A resistência de armadura é definida, assim como a resistência de campo,


como o valor ôhmico da resistência dos enrolamentos que compõe a armadura da
máquina, sendo obtida diretamente através da Lei de Ohm. Para as máquinas de
grande porte, como já foi citado, o valor da resistência de armadura é muito menor
se comparado ao valo da reatância síncrona, motivo que leva a esse parâmetro ser
desconsiderado em muitos cálculos para máquinas síncronas.

2.5.5: Relação de Curto-Circuito

É definida como sendo a razão entre a corrente de excitação obtida da


característica à vazio e a corrente de excitação obtida da característica de curto-
circuito, sendo estas correntes de excitação obtidas para a corrente de armadura
nominal nos dois casos.

2.6: Definição dos Principais Parâmetros em Estado Transitório

O estado transitório acontece toda vez que um distúrbio ocorre na máquina,


tirando-a de seu regime permanente por um curto intervalo de tempo. Esse curto
intervalo de tempo é chamado de transitório.

De acordo com [4], um distúrbio em uma máquina síncrona pode ocorrer de


diversas maneiras, como por exemplo, um curto-circuito acidental entre fase e neutro
ou entre fases, aplicação de carga em uma máquina rodando à vazio, rejeição de
carga em uma máquina que esteja sincronizada com o sistema, entre outras
maneiras.

As definições dos parâmetros transitórios serão dadas de acordo com [2], [5],
[3] e [6].

De acordo com [1], os mais severos distúrbios que podem ocorrer a um


gerador síncrono são os curtos-circuitos trifásicos, onde as três fases entram em
curto ao mesmo tempo. É comum escutar, quando se trata de curtos em sistemas de
potência, o termo “falta”, que será usado neste trabalho.

16
Antes de uma falta ocorrer no gerador, só existem componentes CA de
tensão e corrente nos terminais do gerador. Porém, quando ocorre a falta, surgem
componentes CC no gerador. Isso se dá pelo fato que, de acordo com o circuito
apresentado na figura 7, o modelo do gerador é dado por uma fonte de tensão em
série com uma reatância indutiva. Sabe-se que um indutor não admite variação
brusca de corrente em seus terminais. Com isso, quando ocorre uma falta, a
componente CA da corrente vai a um valor extremamente elevado, mas a corrente
total não varia instantaneamente. Aparece uma componente CC de corrente com
magnitude tal que a soma das componentes CC e CA da corrente seja igual à
corrente que existia antes de ocorrer a falta. Essa componente CC da corrente decai
rapidamente com o tempo, tendo seu valor inicial tipicamente em torno de 50 ou
60% da corrente CA que circulava pelos terminais antes da falta.

Figura 8: Corrente de falta nas três fases (Fonte: [1]).

As componentes simétricas CA da corrente, mostradas na figura 9, podem ser


divididas em aproximadamente três períodos. O primeiro período é logo que
acontece a falta, caracterizado por um valor alto com decréscimo acentuado da
corrente CA. Esse período é chamado de período sub-transitório. Em sequência, a
corrente continua a decrescer, porém a uma taxa menor que no período anterior.
Esse segundo período é chamado de período transitório. O último período, no qual a
corrente já esta estabilizada, é chamado de período de regime.

17
Figura 9: Componentes simétricas CA da corrente de falta (Fonte: [1]).

Tomando os valores eficazes das componentes CA da corrente e plotando em


um gráfico em função do tempo, em escala semi-logarítmica, é possível observar
mais distintamente os três períodos transitórios, conforme mostra a figura 10.

A corrente que flui pelos enrolamentos no período sub-transitório é


denominada de corrente sub-transitória (I’’), assim como a que flui durante o período
transitório é denominada corrente transitória (I’). Essas correntes são responsáveis
pelas reatâncias sub-transitórias e transitórias do gerador. Como estas componentes
das correntes variam com o tempo, existe uma equação diferencial que define a
corrente total de falta em relação às componentes I’ e I’’. Como a solução desta
equação não é trivial, e as respectivas reatâncias podem ser obtidas através de
ensaios, para efeito de dimensionamento do sistema de proteção do gerador, as
correntes são determinadas através da Lei de Ohm com suas respectivas
reatâncias.

18
Figura 10: Valores rms das componentes CA da corrente de falta (Fonte: [1]).

2.6.1: Reatância Transitória de Eixo Direto

A reatância transitória de eixo direto (X’d) é definida como sendo a razão entre
a componente CA da tensão de armadura, gerada pelo fluxo total de armadura no
eixo direto, e o valor da componente CA da corrente de armadura logo após a
ocorrência de um curto-circuito eliminando-se os efeitos sub-transitórios, ou seja,
desconsiderando-se as correntes nos enrolamentos amortecedores.

2.6.2: Reatância Transitória de Eixo em Quadratura

A reatância transitória de eixo em quadratura (X’q) é definida como sendo a


razão entre a tensão da armadura, gerada pelo fluxo total de armadura no eixo em
quadratura, e o valor da componente CA da corrente de armadura após a aplicação
da carga e eliminando os efeitos sub-transitórios. É comum que as reatâncias
síncrona e transitória de eixo em quadratura possuam os mesmos valores em
máquina síncronas.

2.6.3: Reatância Sub-transitória de Eixo Direto

A reatância sub-transitória de eixo direto (X’’d) é definida como a razão entre a


tensão de armadura, gerada pelo fluxo total de armadura no eixo direto, e o valor da

19
componente CA da corrente de armadura após a ocorrência de uma falta, contando
os primeiros ciclos onde existe passagem de corrente no enrolamento amortecedor.

2.6.4: Reatância Sub-transitória de Eixo em Quadratura

A reatância sub-transitória de eixo em quadratura (X’’q) é definida como a


razão entre a tensão de armadura, gerada pelo fluxo total de armadura no eixo em
quadratura, e o valor da componente CA da corrente de armadura após a ocorrência
de uma falta, contando os primeiro ciclos.

Em alguns casos pode-se encontrar X’’d e X’’q iguais, quando isso ocorre, diz-
se que a máquina não possui saliência sub-transitória, ou seja, há um equilíbrio em
suas reatâncias sub-transitórias.

2.6.5: Constante de Tempo Transitória em Circuito Aberto em Eixo Direto

A constante de tempo transitória em circuito aberto em eixo direto (T’ do) é


definida como sendo o tempo necessário para a tensão de armadura em circuito
aberto, devido ao fluxo no eixo direto seguido de uma mudança repentina nas
condições de operação, decrescer 0,368 (36,8%) do seu valo inicial (decaimento
exponencial 1/ε), com a máquina operando na velocidade nominal.

2.6.6: Constante de Tempo Transitória em Curto-Circuito em Eixo Direto

A constante de tempo transitória em curto-circuito em eixo direto (T’d) é


definida como sendo o tempo necessário para a componente I d da corrente de
armadura acompanhando uma abrupta mudança nas condições de operação,
passado os primeiro ciclos, decrescer 0,368 (36,8%) de seu valor inicial (decaimento
exponencial 1/ε), com a máquina operando na velocidade nominal.

2.6.7: Constante de Tempo Sub-transitória em Circuito Aberto em Eixo


Direto

A constante de tempo sub-transitória em circuito aberto em eixo direto (T’’do) é


definida como sendo o tempo necessário para a tensão de armadura em circuito
aberto, devido ao fluxo no eixo direto seguido de uma mudança repentina nas
condições de operação, contando os primeiro ciclos, decrescer 0,368 (36,8%) do seu

20
valor inicial (decaimento exponencial 1/ε), com a máquina operando na velocidade
nominal.

2.6.8: Constante de Tempo Sub-transitória em Curto-Circuito em Eixo


Direto

A constante de tempo sub-transitória em curto-circuito em eixo direto (T’’d) é


definida como sendo o tempo necessário para componente Id da corrente de
armadura acompanhando uma abrupta mudança nas condições de operação,
contando os primeiro ciclos, decrescer 0,368 (36,8%) de seu valor inicial
(decaimento exponencial 1/ε), com a máquina operando na velocidade nominal.

2.6.9: Constante de Tempo Sub-transitória em Curto-Circuito em Eixo em


Quadratura

A constante de tempo sub-transitória em curto-circuito em eixo em quadratura


(T’’q) é definida como sendo o tempo necessário para componente I q da corrente de
armadura acompanhando uma abrupta mudança nas condições de operação,
contando os primeiro ciclos, decrescer 0,368 (36,8%) de seu valor inicial
(decaimento exponencial 1/ε), com a máquina operando na velocidade nominal.

2.7: Determinação dos Principais Parâmetros

A determinação dos principais parâmetros de máquinas síncronas pode ser


encontrada em diversos livros sobre o assunto, porém, [6] determina a obtenção
destes através dos ensaios que são realizados nos equipamentos. Nesta seção
serão apresentados apenas as formas de obtenção das grandezas, sendo a
metodologia de execução dos ensaios, também regularizada por [6], apresentada
nos capítulos seguintes do trabalho.

Para os ensaios, os enrolamentos da máquina devem ser ligados em estrela,


sob rotação (ou frequência) nominal. Todas as grandezas obtidas serão designadas
por valores por unidade (p.u.), tomando como valores base, aqueles de projeto
(nominais) da máquina. Como dito anteriormente, as fórmulas que serão aqui
apresentadas tomam por base uma resistência de armadura muito menor que a
reatância síncrona, desconsiderando o valor da resistência nos cálculos.

21
Os parâmetros que serão aqui representados, são aqueles obtidos através
dos ensaios que são usualmente realizados nos geradores, existem outros
parâmetros que podem ser obtidos através de outros ensaios, porém, estes não são
usualmente realizados e por isso não se tornam objeto deste estudo.

2.7.1: Reatância Síncrona de Eixo Direto Não-Saturada

Através da execução dos ensaios de saturação em vazio e curto-circuito


trifásico permanente, explicados nas seções 3.3.4 e 3.3.5 respectivamente, pode-se
levantar uma curva como a mostrada na figura 11.

Figura 11: Curvas de característica em vazio e em curto-circuito (Fonte: [6]).

As curvas “OC” (Open-Circuit) são as obtidas no ensaio de saturação em


vazio, já as curvas “SC” (Short-Circuit) são obtidas no ensaio de curto-circuito
trifásico permanente. O motivo de existir a curva OC tracejada e a contínua será
discutido na seção 3.3.4. A linha reta da curva OC é denominada linha do entreferro,
que considera o comportamento da máquina se não houvesse saturação do circuito
magnético da mesma, logo, nota-se que o declínio da curva é causado pela
saturação do circuito magnético da máquina.
22
A reatância síncrona de eixo direto não-saturada é obtida através das curvas
da figura 11, conforme a equação 9.

(9)

A reatância síncrona de eixo direto saturada depende do ponto de operação


da máquina e da saturação de seu circuito magnético, não sendo obtida através
destes ensaios de rotina ou de tipo. Já a reatância síncrona de eixo em quadratura,
necessita de ensaios nos quais os geradores devem se conectar paralelamente à
rede sob determinadas circunstâncias. Esse fator faz com que esses ensaios não
sejam comumente praticados, só sendo em caso de negociação prévia entre cliente
e fabricante, o que não se pratica na maioria dos casos.

2.7.2: Relação de Curto-Circuito

Assim como na seção anterior, a relação de curto-circuito (Kc) é determinada


através das curvas obtidas nos ensaios de saturação em vazio (OC) e curto-circuito
trifásico permanente (SC).

Usando novamente como base as curvas genéricas apresentadas na figura


11, pode-se obter o valor de Kc como mostra a equação 10.

(10)

2.7.3: Reatância Transitória de Eixo Direto

A reatância transitória de eixo direto (X’d) é determinada através da razão


entre a tensão em vazio medida imediatamente antes do curto-circuito trifásico
instantâneo, e o valor inicial da componente periódica da corrente de curto-circuito,
desprezando-se a componente subtransitória, como mostra a equação 11.

(11)

Onde:

u(0) = tensão em vazio;

i(∞) = corrente permanente de curto-circuito;

i’k = valor inicial da componente transitória da corrente de curto-circuito.

23
Figura 12: Variação da componente periódica da corrente de armadura em função
do tempo - última parte do gráfico constituída por linha reta (Fonte: [6]).

Figura 13: Variação da componente periódica da corrente de armadura em função


do tempo - última parte do gráfico constituída por curva (Fonte: [6]).

24
2.7.4: Reatância Sub-transitória de Eixo Direto

De acordo com [6], a X’’d pode ser determinada através da equação 12. Os
valores indicados podem ser obtidos através de curvas como as da figura 12 e da
figura 13. Sendo u(0) a tensão em vazio medida imediatamente antes do curto-
circuito.

(12)

25
Capítulo 3: Ensaios Realizados na Inspeção em Fábrica

Este capítulo tratará de ensaios que são realizados nos geradores quando
acabam de ser fabricados. Por se tratarem de equipamentos vitais para o
funcionamento e operação de usinas, diversos controles de qualidade devem ser
executados pelos fabricantes durante o processo de fabricação dos equipamentos.

Estes controles se dão desde a determinação da matéria-prima com a qual as


unidades serão construídas. Escolhidas matérias-primas de qualidade, inicia-se o
processo de fabricação dos geradores.

Usualmente os fabricantes realizam ensaios em cada parte do gerador tão


logo cada processo de fabricação é finalizado. Cita-se como exemplo, a bobinagem
dos enrolamentos do estator, onde após terminada, mede-se a resistência ôhmica
de cada fase, bem como sua resistência de isolamento.

As inspeções em fábrica podem ser solicitadas pelo fabricante, como forma


de garantia que o cliente está aceitando de fato o seu equipamento, como também
podem ser solicitadas pelo cliente, com a mesma finalidade. Estas inspeções podem
ser realizadas no final do processo de fabricação, ou durante cada etapa do
processo, dependendo da necessidade de verificar os resultados, sendo esta,
costumeiramente solicitada pelo cliente.

Serão abordados os procedimentos sob os quais os testes devem ser


submetidos para serem realizados, equipamentos recomendados para cada tipo de
teste e critérios de aceitação normatizados para cada ensaio.

Ressalta-se que os ensaios aqui descritos, não estão em sua totalidade


descritos na norma [7], mas sim, na norma [6] que é quem normatiza os métodos de
ensaios para geradores síncronos.

A ordem dos ensaios aqui representada será a ordem na qual usualmente se


realizam os ensaios, porém, isso é apenas uma prática e não uma ordem
estabelecida que deva ser seguida a rigor.

26
Vale ressaltar, que todos os equipamentos e instrumentos utilizados pra a
execução dos ensaios devem ter sido calibrados em laboratórios credenciados pelo
Inmetro com padrões certificados pela mesma instituição.

3.1: Tipos de Ensaios

Os métodos de ensaios realizados em máquinas elétricas síncronas, são


normatizados por [8] e [6]. Estes ensaios podem ser realizados em fábrica
(inspeção) e/ou em campo (comissionamento) dependendo da característica de
cada ensaio. Essas aplicações serão discutidas posteriormente.

Há três grupos distintos nos quais todos os ensaios estão inseridos: ensaios
de rotina, ensaios de tipo e ensaios especiais, de acordo com [7]. Esta divisão se dá
principalmente por três fatores associados aos testes: complexidade, custo e
destruição do equipamento.

3.1.1: Ensaios de Rotina

Estes ensaios são caracterizados por serem de baixa complexidade,


relativamente baixo custo e que não causam danos ao equipamento. Por estes
fatores, podem ser repetidos a qualquer momento, desde que se tenha posse da
instrumentação necessária.

Para os geradores acionados por turbinas hidráulicas, existe uma distinção no


que tange à condição na qual está o equipamento, se a máquina está
completamente montada e podendo ser acionada nas dependências dos ensaios, ou
quando esta condição não se aplica. Para este trabalho, considerar-se-á atendida a
condição supracitada. Portanto, os ensaios cabíveis a esta categoria são:

 Resistência ôhmica dos enrolamentos de armadura e excitação;


 Equilíbrio de tensões;
 Sequência de fases;
 Equilíbrio mecânico;
 Característica em vazio;
 Ensaio dielétrico.

Todos estes ensaios serão descritos ao decorrer deste trabalho.

27
3.1.2: Ensaios de Tipo

Estes ensaios são os com maior grau de complexidade, custo e muitas vezes
são destrutivos parcial ou totalmente. Para este grupo de ensaios, pode-se realizar o
teste apenas em uma unidade da linha de produção, quando os processos de
fabricação são rigorosamente os mesmos, pois desta forma, garante-se que o
método utilizado para a fabricação está correto. Usualmente nestes casos, o
equipamento que será testado é escolhido por amostragem.

Este grupo de ensaios para o objeto deste estudo, abrange todos os ensaios
de rotina, adicionando-se os que seguem:

 Ensaio de elevação de temperatura;


 Ensaio de sobrevelocidade;
 Ensaio de irregularidade de forma de onda (distorção harmônica).

3.1.3: Ensaios Especiais

Os ensaios especiais, como o próprio nome sugere, são os ensaios que são
realizados apenas a pedido do cliente, por serem considerados de complexidade
elevada, ou por muitas vezes não influenciarem diretamente no funcionamento do
equipamento, como por exemplo, o ensaio de nível de ruído, que em muitos casos
não se importa muito o ruído, dependendo do local de instalação do gerador.

O único ensaio especial obrigatório por norma é o ensaio de curto circuito


trifásico.

3.2: Ensaios Estáticos

Os ensaios que serão tratados a partir daqui são os realizados com o gerador
parado, ou seja, sem acionamento em sem eixo.

3.2.1: Resistência Ôhmica dos Enrolamentos a Frio

Este ensaio tem o intuito de medir a resistência pura de cada circuito, por isso
o nome de resistência ôhmica. Os valores obtidos neste ensaio, dizem respeito
somente aos aspectos construtivos de cada enrolamento da máquina.

28
Existem duas formas de se realizar as medições, método da tensão e
corrente ou método da comparação. Para o primeiro método, aplica-se uma tensão
ou uma corrente e mede-se a corrente ou tensão correspondente, a partir daí,
através da Lei de Ohm pode-se obter o valor da resistência. O segundo método
permite obter o valor mais diretamente, onde se mede a resistência usando como
parâmetro resistências conhecidas, através de uma Ponte Kelvin ou Ponte de
Wheatstone.

Uma variável muito importante para este ensaio é temperatura à qual está
submetido o enrolamento que está sendo medido. Um erro comum de se cometer é
considerar a temperatura ambiente como sendo a temperatura do enrolamento. Para
que isso não aconteça, a temperatura do enrolamento deve ser medida através dos
próprios sensores de temperatura do enrolamento da máquina.

A temperatura é importante para que se faça a correção de temperatura, a fim


de se obter o valor real da resistência dos enrolamentos. Conhecendo-se o valor da
resistência em uma dada temperatura, chamada de referência, pode-se calcular o
valor real da resistência medida na temperatura de teste segundo a equação 13 e
posteriormente compará-lo com o valor conhecido.

( ) (13)

A constante K é um valor relacionado ao tipo de material usado para os fios,


sendo os valores utilizados de 234,5 para fios de cobre, e 228 para fios de alumínio.
Quando os fios são compostos parte por cobre e parte por alumínio, deve ser usado
um valor proporcional a cada parcela de material.

São basicamente três as finalidades deste ensaio: medição das perdas por
efeito Joule nos enrolamentos do estator e excitação, determinar a componente ativa
da queda de tensão interna quando o gerador está em carga e determinar a
temperatura dos enrolamentos. Outra finalidade usada é a comparação entre os
valores obtidos em cada fase, a fim de se detectar o equilíbrio na bobinagem.

3.2.1.1: Equipamentos de Medição de Temperatura

A medição de temperatura dos enrolamentos e mancais do gerador


usualmente é feita através de resistores do tipo PT100. Este nome se designa pelos
resistores serem de platina (PT) e possuírem uma resistência igual a 100 ohms em
29
uma temperatura de 100 °C. Estes componentes variam a sua resistência conforme
muda a temperatura sob a qual estão submetidos, por isso são usados como
medidores de temperatura. Para assegurar que a calibração, ou seja, a medida de
temperatura está correta, devem ser medidas as resistências ôhmicas de todos os
PT100 instalados no gerador.

3.2.2: Resistência de Isolamento e Índice de Polarização

Serão apresentados aqui conceitos de resistência de isolamento, classe de


isolação e índice de polarização. Estes conceitos são de suma importância para
avaliar as condições de isolamento sob a qual a máquina está submetida, avaliando
a integridade de seus materiais isolantes.

Também serão discutidos os métodos de ensaio e como avaliar os resultados


obtidos.

3.2.2.1: Resistência de Isolamento

A resistência de isolamento de qualquer equipamento, inclusive os geradores,


é um fator determinante para a segurança, por isso, este ensaio deve ser repetido
sempre que se achar necessário.

A medição realizada quando a máquina está nova pode servir como base
para futuras comparações, porém recomenda-se que o gerador opere por algum
tempo em condições nominais antes de se fazer a primeira medição, desta maneira,
garante-se a retirada de umidade e sujeiras que podem estar no equipamento,
fatores determinantes para a queda na resistência de isolamento.

A resistência de isolamento sofre forte influência da temperatura e da


umidade relativa do ar. O aumento de ambas grandezas provoca o decréscimo do
valor da resistência. A relação correta da grandeza em relação à temperatura deve
ser obtida de uma curva levantada do próprio equipamento, porém isso não ocorre
com frequência. Por isso, [6] sugere a curva apresentada na figura 15 como
parâmetro para analisar tal influência e para obter o coeficiente de correção de
temperatura, que será usado na equação 15. Nota-se que praticamente a cada
decréscimo de 10 °C na temperatura praticamente dobra o valor da resistência.

30
Existem várias maneiras de se medir a resistência de isolamento, incluindo-se
medidas através de circuitos externos montados para tal. Porém com o avanço da
tecnologia, surgiram aparelhos chamados de Megôhmetros que são destinados a
este fim. Este aparelho funciona aplicando uma tensão em corrente contínua e
medindo a corrente injetada no circuito, obtendo a resistência através da Lei de
Ohm.

O nível de tensão aplicada pelo Megôhmetro depende da tensão nominal de


operação do enrolamento em teste, conforme sugere a tabela 1.

Tabela 1: Tensão aplicada pelo Megôhmetro.

Tensão de Operação Nominal do Enrolamento (V) Tensão do Aparelho (Vcc)


< 1000 500
1000 – 2500 500 – 1000
2501 – 5000 1000 – 2500
5001 – 12000 2500 – 5000
> 12000 5000 - 10000
Um valor mínimo satisfatório para a resistência de isolamento de um
equipamento, segundo [9], é o valor obtido pela equação 14, que diz que a
resistência de isolamento (em Megaohms) deve ser maior ou igual à tensão de
operação do equipamento somada com a unidade.

(14)

Como já foi citado, a resistência sofre grande influência da temperatura. Para


corrigir este fator, deve-se tomar um valor de temperatura como referência. Para
esta análise, será utilizada a temperatura de 40°C.

De posse do valor da temperatura base, [9] apresenta uma equação, que será
apresentada aqui pela equação 15.

(15)

O termo Rcorrigida é o valor da resistência de isolamento corrigido para a


temperatura de referência, neste caso, 40°C. O termo Risolamento é o valor medido na
temperatura na qual o ensaio está sendo realizado. O Termo Kisolamento é um
coeficiente que pode ser calculado, para a temperatura de 40°C, como mostra a

31
equação 16, onde T é a temperatura de ensaio. Este coeficiente também pode ser
obtido da figura 15.

(16)

A fim de se anular o efeito de polarização, que será discutido a seguir, a


resistência de isolamento é medida após um minuto da aplicação da tensão.

Para os geradores, são medidas as resistências de isolamento dos circuitos


de instrumentação do equipamento, enrolamentos do estator, rotor principal, estator
da excitatriz, excitatriz auxiliar e rotor da excitatriz. Para os circuitos trifásicos, mede-
se a resistência de cada circuito em relação à terra com os outros circuitos de igual
tensão interligados à massa e posteriormente entre cada circuito separadamente,
por exemplo, entre as fases R-S, S-T e R-T para o estator do gerador.

Como o nível de tensão aplicada a geradores, normalmente é elevado (ordem


de kV), recomenda-se que o circuito sob ensaio seja aterrado após a execução do
ensaio, para que a tensão residual que possa ter ficado no estator seja
descarregada para a terra.

Para a realização do ensaio nos enrolamentos do estator deve ser utilizado o


esquema sugerido na figura 14.

Figura 14: Esquema de ligação para medição da resistência de isolamento e IP do


estator.

32
3.2.2.2: Classe de Isolação

A norma [10] estabelece classes de isolação térmicas para isolação de


sistemas elétricos. Estas classes são separadas por temperatura, indicando qual a
temperatura máxima sob a qual o material isolante utilizado na fabricação dos
geradores pode operar sem sofrer degradação indevida.

Tabela 2: Classe de isolação para sistemas elétricos.

Classe de Isolação Temperatura (°C)


O 90
A 105
B 130
F 155
H 180
C Acima de 220
Pelo fato dos geradores serem equipamentos que trabalham com potência
elevada, é comum que estes equipamentos possuam classe de isolação F ou H.

33
Figura 15: Coeficiente de correção de temperatura para o teste de resistência de
isolamento (Fonte: [6]).

3.2.2.3: Índice de Polarização

Todo material dielétrico, ou seja, não condutor, é assim denominado por


impedir a passagem de corrente entre seus terminais.

34
Ao se aplicar uma tensão elevada sobre o material dielétrico, ocorre durante
um intervalo de tempo a polarização das cargas nas fronteiras do material.
Utilizando-se desse fenômeno, realiza-se o ensaio chamado de Índice de
Polarização (IP).

Um dos objetivos deste ensaio é a detecção de umidade e sujeira que


possam ter contaminado o material dielétrico, pois estes fatores dificultam a
polarização do dielétrico. Além disso, pode ser usado como base comparativa da
degradação do equipamento, pois ao se medir o IP periodicamente permite avaliar o
comportamento do isolamento do gerador ao decorrer do tempo de operação.

Para se medir o IP, utiliza-se o mesmo ensaio de resistência de isolamento.


Para isso, a tensão aplicada durante o ensaio deve ser mantida por mais de 10
minutos. O IP é obtido através da relação dos valores de resistência medidos em
dez e um minuto, conforme sugere a equação 17.

(17)

Não há uma norma que diz exatamente qual deve ser o IP considerado bom
para cada equipamento, porém através da prática de profissionais do ramo,
elaborou-se a tabela 3 como referência para a avaliação da grandeza.

Tabela 3: Critérios de Aceitação do IP.

Índice de Polarização Condição do Isolamento


IP < 1 Pobre
1 ≤ IP < 2 Questionável
2 ≤ IP < 4 Aceitável
IP ≥ 4 Bom
Mesmo com a tabela 3 como referência para os valores do IP encontrados, a
melhor avaliação continua sendo a avaliação comparativa ao decorrer do tempo de
operação da máquina. Muitos fabricantes consideram melhor um gerador que no
quando novo possuía IP 3 e após 10 anos de operação caiu para um IP 2 do que um
gerador que possuía IP 6 no início e após o mesmo período de operação teve seu
IP diminuído para 3, por exemplo.

35
3.2.3: Tensão Aplicada

Este ensaio tem como pré-requisito o ensaio de resistência de isolamento,


pois a tensão aplicada na máquina é elevada, e se torna necessário saber como
está a situação do isolamento da máquina.

Este ensaio deve ser executado de acordo com [11], [12] e [13]. Quando
aplicada nos enrolamentos do estator, deve ser aplicada tensão em cada fase
separadamente, com as outras fases aterradas.

O objetivo é avaliar as condições do material isolante da máquina, verificando


se este está apto a suportar tensões acima da nominal do gerador, garantindo um
bom desempenho durante a vida útil para a qual a máquina foi projetada.

O ensaio deve ser realizado com uma fonte de tensão alternada de alta
tensão, comumente chamado de HIPOT. Este equipamento além de conseguir
aplicar elevados níveis de tensão, deve o fazer de maneira estável, ou seja, sem
variações bruscas na tensão, pois estas variações podem danificar o equipamento
que está sendo testado.

Segundo [13], a tensão de ensaio que deve ser aplicada deve ser igual ao
dobro da tensão nominal da máquina mais 1 kV, sob frequência industrial (60 Hz),
como mostra a equação 18.

(18)

Estabelecida a tensão de ensaio e a máquina com seus enrolamentos


preparados para o ensaio, deve-se aplicar inicialmente um valor não maior que a
metade da tensão de ensaio e elevar a tensão em uma velocidade próxima de 0,5
kV/s até atingir o valor total da tensão de ensaio.

O equipamento deve suportar a tensão aplicada sem a abertura de arco


elétrico, ou seja, ruptura do dielétrico, durante um minuto. Após este período, a
tensão deve ser reduzida com a mesma velocidade com que foi aumentada até o
valor inicial, onde deve ocorrer o desligamento do HIPOT. Assim como no caso do
ensaio de resistência de isolamento, a máquina deve ser aterrada após o ensaio
para garantir que não reste nenhuma tensão residual nos enrolamentos.

O circuito utilizado na maioria dos ensaios é o demonstrado na figura 16.

36
Figura 16: Circuito para teste de tensão aplicada.

Na figura 16, as letras A, B e C denotam os enrolamentos do estator e a letra


F o enrolamento do rotor.

Segundo [14], caso não se possua uma fonte de alta tensão em CA, pode-se
realizar o ensaio através de uma fonte CC. Porém, a modificação é feita no valor da
tensão de ensaio, que deve ser 1,7 vezes maior (170%) da tensão de ensaio em CA.

Caso a máquina deva ser reensaiada ou o ensaio deva ser realizado em uma
máquina que já estava em operação, ou seja, os enrolamentos não são novos, a
tensão de ensaio em CA deve ser de 0,8 vezes (ou 80%) a tensão original de
ensaio, pois este teste faz com que as peças e o dielétrico do equipamento sofra um
stress, vindo a ser destrutivo se o ensaio for sempre repetido.

A tensão aplicada nos enrolamentos do rotor, que são os mesmos dos


enrolamentos de campo, não segue a indicada na equação 18, mas sim, segundo
[13], um valor de 10 vezes a tensão nominal do enrolamento, com um mínimo de
1500 V, também na frequência industrial.

Além do estator e rotor, os outros circuitos presentes no gerador, como os


circuitos dos instrumentos instalados também devem ser ensaiados utilizando-se dos
mesmos procedimentos e critérios de avaliação supracitados.

37
3.3: Ensaios Dinâmicos

Estes ensaios são assim denominados pelo fato de serem realizados com o
gerador em operação, sendo este acionado por sua turbina hidráulica ou por um
motor acoplado ao seu eixo. No caso de acionamento por motor, deve ser tomado o
cuidado de que as características que o motor oferece ao gerador são as mesmas
oferecidas pela turbina que foi projetada para o acionamento. O gerador poderá
estar operando em condições nominais, condições abaixo e acima da nominal,
dependendo da necessidade de cada ensaio.

3.3.1: Sequência de Fases

O objetivo deste ensaio é verificar se a tensão nos terminais do gerador está


com a sequência de fases correta, ou no caso de motores, verificar o sentido de
rotação.

Apesar de ser executado de maneira simples, este ensaio é muito importante,


pois caso a sequência de fases gerada não seja a mesma especificada e sob a qual
todo o sistema da usina foi projetado, acarretará em problemas de sincronização da
máquina e operação do sistema.

Para a realização do ensaio o acionador deve girar o gerador no sentido de


rotação projetado. Feito isso, o gerador é excitado com uma corrente pequena,
necessária apenas para fazer com que apareça tensão nos terminais do
equipamento, ou muitas vezes, é utilizada somente a tensão residual do gerador,
não necessitando de excitação. Isso se dá pelo fato de que os sequencímetros,
aparelho utilizado para medição de sequência de fase, não são fabricados para
operar em alta tensão, já que o intuito é apenas verificar em qual sequência a tensão
está sendo gerada, e não a magnitude da grandeza.

Existem vários modelos de sequencímetros, porém os mais utilizados


possuem três entradas de tensão, uma para cada fase pré-estabelecida. No
aparelho existem duas lâmpadas, sendo uma para a sequência de fase R-S-T (o
nome atribuído para cada fase varia de acordo com a aplicação e o local de
operação) e outra para a sequência R-T-S. O operador deve verificar se a lâmpada
acesa corresponde à sequência de fase para a qual o gerador foi projetado.

38
A figura 17 apresenta um circuito que pode ser utilizado em um
sequencímetro, sendo que a lâmpada ligada ao terminal número 1 corresponde à
sequencia R-S-T e a ligada ao terminal número 2 à sequência R-T-S. O interruptor
serve como teste de lâmpadas do equipamento, sendo que quando ele é fechado,
ambas as lâmpadas devem acender.

Recomenda-se medir a sequencia de fase conforme descrito acima, ou seja,


com uma tensão pequena nos terminais. Porém, nem sempre isso é possível. Para
os casos onde deve ser medido com o gerador em operação nominal, deve-se
conectar o sequencímetro aos terminais dos Transformadores de Potencial (TP).

Ao se conectar o sequencímetro a um TP, deve-se cuidar com as polaridades


dos TPs, pois caso a polaridade destes equipamentos esteja invertida, a sequência
de fases exibida no sequencímetro também estará invertida, porém, a sequência na
saída do gerador estará correta.

Figura 17: Circuito básico para um sequencímetro (Fonte [6]).

3.3.2: Equilíbrio de Tensões

As tensões geradas nas três fases do gerador devem ser aproximadamente


de mesma magnitude, pois não há como serem absolutamente iguais pelos aspectos

39
construtivos do equipamento. Este ensaio tem o objetivo de verificar o equilíbrio
entre as tensões das três fases.

Para a realização do ensaio, o gerador é excitado até ficar com a tensão


nominal entre seus terminais. Através de instrumentos de medição, mede-se a
tensão entre fases e entre fase e terra de cada terminal do estator. Feito isso, faz-se
a média das três fases e se compara com o valor obtido em casa medição. Os
critérios de aceitação variam de acordo com o projeto e com os fabricantes, porém
um bom critério que é o valor de cada medição não pode ultrapassar o limite de ±3%
do valor médio das três medições.

3.3.3: Distorção Harmônica

Este ensaio, também conhecido como “Fator de Influência Telefônica (FIT)”


tem o objetivo de avaliar a influência das harmônicas na forma de onda gerada.

Para este ensaio, a máquina deve estar com tensão nominal gerada, porém,
preferencialmente desligada de outros equipamentos, como transformadores de
potencial, disjuntores e transformadores de potência, pois estes equipamentos
influenciam harmonicamente na tensão gerada. A medição deve ser feita no
espectro de frequência até 100 vezes a nominal, ou seja, para máquinas de 60
Hertz, deve-se medir até a frequência de 6 kHz.

Muitos instrumentos de análise de energia são capazes de medir a distorção


harmônica diretamente, através de algoritmos da Transformada Rápida de Fourier
(FFT) implementados nestes instrumentos.

Desta maneira, basta conectar os terminais do estator do gerador nestes


equipamentos e medir a taxa de distorção, usualmente dadas em porcentagem em
relação à frequência fundamental.

Caso não se disponha destes instrumentos, pode-se realizar o cálculo da


relação através do item 3.9.2.2, localizado na página 8 de [6].

As normas não definem os critérios de aceitação para este ensaio, sendo


cada tolerância estabelecida pelo cliente ou pelo fabricante, porém, usualmente
adota-se que a distorção harmônica total da tensão entre fases do gerador não pode
exceder o limite de ±5%.

40
3.3.4: Ensaio em Vazio

Este ensaio é utilizado para determinação de grandezas de máquinas


elétricas, como por exemplo, a Reatância Síncrona de Eixo Direto (X d) e a Relação
de Curto-Circuito (Kc).

Para a realização do ensaio, o gerador é acionado sob frequência (ou


rotação) nominal. A tensão é variável de 20% da tensão nominal ou tensão
remanente, o que for menor, até 130% da tensão nominal. Essa variação é realizada
através de degraus de tensão espaçados uniformemente entre si. Esses degraus
são dados variando-se a corrente de excitação do gerador.

Para cada ponto escolhido, são medidas simultaneamente as seguintes


grandezas: tensão de linha (média entre as três leituras), potência ativa, frequência,
tensão de excitação, corrente de excitação, tensão no rotor e corrente no rotor.
Deve-se ressaltar que a curva de saturação em vazio só leva em conta os valores de
tensão (eixo das ordenadas) e corrente de excitação (eixo das abcissas), porém, os
outros valores são medidos para poder se obter futuramente as perdas do gerador, e
consequentemente, o seu rendimento.

Um fator que é comum acontecer, se dá quando as potências dos geradores


são elevadas, estes equipamentos possuem tensões residuais elevadas, o que faz
com que a curva de saturação não comece em zero. Para corrigir este problema são
adotados os seguintes passos.

Traça-se a prolongação da linha reta da curva, chamada linha do entreferro,


até a intersecção com o eixo das abcissas. O comprimento do eixo das abcissas
entre a origem e o ponto de intersecção é o fator de correção que deve ser aplicado
a todas as medidas de corrente de excitação, “transportando” a curva de saturação
para a origem do gráfico. Desta forma, obtém-se a curva de saturação em vazio.

3.3.5: Curto-Circuito Trifásico Permanente

Assim como o ensaio em vazio, o curto-circuito trifásico permanente também


é utilizado para a determinação das grandezas Xd e Kc.

Para a realização do ensaio, o gerador é acionado sob frequência (ou


rotação) nominal. A corrente de linha na armadura é variável de 120% da corrente

41
nominal até que a corrente de excitação seja nula. Essa variação é realizada através
de degraus de corrente espaçados uniformemente entre si. Esses degraus são
dados variando-se a corrente de excitação do gerador.

Para cada ponto escolhido, são medias as seguintes grandezas: corrente de


linha (média entre as três fases), potência ativa, frequência, tensão se excitação,
corrente de excitação, tensão no rotor e corrente no rotor. Deve-se ressaltar que a
curva de curto-circuito trifásico permanente só leva em conta os valores de corrente
de linha no estator (eixo das ordenadas) e corrente de excitação (eixo das abcissas),
porém, os outros valores são medidos para poder se obter futuramente as perdas do
gerador, e consequentemente, o seu rendimento.

A mesma correção realizada na curva do item anterior deve ser feita aqui,
caso o ponto inicial da curva (corrente de excitação nula) não esteja na origem do
gráfico.

3.3.6: Elevação de Temperatura

Os objetivos deste ensaio são vários, entre eles, verificar a máxima


temperatura que cada componente do gerador chega quando está em condições
normais de operação, levantar grandezas a fim de se utilizar no cálculo das perdas e
rendimento do gerador, entre outros.

Este ensaio pode ser divido usualmente em três partes:

 Parte 1: Máquina em vazio com tensão e frequência nominais;


 Parte 2: Máquina em curto-circuito com corrente e frequência nominais;
 Parte 3: Máquina em vazio sem excitação, somente com tensão
residual e frequência nominal.

Para se considerar o resultado final, soma-se os resultados das partes 1 e 2,


e subtrai-se o da parte 3 do total.

São realizadas medições de temperatura nos enrolamentos de cada fase e


nos mancais, através dos sensores tipo PT100, nas entradas e saídas de ar (ou
outros circuitos de refrigeração caso existam), através de termômetros, além de
medições de tensão de linha (parte 1 e 3), corrente de linha (parte 2), frequência,
tensão e corrente de excitação e tensão no rotor. A elevação de cada parte se dá

42
como concluída quando ocorre uma variação menor do que 0,1K entre a medição
atual e a anterior em todos os pontos medidos.

3.3.7: Curto-Circuito Trifásico Instantâneo

Para a realização deste ensaio, o gerador deve estar operando em rotação


(ou frequência) nominal, com tensão em seus terminais entre 10% e 40% da tensão
nominal. Este intervalo de valores de tensão é utilizado para que quando ocorrer o
curto-circuito, a máquina não opere em sua região de saturação, possibilitando a
obtenção das grandezas em estado não-saturado.

Deve ser efetuado o curto-circuito através do fechamento de contatos entre as


três fases da máquina praticamente no mesmo instante, defasados de 15° elétricos
entre si. Caso a componente assimétrica da armadura seja pouco importante, essa
defasagem pode ser superior sem maiores problemas.

Devem ser medidas a tensão nos terminais, a corrente de excitação e a


temperatura do enrolamento de excitação imediatamente antes do curto-circuito.
Devem ser realizados vários curtos-circuitos com tensão da armadura dentro da
faixa estabelecida anteriormente, sendo que para cada curto, todas as medidas
citadas acima devem ser realizadas.

A forma de onda da corrente de armadura resultante do curto circuito deve ser


armazenada, pois a partir dela, pode-se estabelecer as grandezas associadas ao
ensaio, conforme explicado no capítulo 2.

3.3.8: Reatância de Sequência Negativa: X2

Este ensaio tem por finalidade determinar o valor da reatância de sequência


negativa da máquina. O conceito de sequência negativa e sequência zero estão
inseridos nos conceitos de modelagem de sistemas elétricos em componentes
simétricas, o que não é o escopo deste trabalho.

A reatância de sequência negativa (X2) é a reatância que aparece na


modelagem de uma máquina síncrona como mostra a figura 18.

43
Figura 18: Circuito equivalente em sequência negativa.

O ensaio para determinar X2 é realizado curto-circuitando duas fases do


estator do gerador em velocidade nominal, conforme esquema sugerido na Figura
19. Inicialmente o gerador encontra-se com tensão residual em seus terminais,
sendo elevada até que circule uma corrente de até no máximo 50% da corrente
nominal da máquina. Feito o curto-circuito, mede-se ao mesmo tempo a corrente de
curto-circuito, tensão entre o terminal aberto e os terminais curto-circuitados e as
potências ativa e reativa para cada ponto de corrente escolhido. Essas medições
são feitas para cada ponto escolhido, calculando-se a reatância conforme a equação
19 para cada ponto medido. Onde P é a potência ativa e a corrente de falta,
sendo X2 dada em p.u.

Figura 19: Circuito para ensaio de reatância de sequência negativa (Fonte: [6]).

√ (19)

A equação 19 só pode ser usada para máquinas onde a distorção harmônica


é pequena, ou seja, as componentes harmônicas podem ser desprezadas. Caso isso
não aconteça, a fórmula necessária para se calcular X2 é a dada na equação 20.
Onde V é a tensão medida entre os terminais em curto e o terminal aberto, P a
potência ativa e Q a potência reativa, sendo X2 também dada em p.u.

44
(20)

3.3.9: Reatância de Sequência Zero: X0

O objetivo deste ensaio é determinar o valor da resistência de sequência zero


de uma máquina síncrona. A reatância de sequência zero (X0) é a reatância que
aparece na modelagem de uma máquina síncrona como mostra a figura 20.

Figura 20: Circuito equivalente em sequência zero.

O ensaio para determinar X0 é realizado curto-circuitando duas fases do


estator do gerador como o neutro, em velocidade nominal, conforme esquema
sugerido na figura 21. Inicialmente o gerador encontra-se com tensão residual em
seus terminais, sendo elevada até que circule uma corrente de até no máximo 50%
da corrente nominal da máquina. Feito o curto-circuito, mede-se ao mesmo tempo a
corrente de curto-circuito no neutro, tensão entre o terminal aberto e os terminais
curto-circuitados e as potências ativa e reativa para cada ponto de corrente
escolhido. Essas medições são feitas para cada ponto escolhido, calculando-se a
reatância conforme a equação 21 para cada ponto medido. Onde V0 é a tensão
medida entre o terminal aberto e o neutro e a corrente de curto-circuito que circula
pelo neutro, sendo o valor de X0 dado em p.u.

Figura 21: Circuito para ensaio de reatância de sequência negativa (Fonte: [6]).

45
(21)

A equação 21 só pode ser usada para máquinas onde a distorção harmônica


é pequena, ou seja, as componentes harmônicas podem ser desprezadas. Caso isso
não aconteça, a fórmula necessária para se calcular X0 é a dada na equação 22.
Onde V0 é a tensão medida entre os terminais em curto e o terminal aberto, P a
potência ativa e Q a potência reativa, sendo X0 também dada em p.u.

(22)

3.3.10: Tensão no Eixo

Este ensaio tem por objetivo medir a tensão entre o eixo do gerador e a
massa. Essa tensão pode ser proveniente de uma fuga no isolamento do sistema de
excitação, que passa da excitatriz até o rotor através do eixo, ou proveniente de uma
tensão induzida.

Para a execução do ensaio, deve ser medida a tensão com a ajuda de um


multímetro. Pelo fato de o eixo não ser contínuo, onde ele é composto por duas
partes, sendo cada parte acoplada em um lado do rotor, a tensão deve ser medida
nos dois lados do eixo, sendo que o lado que não está sendo medido deve ser
aterrado.

A aplicabilidade deste ensaio depende de como os mancais do eixo foram


projetados. Casos os dois mancais da máquina sejam isolados, este ensaio não é
aplicado, medindo-se apenas o isolamento do mancal. Já para as máquinas que
possuem apenas um, ou nenhum dos mancais isolados, o ensaio deve ser realizado.

Não existe norma que estabelece o valor máximo que pode ser encontrado de
tensão no eixo.

3.3.11: Curva V

Os ensaios de curvas V são realizados com a máquina síncrona operando


como motor, ou seja, aplica-se tensão nos terminais do estator. Com a máquina
operando com tensão nominal nos terminais do estator e sob velocidade (ou
frequência) nominal, levantam-se curvas variando-se a corrente de excitação.

46
A corrente de excitação é variada de um valor nulo até um valor em que a
corrente de armadura chegue ao máximo de 150% de sua nominal, registrando-se
os valores de tensão e corrente de excitação, e corrente de armadura. As curvas V
podem ser de vários tipos, dependendo da corrente que circula na armadura,
podendo ser desde a máquina em vazio (sem corrente na armadura) até o máximo
de 150% de corrente na armadura.

A figura 22 mostra três curvas V em condições de corrente de armadura


distintas.

Figura 22: Conjunto de curvas V (Fonte: [6]).

3.3.12: Vibração

O objetivo do ensaio de vibração é determinar o desempenho mecânico e o


desbalanceamento residual da máquina. Durante a etapa de fabricação da máquina,
são feitos balanceamentos em seus componentes girantes, no caso de geradores,
rotor do gerador e turbina. Através do ensaio de balanceamento, pode-se determinar
a não homogeneidade da distribuição de massa nos componentes, possibilitando a
correção deste fator. Um componente bem balanceado possui menor vibração e
oscilação, aumentando a vida útil de funcionamento do equipamento.

O ensaio de vibração é executado antes e depois do ensaio de


sobrevelocidade, de acordo com [15].

47
O procedimento se dá através da medição de vibração nos mancais da
máquina, nas direções axial, vertical e horizontal. O valor rms da vibração deve ser
anotado em um protocolo e comparado com a tabela 4. Para a medição são usados
sensores chamados de acelerômetros, que são conectados em um aparelho
medidor de vibrações.

Tabela 4: Critérios de aceitação para ensaio de vibração.

Grade de Vibração Montagem Velocidade rms (mm/s)


Suspensão Livre 2,8
A
Montagem Rígida 2,3
Suspensão Livre 1,8
B
Montagem Rígida 1,5
A grade A aplica-se a máquinas que não necessitam de valores especiais de
vibração, exigidos pelos clientes. Já a grade B, aplica-se àquelas que possuem um
maior grau de exigência no que tange aos valores de vibração.

Caso durante o ensaio os valores de vibração variem, não permitindo uma


única leitura, devem ser anotados os valores máximos e mínimos encontrados,
utilizando-se da equação 23 para determinar o valor real da vibração.

√ (23)

3.3.13: Sobrevelocidade

O ensaio de sobrevelocidade para geradores síncronos é efetuado de acordo


com [7]. Coloca-se a máquina em rotação nominal em giro mecânico (sem
excitação), feito isso, eleva-se a rotação até 120% da rotação nominal máxima,
deixando a máquina nestas condições durante dois minutos.

Após o ensaio, a máquina deve ser inspecionada a fim de se notar alguma


alteração construtiva da máquina. Não havendo alterações, conforme citado na
seção 3.3.12, o gerador é submetido a um novo ensaio de vibração.

48
Tabela 5: Ensaio de sobrevelocidade (Fonte: [7]).

3.3.14: Nível de Ruído

O ensaio de medição de nível de ruído deve ser feito seguindo os


procedimentos de [16].

Deve-se ligar a máquina operando como motor, sob tensão e frequência


nominais e excitada a fim de que circule uma corrente mínima na armadura, com
respectivo fator de potência unitário.

Mede-se o nível de ruído com um decibelímetro em pontos situados em um


perímetro distanciado de um metro da área sob a qual a máquina está montada,
conforme sugere a figura 23. Os níveis de ruído são medidos com a máquina em
funcionamento e posteriormente com a máquina desligada, a fim de se medir o
chamado ruído de fundo, que é usado para correção do valor medido com a
máquina em funcionamento.

As fórmulas utilizadas para a correção do ruído, bem como o número de


pontos que devem ser medidos são encontradas nas normas ISO 3744, ISO 3745 e
ISO 3746.

49
Figura 23: Medição do nível de ruído (Fonte: WEG).

3.4: Perdas e Rendimento

Toda máquina possui perdas associadas, no caso dos geradores síncronos, a


magnitude da potência mecânica entregue pela turbina não é igual a magnitude da
potência elétrica gerada nos terminais do gerador. Logo, conclui-se que há perdas
associadas no processo de conversão de energia mecânica em energia elétrica.

De acordo com [19], o rendimento de um gerador síncrono é dado na


equação 24.

(24)

Onde:

P2 = Potência de saída (potência elétrica gerada);

PT = Potência total de perdas.

A potência total de perdas é a soma das potências relacionadas com as


perdas que serão descritas a seguir.

3.4.1: Perdas no Cobre (Perdas Joule)

As perdas no cobre são aquelas causadas por dissipação de calor (efeito


Joule) nos enrolamentos do estator e do rotor do gerador e nos enrolamentos da

50
excitatriz. Como já explicado, a resistência varia com a temperatura, logo, as perdas
devem ser calculadas com valores de resistência corrigidos para determinadas
temperatura, de acordo com sua classe de isolamento, conforme mostra a tabela 6.
A fórmula para se calcular o valor da resistência corrigida é a apresentada na
equação 13.

Tabela 6: Temperatura de referência para classe de isolação (Fonte: [19]).

3.4.1.1: Perdas Joule no Estator

As perdas Joule no estator são a soma das perdas em todos os caminhos por
onde circula a corrente de armadura, segundo [3]. Deve ser calculada segundo a
equação 25.

(25)

Onde:

PJest = Perda Joule no estator;

RLest = Resistência de linha do estator corrigida para a temperatura de


referência;

Iest = Corrente nominal que circula no estator a 100% de carga.

3.4.1.2: Perdas Joule no Rotor

A perda Joule no rotor do gerador é gerada pela circulação da corrente


nominal de campo no enrolamento de campo. Sendo calculada como o produto
desta corrente ao quadrado pelo valor da resistência ôhmica do enrolamento de
campo, conforme mostra a equação 26.

(26)

51
Onde:

PJrotor = Perda Joule no rotor;

RLrotor = Resistência de linha do rotor corrigida para a temperatura de


referência;

Irotor = Corrente nominal que circula no rotor a 100% de carga.

3.4.1.3: Perdas Joule na Excitatriz

Para obter as perdas Joule no estator e rotor da excitatriz, utilizam-se os


mesmos procedimentos adotados para o estator e rotor do gerador.

3.4.2: Perdas no Ferro

As perdas no ferro dizem respeito às imperfeições naturais e intrínsecas das


chapas utilizadas na construção do núcleo magnético do estator e do rotor. Essas
perdas são causadas pelo fenômeno de histerese e por correntes parasitas,
causadas pelo campo magnético flutuante produzido nos enrolamentos da máquina.

Segundo [3], as perdas no ferro podem ser calculadas pela diferença entre a
potência necessária para levar a máquina à sua velocidade nominal quando esta é
excitada produzindo uma tensão nominal em seus terminais a vazio e a potência
necessária para levar a máquina a esta mesma velocidade sem excitação.

3.4.3: Perdas Mecânicas

As perdas mecânicas, segundo [1] e [3], são as perdas causadas por atrito e
ventilação dos geradores, como por exemplo, as perdas causadas pelo atrito do eixo
em suas estruturas de sustentação (mancais).

As perdas mecânicas, segundo [19], são calculadas com a equação 27.

(27)

Onde:

Pmec = Perdas mecânicas;

Peixo = Potência fornecida pela turbina no eixo do gerador;

Pfe = Perdas no ferro;

52
PUxIrotor = Potência (UxI) no rotor em um ponto de excitação escolhido;

PJrotorexc = Perda Joule no rotor da excitatriz no ponto de excitação


escolhido;

PG = Potência do gerador (igual a zero, pois o gerador está operando a


vazio).

3.4.4: Perdas Suplementares

As perdas suplementares são as perdas que não se encaixam nos itens


anteriores, como por exemplo, perdas causadas por distorções harmônicas,
imperfeições do campo eletromagnético nas bordas do bobinado, perdas no sistema
de circulação de óleo nos mancais, perdas no sistema de excitação (envolvendo os
retificadores, RT, etc), entre outros.

Para se calcular as perdas suplementares, utilizam-se os valores obtidos no


ensaio de curto circuito trifásico permanente, aplicando-os na equação 28.

(28)

Onde:

Psup = Perdas suplementares;

Peixo = Potência fornecida pela turbina no eixo do gerador;

Pmec = Perdas mecânicas;

PUxIrotor = Potência (UxI) no rotor em um ponto de excitação escolhido;

PJrotorexc = Perda Joule no rotor da excitatriz no ponto de excitação


escolhido;

PJest = Perda Joule no estator do gerador.

Com todas as perdas calculadas, obtém-se as perdas totais da máquina (PT),


que deve ser aplicada na equação 24 para obtenção do rendimento do gerador.

53
Capítulo 4: Ensaios de Comissionamento

Neste capítulo serão discutidos os ensaios que são realizados durante a fase
de comissionamento do gerador síncrono. A descrição do comissionamento já foi
tratada na seção 1.2.

Muitos ensaios que serão citados aqui são rigorosamente os mesmos


efetuados durante a etapa de inspeção em fábrica, então por que repeti-los? A
resposta a essa pergunta se dá devido ao fato de que as condições sob as quais o
gerador estará submetido na usina não são exatamente as mesmas sob as quais ele
foi testado em fábrica, interferindo nos resultados dos ensaios. Também deve ser
lembrado que o equipamento foi transportado da fábrica até a usina, o que pode
acarretar mudanças no funcionamento do equipamento. Outro fato que deve ser
destacado é que os geradores de grande porte, na maioria das vezes, têm sua
montagem terminada na usina, pois é inviável transportá-lo inteiro caso fosse
montado em fábrica, logo, muitos ensaios são feitos apenas durante a etapa de
comissionamento destes geradores.

Serão apresentados neste capítulo, resultados obtidos durante o


comissionamento de um gerador síncrono em uma Pequena Central Hidrelétrica
(PCH) localizada no estado de Santa Catarina.

Assim como no capítulo 3, os ensaios de comissionamento também podem


ser divididos em ensaios estáticos e dinâmicos.

4.1: Características da Máquina Comissionada

O gerador estudo deste capítulo possui as principais características elétricas


descritas na tabela 7.

Com a ajuda das equações descritas no decorrer do trabalho, e equações


relacionadas à área elétrica em geral, pode-se determinar outras características da
máquina usando por base os valores da tabela 7.

54
Tabela 7: Características do gerador em estudo.

Característica Valor
Tensão 13800 V
Corrente 582 A
Potência 13900 kVA
Frequência 60 Hz
Rotação 600 rpm
Fator de Potência 0,9
Utilizando a equação 1, pode-se obter o número de pólos da máquina.

4.2: Ensaios Estáticos

4.2.1: Resistência de Isolamento e Índice de Polarização

Este ensaio deve ser repetido sempre que se achar por bem, pois não
danifica a máquina e seu procedimento de execução é bastante simples, como foi
explicado na seção 3.2.2.

É comum que os resultados obtidos neste ensaio na fase de


comissionamento difiram dos resultados obtidos no ensaio realizado na fábrica. Isso
acontece pelo fato de que por maiores que sejam os cuidados durante o transporte e
montagem do gerador, a máquina fica exposta à umidade, poeira, e outras
impurezas que podem contaminar os enrolamentos do gerador, abaixando assim a
sua resistência de isolamento. Por isso, os resultados devem satisfazer a equação
14, para que o gerador possa ser energizado.

Após certo tempo em operação, mesmo ainda durante a fase de


comissionamento, se o ensaio for repetido, poderá ser notado um aumento na
resistência de isolamento em relação à primeira medição da fase de
comissionamento, pois com a entrada em funcionamento da máquina, a tendência é
que através do aquecimento proporcionado pelas correntes que circulam pelos
enrolamentos, e através da circulação de ar ocasionada pelo giro da máquina, as
impurezas sejam eliminadas, aumentando o isolamento da máquina.

55
Os resultados para a resistência de isolamento e índice de polarização da
máquina em estudo são mostrados na tabela 8.

Tabela 8: Resultado da resistência de isolamento e índice de polarização.

Resistência de Isolamento e Índice de Polarização


Tempo 1 minuto 10 minutos IP
Fases V-W 8,82 GΩ 17,3 GΩ 1,96
Fases U-W 10,0 GΩ 23,1 GΩ 2,31
Fases U-V 9,60 GΩ 22,2 GΩ 2,30
Rotor 3,00 GΩ 7,07 GΩ 2,35
Rotor Excitatriz 12,02 GΩ 21,06 GΩ 1,70
Estator Excitatriz 2,76 GΩ 5,31 GΩ 1,92
Conforme apresentado na seção 3.2.2, se for utilizada como base a tabela 3,
o equipamento não poderia ser energizado. Porém, pelos fatores já explicados,
como umidade e impurezas presentes no equipamento pelo fato de este não estar
em funcionamento por um grande período de tempo, o IP tende a baixar. Neste
caso, deve-se atentar para a condição apresentada na equação 14. Sendo esta
satisfeita, como no caso aqui apresentado, o equipamento pode ser energizado sem
danos.

4.2.2: Tensão Aplicada

O ensaio de tensão aplicada deve ser realizado somente após o ensaio de


resistência de isolamento, pois como o nível de tensão é muito elevado, deve existir
a garantia que a máquina irá suportar o nível de tensão sem ruptura do dielétrico e
maiores danos à máquina.

Os procedimentos dever ser os mesmos explicados na seção 3.2.3, porém,


caso a máquina já tenha sido testada com a tensão de ensaio (equação 18), a
tensão que será aplicada novamente pode ser de 80% da tensão de ensaio, já que
se trata de um ensaio destrutivo, ocasionando muitas descargas parciais nos
componentes do gerador.

56
4.2.3: Resistência Ôhmica

Pelo fato da resistência ôhmica se tratar de um parâmetro construtivo da


máquina, pode-se ter a idéia de que uma vez que o ensaio foi realizado nas
dependências do fabricante, não necessitaria ser repetido. Porém, como já citado no
decorrer do trabalho, durante o transporte pode ocorrer algum problema, danificando
os enrolamentos do gerador, ou em caso de máquinas de grandes dimensões, o
ensaio é realizado apenas no comissionamento.

Os procedimentos utilizados para a realização do ensaio são os mesmos que


foram discutidos e apresentados na seção 3.2.1.

Os valores das resistências ôhmicas dos acessórios (PT-100) encontrados


são apresentados na tabela 9.

Tabela 9: Valor da resistência ôhmica dos acessórios.

Resistência ôhmica dos acessórios


Sensor Resistência (Ω) Temperatura (°C)
S1 – R 112,7 33,073
S1 – S 111,7 30,469
S1 – T 113,4 34,896
Contra Escora Superior 110,7 27,865
Contra Escora Inferior 111 28,646
Escora Superior 110,3 26,823
Escora Inferior 110,8 28,125
Casquilho LNA 110 26,042
Óleo LA 111 28,646
Óleo LNA 110,8 28,125
Resistência de Aquecimento 79,4 -
A potência nominal da resistência de aquecimento é de 600 W, sabendo-se
que a tensão em seus terminais é de 220 Vca, com uma resistência de 79,4 Ω,
chega-se a um valor de potência de 609,57 W.

Para os enrolamentos, foram utilizados os dois métodos, sendo para o estator


principal o método da tensão e corrente, e para os demais enrolamentos o método
da comparação com a ajuda de uma Ponte Kelvin.

57
Os valores de tensão e corrente, e consequentemente do valor da resistência
dos enrolamentos do estator principal são apresentados na tabela 10.

Tabela 10: Resistência ôhmica dos enrolamentos do estator (Método da tensão e


corrente).

Resistência ôhmica dos enrolamentos (Método da tensão e corrente)


Enrolamento Tensão (V) Corrente (A) Res. Medida a 25°C (Ω)
Fase U 9,1483 58,14 0,15735
Fase V 9,1498 58,14 0,15738
Fase W 9,1502 58,14 0,15738
Na tabela 11, serão apresentados os valores das resistências ôhmicas dos
enrolamentos da máquina. Tanto para o caso dos acessórios quanto para o caso
dos enrolamentos, foram consideradas as correções apresentadas na equação 13.
Para o caso dos enrolamentos, como já dito, foi usado um fator K de 234,5,
correspondente ao cobre.

Tabela 11: Valor da resistência ôhmica dos enrolamentos.

Resistência ôhmica dos enrolamentos


Enrolamento Res. Medida a 25°C (Ω) Res. Corrigida para 20°C (Ω)
Estator Fase U 0,15735 0,15432
Estator Fase V 0,15738 0,15435
Estator Fase W 0,15738 0,15435
Rotor Excitatriz Fase U 0,03325 0,03260
Rotor Excitatriz Fase V 0,03307 0,03243
Rotor Excitatriz Fase W 0,03310 0,03246
Estator Excitatriz 6,313 6,191
Rotor Principal 0,707 0,693

4.3: Ensaios Dinâmicos

4.3.1: Ensaio a Vazio

Os objetivos e procedimentos deste ensaio são praticamente os mesmos


discutidos na seção 3.3.4, porém podem existir algumas diferenças no que diz
respeito à configuração do circuito e dispositivos de medição usados para o ensaio.

58
É comum encontrar nas dependências de grandes fabricantes, equipamentos
previamente montados para a realização dos ensaios, capazes de medir várias
grandezas simultaneamente com o mesmo aparelho.

Durante a etapa de comissionamento, muitas vezes a equipe dispõe de


equipamentos menos sofisticados. Para isso, devem-se ser montados circuitos com
vários equipamentos. Um esquemático bastante utilizado é o sugerido na figura 24.

Figura 24: Esquemático para ensaio em vazio no comissionamento (Fonte: [3]).

Onde:

V1, V2 e V3 = voltímetro CA;

TP = transformador de potencial;

S = resistor shunt;

mV = milivoltímetro.

Os resultados obtidos neste ensaio são mostrados na tabela 12. Com os


dados obtidos da tabela 12, pode-se construir, conforme explicado no decorrer do
trabalho, as curvas de saturação do circuito magnético a vazio e a curva do
entreferro. A figura 25 ilustra as estas curvas, tanto as medidas quanto as corrigidas,
conforme procedimento explicado na seção 3.3.4.

59
Tabela 12: Resultado do ensaio em vazio.

Ensaio em Vazio
V-U V-V V-W Vmed Hz Vexc Iexc Vrotor Irotor
16505 16524 16513 16514 60,04 56,66 7,28 165,1 26,1
15151 15144 15131 15142 59,96 45,29 5,84 131,9 20,9
13790 13799 13792 13794 60,01 37,34 4,83 108,8 17,2
12436 12450 12443 12443 60,04 31,35 4,07 91,3 14,5
1017 11036 11028 11027 60,09 26,56 3,46 77,4 12,3

8169 8189 8180 8179 60,13 18,53 2,42 54,0 8,6


3073 3074 3074 3074 59,97 6,23 0,79 18,2 2,9

1834 1834 1834 1834 59,97 3,48 0,42 10,1 1,6


645 645 645 645 59,99 0,00 0,00 0,0 0,0

Figura 25: Curvas resultantes do ensaio em vazio (Fonte: WEG).

O fator de correção de corrente de excitação para tensão igual a zero


encontrado foi -0,21 A. Essa diferença é responsável pela linha corrigida no gráfico.
Com as curvas traçadas, obtém-se o valor da corrente de excitação para tensão
nominal e para tensão nominal na linha do entreferro.

Iexc para Vnom = 5,04 A = ifo;

Iexc para Vnom na linha de entreferro = 4,54 A = ifg.

60
4.3.2: Curto-Circuito Trifásico

Os métodos de ensaio e objetivos são os mesmos descritos na seção 3.3.5.


Porém, como já explicado anteriormente, muitas vezes não se possuem
equipamentos para medição direta das grandezas instalados no campo, como é o
caso de quando o ensaio é realizado nas dependências de laboratório de ensaios de
grandes fabricantes. Por isso, sugere-se o esquema apresentado na figura 26 como
configuração para realização do ensaio.

Figura 26: Esquemático para ensaio de curto circuito trifásico no comissionamento


(Fonte: [3]).

Onde:

V1, V2 e V3 = voltímetro CA;

A1, A2 e A3 = amperímetro CA;

TP = transformador de potencial;

TC = transformador de corrente;

S = resistor shunt;

mV = milivoltímetro.

O curto-circuito pode ser realizado em qualquer ponto, porém, normalmente é


realizado logo após o disjuntor de saída da máquina, permitindo que o curto seja
feito e desfeito apenas com a operação de fechamento e abertura do disjuntor. Outro

61
ponto comum de fechamento de curto-circuito é diretamente nos terminais de saída
da máquina.

A tabela 13, mostra os valores obtidos no ensaio de curto-circuito trifásico.

Tabela 13: Resultado do ensaio de curto-circuito trifásico.

Ensaio em Curto-Circuito
I-U I-V I-W Imed Hz Vexc Iexc Vrotor Irotor
700 700 700 700 59,98 45,77 6,84 133,3 188,6
638 638 638 638 60,04 41,83 6,23 121,9 172,4
581 581 581 581 60,11 37,84 5,64 110,2 155,9
527 527 527 527 60,14 33,86 5,05 98,6 139,5
465 465 465 465 60,24 29,49 4,39 85,9 121,5

349 349 349 349 60,21 21,59 3,22 62,9 89,0


228 228 228 228 60,21 13,56 2,02 39,5 55,9
21,3 21,3 21,4 21,3 60,16 0,00 0,00 0,0 0,0
Com os valores obtidos no ensaio, constrói-se o gráfico apresentado na figura
27, chamado de linha de curto-circuito.

Figura 27: Curva de curto-circuito (Fonte: WEG).

O fator de correção de corrente de excitação para corrente igual a zero


encontrado foi -0,62 A. Essa diferença é responsável pela linha corrigida no gráfico.
Com a curva traçada, obtém-se o valor da corrente de excitação para corrente
nominal em curto-circuito.

62
Iexc para Inom = 6,24 A = ifk;

Com todos os valores obtidos, pode-se calcular a reatância síncrona de eixo


direto saturada e não saturada, e a relação de curto-circuito, utilizando-se das
equações apresentadas no capítulo 2.

4.3.3: Sequência de Fases

O ensaio de sequência de fases é executado da mesma maneira explicada na


seção 3.3.1. Este ensaio é muito importante, pois caso a sequência não seja
verificada e esteja fora do especificado em projeto, não será possível sincronizar a
máquina no sistema.

4.3.4: Rejeição de Carga Ativa

Considerado por muitos profissionais de comissionamento como o ensaio


mais importante em um comissionamento de gerador.

Os objetivos deste ensaio são a garantia de que as conexões e suportes da


máquina não se desequilibrem com uma mudança abrupta de carga, avaliação dos
níveis de vibração nos mancais, sobrepressão na caixa espiral e conduto forçado,
sobretensão, ajustes finos do RV e RT e seletividade do sistema de proteção, além
do desempenho do sistema digital de supervisão e controle (SDSC).

Quando ocorre uma rejeição, a máquina tende a disparar (sobrevelocidade).


Nesse caso, o RT atua rapidamente desexcitando a máquina, deixando-a com
tensão nominal nos terminais a vazio. O RV, atuando mais lentamente que o RT,
atua fechando o distribuidor para que a máquina retorne a sua velocidade de rotação
nominal à vazio.

Para se realizar o ensaio, o primeiro passo é sincronizar a máquina ao


sistema elétrico de potência. Esta sincronização é realizada por aparelhos chamados

63
de “sincronoscópios”, que ficam instalados nos Quadros de Sincronismo de cada
unidade. Uma vez sincronizada a máquina com carga mínima, são testadas as
respostas e estabilidade dos reguladores RT e RV.

A fim de se observar o comportamento da máquina, a rejeição é realizada em


patamares de 25%, 50%, 75% e 100% da potência nominal, podendo ser realizadas
em outros pontos de operação, determinados pelo fabricante da turbina em comum
acordo com o operador do sistema.

Para que a rejeição seja feita, é aberto o disjuntor que liga a máquina ao
sistema, simulando uma perda abrupta de carga. A cada rejeição são registrados os
parâmetros elétricos e mecânicos máximos e mínimos atingidos, como tensão e
corrente de armadura, tensão e corrente de excitação, potências ativa e reativa,
pressão na caixa espiral, sobrevelocidade, abertura do distribuidor, pressão na
sucção e a queda bruta. Após o registro dos valores, a máquina é inspecionada a fim
de se certificar que o equipamento não sofreu avarias mecânicas, como
desprendimento de peças, rompimento de vedações, trincas, deslocamentos axiais e
radiais, entre outros.

A figura 28 mostra o esquemático que deve ser usado para realização do


ensaio.

Figura 28: Esquemático para ensaio de rejeição de carga ativa (Fonte: [3]).

64
Onde:

V1, V2 e V3 = voltímetro CA;

A1, A2 e A3 = amperímetro CA;

W1, W2 e Var = wattímetros;

TP = transformador de potencial;

TC = transformador de corrente;

S = resistor shunt;

V = voltímetro CC;

mV = milivoltímetro CC.

O ensaio é considerado aprovado se os reguladores, RT e RV, atuarem


conforme seus valores de projeto e se o gerador não apresentar nenhuma avaria.

Para a máquina em estudo, o sistema de aquisição de dados só aquisita os


valores mecânicos, ou seja, relacionados à turbina. Os parâmetros elétricos dizem
respeito ao comissionamento dos reguladores RV e RT, que não são objeto deste
estudo. Com isso, a tabela 14 apresenta os valores dos dados mecânicos.

As figuras 29 a 32 mostram os gráficos aquisitados para rejeição de carga em


todos os níveis de potência.

65
Figura 29: Rejeição de carga a 25% (Fonte: Voith).

Figura 30: Rejeição de carga a 50% (Fonte: Voith).

66
Figura 31: Rejeição de carga a 75% (Fonte: Voith).

Figura 32: Rejeição de carga a 100% (Fonte: Voith).

67
Tabela 14: Resultados do ensaio de rejeição de carga ativa (Fonte: Voith).

68
4.3.5: Elevação de Temperatura

O ensaio de elevação de temperatura é realizado conforme metodologia


citada na seção 3.3.6, porém, o tempo do ensaio é determinado entre acordo da
equipe de comissionamento, fabricante da turbina e operador. É comum o ensaio
durar em torno de 24 horas, sendo a temperatura medida a cada 15 minutos durante
o intervalo de tempo em que nota-se um crescimento abrupto da temperatura,
passando para medições a cada 30 minutos quando o crescimento é menor, até a
estabilidade.

Os resultados são apresentados na tabela 15.

Tabela 15: Elevação de Temperatura.

Temperatura (°C)
Mc.
Hora Fase Fase Fase Mc. tras. Mc. Guia Mc. Esc. Mc. Guia
diant. UHRV UHLM
A B C gerador Turb. Turb. Turb. LA
Ger.
16:25 41 41 40,7 31,5 34,2 37,4 34,9 37 24,7 31,8
16:35 53,5 53,5 53,1 32,8 35,5 37,6 42,8 37,9 24,9 33,1
16:45 60,9 60,9 60,1 34,4 36,5 38,3 43,7 38,4 24,9 33,4
16:55 65,6 65,5 64,6 35,8 37,3 38,6 44 38,6 24,9 33,6
17:05 69,5 69,3 68,5 37,6 38,1 38,7 43,6 38,7 24,9 34,1
17:15 73,7 73,3 72,4 39,4 39,1 39,1 44 38,9 24,9 34,1
17:25 76,1 75,9 75 41 39,7 39,4 44,5 39,1 24,9 34,2
17:55 83,2 82,7 81,7 47,1 41,8 39,9 44,9 39,2 25,1 34,5
18:25 85,7 85,3 84,3 49,4 42,9 40 44,4 39,4 25,1 34,9
18:55 88,3 87,8 86,7 51 43,6 40,2 45 39,4 25,1 34,7
19:25 90,1 89,6 88,5 52,3 44,2 40,2 45,2 39,5 25,2 34,9
19:55 90,9 90,4 89,3 53,1 44,4 40,3 44,9 39,7 25,2 34,9
20:25 91,2 90,6 89,6 53,5 44,7 40,3 45 39,7 25,4 34,9
20:55 91,7 91 89,9 53,7 44,4 40,3 44,7 39,7 25,4 34,9
21:25 91,5 90,9 89,8 53,9 44,5 40,3 45,2 39,7 25,5 34,9
21:55 91,9 91,4 90,2 53,9 44,4 40,3 44,7 39,7 25,5 35
22:25 91,7 91,2 90,1 54,7 44,4 40,3 44,5 39,7 25,7 35
22:55 91,5 90,9 89,9 54,3 44,9 40,3 44,5 39,7 25,7 35
23:25 91,5 90,9 89,8 54,3 44,9 40,5 45 39,7 25,9 34,9
23:55 91,4 90,7 89,8 54,2 44,9 40,3 45,3 39,9 25,9 34,9
00:25 91,7 91,2 90,1 54,3 45 40,5 44,7 39,9 25,9 35
00:55 91,7 91 89,9 54,3 44,9 40,5 45,3 39,9 26 34,9
01:25 91,5 90,9 89,8 54,2 44,7 40,3 44,7 39,9 26 35
01:55 91,7 91,2 90,1 54,2 44,7 40,3 44,7 39,9 26 35
02:25 91,9 91,2 90,1 54,2 44,7 40,5 45 39,9 26 35
02:55 91,9 91,4 90,2 54,2 44,7 40,5 45 39,9 26,2 35

69
03:25 92 91,4 90,2 54,3 44,5 40,3 45,3 39,7 26,2 35
03:55 92 91,5 90,4 54,2 44,4 40,5 45,2 39,7 26,2 35
04:25 92,2 91,7 90,6 54,2 44,4 40,5 45 39,7 26,2 35
04:55 92,3 91,9 90,7 54,2 44,5 40,5 44,7 39,9 26,2 35
05:25 92,6 92 90,9 54,2 44,4 40,5 44,5 39,9 26,2 35,2
05:55 92,7 92 91 54,2 44,2 40,5 45 39,9 26,2 35
06:25 92,6 92 91 54,2 44 40,5 45,2 39,9 26,3 35
06:55 92,7 92,2 91 54,2 43,9 40,3 45,2 39,9 26,3 35
07:25 92,7 92,2 91 54,2 43,9 40,3 45 39,9 26,3 35
07:55 92,5 92 90,9 54,3 43,9 40,5 45 39,9 26,3 35
08:25 92,8 92,3 91,2 54,3 44,4 40,5 44,7 39,9 26,3 35
08:55 92,7 92,2 91 54,5 44,5 40,3 44,7 39,9 26,3 35
09:25 93,1 92,7 91,5 54,7 44,5 40,5 44,7 39,9 26,3 35
09:55 94,8 94,2 92,8 55 44,4 40,5 45,2 39,9 26,3 35
10:25 95,4 94,8 93,4 55,2 44,5 40,5 45,3 39,9 26,5 35
10:55 95,6 95,2 93,8 55,2 44,8 40,5 45,2 40 26,5 35
11:25 95,7 95,3 94 55,2 45 40,5 45,2 40 26,5 35
11:55 95,8 95,4 94 55,2 45 40,5 45,2 40 26,5 35
12:25 95,8 95,4 94 55,2 45 40,5 45 40 26,5 35

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Capítulo 5: Conclusão

Através de estudos, pesquisas e experiência adquirida em inspeções em


fábrica e comissionamento de diversos geradores síncronos, dos mais variados
tamanhos e potências, notou-se a necessidade de uma equipe especializada e
capacitada para realizar os ensaios de comissionamento em unidades geradoras
antes de sua entrada em operação comercial.

Antes da privatização do setor elétrico brasileiro, toda a geração de energia


era controlada e executada por empresas estatais. Com isso, a responsabilidade
pela operação, manutenção e o comissionamento das usinas geradoras de energia
era destas empresas. Sendo assim, poucos profissionais tinham um know-how
suficiente para executar tarefas de comissionamento.

Com a privatização do setor elétrico, muitas empresas da iniciativa privada


viram neste ramo um grande negócio, com isso, começaram atividades no setor
elétrico. Muitas destas empresas não possuíam nenhuma experiência neste nicho de
mercado, fazendo com que se criassem muitos empregos para profissionais
capacitados no ramo de geração de energia. Porém, como dito anteriormente, estes
profissionais estavam alocados em empresas estatais e se tornava difícil contratá-
los. Uma saída para as empresas que estavam entrando no mercado, era adquirir
profissionais e treiná-los ao passar do tempo, sob orientação de supervisores mais
experientes.

Este trabalho apresentou uma síntese de todos os ensaios que usualmente


são realizados em geradores síncronos, através de apresentações das metodologias
que devem ser seguidas para a execução dos ensaios, discussão da aplicabilidade
dos critérios de aceitação destes ensaios e apresentação de resultados obtidos
durante o comissionamento de um gerador síncrono instalado em uma PCH.

Cumpriu-se o objetivo de sintetizar os procedimentos e critérios de aceitação


apresentados em diversas normas, unificando-os em um único documento,
facilitando assim a consulta para futuros ensaios de comissionamento.

Espera-se que com a realização deste estudo, este trabalho sirva como um
roteiro inicial, onde cada novo profissional que for iniciar a carreira na área de

71
comissionamento possa obter um primeiro contato com os procedimentos adotados
para a realização de cada ensaio, bem como o contato com os procedimentos e
preparativos que envolvem toda e qualquer atividade relacionada ao
comissionamento de qualquer equipamento, não só de geradores síncronos.

Com os estudos em máquinas elétricas realizados para a execução do


trabalho, pôde-se perceber que não basta ter experiência prática se os valores
aprendidos na teoria, não forem aplicados no momento da execução dos ensaios e
na interpretação dos resultados obtidos, auxiliando a elaboração dos relatórios
contendo estes resultados e cálculos dos principais parâmetros que envolvem uma
máquina síncrona.

Com o crescimento notável e a necessidade de formação de novos


profissionais para o comissionamento, sugere-se para trabalhos futuros, discutir da
maneira feita neste trabalho, ensaios de comissionamento dos demais equipamentos
eletromecânicos que compõe plantas industriais.

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Bibliografia:

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[2] IEEE Std 100, “The Authoritative Dictionary of IEE Standards Terms”. 7ª ed.
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Part 1: Acceptance and Performance Testing. Part 2: Test Procedures and
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73
[ 14 ] IEEE Std 95, IEEE Recommended Practice for Testing Insulation of AC
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[ 15 ] ABNT NBR IEC 60034-14, “Máquinas Elétricas Girantes - Parte 14: Medição,
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[ 16 ] IEC 60034-9, “Rotating Electrical Machines – Part 9: Noise Limits”. Genebra,


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[ 18 ] MATSCH L. W., MORGAN J. D., “Electromagnetic and Electromechanical


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2011.

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