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INTRODUÇÃO

O presente trabalho subordinado ao tema Impacto do Insucesso Escolar na Vida


Social dos Alunos. Estudo de caso da Escola N° 759, Comuna do Zala –
Nambuangongo, insere-se no âmbito do Trabalho de Fim de Cursa obtenção do
grau de licenciatura em Pedagogia, no Instituto Superior de Angola.

O insucesso escolar tende a ser analisado por diferentes prismas. Em termos de


opinião, ele traduz geralmente para os professores a falta de bases, de motivação
ou de capacidades dos alunos ou ainda o disfuncionamento das estruturas
educativas, familiares e sociais.

Para os pais e para a comunidade os professores terão a sua cota parte de


responsabilidade no que tange a faltas, desmotivação, insuficiente formação, etc.
Outras leituras são possíveis embora na generalidade dos trabalhos o problema
parece bastante confinado a analises individuais (alunos pouco dotados, professores
desmotivados, falta de bases, problemas de carência afectiva, etc ), ou a problemas
que de um modo geral não podem ser resolvidos pela própria escola. Tais leituras
são predominantes apesar do reconhecimento de que a escola não pode mudar as
características neurológicas da criança e o seu ambiente familiar ou a sua classe
social (Fonseca,1999,P. 50).

A escola, e o professor são considerados como o eixo de articulação de qualquer


estratégia que pretenda prevenir ou minorar o insucesso escolar.

Ao papel do professor é atribuída uma importância fundamental na redução do


insucesso, nomeadamente no que diz respeito à forma como lida com alunos com
necessidades educativas especiais, grupo no qual se incluem quer alunos com
deficiências (mentais, motoras, surdez, cegueira, etc.), quer um elevado número de
crianças com dificuldades de aprendizagem, de comportamento ou até mesmo
emocionais ( Cruz,2009,P.24).

Com efeito, o professor é o mediador entre o mundo social e a criança, bem como
aquele que faz chegar a criança à herança cultura, num acto pedagógico que se
ajusta ao processo de aprendizagem, mas cuja acção ultrapassa o âmbito da escola.

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Perspectivar as concepções dos professores acerca da questão do insucesso
escolar, enfatizando a compreensão das relações entre o pensamento, as
expectativas, as opiniões dos professores e as suas práticas de ensino, podem ser
reveladoras quer da influência dos contextos sociais e culturais sobre o
desenvolvimento pessoal e profissional dos próprios professores, quer ainda das
experiências pessoais e das interacções com os meios educativos.

JUSTIFICAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO

A aprendizagem é um processo mútuo, em que o professor utiliza inúmeros


mecanismos para que os alunos aprendam, e estes por sua vez revestem-se que
aprendizagens que modificam comportamento em vários aspectos proporcionado
um novo olhar sobre a realidade. Quando isso não ocorre estamos diante de um
caso se insucesso, que acarreta consequências em todas as vertentes dos projectos
educativos.

O tema em questão é importante na medida em que o desenvolvimento económico


sustentável de uma comunidade, região ou município passa necessariamente pela
qualificação dos seus recursos humanos, qualificação esta que é atingida quando
são colmatados os episódios de insucesso escolar. Este estudo servira de
ferramenta para os professores escola n° 759 na comuna do Zala – Nambuangongo
nas questões atinentes ao insucesso escolar.

FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Abordar o impacto do insucesso escolar na vida social dos alunos é uma tarefa
complexa que implica, por um lado a clarificação do conceito e por outro um
conhecimento da realidade social dos alunos. Nesta perspectiva formulamos o
seguinte problema científico:

 Qual é o impacto do insucesso escolar na vida social dos alunos da


escola n° 759 da comuna do Zala – Nambuangongo?

HIPÓTESES

A hipótese é a provável resposta ao problema e neste diapasão apresentamos a


seguinte hipótese:

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 O insucesso escolar tem impacto negativo na vida social dos alunos da
escola 759 na comuna do Zala- Nambuangongo, tais como a falta de auto
confiança e auto estima, as assimetrias sociais causadas pelas dificuldades
no enquadramento profissional futuro.
OBJECTIVOS DA INVESTIGAÇÃO
Os objectivos revelam as metas que se pretendem alcançar com a pesquisa.
GERAL
 Analisar o impacto do insucesso escolar na vida social dos alunos da escola n°
759 na comuna do Zala – Nambuangongo.
ESPECÍFICOS
 Identificar as causas do insucesso escolar dos alunos escola n° 759 na
comuna do Zala – Nambuangongo
 Descrever o impacto social e económico do insucesso escolar no ceio da
comunidade da Comuna do Zala.
 Apresentar sugestões que visam colmatar a problemática do insucesso escolar
na escola n° 759 na comuna do Zala – Nambuangongo.

LIMITAÇÃO E DELIMITAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO

A presente investigação limita-se a investigar sobre o impacto do insucesso escolar


na vida social dos alunos. E delimita-se a escola n° 759 na comuna do Zala –
Nambuangongo.

O trabalho esta estruturado em introdução, 3 capítulos, conclusões, sugestões,


bibliografia e apêndices.

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CAPITULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 – Definições dos termos e conceitos


1.1.1 – Conceito de Impacto
Etimologicamente, a palavra impacto vem do latim tardio impactus, que significa
choque de um objeto contra o outro, ou seja são marcas ou sequelas deixadas por
algo ou algum acontecimento (Dicionário pedagógico, 2014,P.190).

1.1.2 – Conceito de insucesso


Etimologicamente, a palavra insucesso vem do latim insucessu (m), o que significa
Malogro; mau êxito; falta de sucesso que se desejava ou ainda mau resultado, mau
êxito, falta de êxito, desastre, fracasso (Dicionário pedagógico, 2014,P.196).

O vocábulo insucesso é habitualmente referenciado por analogia ao termo sucesso,


que advém do latim sucessu(m), o qual assume, entre outros, os seguintes
significados “o bom êxito, conclusão”ou chegada, resultado, triunfo .

Não podemos pois, deixar de constatar, que os termos sucesso e insucesso detêm
significados que se opõem aos conceitos de bom e mau que lhes estão subjacentes.

O insucesso se refere ainda a desastre, ruína, perda, mau êxito, malogro; enquanto
sucesso se refere a bom êxito e resultado feliz. Estas definições conduzem à
depreensão de que é o aluno quem na sua trajetória escolar, obtém sucesso ou
fracassa, razão pela qual os termos sucesso e fracasso se referem tradicionalmente,
ao resultado positivo ou negativo obtido pelos alunos e que se expressa pela
aprovação ou reprovação no final do ano letivo (Sul,2004, P.12)

1.1.3.Conceito de insucesso escolar

O conceito de insucesso escolar não é recente no contexto educativo e surge


associado à implementação da obrigatoriedade escolar, decorrente das exigências
da Sociedade Industrial. A sua noção conceptual assume-se nos meandros da rede
política e económica do século XX, com a organização das escolas com currículos
estruturados, que pressupõem, por inerência, metas de aprendizagem. Ou seja, a
escola ao veicular a transmissão do saber instituído, propõe a aquisição desse
saber, através de metas e limites que demarcam as fronteiras reais entre sucesso e
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insucesso escolar, pelo que, quando um aluno “fica para trás, já está em insucesso
[visto] que não atingiu alguma coisa que é suposto ser atingida por todos os alunos”
(Fonseca, 1999 p. 67).

Contudo, se nos reportarmos aos primórdios do ensino em Angola, podemos


constatar que as estatísticas tradicionais, omitiram inicialmente o fenómeno da
repetência. A compreensão do termo universalização do ensino básico foi limitada à
matrícula universal da população em idade escolar, não havendo preocupação em
apurar se os alunos matriculados permaneciam na escola e se a completavam no
número de anos estipulados.

O conceito de Insucesso Escolar apresenta-se ainda de difícil clarificação dado a


relatividade, do mesmo em consequência do campo de análise. Segundo Sil (2004,
p.15) o Insucesso Escolar é pois, um conceito tão relativo quanto difícil de definir.
Não menos difícil será tentar interpretar o fenómeno do insucesso escolar, analisar
os factores e os mecanismos que explicam e identificam as suas causas, por isso
achamos necessário apresentar algumas definições baseadas em autores e
dicionários.

Rangel (2007, p. 14) define o insucesso como falta de bom êxito ou mau resultado
ou falta de eficácia ou fracasso ao longo de uma determinada tarefa. Ao nível da
educação o termo insucesso significa o fraco rendimento escolar do aluno, ou seja, o
aluno que não conseguiu obter a nota mínima estabelecida no sistema de avaliação.

1.2 –Antecedentes do insucesso escolar


O IE, ao contrário do que muitas vezes é referenciado, não se trata de um fenómeno
recente. Marchesi (2006, p. 76) reforça essa ideia ao aludir que alunos com
problemas na escola, assim como o insucesso escolar são condições que sempre
existiram e são intrínsecas ao próprio sistema educacional desde a sua criação. Na
verdade, será lógico pensar que havendo alguém que se propõe a ensinar, haverá,
em contrapartida, um grupo que se propõe a ser ensinado, enquanto outros não
querem, não podem, ou não conseguem sujeitar-se a essa instrução. Este facto
levanta a questão sobre a razão por que o IE não se constituía até então como um
problema relevante.

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De acordo com Sil (2004, p. 97) esta situação pode explicar-se pelo facto de nem
sempre ter existido igualdade de oportunidades na educação e haver inicialmente
um número muito restrito de crianças a frequentar a escola. Por outro lado, a
existência de um grande número de analfabetos era considerada uma realidade que
não ameaçava o funcionamento económico e a ordem social estabelecida. Com
efeito, e na perspetiva de Sil (2004), antes dos anos sessenta do século passado, a
preocupação com o insucesso escolar maciço das crianças oriundas das
denominadas camadas populares era diminuta, pois tal fracasso estava na ordem
das coisas, ficando durante anos oculto por uma estrutura curricular que justapunha
duas ideias educativas compartilhadas: uma popular que desembocava na vida ativa
e outra mais elitista, que preparava para estudos superiores. Ou seja, o papel da
Escola passava por hierarquizar os alunos de acordo com o seu rendimento escolar,
selecionando os mais aptos e excluindo os que não fossem capazes de acompanhar
as exigências que a mesma impunha.

O IE era visto desta forma como uma consequência de inaptidão pessoal do aluno
por conseguinte, a responsabilidade do IE era imputada ao próprio aluno e a sua
inaptidão às normas traduzia-se por um abandono prematuro do sistema educativo
ou pela repetência (Sil, 2004, p. 33).

Porém, a partir do momento em que a sociedade industrial começou a exigir mais


dos seus elementos a educação começou a ser considerada como um investimento
observando-se a transformação das classes sociais e o desenvolvimento da
escolarização. Com efeito, do ponto de vista das políticas educativas assiste-se um
pouco por todo o lado ao desenvolvimento e implementação de um conjunto de
medidas no sentido da democratização do ensino. A escola começou a ser vista
como capaz de democratizar a sociedade, no sentido de criar uma maior igualdade
social ou seja, era função da escola fazer aceder à cultura os indivíduos
pertencentes a estratos mais incultos desde que mostrassem capacidade para tal
(Pinto,1995, P.35).

É então a partir da universalização da escolaridade obrigatória e massificação do


ensino que o IE ganha maior relevância tornando-se um problema social. De facto,
segundo Sil (2004, p. 143), a introdução da escolaridade obrigatória e o
consequente aumento da população escolar trouxe para primeiro plano a ineficácia

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da escola em relação ao emergente conjunto de situações de IE. O IE começou
então a ser visto, não só como um problema individual, mas também como um
fenómeno social onde são implicados não só os alunos, mas também outros
intervenientes do sistema educativo. Estar em situação de insucesso passa a
implicar uma enorme variedade de causas, cuja localização pode estar ao nível do
aluno, incluindo o seu ambiente restrito, ao nível da sociedade à qual pertence, ao
nível da própria escola e do sistema educativo.

Na realidade, e segundo Mendonça (2006, p. 253), a recolha sistemática de


informação estatística, assim como o seu posterior tratamento e compreensão,
foram aspetos que pelos elevados valores que apresentavam, começaram
gradualmente a suscitar preocupações numa sociedade que se revelou intolerante
ao insucesso escolar, pelos efeitos que produz, a nível pessoal, social e económico.

Movidos por estas preocupações, muitos investigadores, nomeadamente da área da


educação, psicólogos, pedagogos, trataram de pesquisar os diferentes fatores que
consideram justificativos para explicar o IE, tendo mesmo formulado diversas teorias
na tentativa de o compreenderem e melhor perspectivarem estratégias de solução.

1.3 –Teorias explicativas do insucesso escolar


A problemática do IE colocada em toda a sua extensão pode adquirir várias
dimensões e tem tantas implicações nas atividades, meios e pessoas que atuam na
escola, que não é de admirar o manancial de publicações que lhe estão
consagradas. De facto, muita é a bibliografia publicada sobre o tema, e através da
análise das diferentes obras consultadas conclui-se que os vários autores apontam
para uma série de condições que ao subsistirem confluem para o insucesso escolar
originando diversas teorias, umas de tipo determinista, que acentuam a importância
de fatores externos e anteriores à situação escolar, outras de tipo interacionista que
sublinham mais os fatores internos à instituição escolar.

Na opinião de Benavente (1990, p. 65) as diversas correntes podem agrupar-se em


torno das suas tónicas dominantes dando origem a três teorias.

Numa perspetiva evolutiva, a autora considera, em primeiro lugar, a teoria dos


“dotes” ou “dons” que prevaleceu desde a 2ª Guerra Mundial até á década de
sessenta do século passado. Esta teoria, baseada em explicações de ordem
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genética e psicológica de carácter individual explica o rendimento escolar por “dons”
pessoais e naturais do próprio aluno, ou seja, pela sua inteligência e capacidades.
Em segundo lugar afirma-se a teoria do “handicap” sociocultural. Com origem em
trabalhos da sociologia da educação, esta teoria explica o insucesso/sucesso
escolar dos alunos “pela sua pertença social, pela maior ou menor bagagem cultural
de que dispõem à entrada na escola” (Benavente, 1990, p. 716). Por fim, a partir dos
anos setenta, as explicações para a problemática do IE passam a englobar a própria
escola, os mecanismos que operam no seu interior e o seu funcionamento e
organização (Sil, 2004, p. 29). Desta forma, surge a teoria socioinstitucional onde é
destacado o papel institucional na compreensão do IE dos alunos.

Pelo exposto conclui-se que o IE se torna ao longo dos anos uma realidade social
cada vez mais abrangente. De facto, originalmente a responsabilidade do IE era
imputada ao próprio aluno, numa fase posterior as causas focaram-se na origem
sociocultural dos alunos e, finalmente, é a própria instituição, ou seja, a Escola que é
posta em causa. Assim, por volta da década de oitenta, o IE começa a ser
considerado como um fenómeno relacional que engloba fatores de natureza política,
cultural, institucional, sociopedagógica e psicopedagógica (Benavente e Correia,
1980, p. 186). Percebe-se deste modo que as crianças não estão destinadas a ser
boas ou más alunas, tudo depende do funcionamento da escola, da sua interação
com o meio social e as características da própria criança.

1.3.1 –Causas do insucesso escolar


De acordo com vários estudos levados a cabo por pedagogos e psicólogos a
respeito deste problema, chegou-se à conclusão que as causas podem surgir de
vários factores:

- De nivel Socio- familiar

- De nível cultural;

- De nível da estrutura escolar;

- De nível individual do aluno.

1.3.1.1 – Factores socio- familiares


A família e a escola são agentes socializadores de grande importância. Mas, o
primeiro agente socializador é, sem dúvida, a família. É com a família (pai, mãe e

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parentes mais próximos) que a criança nos seus primeiros anos de vida faz a sua
aprendizagem, é com eles que descobre o mundo, os hábitos e as palavras.

Os pais são os primeiros professores das crianças e durante os primeiros quatro ou


cinco anos, em geral os únicos de máxima importância. Os pais não são apenas os
primeiros professores, são de longe os mais importantes.

A família deve assegurar à criança alimentação, tempos de sono suficientes, lazer,


transmitindo uma variedade de conteúdos, hábitos e normas. A família continua a
ser a primeira escola, determina o ciclo de vida de cada um. De acordo com Viseu
(2009) a família tem o dever de apoiar e proteger a criança e transmitir-lhes os
valores básicos.

Contudo, não podemos ignorar as grandes mudanças que têm ocorrido na estrutura
familiar e que afectam profundamente o desenvolvimento da criança. Actualmente,
as crianças vivem num mundo onde tudo passa a grande velocidade.

A entrada na escola propõe à criança um passo decisivo em frente para o


desconhecido. Sai do pequeno mundo da relação familiar. Arrisca-se a perder o seu
enquadramento natural ao transitar repentinamente para um mundo cujas regras
não conhece.

O ambiente sócio-económico, cultural e étnico, isto é, a influência do meio onde vive


o aluno influencia o seu rendimento escolar. Uma criança mal alimentada, com frio,
doente ou com mau ambiente familiar não tem condições para dar um bom
rendimento.

Benavente (1990, p. 21) afirma que:

os factores de insucesso ligados ao meio são de ordem material e de


ordem cultural. De ordem material podemos citar o nível económico da
família que determinará a alimentação da criança e o seu equilíbrio
fisiológico…O nível económico da família determina ainda a maneira
como a criança se veste, as condições de alojamento são ainda um factor
de insucesso.

Para este autor, se a criança for sujeita a acontecimentos que a podem traumatizar,
poderá ficar comprometido o seu desenvolvimento. O encorajamento é para a
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criança o que a água é para as plantas. É preciso mostrar à criança que ela não é
tão fraca e incompetente como pensa.

Há pais e mães que acreditam que é possível educar os filhos com severidade, com
humilhações ou desvalorizações. Contudo, as depreciações fazem sentir a criança
indesejada, inadaptada reduzindo a sua auto-estima. A baixa auto-estima que é
formada desde a infância tende a perdurar até à idade adulta. Uma auto-estima
positiva contribui para um bom desenvolvimento, se a criança gostar de si e estiver
bem consigo desenvolverá relações positivas com os outros.

É notório que todos os aspectos da vida familiar estão directamente relacionados ao


sucesso escolar dos filhos. Portanto, é necessário articular a adaptação da criança,
cultural e economicamente desfavorável ao processo ensino aprendizagem, de
oferecer-lhes oportunidade de superar a inter-relação entre pobreza e
desenvolvimento cognitivo na tentativa de superar as dificuldades de aprendizagem

Segundo Muñiz (2015), existe uma relação entre o insucesso escolar e a famílias
pois,as crianças aprovadas são maioritariamente de famílias constituídas de quatro
a seis pessoas, essencialmente pai, mãe e filho(s), enquanto as famílias de crianças
reprovadas variavam de dois a onze pessoas. Nessas famílias, a variação do
número de membros encontrava-se directamente relacionada à presença de
parentes, além do núcleo familiar, tais como avós, tios, primos, dentre outros. Dessa
forma, crianças oriundas de tais meios familiares, em sua grande maioria, fracassam
na escola provavelmente por falta de acompanhamento e, consequentemente, são
excluídas socialmente.

É no ambiente familiar e escolar que o sujeito se prepara de acordo com os padrões


culturais e sócios históricos pré-definidos para atuar na sociedade. É necessário que
haja aproximação família escola a partir de uma acção colectiva, que complete a
acção, uma vez que tanto o contexto familiar quanto o contexto escolar apresentam
aspectos positivos e negativos (Muñiz ,2015,P.33).

Dal’ inga (2011), faz uma análise do desempenho escolar e indica alguns elementos
contribuem para relacionar a participação da família no desempenho escolar:

1- Família como responsável pelo desenvolvimento integral (e normal) das crianças -


Considerando a noção de criança que precisa (e deve) ser percebida. Os

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professores referiam que a família é responsável pelo desenvolvimento integral e
deve promover o desenvolvimento infantil e consequentemente a aprendizagem.

2- Mobilização do tempo família como sinônimo de mãe – foi observado um


deslizamento do termo família para o termo mãe. Quando se refere acerca da
importância da participação da família no contexto escolar destaca-se que a função
de acompanhamento do desempenho escolar de seus filhos era atributo da mãe,
independentemente de sua condição de mulher trabalhadora. Como mãe ela é
responsabilizada pelo insucesso escolar de filhos.

3-Investimento da escola na educação das famílias – considerando que a escola,


enquanto instituição normalizadora investe em operações de classificação e
valorização dos desvios, é possível analisar como algumas famílias, principalmente
as mais vulneráveis, são posicionadas como alvo de politicas educativas.

É preciso reconhecer que a família, independente do modelo como se apresente, é r


um espaço de afectividade e de segurança mas também de medos, incertezas,
rejeições, preconceitos e até de violência. Na relação família-educadores, um sujeito
sempre espera algo do outro e para que isto de facto ocorra é preciso que exista a
capacidade de construir colectivamente uma relação de diálogo mútuo, em que cada
parte envolvida possa aportar algo em prol do êxito escolar (Dal’ inga,2011, P. 198).

1.3.1.2 – Factores culturais


Os factores de ordem culturais também são importantes na compreensão do
insucesso escolar, se a criança tem maus modelos de identificação não pode ter
sucesso. Para Pinto (1995),

o ambiente cultural da família é um elemento importante para o


desenvolvimento da criança, nos meios pobres o ambiente cultural é visto
como uma causa de inibição e de bloqueio a um desenvolvimento
harmonioso enquanto, que nos meios privilegiados, pela proximidade da
cultura de referências este assume-se como fator de crescimento e
desenvolvimento pessoal.”

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A criança aprende com as pessoas que estão com ela diretamente. Quanto maior for
a riqueza do seu meio, mais oportunidades ela terá de obter informação relevante e
de qualidade.

Segundo Benavente (1976, pp. 20-31):

Entende-se por meio social,… os hábitos, o modo de vida, os valores


morais e culturais do seu meio que a criança interioriza. Cada criança
constrói a sua personalidade e a sua inteligência nas trocas com o meio
que a rodeia. Tanto do ponto de vista afetivo como intelectual, a criança é
tributária das relações que estabelece com a mãe e com a família no seu
conjunto. (…) Quando se fala (insucesso escolar) pensa-se logo na
criança e pensa-se (O que é que ela tem que não aprendeu?) ignorando-
se assim que o insucesso é o resultado da relação criança-escola e que a
criança, no momento da sua entrada para a escola, é já largamente
tributária do meio em que nasceu e onde vive.

O insucesso esta ligado a origem social do aluno e a sua maior ou menor bagagem
cultural à entrada para escola, fundamentalmente em termos de défices,
categorizando segundo o conceito de handicap ou privação sócio cultural
pressupondo a ideia de que uma criança oriundo de um meio dito desfavorecidos
não dispõem das bases culturais necessário ao sucesso escolar. O próprio ambiente
familiar revela-se assim incapaz de proporcionar a criança um conjunto de bases
culturais e linguísticos necessário a sua progressão escolar, provocando um atraso
da criança e fazendo com que o desenvolvimento de diversos programas de
compensação ou de remediação que visem compensar os défices culturais da
criança se tornem uma realidade. Embora rompendo com paradigmas de caracteres
genéticos e psicológicos do insucesso escolar, a teoria de handicap sócio cultural
continua a atribuir ao aluno e a sua família a responsabilidade principal pelo
insucesso escolar ( Cruz,2009,P.19).

Nem todos os alunos tem as mesmas capacidades de entender um dado conceito.


Este facto em origem em múltiplos factores, entre os quais se podem apontar o nível
etário e a proveniência intelectual e cultural dos alunos.

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Na perspectiva de Pinto (1995), um ambiente enriquecedor é aquele que estimula o
pensamento complexo do cérebro enquanto que a estabilidade emocional pode
impedir a criança de aprender. Um meio cultural que possibilite à criança estimular o
cérebro através de jogos, música, livros, cores e intercâmbio de conhecimentos
favorece decididamente uma melhor aprendizagem.

Os alunos cujo ambiente cultural é pobre, tendem a abandonar mais precocemente


a escola, quando confrontados com maiores dificuldades de aprendizagem. Um bom
ambiente cultural pressupõe o contacto frequente com livros e visitas aos museus e
bibliotecas e o envolvimento frequente em jogos educativos e conversas com
adultos.

1.3.1.3 – Factores de nível da estrutura escolar

A problemática do insucesso escolar em muitas ocasiões tem a ver com apropria


escola, com o seu funcionamento e organização onde a necessidade de diversidade
e diferenciação pedagógica e sublinhada pela teoria sócio-institucional que
evidência o carácter activo da escola na produção do insucesso escolar dos alunos.

Responsabilizar a escola pelo insucesso escolar dos alunos não significa uma
referencia a instituição em si, ao edifício onde o processo do ensino aprendizagem é
melhor ou pior desenvolvido e organizado mas essencialmente a toda uma estrutura
de carácter administrativo e pedagógico que implica também a elaboração de um
análise a questões como avaliação do aluno, colocação dos professores, ou a falta
de equipamentos ou infra-estruturas, a inexistência de uma efectiva abertura da
escola a comunidade ou ainda a análise das politicas e do ensino e da realidade
social dos alunos.

A escola é encarada como sendo o principal agente de transformação dos alunos,


vindo a ganhar cada vez mais importância na ascensão social do individuo
(Viseu,2009,P.28).

A escola deve a cada criança a possibilidade de algo que ela possa viver, como
sucesso na tarefa básica para a pessoa: de crescer, desabrochar, desenvolver,
construir um seu lugar no contexto de um seu grupo social.”

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Neste grupo inclui-se toda a política educativa, o currículo escolar, o programa, a
metodologia, as estratégias, os materiais utilizados, o equipamento escolar, o
professor, a avaliação, o número elevado de alunos por turma o que dificulta um
acompanhamento mais eficaz por parte do professor.

Para Pinto (1995), um sistema que crie condições para o sucesso de todos
contribuio para a superação das dificuldades e a condução eficaz dos processos de
aprendizagem dos alunos. A escola pode prejudicar a aprendizagem ao não levar
em consideração as características dos alunos, sua maturidade, seu ritmo pessoal,
seus interesses e aptidões específicos, seus problemas físicos e orgânicos.

1.3.1.4 – Características individuais do aluno


Ao falarmos do processo educativo, não podemos de forma alguma descurar o aluno
dado que é o destinatário a quem ele se dirige primordialmente. É o aluno que está
em situação de desenvolvimento e da aprendizagem e é em função dele que se
devem definir os objectivos, as tarefas, as estratégias, os matérias, e os
equipamentos, ou seja é em função dele que o ensino e a escola devem ser
concebidas e organizadas. Considera-se no entanto que uma das principais tarefas
do professor é procurar aperceber características individuais e peculiares de cada
aluno e respeita-las de forma a conduzir as actividades em prol de uma
aprendizagem efectiva ( Fonseca,2004,P.18).

A escola é vista como um espaço revelador das capacidades individuais onde o


insucesso é considerado como o insucesso do aluno, e a inexistência de
determinadas aptidões inatas ao próprio aluno, influencia negativamente o seu
rendimento escolar. Entretanto, estudos apontam que o próprio aluno é a maior fonte
do seu próprio insucesso. Contudo, não nos devemos esquecer que cada aluno tem
as suas características individuais: grau de inteligência, entusiasmo ou apatia;
capacidade de assimilação, de comunicação,etc.

É frequente a associação entre um baixo autoconceito académico e avaliações


negativas acerca das capacidades dos alunos capacidades, como a crença de que
se é incapaz de aprender. Estas percepções negativas influenciam de forma
decisiva o comportamento, determinando, muitas vezes, que as tarefas escolares
sejam enfrentadas com desprazer, insegurança, desencorajamento e frustração,
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humor deprimido e ansiedade. Isto é tanto mais válido, quanto maior a importância
que o aluno atribui ao seu desempenho escolar na definição do seu valor pessoal É
frequente a associação entre um baixo autoconceito académico e avaliações
negativas acerca das capacidades dos alunos capacidades, como a crença de que
se é incapaz de aprender. Estas percepções negativas influenciam de forma
decisiva o comportamento, determinando, muitas vezes, que as tarefas escolares
sejam enfrentadas com desprazer, insegurança, desencorajamento e frustração,
humor deprimido e ansiedade. Isto é tanto mais válido, quanto maior a importância
que o aluno atribui ao seu desempenho escolar na definição do seu valor pessoal
(Martinho,2007,P.44).

Muñiz (2015), refere que do ponto de vista emocional, a ansiedade de desempenho


tem sido relacionada com a qualidade do desempenho escolar. Manifesta se através
da produção de respostas irrelevantes durante a execução de determinada tarefa ,
tais como défices e distorções no processamento de informação, dificuldade na
recuperação de informação e autofócus nos sinais de ansiedade motora e
vegetativa, as quais interferem numa execução adequada de tarefas didácticas.

1.4 – Impacto do Insucesso Escolar na Vida Social dos Alunos


O impacto negativos do insucesso escolar, se apresenta com estigmatizações
no círculo social dos alunos, sobretudo os adolescentes que ficam pelo
caminho, logo no inicio do percurso escolar, engrossam as fileiras de
perdedores, constituem um substracto educativo com alguns elementos
caracterizadores comuns. Não raras são as vezes que as únicas vias de
sobrevivência que lhes oferecem para seguir são aquelas que conduzem ao
risco social.
Para Sul (2004), os alunos com insucesso escolar apresentam em comum
elevadas taxas de abandono, de absentismo, falta de interesse pelas matérias
e o rótulo de produção frequente de conflitos nas salas de aula e nos espaços
de recreio. Não gostam da escola, mas geralmente gostam de continuar a
conviver no seu espaço com os seus ex-colegas. A partilha de experiência e o
seu incentivo à prática de novidades ensaiadas acontecem com frequência. O
resultado desta partilha é geralmente a produção de comportamentos

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problemáticos. A sua presença geradora de perturbação chama a atenção e na
maioria dos casos são forçados a sair.
Normalmente, os alunos excluídos do sistema educativo, são rotulados por
alunos que falharam, por alunos com dificuldades extremas em se exprimirem,
com códigos linguísticos limitados, etc. São precisamente os que mais
problemas causam. São os excluídos por motivo da sua agressividade ou da
sua passividade ou simplesmente pela sua inadaptação.
Quando deixam a escola, encontram-se numa nova fase de socialização que
os confronta com problemas novos e problemas de sobrevivência prioritários e
de um imediatismo crítico. Quaisquer que tenham sido as circunstâncias que os
levaram a sair ou a abandonar a escola, sendo não escolarizados ou com
níveis escolares desvalorizados, as oportunidades que se lhes oferecem de
encontrar trabalho são diminutas ou inexistentes.
De entre as alternativas que têm para sobreviver, acumulam-se ainda
dificuldades familiares, sociais e culturais, e não serão certamente as
socialmente aceites as mais disponíveis. Numa espécie de vazio, tornam-se
numa atracção notória para as redes de marginais adultos e facilmente se
encaminham para casos sociais ( Martinho,2007,P.51).
De constatação aparentemente evidente a droga ronda os espaços escolares e
pode desempenhar a função de preencher esses vazios, na falta de outros
substitutos.
Na visão de Rangel (2007), O impacto do insucesso depende de muitos
factores, quer por parte do aluno, quer dos pais, em particular. Se o aluno é
ansioso e perfeccionista, ou estuda sob pressão ou mesmo por medo dos pais,
o fracasso pode significar consequências graves, o mesmo não acontecendo
se os pais desdramatizam a situação, mais interessados em que os filhos
estudem por gosto e dever pessoal do que por imposição. E se estudaram
normalmente, sem prescindir do repouso e do lazer, e por diversas
circunstâncias não foram bem sucedidos, isso não é grave. Ao contrário, os
reprovados podem sentir graves complexos de culpabilidade, de humilhação,
sentimentos de impotência, baixar o nível de aspiração e a motivação para a
realização, sentir-se frustrados, e outras consequências que podem, em casos
extremos, levar à depressão e mesmo ao suicídio.

16
Na nossa pespectiva, um dos maiores impactos sociais do insucesso escolar é
o incumprimento do plasmado na lei de bases do sistema educativo angolano,
lei 17/16 que refere que formação harmoniosa e integral é prioritaria de formas
a permitir o enquadramento social do individuo. Quando são frequentes os
episodios de insucesso escolar, não ha um adequado enquadramento social e
consequentemente tem implicações na economia e desenvolvimento
sustentavel do pais porquanto o desenvolvimento economico esta
intricicamente ligado a formação dos recursos humanos.

1.5 –O combate ao insucesso escolar


Como se pode constatar, o IE por se revela como um problema de ordem social. O
que antes começou por ser considerado um problema de forum individual passou a
ser analisado numa perspectiva multidimensional envolvendo todos os
intervenientes no processo educativo que passaram a ser responsabilizados por
este fenômeno. Assim, é compreensível que todas as estratégias e linhas de
intervenção para o combater sejam desenvolvidas a diversos níveis, mormente a
nível das políticas estruturais, da escola, dos professores, da família e ate do próprio
aluno.

Em Angola, ao longo dos anos e como forma de reverter a situação do IE, têm sido
desenvolvidas e aplicadas medidas políticas ao nível do sistema educativo que
visam propiciar um maior sucesso escolar, pretendendo igualmente contribuir para o
combate ao abandono escolar.

Esta preocupação é visível na própria Constituição da República de Angola onde


vimos que o Estado tem a tarefa fundamental de "promover políticas que assegurem
o acesso universal ao ensino obrigatório gratuito, nos termos definidos por lei (Alinha
g do Art.º 21º).

No entanto é a Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 17/16 de 07 de Outubro,


Capítulo I) advogava a formação de um indivíduo capaz de compreender os
problemas nacionais, regionais e internacionais de forma crítica e construtiva para a
sua participação activa na vida social, à luz dos princípios democráticos; (Art.º 3º),
apoiar alunos com necessidades escolares específicas, apoiar no desenvolvimento
psicológico dos alunos e na sua orientação escolar e profissional, desenvolver

17
serviços de ação social escolar, apoiar a saúde escolar e apoiar os trabalhadores
estudantes. Tudo em prol do sucesso educativo.

Depois, ao longo dos tempos foram surgindo outros programas e medidas de


combate ao insucesso e abandono escolar, embora alguns sem carácter continuado,
de onde se destacam: o Programa de capacitação dos docentes nos intervalos de
cada trimestre lectivo, a implementação das zonas de influência pedagógica (ZIP),
que constituem ferramentas de preparação docente e consequentemente brindar
uma formação de qualidade e evitar o insucesso escolar.

Outra estratégia do Ministério de Educação para o combate ao insucesso escolar, é


a criação dos gabinetes do psicopedagogo em cada escola (apesar de não estar a
ser executado ainda). Trata-se de um serviço especializado de apoio educativo que
pretende contribuir para o desenvolvimento global dos alunos em estreita articulação
com as estruturas de orientação educativa e com outros serviços locais,
designadamente os de apoio a alunos com necessidades educativas especiais, os
de ação social e os de apoio de saúde escolar. Desenvolve a sua açcão nos
domínios do apoio psicopedagógico a alunos e professores e do apoio ao
desenvolvimento de relações da comunidade educativa e ainda no domínio da
orientação escolar e profissional.

A implementação deste programa nas escolas caracteriza-se por ter uma natureza
aberta e flexível e conta para o seu desenvolvimento com equipas de apoio externo,
nomeadamente centros de investigação e instituições do ensino superior,
responsáveis pelo acompanhamento científico de cada tipologia, no sentido de
apoiar as escolas na construção, monitorização e na avaliação do desenvolvimento
deste dispositivo.

Consideramos também a implementação do programa merenda escolar como uma


estrategia de combate ao insucesso. Tal como foi descrito anteriormente as
condições socio-economicas influenciam os rendimentos escolares. As crianças
quando alimentadas sentem-se motivadas e isso concorre positivamente para o
sucesso escolar.

Mendonça (2009),apresenta um conjunto de medidas para diminuir o insucesso


escolar, tais como:

18
• Obrigatoriedade de frequência do Ensino Pré-escolar;

• Funcionamento das escolas do ensino primário em Regime de Tempo Inteiro;

• Funcionamento com mais turmas com Currículos Alternativas;

• Aquisição de competências para a integração no mundo laboral durante a


escolaridade obrigatória;

• Redução do número de alunos por turmas;

• Adopção de manuais e programas por ciclo de escolaridade;

• Acompanhamento de cada turma pelos mesmos professores, em cada ciclo de


estudo;

• Aplicação de formas de avaliação diversificadas, sem que se valorize em demasia


as prova escrita;

• Desenvolvimento de valores cívicos e de cidadania;

• Aproximação entre as escolas e os contextos em que se inserem;

• Desenvolvimento de actividades culturais e desportivas nas escolas;

• Existência de um professor tutor.

Essas e outras são as possíveis medidas que podem minimizar o fenómeno do


insucesso escolar no seio dos alunos bem como a utilização de técnicas e métodos
variados para combater e/ou o prevenir.

1.5.1 – O papel do professor face ao insucesso escolar


O professor desempenha um papel fundamental no processo de
ensino/aprendizagem dos alunos e muito particularmente no combate ao IE. Com
efeito, a forma de agir do professor, o modo como se relaciona com os alunos, a
postura que adota diante dos conhecimentos que trata determinam a natureza das
aprendizagens e pode condicionar o sucesso académico e a socialização dos alunos
19
(Sil, 2004). Assim, o êxito e a eficácia das medidas ou estratégias implementadas no
combate ao IE derivam, em grande parte, da forma como o professor se envolve no
ato educativo e das atitudes que toma, nomeadamente, na “aceitação da pessoa do
aluno, empatia com relação às suas dificuldades, encorajamento dos aspetos
positivos da sua conduta” (Grácio, 1995, p.448). Como refere Sil (2004, p. 60) “Tais
atitudes apresentam-se como sendo o suporte de uma relação pedagógica profícua
e como uma condição essencial para o sucesso escolar do aluno”.

Embora, segundo Sil (2004, p. 61), o professor dependa “muito menos do que se
julga das metodologias didáticas empregadas e muito mais da natureza e qualidade
das relações educativas” no combate ao IE, os resultados dos alunos podem ser
influenciados pelos seus métodos de ensino, os recursos didáticos que utiliza e as
técnicas de comunicação empregues que, muitas vezes, se revelam desajustadas
às características da turma ou de cada aluno em particular e podem conduzir a uma
delicada relação pedagógica.

Por este facto assume particular relevo a formação inicial e contínua do professor e
a adaptação permanente das suas competências a um contexto pedagógico em
constante mutação. Só assim o professor poderá tornar-se no agente mediador e de
transformação que o paradigma de mudança que se vive na sociedade, e
consequentemente, na escola exige. Neste sentido é necessário repensar medidas
que melhorem a formação dos professores, o seu desenvolvimento profissional e,
não menos importante, as suas condições de trabalho para poderem (re)orientar as
suas competências, adotar ou ajustar as suas práticas pedagógicas e educativas a
um modelo de ensino que lhe permita enfrentar os desafios da sociedade e da
escola atual (Sil, 2004, p. 67) e de todos os problemas envolventes, nomeadamente
o IE.

Por conseguinte, a formação dos professores, mesmo a formação contínua, não


deve centrar-se apenas na aquisição de conhecimentos científicos e no domínio de
técnicas didáticas. Deve incluir também questões relacionadas com a organização e
gestão da sala de aula e de conflitos e com as estratégias de participação/motivação
dos alunos no processo de ensino/aprendizagem, por exemplo. Também deve
almejar espaço para a reflexão para que os professores possam desenvolver
competências metacognitivas que lhe permitam conhecer, analisar, avaliar e

20
questionar a sua própria prática docente e assim adquirir uma autoconsciência
pessoal e profissional (Pinto,1995 p. 153) no sentido de proporcionar um ensino
muito melhor e de maior utilidade para todos.

Considera-se por isso que o locus da formação deve ser maioritariamente na escola,
o local onde os professores exercem a sua prática e onde estão em contacto com o
contexto educativo. Esta situação torna-se mais importante na formação inicial de
professores, visto que nas licenciaturas/mestrados de formação de professores se
atribui a maior quota do curso ao ensino de disciplinas específicas com conteúdos
genéricos, permanecendo no final as disciplinas pedagógicas e a prática
supervisionada (estágio) em contexto escolar.

Segundo Martinho (2007), esta posição deixa para o aluno aprender a ser professor,
a lidar com a escola e com os seus próprios alunos, no momento do estágio onde
exerce a sua profissão, “aprendendo fazendo” e onde não está familiarizado com o
ambiente escolar enquanto professor. Isto acarreta alguma desconexão entre o
discurso académico e o profissional, pois o professor recém-formado ou em
formação sente alguma insegurança e inquietude na aplicação dos seus
conhecimentos académicos na sua prática na escola. Isto acontece porque nem
sempre a teoria aprendida se alia à prática vivenciada, como por exemplo no
domínio dos conteúdos específicos a trabalhar nas disciplinas de cada nível de
ensino e muito particularmente na gestão da sala de aula.

Para minimizar ou reverter essa situação defende-se maior coligação da entidade


formativa com a escola e um maior envolvimento de ambas com a formação dos
professores, onde os alunos em formação acompanhem desde o início os dois
lados: a teoria e a prática. Ou seja, perceber a escola como um ambiente formativo
também, e não atribuir só ao ensino superior os domínios da teoria e à escola o
domínio da prática. Nestes moldes, a formação poderia favorecer mais o
desenvolvimento profissional dos professores na medida em que fomenta a
formação de professores reflexivos (Dal’Igna,2011, p. 197).

Ao trabalhar os saberes aliando a teoria à prática, o professor consegue ampliar


muito melhor a compreensão de situações com que se depara e as quais podem ser
altamente complexas e a carecer de reflexão, e por consequência, de decisões e
ações. Nesta perspetiva, os professores poderiam mobilizar os saberes da formação

21
profissional (ciências da educação e ideologias pedagógicas) com os saberes
experimentais, e conhecer melhor as condições da sua profissão.

Poderiam ainda estabelecer, no decorrer da sua formação, uma relação com o


ambiente escolar e com os demais professores e assumir diversas obrigações e
normas às quais o trabalho enquanto professor se submete, o que levaria a uma
adaptação melhor ao ambiente escolar e a um desenvolvimento profissional mais
tranquilo e proveitoso.

No caso da formação contínua de um professor é de realçar também a importância


dos saberes da experiência pois eles podem funcionar como um “filtro” dos outros
saberes, possibilitando uma reflexão e uma reavaliação dos saberes adquiridos
anteriormente (Muñiz,2015,p.89).

22
CAPITULO II – MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Tipo de Pesquisa


Segundo Nkuansambu (2018), a pesquisa descritiva é a investigação que procura
determinar a natureza e grau de condições existentes, tem como único propósito de
escrever condições existentes. Tem como objectivo mostrar como as variáveis se
relacionam sem manipulação de pesquisador.
O presente trabalho tem a característica de uma pesquisa descritiva porque
compreende a descrição, registo, análise e interpretação da situação existente no
momento da pesquisa sobre o impacto do insucesso escolar na vida social dos
alunos da escola nº759 da Comuna do zala.

2.2. Caracterização da Escola


A escola n° 759 da Comuna do Zala, está localizada na zona norte do município do
Nambuangongo, que por sua vez está localizada no norte da província do Bengo.
Ela é uma escola do ensino primário que lecciona alunos da iniciação à quarta
classe, do ponto de vista da estrutura, ela tem 3 (três) salas de aulas de adobe, ou
seja, são simplesmente salas provisórias.
A escola do ponto de vista administrativo tem apenas 1 (um) director, que acumula
as funções de geral, pedagógico e administrativo, tem apenas três professores
(incluindo o director), e esses professores leccionam 313 alunos, divididos em dois
turnos (manhã e tarde).
A população da comuna do Zala vive da agricultura e da caça, essas duas
actividades garantem a sobrevivência da população local que conta com 1 (um)
administrador comunal, 1 (um) Soba e coordenador do bairro e 1 (um) vice
coordenador do bairro.

2.3. População e Amostra


 População
A palavra “população”, na sua acepção mais comum, representa o conjunto de
habitantes de uma dada região em determinado período. A população (ou universo)
é o conjunto de todos os elementos (pessoas ou objectos) cujas propriedades o
pesquisador está interessado em estudar (Nkuansambu, 2018,p.95).

23
Assim sendo, a população desta pesquisa é composta por oitenta e nove (89)
indivíduos, dois quais; um (1) director (Geral, administrativo e Pedagógico), dois (2)
professores, sendo todos do sexo masculino e 86 (oitenta e seis) encarregados de
educação. Dentre os quais 30 (trinta) do sexo masculino e 56 (cinquenta e seis) do
sexo feminino.

 Amostra
Segundo o mesmo autor, a amostra é um conjunto extraído por um procedimento
técnico da população. É um grupo relativamente pequeno; é um subgrupo desta que
vai ser estudado e com base no qual se pretende generalizar os resultados,
constituem unidades de analise que supostamente representam em maior ou menor
grau as características da população.

Para a presente investigação foi extraída a amostra obedecendo o critério de


selecção intencional, por formas a incluir na amostra somente os encarregados de
educação que sabem ler e escrever, uma vez que boa parte dos elementos da
população é iletrada.

Tabela 1.Demonstração da população e da amostra por sexo.

População Masculino Feminino Amostra Masculino Feminino

Quantidade 33 56 Quantidade 12 14

Total 89 Total 26

% 37 63 % 46 54

Total 100 Total 100

2.4. Métodos
Método significa caminho, direcção para um termo, para um fim em vista. O método
é a organização interna do processo investigativo (Llantada, 2003).

24
Método Empírico:

2.4.1- Observação

Segundo Llantada (2003), a observação é uma técnica que faz uso dos sentidos
para a compreensão de determinados aspectos da realidade. Neste diapasão, foi
utilizada durante toda investigação para recolher um conjunto de informações sobre
o impacto do insucesso escolar na vida social dos alunos da escola nº 759 da
Comuna do Zala.

Métodos teóricos

2.4.2. Analítico – sintético

O método analítico parte da divisão de um todo em várias partes para estudá-las


separadamente, enquanto o método sintético reúne um conjunto de conceitos para
formular uma solução global. Desta feita este método possibilitou fazer a
decomposição dos principais fundamentos conceptuais e referenciais do impacto do
insucesso escolar.

2.4.3. Pesquisa bibliográfica

Toda pesquisa implica o levantamento de dados de variadas fontes, quaisquer que


sejam os métodos ou técnicas empregadas. Todo tipo de investigação tem de
passar por uma parte teórica, para o investigador recolher dados bibliográficos.
Assim recorreu-se a pesquisa bibliográfica a fim de argumentar teoricamente o tema
em estudo. Também recorreu-se à pesquisa documental na colecta de dados
escritos e orais da escola alvo nomeadamente estatísticas, cadernetas e relatórios
descritivos.

2.4.4. Método hipotético-dedutivo

Este método foi utilizado na elaboração da hipótese científica do trabalho e na


previsão dos resultados.

2.4.5. Indutivo – dedutivo

Permitiu fazer o estudo partindo de factos singulares e passar a preposições gerais


que ajudaram de maneira significativa na compreensão do tema em abordagem.

2.4.6. Método estatístico

Os processos estatísticos permitem obter, de conjuntos complexos, representações


simples e constatar se essas representações simplificadas têm relação entre si.

Assim o método estatístico significa redução de fenómenos sociológicos, políticos,


económicos, etc. Termos quantitativos e a manipulação estatística, que permite
comprovar as relações dos fenómenos entre si, e obter generalizações sobre a

25
natureza, ocorrências ou significados Llantada (2003). Este método foi utilizado para
fornecer uma descrição quantitativa da população em estudo considerada como um
todo organizado através da amostra. Para além disto este método também permitiu
analisar os resultados do nosso trabalho.

2.5. Instrumento de recolha de dados

2.5.1 – Questionário

Segundo Llantada (2003), questionário é um instrumento de recolha de dados


constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por
escrito pelo informante sem a presença do pesquisador. Na presente investigação o
questionário foi usado para recolher informações dos professores, encarregados de
educação sobre o impacto do insucesso escolar na vida dos alunos da escola nº 759
da Comuna do Zala no Municipio do Nambuangongo.

26
CAPITULO III – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

O presente capítulo apresenta os dados recolhidos durante a pesquisa de campo,


assim como a sua correspondente análise e discussão.

3.1. Inquérito aplicado aos professores

Tabela 2. Existem alunos com idades maiores que as pré-definidas para as


classes que lecciona na sua escola?

Opções Quantidade Percentagem (%)

Sim 2 100

Não 0 0

Total 2 100

Gráfico 1. Existem alunos com idades maiores que as pré-definidas para as


classes que lecciona na sua escola?

Quantidade Percentagem
100

100
2

2
0

SIM NÃO TOTAL

De acordo ao gráfico n° 1, 100% dos professores inqueridos nos garantem que


existem alunos com idades maiores que as pré-definidas para as classes que
leccionam, as motivações para este facto são de varia ordem desde o inicio tardio da

27
vida academica por falta de condições , aos factores relacionados ao insucesso nas
classes anteriores.

Tabela 3. Qual é a relação entre a escola e os alunos que estão em classes


inferiora a adequada a sua idade?

Opções Quantidade Percentagem (%)

Saudável 1 50

Aceitável 1 50

Má 0 0

Total 2 100

Gráfico 2. Qual é a relação entre a escola e os alunos que estão em classes


inferior a adequada a sua idade?

Quantidade Percentagem
100
50

50

6
1

SAUDÁVEL ACEITÁVEL MÁ TOTAL

28
É possível perceber a partir do gráfico acima que, existe uma divisão de opinião
sobre a relação entre a escola e os alunos em classes inferior a sua idade, 50% dos
inqueridos dizem que a relação é saudável, e os outros 50% garante que a relação é
aceitável. Isso reflecte na nossa perspectiva a sensibilidade dos professores na
compreensão das dificuldades sócio económicas dos alunos.

Tabela 4. Na sua opinião, quais são os factores que estão na base do atraso (
insucesso) escolar dos alunos na comuna do Zala?
Opções Quantidade Percentagem (%)

Desemprego na família 1 50

Falta de interesse dos 0 0


pais

Problemas com o 0 0
conteúdo leccionado

Falta de condições na 1 50
escola

Total 2 100

Gráfico 3. Na sua opinião, quais são os factores que estão na base dos
atrasos escolares dos alunos na comuna do Zala?

29
Quantidade Percentagem

100
50

50

2
1

1
0

0
Desemprego na Falta de interesse Problemas com o Falta de Total
família dos pais conteúdo condições na
leccionado escola

50% dos professores afirmam que os factores que estão na base do atraso
(Insucesso) escolar dos alunos é o desemprego na família, provavelmente porque
existem um grande índice de desemprego na comuna do Zala, isso de acordo o
gráfico n° 4. E os outros 50% dizem que é falta de condições na escola. Na nossa
perspectiva a escola deve ser um lugar atractivo, fundamentalmente nos primeiros
anos de escolaridade para cativar os alunos a permanecerem no recinto, ademais a
preparação metodológica dos professores também é condição inerente ao êxito do
processo docente educativo.

Ademais, o insucesso não depende exclusivamente dos factores sociais e familiares.


Os factores individuais também devem ser mencionados porquanto o insucesso
pode ocorrer devido as dificuldades de aprendizagem ou outros aspectos de fórum
psicológico.

Tabela 5. Qual é o impacto social do insucesso escolar na vida dos alunos ?

Opções Quantidade Percentagem (%)

Falta de auto-estíma 0 0

30
Estigmá da sociedade 0 0

Desemprego 1 50

Consumo de alcool 1 50

Total 2 100

Gráfico 4. Qual é o impacto social do insucesso escolar na vida dos alunos?

Quantidade Percentagem

100
50

50

2
1

1
0
0

Falta de auto- Estigmá da Desemprego Consumo de Total


estíma sociedade alcool

O gráfico acima evidência que, 50% dos inqueridos afirmam que o desemprego é
um dos problemas sociais que o insucesso escolar pode causar para os alunos,
talvez seja porque o mercado de trabalho é muito exigente nos últimos tempos. E os
restantes 50% garantem que o consumo de álcool é um dos problemas.
Na perspectiva do autor deste trabalho, para além da falta de enquadramento
profissional no futuro, o insucesso escolar pode ocasionar o abandono escolar de
forma definitiva e impedir o crescimento social do individuo.

Tabela 6. Acha que poderia haver mais investimento do Estado no sistema


educativo para prevenir a problemática do insucesso escolar?

31
Opções Quantidade Percentagem (%)

Sim 2 100

Não 0 0

Total 2 100

Gráfico 5. Acha que poderia haver mais investimento do Estado no sistema


educativo para prevenir a problemática do insucesso escolar?

Quantidade Percentagem
100

100
2

2
0

SIM NÃO TOTAL

Da para perceber no gráfico n° 6, 100% dos professores inqueridos dizem que


deveria haver mais investimento do Estado no sistema educativo para prevenir a
problemática do insucesso escolar. Provavelmente seja porque a pouco
investimento por parte do Estado nas infra-estruturas escolares na comuna do Zala
e no município do Nambuangongo em geral.

Consideramos que um aumento dos recursos humanos na no gabinete Municipal da


Educação do Nambuangongo e consequentemente na comuna do Zala colmataria

32
em alguma medida os casos de insucesso uma vez que quanto menor for o numero
de alunos em cada sala de aulas, maiores probabilidades de êxito académico existe.

A implementação do programa merenda escolar também seria um investimento para


colmatar o insucesso na medida em que incentivaria a presença de alunos na escola
e os manteria motivados já que muitos deles vão a escola sem se alimentar.

Tabela 7. Na sua visão, qual é o impacto que o insucesso escolar pode ter na
economia da comuna do Zala?

Opções Quantidade Percentagem (%)

Desemprego 2 100

Pouco inovação 0 0

Crescimento 0 0
populacional

Total 2 100

Gráfico 6. Na sua visão, qual é o impacto que o insucesso escolar pode ter na
economia da comuna do Zala?

33
Quantidade Percentagem

100

100
2

2
0

0
DESEMPREGO POUCA INOVAÇÃO CRESCIMENTO TOTAL
POPULACIONAL

No gráfico n°6, é perceptível que, 100% dos inqueridos afirmam que o desemprego
é o impacto que o insucesso escolar pode ter na economia da comuna do Zala.
Provavelmente porque com o desemprego as famílias não terão receitas para se
sustentarem e suprirem as suas necessidades diárias. Na perspectiva do autor
desse trabalho a capacitação dos recursos humanos é fundamental para o
desenvolvimento de qualquer sociedade. A comuna do Zala terá baixo nível de
desenvolvimento económico caso não seja mitigado os sucessivos casos de
insucesso escolar.

34
3.2. Questionário dirigido aos Pais/Encarregados de Educação

Tabela 8. A escola tem convidado os pais/encarregados de educação e a


comunidade para participarem nas actividades programadas ?

Opções Quantidade Percentagem (%)

Sim 14 58,33

Não 10 41,67

Algumas vezes 0 0

Total 24 100

Gráfico 7. A escola tem convidado os pais/encarregados de educação e a


comunidade escolar para participarem nas actividades programadas pela escola?

Quantidade Percentagem

100

58,33

41,67

24
14
10
0 0

Sim Não Algumas vezes Total

58,33% dos pais e encarregados de educação inqueridos afirmaram que a escola


tem convidado para participarem nas actividades programadas pela escola,
provavelmente seja porque a direcção da escola sente que os pais podem contribuir

35
na solução dos problemas da escola. E 41,67% dos inqueridos diz que a escola não
tem convidado os pais e encarregados de educação.

Na realidade a escola convida entretanto muitos encarregados de educação não


respondem a esse convite devido a intensa actividade agro-pecuária.

O baixo nível de escolaridade também faz com que muitos pais não compareçam
por acharem que em nada pode contribuir.

Tabela 9. Acha que se houvesse melhorias nas condições da escola a problemática


do insucesso escolar séria minimizado na sua comunidade?

Opções Quantidade Percentagem (%)

Sim 19 79,17

Não 5 20,83

Total 24 100

Gráfico 8. Acha que se houvesse melhorias nas condições da escola a


problemática do insucesso escolar séria minimizado na sua comunidade?

Quantidade Percentagem
100
79,17

20,83

24
19

Sim Não Total

36
De acordo com o gráfico n° 8, 79,17% dos pais e encarregados de educação dizem
que se houvesse melhorias nas condições da escola a problemática do insucesso
escolar séria minimizada, provavelmente porque as condições não sejam mais
adequadas para os alunos. E somente 20,83% diz que não. Importa ressaltar que o
sucesso escolar não depende exclusivamente das condições infra-estruturais e
matérias da escola mas também do trabalho conjunto entre os professores e a
família.

Tabela 10. Com que idade os seus educandos iniciam a vida escolar?

Opções Quantidade Percentagem (%)

5 anos 8 33,33

6 anos 4 16,67

7 anos 4 16,67

8 anos 8 33,33

Total 24 100

37
Gráfico 9. Com que idade os seus educandos iniciam a vida escolar?

Quantidade Percentagem

100
33,33

33,33

24
16,67

16,67
8

8
4

5 ANOS 6 ANOS 7 ANOS 8 ANOS TOTAL

No gráfico acima podemos ver que, 33,33% dos inqueridos matriculam os seus filhos
na escola aos 5 anos de idade, possivelmente por ser idade ideal para inscrever as
crianças no sistema escolar. E outros 33,33% diz que inscreve aos 8 anos, talvez
seja porque falta de condições sociais dos pais. Apesar dos dados apresentados no
gráfico, é notável na escola N° 759, Comuna do Zala alunos com idade avançada a
frequentar classes inferiores , ou seja que não corresponde a sua idade, devido aos
problemas económicos dos pais, muitos deles tem de ajudar na subsistência da
família dedicando-se a agricultura antes mesmo do inicio da vida lectiva.
Outro factor que esta na base da entrada tardia das crianças a escola é a dificuldade
do registo de nascimento. Muitos pais conseguem o registo de apenas quando a
criança completa 6 ou 7 anos de idade.

Tabela 11. O acompanhamento familiar contribui para o sucesso do processo de


ensino e aprendizagem dos alunos?

Opções Quantidade Percentagem (%)

Sim 17 70,83

38
Não 7 29,17

Total 24 100

Gráfico 10.O acompanhamento familiar contribui para o sucesso do processo


de ensino e aprendizagem dos alunos?

Quantidade Percentagem

100
70,83

29,17

24
17

SIM NÃO TOTAL

O gráfico acima mostra que 70,83% dos inqueridos concordam que o


acompanhamento familiar contribui para o sucesso do processo de ensino e
aprendizagem dos alunos, talvez seja pelo facto dos pais e encarregados de
educação admitirem que de facto a educação de casa é muito importante para que
os alunos aprendam melhor a se adaptar a realidade escolar.

Importa referir que apesar dos encarregados de educação afirmarem que o


acompanhamento familiar é importante, muitos deles não o fazem por falta de
preparação para tal. Muitos encarregados são analfabetos, outros apesar de
letrados não abdicam das actividades agro pecuárias para acompanhar devidamente
os seus educandos.

39
Tabela 12. Quantos dias os alunos estudam por semana?

Opções Quantidade Percentagem (%)

3 dias 24 100

4 dias 0 0

5 dias 0 0

Total 24 100

Gráfico 11. Quantos dias os alunos estudam por semana?

Quantidade Percentagem
100

100
24

24
0

3 DIAS 4 DIAS 5 DIAS TOTAL

De acordo com o gráfico acima 100% dos inqueridos afirmam que os alunos só têm
tido aulas 3 (três) dias por semana, possivelmente seja porque há poucos
professores na escola e a maioria dos professores não vivem na comuna do Zala.

Podemos constatar que o existe muito absentismo por parte dos professores. Muitos
deles vivem no Município sede da província do Bengo, e não permanecem toda a
semana na comuna do Zala, influenciando negativamente no processo de ensino.

40
Depreendemos que é urgente a criação de condições sociais básicas a nível da
comuna do Zala de forma a incentivar a permanência dos professores no local de
trabalho e assim se cumprirem os objectivos superiormente delineados.

Tabela 13. Quais as condições técnicas existentes na escola que o seu filho
frequenta?

Opções Quantidade Percentagem (%)

Carteiras 0 0

Chão bruto 0 0

Chão liso 0 0

Inexistência do chão 0 0

Sentam no chão 24 100

Total 24 100

Gráfico 12. Quais as condições técnicas existentes na escola que o seu filho
frequenta?

41
Quantidade Percentagem

100

100
24

24
0

0
CARTEIRAS CHÃO BRUTO CHÃO LISO INEXISTÊNCIA SENTAM NO TOTAL
DO CHÃO CHÃO

O gráfico n° 12, diz que os alunos da escola n°759 sentam no chão por falta
de carteiras, provavelmente pelo facto de não haver investimento por parte de
Estado na escola em estudo. A falta de condições infra-estruturais e matérias é
novamente apontada neste estudo, A escola não dispõe de carteiras e outros
materiais inerentes ao processo de ensino. Tal facto desmotiva quer os professores
quer os alunos e encarregados de educação e é sem duvida um dos motivos dos
casos de insucesso escolar na escola nº 759 da comuna do Zala.

42
CONCLUSÕES

Depois de uma profunda investigação sobre o impacto do insucesso escolar na vida


social dos alunos. Um estudo de caso da Escola N°759, comuna do Zala –
Nambuangongo, concluímos o seguinte:

 O insucesso escolar é um problema social na comuna do Zala- Nambuangongo,


e como tal tem impactado negativamente a vida dos alunos.

 O insucesso escolar propicia assimetrias sociais causadas pelas dificuldades no


enquadramento profissional futuro o que impacta na vertente psicológica dos
alunos.
 O insucesso escolar tem como causas as condições economicas, sociais e
familiares.

 As condições intra estruturais e materias da escola nº 759 da comuna do Zala,


não conferem atractividade para os alunos o que leva ao absentismo e
consequentemente o insucesso escolar.
 O acompanhamento familiar contribui para o sucesso do processo de ensino e
aprendizagem dos alunos pelo que devem haver melhoria nas condições da
própria escola.
 Os alunos da escola n°759 têm tido aulas apenas por 3 (três) dias por semana,
porque todos os professores vivem fora da comuna do Zala e tal facto cria
atropelos no processo de ensino aprendizagem

43
SUGESTÕES

Em função das conclusões apresentados sugerimos:

 Que o Governo Provincial do Bengo atraves do gabinete Provincial da


Educação faça um investimento rigoroso na escola nº 759 da comuna do Zala
para melhorar as condições infra estruturais , materias e de recursos
humanos;
 Que o Gabinete provincial da Educação do Bengo crie politicas de inspeçcão
aos gabinetes municipais de forma a receber relatorios das actividades
lectivas de cada escola;
 Que os professores da escola sejam capacitados de forma a empeenderem
novas dinamicas e ajudar nos aspectos individuais dos alunos para assim
contrapor o insucesso escolar;
 Que a escola crie mecanismos de interacção eficaz com a familia;
 Que os professores tenham consciencia da sua responsabilidade e evitem o
absentismo independentemente das condições sociais da comuna do Zala.

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