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APRESENTAÇÃO – DIREITO E FEMINISMOS

UNIDADE 5
DISCURSOS TANGENCIAIS AO DIREITO
Reflexões a partir do capítulo 4 da dissertação indicada, intitulado “O Direito Precisa De
Uma Sacudida: A Opção Feminista Decolonial Para O Aspecto Jurídico”.

Apontamentos do texto indicado:


 pontos que não se tocam na teoria feminista decolonial e no neoliberalismo,

 e traz que o ranço colonial é tão forte no Brasil que parte do país se considera o
próprio europeu colonizador,

 mesmo em campos progressistas, “durante muito tempo, a raça e o gênero foram


deixados para um segundo plano”.

 Numa análise do discurso jurídico pelo viés feminista decolonial, analise


linguagem das normas

 incompatibilidade das legislações referentes às mulheres no Brasil com a teoria


feminista decolonial

 a necessidade de se construir uma crítica jurídica latino-americana através das


margens.

 Cita diversas feministas negras, com a brasileira Djamila Ribeiro e a


estadunidense Angela Davis e menciona ainda, como exemplo de
interseccionalidade, as lamúrias de Carolina Maria de Jesus em “O Quarto de
Despejo: o diário de uma favelada”.

 “É preciso pluralidade de sujeitos nos espaços para que estes espaços reflitam a
pluralidade de sujeitos existentes.”

Apontamentos críticos:

 A partir do texto, é possível traçar aproximações com as teorias de Patricia Hill


Collins sobre pensamento do feminismo negro, feminist standpoint e outsider
within, além das produções brasileiras de Djamila Ribeiro sobre lugar de fala e de
Joice Berth sobre empoderamento.

 As teorias do ponto de vista feminista e lugar de fala não se resumem a vivências


individuais, mas locus social.
 O falar não se restringe ao ato de emitir palavras, mas de poder existir. Pensamos
lugar de fala como refutar a historiografia tradicional e a hierarquização de
saberes consequente da hierarquia social.

 Quando falamos de direito à existência digna, à voz, estamos falando de locus


social, de como esse lugar imposto dificulta a possibilidade de transcendência.
Absolutamente não tem a ver com uma visão essencialista de que somente o
negro pode falar sobre racismo.

 Lugar social não determina uma consciência discursiva sobre esse lugar. Porém,
o lugar que ocupamos socialmente nos faz ter experiências distintas e outras
perspectivas.

Assim como o empoderamento, trata-se uma questão estrutural e não apenas


individual. Joice Berth, a partir de autores nacionais (Paulo Freire) e
internacionais, aborda em seu livro desde as Teorias do empoderamento e teoria
da conscientização (Freire) trazendo uma ressignificação a partir do pensamento
feminista negro, de que não se trata de uma questão apenas estética e afetiva
mas de conscientização gradual e coletivo para a resistência e superação das
mais diversas opressões.

 Parte-se do pensamento feminista negro de Patricia Hill Collins, que cunhou o


termo outsider within para caracterizar como intelectuais negras podem fazer uso
criativo de sua posição de marginalidade nos ambientes acadêmicos, dentre
outros pontos pela natureza interligada da opressão a que submetidas.

 Enquanto mulheres negras que estão fora da academia podem estar


familiarizadas com omissões e distorções da experiência das mulheres negras,
como outsiders da sociologia, falta-lhes autoridade profissional legítima para
desafiar as anomalias sociológicas. De forma parecida, os insiders sociológicos
tradicionais, quer sejam homens brancos ou seus discípulos não brancos e/ou
discípulas, certamente não estão em posição de perceber as anomalias
especificas que são nítidas para as mulheres afro-americanas, pois esses
mesmos insiders sociológicos produziram essas anomalias. Por outro lado, as
mulheres negras que permanecem enraizadas em suas próprias experiências
enquanto mulheres negras – que dominam os paradigmas sociológicos e ao
mesmo tempo mantêm uma postura crítica em relação a estes – estão em
posição melhor para trazer uma perspectiva especial, não apenas para o
estudo de mulheres negras, mas também para algumas das questões
fundamentais que a própria sociologia enfrenta.

 Rememora-se ainda Grada Kilomba, que faz uma analogia com a máscara
usada para ilustrar há uma pintura da escrava Anastácia que foi obrigada a viver
com uma máscara cobrindo sua boca. Kilomba explica que, formalmente, a
máscara era usada para impedir que as pessoas negras escravizadas se
alimentassem enquanto eram forçadamente obrigadas a trabalhar nas
plantações, mas segundo a autora, a máscara também tinha a função de impor
silêncio e medo, na medida em que a boca era um lugar tanto para impor silêncio
como para praticar tortura.

Conceição Evaristo faz um diálogo interessante com o que Grada Kilomba diz que
nos negros aprendemos a falar pelos orifícios da máscara e às vezes a gente fala
com tanta potência que a máscara é estilhaçada.

Todavia, para Kilomba, essa máscara, ‘a máscara daquelas que não podem falar’.
legitima a política de silenciar “Os Outros”, afirma a pensadora. As perguntas que
a autora faz nesse capítulo são importantes para a nossa reflexão de quem pode
falar. Questiona: “Quem pode falar?”, “O que acontece quando nós
falamos?” e
“Sobre o que é nos permitido falar?”. Já que Falar, muitas vezes, implica em
receber castigos e represálias, justamente por isso, muitas vezes, prefere-se
concordar com o discurso hegemônico como modo de sobrevivência.

E, se falamos, podemos falar sobre tudo ou somente sobre o que nos é permitido
falar? Numa sociedade supremacista branca e patriarcal, mulheres brancas,
mulheres negras, homens negros, pessoas transexuais, lésbicas, gays podem
falar do mesmo modo que homens brancos cis heterossexuais? Existe o mesmo
espaço e legitimidade? Quando existe algum espaço para falar, por exemplo,
para uma travesti negra, é permitido que ela fale sobre Economia, Astrofísica, ou
só é permitido que fale sobre temas referentes ao fato de ser uma travesti negra?
Saberes construídos fora do espaço acadêmico são considerados saberes?

Outra questão colocada é por que a boca do sujeito negro deve ser presa? Por
que ela ou ele deve ser silenciado? O que poderia dizer o sujeito negro se sua
boca não fosse selada?

Kilomba toca num tema essencial quando discutimos lugares de fala: é


necessário escutar por parte de quem sempre foi autorizado a falar. A autora
coloca essa dificuldade da pessoa branca em ouvir, por conta do incômodo que
as vozes silenciadas trazem, do confronto que é gerado quando se rompe com a
voz única. Necessariamente, as narrativas daquelas que foram forçadas ao lugar
do Outro, serão narrativas que visam trazer conflitos necessários para a
mudança. O não ouvir é a tendência a permanecer num lugar cômodo e
confortável daquele que se intitula poder falar sobre os Outros, enquanto esses
Outros permanecem silenciados.
Ainda segundo Kilomba, o medo branco em não ouvir o que o sujeito negro
pode eventualmente revelar pode ser articulado com a noção freudiana de
repressão, no sentido de afastar algo e mantê-lo à distância da consciência.
Ideias e verdades desagradáveis seriam mantidas fora da consciência por conta
da extrema ansiedade, culpa e vergonha que elas causam. Mais além: o medo
branco ou manter-se “inconsciente” diante dessas verdades e realidades
protegeria o sujeito branco de ter que lidar com os conhecimentos dos “Outros”.
Falar de racismo, opressão de gênero, é visto geralmente como algo chato,
“mimimi” ou outras formas de deslegitimação. A tomada de consciência sobre o
que significa desestabilizar a norma hegemônica é vista como inapropriada ou
agressiva porque aí se está confrontando poder.

 Voltando-se a crítica marxista, para Pachukanis, o Direito, enquanto conjunto de


normas, não passa de uma abstração sem vida, e a forma jurídica, em sua forma
desenvolvida, corresponde precisamente a relações sociais burguesas-
capitalistas.

 Apresentando-se o Direito como estrutura fundamental e necessária do capital, o


reformismo ou a concessão de vantagens por meio de instituições jurídicas não
são capazes de transformar verdadeiramente as condições das classes
trabalhadoras.

 Numa perspectiva de gênero, o Direito não se mostra suficiente a proteger as


mulheres da violência ou assegurar que se situem em posição de igualdade com
os homens. A classe trabalhadora não consegue exprimir plenamente a própria
condição de vida na ilusão jurídica da burguesia (Engels, Kautsky). Sob o aspecto
da raça, o Direito assegura políticas segregacionistas e de morte (necropolítica),
na medida em que nos relega aos subúrbios e prisões e nos dizima com suas
políticas anti-crime e autos de resistência.

 Se, por falta de sistema melhor continuamos a operar sob a lógica jurídico-
burguesa, a crítica situada é extremamente necessária para garantir algum
avanço.

 Enquanto o Direito e seus operadores não incluírem gênero, raça e classe em


suas análises, por mais progressistas que sejam, não serão capazes de realizar
mudanças significativas no ambiente social em que se propõem.

REFERÊNCIAS:

BERTH, Joice. O que é empoderamento? Belo Horizonte: Letramento, 2018.

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Tradução Heci Regina Candiani. - 1. ed. - São
Paulo: Boitempo, 2016.

ENGELS, Friedrich; KAUTSKY, Karl. O socialismo jurídico. Tradução Lívia Cotrim e


Márcio Bilharino Naves. São Paulo: Ensaio, 1991.
GONÇALVES, Juliana. As legislações referentes às mulheres pós-constituição federal
de 1988: da crítica feminista decolonial diante da nova racionalidade neoliberal. Trabalho
de Conclusão de Curso de Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Direito da
UFSC. Capítulo 4: O direito precisa de uma sacudida: a opção feminista decolonial para
o aspecto jurídico, p. 129-176.

MASCARO, Alysson Leandro. Crise e golpe. 1ª Ed. São Paulo: Boitempo, 2018.

PACHUKANIS, Evgeny Bronislavovich. Teoria geral do Direito e marxismo. São Paulo:


Editora Acadêmica, 1988.

RIBEIRO, Djamila. O que é: lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento, 2017.

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