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UNIDADE 5
DISCURSOS TANGENCIAIS AO DIREITO
Reflexões a partir do capítulo 4 da dissertação indicada, intitulado “O Direito Precisa De
Uma Sacudida: A Opção Feminista Decolonial Para O Aspecto Jurídico”.
e traz que o ranço colonial é tão forte no Brasil que parte do país se considera o
próprio europeu colonizador,
“É preciso pluralidade de sujeitos nos espaços para que estes espaços reflitam a
pluralidade de sujeitos existentes.”
Apontamentos críticos:
Lugar social não determina uma consciência discursiva sobre esse lugar. Porém,
o lugar que ocupamos socialmente nos faz ter experiências distintas e outras
perspectivas.
Rememora-se ainda Grada Kilomba, que faz uma analogia com a máscara
usada para ilustrar há uma pintura da escrava Anastácia que foi obrigada a viver
com uma máscara cobrindo sua boca. Kilomba explica que, formalmente, a
máscara era usada para impedir que as pessoas negras escravizadas se
alimentassem enquanto eram forçadamente obrigadas a trabalhar nas
plantações, mas segundo a autora, a máscara também tinha a função de impor
silêncio e medo, na medida em que a boca era um lugar tanto para impor silêncio
como para praticar tortura.
Conceição Evaristo faz um diálogo interessante com o que Grada Kilomba diz que
nos negros aprendemos a falar pelos orifícios da máscara e às vezes a gente fala
com tanta potência que a máscara é estilhaçada.
Todavia, para Kilomba, essa máscara, ‘a máscara daquelas que não podem falar’.
legitima a política de silenciar “Os Outros”, afirma a pensadora. As perguntas que
a autora faz nesse capítulo são importantes para a nossa reflexão de quem pode
falar. Questiona: “Quem pode falar?”, “O que acontece quando nós
falamos?” e
“Sobre o que é nos permitido falar?”. Já que Falar, muitas vezes, implica em
receber castigos e represálias, justamente por isso, muitas vezes, prefere-se
concordar com o discurso hegemônico como modo de sobrevivência.
E, se falamos, podemos falar sobre tudo ou somente sobre o que nos é permitido
falar? Numa sociedade supremacista branca e patriarcal, mulheres brancas,
mulheres negras, homens negros, pessoas transexuais, lésbicas, gays podem
falar do mesmo modo que homens brancos cis heterossexuais? Existe o mesmo
espaço e legitimidade? Quando existe algum espaço para falar, por exemplo,
para uma travesti negra, é permitido que ela fale sobre Economia, Astrofísica, ou
só é permitido que fale sobre temas referentes ao fato de ser uma travesti negra?
Saberes construídos fora do espaço acadêmico são considerados saberes?
Outra questão colocada é por que a boca do sujeito negro deve ser presa? Por
que ela ou ele deve ser silenciado? O que poderia dizer o sujeito negro se sua
boca não fosse selada?
Se, por falta de sistema melhor continuamos a operar sob a lógica jurídico-
burguesa, a crítica situada é extremamente necessária para garantir algum
avanço.
REFERÊNCIAS:
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Tradução Heci Regina Candiani. - 1. ed. - São
Paulo: Boitempo, 2016.
MASCARO, Alysson Leandro. Crise e golpe. 1ª Ed. São Paulo: Boitempo, 2018.