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ESSAS TERRAS NÃO ERAM VAZIAS

De senhores desta terra os povos nativos da Amazônia sul ocidental


passaram a ser vistos como obstáculos a exploração da borracha e do caucho na região.
Foi quando surgiu a prática das correrias: expedições armadas feitas com o objetivo
de matar as lideranças das aldeias, aprisionar homens para o trabalho escravo e obter
mulheres que seriam vendidas aos seringueiros, depois de queimadas as malocas.
Um pouco da Nossa História
Nosso contato com os não-índios aconteceu na época da exploração da
borracha. No século XVIII, o rio Purus começou a ser explorado por comerciantes que
buscavam as chamadas “drogas do sertão”, cacau, copaíba, manteiga de tartaruga e
borracha. Nas décadas de 50 e 60 do século XIX houve várias expedições para reconhecer
e mapear o rio, nesta época segundo relatos, nós Apurinã já trabalhávamos para os não
índios.
Vivíamos nas margens do rio Purus e com a chegada das empresas
seringalistas sofremos diversos impactos socioculturais. Nossas aldeias e famílias foram
distribuídas pelas colocações dos seringais. Passamos a viver uma situação de
trabalhadores em regime de semiescravidão, sempre devendo aos patrões. Nós éramos
utilizados como mão de obra nas tarefas de derrubadas, colheitas de castanha e extração
de borracha. Depois vieram as fazendas para criação de gado e o aumento do
desmatamento das áreas por nós utilizadas. Nós também trabalhamos na abertura de
algumas estradas, como por exemplo, a BR-317 que liga Boca do Acre a Rio Branco.
A luta pela demarcação da nossa Terra começou nos anos 70. Sofremos com
invasores que devastavam nossa Terra e agrediam nossa gente. Foi preciso muita luta para
definirmos o tamanho da terra indígena de acordo com nossos direitos. Fizemos nós
mesmos esse trabalho de definição dos limites da terra junto com a FUNAI.
Foi em 1976 que a FUNAI e o CIMI iniciaram o trabalho de regularização da
terra, mas os cariú (não índios) do nosso município não gostaram. Eles passaram a nos
desrespeitar ainda mais. A população da cidade era humilde e vivia isolada, então era
fácil serem manipulados contra nós por homens influentes e que se diziam “donos da
terra”.
Os limites da área que seria demarcada foram muitas vezes motivo de
desentendimento e agressões. Nessa época o índio Alfredo Apurinã foi um líder
importante, juntamente com outras lideranças que sem medo impediam as derrubadas dos
brancos. Em 1978, começou a demarcação e não foi fácil o entendimento com os brancos.
Nós paralisamos os trabalhos até que os limites ficassem mais de acordo com nosso
direito. O Decreto de homologação da terra Indígena Camicuã somente foi assinado em
dezembro de 1991, depois de muitos anos de luta e de resistência.

Fonte: Nossa terra nosso jeito de ser/Povo Apurinã da TI Camicuã...[et al.]-


Brasília (DF): Instituto Internacional de Educação do Brasil, 2015.

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