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Revista de Economía Política de las Tecnologías de la Información y Comunicación

www.eptic.com.br, vol. X, n. 3, Sep. – Dic. / 2008

Nova TV Pública Convergente: interatividade, multiprogramação e


compartilhamento

André Barbosa Filho1


Cosette Castro2

Resumo
Este artigo busca refletir sobre as mudanças que a TV pública brasileira deverá passar nos
próximos anos a partir da implantação da TV digital. Foram considerados como pontos de partida
para a análise três temáticas: a formação da figura do operador de rede de plataformas comuns
de transmissão de sinal digital como forma de baratear custos e agilizar a multiprogramação; o
uso da interatividade em seus diferentes níveis como ferramenta para ampliar a inclusão digital
no país e a produção de conteúdos audiovisuais interativos através do uso de redes de alta
velocidade. O texto ultrapassa o campo específico da Comunicação para incluir aspectos
tecnológicos como as redes de transmissão, no debate da viabilização e futuro da TV pública no
país.

Palavras-Chave: TV pública - conteúdos digitais – interatividade – compartilhamento de redes

Resumen
Ese artículo busca reflexionar sobre los cambios que la televisión pública brasileña deberá pasar
en los próximos años a partir de la implementación de la TV digital. Fueron considerados como
puntos de partida para el análisis tres temas: la formación de la figura del operador de red de
plataformas comunes de transmisión digital como manera de reducir costos y agilizar la
multiprogramación; el uso de la interactividad en sus distintos niveles como herramienta para
ampliar la inclusión digital en el país y la producción de contenidos audiovisuales interactivos a
través del uso de redes de alta velocidad. El artículo traspasa el campo específico de la
Comunicación para incluir aspectos tecnológicos como las redes de transmisión en el debate de la
viabilización y futuro de la televisión pública en el país.

Palabras Llave: Televisión pública – contenidos digitales - interactividad – redes de


compartillamiento
1
Doutor em Ciências da Comunicação pela ECA/USP; Pesquisador associado da UnB; Assessor Especial do
Ministro Chefe da Casa Civil – Presidência da República. Autor do livro “Gêneros Radiofônicos, os programas e os
formatos em Áudio”, Paulinas,2003; e co-autor dos livros “Rádio: Sintonia do Futuro”, Paulinas, 2004, “Mídias
Digitais, Convergência Tecnológica e Inclusão Social”, Paulinas, 2005 e “Comunicação Digital: educação,
tecnologia e novos comportamentos”, editoras Paulinas, 2008 (prelo). abarbosa@planalto.gov.br
2
Doutora em Comunicação pela Universidade Autônoma de Barcelona (UAB/ES). Prêmio Luis Beltrão/Intercom em
Liderança Emergente em 2008 e Professora do Mestrado em TV Digital da UNESP. Co-autora do livro “Mídias
Digitais, Convergência Tecnológica e Inclusão Social”, Paulinas, 2005; autora do livro “Por que os Reality Shows
Conquistam as Audiências?, Ed. Paulus, 2006 e co-autora de “Comunicação Digital: educação, tecnologia e novos
comportamentos”, Paulinas, 2008 (prelo). cosettecastro@hotmail.com
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Abstract
This article pretends to reflect about the changes of the Brazilian public television will pass in the
next years after the implantation of the digital television. Three subjects were considerate for this
analysis: the formation of the figure of common transmission of web platforms’ operator to
digital signal as form to reduce costs and to accelerate the multiprogramming; the use of the
interactivity in its different levels as a tool to increase the digital inclusion in the country and the
production of audiovisual interactivity contents through of the high velocity webs. This paper
passes the Communication specific ambit to include technologic aspects like the transmissions
webs in the discussion of future of the public television in the country.

Keywords: Public television – digital contents – interactivity – common webs transmission

Introdução

A história da televisão pública no país tem sido palco de um intenso debate ao longo dos
últimos anos. Essas discussões incluem as causas e conseqüências da baixa audiência; a falta de
robustez do sistema analógico, a escolha de um tipo (ou outro) modelo de gestão e conteúdos
para a televisão pública brasileira ou ainda o debate sobre a escolha de um modelo de negócios
que a torne capaz de acompanhar o futuro, assim como as transformações inerentes à tecnologia
digital. Este texto busca refletir sobre as mudanças radicais que a TV pública vem passando
desde a implantação da TV digital no país, em dezembro de 2007 e que deverá continuar
passando nos próximos 10 anos.
Para dar corpo a essa discussão, utilizaremos três temáticas que estão colaborando (ou em
breve vão colaborar) para as modificações estruturais na TV pública: a formação da figura do
operador de rede de plataformas comuns de transmissão de sinal digital como forma de baratear
custos e agilizar a multiprogramação; o uso da interatividade em seus diferentes níveis como
ferramenta para ampliar a inclusão digital no país e a produção de conteúdos audiovisuais
interativos através do uso de redes de alta velocidade. O texto, como poderá ser observado a
seguir, ultrapassa o campo específico da Comunicação para incluir aspectos tecnológicos, como
as redes de transmissão no debate da viabilização e futuro da TV pública digital no país.
Uma dessas mudanças diz respeito à possibilidade de usar a multiprogramação. Ou seja,
depois da decisão disseminada pelo decreto 5.820/06, referente à escolha do padrão de
modulação do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD-T), cada canal de TV tem o
direito a ocupar um espaço de 6 MHz no espectro eletromagnético para as transmissões
analógicas e outro para a transmissão digital. Na TV analógica, esse é o espaço necessário para
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se colocar uma única programação. Assim, quando uma emissora consegue uma outorga de TV,
ela obtém um espaço da banda de freqüência para transmitir
sua programação. É a isso que chamamos de canais de televisão, tanto para o VHF quanto para o
UHF. O período de migração do sistema analógico para o digital, que segundo o decreto
mencionado acima, vai até dezembro de 2016, faz com que sejam outorgados, neste período,
canais paritários aos radiodifusores/concessionários (um analógico e um digital)3. Findo este
prazo, os canais analógicos serão devolvidos à União.
No modelo de TV digital que o Brasil adotou – um híbrido entre o sistema japonês com
utilização de componentes brasileiros - neste mesmo espaço, é possível colocar muito mais
informação. Ao optar pela modulação japonesa BST-OFDM com seus 13 segmentos e pelo codec
de vídeo chamado H 264 (MPEG 4) os brasileiros terão ao seu dispor uma compressão de
imagem muito melhor e maior do que o seu antecessor, o MPEG 2, utilizado pelo modelo
europeu, norte-americano, incluindo o japonês original.
Caso seja usada a definição de imagem chamada standard (imagem com a qualidade de
um DVD, sem chuviscos ou fantasmas, com padrão surround para o áudio), o mesmo espaço de 6
MHz que antes comportava apenas uma única programação de TV, poderá suportar diversas
programações simultâneas, transmissão one seg4 para equipamentos portáteis e ainda sobra
espaço para a transmissão de dados (típica dos serviços interativos). O mesmo ocorre se a
definição da imagem for de alta definição, a predileta dos radiodifusores por causa da qualidade
da imagem. Neste contexto é que surge a proposta de se criar no Brasil o chamado "operador de
rede de plataformas comuns de transmissão de sinal digital".
As emissoras teriam, com este novo sistema - já em operação no Japão, em vários países
europeus e na Austrália - a oportunidade de transmitir cada uma sua própria programação, a partir
de sistemas de transmissão integrados. E, se assim o desejassem, oferecer, cada qual,
separadamente, a multiprogramação às audiências. Ou seja, as emissoras enviariam seu sinal dos
estúdios para o seu próprio transmissor colocados num espaço comum, junto a uma única torre de
transmissão em cada município. Isso possibilitará o compartilhamento físico das instalações para

3
O decreto 5.820/2006 determina que até dezembro de 2013, haja disponibilidade técnica de cobertura de sinal de
TV digital terrestre em todo território nacional, data a partir da qual não serão mais concedidos canais de TV
analógicos.
4
One Seg. A modulação japonesa BST-OFDM divide a banda de 6 MHZ em 13 segmentos de freqüência, 12 destes
para transmissões para terminais fixos e um deles, One Seg, voltado exclusivamente para transmissões para
terminais móveis e portáteis, mantendo-a aberta e gratuita..
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os transmissores de cada emissora, ligando-os a suas antenas correspondentes, dispostas em torre


única. Assim, as emissoras não precisariam investir individualmente na digitalização das torres
de transmissão, bastando remunerar pelo serviço um único operador de rede. Este procedimento
favorecerá principalmente as emissoras pequenas que dispõem de menor volume de recursos.
Esta opção no campo das transmissões digitais parece estar se consolidando entre TV
públicas institucionais brasileiras, ou seja, TV Câmara, TV Senado, TV Justiça, a EBC e TV da
Educação (a ser criada, de acordo com o decreto 5.820/2006). Já as emissoras privadas até
começo do mês de setembro de 2008 ainda não haviam chegado a um acordo nas principais
cidades brasileiras sobre a possibilidade de caminharem juntas e economizarem investimentos.
Há ainda a importantíssima discussão da integração das emissoras públicas estaduais, canais
comunitários e universitários que pode ser realizada com a utilização efetiva da
multiprogramação.

Operador de rede

A proposta do operador de rede de plataformas de transmissões comuns permitirá a


redução dos custos de transmissão dos sinais eletromagnéticos com ganho de qualidade. Trata-se
de uma escolha tecnológica de investimento coletivo para economizar recursos e, especialmente,
melhorar a qualidade de emissão e recepção de sinais radioelétricos a partir de um mesmo ponto
e diminuindo a incidência de raios gama sobre a população.
No Japão, a empresa pública NHK construiu um modelo similar de compartilhamento e
integração geográfico dos sistemas de transmissão da TV digital com a diferença de que naquele
país o compartilhamento de redes incluía as empresas privadas de radiodifusão. Os diretores da
NHK afirmam que tanto as emissoras públicas como as privadas economizaram mensalmente
40% de seus custos em operação de transmissão com a adoção5 deste modelo. O projeto japonês
vai mais além. Integra os sistemas de transmissão de televisão e também os sistemas voltados
para outras modalidades de serviço como os de banda larga e satélites.
Por que um projeto como o do operador de rede de plataformas de transmissões comuns
faria sentido no maior país da América Latina? Porque o Brasil tem hoje cerca de 600 emissoras
geradoras de TV analógica, aproximadamente 3 mil retransmissoras, além de outras 12 mil

5
Disponível em http://www.nhk.or.jp/nhkworld/portuguese/top/index.html. Acesso em 15 de agosto de 2008.
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repetidoras (Anatel, 2008). Ao formatar uma proposta que se viabilize a partir da oferta de
sistemas integrados de transmissão de sinais de TV digital, o projeto operador de redes comum
vai colaborar com o mercado de pequenas e médias emissoras no país. O termo de
implementação da TVD no Brasil assinado em 2006 pelos governos do Brasil e do Japão previu a
criação de um grupo de trabalho conjunto (GTC) que, por sua vez, atua metodologicamente no
sentido de desenvolver estudos baseados em cinco sub-grupos, sendo um deles, o sub-grupo E,
voltado para financiamento do processo de migração digital. Um dos projetos aprovados pelo
sub-grupo E passa pela construção de uma rede de radiodifusão digital compartilhada para as TV
públicas que será viável a partir do uso de programas de financiamento de bancos de fomento
como BNDES e o JBIC, japonês.
Entretanto, vale notar que este compartilhamento de plataformas de transmissão comuns
não se confunde em sua execução com a operação de rede que é feita na Europa, onde o termo
pode ser traduzido por operador de programações (line-up). Naquele continente, um head, ou
cabeça, geralmente órgão público com mandato específico, organiza a programação recebida das
emissoras e distribui em espaços do espectro, dentro dos canais de radiodifusão que no caso
europeu tem a largura da banda de freqüência maior do que a utilizada no Brasil, ou seja, de
8MHz.6
No Brasil, as emissoras detêm, cada qual, 6MHz de banda. Com a compressão MPG-4,
teríamos a possibilidade de uso compartilhado destes 6MHz, por canais com diversas propostas.
Esses canais podem transmitir em rede nacional, em rede regional ou local, assim como pode ser
utilizada a integração de todas estas, de acordo com o modelo de programação a ser escolhido,
respeitando-se a diversificação e pluralidade de autores e de obras. Assim os canais públicos
institucionais poderiam carregar, num primeiro momento, conjuntamente com suas
programações, as das emissoras estaduais, comunitárias e universitárias, sem qualquer
interferência editorial. Em 2016, após o retorno ao governo federal do espaço de espectro
destinado as emissoras analógicas, haverá um novo cenário onde novas propostas de participação
nas programações públicas poderão ser acolhidas.

Produtos audiovisuais digitais interativos

6
No Brasil e na América do Sul, assim como nos EUA e no Japão, a largura de banda é de 6MHz.
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Outra mudança diz respeito à produção de conteúdos audiovisuais e as possibilidades


interativas da tecnologia digital. Muito se tem discutido sobre os dois temas, pois o sinal da TV
Digital com interatividade agrega um fator até há pouco inexistente na relação dos canais de TV
com suas audiências: a possibilidade real de participação destas últimas influenciando cada vez
mais no fazer televisivo. Isso pode ocorrer através do canal de retorno, ou canal de comunicação
que utiliza outra tecnologia de conexão que permite esta interatividade . Isso torna os diferentes
níveis de interatividade existentes em um importante instrumento de participação, de acesso à
informação e a introdução das audiências televisivas ao mundo ligado em rede em tempo real
através dos mais de 95% de televisores analógicos que a população tem em casa, ligados a
7
conversores digitais com middleware embarcado e a conexão com outras redes de telefonia,
satélites e Internet.
Se a TV aberta hoje utiliza aparelhos como telefone, Internet e fax para fazer com que as
audiências participem indiretamente de sua programação, com a TV Digital, a convergência
destas mídias (telefone, internet) poderá possibilitar o diálogo entre os campos da produção e da
recepção, através de dados recebidos e armazenados nas caixas conversoras. E, principalmente,
por um canal de retorno que possibilite a interatividade em seus diferentes níveis.
Para que possamos compreender melhor este novo mundo de bits e bytes por onde
trafegam os sinais que permitem a interatividade utilizaremos um exemplo que nos transporte
para o mundo da telefonia fixa, que é um dos tipos mais usuais de canal de retorno. Assim,
quando um sinal chega a primeira central de comutação, no caso da telefonia fixa comutada, a
parte de voz é separada dos dados e enviada para a rede de telefonia, enquanto que os dados são
8
enviados para rede de dados da Internet. A tecnologia utilizada DSL é apresentada de três
modos distintos:

• o simétrico, que transmite a mesma taxa de bits tanto no sentido usuário-rede (upstream) quanto
no sentido rede-usuário (downstream);
• o assimétrico, que transmite a taxa downstream maior que a de upstream;
• o simétrico e assimétrico que pode transmitir nos modos simétrico e assimétrico.

7
O Middleware é a designação genérica utilizada para se referir aos sistemas de software que se executam entre as
aplicações e os sistemas operativos. O objetivo do middleware é facilitar o desenvolvimento de aplicações,
tipicamente aplicações distribuídas, assim como facilitar a integração de sistemas legados ou desenvolvidos de forma
não integrada. O SBTVD utiliza o middleware Ginga, brasileiro, que permite interatividade e interoperabilidade.
8
Digital Subscriber Line (DSL).
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São os serviços assimétricos os que incluem TV Digital, vídeo sob demanda, acesso a Internet
de alta velocidade, ensino à distância, tele-medicina, entre outros. Esse serviço tem taxa de
downstream maior e de upstream menor, caracterizando a assimetria.
Todo este cenário implica, portanto, na integração de redes. E não apenas em integração,
mas principalmente em compartilhamento destas redes ou no uso comum de seus espaços de
bandas de freqüência pelos sinais transmitidos por uma ou mais fontes emissoras distintas. Em
termos de integração e compartilhamento de redes, é necessário entender a taxa de bits necessária
para a transmissão de determinados serviços, via fibra ótica, portanto, complementar a
transmissão em rede radiodifundida. Embora este seja um tema diretamente relacionado a
engenharia de redes e a futura demanda de tráfego9, é muito importante para os estudiosos da
comunicação digital conhecê-lo, pois assim será possível identificar que tipo de conteúdo poderá
ser enviado ou recebido, neste mundo digital, onde a televisão recém dá seus primeiros passos. A
tabela abaixo mostra as taxas requeridas para algumas aplicações:

Aplicação Taxa requerida


Navegação WEB 5 Mbit/s
Telefones 0.1 Mbit/s
Jogos 1 bit
Controle de eletrodomésticos 2 Mbit/s
2 canais de vídeo digital MPEG 10 Mbit/s
TV de alta definição 19,2 Mbit/s
2 canais de videoconferência 2 Mbit/2
Total 39,3 Mbit/s

Uma banda de freqüência em UHF utilizada para TV digital, por exemplo, tem 6 MHz. É
possível dividir esta banda, teoricamente, em diversos segmentos compartilhados, utilizando o
sistema BST-OFDM para transmitir simultaneamente (se legislação assim o permitir, lógico!) os
produtos descritos na tabela acima para diversos terminais diferentes, sejam fixos, móveis ou
portáteis.

9
TRONCO, Tânia Regina e MENDES, José Manuel Duarte. VDSL2: Uma nova tendência para redes de acesso em
banda larga. Caderno CPqD de Tecnologia, Campinas: CPqD, v 3, n° 1, p. 17-26, jan-jun 2007
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Diante deste quadro de possibilidades tecnológicas é possível classificar a interatividade


em cinco diferentes classes, imaginando este cenário convergente e compartilhado entre redes
para uso na TV Digital. Elas representam as várias dimensões em que a interatividade pode ser
usada e onde as audiências poderão conviver com a programação que mais prende sua atenção e
que mais possibilita a interação.

São eles:

1. Transmissão bidirecional simétrica (Usado em Sistemas de Radiodifusão e


Redes de comunicação de dados). Esta interação dá-se usualmente em virtude
das altas taxas de transmissão tanto de upstream (subida de sinal) como de
downstream (descida de sinal), usuais das redes de TV a cabo que usarem
arquitetura HFC (híbridos de fibra óptica e cabo coaxial).
2. Transmissão bidirecional assimétrica de retorno solicitado pelo usuário (Usado
em Sistemas De Radiodifusão, com tecnologia Acesso Múltiplo por Divisão de
Tempo (TDMA) e Acesso Múltiplo por Divisão de Código (CDMA). Estas
tem a característica de ter manter taxas diferenciadas de subida e descida de
sinal em virtude do tráfego. Essa interação faz o compartilhamento do canal de
retorno entre os usuários.
3. Transmissão bidirecional assimétrica com retorno solicitado pelo provedor de
informação.
Nesta interação, o usuário apenas pode escolher entre algumas opções
propostas pela emissora.
4. Transmissão bidirecional assimétrica com retorno off-line. Nesta interação,
como o retorno é off-line, ou seja por um outro canal, seja telefonia fixa,
celular, etc., Não há aí a possibilidade de mudança na programação. É o que
existe hoje nos programas de TV e rádio, quando se entra em contato com o
público para algum sorteio ou participação qualquer e se utiliza o sinal da
ligação telefonica para a comunicação com este público, independentemente
da transmissão radiodifundida.
5. Transmissão unidirecional, sendo a caixa conversora, como é conhecida o set
top box, apenas um servidor de aplicações. Nesta classe não há interação plena
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pois o sinal transmitido pela emissora traz opções incorporadas nele que são
armazenadas na memória da caixa digital e o telespectador somente escolhe as
opções que o aparelho lhe oferece10, como programas ‘on demand’, serviços
e campanhas públicas, etc. que estarão a disposição do telespectador e
baixadas da memória de seu terminal de acesso a seu critério.

Fluxo de programação compartilhado

O grande desafio, portanto, é o de estimular a produção conteúdos audiovisuais que sejam


pensados não apenas do ponto de vista da programação linear e analógica como conhecíamos até
então, mas desde a proposta de módulos interativos. Módulos estes que sejam, novamente,
projetados sob o ponto de vista da taxa de bits necessária para a operação de seu tráfego e de seu
compartilhamento pelas redes; módulos abertos, intercambiáveis, com informações justapostas,
permitindo o uso de várias telas ao mesmo tempo para conhecer as diferentes programações, por
exemplo - que possam se tornar aplicativos para TV digital aberta. Além disso, que possam ser
usados como produtos cross media, possibilitando o aproveitamento de diferentes plataformas
digitais.
No caso das TVs públicas há muito trabalho a ser feito, pois a exceção da TV Câmara e da
TV Justiça que já começaram suas transmissões digitais, as demais necessitam ainda começar o
processo de digitalização. Isso significa o desenvolvimento de atividades paralelas e
complementares à implantação tecnológica. Entre essas atividades é possível citar:

a. Estímulo ao desenvolvimento de um centro de fomento e de distribuição de conteúdos


digitais interativos;
b. Desenvolvimento de programas de formação e capacitação de mão-de-obra
especializada na produção de conteúdos audiovisuais interativos tanto em nível
técnico como universitário;
c. Estímulo à produção de conteúdos digitais independentes regionais;

10
KIOUSIS, S. Interactivity: a concept explication. New Media & Society. vol. 4. SAGE Publications. 2002. pp.
355-383. Disponível em: <http://nms.sagepub.com/cgi/content/abstract/4/3/355>. Acesso em 19 de agosto de 2008.
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d. Fornecimento de ferramentas de software para a produção destes conteúdos


audiovisuais digitais que poderão ser oferecidos apenas para TV digital, mas também
através da convergência entre diferentes plataformas tecnológicas;
e. Estabelecimento de cooperativas de produção de conteúdos digitais interativos.

Uma das questões de maior complexidade, tanto sob o ponto de vista econômico do
custeio quanto da logística é o do fluxo da programação e da rede, já que produzir conteúdos
audiovisuais digitais sem pensar nessas questões traria como conseqüência uma gestão pública
ineficaz e possivelmente sem futuro.
Atualmente, a emissora de radiodifusão que opera transmissões em rede, seja em tempo
real, seja para disponibilizá-las em arquivo para uso posterior, utiliza os transponders nos
satélites de comunicação. A decisão de baixar os sinais radiodifundidos (download) em geral
domina o fluxo. A taxa de envio dos sinais subindo das pontas locais para a cabeça de rede
(upload) por sua vez é utilizada com menos freqüência por seu alto custo.
A tentativa de estimular a troca de conteúdos audiovisuais digitais através de um
operador compartilhado de rede de transmissão entre produtores locais, regionais e cabeça de
rede depende do uso de outras tecnologias de conexão. Um exemplo são as fibras óticas para que
dados, som e vídeo possam ser enviados e recebidos através da rede mundial com altas taxas de
processamento e utilizando banda de larga capacidade de tráfego.
Para que isso ocorra, alguns projetos devem fazer parte do cotidiano da televisão pública,
como o uso de infra-estrutura compartilhada e local com conexões e codificadores; operação e
manutenção em nível de serviço; suporte de programas (software) e a investigação e
desenvolvimento de produtos em vídeo digital com a evolução da plataforma. Estas são algumas
das propostas básicas do projeto apresentado pela Rede Nacional de Pesquisa (RNP) à Empresa
Brasileira de Comunicação (EBC) no final do primeiro semestre, que pode ser estendido para as
demais TVs públicas.
A idéia central baseia-se na criação de um serviço de intercâmbio de TV Pública (ITVp)
entendidas aí, a EBC, as TVs institucionais, as TVs educativas e universitárias, através de sistema
de compartilhamento de conteúdo digital baseado na infra-estrutura de rede nacional de alto
desempenho de educação e pesquisa (rede Ipê). O objetivo é aumentar a oferta e a qualidade dos
conteúdos dos canais da TV Pública pela criação de uma comunidade em rede que permita a
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troca de vídeos digitais com qualidade de difusão, através do intercâmbio automatizado e o


compartilhamento de conteúdos selecionados das grades de programação de cada uma das TVs
envolvidas11.
Este cenário interativo com uso da multiprogramação e de módulos de conteúdos
audiovisuais digitais pode dar vazão – em pouco tempo - às reivindicações dos diferentes atores
sociais no sentido de permitir a participação tanto na construção de conteúdos como no acesso a
divulgação desses conteúdos. Tal cenário está diretamente relacionado ao processo de mudança
no comportamento dos cidadãos, cada vez mais participativos e interessados em interagir com a
programação existente, ainda que essa programação ainda seja, em sua maioria desenvolvida no
sistema analógico, já que o processo de implantação definitiva da TV digital ainda demorará 08
anos, quando as empresas de comunicação, públicas e privadas deverão devolver os canais
analógicos ao governo federal.
Nesse sentido, a proposta de conectar as plataformas comuns às redes públicas nas
principais cidades brasileiras parece ser uma das respostas para aquelas necessidades. Isso porque
pode chegar a uma cobertura semelhante à das redes comerciais somada um fluxo dinâmico de
conteúdos digitais, robustos, de alta performance e de baixo custo.

Centros de Excelência em Produção de Conteúdos Digitais

A produção de conteúdos audiovisuais digitais fazem parte do tripé – operadores


compartilhados de redes de transmissão e uso de conteúdos interativos - para pensar as
modificações pelas quais a TV pública brasileira deverá passar nos próximos anos tanto em
termos de viabilidade técnica e econômica como de inclusão digital. Pensando nisso, o governo
brasileiro está criando o Centro Nacional de Excelência em Produção de Conteúdos Digitais
Interativos e Interoperáveis, coordenado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). A
proposta é inovadora e segue a decisão do encontro do E-LAC em 2008.
No encontro de 26 países latino-americanos e caribenhos para definir os rumos da
Sociedade da Informação até 2010, realizado em El Salvador em fevereiro deste ano, a delegação
brasileira apresentou a proposta de criação de um centro regional de produção de conteúdos

11
SIMÕES, Nelson e CAETANO, Daniel. ITVp, Intercâmbio em TV Pública. Brasília: RNP , agosto, 2007 (
mimeo).
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digitais, assim como o estímulo a criação de centros nacionais em cada país. A proposta aceita
por unanimidade levou em conta o papel da indústria de conteúdos e de entretenimento no
cenário mundial. Os 26 países decidiram tornarem-se produtores de conteúdos e não somente
consumidores como vêm ocorrendo até então, já que os estudos internacionais mostram que a
América Latina produz apenas 7% dos conteúdos consumidos mundialmente.
A proposta do Centro Nacional é estimular a produção e desenvolvimento de projetos
conteúdos audiovisuais digitais por diferentes atores sociais, como a academia, os institutos de
P&D e terceiro setor, assim como a implantação de centros de conteúdos inter-regionais. A idéia
é que, o Centro colabore com a produção de conteúdos voltados para o Sistema Brasileiro de TV
Digital e/ou para convergência tecnológica, mas especialmente que ajude na produção de
conteúdos audiovisuais para a TV pública a partir de critérios como acessibilidade, usabilidade,
portabilidade, multiprogramação, interatividade e mobilidade. Inicialmente os projetos de
conteúdos estarão voltados para educação à distância, t-cultura, t-entretenimento, t-saúde, t-
justiça e t-trabalho.

Considerações Finais

A TV Digital no Brasil tem todas as condições de tornar-se um paradigma na


Comunicação desenvolvida no país a partir de diferentes perspectivas: a tecnológica, com a
migração do sistema analógico para o digital; a econômica, com a criação de novas
possibilidades de serviços e negócios; a social, com a oferta de diversidade de conteúdos e
inclusão digital ao utilizar internet através do aparelho de TV; a política, com a possibilidade de
estimular a discussão de um novo marco regulatório, e a comportamental, com a possibilidade
de participação ativa das audiências através do uso de diferentes níveis de interatividade na TVD.
Suas premissas de redimensionamento do conhecimento tecnológico, a mudança
fundamental na relação homem-máquina e, essencialmente, no processo da relação sujeito-
sujeito, suas múltiplas possibilidades de exibição ou veiculação, compartilhando com outras
plataformas digitais conteúdos interativos e dispositivos de interatividade conhecidos como
convergência de mídias convertem-se numa proposta cujas conseqüências podem ser observadas
sob diversos pontos de vista tais como:
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• o cumprimento da regra constitucional, através da socialização dos bens culturais,


democratização da informação, difusão do conhecimento, cidadania;
• as oportunidades que poderão surgir no mercado audiovisual pelas novas maneiras de acesso
à informação, à cultura e ao entretenimento;
• o atendimento à qualidade das relações sociais na medida em que rediscute a noção de espaço
público, assim como a visibilidade das relações público-privadas, de seu agendamento, troca
simbólica e modificação do eixo de poder resultante;
• a diversidade de idéias, os espaços de relacionamento, as possibilidades de estabelecerem
novos pactos sociais através da inclusão de novos atores e a conseqüente divisão do poder sobre
a informação.
Em termos de mercado, a TV Digital está redesenhando a cadeia produtiva pelo
reordenamento do mercado através dos atores principais, entre eles as emissoras, a indústria
eletroeletrônica, os produtores de conteúdo, as instituições de pesquisa, as audiências que hoje
também são protagonistas e os financiadores. Surgem novos protagonistas como os operadores de
rede de plataformas comuns de transmissão, as empresas de serviços de telefonia fixa e celular e
de banda larga. A este mundo convergente e compartilhado, soma-se o cenário de estímulo a uma
economia da cultura onde o privado, o público e o estatal se complementam e interagem como
novos participes deste consórcio midiático. Novos modelos de negócios e serviços vão surgir
através dos formatos modulares interativos, e, portanto, novos percentuais das verbas
publicitárias institucionais e privadas vão estar disponíveis para dar suporte a estas ações
comunicacionais digitais que passam a ser de multiplataformas.
A TV pública poderá tornar-se a grande alavanca para que a sociedade atinja esses objetivos,
já que os radiodifusores privados ainda resistem em colaborar com a inclusão digital do país
utilizando recursos interativos. Para que isso ocorra, a TV pública deverá associar-se a programas
de fomento às produções associadas, incentivando a descentralização das produções e fazendo
uso do financiamento de pesquisa de conteúdos digitais oferecidos pelos programas em curso nas
esferas de governo.
A TV pública, através da digitalização, pode (e deve) assegurar o papel social da
comunicação eletrônica. Assim, a sonhada democratização do acesso às janelas de veiculação,
dar-se-ia, de pronto, pelo uso da multiprogramação, que garantiria a diversidade cultural e a
inclusão através da interatividade e do multiserviço.
Revista de Economía Política de las Tecnologías de la Información y Comunicación
www.eptic.com.br, vol. X, n. 3, Sep. – Dic. / 2008

Acreditamos que o momento histórico para que a TV pública assuma o seu papel de
vanguarda na digitalização dos processos e da produção dos conteúdos é este e não haverá outro
semelhante tão cedo.

Referências Bibliográficas e Sites

ANATEL. Disponível em www.anatel.gov.br. Acesso em 20 de agosto de 2008.

BARBOSA, André, CASTRO, Cosette e TOMI, Takashi. Mídias digitais, Conergência


Tecnológica e Inclusão Social. São Paulo: Paulinas, 2005.

BARBOSA, André e CASTRO, Cosette. Comunicação Digital: educação, tecnologia e mudança


de comportamentos. São Paulo: Paulinas, 2008 (prelo).

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de agosto de 2008.

KIOUSIS, S. Interactivity: a concept explication. New Media & Society. vol. 4. SAGE
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TRONCO, Tânia Regina e MENDES, José Manuel Duarte. VDSL2: Uma nova tendência para
redes de acesso em banda larga. Caderno CPqD de Tecnologia, Campinas: CPqD, v 3, n° 1, p.
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SIMÕES, Nelson e CAETANO, Daniel. ITVp, Intercâmbio em TV Pública. Brasília: RNP,


agosto, 2007 ( mimeo).

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