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Eficácia da uvulopalatofaringoplastia: Estudo

restrospectivo
Efficacy of uvulopalatopharyngoplasty:
Retrospective study

ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE


Miguel Viana Marta Neves Paula Azevedo Miguel Ferreira Manuel Rodrigues e Rodrigues

RESUMO ABSTRACT
A roncopatia é um distúrbio comum na população geral, Roncopathy is a common disorder in general population,
sendo a prevalência de síndrome de apneia obstrutiva do being the prevalence of Obstructive Sleep Apnea Syndrome
sono (SAOS), entre ressonadores, de pelo menos 10%. (OSAS) between snorers , of at least 10%.
Os autores apresentam uma revisão de 35 doentes do seu The authors present a review of 35 patients of their
serviço seleccionados para uvulopalatofaringoplastia (UPPP) department selected for uvulopalatopharyngoplasty (UPPP)
entre 2001 e 2006. Os resultados cirúrgicos são avaliados between 2001 and 2006. Surgical results are evaluated by
comparando os parâmetros da polissonografia (PSG) pré e comparing the parameters of polysomnography (PSG) before
pós-cirurgia e, subjectivamente, através de um questionário and after surgery and, subjectively, through a questionnaire
protocolado pelo serviço. defined by the department.
Foram estudados 35 doentes (83% do sexo masculino e 17% do We studied 35 patients (83% male and 17% female) with
sexo feminino) com índice de apneia-hipopneia (IAH) médio mean pre-surgery apnea-hypopnea index (AHI) of 22.9 ± 17.6
pré-cirurgia de 22,9±17,6 eventos/hora. A percentagem de events/hour. The percentage of cure after UPPP was 33%, by
cura após UPPP foi de 33%, pelos critérios de cura de Sher. Sher’s criteria for cure. There was no significant difference
Não houve diferença significativa entre o IAH médio pré e between mean AHI before and after surgery. As for the
pós-cirurgia. Quanto à avaliação subjectiva a longo-prazo, subjective long-term evaluation, 68% of patients maintained
68% dos doentes mantinham diminuição da roncopatia, 61% a reduction of snoring, 61% reported decreased daytime
referiam diminuição da sonolência diurna e 56% do número sleepiness and 56% of the number of apneas during the night
de apneias nocturnas presenciadas pelo cônjuge. witnessed by the spouse.
A falta de correlação entre os resultados avaliados pela PSG The lack of correlation between the results measured by PSG
e os resultados subjectivos percepcionados pelo doente, and subjective outcomes perceived by the patient, stresses
salienta a necessidade de seguimento destes doentes, com the need to follow these patients and repeat the sleep study.
repetição do estudo do sono. Keywords: uvulopalatopharyngoplasty; roncopathy; obstructive
Palavras-chave: uvulopalatofaringoplastia; roncopatia; síndrome sleep apnea syndrome; polysomnography.
de apneia obstrutiva do sono; polissonografia.

INTRODUÇÃO
Miguel Viana O SAOS caracteriza-se por episódios recorrentes de
Interno(a) do Serviço de ORL do Hospital Pedro Hispano, Matosinhos
obstrução parcial ou completa da via aérea superior
Marta Neves
Assistente Hospitalar do Serviço de ORL do Hospital Pedro Hispano, Matosinhos durante o sono que se associam a dessaturação da
Paula Azevedo oxihemoglobina e despertares recorrentes.1 Atinge 9 a
Assistente Hospitalar Graduada do Serviço de ORL do Hospital Pedro Hispano, Matosinhos
24% dos homens e 4 a 9% das mulheres entre os 30
Miguel Ferreira
Departamento de Matemática da Universidade do Minho
e os 60 anos. A sua incidência aumenta com a idade,
podendo ser superior a 65% em indivíduos com mais
Manuel Rodrigues e Rodrigues
Director de Serviço de ORL do Hospital Pedro Hispano, Matosinhos de 65 anos.2 Para além da roncopatia, sonolência
Correspondência: diurna e diminuição da “performance” intelectual, o
Miguel Viana
Praça Almada Negreiros n.º88, 6.ºDTO
SAOS associa-se a morbimortalidade cardiovascular
4470-133 Maia
e-mail: jmcviana1@gmail.com
e cerebrovascular.3 Cerca de 50-70% dos doentes são
Telm: 914180808 hipertensos e evidências crescentes sugerem que
Apresentado no 55º Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e este síndrome contribui para algumas das alterações
Cirurgia Cérvico-Facial.

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encontradas no síndrome metabólico.4 de morbilidades associadas. A avaliação subjectiva
O tratamento deve ser individualizado e inclui desde consistiu num questionário validado pelo serviço,
medidas conservadoras como a perda de peso,4 realizado por contacto telefónico com o doente, em
abstinência alcoólica, evicção de sedativos, cessação que se avaliaram parâmetros de benefício e satisfação
tabágica, terapia posicional, próteses orais, pressão pós-cirurgia, nomeadamente roncopatia, sonolência
positiva contínua nas vias aéreas (CPAP),5 até múltiplas diurna e presença de apneias nocturnas.
intervenções cirúrgicas sobre o palato e hipofaringe. A Neste questionário também foi avaliada a morbilidade
UPPP inclui a excisão conservadora da margem inferior a longo-prazo (insuficiência velo-faríngea, alterações
do palato mole e úvula, bem como mucosa redundante da voz ou da deglutição e sensação de corpo estranho).
da faringe com sutura para fixação e estabilização Por seu lado, a morbilidade imediata foi determinada
dos tecidos remanescentes. A amigdalectomia será pelos registos nos processos clínicos.
incluída naqueles doentes com hipertrofia obstructiva. A classificação do SAOS que adoptamos define SAOS
Estes procedimentos têm como objectivo o aumento ligeiro por 5-15 eventos/hora, SAOS moderado por 15-
da área da via aérea superior a nível retropalatino. 30 eventos/hora e SAOS grave por mais de 30 eventos/
Outras intervenções visam corrigir a obstrução a nível hora.
retrolingual, como o avanço genioglosso, a glossectomia A análise estatística foi feita em Microsoft Excel e
parcial ou miotomia e fixação do hióide à cartilagem MatLab 7.0. Usou-se o coeficiente de correlação de
tiróideia. O avanço bimaxilar é um procedimento Pearson para determinar a força da relação linear
reservado para doentes com SAOS grave não adaptados entre variáveis e o teste t de Student para determinar
ao CPAP e que inclui osteotomia e avanço simultâneo se as médias de duas amostras independentes eram
maxilo-mandibular.6 significativamente diferentes. Os resultados obtidos
O CPAP nasal é a forma mais eficaz de tratamento, são expressos em média±desvio-padrão e frequências
sendo considerado o “gold standard” na SAOS relativas.
moderada a grave.5 Entre as intervenções cirúrgicas, a
UPPP é, provavelmente a mais utilizada e estudada7,8, RESULTADOS
tendo sido descrita pela primeira vez por Fujita, em Os 35 doentes (83% do sexo masculino e 17% do sexo
1981. O seu objectivo é melhorar a permeabilidade da feminino) avaliados tinham idade média de 48,6±10,1
via aérea a nível retropalatino, por remoção de tecido anos. Para além da roncopatia, o principal sintoma que
redundante. A taxa de sucesso varia entre 31-82%, de referiam era a sonolência diurna (80%), seguida pela
acordo com as publicações9, sendo influenciada pelos presença de apneias nocturnas (65%), fadiga (50%) e
critérios de selecção dos doentes, nomeadamente cefaleia matinal (32%). Foi aplicada a ESE a todos os
IAH, índice de massa corporal (IMC) e localização da doentes. O valor médio era de 10,2±5,4.
obstrução. Os resultados a longo prazo são ainda mal De entre os principais factores de risco inquiridos
conhecidos. referem-se os hábitos alcoólicos (75%), os hábitos
Os autores apresentam um estudo retrospectivo de tabágicos (25%) e o uso de sedativos (32%). Das
35 casos clínicos do serviço, seleccionados para UPPP mulheres, 33% estavam na pós-menopausa. A
entre 2001 e 2006, avaliando as indicações, resultados prevalência de hipertensão arterial (HTA) foi de 38%.
e morbilidade deste procedimento. O IMC médio pré-tratamento era de 29,97±3,7Kg/m2
para os homens e 29,04±3,5Kg/m2 para as mulheres.
MATERIAL E MÉTODOS Após o tratamento, o IMC médio era de 29,33±2,3Kg/m2
Foram estudados retrospectivamente 35 doentes (29 para os homens e 29,14±3,6Kg/m2 para as mulheres, não
homens e 6 mulheres) submetidos a UPPP no Serviço havendo diferença estatisticamente significativa pré e
de Otorrinolaringologia do Hospital Pedro Hispano, pós-cirurgia. O IMC correlacionou-se significativamente
entre 2001 e 2006. A revisão dos processos clínicos foi com o IAH (r=0,43; p<0,05). Outras variáveis, como a
realizada por pesquisa pelos códigos cirúrgicos. idade e o relato de episódios de apneias nocturnas, não
A avaliação objectiva dos resultados incluiu a PSG pré se correlacionaram significativamente com o IAH.
e pós-cirurgia, com registo do IAH, saturação mínima No que respeita ao tratamento, 94% dos doentes
e média de oxigénio (O2). Com base no protocolo associaram a UPPP a pelo menos um procedimento
do serviço para roncopatia/SAOS foram analisados nasal, sendo o mais frequente a septoplastia, realizada
o IMC, a sonolência diurna avaliada pela escala de em cerca de 80% dos doentes (figura 1).
sonolência de Epworth (ESE), o local de colapso da via Dos doentes estudados, 51% repetiram PSG em média
aérea avaliado pela manobra de Mueller e a presença 13,7 meses após a cirurgia. O IAH médio pré-cirurgia

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FIGURA 1
Associação entre UPPP e Cirurgia Nasal

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era de 22,9±17,6 eventos/hora, sendo que 20% dos ou IAH pré-cirurgia, entre os doentes com sucesso ou
doentes apresentavam roncopatia simples, 23% SAOS insucesso cirúrgico, avaliado pelos critérios referidos
ligeiro, 27% SAOS moderada e 30% SAOS grave. A (tabela 1).
saturação mínima de O2 era de 79,4±9,1% e a saturação Quanto à avaliação subjectiva no pós-operatório, a
média de O2 era de 93,2±3,2%. O IAH médio pós-cirurgia curto prazo, 90% dos doentes referiam diminuição
era de 19,5±14,9 eventos/hora. A saturação mínima da roncopatia. A longo prazo (em média 45,4 meses
de O2 era de 83,3±5,6% e a saturação média de O2 era após a cirurgia), 63% dos doentes responderam ao
de 95,2±2,0%. Não havia diferença estatisticamente questionário protocolado pelo serviço, sendo que 68%
significativa no IAH, na saturação mínima de O2 e na mantinham diminuição da roncopatia, enquanto 8%
saturação média de O2 pré e pós-cirurgia (figura 2). referiam agravamento. Em relação à sonolência diurna,
FIGURA 2
IAH pré e pós-cirurgia

TABELA 1
Caracterização dos doentes em que a cirurgia teve insucesso ou sucesso pelos critérios de cura de Sher

Insucesso Sucesso P
Idade (anos) 50,7 52,4 ns
IMC (Kg/m2) 30,5 29,8 ns
IAH (eventos/hora) 28,5 28,4 ns

Aplicando os critérios de cura de Sher (diminuição de 61% mantinham diminuição da sonolência e 56%
pelos menos 50% no IAH e IAH pós-cirurgia inferior a referiam diminuição do número de apneias nocturnas
20 eventos/hora), 33% dos doentes cumpriam estes presenciadas pelo cônjuge (figura 3).
critérios após a intervenção cirúrgica. Não houve No que respeita à morbilidade precoce, a queixa
diferença significativa, no que diz respeito à idade, IMC mais frequente foi a dor moderada a grave (28%).

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FIGURA 3 doentes não obesos poderá justificar-se pela presença
Avaliação subjectiva a longo prazo dos resultados da UPPP.
(questionário) de colapso da via aérea a nível da hipofaringe. A falta
de métodos de avaliação pré-operatória do nível de
colapso, com significativo valor preditivo, justifica a
variabilidade dos resultados cirúrgicos encontrados.
Numa meta-análise, publicada por Sher et al, a taxa
de sucesso cirúrgico era de 40,8% em doentes não-
-selecionados.16
Durante o período de tempo incluído neste estudo, a
avaliação diagnóstica do local de obstrução baseou-se
no exame objectivo, particularmente na manobra de
Muller, sendo o Rx cefalométrico realizado sobretudo
em doentes com alterações craniofaciais. Actualmente
Cerca de 5,7% dos doentes tiveram insuficiência foi adicionada a classificação de Friedman ao protocolo
velofaríngea transitória e 2,9% referiram hipersecreção do serviço. Esta inclui a posição do palato, tamanho das
faríngea. Quanto à morbilidade tardia, avaliada pelo amígdalas, IMC e presença de alterações craniofaciais,
questionário, a queixa mais frequente foi a sensação permitindo, segundo os seus autores, um aumento da
de corpo estranho faríngeo em 13% dos doentes e 9% taxa de sucesso cirúrgico da UPPP de 40 para 59,1%.14
referiram alterações minor da voz ou deglutição. No entanto, a avaliação diagnóstica dos doentes com
Quando se perguntou aos doentes se a cirurgia tinha SAOS permanece um desafio. Estudos de imagem
sido recompensadora (se o doente conhecendo o e exame endoscópico durante o sono induzido são
benefício final obtido optaria novamente por ser utilizados para prever o local de obstrução, mas falta
operado), 64% responderam que sim, o que contrasta evidência de que aumentem significativamente o valor
claramente com a taxa de cura objectiva definida pelo preditivo do sucesso da UPPP.17
IAH (33%). Neste estudo, o IAH, ou a gravidade da SAOS, não teve
valor preditivo estatisticamente significativo no sucesso
cirúrgico. Isto está de acordo com os resultados de
DISCUSSÃO
Friedman et al que encontraram uma taxa de sucesso de
As principais limitações deste estudo são o número
26,7% para o SAOS ligeiro, 42,5% para o SAOS moderado
reduzido de doentes e o facto de apenas 52% deles
e 26,5% para o SAOS grave.18 Estes autores encontram
terem repetido PSG após a intervenção cirúrgica. A taxa
uma melhor correlação do estadio anatómico com o
de sucesso variável e a possibilidade de necessidade
sucesso cirúrgico (80,6% no estadio I; 37,9% no estadio
de tratamento complementar após UPPP, enfatizam
II e 8,1% no estadio III), concluindo, assim, que a
a necessidade de “follow-up” a longo prazo destes
selecção dos doentes de acordo com as características
doentes com repetição do estudo poligráfico do sono10.
anatómicas da via aérea superior seria mais importante
Este facto tem sido considerado nos anos mais recentes
que a gravidade da SAOS. Considerando a variabilidade
na avaliação dos doentes submetidos a UPPP em que a
do sucesso cirúrgico, o CPAP deverá ser o tratamento
avaliação pós-operatória com estudo do sono passou a
de primeira linha nos doentes com IAH superior a 15
ser realizada sistematicamente.
eventos/hora. Esta modalidade terapêutica permite
A taxa de sucesso (33,3%) apesar de baixa, está dentro
reduzir significativamente a morbilidade associada
da variabilidade descrita na literatura (31 a 82%).9,11,12
à excessiva sonolência diurna, HTA e outras doenças
O conceito para o tratamento cirúrgico da SAOS baseia-
cardiovasculares.5,19 A “compliance” é a principal
-se em melhorar a patência da via aérea superior
entrave ao sucesso do CPAP. Nos doentes com SAOS
durante o sono, aumentando o seu diâmetro. A UPPP
moderada a grave com recusa ou com má adesão ao
pretende diminuir a obstrução a nível velofaríngeo. Em
CPAP, a abordagem cirúrgica seleccionada de acordo
doentes obesos uma das principais razões para falha
com o local de obstrução constituirá a principal
cirúrgica é, precisamente, o acúmulo de gordura em
alternativa. O sucesso da UPPP poderá aproximar-se
redor das paredes da orofaringe.13 O aumento de peso
dos 80% nos doentes com estadio I de Friedman, sendo
após cirurgia é apontado como uma das principais
que a associação com cirurgia de avanço do genioglosso
causas de recidiva ou mesmo agravamento do SAOS.10
e/ou suspensão do hióide poderá permitir uma taxa de
O IMC apresentou uma correlação significativa com o
sucesso próxima dos 74% nos doentes com obstrução
IAH, salientando a importância do peso no agravamento
concomitante ao nível da hipofaringe.14,20
da SAOS e eventual insucesso cirúrgico. O insucesso em

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Na avaliação subjectiva, a diminuição de 68% da aérea poderão melhorar a taxa de sucesso da UPPP,
roncopatia é concordante com o que é descrito na nomeadamente em doentes não adaptados ou que
literatura (46-71%).21 Dos doentes submetidos a UPPP recusem outras modalidades terapêuticas.
no nosso estudo 64% consideraram que a intervenção
foi recompensadora. Num trabalho semelhante
que envolveu o estudo a longo prazo de 49 doentes
submetidos a UPPP, 51% destes consideraram que
a intervenção tinha sido recompensadora, 17 anos
após a cirurgia.9 Estudos prévios demonstram que

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a UPPP diminui a roncopatia e a sonolência diurna,
melhorando a qualidade de vida do doente. No
entanto esta melhoria subjectiva não se correlaciona
com IAH final pós-cirurgia22, tal como se demonstrou
pela diferença obtida no nosso estudo. Esta falta de
correlação entre a melhoria subjectiva percepcionada
pelo doente e a taxa de cura efectiva salienta, mais uma
vez, a necessidade de seguimento destes doentes, com
repetição do estudo do sono.
Verificou-se ainda uma diminuição da eficácia a
longo-prazo: o benefício na melhoria da roncopatia
diminuiu de 90% para 68% e o benefício na melhoria da
sonolência diurna excessiva manteve-se somente em
61% dos doentes. Isto está de acordo com o relatado
na publicação de Goh et al9 em que se descreve
uma diminuição a longo-prazo no benefício obtido
na roncopatia de 67,3% para 40,8% e na excessiva
sonolência diurna de 49% para 34,7%.
De um modo geral, a UPPP esteve associada a uma
baixa morbilidade quer no pós-operatório imediato,
em que apenas as queixas álgicas tiveram expressão
significativa, quer a longo-prazo.

CONCLUSÕES
Apesar da UPPP ser a abordagem cirúrgica mais
frequentemente utilizada nos doentes com SAOS,
apresenta uma taxa de sucesso variável. Os critérios
de selecção utilizados não têm um valor preditivo
significativo. Neste estudo a UPPP associou-se a baixa
morbilidade cirúrgica, contudo a taxa de cura obtida
para esta cirurgia isolada foi baixa (33%), o que contrasta
claramente com os resultados subjectivos, em que a
maioria dos doentes relata benefício nomeadamente
na diminuição da roncopatia. Esta melhoria
percepcionada pelo doente não deve substituir a
reavaliação pós-operatória com PSG, uma vez que
a manutenção de SAOS moderada a grave implica
tratamento complementar. O IMC correlacionou--
se significativamente com o IAH, pelo que deverá
ser incluído nos critérios de selecção para cirurgia. A
melhoria dos métodos de avaliação diagnóstica pré-
operatória e a associação de procedimentos cirúrgicos
que abordem outros locais de obstrução da via

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