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IMPACTO NO DIREITO
RESUMO
A Filosofia Crítica de Kant contestou toda a tradição Ética clássica, afirmando não ser
possível, através dos usos da Razão, construir conhecimentos sólidos de uma Ética de
bens e fins. Emergeu-se, então, uma ética formalista, a partir do a priori e do imperativo
categórico kantiano. Após o impacto causado pela obra do filósofo de Königsberg,
surge a Filosofia dos Valores como uma resposta à insuficiência deste formalismo para
a praxis do homem. O presente artigo examinará a gênese da Filosofia dos Valores, suas
principais correntes e expoentes. Ao final, destacar-se-á como a consciência da
imprescindibilidade dos valores na construção do Direito permite apontar para uma
transição da Jurisprudência dos Interesses para a Jurisprudência dos Valores.
RESUMEN
La Filosofía Crítica de Kant ha objetado toda la tradición Ética clásica, afirmando no ser
posible, por medio de los usos de la Ración, construir conocimientos sólidos de una
Ética de bienes y fines. Emergió, así, una ética formalista, a partir del a priori y del
imperativo categórico kantiano. Después del impacto causado por la del filósofo de
Königsberg, surge la Filosofía de los Valores como una respuesta a la insuficiencia de
esto formalismo para la praxis del hombre. El presente escrito examinará el nacimiento
de la Filosofía de los Valores, sus principales tradiciones e exponentes. Al final, se
resaltará como la conciencia de la necesidad de los valores en la construcción del
Derecho permite apuntar a una transición de la Jurisprudencia del interés hasta una
Jurisprudencia del Valor.
Trabalho publicado nos Anais do XVII Congresso Nacional do CONPEDI, realizado em Brasília – DF
nos dias 20, 21 e 22 de novembro de 2008.
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1. Introdução: O Problema entre a Axiologia e o Direito
O Direito não pode ser mais compreendido sob a estreita dimensão lógico-formal, cujas
influencias remontam à Kant, à Revolução Científica e ao Iluminismo. Como Ciência
Humana, deve ser estudado por meio de uma metodologia própria, o que já preconizava
Wilhelm Dilthey, no século XIX. E mais, compreender o fenômeno jurídico em-si,
como essência, só é possível através da Filosofia, em sua eterna aporia de conhecer o
todo, rumo ao absoluto.
O estudo da cultura e dos valores remonta suas raízes na tradição alemã do historicismo,
que “vê na cultura, da qual o ethos é uma forma fundamental, o campo privilegiado
para o exercício da reflexão ética”. Será sobretudo após a cisão entre Razão Teórica e
Razão Prática, em Kant, que se buscará uma solução especulativo-histórica ao problema
ético e, consequentemente, humano.
Por este caráter teleológico da cultura, do ethos, do direito e, enfim, do homem, torna-se
imperativo o aprofundamento da influência do estudo dos valores, empreendido pela
Filosofia dos Valores – também tratada como Teoria dos Valores e Axiologia – como
subsídio para o estudo do aspecto material do Direito, visto aqui como conteúdo
essencialmente ético.
Vez que o tema dos valores é vastíssimo, delimita-se este artigo a um momento de
importância singular: o século XIX, quando a Axiologia buscar ganhar um status
epistemológico próprio dentro das áreas da Filosofia. Ao final, ressaltar-se-á a
influência da Axiologia no Direito, o que leva KARL LAREZ a sustentar a transição da
Jurisprudência dos Interesses à Jurisprudência dos Valores.
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da ética clássica que o precedeu. A Filosofia kantiana é marcada pelo criticismo, ou
seja, opõe-se frontalmente ao dogmatismo. Busca-se construir uma filosofia não a partir
de conceitos já dados, mas, antes disso, é necessário indagar-se acerca das próprias
faculdades da Razão e, consequentemente, das possibilidades e limites do
conhecimento.
Segundo Lima Vaz, é a partir da Crítica da Razão Pura que se começa a delinear a ética
kantiana, numa leitura em que se privilegia o final da obra, a Dialética transcendental e
a Doutrina transcendental do Método, em detrimento da Analítica. Além de perfazer
uma crítica do conhecimento científico, a Crítica da Razão Pura aponta para o uso
prático da Razão Pura, a Razão Pura prática, demonstrando a preocupação ética que
envolveu os trabalhos do filósofo.
Desta forma, na Crítica a Razão Pura, os três elementos que conformam a Metafísica
kantiana, Deus, a alma imortal e a liberdade, são alcançados necessariamente pela razão
humana, pois
“eles podem ser pensados (denken) e a razão pura é levada mesmo incoercivelmente a
pensá-los; mas não podem ser conhecidos (erkennen), uma vez que não verificam as
condições de possibilidade estabelecidas pela Estética e pela Analítica para o
conhecimento dos objetos reais [...] Como, por outro lado, Deus, a alma imortal e a
liberdade são a garantia para o necessário uso prático de nossa razão [...], a crítica da
razão pura ou especulativa termina por impor obrigatoriamente a busca de outro
caminho para assegurar racionalmente o uso da razão prática, que a Ética tradicional
fundava na Metafísica ‘dogmática’”.
Este outro caminho não-dogmático não pode ser provado, não pode ser aquela espécie
de conhecimento verificável laboratorialmente, e a liberdade deve ser demonstrada
como “idéia transcendental definida por sua espontaneidade absoluta”.
É a Razão prática pura que guiará o homem em seu devir ético, “prescrevendo à
liberdade leis morais procedendo a priori da própria Razão”, leis estas que “tem a
forma de um mandamento absoluto, legislando sobre o que deve ser, em contraposição
às leis da natureza que legislam sobre o que é”. A lei moral para Kant assumirá a
possibilidade do imperativo categórico, máximas que ditam “incondicionalmente a
necessidade de uma ação em razão dela mesma”, e não enquanto meio para se alcançar
um determinado fim (imperativo hipotético).
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ser racional (a ti mesmo e aos demais) de tal modo que ele em tua máxima valha ao
mesmo tempo como fim em si”.
“Kant tenta recuperar assim, de alguma maneira, a história da Ética para mostrar a
insuficiência de todas as propostas até aqui formuladas para fundar a lei suprema da
moralidade num princípio material. Resta, pois, um único princípio formal e esse não
pode ser senão o imperativo categórico como expressão da autonomia ou faculdade
autolegisladora da vontade capaz de dar à própria ação a forma pura do dever”.
Por esta razão se afirma que a ética kantiana é formalista, o imperativo categórico é a
diretriz para a ação humana. Kant não se preocupa diretamente com as “virtudes”,
tratadas em todo seu esplendor na filosofia clássica e medieval. Pelo contrário, Kant
deseja mesmo é se libertar desta metafísica dogmática dos antigos, refundar o
conhecimento a partir do exame da Razão, suas possibilidades e modos de conhecer.
A Ética pós-kantiana, que tentará encontrar respostas a este formalismo ético, que pouco
ajuda o homem a se guiar e se decidir moralmente, irá se fundamentar, resumidamente,
em três grandes paradigmas: o empirismo inglês, o racionalismo francês e o
historicismo alemão.
Será também a Filosofia dos Valores, da qual trataremos a seguir, uma tentativa de
resgatar o conteúdo material da ética, tomando os valores como seu objeto. Também
dentro dela se verá a influência destes três paradigmas, empirista, racionalista e
historicista. E, se por um lado o formalismo kantiano abre espaço para o ressurgimento
de uma ética material, ou seja, impulsiona negativamente esta busca como resposta à
insuficiência desta teoria para a praxis do homem, ele também contribui decisivamente,
e de modo positivo, à Filosofia dos Valores, ao deslocar à consciência a idéia de valor,
como testemunha Hessen:
“A consciência moral torna-se a verdadeira pátria dos valores éticos. É esta a convicção
que se exprime naquele trecho célebre de Kant: ‘nada, em parte alguma do mundo, ou
fora dele, pode sem restrição ser julgado bom, excepto uma boa vontade’. Mas o valor
ético não é para Kant apenas algo de subjetivo. O filósofo de Königsberg está, pelo
contrário, profundamente convencido da sua especial dignidade metafísica. A
Metafísica moral de Kant, tal como se acha formulada na sua doutrina acerca dos
‘postulados da razão prática’, assenta na convicção de que a realidade se move, em
última análise, em torno dos valores da nossa consciência moral, e de que o ser, na sua
íntima essência, e o bem, afinal, coincidem”.
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atenção especial com Nietszche, em sua crítica dilacerante à moral, que culminará na
proposta de uma completa inversão axiológica.
Nada obstante, a literatura filosófica não diverge em afirmar que o valor será
inicialmente teorizado pelo filósofo Rudolf Hermann Lotze (1817-1881), que introduz a
distinção conceitual entre valor e valer na filosofia. Para Lotze o mundo dos valores e
dos seres distinguem-se de modo rigoroso, e enquanto se apreende “o ser por meio da
inteligência, apreendemos o valor por meio de uma particular forma de sentir
espiritual”. Afirma Lotze que:
“nesta forma particular de sentir espiritual, neste sentimento dos valores das coisas e das
suas relações, a nossa razão possui o segredo de uma revelação tão eficaz como o é o
instrumento que ela também tem ao seu dispor, nos princípios fundamentais do
entendimento, para elaborar os dados da experiência”.
Contudo, Hessen afirma que para Lotze ser e valor possuem uma raiz em comum, e cita
a seguinte passagem que confirma tal afirmação:
“a essência das coisas não consiste no pensamento; a essa o pensamento do homem não
consegue apreendê-la; só o espírito na sua totalidade (der ganze Geist), só esse,
conseguirá talvez aprender, por meio de outras formas da sua actividade e
impressionabilidade, o sentido essencial de todo o ser e obrar”.
Outro importante impulso à Filosofia dos Valores é dado por Franz Brentano (1838-
1917) com sua obra A Origem do Conhecimento Moral. BRENTANO influenciará
decisivamente as várias correntes de pensamento axiológicos.
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questão do fenômeno da preferência, as considerações sobre o bem supremo e os
caminhos de sua apreensão”.
A idéia contida na classe psíquica será determinante à teoria psicológica do valor, pois
como afirma Brentano, a referência intencional
3.1 O Psicologismo
O iniciador da corrente psicologista dos valores foi Alexius Von Meinong (1835-1921),
discípulo de Brentano e influenciado decisivamente pelo seu mentor. A partir da classe
psíquica de julgar de Brentano, MEINONG, em sua obra Investigações Psicológico-
Éticas para uma Teoria do Valor, afirmará que implicitamente a toda valoração há um
juízo positivo ou negativo de existência do objeto, e a valoração, baseada neste juízo
existencial, estabelece um sentimento de prazer ou de dor no homem. Aquilo que causa
prazer no homem deve existir e é portanto valoroso. O que causa dor é desvalioso, e “o
valor é, na verdade, um estado subjetivo, de ordem sentimental, mas mantem-se uma
referencia ao objeto através do juízo existencial” .
Para Meinong o valor se confunde com o agradável ou com o prazer relacionado a algo
que existe, e esta tese será combatida por Christian Ehrenfels (1852-1932), também
discípulo de Brentano, e que aprofundará a concepção psicologista do valor. Ehrenfels
nega a relação estabelecida entre valor e ser, pois é impossível para o valor se reduzir ao
agrado, “devido à evidência de nossa valoração dos objetos inexistentes. A riqueza que
não possuo, o poder que não tenho, a saúde ausente, estes são os maiores valores: os que
se não tem”. Afirmará que são valiosas as coisas que desejamos, e não somente as que
nos proporcionam agrado.
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A esta crítica, Meinong obtempera que valorizamos também aquilo que já temos, e não
podemos desejar aquilo já possuímos. Ehrenfels então fará uma famosa distinção: o
valor não é o que é desejado, mas o que é desejável. Meinong em princípio concordará
com Ehrenfels, e afirmará que “O valor de um objeto consiste na capacidade para se
determinar o sentimento do sujeito, não só pela existência do objeto, mas também por
sua não-existência”.
Na transição entre o século XIX e XX, Ralph Barton Perry (1876-1957), um importante
pensador do realismo filosófico, dará continuidade à doutrina psicológica do valor,
adicionando a ela um viés pragmático, e terá grande influencia nos Estados-Unidos.
Publicará duas importantes obras: Teoria Geral dos Valores e Reino dos Valores. Para
Perry, há a completa identificação entre valor e interesse:
“Aquilo que é um objeto de interesse é ipso facto investido de valor. Qualquer objeto,
qualquer que seja ele, adquire valor quando sobre ele houver um interesse – qualquer
interesse.”.
O objeto, portanto, não tem em-si qualquer característica que o torne valioso. Pelo
contrário, ele o será somente quando houver algum interesse, que o fará adquirir esta
qualidade. O interesse aparecerá de múltiplas formas, como desejo, aversão,
concordância, discordância etc. Mas, independentemente de como o fenômeno
psicológico se dará, será a atitude tomada pelo sujeito que determinará a existência do
interesse: “O valor não é conferido ao objeto por um ato de julgamento tal como ‘isso
me interessa’, mas pela própria atividade interessada, pela atitude polarizada do
sujeito”. O filósofo exemplifica da seguinte maneira:
“O silêncio do deserto carece de valor até o momento que algum viajante errante o
encontra desolado e aterrador; o mesmo sucede com a catarata até que uma
sensibilidade humana a encontra sublime”.
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“Nos surpreende notadamente, em Perry, a passagem natural do psicologismo ao
sociologismo. Perry passa mesmo ao sociologismo estrito. O bem supremo (the highest
good), equivalente pragmático do Deus dos metafísicos e teólogos, não é senão a
integração completa de todos os interesses por uma Federação Universal de Sujeitos.
Esta integração não é mais que um ideal, mas todo homem pode pretender se tornar uma
all benevolent will [vontade toda benevolente], a qual, se adotada, poderá trazer a
harmonia universal”.
Outro ponto crítico da teoria é que se o valor depende somente do sujeito, como explicar
que obras de arte como uma Monalisa, de Da Vinci, a Tocata e Fuga, de Bach, ou a
Nona Sinfonia de Beethoven, tenha uma beleza praticamente inconteste? Não é possível
pensar o valor do belo prescindindo por completo de características do objeto, como
querem os subjetivistas. A máxima de gustibus non est disputandum – que se adequa tão
bem a esta corrente de pensamento – não tem valia à Filosofia, pois o conhecimento
filosófico pretende tudo compreender, e vez que só não há diferença naquilo que é
idêntico, não pode ser tida como uma autêntica atitude filosófica o se negar a discutir,
tomando qualquer que seja o objeto como impassível de ser pensado e criticado.
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“desenvolver um projeto de fundamentação das teorias científicas em uma linguagem
lógica, e de discutir questões filosóficas através de uma análise lógica rigorosa que
levasse à solução, ou melhor, à dissolução dessas questões tal como formuladas
tradicionalmente [...]A física, enquanto ciência empírico-formal, forneceria o paradigma
de cientificidade para todas as formulações teóricas que se pretendessem científicas,
formulado em uma linguagem lógica, rigorosa e precisa verdades objetivas sobre a
realidade”.
Rudolf Carnap (1891-1970) foi um dos fundadores do Círculo de Viena, e escreveu uma
obra especificamente sobre Axiologia, intitulada Sintaxe Lógica da Linguagem e
Filosofia e Sintaxe Lógica. Para Carnap, juízos de valor não são mais do que
verdadeiras normas imperativas, porém construídas linguisticamente de forma diferente.
Assim, afirmara que “entre o juízo de valor ‘matar é mal’ e o imperativo ‘não mates’,
não há qualquer diferença de conteúdo, mas tão só de formulação”.
“Por exemplo, matar é mal pode querer dizer o mesmo que ‘matar não é um modo
adequado para promover a vida harmoniosa da comunidade. Se [o valor] fundamenta-se
numa interpretação desta natureza, é dizer, se se fala em termos de função instrumental
ou de interesse humano, ou algo semelhante, um juízo de valor tem, por certo, conteúdo
factual, cognoscitivo”.
Para Carnap, enquanto os valores são meros imperativos que expressam desejo e não
tem nenhum conteúdo ou significado, estes não podem constituir uma filosofia, ou uma
ciência filosófica – como quer o Círculo de Viena – pois é impossível dizer se são
verdadeiros ou falsos. Podem, se muito, serem objetos de explicações causais, como
assinalou o cientista, e assim objeto de estudo de historiadores, psicólogos e sociólogos.
Alfred Ayer (1910-1989) terá uma concepção axiológica próxima à de Carnap. Também
para Ayer o juízo axiológico não afirma nada, simplesmente expressa um sentimento do
agente. Não é confundido com os subjetivistas tradicionais, porquanto estes acreditam
que o valor seja o estado de ânimo causado no agente. Já para Ayer, a mera afirmação
de que exista este estado anímico, independente da sua real existência, é suficiente para
expressar o juízo ético, que por sua vez, não terá também qualquer significado e não
será nem verdadeiro nem falso, mas simplesmente a expressão de um estado de espírito.
Ayer também afirma que não há disputas axiológicas, mas disputas “de fato”. Segundo
ele, quando alguém pratica alguma ação quanto à qual estamos em desacordo, não
tentamos demonstrar que a pessoa tem um sentimento ético equivocado, mas que ela
não tem compreensão dos fatos no entorno do caso concreto. É, por exemplo, o
argumento de que alguém fez aquilo porque calculou mal os efeitos, ou então que
devemos compreender a situação especial que aquele agente se encontrava.
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Isto ocorre porque, em nosso cotidiano, as discussões se dão com pessoas que tiveram
uma vivência, educação e, assim, possuem uma tábua de valores semelhante à nossa.
Mas no caso do interlocutor não possuir uma tábua de valores coincidente – como
acontece com pessoas de diferente culturas –,
“temos que abandonar a tentativa de convence-lo por meio da razão. Sustentaremos que
sua tábua de valores é errônea, ou que a nossa é superior, mas não haverá nenhum modo
de provar que efetivamente é assim, pois tal afirmação é um juízo de valor que não
podemos respaldar com nenhuma tábua”.
Outro importante filósofo que seguirá uma linha bem próxima ao empirismo lógico, por
sua atitude cientificista frente à Filosofia, é Bertrand Russell (1872-1970). Sua teoria
dos valores foi exposta na obra Religião e Ciência, e Russell sustenta que a
problemática dos valores passa ao largo do problema científico, não porque esteja
adstrita à Filosofia, mas porque os valores “estão inteiramente fora do domínio do
conhecimento”.
Para Russel, a Ética será a tentativa de conferir o aspecto universal a certos desejos
pessoais. Quando há a afirmação “isto é bom em-si”, para ele não se trata de uma
proposição como “o triangulo tem três lados”, mas equivale à expressão que pretende
universalizar o desejo, como “quero que todos desejem isto”. O autor afirma que a
semelhança entre as afirmações de que o “triangulo tem três lados” e “isto é bom em-si”
correspondem, respectivamente, aos enunciados “todos os chineses são budistas” e
“acredito que todos os chineses são budistas”. Enquanto é possível provar que nem
todos chineses são budistas, trazendo um exemplo de um chinês taoísta, isto não seria
suficiente para desmoronar a afirmação de que “acredito que todos os chineses são
budistas”. As afirmações éticas, que desejam a universalização de um querer, não terão
nenhum conteúdo cognoscitivo, conforme Russell. O próprio filósofo afirmou que, de
fato, sua doutrina se constitui como subjetivista, e que se dois homens discordam sobre
valores, não estão em jogo verdades, mas apenas diferenças de gostos.
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Frondizi que há em Russell um critério axiológico, pois como se explica o incentivo às
ações movidas pelo desejo impessoal, por meio do “cultivo de desejos grandes e
generosos mediante a inteligência, a felicidade e a liberação do medo”? Pela sua atitude
cientificista, o filósofo não admite que a realidade extravase a abstenção cognoscitiva
erigida pelo empirismo lógico. A unificação das ciências pretendida pelo Círculo de
Viena vê-se fracassar ao querer limitar o objeto de conhecimento apenas àqueles que
esta metodologia científica consegue dar alguma resposta satisfatória, negando a
realidade que não se adequou à sua metodologia construída a priori.
A teoria empirista dos valores se aproxima, e por vezes se iguala – como ficou explícito
em Russel – ao notório subjetivismo que resvala a corrente psicologista do valores.
Carnap e Ayer também sustentam que os juízos de valor diferem apenas em sua
formulação das expressões de desejos e imperativos. Não conseguem perceber, como
afirma Frondizi, que
“Se há alguma relação entre as normas e os juízos de valor, tal relação consiste em que
as normas, para terem validade, devem apoiar-se nos correspondentes juízos de valor.
Daí que a investigação teórica procede à normativa”.
Ayer também comete um erro categórico ao afirmar que as disputas humanas se dão em
relação aos fatos, e não aos valores. Isto no universo jurídico é muito claro e não carece
de uma análise aprofundada, pois é exatamente o que se passa quando há choque de
princípios, enquanto os fatos são incontroversos.
3.3. O Neo-Kantismo
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“Soam os ecos de Baden: a grande marca da atualidade é a descoberta do plano do valor
jurídico, conecta à Filosofia dos Valores característica do século XX, cuja vertente neo-
kantiana e idealista terá significativo impacto no Direito, a partir da Escola de Baden”.
Este “alguma coisa” é algo transcendente, uma realidade, mas um dever-ser puro, um
valor. E são estes valores que regem o pensamento “e lhe permitem alcançar
objetividade”, impulsionando a Escola de Baden em direção a uma Filosofia da Cultura,
na qual tais valores não são dados. Dessarte, em síntese,
“os neokantianos de Marburgo olham mais para o conhecer e para o conhecimento nos
seus quadros e na suas leis gerais a priori; descendem mais da ‘Razão pura teórica’.
Baden e os idealistas da cultura olham mais para os valores no que estes têm de
individual e intuitivo e descendem mais da ‘Razão pura prática’”.
O valor será pensado como ente ideal, e o verdadeiro, o bom, o belo e o santo serão
válidos aprioristicamente, universais, objetivos e supra-históricos, negando-se a eles
qualquer pretensão de relatividade, e “uma atitude regida por normas é assim realização
de valores, mesmo que haja a obscura potência do contra-valor”.
Rickert afirmará que “o que é o valor para si não se pode denifir num sentido rigoroso”,
pode-se apenas circunscrevê-lo, e é “interpretar o sentido da vida trazer à consciência os
valores que lhe conferem sentido”. Assim, afirmará Heinemann, sobre a compreensão
de Rickert, que
“a sua exposição [do valor] pode carecer de ser completada e, por isso, só pode falar-se
de um ‘sistema aberto’. Em todo o caso, o carácter de dever ser é aqui o primário que
percebemos numa “consciência em geral” e que, depois, nos mostra o que devemos
reconhecer como valor. A sua fundamentação repousa, assim, na sua validade formal-
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transcendental, não na apresentação de fenômenos de essência, quantitativo-materiais.
Cada vez mais se exige incondicionalidade, para ‘o reino dos valores’, que deve
proteger a filosofia do perigo de ‘cair da Cila do psicologismo na Caríbdis do
historicismo’.
Contudo, foi “somente com o neokantismo [que] o conceito de cultura pôde combinar-
se com o de história, mesmo com as insuficiências de Rickert no tocante a este e com as
omissões de Dilthey no concernente àquele”.
“As doutrinas objetivistas surgem como uma reação contra o relativismo implícito na
interpretação subjetivista e da necessidade de se construir uma ordem moral estável.
Parecia que o homem necessitava ajustar sua conduta a princípios que o transcendem, e
que o mérito da moral consistia em sobrepor-se aos chamados da própria subjetividade”.
Scheler foi discípulo de Husserl e Brentano, e daí seu método fenomenológico, ainda
que desenvolvido de modo peculiar, uma vez que se recorre à intuição emocional, como
o filósofo afirma:
É em sua Ética que Scheler desenvolverá de forma mais acabada seu pensamento, ainda
que o apresente apenas como uma “fundamentação, mas não o desenvolvimento da
disciplina ética, dentro da amplitude da vida concreta”. Pode-se ver a obra de Scheler
como uma continuação do pensamento kantiano, mas com vistas a superá-lo. É, alias,
no constante diálogo que SCHELER trava com Kant que se busca demonstrar os erros
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do filósofo de Königsberg, mas também louva-o em seus acertos, afirmando ser dele o
pensamento ético mais bem acabado da modernidade:
“Ainda nas passagens críticas partiu-se em todo caso o autor da premissa de que a ética
de Kant – e de ninguém mais entre os modernos filósofos – é a que representa, até o dia
de hoje, o mais perfeito que possuímos, não na forma de concepção de mundo ou
consciência religiosa, mas sim, na forma do conhecimento mais estrito e científico que
cabe na ética filosófica”.
Por outro lado, Scheler tem a consciência de que o conhecimento kantiano não pode ser
entendido fora da história, com a pretensão de validade universal e atemporal que se
auto-referencia:
A grandiosidade de Kant reside em sua refutação a toda ética de bens e fins, que são
contingentes e, portanto, incapazes de dar uma resposta efetiva à ação ética:
“Sempre que a bondade ou maldade moral de uma pessoa, de um ato volitivo, de uma
ação, etc., a fazemos depender de sua relação com um mundo (posto como real) de bens
– ou males – existentes, fazemos também depender a bondade ou maldade da vontade
da existência particular e contingente deste mundo de bens, e, ao mesmo tempo, do
conhecimento empírico deste mundo [...] assim, pois, toda modificação neste mundo de
bens modificaria também o sentido e a importância de ‘bom’ e ‘mau’”.
Contudo, Kant também equipara erroneamente “os bens com os valores, e opina que os
valores devem considerar-se como abstraídos dos bens”, e é discordando desse
pressuposto que Scheler constrói uma ética material dos valores, que seja apriorística,
mas não formal, vez que estes conceitos não são idênticos. Scheler ressalta que Kant
não está certo ao supor que “o moralmente justo e injusto, o bom e o mal, são tão só
relações formais existentes entre os fins (unidades e harmonia em oposição à
contradição e desarmonia)”. Isto porque esta idéia kantiana esquece-se completamente
da fase de formação da vontade humana, que, antes mesmo de ter consciência do fim
proposto, já é capaz de ser impulsionada segundo valores. Assim, reforça Scheler que
nem “toda ética material deve ser forçosamente ética dos bens e dos fins”.
Para demonstrar que o a priori não significa necessariamente o formal, e que, portanto,
é possível uma ética material a priori, Scheler buscará abstrair os valores dos bens,
como categorias independentes, sendo os segundos apenas depositários dos primeiros.
Para tanto, Scheler compara os valores às cores para demonstrar que são qualidades que
existem independentemente de seus depositários. Pode-se referir a qualquer cor, como o
vermelho, independente de haver uma superfície vermelha qualquer. E não é através de
indução generalizante que podemos chegar à idéia de um dado valor, bastando, muitas
vezes, apenas um único objeto, portador daquele valor (sendo, portanto, um bem), para
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se ter a dimensão significativa do que seja tal valor. Conclui assim que não extraímos a
beleza das coisas belas, mas a beleza as antecede.
Conclui Scheler que os valores são independentes dos bens, apresentando-os como
qualidades a priori. A existência dos valores não depende de serem conhecidos do
homem, tal como os números, existem de per se. Tampouco os valores são cambiantes
de acordo com modificações ocorridas em seu depositário, ou da sua consciência
daquele que pratica atos. Portanto, da mesma forma que uma tela azul não destrói a cor
azul caso seja pintada de vermelho, a traição de um amigo não altera o valor da
amizade. Valores são imutáveis e absolutos, apenas nosso conhecimento acerca deles é
que pode ser variável.
Cai, entretanto, e apesar de seu a priori fenomenológico (que não pretende exterminar
de vez a experiência na construção de seu pensamento), num absolutismo axiológico
exagerado, a ponto de afirmar a existência de valores independentemente da existência
humana. Em que pese a consciência da historicidade do ethos, o que fica claro em sua
posição sobre a ética de Kant, o filósofo não trata especificamente da cultura enquanto
locus privilegiado de construção axiológica. Decerto que Scheler afirma trazer somente
a fundamentação para uma ética material, e não pretende elaborar um verdadeiro
sistema filosófico, completo e acabado. De toda sorte, seu personalismo eleva a
dignidade do homem, considerando a pessoa como o em-si valioso, devendo a
comunidade exatamente permitir esta finalidade última.
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A questão da metodologia jurídica já não poderá buscar arrimo no Direito natural nem
tampouco no mero positivismo normativista. Assim, Larenz nota que a discussão
metodológico-jurídica contemporânea fará a transição da “jurisprudência dos interesses
à jurisprudência de valoração”, que, segundo o autor, “continua a ser tida como pacífica
e é reconhecida sobretudo no domínio da atividade jurisprudencial”. A Axiologia passa
a ocupar posição de centralidade no pensamento de importantes juristas, como
DWORKIN, ALEXY, dentre outros.
No Brasil, a influência da Filosofia dos Valores foi enorme, a exemplo de Miguel Reale,
que construiu a notável Teoria Tridimensional do Direito, em que fatos e valores se
inter-relacionam e, a partir de uma dialética de implicação-polaridade, dão origem à
norma. Esta teoria, segundo o filósofo, significa o
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Como novidade, a Jurisprudência dos Valores traz muitas dúvidas e embates, os quais
guardam em grande parte correspondência com os problemas levantados pela Filosofia
dos Valores. Dentre eles, indaga-se se o critério axiológico pode ser supralegal; se a
própria valoração em si não é uma opção pessoal, impassível de fundamentação
racional; se é possível falar em uma Ciência do Direito, em um método que
verdadeiramente auxilie o juiz a julgar objetivamente; se a interpretação dos comandos
normativos não é discricionária, portanto, arbitrária; se é o juiz que caso a caso
interpreta e aplica a norma, não seria então a idéia de supremacia da lei uma ilusão.
“quando se sustente, sem limite algum, a posição de que os valores não são susceptíveis
de fundamentação e, assim, passíveis de controlo racional, pelo menos em certa medida.
A maioria dos defensores da ‘Jurisprudência de valoração’ não vai todavia nesta linha”.
A Jurisprudência dos Valores tende, portanto, a seguir pelos mesmos trilhos da Filosofia
dos Valores, ao buscar superar o mero subjetivismo e a caminhar a um objetivismo,
ainda que diferente daquele pretendido pelas ciências exatas. Em relação aos valores
jurídicos há, ainda, uma vantagem em relação aos demais valores, como os éticos e
estéticos, pois o Direito é uma ordem de conduta objetiva, e os valores encontram-se, ou
podem ser, positivados através normas, sobretudo princípios. Além disso, há ainda mais
algum grau de densidade para estes valores enquanto são referidos pela doutrina e
jurisprudência.
Não há que se falar, pelo menos nos atuais Estados Democráticos de Direito, em valores
ou princípios supralegais, até mesmo porque o direito juridiciza tudo aquilo que a ele é
trazido, e mesmo se surgirem novos princípios, estes adquirirão contornos jurídicos, e
poderão ser assumidos pelo Direito.
5. Bibliografia
4919
AFONSO, Elza Maria Miranda. O Direito e Os Valores (Reflexões inspiradas em Franz
Bretano, Max Scheler e Hans Kelsen). In: Revista do CAAP. Ano IV, n. 7. Belo
Horizonte: Centro Acadêmico Afonso Pena – Faculdade de Direito da UFMG.
FRONDIZI, Risieri. ¿Qué Son Los Valores? Introducción a la axiología. 1. ed. Fondo
de Cultura Económica: México, 1958
HESSEN, Johannes. Filosofia dos Valores. Trad. Cabral de Moncada. 3. ed. Coimbra:
Armênio Amado, 1967.
________. Crítica da Razão Pura. 3. ed. V. I, II. Trad. Valério Rohden e Udo Baldur
Moonsburger. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
LARENZ, Karl. Metodologia da Ciência do Direito. 3. ed. Trad. José Lamego. Lisboa:
Calouste Gulbenkian, 1997.
LIMA VAZ, Henrique Cláudio de. Escritos de Filosofia IV: Introdução à Ética
Filosófica. 2. ed. São Paulo: Loyola. 2002.
4920
MACEDO, Ubiratan. Introdução à Teoria dos Valores. Editora dos Professores:
Curitiba, 1971.
Loc. cit.
Assim vê o Direito SALGADO, que constrói de forma magistral sua idéia de justiça no
mundo contemporâneo, v. ibidem, passim.
LIMA VAZ, Henrique Cláudio de. Escritos de Filosofia IV: Introdução à Ética
Filosófica. 2. ed. São Paulo: Loyola. 2002, p. 354-5
4921
LIMA VAZ, Escritos de Filosofia IV..., cit., p. 354.
Neste sentido, Salgado falará do Direito como o Maximum Ethicum de uma cultura, v.
SALGADO, A Idéia de Justiça no Mundo..., cit., e Brochado se referirá à Eticidade do
Direito, v. BROCHADO, Direito e Ética..., cit.
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. 3. ed. V. I, II. Trad. Valério Rohden e Udo
Baldur Moonsburger. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
LIMA VAZ afirma que “o grande interesse de Kant estava voltado para a Metafísica,
que não era nem ciência das formas nem ciência dos fenômenos, mas na sua concepção
tradicional, representada pela metafísica racionalista leibnzo-wolffiana, pretendia ser a
ciência a priori dos princípios e objetos puramente inteligíveis, sendo portanto, a
ciência própria da Razão pura”, cf.
Loc. cit.
Loc. Cit.
HESSEN, Johannes. Filosofia dos Valores. Trad. Cabral de Moncada. 3. ed. Coimbra:
Armênio Amado, 1967, p. 26.
MONCADA, Cabral de. Prefácio in: RADBRUCH, Gustav. Filosofia do Direito. Trad.
Cabral de Moncada. 4. ed., v. I. Coimbra: Armênio Amado, 1961, p. 14.
Cf. HESSEN, Filosofia dos Valores, cit., p. 26; AFONSO, Elza Maria Miranda. O
Direito e Os Valores (Reflexões inspiradas em Franz Bretano, Max Scheler e Hans
Kelsen). In: Revista do CAAP. Ano IV, n. 7. Belo Horizonte: Centro Acadêmico Afonso
Pena – Faculdade de Direito da UFMG, p. 19-20; MACEDO, Ubiratan. Introdução à
Teoria dos Valores. Editora dos Professores: Curitiba, 1971, p. 5; FRONDIZI, Risieri.
¿Qué Son Los Valores? Introducción a la axiología. 1. ed. Fondo de Cultura
Económica: México, 1958, p. 35. Certo é que mesmo antes disto, o valor já era tratado
na Economia e preocupação dos físicos, a exemplo de “valor de uso”, “valor de troca”,
“mais-valor”, e da tentativa de BERNOUILLI de calcular fórmula da riqueza material e
riqueza moral, cabendo à primeira crescer em progressão geométrica, e a segunda em
4922
progressão aritmética. Mas foi LOTZE quem primeiro introduziu o valor na Filosofia,
distinguindo ser e valor, pois ontologicamente, o ser do valor é o valer.
LOTZE, Mikrokosmos, cit., p. 243, apud HESSEN, Filosofia do Direito, cit., p. 27.
Cf. HESSEN, Filosofia dos Valores, p. 28; o título original da obra de BRENTANO é
Von Ursdprung sittlicher Erkenntnis.
Loc. Cit.
HESSEN identifica-se pelo menos seis correntes como sendo as mais importantes: 1) a
psicológica; 2) a neokantiana; 3) a neofichteana; 4) a fenomenológica; 5) a derivada da
“ciência fundamental”; e 6) a neo-escolástica, cf. HESSEN, Filosofia dos Valores, p.
29-32.
FRONDIZI, ¿Qué Son Los Valores?..., cit., p. 35. Adverte FRONDIZI que
EHRENFELS havia publicado o Wertheorie und Ethik (Teoria dos Valores e Ética) um
ano antes da obra de MEINONG, em 1893, mas que, entretanto, esta foi baseada nos
seminários que MEINONG ministrou.
FRONDIZI, ¿Qué Son Los Valores?..., cit., p. 38-9, tradução livre do original: “El valor
es, en verdad, un estado subjetivo, de orden sentimental, pero se mantiene una
referencia al objeto a través del juicio existencial”.
4923
EHRENFELS exporá sua crítica contundente à tese de MEINONG em 1897 e 1898,
quando publica sua obra System der Werttheorie e Grundzüge einer Ethik, cf. loc. cit.
Loc. Cit.
Loc. Cit.
PERRY, General Theory of Values, cit., p. 115-6, apud FRONDIZI, ¿Qué Son Los
Valores?..., cit., p. 47.
PERRY, General Theory of Values, cit., p. 125, apud FRONDIZI, ¿Qué Son Los
Valores?..., cit., p. 49.
Loc. Cit.
Loc. Cit.
4924
Trecho de carta escrita por CARNAP, cf. LEPLEY, R. Verifiability of Value. New
York: University Press, 1944, p. 137-8, nota 14, apud loc. cit.
Loc. cit.
RUSSELL, Religión y ciencia… cit., p. 142, apud, FRONDIZI, ¿Qué Son Los
Valores?..., cit., p. 70.
Loc. Cit.
Loc. cit.
4925
HEINEMANN, A Filosofia no Século XX, cit..., p. 425.
Ibidem.
Ibidem.
Ibidem.
Ibidem.
Ibidem.
4926
FRONDIZI, ¿Qué Son Los Valores?..., cit., p. 84. FRONDIZI criticará esta
absolutização dos valores questionando, por exemplo, se realmente a beleza de uma
obra de arte independe, completamente, dos materiais nela utilizados.
Cf. FERRAZ JR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: Técnica, Decisão,
Dominação. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 170-4.
LARENZ, Karl. Metodologia da Ciência do Direito. 3. ed. Trad. José Lamego. Lisboa:
Calouste Gulbenkian, 1997, p. 163. A jurisprudência dos interesses não rompe com o
positivismo, mas apenas tenta dar uma resposta aos problemas relativo às lacunas e à
interpretação do direito, que devem jungir-se aos interesses que se contrapõem
juridicamente, através de uma ponderação destes com base na lei, não como propunha a
pandectística – por meio da dedução, mas por um construtivismo que considera a
valoração legal e sua extensão ao caso concreto, cf. HESPANHA, Manoel. Panorama
Histórico da Cultura Jurídica Européia. Portugal: Publicações Europa-América, 1997,
p. 198-9.
REALE, Miguel. Nova Fase do Direito Moderno. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 1998, apud
HORTA, Horizontes jusfilosóficos..., cit., p. 172.
4927
públicas a partir de uma lista tríplice, cf. ARAÚJO, Florivaldo Dutra de. Motivação e
Controle do Ato Administrativo. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2005, p. 85.
4928