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GADAMER E A FORMAÇÃO DOCENTE:

CONTRIBUIÇÕES DO DIALÓGO HERMENÊUTICO NA EDUCAÇAO

Katiuscia Corrêa Santos¹


Paula Andréa de Jesus Santos²

GT8 – Espaços Educativos, Currículo e Formação Docente

RESUMO

O presente artigo analisa as contribuições do diálogo hermenêutico para o estudo da formação


docente, sob a ótica do filósofo Hans Georg Gadamer. Sendo uma pesquisa bibliografia, com
abordagem qualitativa, tende a busca a perspectiva da hermenêutica na compreensão da
docência diante da construção de horizontes interpretativos acerca de si mesmo e do outro, bem
como o esclarecimento necessário sobre a produção de sentidos acerca do ser educador e do ato
de educar. Desta forma, destaca o diálogo como um fator primordial no processo de formação
do docente, numa visão hermenêutica, em que compreende, interpreta, desvenda e produz
sentido nas relações pedagógicas. Por fim, estabelece uma reflexão da formação do sujeito-
docente enquanto ser de em si e ser no mundo.

Palavras Chave: Relações Dialógicas, Hermenêutica; Formação Docente

RESUMEN

Este artículo analiza las contribuciones de diálogo hermenéutico para el estudio de la formación
docente desde la perspectiva del filósofo Hans Georg Gadamer. Siendo una bibliografía de
investigación, con un enfoque cualitativo, tiende a buscar la perspectiva de la comprensión
hermenéutica de la enseñanza en la construcción de horizontes interpretativos de sí mismo y del
otro, así como las aclaraciones necesarias sobre la producción de significados acerca de ser un
educador y nutrir. Por lo tanto, dice el diálogo como un factor importante en el proceso de
formación de maestros, una visión hermenéutica, que comprende obras de teatro, revela y
produce significado en las relaciones pedagógicas. Finalmente, se establece un reflejo de sujetos
de enseñanza mientras que siendo de sí mismo y estar en el mundo.

Palabras clave: relaciones dialógicas, la hermenéutica; Formación del Profesorado

1
Pedagoga do Ensino Fundamental na Rede Pública do Município de Aracaju-SE, formada
pela Universidade Federal de Sergipe, com especialização em Língua Portuguesa, Mídia Digital
e Gestão Escolar, e-mail: katiusciakatiuscia@hotmail.com
1
Pedagoga do Ensino Fundamental da Rede do Pública Estadual de Sergipe, formada pela
Universidade Federal de Sergipe, com especialização em Psicopedagogia e em Gestão Escolar,
e-mail: pandrea_paula@hotmail.com
INTRODUÇÃO

Considerando o ser humano com capacidade de pensamento, de comunicação e


de estabelecer significações, o diálogo é compreendido como essencial no processo do
conhecimento. Nos permite a experiência de aproximação com o outro, cria-se uma
comunhão, uma interação, em que impera a espontaneidade das perguntas e respostas,
deixando ser e dizer para o outro.
Nesta perspectiva, a hermenêutica filosófica permite vislumbrar um
horizonte compreensivo acerca da formação docente e seus desdobramentos na relação
com o outro; preocupando-se com a formação ética da existência, com o
reconhecimento de que o ser humano é um ser em formação, sempre habitado pela
alteridade e pelo efeito da relação humana. Em que, o diálogo hermenêutico proposto
por Gadamer estabelece a compreensão como uma forma de existir, mediante a relação
do homem com o mundo e consigo mesmo, por meio do exercício dialógico.
Sendo assim, este artigo trata-se de uma pesquisa bibliografia, de abordagem
qualitativa, diante da consulta de várias literaturas relativas ao assunto em estudo
possibilitando a fundamentação. Possui uma abordagem quantitativa capaz de
incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às
relações, e às estruturas sociais. Se desvenda pela compreensão das relações dialógicas
na perspectiva hermenêutica de Gadamer para a formação do docente.
Neste sentido, o estudo objetiva refletir a formação docente frente as
contribuições da hermenêutica, diante da compreensão e interpretação da racionalidade
que opera em toda a prática educativa, tendo como base as relações dialógicas.
Entretanto, é de vital importância compreender do que se trata a hermenêutica,
qual a importância do diálogo e as contribuições do filósofo Gadamer no
desenvolvimento do sujeito, para finalmente refletir a sua contribuição para a educação
e especificamente na formação docente.
Torna-se possível pensar filosoficamente a formação docente, buscando conferir
um olhar/sentido singular ao conceito de formação, pois se considera fundamental
compreender como o sujeito-professor está construindo e configurando sua existência
como docente.
A HERMENÊUTICA NA CONCEPÇÃO DE HANS GEORG GADAMER

A definição de hermenêutica está ligada à arte da interpretação. Por muitos


considerada como uma ciência, encontra também quem a considere um ramo da
filosofia. Desta forma. nos faz necessário compreender que ela está intimamente ligada
aos princípios, leis e métodos de interpretar, que se iniciou com a interpretação de textos
religiosos e se expandiu para a interpretação de textos diversos.
O filosófo Hans-Georg Gadamer (1900 – 2002), foi o principal representante da
corrente hermenêutica. Procurou com seus trabalhos desenvolver uma tentativa de
interpretação do ser histórico através de sua manifestação na linguagem, uma vez que
esta se apresenta em seu pensamento, como uma forma básica de experiência humana.
Stein (2008) discorre a Hermenêutica como uma forma de racionalidade, já o
filósofo Gadamer acredita que esta é a arte de compreender e compreender ‘significa
que eu posso pensar e ponderar o que o outro pensa’. (GADAMER, 2000, p. 23).
Alguns estudiosos distinguem a hermenêutica filológica (interpretação do
sentido autentico de textos antigos), da hermenêutica religiosa (destinada a interpretação
da bíblia) e da hermenêutica filosófica (destinada à interpretação do ser, da verdade, da
diversidade de verdades entre o entendimento de cada ser.). A Hermenêutica filosófica é
a adotada por Gadamer, que defende a filosofia como uma arte e não como um
processo mecânico.
Na hermenêutica filosófica, o ser humano é um ser em formação, suscetível às
suas experiências, aos seus diálogos, faz-se mister destacar que essa concepção moderna
de hermenêutica –filosófica- vai de encontro ao Positivismo e à defesa da interpretação
fechada, nos mostrando uma outra forma de conhecer a realidade que não aquela
defendida pelo método científico.
A possibilidade de interpretar além da verdade, mesclando o objetivo com o
subjetivo, traz à tona o jogo hermenêutico e a concepção gadameriana, que considera só
ser possível aprender através do diálogo como : “A arte de perguntar é a arte de
continuar perguntando; isso significa, porém que é a arte de pensar chama-se dialética
porque é a arte de conduzir uma autêntica conversação” (Gadamer, 2007b, p 479, in
Alves 2011).
Desta forma, o jogo hermenêutico se coloca entre o indivíduo e o mundo, que
diante da finalidade, do objetivo, estabelece regras próprias. Traz o tempo e o risco
determinado, a possibilidade de escolha e de ser escolhido. Para Gadamer, não é
necessário entender o jogo como uma espécie de atividade, pois “o verdadeiro sujeito do
jogo não é a subjetividade daquele que entre outras atividades também joga, mas o
próprio jogo” (GADAMER, 2004, p.157), desta feita, o jogo deve, assim ser
compreendido como um processo que media, não havendo separação nem sobreposição
entre aquele e o jogador, ambos permanecem envolvidos, no movimento do ir e vir, das
possibilidades e das jogadas, da dialética do jogo.
O filósofo alemão se diferencia por valorizar diversas verdades na
aprendizagem, ao contrário do que prega o positivismo, dessa maneira, acredita o
estudioso que não é o ganhar o jogo que traz a compreensão, mas a participação, o
diálogo e a compreensão do tema. O jogo é traduzido em sua filosofia como um
caminho, um modelo estrutural para o saber pedagógico e filosófico, constituindo um
círculo, não tendo fim porque sempre recomeça com um novo questionamento e a busca
de respostas com a dialética, complementa o estudioso que “ter horizontes significa não
estar limitado ao que há de mais próximo, mas poder ver para além disso”
(GADAMER, 2004, p.400).
Sendo assim, esses conceitos trabalhados por Gadamer surgem exatamente
contra o distanciamento alienado que é provocado pelo modo de proceder da ciência
moderna. Sua intenção é tematizar a compreensão da experiência humana no mundo,
mundo este que desde já se dá interpretado. A hermenêutica de Gadamer procura se
afirmar como uma racionalidade. As exigências de tal racionalidade surgem exatamente
da oposição a uma época onde a procura pelo saber segue de forma estreita a
racionalidade dos procedimentos empíricos-formais. Portanto, a hermenêutica procura
propor um exercício metodológico adequado às ciências humanas.

O DIÁLOGO HERMENÊUTICO

Neste sentido, a hermenêutica é conhecida como um método, interpretativo,


compreensivo, apropriado à interpretação das coisas humanas. O homem está em
constante busca por respostas que esclareçam suas dúvidas e inquietações, ao ponto de
conseguir a compreensão comunicativa entre meios e fins dos fatos. Este entendimento
se dá mediante as relações dialógicas que conduzem a libertação humana mediada pelas
interações a que se submete o processo do diálogo.
De acordo com Gadamer (2000), o diálogo é espaço de compreensão mutua. O
indivíduo tem conhecimento de sua ação, dando relevância a conversação. Este
processo de aprender, compreender e dialogar ocorre por meio do jogo do diálogo, onde
busca a espontaneidade viva do perguntar e do aprender, do dizer e deixar-se dizer.
Todavia, há uma diversidade de diálogos existente na perspectiva de Gadamer
(2004), dentre eles: pedagógico, negocial, terapêutico e poético. O diálogo pedagógico,
é estabelecido pela interação do educador e educando. Voltado para a linguagem vivida
nos diálogos, onde o indivíduo se constitui. No diálogo como negociação, surge de um
acordo, em que os interlocutores administram seus próprios interesses, superando suas
limitações e controlando o saber ouvir. Já no diálogo terapêutico, diante da
comunicação natural do indivíduo com o outro, através de um impedimento por ideais
delirantes, onde o envolvido não consegue estabelecer o diálogo com o outro no sentido
do ouvir e corresponde à conversação. E o diálogo poético, se desvela na ação, do
indivíduo consigo mesmo, com suas opiniões e crenças pela condição interrogativa.
Entretanto, é importante salientar que mesmo diante de diversas formas de
diálogos, existe uma incapacidade para a conversação nesta nossa civilização cientifica,
na medida que, há uma estrutura monológica, onde indivíduo se torna incapaz de se
comunicar com o outro, não presta atenção ao sentido da palavra, tem uma ausência de
linguagem comum.
A universalidade do processo hermenêutico em Gadamer está vinculado à
dependência que a compreensão tem da conversação. Segundo ele,

o fato de uma conversação estar sempre presente em toda parte onde


algo chega à fala, seja sobre quê e com quem for, quer se trate de
outra pessoa ou de alguma coisa, de uma palavra, ou de um sinal de
fogo – é isso que perfaz a universalidade da experiência hermenêutica.
Somente na conversação, no encontro com pessoas que pensam
diferentemente, podendo habitar em nós mesmos, podemos esperar
chegar além da limitação de nossos eventuais horizontes. (1997, p.
207).

O verdadeiro diálogo exige a atuação dos envolvidos desvelando,


questionando, configurando identidades e demanda diferenças, estando aberto a
mudanças no pensar e no agir, possibilitando a exposição de suas próprias posições
culturais, científicas, filosóficas, religiosas, etc.
“O diálogo se constitui assim na possibilidade de experimentar nossa
singularidade e a experiência do outro com suas objeções ou sua aprovação. Ele só
acontece quando deixa algo em nós.” (HERMANN: 2002, p.91). O diálogo não é
vivência de algo novo por si, mas é algo outro que surge na interação no mundo, ou
seja, é uma força transformadora.
A hermenêutica na educação expressa uma caracterização essencial de todo o
processo educacional, a fim de buscar a raiz da problemática e a amplitude de sua
tarefa, ou seja, repensar seus pressupostos, seus limites, suas condições, sua estrutura.
Tem como argumento organizador de justificação e fundamentação. Diante desta
perspectiva, o processo educacional está intimamente interligado na temporalidade e na
espacialidade dos sujeitos envolvidos, na medida que, é no e pelo processo que vai se
constituindo o conhecimento e a aprendizagem.
Sendo assim, as interações no aprendizado do indivíduo possibilitam ações,
trocas entre o sujeito e o objeto de conhecimento, bem como trocas entre os sujeitos,
inter-ações, tanto a relação adulto, educador/educando, quanto a relação entre
educandos. A qualidade das interações é essencial para todos, pois o desenvolvimento
desse processo é constituído pelas formas de interação e pode produzir êxitos ou
fracassos, dependendo da maneira como ela é conduzida.
Considerando que, o educador Freire (1997) defendia que no ambiente educativo
ocorria o processo de interação social entre as trocas comunicativas do educando, do
educador e do conhecimento. Este espaço se tornava pulsante, vivo e dinâmico,
construindo e consolidando vínculos de amizade, cooperação e confiança.
As relações dialógicas tende a manter a igualdade de condições entre os
indivíduos, onde requer abertura para o outro, pois se faz necessário está frente a frente
com o outro, numa atitude subjetiva de despojamento e reconhecimento.
É importante ressaltar que no processo de formação que tem a reflexão como
instrumento de transformação, a dialogicidade é um fator preponderante em que,
segundo Freire (1987, p. 78), “o diálogo é este encontro dos homens, midiatizado pelo
mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto, na relação eu-tu”. O indivíduo si
transforma e transforma o mundo, porque somos seres inacabados, e através do diálogo
podemos aprender a nossa realidade para fazer e refazer a história.
O indivíduo deve perceber a sua subjetividade e a sua participação na construção
histórica e cultural. Deve si reconhecer e si constituir como sujeito no mundo,
responsável pela construção das condições do ambiente em que vive, e não um objeto, à
mercê de situações sem poder ser modificadas.

Assumir-se como ser social e histórico como ser pensante,


comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de
ter raiva porque capaz de amar. Assumir-se como sujeito porque capaz
de reconhecer-se como objeto. A assunção de nós mesmos não
significa a exclusão dos outros. É a “outredade” do “não eu”, ou do tu,
que me faz assumir a radicalidade do meu eu. (FREIRE, 1996, p.41).

É então, diante do diálogo com estes sujeitos, que nasce a esperança de


mudança, de pensamentos mais concretos, e da prática educativo-critica que propicie
aos educandos a socialização, assumindo-se como indivíduo de ação e reflexão.
Segundo Freire,

[...] o diálogo é o encontro entre os homens, mediatizados pelo


mundo, para designá-lo. Se ao dizer suas palavras, ao chegar ao
mundo, os homens os transformam, o diálogo impõe-se como o
caminho pela qual os homens encontram seu significado enquanto
homens; o diálogo é, pois, uma necessidade existencial. E já que o
diálogo é o encontro no qual a reflexão e ação, inseparáveis daqueles
que dialogam, orientam-se para o mundo que é preciso transformar e
humanizar, este diálogo não pode reduzir-se a depositar ideias em
outros. Não pode também converter-se em um simples intercâmbio de
ideias... Não é também uma discussão hostil, polêmica entre os
homens que não estão comprometidos nem ao chamar ao mundo pelo
seu nome, nem na procura da verdade, mas na imposição de sua
própria verdade.(2000, p.92)

Portanto, as relações dialógicas entre os interlocutores não podem ser


consideradas verdades absolutas, é preciso aguçar o novo, o ato de escutar, de
reconhecer e respeitar o ponto de vista do outro, transitando pela opinião e
redimensionando posições.
O processo dialógico promove a interação dos múltiplos aspectos que envolvem
a cognição, colaborando para que o homem aprenda a ser homem e o conhecimento
científico possa florescer. De forma que, o educando constrói seu conhecimento por
meio de fatos que permeiam sua vida e que o ensina a apreender em comunhão com os
outros.
Assim, tratar do diálogo hermenêutico exige a consciência de todo esse processo
histórico, e do esforço próprio da hermenêutica que se constitui em superar a
objetividade estática das ciências naturais e apresentar um novo modo de realcionar,
onde o diálogo hermenêutico mantem se como pivor central.
A hermenêutica na educação expressa uma caracterização essencial de todo o
processo educacional, a fim de buscar a raiz da problemática e a amplitude de sua
tarefa, ou seja, repensar seus pressupostos, seus limites, suas condições, sua estrutura.
Tem como argumento organizador de justificação e fundamentação. Diante desta
perspectiva, o processo educacional está intimamente interligado na temporalidade e na
espacialidade dos sujeitos envolvidos, na medida que, é no e pelo processo que vai se
constituindo o conhecimento e a aprendizagem.

A FORMAÇÃO DOCENTE

Cada ser humano necessita atravessar a história do próprio gênero humano e da


cultura para se constituir parte viva e operante. Tem de assumir o sentido da própria
existência com a capacidade de articular, na intersubjetividade da palavra e da ação, sua
própria experiência biográfica. É diante da compreensão do eu e do mundo, que o
sujeito toma posse de seu saber sobre si mesma e sobre o mundo.
Neste contexto, a formação docente pode ser pensada como uma relação
hermenêutica, logo, uma relação de produção de sentidos. Construímos sentidos e
significações frente ao vivido. Assim, as ações de um ser são objeto de múltiplas
interpretações. Se faz necessário buscar a educação além do método científico, isto é
“reconhecer que o ser humano é um ser em formação, sempre habitado pela alteridade e
pelo efeito da relação” (Rozek, 2013, p 116), buscando na relação da aprendizagem a
busca pelas diversas verdades e realidades que se encontram além do método científico.
Rozek complementa que a formação deve fornecer aos professores meios de um
pensamento autônomo, que inclui também a própria experiência de vida do professor,
acreditando que “a formação docente necessita de um profundo estudo e reflexão sobre
as bases que a justificam; necessita de eixos que integrem os campos pedagógico,
filosófico, antropológico e histórico” (2013, p 118).
A formação, numa perspectiva crítico-reflexiva, deve fornecer aos docentes os
meios de um pensamento autônomo. Estar em formação implica um investimento
pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os próprios projetos, com vista
à construção de uma identidade, que é também uma identidade profissional (NÓVOA,
1995).
Desta forma, a visão hermenêutica deve estar mais presentes na formação dos
profissionais da educação, para que auxiliem no pensar, refletir, interpretar e dialogar.
Precisamos distanciar o processo pedagógico da percepção de domínio para a percepção
de interação.
Gadamer reconhece que a existência de um diálogo entre o docente com o
discente resultará em uma aprendizagem mais autentica, ao contrário do que se pratica
quando se considera que o docente é o “senhor do conhecimento” ministrando suas
aulas. É justamente essa capacidade dialógica que deve ser estimulada na formação
docente, haja vista que a educação deve ser essencialmente o lugar do diálogo. Na
concepção do filósofo, educar é educar-se, na ação de educar, o docente necessita da
dialética, e no diálogo hermenêutico a aprendizagem se dá para todos os sujeitos.
Desse modo, a formação do docente está vinculada à história de vida dos
sujeitos, está em permanente processo de construção, de transformação, portanto, jamais
estará pronta, concluída. Baseia na reflexão daquilo que é construído e reconstruído em
suas vidas.
O tratamento adequado da educação numa perspectiva hermenêutica significa a
retomada do diálogo como centro das relações, o qual “não é um procedimento
metodológico, mas se constitui na força do próprio educar – que é educar-se – no
sentido de uma constante confrontação do sujeito consigo mesmo, com suas opiniões e
crenças, pela condição interrogativa na qual vivemos” (HERMANN, 2002, p. 94).
Seja numa formação inicial ou na continuada, a presença da hermenêutica é um
diferencial para a educação como um todo. Subsidiando o docente quanto à busca de
uma educação mais inclusiva, mais social e mais participativa, principalmente nos
tempos atuais onde o individualismo invade a vida das pessoas.
O docente como ser interpretativo, em busca de sentido e compreensão, é um ser
hermenêutico, um mediador, um ser que tem necessidade de transitar em diversos
espaços, ele tem de aprender a arte de decifrar significações, a arte mesma da
hermenêutica.

CONSIDERAÇÕES

Neste sentido, a hermenêutica na formação do docente tende a compreender as


vivências e interpretações garantidas ao longo da história de cada indivíduo, para
resignificá-las e contribuir na sociedade, tornando um ser cada vez mais consciente,
crítico, participativo no mundo social. Diante das reais compreensões de si no mundo e
pelo mundo que se busca almejar a liberdade de expressão, de lutar pelos anseios.
Desta forma, “o diálogo não é um mero procedimento método metodológico,
mas constitui-se como móvel do próprio educar, que é educar-se como um constante
confronto da subjetividade consigo mesma, com suas vivências que pressupõem um
mundo cultural anterior ao próprio sujeito.” (ALVES: 2011, p 235).
A hermenêutica na educação se insurge como um caminho de construção do
conhecimento, trazendo a interpretação e a compreensão em constante transformação
com práticas mais reflexivas e de caráter libertador.

É no relacionar-se que se dá a aprendizagem, daí a importância do diálogo


hermenêutico na educação. Educar envolve a troca, o ganhar, o perder e o pensar. A
filosofia, então, de suma importância na vida de todos, nos traz a necessidade da
reflexão sobre onde queremos chegar e o que precisamos fazer para alcançar. E por fim
a hermenêutica, a arte que é ciência e a ciência que é arte permeia a interpretação de
nossas
As relações dialógicas se tornam fundamentais, para a conscientização e o
reconhecimento da historicidade do ser humano como fazedor de sua própria história.
Implica a convicção de que a mudança é possível e necessária para a transformação das
inúmeras desigualdades que nos cercam.

A construção de relações dialógicas sob os fundamentos da ética


universal dos seres humanos, enquanto prática especifica humana
implica a conscientização dos seres humanos, para que possam de fato
inserir-se no processo histórico como sujeitos fazedores de sua própria
história. (FREIRE, 1996, p10.)

O ato de educar e educar-se no contato com o outro e no reconhecimento de si


mesmo, permeia toda a formação do docente, diante das reflexões enquanto ser em si e
ser no mundo, diante suas experiências e vivências, faz interpretações e compreensões
do mundo que o cerca com múltiplas facetas.
A hermenêutica na educação se insurge como um caminho de construção do
conhecimento, trazendo a interpretação e a compreensão em constante transformação
com práticas mais reflexivas e de caráter libertador.
Tarefa cada dia mais difícil, educar tem se transformado no desafio do cubo
mágico: nem todos conseguem resolver, mas não há quem não fique curioso em
descobrir aquela mágica e o diálogo hermenêutico tem muito a oferecer quando o
assunto é a reflexão de caminhos nas escolas da vida.
O docente deve desenvolver e aprofundar seu conhecimento de si e no outro,
para que possa utilizar esse conhecimento de forma elaborada, compreendendo sua
formação como ser compreensivo e interpretativo, possibilitando uma constante
transformação de suas experiências.
REFERENCIAS

ALVES, M. A. O modelo estrutural do jogo hermenêutico como fundamento filosófico


da educação. Ciência e Educação, v. 17, n. 1, p. 235-248, 2011.

______. Da hermenêutica filosófica à hermenêutica da educação. Acta Scientiarum.


Education Maringá, v. 33, n. 1, p. 17-28, 2011. Disponível em
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciEduc/article/view/11265. Acesso em
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa.


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GADAMER, Hans Georg. Verdade e Método – Traços fundamentais de uma


hermenêutica filosófica. Petrópolis: Vozes, 1997.

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HERMANN, Nadja. Hermenêutica e Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

ROZEK. Marlene, As contribuições da hermenêutica de Gadamer para a formação


de professores.Porto Alegre: Impresso, v. 36, n. 1, p 115-120, 2013.

STEIN, E. Compreensão e finitude. Ijuí: Editora Unijuí, 2001 in Alves, Marcos


Alexandre. Da hermenêutica filosófica à hermenêutica da educação.

NÓVOA, Antonio. Os professores e sua formação. 2. ed. Instituto de Inovação


educacional, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1995.

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