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O documento descreve a história do povo indígena Apurinã na Amazônia brasileira. Com a chegada de empresas seringalistas na região no século XIX, os Apurinã passaram a viver em regime de semiescravidão e sofreram impactos socioculturais, como a distribuição de suas aldeias pelas colocações dos seringais. Nas décadas de 1970 e 1980, os Apurinã lutaram pela demarcação de suas terras tradicionais, enfrentando invasores e desrespeito dos não-í
O documento descreve a história do povo indígena Apurinã na Amazônia brasileira. Com a chegada de empresas seringalistas na região no século XIX, os Apurinã passaram a viver em regime de semiescravidão e sofreram impactos socioculturais, como a distribuição de suas aldeias pelas colocações dos seringais. Nas décadas de 1970 e 1980, os Apurinã lutaram pela demarcação de suas terras tradicionais, enfrentando invasores e desrespeito dos não-í
O documento descreve a história do povo indígena Apurinã na Amazônia brasileira. Com a chegada de empresas seringalistas na região no século XIX, os Apurinã passaram a viver em regime de semiescravidão e sofreram impactos socioculturais, como a distribuição de suas aldeias pelas colocações dos seringais. Nas décadas de 1970 e 1980, os Apurinã lutaram pela demarcação de suas terras tradicionais, enfrentando invasores e desrespeito dos não-í
De senhores desta terra os povos nativos da Amazônia sul ocidental
passaram a ser vistos como obstáculos a exploração da borracha e do caucho na região. Foi quando surgiu a prática das correrias: expedições armadas feitas com o objetivo de matar as lideranças das aldeias, aprisionar homens para o trabalho escravo e obter mulheres que seriam vendidas aos seringueiros, depois de queimadas as malocas. Um pouco da Nossa História Nosso contato com os não-índios aconteceu na época da exploração da borracha. No século XVIII, o rio Purus começou a ser explorado por comerciantes que buscavam as chamadas “drogas do sertão”, cacau, copaíba, manteiga de tartaruga e borracha. Nas décadas de 50 e 60 do século XIX houve várias expedições para reconhecer e mapear o rio, nesta época segundo relatos, nós Apurinã já trabalhávamos para os não índios. Vivíamos nas margens do rio Purus e com a chegada das empresas seringalistas sofremos diversos impactos socioculturais. Nossas aldeias e famílias foram distribuídas pelas colocações dos seringais. Passamos a viver uma situação de trabalhadores em regime de semiescravidão, sempre devendo aos patrões. Nós éramos utilizados como mão de obra nas tarefas de derrubadas, colheitas de castanha e extração de borracha. Depois vieram as fazendas para criação de gado e o aumento do desmatamento das áreas por nós utilizadas. Nós também trabalhamos na abertura de algumas estradas, como por exemplo, a BR-317 que liga Boca do Acre a Rio Branco. A luta pela demarcação da nossa Terra começou nos anos 70. Sofremos com invasores que devastavam nossa Terra e agrediam nossa gente. Foi preciso muita luta para definirmos o tamanho da terra indígena de acordo com nossos direitos. Fizemos nós mesmos esse trabalho de definição dos limites da terra junto com a FUNAI. Foi em 1976 que a FUNAI e o CIMI iniciaram o trabalho de regularização da terra, mas os cariú (não índios) do nosso município não gostaram. Eles passaram a nos desrespeitar ainda mais. A população da cidade era humilde e vivia isolada, então era fácil serem manipulados contra nós por homens influentes e que se diziam “donos da terra”. Os limites da área que seria demarcada foram muitas vezes motivo de desentendimento e agressões. Nessa época o índio Alfredo Apurinã foi um líder importante, juntamente com outras lideranças que sem medo impediam as derrubadas dos brancos. Em 1978, começou a demarcação e não foi fácil o entendimento com os brancos. Nós paralisamos os trabalhos até que os limites ficassem mais de acordo com nosso direito. O Decreto de homologação da terra Indígena Camicuã somente foi assinado em dezembro de 1991, depois de muitos anos de luta e de resistência.
Fonte: Nossa terra nosso jeito de ser/Povo Apurinã da TI Camicuã...[et al.]-
Brasília (DF): Instituto Internacional de Educação do Brasil, 2015.