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Pedro Vilarinho Castelo Branco

Maria Dalva Fontenele Cerqueira


Organização

HISTÓRIA, CATOLICISMO
E EDUCAÇÃO

2019
Reitor
Prof. Dr. José Arimatéia Dantas Lopes

Vice-Reitora
Profª. Drª. Nadir do Nascimento Nogueira

Superintendente de Comunicação
Profª. Drª. Jacqueline Lima Dourado

HISTÓRIA, CATOLICISMO E EDUCAÇÃO

© Pedro Vilarinho Castelo Branco • Maria Dalva Fontenele Cerqueira

1ª edição: 2019

Revisão
Francisco Antonio Machado Araujo

Editoração
Francisco Antonio Machado Araujo

Diagramação
Wellington Silva

Capa
Mediação Acadêmica

Editor
Ricardo Alaggio Ribeiro

EDUFPI – Conselho Editorial


Ricardo Alaggio Ribeiro (presidente)
Acácio Salvador Veras e Silva
Antonio Fonseca dos Santos Neto
Wilson Seraine da Silva Filho
Gustavo Fortes Said
Teresinha de Jesus Mesquita Queiroz
Viriato Campelo
Ficha Catalográfica elaborada de acordo com os padrões estabelecidos no

19 módulos
Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR2)

H673 História, catolicismo e educação / Pedro Vilarinho Castelo Branco,


Maria Dalva Fontenele Cerqueira, organizadores. – Teresina:
EDUFPI, 2019. 53 módulos

E-book.

ISBN: 978-85-509-0507-5

1. História.  2. Educação.  3. Catolicismo.  4. Escolas


Confessionais.  5. Pesquisas Historiográficas.  I. Castelo Branco, Pedro
Vilarinho (Org.).  II. Cerqueira, Maria Dalva Fontenele (Org.).  III. Título.

CDD: 370.981

Bibliotecária Responsável:
Nayla Kedma de Carvalho Santos CRB 3ª Região/1188
SUMÁRIO
PREFÁCIO 7
CARLOS BORROMEU E AS INSTRUCTIONUM
FABRICAE: “NOVAS” REGRAS ARQUITETÔNICAS 17
PARA A CONSTRUÇÃO DAS IGREJAS NO SÉCULO XVI
Natália Maria da Conceição Oliveira

A RELIGIOSIDADE NO PIAUÍ COLÔNIA:


CATOLICISMO ADAPTADO AO MODO DE VIDA 43
Tanya Maria Pires Brandão

DESEJOS E RANCORES: OS DISCURSOS


POR AUTONOMIA ECLESIÁSTICA DA
PROVÍNCIA DO PIAUÍ (1829-1838)
59
João Vitor Araújo Sales
Marcelo de Sousa Neto

A CATEQUESE PAROQUIAL E FAMILIAR COMO


TÁTICA EDUCATIVA ULTRAMONTANA NA
DIOCESE DE SÃO PAULO (1860-1874) 85
Juarez José Tuchinski dos Anjos

AS ESCOLAS CONFESSIONAIS E AS PRÁTICAS


DE CATEQUESE /EDUCAÇÃO DOS
JESUÍTAS NO PIAUÍ
113
Rafaela da Costa Sousa Sampaio
Pedro Vilarinho Castelo Branco
ANTICLERICALISMO E AS REPRESENTAÇÕES
DA BEATA NA PROSA FICCIONAL 131
DE CLODOALDO FREITAS
Camila de Macêdo Nogueira e Martins Oliveira
Elizângela Barbosa Cardoso

AS ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS CATÓLICAS E A


IMPLEMENTAÇÃO DOS MODELOS FEMININOS 153
MODERNOS NA TERESINA DO INÍCIO DO
SÉCULO XX
Pedro Vilarinho Castelo Branco

COLÉGIO DOM JOAQUIM: A IGREJA CATÓLICA


E A EDUCAÇÃO ESCOLAR EM PARNAÍBA NA 183
PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XX
Maria Dalva Fontenele Cerqueira

CATOLICISMO NA CULTURA ESCOLAR:


O INSTITUTO MONSENHOR HIPÓLITO EM
PICOS-PI SOB INFLUÊNCIA DO 205
ULTRAMONTANISMO (1944-1960)
Lanna Karen Lima Araujo
Francisco de Assis de Sousa Nascimento

INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS CONFESSIONAIS


(1920-2013): O HABITUS RELIGIOSO TECENDO
HISTORIAS E MEMÓRIAS DE FORMAÇÃO
229
Teresinha de Jesus Araújo Magalhães Nogueira

CONDURÚ E A PIAUIDADE ECLESIÁSTICA


Antonio Fonseca dos Santos Neto
257
SOBRE OS AUTORES 297
A CATEQUESE PAROQUIAL E
FAMILIAR COMO TÁTICA EDUCATIVA
ULTRAMONTANA NA DIOCESE DE SÃO
PAULO (1860-1874)

Juarez José Tuchinski dos Anjos

Introdução

N
o decorrer do período imperial, no Brasil, duas
posições religiosas no âmbito católico foram
sendo claramente delineadas: a regalista e a
ultramontana.
A primeira, baseada na doutrina política do mesmo
nome, defendia “uma vinculação mais forte da Igreja local ao
poder do Estado, mediante maior independência em relação
à Santa Sé” (CAES, 2002, p. 81); ou em palavras simples, a
ingerência do poder temporal no espiritual. O regalismo, na
prática, foi reforçado pelo Padroado Régio, o acordo entre a
Coroa e a Santa Sé, segundo o qual, em troca da manutenção
financeira da instituição católica vir custeada pelos cofres
públicos, a nomeação dos bispos e a publicação das bulas

A CATEQUESE PAROQUIAL E FAMILIAR COMO TÁTICA EDUCATIVA 85


ULTRAMONTANA NA DIOCESE DE SÃO PAULO (1860-1874)
papais em território brasileiro, por sua vez, tornavam-se um
privilégio do Imperador. Isso, escreve Oliveira Lima, contribuiu
para que a Igreja fosse, “em muitos pontos, serva do Estado,
estando o clero sob sua alçada em matéria da doutrina e do
culto” (OLIVEIRA LIMA, 1986, p. 142).
O regalismo não apenas submetia a instituição eclesiástica,
mas, também, a doutrina religiosa aos seus interesses. Entendia
que esta deveria colaborar para a formação de súditos cordatos
e obedientes às leis e à autoridade, respeitadores dos direitos
alheios e cumpridores dos seus deveres. No regalismo brasileiro
houve, até mesmo, imbricações com o pensamento liberal – ao
menos, aquele tipo de liberalismo tópico (COSTA, 2007) que
era possível de ser praticado numa sociedade escravista –, de
modo que os regalistas e os adeptos do liberalismo político
conseguiram, até quase o fim da década de 1870 (decênio em
que essa aliança ficou seriamente estremecida por conta da
Questão Religiosa, em 1873), conciliar o que, para o Papa Pio
IX, em 1864, fora considerado impossível para si e para a própria
Igreja, a ponto de declarar como um erro grave o pensamento
corrente entre muitos (inclusive os políticos brasileiros!) que “o
Romano Pontífice pode e deve reconciliar-se e tornar-se amigo
do progresso, do liberalismo e da civilização moderna” (PIO IX,
1864, § X, n. 80).
Esse reacionarismo do Sumo Pontífice, por sinal, está
na base da outra posição religiosa que, manifestando-se
discretamente na década de 1840 nas Dioceses do Pará, com
D. Afonso Torres e de Mariana, com D. Antonio Viçoso (AZZI,
1992), ganharia um adepto de peso na década de 1850, na
diocese de S. Paulo, na pessoa de D. Antonio Joaquim de Melo
(WERNET, 1987) e, dali por diante, cada vez mais conquistaria
e requisitaria para si os bispos brasileiros: o catolicismo
ultramontano. Tal posição religiosa, embora só tenha chegado
ao Brasil no Segundo Reinado, era mais antiga e tinha suas raízes

86  Juarez José Tuchinski dos Anjos


mais imediatas em 1789, quando, após a Revolução Francesa,
marcada pela laicização do Estado e enfraquecimento da
autoridade temporal da Igreja na Europa, o Papado deu início
a um processo de reação antimoderna, através da consolidação
dessa doutrina restauradora e conservadora (MANOEL, 2004,
p. 10). As linhas gerais do projeto ultramontano, segundo Ivan
Manoel, eram as seguintes:

...na esfera intelectual, a rejeição à filosofia racionalista


e à ciência moderna; na política externa, a condenação à
liberal democracia burguesa e o concomitante reforço da
ideia monárquica; na política interna, o centralismo em
Roma e na pessoa do Papa e o reforço do episcopado;
na esfera socioeconômica, a condenação ao comunismo
e ao capitalismo e um indisfarçável saudosismo da
Idade Média (...); na esfera doutrinária, a retomada das
decisões fundamentais do Concílio de Trento (1545-1563),
em especial aquelas estabelecidas para o combate ao
protestantismo (...) (MANOEL, 2004, p. 11).

No Brasil, se bem que não rompesse de todo com o


regalismo – por força do mesmo padroado que sustentava com
o dinheiro público a Igreja e o Clero assim como da própria
Constituição, que fazia da religião católica a oficial, coisa que
nem os religiosos nem os regalistas colocavam em xeque –, o
projeto ultramontano, com base nas linhas gerais supracitadas,
mas também trabalhando em cima delas, opunha-se ao Estado
Regalista em, pelo menos, dois pontos fundamentais.
O primeiro ponto de oposição era a defesa que fazia
de uma maior liberdade de ação pastoral para os bispos, o
que implicava em poderem dirigir os assuntos espirituais de
acordo com as diretrizes de Roma, sem precisarem do placet
do Imperador ou de qualquer outro poder político local. Já o
segundo ponto entendia que a doutrina religiosa deveria ser
adequadamente ensinada de acordo com a ortodoxia teológica

A CATEQUESE PAROQUIAL E FAMILIAR COMO TÁTICA EDUCATIVA 87


ULTRAMONTANA NA DIOCESE DE SÃO PAULO (1860-1874)
do Concílio de Trento, por meio de manuais e catecismos
aprovados pelos bispos e pelo Papa e, principalmente, que o
ensino da doutrina religiosa deveria ter em mente, primeiro,
formar bons cristãos para somente como consequência disso
e desde que em nada se opusesse à fé e às diretrizes papais,
bons cidadãos (ANJOS, 2015). Para Riolando Azzi, com isso,
a Igreja passou a difundir, tanto na Europa como no Brasil,
duas ideias-força: por um lado a “superioridade do poder
espiritual sobre o poder temporal dos Estados Modernos e, por
outro, a universalidade desse poder ultrapassando as barreiras
nacionais” (AZZI, 2005, p. 399).
Diante desse quadro, não fica difícil perceber por que
tanto o regalismo quanto o ultramontanismo tinham em
grande conta a educação religiosa das novas gerações. Seria
por meio dela que alcançariam os seus objetivos de transmissão
de certos hábitos, condutas e comportamentos, garantindo a
submissão da população à lei e à autoridade (na ótica regalista)
ou a obediência à Roma e suas diretrizes, para a conformação
de uma sociedade cristã católica presidida pela autoridade
universal da Igreja (ótica ultramontana).
Porém, na disputa que aí se instalou no Brasil, o Estado
Regalista possuía uma inegável vantagem: a escola pública
primária, na qual, segundo a lei de 15 de outubro de 1827
(como se sabe, a única lei geral acerca da instrução elementar
sancionada no Império, mas que tornou-se parâmetro
para todas as províncias quando, a partir de 1834, ficaram
incumbidas deste nível de ensino por efeito do Ato Adicional),
uma das matérias ensinadas era “a doutrina da religião católica
e apostólica romana, proporcionados à compreensão dos
meninos” (BRASIL, 1827). Logicamente, ensinada com um
acento nos interesses regalistas. Tanto que um dos manuais
mais utilizados para esta educação religiosa estatal foi o
Catecismo de Montpellier, obra condenada por Roma desde 1721

88  Juarez José Tuchinski dos Anjos


por conter vestígios da teologia jansenista em sua exposição
da doutrina, mas usada sem reservas no Brasil desde as
Reformas Pombalinas e mantida em várias províncias após a
Independência, justamente, por fazer a intransigente defesa da
autoridade terrena sobre a espiritual (ANJOS, 2016).
Já aos bispos reformadores, pelo fato de no Brasil,
como já acontecia em várias partes da Europa, não lhes ser
facultado vigiar e inspecionar o ensino religioso dado nas
escolas públicas – outra coisa que na opinião de Pio IX era um
erro igualmente condenável do século (PIO IX, 1864, §VI, n.
45) – três foram as alternativas que encontraram: 1) Redigir
catecismos que pudessem ser adotados pelo governo das
províncias sob jurisdição de cada diocese e, assim, fossem
aos poucos substituindo o Catecismo de Montpellier e outros
considerados heterodoxos (AZZI, 1977); 2) Incentivar que as
famílias, na pessoa do pai e da mãe, dessem elas mesmas essa
educação servindo-se de tais catecismos ortodoxos e, 3) na
impossibilidade de a família fazê-lo ou mesmo para auxiliá-
la, que os padres – conformando-se ao que já prescrevera o
Concílio de Trento e andava negligenciado na maior parte
do Brasil – reunissem as crianças na igreja da paróquia e, de
novo valendo-se do impresso escrito pelos diocesanos, dessem
aos meninos e meninas a educação religiosa, de orientação
ultramontana, desejada. Essa catequese paroquial, aliás,
teria um objetivo em especial: preparar mais intensamente as
crianças para a recepção da primeira comunhão solene, outra
inovação ultramontana que aos poucos – mas dependente da
catequese para realizar-se a contento – foi sendo implantada
no Império para o incremento da espiritualidade sacramental e
devocional que o catolicismo reformado trazia consigo.
Se, para lermos e interrogarmos esses fenômenos
históricos até aqui delineados recorrermos aos conceitos de
estratégia e tática formulados por Michel de Certeau (1998),

A CATEQUESE PAROQUIAL E FAMILIAR COMO TÁTICA EDUCATIVA 89


ULTRAMONTANA NA DIOCESE DE SÃO PAULO (1860-1874)
segundo os quais a estratégia é a arte do forte, que “postula um
lugar suscetível de ser circunscrito como algo próprio e ser a base
de onde se podem gerir as relações com uma exterioridade de
alvos ou ameaças” (CERTEAU, 1998, p. 99), enquanto que a
tática é a arte do fraco, “a ação calculada que é determinada
pela ausência de um próprio (...), [que] tem que utilizar,
vigilante, as falhas que as conjunturas vão abrindo na vigilância
do poder proprietário (...) cria ali surpresas (...) é astúcia”
(CERTEAU, 1998, p. 100-101), torna-se possível afirmar que
o Regalismo estava num lugar de estratégia, enquanto que os
bispos ultramontanos – apesar de todo respeito e autoridade
que seu “lugar” de prelados, em tese lhes concedia (desde que
alinhados ao regalismo) – estavam num lugar de tática.
Ora, como lembra-nos o próprio Certeau, é o lugar de
enunciação que “permite algumas coisas, torna possível e
proíbe outras” (CERTEAU, 1982, p. 77). O regalismo garantia
para si, em matéria de educação e por força do seu lugar estatal,
um importante canal na sociedade brasileira: a escola pública
que, apesar dos conhecidos problemas que a acompanhavam,
era a instituição à qual o Estado escolheu delegar a formação
das gerações mais jovens e dentro da qual lhes dava, também, o
ensino religioso que julgava o mais adequado, independente da
ação direta da Igreja, já que ali, cabia aos professores ministrar
tal instrução. Já os bispos ultramontanos, nesse momento, não
tinham para si e seu projeto um lugar definido, mas possuíam
condições de conquistarem-no dentro das famílias e dentro do
espaço físico das próprias igrejas (as mesmas que eram mantidas
e financiadas ou pelas irmandades leigas – outra expressão do
catolicismo nacional – ou pelos cofres provinciais e gerais),
desde que trabalhassem com a “astúcia” em seu objetivo.
Desse modo, se o Estado regalista lançava mão de uma
eficiente estratégia educativa, (a escolarização) os ultramontanos
souberam, por dentro do próprio Estado e da sociedade por

90  Juarez José Tuchinski dos Anjos


ele presidida, criar as suas táticas educativas. Mais ainda: antes
de poderem fazer o investimento maciço na abertura de
escolas e colégios confessionais (fenômeno já bem conhecido
e pesquisado pela historiografia, mas que só a partir da
década de 1880 seria larga e homogeneamente empregado na
reforma católica) e diante da crescente impossibilidade de uma
“cristianização” das escolas públicas, fizeram da catequese na
família e na Igreja a sua tática por excelência para a educação das
crianças com vistas à consolidação do projeto ultramontano;
projeto que passava tanto pela formação religiosa almejando a
recepção dos sacramentos como pelo intuito de com ela formar
católicos fiéis e obedientes à Igreja (e somente por meio dela,
ao Estado), para que se tornassem os esteios de uma sociedade
cristianizada, em contraponto àquela de caráter regalista e
liberal, experimentada no Brasil durante o período imperial.
Dada a problemática em tela, o objetivo deste capítulo
é identificar como essa tática educativa foi concebida por dois
prelados em particular – D. Antonio Joaquim de Melo e D.
Lino Deodato Rodrigues de Carvalho – ambos, dois dos bispos
da diocese de S. Paulo no período Imperial1. Embora os seus
governos diocesanos estejam situados, no primeiro caso, entre
1851 a 1861 e no segundo, de 1873 a 1894, o recorte escolhido
para este estudo insere-se no arco temporal de 1860 a 1874.
A primeira baliza cronológica foi escolhida por ser a data na
qual foi publicada a Exposição da Doutrina Cristã para uso dos Fiéis
da Diocese de S. Paulo, o “Catecismo da Diocese”2, escrito por D.


1
No interregno dos dois bispados, governou a mesma Diocese D.
Sebastião Pinto do Rêgo. Porém, em matéria de catequese, parece
ter se limitado a manter o que fora introduzido por seu antecessor,
motivo pelo qual seu governo episcopal não será aqui analisado.
Há controvérsias se era regalista ou ultramontano. Para algumas
informações a seu respeito ver Anjos (2014a).

2
Utilizarei preferencialmente ao longo do trabalho o nome “Catecismo

A CATEQUESE PAROQUIAL E FAMILIAR COMO TÁTICA EDUCATIVA 91


ULTRAMONTANA NA DIOCESE DE SÃO PAULO (1860-1874)
Antonio Joaquim de Melo e precedido de uma Carta Pastoral
que o apresentava e recomendava aos fiéis. A segunda balizava
remete ao ano em que uma nova edição do mesmo impresso
foi realizada e com ela, publicada uma nova Instrução Pastoral,
agora de lavra de D. Lino Deodato Rodrigues de Carvalho,
também apresentando o “Catecismo da Diocese” ao clero e às
famílias.
As fontes que escolhi interrogar são, justamente, essas
duas cartas pastorais3, nas quais ambos os titulares da Sé
Paulipolitana discorrem sobre o papel da catequese na Igreja
e na sociedade, seus destinatários e agentes. Note-se que tais
documentos são escritos públicos, onde, de novo, o lugar de
enunciação nem sempre permitiu aos bispos que dissessem
tudo o que pensavam e nem tecessem com o vigor que talvez
desejassem as críticas à realidade social que intentavam
reformar. Mas esse lugar também lhes tornou possível que, ao
fazerem uso do seu múnus magisterial – de ensinar a doutrina
católica da qual o Tridentino os considerava fiéis depositários
e dispensadores – tivessem condições de delinear, senão uma
estratégia educativa – outra coisa que o lugar lhes proibia – ao
menos, as linhas gerais da tática educativa pela qual procurariam,
por dentro da família e por dentro da própria Igreja financiada

da Diocese”, por ser com o qual ficou mais conhecido e referenciado


na época.

3
A primeira Pastoral foi escrita em 1859 e publicada junto do Catecismo
da Diocese em 1860. A versão aqui consultada obra integra o acervo do
Museu Republicano de Itu-SP. A segunda pastoral, também chamada
de “Instrução”, foi redigida em 1874. A versão aqui utilizada é a que
veio publicada no jornal o Apostolo, da Diocese do Rio de Janeiro,
em 1875, disponível no acervo da Hemeroteca Digital da Biblioteca
Nacional. Para a demarcação cronológica do trabalho considerei as
datas da primeira publicação das fontes (1860-1874), mas, na citação
da Pastoral de D. Lino, indicarei sempre o ano de 1875, que é o da
versão a que tive acesso.

92  Juarez José Tuchinski dos Anjos


pelo Estado, trabalhar em prol da implantação do projeto
ultramontano.
O capítulo está dividido em duas partes. Na primeira,
apresento brevemente D. Antonio Joaquim de Melo e D. Lino
Deodato Rodrigues de Carvalho, com suas atuações pastorais,
dando especial ênfase às preocupações com a catequese por
eles manifestadas, conforme traçadas pela historiografia que
tratou de suas iniciativas reformadoras. Na segunda parte,
procuro identificar e compreender os elementos de que se
compunha a tática que desenvolveram da catequese como meio
de educação da criança com vistas ao alcance de seus intentos
reformadores e ultramontanos. Ao final, encerro com breves
considerações, a modo de conclusão.

D. Antonio e D. Lino: Dois Bispos Reformadores e a Catequese


na Diocese de S. Paulo

No começo da segunda metade do Oitocentos, conforme


identificou Riolando Azzi (2005), o estado espiritual da
Diocese de S. Paulo era considerado precário, tanto no que
dizia respeito à conduta religiosa da população quanto do
clero. Após quase uma década sem a presença de um bispo,
quando foi anunciada a eleição do primeiro paulista a ocupar
esse cargo, havia grandes expectativas de realização de uma
reforma eclesial, mas nas estruturas do catolicismo regalista
imperial. A reforma veio, porém de acordo com os princípios
ultramontanos, através de D. Antonio Joaquim de Melo e,
posteriormente, pela atuação de D. Lino Deodato Rodrigues
de Carvalho.
D. Antonio Joaquim de Melo (1791-1861), que governou
o bispado entre 1851 e 1861, era natural de Itu. Lá, segundo
Augustin Wernet (1987), apesar de viver entre dois grupos
de padres distintos nas práticas espirituais – os “Padres do

A CATEQUESE PAROQUIAL E FAMILIAR COMO TÁTICA EDUCATIVA 93


ULTRAMONTANA NA DIOCESE DE SÃO PAULO (1860-1874)
Patrocínio”, dedicados à moral e a penitência e o clero secular
da Vila, majoritariamente regalista – tomou contato com o
pensamento ultramontano. Durante a Revolução Liberal de
1842, ficou ao lado do governo, defendendo a submissão da
população ao Imperador, o que teria pesado mais tarde para
que D. Pedro II o escolhesse como bispo da diocese de S. Paulo.
Ao assumir a mitra, o novo bispo, cuja circunscrição à
época abrangia as Províncias de S. Paulo, Paraná e a parte sul
de Minas Gerais, tinha diante de si um clero bastante similar
ao que se encontrava pelo Brasil afora, conforme descrito por
José Murilo de Carvalho, envolvido “em negócios, comprando
fazendas e escravos, vivendo em concubinato e participando
ativamente da política” (CARVALHO, 2003, p. 182). O povo, o
rebanho que ele iria apascentar, não ia lá muito longe do perfil
moral dos pastores, a julgar pelo que disse o próprio bispo na
primeira de suas pastorais:

Poucos procuram os interesses da vida eterna. Ocupados


só com o que é do mundo, entregues a toda leitura
danosa e proibida, ninguém estuda, ninguém medita em
Jesus Crucificado. Aqui se vive contentes como aqueles
antediluvianos, sobre quem caiu a terrível inundação da
ira de Deus (MELO apud WERNET, 1987, p. 100).

Dada a situação descrita e a visão eclesial de que era


dotado, ao longo da década em que esteve à frente da Diocese
de S. Paulo, o prelado paulista lançou as bases do projeto
ultramontano. O alvo principal de sua ação foi a renovação
do clero, pela criação do Seminário Episcopal, no qual seriam
preparados padres de acordo com as novas diretrizes (WERNET,
2005, p. 132), já que dentro dos princípios romanizadores, era
com a ajuda deles que se exerceria o pastoreio sobre o povo.
Outro ponto de investimento foram as Visitas Pastorais, por
meio das quais o bispo ia, ele mesmo, apresentando ao clero

94  Juarez José Tuchinski dos Anjos


já existente e aos fiéis o novo modelo de vida religiosa que
deveriam assimilar. Enfrentou muitas resistências por parte dos
regalistas paulistas, falecendo em 1861, na mesma cidade onde
nasceu.
O outro bispo reformador da Diocese de S. Paulo foi D.
Lino Deodato Rodrigues de Carvalho (1826-1894). Nordestino
de Russas (Ceará), formado pelo Seminário de Olinda, foi
introduzido no espírito ultramontano por D. Luís Antonio dos
Santos, bispo do Ceará, que realizava reformas romanizadoras
naquela diocese. Eleito bispo em 1871, assumiu o sólio
paulipolitano em 1873, exercendo o múnus pastoral até sua
morte, na cidade de Aparecida, em 1894. De acordo com Maria
Aparecida Gaeta, D. Lino Deodato consolidou as reformas
iniciadas por D. Antonio Joaquim de Melo, ampliando-as com
a vinda

de ordens religiosas europeias responsáveis pela instalação


de escolas, orfanatos, hospitais e creches; a organização
de Associações Católicas promotoras de devoções
ultramontanas; a instalação de uma imprensa católica
divulgadora dos princípios doutrinários; a instituição
de um partido católico e a nomeação de um sucessor
ultramontano. (GAETA, 1991, p. 337).

Tanto D. Antonio quanto D. Lino entendiam que, se o


Seminário Episcopal seria o remédio para melhorar o estado
moral do clero, a cura para a tibieza do povo era a educação
religiosa, por meio da catequese a ser dada pelos padres e pela
família.
D. Antonio Joaquim de Melo, durante as visitas pastorais,
lembrava pessoalmente aos padres e pais de família o que já
vinha lhes cobrando em suas pastorais: “ensinar o catecismo
aos meninos e aos escravos” (WERNET, 1987, p. 136). O mesmo
foi feito por D. Lino Deodato quando peregrinou pela diocese,

A CATEQUESE PAROQUIAL E FAMILIAR COMO TÁTICA EDUCATIVA 95


ULTRAMONTANA NA DIOCESE DE SÃO PAULO (1860-1874)
visitando até mesmo regiões que não puderam ser percorridas
por D. Antonio, como era o caso da Província do Paraná, onde
permaneceu seis meses durante os anos de 1881-1882 (ANJOS,
2014a). Segundo Maria Aparecida Gaeta, D. Lino “empenhou-
se permanentemente no ensino religioso voltado a infância de
forma efetiva” (GAETA, 1991, p. 130) ao mesmo tempo em
que “solicitava aos sacerdotes, de forma bastante incisiva, a
reunião das crianças por dois dias da semana” (GAETA, 1991,
p. 131) bem como os chefes de família sobre a necessidade de
sujeitarem-se a essa obrigação (GAETA, 1991, p. 130).
Na década de 1850, porém, parecem ter sido poucos os
que atenderam ao pedido de D. Antonio Joaquim de Melo.
Entre estes, estavam os capuchinhos de Sabóia, religiosos
europeus a quem foi incumbida a direção do Seminário
Episcopal. Foram eles os responsáveis pelas primeiras aulas de
catecismo dadas de acordo com o paradigma ultramontano da
catequese paroquial. (AZZI, 2005). Já durante o episcopado de
D. Lino Deodato, apesar das resistências ainda continuarem,
essa prática parece ter estado mais disseminada, como atesta
a popularização da Primeira Comunhão Solene, que tinha
como requisito para sua realização, a frequência à catequese
paroquial (AZZI, 2005) ou familiar.
Um passo decisivo para que aos poucos clero e fiéis
fossem assimilando a prática da catequese como meio de
educar as novas gerações na fé, foi sem dúvida, a publicação
do “Catecismo da Diocese” em 1860, escrito pelo próprio D.
Antonio Joaquim de Melo. Esse catecismo tornou-se o verdadeiro
elo de unificação dessa prática educativa, especialmente
quando, em 1874, “D. Lino reconheceu a urgente necessidade
de revitalizar um ensino religioso unívoco e, por isso, logo
aprovou com ligeiras modificações as reedições do catecismo
de D. Antonio Joaquim de Melo” (GAETA, 1991, p. 130). Para
além da catequese e do que dela era esperado, o gesto de sua

96  Juarez José Tuchinski dos Anjos


reimpressão por D. Lino parece indicar a continuidade do
catolicismo ultramontano na Diocese, conforme implantado
pelo antecessor. Mas, afinal, como ambos, assim unidos na
ideia e pensamento, concebiam e delineavam essa prática
educativa, ou, como a temos chamado, tática de educação da
criança? Para obter respostas, interroguemos as pastorais por
eles escritas quando da publicação (1860) e reedição (1874) do
Catecismo da Diocese.

A catequese como tática educativa na Diocese de S. Paulo:


elementos configuradores

D. Antonio Joaquim de Melo e D. Lino Deodato Rodrigues


de Carvalho produziram um discurso sobre a catequese
pautado em três elementos capitais: o papel conferido a ela
e à doutrina religiosa que deveria transmitir à sociedade
oitocentista e à família; os destinatários desse ensino – as crianças
no tempo da infância; e os agentes com os quais contavam
para sua efetivação, padres e pais de família. Sobre cada um
desses elementos produziram reflexões e considerações que,
em conjunto, iam configurando a catequese enquanto tática
educativa ultramontana na Diocese de S. Paulo.

O papel da catequese e da doutrina por ela transmitida

Ao falar sobre o papel da catequese enquanto ensino e


transmissão da doutrina cristã católica às novas gerações, os
bispos de S. Paulo afirmavam vê-la como capaz de fornecer as
bases tanto para a sociedade como para a família, consoante
escrevia aos diocesanos D. Lino Deodato: “A simples razão e
experiência nos convencem, por sua vez, da necessidade dessa
primeira instrução e de quanto ela concorre para a verdadeira
felicidade doméstica e pública” (CARVALHO, 1875, p. 1). Ora,

A CATEQUESE PAROQUIAL E FAMILIAR COMO TÁTICA EDUCATIVA 97


ULTRAMONTANA NA DIOCESE DE SÃO PAULO (1860-1874)
em que medida uma prática eminentemente eclesiástica e, de
acordo com a proposta ultramontana, desenvolvida no interior
da igreja e na família para um reforço intra ecclesia, poderia
garantir a “felicidade” doméstica e pública? Deixemos que D.
Lino nos exponha as razões que o levavam a ter tal opinião:

Com efeito, a nossa religião vem de Deus, daquele que


disse: Eu sou o caminho, a verdade e a vida (João 14,6) e de
quem se irradia a verdadeira luz que ilumina a todo homem
que vem neste mundo. A religião, portanto, é não somente
o farol, a luz esplendente que dirige com segurança
nossos passos na carreira da vida; o bálsamo reparador
que suaviza as mágoas do coração, preserva a ciência
de corromper-se, santifica e faz convergir para o bem
as diferentes manifestações da atividade humana, mas
também e muito principalmente, o apoio firmíssimo, a
base inconcussa sobre a qual descansa todo edifício da
ordem moral. (CARVALHO, 1875, p. 1).

A força da doutrina que a catequese ensinaria aos fiéis


e a “felicidade” que traria a eles e à sociedade nasceria da
própria religião católica, uma vez que esta não estava ligada a
nenhum poder deste mundo, mas vinha do próprio Deus, o que
a tornava na opinião do prelado a única luz capaz de iluminar
a humanidade. Essa retórica acerca da dimensão sobrenatural
da instituição foi bastante usada no século 19 para legitimá-
la diante de outras instâncias sociais. Na Europa, com cujos
problemas os bispos ultramontanos brasileiros indiretamente
dialogavam em decorrência do seu desejo de sintonia pastoral
com Pio IX, ela visava demonstrar a soberania da Igreja em face
de países que viviam o paulatino processo de laicização, como
a Itália Unificada e a França. No Brasil, era a forma pela qual
os bispos, diante do Estado Regalista e das ingerências que
o poder temporal realizava no campo espiritual, agitavam-se
para evidenciar a autonomia e supremacia do poder de que eles
eram os representantes mais imediatos.

98  Juarez José Tuchinski dos Anjos


Em decorrência disso é que a religião ofereceria solidez
tanto para a condução individual – “luz esplendente que dirige
com segurança nossos passos na carreira da vida; o bálsamo
reparador que suaviza as mágoas do coração” – quanto para o
próprio corpo social, na medida em que seria, principalmente,
“o apoio firmíssimo, a base inconcussa sobre a qual descansa
todo edifício da ordem moral”. Em outras palavras: informaria
o correto agir humano (a moral), de que sociedade, Estado,
Igreja bem com outros entes sociais não poderiam prescindir
para mútuo benefício. Essa luz que emanava da religião serviria,
ainda, para iluminar a própria razão e a vida material, posto que
“preserva a ciência de corromper-se; e faz convergir-se para o
bem as diferentes manifestações da atividade humana”. Nessa
argumentação, ao submeter todas as coisas a Deus – inclusive o
saber, o conhecimento e a razão – as sujeitam à própria Igreja,
cujos bispos queriam ter a última palavra em todos os assuntos
que direta ou indiretamente tocassem na vida do seu rebanho,
assumindo para si o papel de guias e pastores por antonomásia
dos diocesanos a eles confiados. Note-se, entrementes, que não
se trata de uso regalista da religião, mas de supervalorização de
uma religião sob o firme controle da hierarquia ultramontana,
cujo lugar e sentido deveriam ser incutidos nos fieis pela própria
catequese.
O apelo sobre o impacto que a educação religiosa teria
na moral social era coisa já lembrada por D. Antonio Joaquim
de Melo, em 1860: “a experiência mostra, com efeito, todos os
dias que, se os costumes se pervertem, se a religião é desprezada,
combatida, a ignorância religiosa é a causa principal dessas
desordens...” (MELO, 1860, p. 2). Aqui, a retórica do bispo
trabalha num sentido diverso à de D. Lino: ao invés de acentuar
os benefícios da educação religiosa, destaca os problemas
que a sua falta pode acarretar à sociedade: a desordem da
perversão dos costumes, a falta de balizas para a ação e direção

A CATEQUESE PAROQUIAL E FAMILIAR COMO TÁTICA EDUCATIVA 99


ULTRAMONTANA NA DIOCESE DE SÃO PAULO (1860-1874)
da sociedade. D. Antonio, de fato, tendeu sempre a uma visão
mais pessimista dos seus fiéis, por conta da forte resistência
que enfrentou às suas reformas pastorais e que, segundo
Wernet (1987) o levaram a viver mais no interior do que na
capital do seu bispado. D. Lino, seja por estar escrevendo no
início do episcopado (lembremos que tomara posse apenas
um ano antes, em 1873), seja pela conjuntura mais favorável
– ao menos em nível nacional – para a romanização, acaba
enfatizando os benefícios e vantagens que a educação religiosa
pode trazer à sociedade.
Outra evidência da consciência aguda de que dirigia-se à
ovelhas rebeldes e que desprezavam não apenas sua voz, mas a
própria doutrina religiosa, lemos na sequência da Pastoral de
D. Antonio, para quem a ignorância religiosa não era privilégio
do povo (pobre), mas, também dos instruídos (a elite ilustrada
paulista): “e não se pense que essa ignorância se ache só no
povo: homens há, instruídos, hábeis nas ciências profanas,
tão estranhos ao mesmo tempo às ciências sagradas, que até
ignoram os primeiros elementos da religião, que se encontram
em todos os catecismos” (MELO, 1860, p. 2).
Seja por otimismo ou pessimismo pastoral, tanto D.
Antonio como D. Lino tinha clara a importância da catequese
enquanto prática educativa: ela tanto prepararia os fiéis para
viver melhor, de acordo com as diretrizes doutrinárias católicas
ultramontanas quanto enquadraria os mais tíbios a uma
nova relação com a religião e seus valores. Mas, para isso, o
investimento educativo teria de ser feito em uma parcela muito
particular da porção do povo de Deus a eles confiada: as
crianças, no tempo da infância.

100  Juarez José Tuchinski dos Anjos


A criança como destinatária privilegiada da catequese

Sabendo que não seria a escola – conquanto oficialmente


ligada à Igreja e tendo dentre suas matérias obrigatórias a
doutrina da religião do Estado – que transmitira com a eficácia
e a ortodoxia desejadas a educação que dissiparia a ignorância
religiosa; e ofereceria bases morais ultramontanas à sociedade,
tanto do povo quanto dos “homens instruídos”, D. Antonio
Joaquim de Melo exortava na sua pastoral de apresentação do
catecismo:

Convencido, pois, desta necessidade geral, pedimos


com instância aos reverendos vigários e padres com cura
d’almas, [que] considerem de novo, como um grave dever
a obrigação de ensinar e explicar a doutrina cristã a seus
fregueses, sobretudo, conforme a prescrição do já citado
Concílio de Trento (...) que reúnam na igreja para este fim
todos os meninos e meninas, que lhes for possível em dias
e horas determinadas (MELO, 1860, p. 3).

Uma vez mais emerge, nas entrelinhas, a resistência e


rebeldia do clero, que foram companheiras de D. Antonio no
seu trabalho pastoral à frente da Diocese de S. Paulo. Ao pedir
que seus sacerdotes “considerem de novo” o dever de ensinarem
a doutrina aos fiéis, ele tanto estava se remetendo a suas cartas
anteriores e visitas pastorais, nas quais esse apelo era reiterado;
como, também, à própria legislação eclesiástica em vigor no
Império – as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia
– que, no seu título 3º § 6º, faziam recomendação muito
semelhante à do prelado paulitpolitano (CONSTITUIÇÕES,
1853). Resistências à parte, como dito anteriormente, era a
uma porção do povo de Deus em especial que deveria se voltar
essa atividade pastoral: os meninos e meninas.

A CATEQUESE PAROQUIAL E FAMILIAR COMO TÁTICA EDUCATIVA 101


ULTRAMONTANA NA DIOCESE DE SÃO PAULO (1860-1874)
Não deixa de ser curioso que a Igreja, que em matéria de
educação escolarizada ficaria famosa por sua firme recusa à
coeducação dos sexos, aqui, a estabeleça e recomende. De um
lado, isso é compreensível porque, se já seria improvável para D.
Antonio os sacerdotes paulistas cumprirem sua determinação
uma vez por semana, mais improvável ainda seria darem a
catequese em separado para meninos e meninas. Por outro
lado – e essa é a questão mais relevante – era uma forma de não
excluir, desde cedo, o público feminino da instrução religiosa.
Sabemos, em função de estudos anteriores realizados sobre as
concepções educativas do bispo em questão (ANJOS, 2014b)
que este, não sem alguma dramaticidade, considerava que as
mães católicas nem sempre cumpriam satisfatoriamente sua
função educativa, formando “mães iguais a si e que um dia se
tornarão piores” (MELO apud ANJOS, 2014b, p. 29). Assim,
esse toque de gênero já antecipa, no âmbito da catequese, o
que viria a ser uma das marcas do catolicismo ultramontano:
o especial cuidado com a educação religiosa feminina coisa
que, numa avaliação posterior feita desse movimento pela
historiografia, desembocaria na conhecida teoria dos círculos
concêntricos (cf. MANOEL, 1996) em que pela ação da mulher,
mãe e esposa, esperava-se a cristianização ampla da sociedade
como um todo.
Mas, falar em meninos e meninas implica, ainda, tocar
num ponto geracional importante: a educação dos futuros
cristãos como questão precoce, a ocorrer já no tempo da
infância. Talvez, com os adultos que considerava ignorantes
das coisas da religião (mesmo os das classes abastadas), D.
Antonio já não tivesse esperança de obter muitos resultados.
Mas, como o semeador que planta para que outros colham os
frutos do seu trabalho, ele e seus seguidores não poupariam
esforços na demarcação da infância como terreno fértil a ser
cultivado por meio da educação religiosa. Qual a razão dessa

102  Juarez José Tuchinski dos Anjos


preferência? D. Lino Deodato, refletindo sobre a missão
episcopal e sacerdotal de pregar a palavra de Deus, o esclarece:

Entre os sagrados deveres de um bispo e de seus


colaboradores, no exercício do cargo pastoral, em união
com a suprema cadeira apostólica, sobressai evidentemente
o de pregar a palavra de Deus aos fiéis, exortando-os à
prática das boas obras e fazendo-lhes calar no espírito os
preceitos e máximas sublimes da nossa Santa Religião; mas
é certo que o bom êxito de tão nobre quão difícil missão depende,
em grande parte, senão essencialmente, do ensino religioso da
infância, dessa primeira instrução que tão poderosamente [influi]
sobre os destinos da sociedade. Erudi illos, diz o Senhor no livro do
Eclesiástico, a pueritia illorum.” (CARVALHO, 1875, p. 1grifos
meus).

Nessa altura, D. Lino revela-nos estar, ao seu modo e


movido por objetivo específicos, imbuído da mesma crença
humanista e iluminista na educabilidade da infância, isto é,
de que esse tempo da vida humana é o mais apropriado para
o aprendizado, na medida em que é já, a partir dele, que se
forma o adulto a que se chegar, no futuro. Daí ele falar mais
uma vez na catequese como a primeira instrução – que dizer,
dada neste primeiro momento da vida – que teria força para
influir “poderosamente” nos destinos da sociedade. Invoca,
para sustentar essa crença, não a autoridade dos pedagogos
afamados que, antes dele, escreveram diversos tratados e
assuntos sobre essa questão essencial da pedagogia moderna;
recorre é a própria Escritura, cujo conteúdo queria ver sendo
ensinado aos pequenos. Cita um trecho do livro do Eclesiástico
(capítulo 7, versículo 23) que, em vulgata, pode ser traduzido
como “se tens filhos, educa-os!”. Afirma, indiretamente, não
somente a crença no poder da educação religiosa da infância,
como o dever que os adultos têm para com sua oferta aos
pequenos. Não por acaso, é sobre a responsabilidade desses

A CATEQUESE PAROQUIAL E FAMILIAR COMO TÁTICA EDUCATIVA 103


ULTRAMONTANA NA DIOCESE DE SÃO PAULO (1860-1874)
agentes educativos que recaíam, também, as reflexões desses
prelados ultramontanos com vistas à construção da sua tática
educativa, como veremos a seguir.

O clero e as famílias: agentes da catequese paroquial

O “Catecismo da Diocese”, tanto quando de sua


publicação original em 1860 quando de sua reedição em 1874,
trazia, subentendida, a intencionalidade de que fosse um
compêndio utilizado na educação religiosa onde quer que ela
ocorresse, incluso aí, a escola pública estatal. Entretanto, a
leitura das pastorais de D. Antonio e D. Lino não tardam em
revelar em quem depositavam suas verdadeiras esperanças do
uso do Catecismo e da prática efetiva da catequese infantil: o
clero secular e as famílias.
Os primeiros agentes que os bispos paulistas queriam
ver, efetivamente, envolvidos com a catequese das crianças,
eram os párocos. Numa visão de sociedade perfeita à moda
medieval – um dos paradigmas da eclesiologia ultramontana –
os sacerdotes eram os colaboradores imediatos do episcopado,
aos quais, por força da obediência prometida quando da
recepção do sacramento da Ordem, caberia cumprir as
determinações emanadas dos prelados. Na prática, já sabemos,
essa obediência era bem mais difícil de ser obtida, pelo menos,
nessas primeiras décadas de reforma religiosa católica nos
trópicos. Daí serem estes convocados, lembrados e instados
sobre deveres inerentes ao seu múnus sacerdotal, como o fez
no trecho a seguir D. Antonio Joaquim de Melo:

O principal dever dos bispos, segundo o Concílio de Trento


(...) sendo o de ensinar e pregar a doutrina de Nosso Senhor
Jesus Cristo, logo que a Divina Providência nos chamou
para a direção desta Diocese, começamos a preenchê-lo
segundo as nossas forças, pedindo ao mesmo tempo aos

104  Juarez José Tuchinski dos Anjos


nossos irmãos no sacerdócio [que] nos ajudassem na sua
parte para o desempenho de tão árduo quanto honroso
ministério (...) Foi igualmente este motivo que nos levou
a dar o regulamento obrigando os reverendos vigários a
ensinarem a doutrina cristã em suas respectivas freguesias
(MELO, 1860, p. 1)

Este mesmo apelo seria feito catorze anos depois,


por D. Lino Deodato. Mas, aqui, inclui novo ingrediente na
argumentação para o convencimento do clero, acrescentando
ser a catequese uma responsabilidade para com um grupo
geracional específico: a infância.

...a Igreja Católica, animada como sempre, do espírito do


seu divino fundador, recomenda aos pastores de almas,
depois do importante múnus da prédica (...) todo cuidado
e diligência para que não falte sob a jurisdição destes e do modo
que lhes for possível, o ensino à infância dos rudimentos da fé.
(CARVALHO, 1875, p. 1)

Essa relação clero/ infância, que por vezes parece natural


quando pensamos a Igreja na história da educação, em
momentos como o período da romanização do catolicismo no
Brasil, revela-nos quão socialmente construída ela é. Focando-
nos apenas nesse momento, flagramos o bispo paulista
difundindo um novo modelo de vida sacerdotal – mais piedosa,
ciosa dos deveres religiosos e, sobretudo, comprometida com
a educação das novas gerações. Comprometimento difícil de
ser alcançado se continuasse a vigorar o modelo regalista de
clero, em que as múltiplas ocupações consideradas mundanas
monopolizavam de tal modo o sacerdote que o impediam de
dedicar-se ao seu ministério. Mudança a ser obtida dentre outros
aspectos e, aqui, com ênfase nas relações entre gerações, pela
consciência da necessidade da instrução religiosa das crianças.

A CATEQUESE PAROQUIAL E FAMILIAR COMO TÁTICA EDUCATIVA 105


ULTRAMONTANA NA DIOCESE DE SÃO PAULO (1860-1874)
Entretanto, por saber das dificuldades de uma adesão
imediata do clero – ou para ampliar o alcance de seu desejo
missionário e educativo de difundir a catequese da infância na
sua Diocese – D. Lino também voltava seus rogos para os pais
e mães de família. A seu ver, a responsabilidade destes não era
menor que a do clero diocesano:

Resta, pois, que não só os reverendos párocos, mas


também os pais de família, os preceptores e mais
pessoas a quem incumbe o ensino e direção da infância
concorram de sua parte e do modo que lhes competir para
essa educação moral e religiosa, objeto da solicitude do
Homem Deus, que comprazia-se em chamar para si os
pequenos (...) propondo-os como o tipo mais perfeito
de humildade e candura, amparando-os contra o perigo
das seduções pela ameaça de penas severíssimas aos que
lhes dessem maus exemplos e finalmente declarando que
aceitaria como próprios o acolhimento ou desprezo de que
fossem objetos esses penhores tão caros ao seu dulcíssimo
coração (CARVALHO, 1875, p. 1)

Evocando a passagem bíblica na qual Jesus, o “Homem


Deus”, se encontrou e abençoou as crianças, dedicando-
lhes afeto e atenção, invoca aos pais de família bem como
preceptores e “mais pessoas a quem incumbe o ensino e
direção da infância” a não fazerem menos do que o Salvador,
dedicando-se igualmente, pela prática da catequese, a protegê-
los das maldades do mundo, a fim de contentar o “dulcíssimo
coração” (por sinal, devoção tipicamente ultramontana) do
Salvador. De novo, o bispo oscila entre o papel religioso e
moral da catequese, mas, já o sabemos, não por preocupar-se
com a produção do bom cidadão regalista, mas do cristão que,
por ser fiel aos ensinamentos da Igreja, aprende a viver bem
no mundo e pautar suas ações pelo evangelho e seus valores.
Sempre, não é demais repetir, sob a condução da hierarquia

106  Juarez José Tuchinski dos Anjos


alinhada ao Romano Pontífice e não aos poderes políticos
temporais.
Por fim, do cumprimento das responsabilidades na
educação religiosa da infância por meio da catequese familiar,
nasceria a transformação da própria família em uma espécie
de santuário doméstico, capaz de santificar os seus membros,
conformando-se a mais pura tradição patrística de um
Agostinho de Hipona e de um São João Crisóstomo, que viram
os pais e mães de família tanto como pastores espirituais
domésticos como diretores da infância a eles confiada pela
paternidade – mesmo que (o dizer em latim ao final do trecho
abaixo vai enfatizar) os filhos fossem, às vezes, um depósito
não esperado, mas que devia ser aceito e educado, visto ser
dom de Deus:

Regenerada pelo princípio religioso, diz um escritor, “a


família torna-se o santuário íntimo, onde reina a virtude
em toda a magia dos seus encantos, um recinto sagrado
onde se misturam as dedicações generosas e os prazeres
mais puros”. Daí a necessidade do ensino religioso no
recinto do lar doméstico, obrigação gravíssima diante
de Deus, segundo a doutrina dos livros santos. É a razão
porque Santo Agostinho, a águia dos Doutores, considera
os chefes de família espécie de pastores espirituais no que
respeita à missão no interior de suas casas. O mesmo
pensamento revela São João Crisóstomo, quando aos
diretores da infância quando fala do grande e precioso
depósito que lhes foi confiado – Magnum habetis
depositum puerus (CARVALHO, 1875, p. 1).

Em síntese, ao reclamarem o compromisso dos padres e


pais de família com a catequese paroquial e familiar, os bispos
paulistas anunciam com clareza o desejo de se fazerem presentes
em todos os espaços de formação religiosa da infância no seu
tempo, mas com a vantagem de também poderem chegar onde

A CATEQUESE PAROQUIAL E FAMILIAR COMO TÁTICA EDUCATIVA 107


ULTRAMONTANA NA DIOCESE DE SÃO PAULO (1860-1874)
queriam uma menor ingerência do Estado Regalista (a Igreja)
e onde este nem sempre podia, de fato, chegar (a família). Daí
a ênfase que deram à prática catequética nesses dois últimos
espaços, que eram, no primeiro caso, território de disputa e, no
segundo, de um quase monopólio espiritual da Igreja4.

Considerações finais

Ao longo deste capítulo, procuramos identificar como


os bispos da Diocese de S. Paulo conceberam a catequese
paroquial e familiar como tática educativa ultramontana, face
às estratégias educativas então vigentes do regalismo imperial.
A modo de conclusão pode-se afirmar que diante de um
cenário ainda desfavorável a uma reforma ampla e irrestrita –
que necessariamente precisaria, em algum momento, passar
também pela escolarização, como o confirmaria o posterior
investimento que o movimento ultramontano fez nessa
instituição educativa – os bispos de S. Paulo souberam valer-
se das brechas deixadas pelo Estado regalista em matéria
de educação. Elegeram, com isso, uma prática educativa,
senão abandonada, ao menos quase em desuso até então: a
catequese paroquial e familiar. Ao insistirem no papel que ela
teria na afirmação da Igreja como instituição autônoma, mas
necessária à sociedade e à moral; na centralidade das crianças
como destinatários dessa educação e no papel que teria de ser
assumido pelo clero e pais de família enquanto educadores, os
bispos paulistas, a exemplo de outros prelados ultramontanos,


4
Digo espiritual porque, mesmo as famílias sendo católicas, isso não
significava que permitissem a completa ingerência da Igreja e tampouco
do Estado em seus interesses pessoais. Num processo de lutas e
experiências de classe, que estudei anteriormente (ANJOS, 2015) ficou
bem claro o poder de filtro cultural e social que a instituição familiar
exercia naquele contexto.

108  Juarez José Tuchinski dos Anjos


procuraram, por meio da catequese, agir e influir dentro da
Igreja e da família, para a implementação da reforma eclesial
que queriam realizar.
Usavam, de fato, um lugar de tática – a “arte do fraco”
que precisava negociar e convencer mesmo os membros da
hierarquia, quiçá os pais de família a com eles colaborarem –
mas que, a médio prazo e de forma articulada, pode ter sido
um dos elementos que garantiram o êxito que o movimento
ultramontano veio a alcançar na supressão do catolicismo
regalista e na implantação de um catolicismo romanizado
no Brasil. Estudos posteriores, sem dúvida, podem vir a
dimensionar melhor o alcance dessa tática em sua efetiva
prática naquele e noutras dioceses, aqui detalhada a partir
da ação e proposições de dois expressivos propagadores da
reforma religiosa no Brasil, ao tempo do Império.

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