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ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE MATERIAIS
TRABALHO - AÇO
ANÁLISE METALOGRÁFICA DE
GRUPO G
Porto Alegre
2020
GABRIEL FETZER DORNELES
ANÁLISE METALOGRÁFICA DE
Porto Alegre
2020
RESUMO
O aço é a um dos materiais mais utilizados no mundo, tendo inúmeras aplicações em diversas
áreas, como a construção civil e mecânica. Esse uso se deve a sua versatilidade e facilidade de
manipulação quanto a suas propriedades, podendo adequar-se a múltiplos usos. Seu baixo
custo e grande quantidade de conhecimento de produção proporcionam inúmeras ferramentas
para analisar e fabricar o aço de acordo com as necessidades, modificando a resistência
mecânica, tenacidade, ductilidade e resistência a corrosão, através de diversos processos e
tratamentos. Sendo assim, é importante que engenheiros e estudantes de engenharia tenham
conhecimento a respeito das propriedades dos aços bem como obter diferentes resultados a
partir de tratamentos realizados sobre eles. Neste trabalho é feito o relato e análise
metalográfica de uma amostra de aço SAE 1070, disponibilizado pelo LACAR (Laboratório
de Caracterização de Materiais) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ao longo do
trabalho as etapas da análise metalográfica são utilizados para avaliar as propriedades da
amostra fornecida: diagramas de fase, microestruturas, inclusões, tratamentos térmicos e
ensaios de dureza. Da amostra são retirados corpos de prova que passam pelos tratamentos
térmicos de recozimento, normalização e têmpera em água e óleo. São retiradas micrografias
de cada corpo de prova a fim de identificar microestruturas presentes e o teor de carbono
presente.
3
ABSTRACT
Steel is one of the most widely used materials in the world, being used on a wide variety of
areas, such as civil and mechanical construction. Such use is due to its versatility and ease of
manipulation in regard to its properties, being able to suit multiple use cases. Its low cost and
ample production knowledge provide countless tools when analyzing and producing it,
according to one’s necessities, by modifying its mechanical resistance, tenacity, ductility and
corrosion resistance, through various processes and treatments. Therefore, it is important that
engineers and engineering students have a good knowledge regarding its properties, as well as
on how to obtain diferent results through various treatments. In this paper a sample of SAE
1070 steel is metallographically analyzed, and which was providaded by the Materials
Caracterization Laboratoty (LACAR) at the Federal University of Rio Grande do Sul. During
the course of the project several metallographic analysis steps were covered, in order to
evaluate the sample’s properties, such as phase diagrams, microstructures, inclusions, heat
treatments and hardness tests. From the original piece specimens were sourced which go
through heat treatments: annealing, normalization and quenching on water and oil.
Micrographies are taken from each specimen, which then are analyzed to identify
microsctructures and the amount of Carbon present.
4
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Tabela de conversão de durezas. 16
Figura 2 - Classificação de inclusões segundo o critério de Jerkontoret. 21
Figura 3 - Ferrita aliotromórfica em grande quantidade. 23
Figura 4 - Ferro fundido branco hipereutético. Longos cristais de cementita sobre um
fundo de ledeburita com ataque pícrico. 24
Figura 5 - Colônias de Perlita. 25
Figura 6 - Austenita processada pela recristalização, rolamento e resfriamento rápido.
26
Figura 7 - Bainita inferior, com cementita entre as plaquetas e entre as plaquetas de
Ferrita bainítica. 27
Figura 8 - Bainita superior. 28
Figura 9 - Tabela de tamanho de grãos segundo a ASTM. 29
Figura 10 - Diagrama de fase Fe-C. 30
Figura 11 - Diagrama CCT para o aço 1064-1070. 32
Figura 12 - Curva TTT do aço SAE 1070 pré-solubilizado a 840°C por 1 hora. 33
Figura 13 - Diagrama de normalização do aço. 36
Figura 14 - Relação da têmpera e do revenido em um diagrama TTT. 38
Figura 15 - Diagrama de temperabilidade de ensaio Jominy. 39
Figura 16 - Máquina de corte utilizada no laboratório. 41
Figura 17 - Embutidora utilizada no laboratório. 42
Figura 18 - Mesa de lixas utilizada no laboratório. 43
Figura 19 - Politriz automática utilizada no laboratório. 44
Figura 20 - Forno elétrico utilizado no laboratório. 45
Figura 21 - Corte longitudinal da amostra sem ataque químico. 50
Figura 22 - Corte transversal da amostra sem ataque químico. 51
Figura 23 - Amostra atacada com Nital 2% e com aumento de 1000 vezes. 52
Figura 24 - Amostra atacada com Nital 2% e com aumento de 100x. 52
Figura 25 - Amostra recozida com aumento de 100 vezes. 54
Figura 26 - Amostra recozida com aumento de 1000x. 54
Figura 27 - Fornecida pelo laboratório LACAR com análise de área escura. 55
Figura 28 - Amostra recozida e com aumento de 100 vezes. 56
Figura 29 - Normalizada com aumento de 1000 vezes. 57
5
Figura 30 - Normalizada com aumento de 100 vezes. 58
Figura 31 - Temperada em óleo e aumento de 100 vezes. 60
Figura 32 - Têmpera em óleo e aumento de 1000 vezes. 60
Figura 33 - Têmpera em água e aumento de 1000 vezes. 62
6
LISTA DE TABELAS
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 12
1.1 Proposta 12
1.2 Objetivo 12
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 12
2.2 Dureza 14
2.3 Metalografia 17
2.3.2 Corte 17
2.3.3 Fixação 18
2.3.4 Lixamento 18
2.3.5 Polimento 18
2.3.7 Microscopia 19
2.4 Inclusões 20
2.5 Microconstituintes 22
2.5.1 Ferrita 22
2.5.2 Cementita 23
8
2.5.3 Perlita 24
2.5.4 Austeníta 25
2.5.5 Bainita 26
2.5.6 Martensita 28
2.9.1 Recozimento 34
2.9.2 Normalização 35
2.9.3 Têmpera 37
2.9.4 Revenido 38
3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 40
3.1.3 Embutimento 41
3.1.4 Lixamento 42
3.1.5 Polimento 43
3.3.1 Recozimento 46
3.3.2 Normalização 46
9
3.3.3 Têmpera em água 47
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 49
4.6.1 Reengenharia 64
10
5 CONCLUSÃO 65
6 BIBLIOGRAFIA 66
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 Proposta
1.2 Objetivo
Além disso, através da análise metalográfica busca-se determinar qual o tipo de aço
que compõe a amostra, seguindo as classificações padrão, como AISI/SAE.
12
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O aço é uma liga metálica ferrosa, formada por Ferro e Carbono, e cuja concentração
de Carbono varia de 0,008% a 2,11%. Pode também apresentar em sua composição
concentrações de outros elementos, tais quais Cromo, Níquel e Molibdênio.
Os Aços Carbono são aqueles que têm principalmente ligas de Fe-C em sua
composição. O Instituto Americano de Aço e Ferro (AISI) define como Aço Carbono um
“Aço que não tem quantidade mínima especificada ou necessária de Cromo, Cobalto, Nióbio,
Molibdênio, Níquel, Titânio, Tungstênio, Vanádio ou Zircônio, ou qualquer outro elemento a
ser adicionado para que se obtenha o efeito de liga desejado; quando o mínimo especificado
de Cobre não excede 0,4%; ou quando a concentração máxima especificada dos seguintes
elementos não excede as respectivas concentrações: Manganês (1,65%), Silício (0,6%), Cobre
(0,6%).
13
A nomenclatura para aços é dada pela Sociedade de Engenheiros Automotivos (SAE
— Society of Automotive Engineers), Instituto Americano do Ferro e do Aço (AISI -
American Iron and Steel Institute) e Sociedade Americana para Ensaios e Materiais (ASTM
— American Society for Testing and Materials). Os aços recebem seu nome com o formato
1XXX, e, no caso de aços comuns, como é o caso de Aços Carbono, o segundo digito é 0. Os
dois últimos dígitos correspondem à concentração de Carbono em % multiplicada por 100.
Dentre a classificação dos aços, os que contêm até 0,25% em peso de Carbono se
enquadram em baixo teor de Carbono, o que permite o menor custo de produção. Possuem os
microconstituintes Ferrita e Perlita, que resultam em boa ductilidade e tenacidade, e por serem
consideradas ligas fracas podem ser facilmente usináveis e soldáveis.
São consideradas ligas de médio teor de Carbono as que possuem concentração entre
0,25 e 0,60% em peso de Carbono. Normalmente, passam por tratamentos térmicos, como o
revenimento, o que lhe fornece uma microestrutura de Martensita revenida.
14
não superior a 6%. Além destes, elementos como Níquel, Cromo, Molibdênio, Vanádio e
Boro são comumente utilizados em Aços.
15
2.1.3 Percentual de Carbono
2.2 Dureza
A dureza de um material é o valor que define como este resiste a deformação plástica
localizada. Usualmente, quando se refere a dureza de um material metálico, é considerada a
resistência a deformação causada pela penetração superficial. O indentador (ponta que penetra
no material) deixa uma marca na superfície, e, de acordo com as características da marca,
associa-se um valor de dureza.
Ensaios de dureza e a posterior análise dos valores obtidos têm como motivação
conhecer e analisar a resistência do material, e com isso relacioná-la a outros valores
relevantes por meio de tabelas. Além disso, buscam realizar o controle de qualidade de
processos de tratamentos térmicos, conformação plástica e processos de ligação além de
pesquisa e desenvolvimento de novos materiais e ligas.
A classificação dos valores é dada pelas escalas Rockwell, Vickers, Brinell, Meyer e
Knoop. Contudo, pela maior facilidade de realização de testes e da conversão de valores, as
escalas de Vickers e Rockwell são as mais usuais. Na figura 1 é apresentada uma tabela de
conversão das durezas em suas diferentes escalas.
16
Figura 1 - Tabela de conversão de durezas.
17
Os ensaios são realizados por equipamentos chamados de durômetros, onde uma
peça com ponta, chamada de penetrador, é forçada na superfície da amostra, com condições
de carga definidas. A impressão superficial deixada é medida em sua profundidade e então
relacionada ao material da amostra.
2.3 Metalografia
Antes de qualquer tipo de análise é necessário escolher qual das seções da amostra
será estudada, a seção transversal ou longitudinal. O corpo de prova (CP) deve traduzir as
características do material em estudo, sendo importante definir quais características se deseja
analisar. Por vezes, deseja-se observar uma área específica do material ou quer-se analisar o
material como um todo.
18
2.3.2 Corte
Uma vez escolhida a seção a ser estudada é feito o corte na região. O corte tem como
objetivo obter uma superfície tão plana quanto possível, mesmo que o processo ainda seja
feito de modo grosseiro. O processo do corte é prejudicial para a amostra, já que há elevação
de temperatura e esforços localizados, que podem afetar a estrutura do material. Essas
modificações devem ser posteriormente removidas para que não prejudiquem a análise.
A lâmina que irá realizar o corte é escolhida com base na ductilidade e dureza do
material a ser cortado. No caso de materiais ferrosos, que tem dureza menor que 65 HRC, são
usados discos de corte à base de Alumina e Carbeto de Silício. O corte deve ser feito de
maneira lenta e progressiva, e, sempre que for necessário, com arrefecimento para evitar o
super aquecimento da amostra.
2.3.3 Fixação
Caso o processo seja realizado a quente, as resinas utilizadas são menos viscosas,
apresentam baixa contração e boa adesão à amostra. Além disso, são resistentes quando
expostas a agentes químicos e tem propriedades mecânicas adequadas. O tempo de
embutimento a quente (temperatura de 150°C) é de aproximadamente 15 minutos, quando
aplicado baquelite ou acrílico em uma prensa de embutimento.
19
2.3.4 Lixamento
Uma vez fixado, é necessário fazer um processo de lixamento para tornar a superfície
lisa, plana e livre de deformações plásticas e mecânicas. Considera-se o lixamento uma etapa
essencial e a mais trabalhosa entre os processos, uma vez que são realizados lixamentos
consecutivos, com lixas de granulometria crescente. Além disso, para cada nova lixa, a
amostra é girada em 90°, para que seja removido por completo qualquer vestígio da lixa
anterior. No caso do trabalho atual a granulometria utilizada foi, em ordem, de: 220; 320; 400;
600.
2.3.5 Polimento
20
Existem diferentes métodos de ataques químicos, sendo listados abaixo alguns deles:
Por imersão
Por gotejamento
Por lavagem
Por esfregação
Ataque polimento
2.3.7 Microscopia
2.4 Inclusões
O tipo de inclusão mais usual em aços são as do tipo não-metálicas, que ocorrem
devido a diferentes reações químicas ao longo do processo de produção do aço e são
consideradas inclusões naturais. Os principais compostos dessas inclusões são do tipo
Sulfetos, Fosfetos, Óxidos ou Nitretos.
21
Existem diversas classificações a respeito das inclusões metálicas, porém a mais
usual é a de Jernkontoret, da Associação dos Siderurgistas Suecos, e está representada na
figura 2, abaixo. Nessa classificação as inclusões são divididas em quatro classes, A, B, C e D
e cada uma dessas é dividida em cinco subclasses, que variam com relação ao número de
inclusões por unidade de superfície. Em ordem crescente, sendo 1 um pequeno número de
inclusões por unidade de superfície e 5 uma grande quantidade de inclusões.
22
Embora os processos de produção do aço tenham evoluído ao longo dos anos, a
eliminação de 100% das inclusões não desejáveis ainda é inatingível, e os níveis dessas na
composição de aços modernos é de aproximadamente 0,1%.
2.5 Microconstituintes
2.5.1 Ferrita
A Ferrita é uma solução sólida de carbono no Ferro alfa (Fe-α), que se origina na
zona crítica durante o esfriamento e sua estrutura é Cúbica de Corpo Centrado (CCC). A
formação se dá pela transformação alotrópica do Ferro Gama. Dentre as fases presentes no
Aço, a Ferrita é a mais macia, ou seja, apresenta a menor dureza (HB = 80), pouca resistência
à tração (3400 kg/cm²) porém é a mais tenaz e extremamente dúctil, por permitir apenas
pequenas quantidades de Carbono dissolvidas (0,025% de Carbono a 723°C). Além disso, é a
Ferrita que afere as propriedades magnéticas ao aço. Do ponto de vista de visualização
microscópica, a Ferrita se manifesta como grãos brancos com contornos finos e pretos. No
caso da figura 3, a Ferrita é caracterizada pela área branca, com pequenas aparições de Perlita
(área escura). Nesse caso, o aço é de baixo teor de Carbono, pela pequena quantidade de
Perlita.
23
Figura 3 - Ferrita aliotromórfica em grande quantidade.
2.5.2 Cementita
24
Figura 4 - Ferro fundido branco hipereutético. Longos cristais de cementita sobre um
fundo de ledeburita com ataque pícrico.
2.5.3 Perlita
Por ser formada de lamelas moles de Ferrita e outras duras de Cementita, a dureza da
Perlita é intermediária às duas. A quantidade de Ferrita que intervém na Perlita é de 6 para 1
de Cementita. Em aços de baixo carbono, a Perlita se localiza nos contornos de grão da Ferrita
e tem concentração de aproximadamente 0,8 % de carbono. Sua aparência no microscópio,
quando atacada por um reativo comum é de grãos pretos, como apresentado na figura 5.
25
Figura 5 - Colônias de Perlita.
Fonte: S. S. Babu,
2.5.4 Austeníta
É a solução sólida do Carbono no Ferro gama (Fe-γ) com estrutura Cúbica de Face
Centrada (CFC). A sua estabilidade só ocorre em temperaturas superiores a 723°C e inferiores
a 1500 °C, e quando resfriada abaixo desse valor é desdobrada em Ferrita e Cementita por
meio de uma reação eutetóide. Sua presença em temperatura ambiente é possível em aços
austeníticos.
Dentre as microestruturas é a mais densa, não sendo atacada por reagentes, apresenta
baixa dureza, mas grande resistência ao desgaste. A composição de Carbono máxima varia
entre 1,7% a 1,8%. Do ponto de vista microscópico, tem aparência de grãos poliédricos, como
apresentado na figura 6.
26
Figura 6 - Austenita processada pela recristalização, rolamento e resfriamento rápido.
2.5.5 Bainita
27
Figura 7 - Bainita inferior, com cementita entre as plaquetas e entre as plaquetas de
Ferrita bainítica.
28
Figura 8 - Bainita superior.
2.5.6 Martensita
29
2.6 Tamanho de Grão
Fonte: https://www.keyence.com/ss/products/microscope/vhx-
casestudy/automobile/grain-size.jsp
30
Usualmente o método da ASTM usado é baseado na fórmula:
N=2(n−1)
Além disso, pode-se observar o ponto eutetóide, que é o ponto que corresponde à
composição de carbono próxima de 0,8%. Ligas quando elevadas deste ponto até o ponto
austenítico (fase γ) e resfriadas, atravessam a região eutetóide. Durante essa passagem, há
uma reação onde a Austenita é transformada em Perlita.
31
Figura 10 - Diagrama de fase Fe-C.
Os diagramas de fase são de extrema importância para a análise do aço que se está
trabalhando, porém, diferente do diagrama Fe-C, as curvas CCT (Continuous Cooling
Transformation – Transformação a resfriamento constante) e TTT (tempo-transformação-
temperatura) apresentam a dependência do tempo nas transformações.
32
2.8.1 Diagrama CCT
Apesar de depender do tempo, neste diagrama o período que a amostra leva não é
importante, e sim qual a taxa de resfriamento. Na figura 11 é apresentado o diagrama CCT
para um aço AES 1064-1070, que corresponde ao aço da amostra analisada no trabalho.
33
Figura 11 - Diagrama CCT para o aço 1064-1070.
34
2.8.2 Diagrama TTT
Figura 12 - Curva TTT do aço SAE 1070 pré-solubilizado a 840°C por 1 hora.
35
2.9 Tratamentos Térmicos
2.9.1 Recozimento
36
O recozimento pleno é realizado em geral em aços com baixo ou médio teor de
Carbono. Nesse processo a amostra é aquecida a 50°C acima da linha A3 em aços eutetoides e
50°C acima de A1 para hipereutetoides, e resfriada junto ao forno, geralmente, até atingirem a
temperatura ambiente. Nesse processo os objetivos e resultados são:
2.9.2 Normalização
37
Os objetivos da normalização são os mesmos do recozimento, porém com a
normalização há diferença nos resultados obtidos. Os grãos obtidos no processo são
usualmente menores e mais homogêneos, e assim a dureza e os limites de escoamento são
superiores em comparação aos de aços recozidos. Essas diferenças são causadas pelo não
processamento completo da separação da Ferrita. Desse modo, a Austenita é transformada em
Perlita lamelar extremamente fina, com concentrações de Ferrita maiores que a proporção
normal.
Fonte: https://indeeco.com/news/2015/01/12/importance-normalizing
38
2.9.3 Têmpera
O aquecimento é feito até que o aço atinja temperaturas superiores a A3, no caso de
hipoeutetóides, uma vez que um aquecimento inferior a isso provocará o surgimento de
Ferrita quando resfriado, e terá uma têmpera incompleta. No caso de aços hipereutetóides esse
aquecimento deve ficar até A1, pois ao se resfriar o resultado será a Martensita e carbonetos
secundários. Deve-se evitar que esse aquecimento exceda a Acm, pois isso pode formar
Martensita articular excessivamente grosseira e frágil.
39
2.9.4 Revenido
Fonte: https://www.mspc.eng.br/dir90/ferr05.php
40
2.10 Ensaio Jominy
41
3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Nessa seção será apresentada a parte experimental do trabalho, onde a peça fornecida
é submetida aos diferentes processos previamente descritos a fim de realizar uma análise
quanto a suas propriedades, ou seja, realizar o estudo metalográfico.
Bem como descrito no capítulo anterior, para que seja feita o estudo metalográfico de
uma amostra, esta deve ser submetida a diferentes etapas de preparação antes de sua análise
final. A peça utilizada nesse trabalho segue os parâmetros exigidos pela disciplina, os quais,
pedem um aço com tratamento térmico/termoquímico e de baixa liga.
42
Figura 16 - Máquina de corte utilizada no laboratório.
3.1.3 Embutimento
Para este trabalho o embutimento das amostras foi feito utilizando uma embutidora
automática da marca Struers, demonstrada na figura 17. O processo foi realizado à quente,
com resina do tipo baquelite e com resfriamento à água, tendo como parâmetros 5 minutos
para o aquecimento e 5 minutos para o resfriamento.
O embutimento visa dar suporte e segurança par ao manuseio dos corpos de prova
durante o lixamento, polimento e análise metalográfica. Vale citar que este procedimento
deve ser feito após os ensaios de dureza, visto que o invólucro polimérico de baquelite possui
menor rigidez que o aço, podendo se deformar e mascarar os resultados do teste.
43
Figura 17 - Embutidora utilizada no laboratório.
3.1.4 Lixamento
A partir disso, as amostras estão prontas para o lixamento nas lixas convencionais,
esse lixamento terá início na lixa de granulação 220, seguida da 320, para então a de 400, 600
e finalmente a de 1200, todas essas lixas devem ser usadas em uma mesa de lixa, como a da
figura 18, própria para essa função, a qual, para evitar danificar a amostra com o metal que
será retirado da própria amostra, deve possuir água corrente para que seja feita essa limpeza,
tanto da lixa quanto da superfície da amostra.
44
Figura 18 - Mesa de lixas utilizada no laboratório.
3.1.5 Polimento
45
Figura 19 - Politriz automática utilizada no laboratório.
46
3.2 Ensaio de dureza
Uma primeira medição foi feita para cada um dos casos, na escala HRC, e o objetivo
desse estudo é verificar a validade da escala utilizada. Para valores inferiores a 20HRC ou
superiores a 67 HRC a escala utilizada deve ser a HRB. Isso deve-se ao fato de que medições
abaixo de 20 HRC são imprecisas, e valores acima de 67 HRC inexistem para produtos
encontrados em ações comuns.
Neste trabalho, quatro tipos de tratamentos térmicos foram utilizados para o estudo
de seus efeitos sobre o aço escolhido. São eles: recozimento, normalização, têmpera em água
e têmpera em óleo. O aquecimento da amostra é realizado em um forno elétrico, apresentado
na figura 20.
47
Figura 20 - Forno elétrico utilizado no laboratório.
3.3.1 Recozimento
Após o tratamento térmico, a amostra foi lixada, polida e atacada com Nital 2%. A
amostra foi, então, analisada microscopicamente. Pela literatura, o recozimento pleno deveria
produzir uma estrutura Perlítica grosseira, provavelmente em matriz Ferrítica. A Cementita
contida nas células de Perlita devia ser severamente atacada pelo reagente revelando áreas
escuras na microscopia. As fases mais claras são derivadas de estruturas proeutetoides
(acredita-se que a Ferrita, dada a faixa de percentual de carbono utilizada comercialmente em
aços).
48
Foi proposto que o percentual de Carbono fosse avaliado através da área escura (AE)
da amostra, a fase de Cementita encontrada nas células de Perlita, estimando com o auxílio do
software Image-J. Essa relação de dá pela fórmula:
%AE * 0,77 = %C
3.3.2 Normalização
49
3.3.4 Têmpera em óleo
O ataque químico utilizado foi com a solução Nital 2%, a qual é constituída de
Álcool Etílico 98% em volume e Ácido Nítrico (𝐻𝑁𝑂3) 2% em volume. O tempo de
realização do ataque variam conforme a peça atacada, em geral levam-se de 3 a 5 segundos
para atingir o estado ótimo. Para garantir que o ataque fique uniforme na superfície da
amostra e para evitar a criação de bolha na mesma, a técnica utilizada é o mergulho lateral,
em que a peça escorre sobre a superfície do Becker onde encontra-se o reagente. Após
finalizado o ataque a peça precisa ser lavada com água para impedir que a solução continue
atacando a superfície da peça. Posteriormente, deve-se secar a superfície com ar quente
paralelo a superfície da amostra a fim de impedir que falsas estruturas comprometam a análise
da peça.
Essa análise foi feita através da observação dos resultados obtidos para as amostras
originais tanto para o corte da seção longitudinal quanto da transversal, em ampliação de
100x, e comparando-os a tabela Jerkontoret (Associação dos Siderurgistas Suecos), adotada
pela ASTM e apresentada na figura 2. Esta análise possui duas classificações, a primeira
separa as inclusões em 4 grupos: sulfureto, alumina, silicato e óxido globular. Além disso, ela
utiliza uma segunda classificação quanto a intensidade de aparição de inclusões,
categorizando-as de 1 a 5 e separando-as em séries finas e grossas. A primeira classificação é
obtida comparando a imagem obtida do corte longitudinal, podendo, assim, observar a
qualidade das inclusões, caracteristicamente marcadas pela presença de trabalhos de
50
conformação mecânica. A segunda classificação é obtida com a observação do corte
transversal e analisando a quantidade de inclusões presentes na amostra.
51
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As inclusões não metálicas ocorrem durante a produção do aço em sua fase líquida e
aparecem na sua fase sólida. Ao analisar microscopicamente a amostra sem ataque químico é
possível observar a presença de inclusões nas seções transversal e longitudinal. As seções e
suas inclusões estão representadas abaixo, e a análise quanto ao tipo de inclusão foi feita com
base na figura 2, baseada na classificação de Jerkontoret e referência da ASTM.
52
Figura 21 - Corte longitudinal da amostra sem ataque químico.
Fonte: LACAR.
53
No corte transversal é possível observar inclusões do tipo óxido globular, da série
grossa e com nível de severidade 5.
Fonte: LACAR.
54
Figura 23 - Amostra atacada com Nital 2% e com aumento de 1000 vezes.
55
Figura 24 - Amostra atacada com Nital 2% e com aumento de 100x.
Microestrutura com presença de Ferrita, Martensita associada a Bainita e Perlita com
dureza de 63,2 HRC.
Fonte: LACAR.
56
de forma correta. As variações de valores medidos na superfície e no centro da peça
continuam baixas (pouco mais de 2%), podendo até ser desprezadas se considerarmos a
margem de erro do equipamento. Então é possível afirmar que a peça possui dureza
homogênea ao longo de sua estrutura, e que a peça original passou por um tratamento de
têmpera total
Microestrutura com Ferrita nas áreas claras e Perlita lamelar nas áreas escuras, com
dureza de 96,4 HRC
Fonte: LACAR
57
Figura 26 - Amostra recozida com aumento de 1000x.
Microestrutura com Ferrita nas áreas claras e Perlita lamelar nas áreas escuras, com
dureza de 96,4 HRC
Fonte: LACAR.
0,88682*0,77%C = 0,683% C
58
Figura 27 - Fornecida pelo laboratório LACAR com análise de área escura.
Fonte: LACAR.
59
Figura 28 - Amostra recozida e com aumento de 100 vezes.
Microestrutura com Ferrita nas áreas claras e Perlita lamelar nas áreas escuras, com
dureza de 96,4 HRC
Fonte: LACAR.
61
4.3.3 Análise do tamanho de grão
Utilizando a figura 30, com aumento de 100 vezes, é possível estimar um tamanho de
grão a partir do mesmo método utilizado anteriormente, ao comparar com a tabela da ASTM,
que consta na figura 9. Nesse caso, a granulometria é extremamente fina, se encaixando na
categoria 8 da tabela.
Assim como com os processos anteriores, a caracterização dessa etapa foi feita no
capítulo anterior.
62
Tabela 8 - Conversão de durezas HRC para HV da amostra temperada em óleo.
A Ferrita é representada pelas áreas mais claras, as áreas acinzentadas são a Bainita e
as regiões escuras representam a Perlita. Apesar da difícil visualização, é possível distinguir
pequenas quantidades de Martensita (áreas com aparência de agulhas).
63
Microestrutura com presença de Ferrita, Bainita e Perlita, além de pequena quantidade
de Martensita. Dureza de 36,2 HRC.
Fonte: LACAR.
64
Analisando esta tabela, nota-se a presença de valores altos de dureza, semelhantes
com a amostra original, tanto no centro quanto na periferia da mesma, algo já esperado para
este tipo de material que sofreu têmpera completa em água. Estes valores são equivalentes à
dureza de Martensita, o que indica sua presença em toda a amostra.
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4.6 Considerações finais
A observação dessa tabela permite a visualização clara e rápida dos efeitos que cada
tratamento térmico tem na dureza da peça. É possível inferir, novamente, que o tempo de
resfriamento foi o principal agente de influência desses resultados. Conclui-se que a dureza de
cada amostra está de acordo com o esperado para suas respectivas microestruturas.
66
4.6.1 Reengenharia
Após o estudo aprofundado dos dados obtidos nos ensaios, descobriu-se que o
material analisado possui um percentual igual a 0,683% de carbono na sua composição.
Tendo em vista, que o material é composto somente por ferro e carbono, sem uma adição
acima do permitido de outras ligas e que o material não sofreu nenhum tratamento por meio
de elementos químicos, é possível inferir que essa peça ensaiada é formada por um Aço SAE-
1070.
Outro ponto que é possível destacar a partir dos resultados é que a peça usinada,
provavelmente passou por um tratamento térmico de têmpera em água ao longo de toda a sua
estrutura de forma homogênea. O principal ponto que sugeri essa hipótese é a dureza
encontrada no material original comparada à encontrada após o tratamento térmico com
resfriamento a água.
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5 CONCLUSÃO
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6 BIBLIOGRAFIA
Chen, Jun & Lv, Meng & Tang, Shuai & Liu, Zhenyu & Wang, Guo. (2014). Low-
Carbon Bainite Steel with High Strength and Toughness Processed by Recrystallization
Controlled Rolling and Ultra Fast Cooling (RCR+UFC). ISIJ International. 54. 2926-2932.
10.2355/isijinternational.54.2926.
70
STEEL Casting Handbook. 5. ed. Estados Unidos: Steel Founder'S Society Of
America, 1980. 11 v. Disponível em: https://www.sfsa.org/publications/hbk/s11.pdf. Acesso
em: 12 nov. 2020.
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