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O HOMEM COMO SER DEMOCRÁTICO E SUA RELAÇÃO COM AS REDES

SOCIAS
Dácio José do Nascimento
Mestrando em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB
dacionascimento12@gmail.com

RESUMO

O Homem e suas relações sócio-políticas são merecidamente objetos de


especulação, nesse sentido nos propomos estabelecer uma reflexão a partir da
Democracia nas redes socais. Partindo da compreensão da Democracia de Platão e
Aristóteles, cogitamos um entendimento do espaço democrático como um meio para
garantir a liberdade de expressão e, sobretudo, o bom convívio em sociedade.
Lembramos o perigo pelo qual o mau uso da democracia pode ferir a dignidade da
pessoa e criar um convívio social pesado e difícil para a coexistência humana. Isso
ainda se torna mais preocupante quando levamos esse mau uso ao nível das redes
socais, quando num aglomerado de informações, estas são usadas como meio de
opressão, rejeição, e até de aniquilamento da pessoa ou de um ideal comum. Assim,
para não correr o risco de enveredar o uso das redes socais para a criação de um
“monstro” horripilante, apelamos para características próprias da conivência humana: as
relações estabelecidas e a fraternidade como meios de garantir para as redes sociais este
lugar de boa convivência e autonomia do ser humano enquanto um ser social e livre.

PALAVRAS CHAVES: Democracia; Redes sociais; Fraternidade; Autonomia

1. REDES SOCIAIS, ESPAÇO DE DEMOCRACIA

O que é o homem em suas relações, senão um homem de relações políticas?


Como já pensava o velho Aristóteles. Também se agrega às suas relações o engendrado
contato social que favorece ainda mais sua posição na história. Dessa forma, o homem
em suas relações sócio-políticas exerce influência em todos os âmbitos da vida social.
Nas relações de troca e venda, no exercício de cidadania, no seu ser político, estão
implícitas, e muitas vezes explícitas, todo o arcabouço da experiência sócio-político que
ele vai adquirindo no desenrolar de sua trajetória. Some-se a esses aspectos a
característica do homem ser um ser dotado das capacidades de transmitir por meio da
sua linguagem (verbal, simbólica etc.) seus pensamentos e ser também um ser dotado de
razão. Tais condições permitem ainda mais que ele estabeleça uma rede de contatos,
relações e assim constituir seu ambiente social, no qual, pela comunicação, se
estabeleça o ambiente próprio ao convívio humano-social. É, pois, o homem um ser
político, e esta dimensão abrange a totalidade das conexões por ele construídas.
“Entre os seres vivos, o homem, enquanto animal político, se destaca
como o único apto a discernir sobre os valores, a definir o justo e o
injusto, a escolher entre o bem e o mal. Ele não deseja apenas viver,
mas bem viver. A política confere ao homem uma disposição para
viver em sociedade, como animal social, mas quando separado da lei e
da justiça ele pode transformar-se num ser inumano” (PEQUENO,
2019, p. 6)
É inegável o fato do homem estabelecer aquelas relações fora de uma ambiente
sem lei, normas. Estas são fatores indispensáveis para o surgimento de uma sociedade
democrática. A experiência social é pois um conjunto de autonomia, liberdade e regras
(pistas) para a convivência humana. Embora não seja o foco de nossas considerações a
reflexão destes aspectos, os mesmos entram nesta vertente, pois não tem como refletir
relações sócio-humano-políticas sem ter e mente as estruturas que garantem a
sustentação de uma sociedade democrática.
Dentro deste vasto campo das relações sócio-política direcionamos nosso olhar
para este ponto específico, adquirido pelo homem, que consideramos importante para a
proposta a ser desenvolvida. Este aspecto é o aspecto democrático.
Democracia, termo de origem grega, composta por duas palavras demos (povo) e
kratos (poder), designa a ação de dar ao povo o poder. Este não enquanto “força
mágica”, ou ainda como absoluto uso da força física sobre determinadas situações; mas
“poder” de discursão, reflexão, escolha. Espaço no qual o povo tem vez, tem voz, e
onde todas as classes socais tem uma participação na construção dos ideais da
sociedade.
O Espaço democrático favorece ao homem um lugar de fala no qual ele pode
expressar suas opiniões, sejam elas subjetivas ou mesmo comunitárias. Nesta ótica o
recente modo de conviver de boa parte da população mundial – mesmo que este isente a
presença física, emocional, pessoal, características próprias do contato social – está por
demais envolvido neste âmbito democrático. Este modo que falamos são as chamadas
redes socais.
Antes, porém, de adentrarmos especificamente neste assunto, trazemos dois
pensadores da Grécia antiga que podem auxiliar na reflexão sobre o caráter democrático
de uma determinada sociedade. Falamos de Platão e Aristóteles. Acreditamos que o
modo como ambos refletiram sobre a democracia, ilumina o que pretendemos sobre o
aspecto democrático nas redes sociais.
Na sua obra, A República, Platão reflete sobre os diferentes modos de governo.
Como o filósofo do mundo ideal, ele pensa em uma sociedade ideal para todos, mas esta
não seria alcançada por meio de uma oligarquia, aristocracia, pois estas formas buscam
manter os privilégios de um grupo (famílias) e um modo de manter-se no poder a todo
custo.
“...cada governo faz as leis para seu próprio proveito: a democracia,
leis democráticas; a tirania, leis tirânicas, e as outras a mesma coisa;
estabelecidas estas leis, declaram justo, para os governados, o seu
próprio interesse, e castigam quem o transgride como violador da lei,
culpando-o de injustiça. Aqui tens, homem excelente, o que afirmo:
em todas as cidades o justo é a mesma coisa, isto é, o que é vantajoso
para o governo constituído; ora, este é o mais forte, de onde se segue,
para um homem de bom raciocínio, que em todos os lugares o justo é
a mesma coisa: o interesse do mais forte” (PLATÃO, p. 25).
Nesta perspectiva de Platão, a Democracia – mesmo que dê poder ao povo de se
manifestar contra sistemas oligárquicos que não favoreçam aquela sociedade ideal para
todos – pode incorrer também no perigo de fazer subir ao poder qualquer pessoa-grupo,
que de forma sofista convença, por meio da argumentação despretensiosa, a maioria dos
cidadãos da “polis” possibilitando assim a ascensão de um ideal dominador e de desejos
de satisfações próprias.
“Sócrates — Encontraremos, segundo suponho, homens de toda
espécie neste governo, mais do que em qualquer outro.
Adimanto — Como não?
Sócrates — Desse modo, é provável que seja o mais belo de todos.
Como um traje colorido que ostenta toda a gama das tonalidades,
oferecendo toda a variedade dos caracteres, poderá parecer de uma
beleza irretocável. E talvez muita gente, semelhante às crianças e
mulheres que admiram as miscelâneas de cores, decida que é o mais
belo” (Idem, p. 361)
Neste diálogo percebe-se a armadilha que a Democracia pode cair: correr o
perigo de dar voz as pessoas e assim elas poderem defender qualquer interesse. Seria
um paraíso dos sofistas. Despreocupados com o que é verdadeiro e bom para todos,
elegeriam pessoas que seriam seus porta-vozes, que pela argumentação convenceriam as
pessoas a acreditarem que suas ideias seriam melhor para a Polis. Não intencionados em
defender coisas nobres, mas somente em produzir argumentos que favorecessem seus
interesses, preocupados em convencer as pessoas do que quer que fosse.
É importante lembrar que para Platão o Filósofo é o homem capacitado para
instruir e levar a bom termo o exercício da vivência do Estado ideal para todos, pois só
ele é detentor do acesso àquilo que é ideal, “diremos, então, que o filósofo deseja a
sabedoria, não nesta ou naquela das suas partes, mas no seu conjunto” (Idem, p. 240)
Discípulo de Platão, Aristóteles (384-322 a.C.) vê o homem como o agente que
percebe o problema da Polis; analisa-o e de uma certa forma se envolve com a realidade
para poder interferir nela. Para que a vida em sociedade seja boa, sustentável é
necessário que haja um objetivo, que ele vai chamar de Eudaimonia, em geral traduzido
como felicidade, bem-estar. O seio comunitário será um lugar onde as pessoas precisam
buscar um bem comum, o contentamento, a busca da felicidade. Felicidade não somente
como a busca das necessidades individuais, mas também com o bem de todos, uma
felicidade coletiva. “É próprio da sabedoria, tanto a de cada homem em particular
quanto a de todo Estado em geral, dirigir suas ações e sua conduta para o melhor fim”
(ARISTÓTELE, p.42)
Para Aristóteles não há uma forma de governo ideal, pois o que conta é a
intenção em realizar o bem comum. Neste sentido a Democracia será vista também por
esta ótica: sua intencionalidade. Será boa, positiva quando o bem comum for defendido
pela maioria; e será ruim, negativa, quando a mesma priorizar interesses pessoais em
vista do bem coletivo.
“Os que colocam a felicidade do homem nas riquezas só consideram
felizes os Estados ricos. Os que a colocam no despotismo e na força
pretendem que a suprema felicidade do Estado é dominar vários
outros. Os que não vêem outra felicidade para o homem que não a
virtude chamam feliz apenas o Estado em que a virtude é honrada...
Não entra no plano da Polítíca determinar o que pode convir a cada
indivíduo, mas sim o que convém à pluralidade... Não há nenhuma
dúvida de que o melhor governo seja aquele no qual cada um encontre
a melhor maneira de viver feliz” (Idem, pp. 42-43).
A condição indispensável para uma boa constituição, é que o fim da atividade
estatal deve ser o bem comum e não a vantagem de quem governa despoticamente1.
Dessa forma a Democracia será um meio, se bem intencionada, para obter para a
sociedade os caminhos de alcance deste bem comum. Ela será importantíssima na
eleição dos interesses, projetos, quem pensem no homem em meio ao seu ambiente, de
casa ao seu coletivo.
Passeando pelos ideais de Platão e Aristóteles, no que tange as ideias de Estado-
Política-Regimes Políticos, trazemos para o interesse deste artigo as concepções destes
dois pensadores. Como conciliar a Democracia e as redes sociais? Quais finalidades
devem ser alcançadas democraticamente no uso dos meios virtuais.
De Platão abstraímos o perigo que em nome de uma democracia estes meios
sejam usados para a difamação, ou até para superposição de um determinado víeis
ideológico. Entendendo erroneamente o uso da Liberdade de expressão corre-se o
perigo de, em seu nome, cometer injustiças e até exterminar pessoas e manifestações
culturais.
Patrício Carneiro Araújo, Doutor e Mestre em Ciências Sociais, no seu livro
entre Ataques e Atabaques, no qual reflete sobre a intolerância religiosa e racismo nas
escolas, lembra um caso ocorrido no Rio de Janeiro em 2014: quando o povo do
terreiro, cansado de tantas agressões e ataques por parte das Igrejas Evangélicas, nas
diferentes mídias sociais vinculam acusações, mentiras e notícias levianas resolveram
entrar com uma ação judicial, através do Ministério Público Federal, solicitando a
imediata retirada de uma série de vídeos ofensivos contra as religiões afro-brasileiras,
colocadas no site de vídeos You Tube por membros da IURD. Tendo o Ministério
Público Federal do Rio de Janeiro, através do procurador Jaime Mitropoulos,
protocolado a queixa na 17ª Vara Federal do Rio, a decisão do juiz federal, Eugênio
Rosa de Araújo, viria surpreender os proponentes da queixa e provocar reações em
diversos setores da sociedade brasileira, incluindo representantes do direito, de
movimentos sociais e de diferentes setores religiosos. A polêmica se estenderia por
meses até o juiz reconsiderar sua decisão. Mas, em que consistiu a decisão do juiz? A
matéria jornalística sobre o fato, publicado pelo jornal Folha de São Paulo, demonstra

1
Cf. https://www.pucsp.br/pos/cesima/schenberg/alunos/paulosergio/politica.html
muito bem em que consistiu o entendimento do juiz que motivou sua infeliz decisão:
Umbanda e candomblé não são religiões, diz juiz federal2. Em outra decisão, revendo
seus critérios, Eugênio Rosa vai reconhecer Umbanda e Candomblé como religiões, mas
mantém a negativa dada na ação movida pelo Ministério Público Federal do Rio de
Janeiro que pedia retirada do YouTube de 15 vídeos considerados ofensivos à umbanda
e ao candomblé.
Trazemos este exemplo para acentuar o uso democrático das redes socais feito
de forma pejorativa. O que está por traz destas publicações? Quem as fez? Qual o
objetivo? Por certo não são os melhores. Assim a ideia de Platão faz ressoar, quando em
nome da democracia qualquer um pode manifestar suas opiniões, mas não é visto o bem
comum. Neste caso ela é um perigo.
Em contraponto, juntamente com Aristóteles, tiramos a busca do bem comum.
Daí a democracia nas redes socais devem favorecer este fim, não impondo o ponto de
vista de alguns para obter seus interesses, mas corroborando com ideias nos quais o
diferente também tenha voz e espaço. Qual é a intencionalidade de uma publicação?
Quais fins querem ser alcançados? O que é privilegiado?
Na outra margem do exemplo citado acima, os mesmos meios que foram usados
para denegrir a Umbanda e o Candomblé, também serviram para pressionar o Juiz da
17ª Vara Federal do Rio rever seu julgamento, como lembra Patrício na sua obra:
“...esse caso provocou polêmica em todo o país e mobilizou diferentes
setores da sociedade brasileira em defesa das populações ligadas às
religiões afro-brasileiras. Essas mobilizações, somadas à pressão feita
pelas mídias e pela imprensa, forçaram uma revisão da decisão do juiz
que, mesmo reconsiderando seu parecer sobre as religiões afro-
brasileiras, não recuou na decisão quanto à retirada dos vídeos
ofensivos em questão” (ARAÚJO, 2017, p. 241).
Assim chegamos a um questionamento. É possível uma democracia nas redes
sociais que favoreçam o anseio do bem comum? É possível criar um mecanismo que
favoreça uma rede comunitária solidária, na qual a liberdade de expressão seja
defendida sem que esta fira a dignidade individual seja de pessoas, culturas, religiões,
opiniões políticas etc.? Oxalá que exista.
Deste ponto, propomos com este artigo, um meio, entre tantos, que salvaguarde
um espaço democrático das mídias sociais e favoreçam lugar de debate, encontro,
2
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/05/1455758-umbanda-e-
candomble-nao-saoreligioes-diz-juiz-federal.shtml.
construção de ideais que favoreçam o crescimento de uma sociedade mais justa e
fraterna.

2. FRATERNIDADE, RELAÇÕES HUMANAS E REDES SOCIAIS

Como perceber em meio ao mundo cibernético, sem fios, no sentido literal, essa
nuance sócio-política nas relações virtuais? O Doutor em Filosofia Ronaldo Miguel da
Silva, desenvolvendo o tema de Democracia e Redes Socais apresenta a seguinte
opinião.
“A estrutura normativa da fraternidade em redes se define a partir de
um esquema de atividades que conduz os agentes conectados a agirem
juntos, a fim de produzir um total de benefícios e atribuir a cada um
certo reconhecimento pela parte dos ganhos. A relação criada e
conservada depende dos acordos mantidos e renegociados, os quais
incidem sobre direitos e obrigações. As redes se encaminham para se
tornar uma referência à liberdade como causa e justificação racional
de um espaço político criativo e aberto, de tal modo que cada pessoa
tenha condições de ordenar autonomamente suas expressões de vida
individual e social, mediante uma interação de iguais oportunidades e
reconhecimento recíproco da dignidade”. (SILVA, p. 61)
Ele apela para o princípio da fraternidade. De fato, é próprio da raça humana
esse princípio. Diferente dos outros animais, que geneticamente carregam o programa
base que define sua relação com os outros animais de sua espécie, o homem constrói por
laços de fraternidade o erguimento de suas ideias e princípios sociais e políticos. Eles
mesmos dão sentido, por troca de experiências, aos acontecimentos que estabelecem em
meio as suas relações sócio-políticas. E é a agregação de todas as experiências que
favorecerão no final das contas o conceito, argumentação, defesa, estabelecimento de
determinada ideologia, ou manifestação sócio-política.
Parafraseando a autora Arendt no livro a Condição Humana essa ação do homem
no mundo corresponde a sua pluralidade, ao fato que ele mesmo habita no mundo. Seus
aspectos, nesta habitação, têm alguma relação sócio-política, mas é na sua pluralidade
que está não só a sua condição sem a qual não pode ser, mas a condição para que e em
que aconteça e exista tal relação.3 No seu pensamento então, não há como o homem
escapar desta posição no mundo. Todas as suas ações, reais ou virtuais, se estabelecem
por influência de sua pluralidade. Daí não só um conceito, não só um modo de
experiência humana, prova disto são as mais diversas manifestações sócio-político-
culturais existentes ao longo da história.
Também as redes socais estão impregnadas dessa condição do homem. E se,
mesmos por dados virtuais, ou IP´s de computador, todos carregam uma identidade
humana, como tal também devem ser interpretadas as relações sócio-políticas.
“A par da constatação da pluralidade moral e da particularidade de
interesses pessoais, crenças religiosas, posturas morais, posições
econômicas e categorias sociais, cujo pluralismo caracteriza a
sociedade atual de intuições livres, a estrutura das redes parece
resgatar a dimensão fraterna política como busca da intermediação.
Pode parecer carente de poder institucional, mas é justamente na sua
força de fluxo que acontecem os acordos sobre princípios que

estabelecem termos equitativos de cooperação” (SILVA, Idem, p. 61) .


Nesse ponto há uma democratização das redes socais, visto que elas, de certa
forma, são regidas por um princípio básico à convivência humana, a Liberdade entre os
homens. Princípio esse que favorece à estrutura das redes sociais como ponto de
intermediação. Salvando a liberdade do indivíduo humano, salvamos sua autonomia.
Neste aspecto a autonomia seria entendida como a realização da igualdade pela
garantia aos indivíduos de autodeterminação e participação nas decisões coletivas.
Embora muitas das manifestações históricas tenham se mostradas contrárias a esse
pensamento. Mas as relações virtuais-sociais primam por essa autonomia do sujeito, já
que não é regida por um único sentido, um único sujeito.
Contudo não se pode ser alheio ou ignorante ao fato que também as redes socais,
como que uma mão invisível, sofrem influência de um capitalismo exagerado e até
mesmo de uma ideologia política partidária, que como um indivíduo invisível se infiltra
nos liames das experiências cibernéticas. Não muito diferente das relações pessoais-
físicas da história. O que salva as redes socais seria a sua autonomia-livre das trocas de
formas de pensamentos, de posicionamentos sobre determinados assuntos, sua
contribuição na elaboração de um conhecimento coletivo.

3
CF. ARENDT, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
2007, p. 15
“As redes não estão, fundamental e primeiramente, revestidas de
papeis morais rigorosos, mas guardam a concepção de justiça e de
bem, valores capazes de articular os princípios aplicáveis às estruturas
básicas de sociedades diversas, observando a igualdade, respeitando as
diferenças e preservando a liberdade de associações, no intuito de
antecipar e assegurar condições efetivas de cooperação social em
torno de determinados valores”. (SILVA, p. 22)
O campo das redes socais, como mais acima foi dito, deve ser um meio de
intermediação. Elas carregam, sem dúvida, o modo de pensar e agir do homem, mas de
longe podem ser incorporadas como um fim para as decisivas ações regedoras da vida
humana, principalmente no que tange a formação de uma consciência crítica, ética,
política da conivência da humanidade. Mas há de se exaltar o seu papel primordial para
um tipo de fraternidade, cuja dinâmica é própria da condição do fenômeno
comunicativo humano, capaz de corresponder às formas normativas e necessárias à
organização da convivência global.
Assim, as redes socais como meios de formação de opinião e intermediação
entre as ideologias e o senso comum dos homens, encontram-se no princípio do ser
político. É notória sua capacidade de defesa, refutação, aceitação dos mais variados
temas levantados pela convivência social. Mas também é visível a mão ideologizante
que se impõe às escuras sobre a formação daquele mesmo senso comum. Dessa forma
cabe ao homem moderno e às ciências humanas uma orientação crítica a este meio de
convivência, que como foi atestado acima, garantem uma liberdade-autonomia do
indivíduo humano nas suas relações sócio-políticas. Daí que deve-se ressaltar a
Fraternidade como caminho para este alcance.
Pensar as relações sobre o aspecto do fraterno, é introduzir um antídoto contra o
perigo do individualismo. Levados por aquele sentimento aquele que se encontra por
trás de uam tela de computador, celular, tablete etc. tem um vínculo humano com outro
indivíduo que também se encontra na sua mesma condição, mas que presencialmente
não o vê. A fraternidade exerce uma força crítica sobre os atos, palavras, discursos
escolhidos para se publicar, compartilhar, curtir. Ela é carregada do sentimento de
corresponsabilidade.
Chegamos, assim, ao entendimento que o ser humano não pode ser pensado de
forma isolada de sua rede de relações estabelecidas, sejam elas físicas ou virtuais.
Também é oportuno apontar que tais relações devem favorecer a autonomia do ser
humano, sem ser aprisionado num determinado víeis ideológico e ser manipulado por
ele.
A Democracia nas redes socais, quando associada à busca do bem comum,
torna-se um meio por demais importante para a criação de laços humanitários. Deve-se,
contudo, sempre estar atento, com um olhar crítico para as variadas manifestações que
fervilham os meios sociais: quais as que favorecem a boa convivência? Quais os que
salvaguardam a autonomia e a liberdade do homem? O contrário também se faz
necessário: Quais pensamentos são duvidosos? Quais são a representação de um
pensamento autoritário que não veem o bem comum, mas a satisfação dos desejos de
um determinado grupo? Quais são libertários e quais não são? Tendo esses
questionamentos em mente, fazendo aliança com iniciativas que pensam no bem estar
de todo um conjunto social, pode-se criar uma rede de fraternidade e solidariedade, no
qual todos tenham um espaço e se sintam agentes da própria vida e sociedade.

BIBLIOGRAFIA
ARAÚJO, Patrício Carneiro. Entre Ataques e Atabaques: Intolerância Religiosa e
Racismo nas Escolas, 1ª Ed. Arché Editora, São Paulo, 2017.

ARISTÓTELES, A Política. Ed. Especial, Rio de janeiro: Nova Fronteira, 2011


PLATÃO, A República. Ed. Especial, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014
PEQUENO, Marconi. Ética, direitos humanos e cidadania. In Curso de Formação de
Educadores em Direitos Humanos. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2001.
SILVA, R. M., Um novo paradigma: democracia e redes socais. O fenômeno das
redes socais como instrumento de Fraternidade. Seara Filosófica, n. 7, Verão: 2013.

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