Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
A pastoral da Palavra
Introdução
A pastoral da palavra corresponde à Igreja pela sua própria
constituição. A eclesiologia tem aprofundado a dimensão
sacramental do mistério da Igreja. O sacramento traz consigo a
conjunção do gesto com a palavra, do mesmo modo que na história
da salvação e em Cristo, seu acontecimento central, as palavras
sempre estiveram iluminando o sentido dos acontecimentos. A ação
pastoral da Igreja, que continua na história sendo mediação da
doação de Deus, tem a palavra como um dos elementos que a
constituem. Os gestos e as ações podem ser ambíguos, sujeitos de
diversas interpretações; a palavra oferece o sentido exato da ação,
interpreta-a, dá a sua autêntica intencionalidade.
Porém, falar de palavra na Igreja não é possível à margem da
Palavra com maiúscula que sustenta e faz viver à própria Igreja.
Antes que missão, a palavra na Igreja é dom. Sua voz não quer ser
senão o eco de outra palavra que foi pronunciada nela e que
ressoou no fundo do seu ser.
1 – Revelação e Palavra
Em Cristo Deus nos disse tudo o que tinha para dizer, deu-se a nós
definitivamente. Ele é a plenitude da Revelação e toda palavra nova
não será senão aprofundamento na Palavra dada. A pretensão de
Cristo em sua história foi a de dizer ultimamente quem era Deus e
manifestar assim a vida à qual somos chamados e a qual estamos
destinados. Essa vida é, primeiramente, o dom de um Pai que nos
ama. Cristo mesmo fez de sua vida a manifestação desse amor que
acolhe e perdoa, que congrega e une, que devolve ao homem a
dignidade perdida, que denuncia as situações de mentira e de
injustiça no mundo, que anuncia um futura de esperança possível,
que é capaz até de dar pelo homem a própria vida.
b. Formas de anúncio
1. O anúncio missionário (o kerigma)
A primeira forma do anúncio é a «pregação missionária»,
o kerigma, que tem como finalidade anunciar a fé e solicitar a
conversão. No seu significado pleno, o Kerigma é o anúncio atual e
historicamente determinado da Palavra de Deus na Igreja, por
parte de quem, a partir de Deus, tem o poder de dar testemunho.
Temos uma confirmação recente desta verdade na
EncíclicaRedemptoris missio de João Paulo II:
« A tarefa fundamental da Igreja de todos os tempos e,
particularmente, do nosso é a de dirigir o olhar do homem e
orientar a consciência e experiência da humanidade inteira para o
mistério de Cristo» (RM 4)
a. Catequese ou «Didaché»
Tipo de pregação originariamente destinada aos adultos que se
preparavam para receber o Batismo. Tratava-se, podemos dizer, de
um aprofundamento do Kerygma, com o objetivo de dar
embasamento à fé do catecúmeno, despertada a partir do primeiro
anúncio.
b. Didascália
Consiste num aprofundamento nas verdades de fé, buscando
fundamentar e explicitar ainda mais a fé, buscando aprofundar e
explicitar ainda mais a fé brotada a partir do kerygma e
aprofundada pela catequese.
c. Parenese
Nome dado à pregação cujo conteúdo está voltado para as
exigências morais da vida cristã.
d. Homilia
Tipo de pregação com características próprias. É aquela oratória
(arte de falar persuasivamente) sagrada que surgiu ainda na Igreja
primitiva, a partir das celebrações litúrgicas. No sentido original
supõe o kerygma e a catequese, já no sentido habitual é a
explanação que se faz, durante a missa ou outra celebração
litúrgica, a partir do texto escriturístico (cf. SC 35) que tenha
relação com o mistério que se celebra e venha ao encontro das
necessidades dos fiéis que a ouvem.
Falando do sentido litúrgico da homilia a Sacrosanctum
Concilium determina que « as rubricas indiquem o momento mais
apto para a pregação, que é parte da ação litúrgica» (cf. n. 35).
Do ponto de vista técnico na homilia se distinguem duas funções
litúrgicas importantes:
1° – ser aplicação da mensagem ao aqui e agora da vida humana,
pois a mensagem da Escrituraa tem uma atualidade;
1° Período: Apostólico
Nesse período a pregação apostólica e a vida da Igreja estão
impregnadas pelo kerygma: cf. At2, 14-32; 3, 12-26; 4, 8-12; 7,
1-53; 10, 34-43; 13, 16-41; 17, 24-31.
Em grandes linhas o kerygma se processa da seguinte forma:
a) O mistério Pascal que acaba de se realizar, foi anunciado pelos
profetas. Portanto, os tempos messiânicos foram inaugurados.
2° Período: Patrístico
A teologia patrística gira em torno do Mistério Pascal. Ela vai
desenvolver o kerygma apostólico, numa linha fundamentalmente
bíblica. Com o aparecimento das controvérsias cristológicas entram
aos poucos na pregação da Igreja as definições: pessoa,
substância, natureza, etc. Surge gradativamente um aspecto
intelectualizante na pregação, o que diminui um pouco o aspecto de
pregação Boa-Nova em alguns teólogos pregadores.
Percebe-se na leitura dos grandes Padres (S. João Crisóstomo, S.
Ambrósio, S. Agostinho…) a existência de um centro irradiador e
também unificador: o Mistério de Cristo que culmina na Paixão,
Morte e Ressureição.
1. No íntimo da liturgia
Com relação à homilia existe hoje uma consciência bem clara: ela é
a pregação que ocorre dentro da liturgia e, de modo especialíssimo,
na Santa Missa.
3 – O memorial
Um segundo ponto de convergência entre a Palavra de Deus e a
liturgia que a homilia deve mostrar é o caráter de memorial. Não só
a pregação é memorial, como relato narrativo, a liturgia como
anamnese também o é.
No texto de 1Cor 11,25, ao concluir o rito eucarístico, na Última
Ceia Jesus diz: “Cada vez que bebeis (deste cálice), fazei-o em
memória de mim”. Antes, a propósito de comer o pão, seu corpo,
dissera o mesmo: “Fazei isto em memória de mim” (11,24).
Assim, a eucaristia, em seu núcleo ritual de comida e de bebida
sacramentais, é memorial,anamnese de Cristo que se entrega. Isso
também constatamos na oração central, a anáfora. Ela é uma
grande oração doxológica, que apóia seu louvor a Deus e a sua
ação de graças ao Pai em um motivo fundamental: as grandes
ações de Deus realizadas ao longo da história salvífica. Para isto,
faz memória sempre desta história salvífica, quer em seu conjunto,
quer em suas etapas fundamentais, quer em alguma outra de suas
etapas. Assim se transforma em relato, narração. A anáfora é
a hagadah cristã.
A hagadah tem sua origem na liturgia judaica e se refere ao relato
central que na celebração da páscoa se lia, lembrando o que
ocorrera naquela noite e em todas as noites salvíficas da história de
Israel. Nós cristãos temos também a nossa hagadah em que,
mediante uma narração, fazemos memória do ocorrido em nossa
história como povo de Deus e, sobretudo, na noite da última ceia,
núcleo da história santa centralizada em Cristo e no seu mistério
pascal.
Na liturgia encontramos exemplos muito claros disto: IV anáfora
do Missal romano, os prefácios dos domingos da quaresma, o
prefácio do domingo de Ramos que alude diretamente ao relato da
Paixão e o pregão da vigília pascal que sob forma de prefácio, hino
e proclamação, contém uma síntese admirável da história sagrada.
Assim, vemos que o relato feito na liturgia da Palavra reaparece na
liturgia sacramental eucarística. Ora a homilia deve relacionar esta
semelhança, mostrar este caráter comum de relato, memória ou
anamnese e expô-los mediante os elementos que lhe oferecem
tanto as leituras quanto os prefácios.
4. O hoje litúrgico
O terceiro elemento que nos mostra com evidência a relação entre
a Palavra de Deus e a liturgia é o hoje.
A liturgia gravita em torno do hoje, do presente, da atualidade.
Quando chegam os tempos litúrgicos, seus textos não se cansam
de repetir esta hodiernidade. Por exemplo na missa vespertina da
vigília do Natal, canta o intróito ou antífona do canto de entrada:
b. A psicossociologia do auditório
Além disso, convém levar em consideração alguns outros
elementos fundamentais na pregação a partir de sua dimensão
psicológica, pois ela é um fato humano submetido às leis e
condicionamentos psicológicos: o auditório diversificado, o local da
pregação e os fatores que influem para uma eficiente proclamação
da Palavra de Deus ou que prejudiquem à mesma.
O auditório
Comecemos o nosso tema dando uma rápida olhada ao auditório
que temos diante de nós e alguns elementos que nele se
encontram:
Cf. Am 8,11
2 – Hipercríticos
Além dos que pertencem ao primeiro grupo é preciso contar com a
presença dos hipercríticos, que tudo criticam. Um conselho
interessante de um sacerdote vienense: «A estes hipercríticos
levianos dever-se-ia dar como penitência a preparação de um
sermão dominical» (Joseph Ernest Mayer).
3 – Indiferentes
Um terceiro grupo corresponde aos indiferentes, os que freqüentam
por mero formalismo. Falar-lhe não é fácil.
4 – Um outro elemento psicossociológico a mencionar trata-se
da maneira de captar a pregação da parte dos ouvintes,
especialmente o povo simples, maioria de nossos auditórios.
Normalmente não aceitam as homilias com longo raciocínio, de
sabor intelectual. Preferem a linguagem concreta, simples,
existencial, transparente do evangelho.
5 – A heterogeneidade do auditório
Trata-se de um dos aspectos que mais dificulta a boa apresentação
da Palavra de Deus. Salvo algumas celebrações para grupos
homogêneos (casais, jovens, crianças…), normalmente o auditório
é bastante heterogêneo: pessoas idosas, crianças barulhentas,
diversidade de cultura e formação religiosa, ouvintes fechados,
sedentos buscando crescimento na fé, indiferentes, os atrasados
que sempre atrapalham.
Encontramos o ouvinte que vive numa sociedade pluralista que tem
contato com outras culturas, religiões, filosofias diversas, etc.
Encontramos o ouvinte atento e exigente que seleciona o que ouve
e, nas cidades, onde for possível, escolhe o pregador que mais o
satisfaz. Compara o que ouviu com outras idéias (em reflexão
pessoal ou com amigos num processo de filtração daquilo que se
ouve).
Acústica-dicção
Há igrejas com ótima, razoável ou péssima acústica; como também
há pregadores com ótima, razoável ou péssima dicção.
Local
Os locais onde a Palavra de Deus é proclamada são diversos e
variados. Assim, temos igrejas de vários tamanhos: pequenas,
médias, redondas, em forma de cruz, cheia de colunas, igrejas que
se assemelham a um campo de futebol, vários salões, etc.
c) Pregação materializante
São aquelas em que o pregador se ocupa, de preferência, em
abordar o assunto dinheiro. A toda hora fala de campanhas de
ordem financeira, administrativa, construções, etc. Prestam-se
mais para administradores do que arautos da Palavra de Deus.
Aqui convém recordar a importância da corresponsabilidade dos
leigos, lembrando que os Apóstolos preferiram dedicar-se à oração
e à pregação da Palavra e os diáconos cuidariam da administração.
d) Pregação vazia
Pregações cansativas pelo fato de não ter conteúdo. O vazio na
pregação é razão de tantas queixas. O pregador que habitualmente
não estuda, não medita, o que se pode esperar dele? Este é
indiscutivelmente um dos grandes escândalos de um número, não
pequeno, de pregadores!!!
e) Pregação monótona
Pela maneira de apresentar sermões com os mesmos gestos, com a
mesma entonação de voz. Monotonia pela falta de colorido em
imagens, fatos, figuras que possam prender a atenção do ouvinte.
Monótona porque repete as mesmas idéias de sempre…quanto
sono!
g) Pregação contratestemunho
O pregador deve ser o primeiro a testemunhar o Evangelho. É sua
obrigação fundamental. Repercute mal ouvir falar em união da
comunidade, entre esposos, pais e filhos, quando na casa do pároco
reina a discórdia entre os que ali vivem, quando a funcionária da
casa paroquial recebe mal o povo, quando o vigário fala mal
abertamente contra os seus colegas.
h) Pregação agressivo-dominadora
Certos pregadores usam um tom de voz muito agressivo e
dominador. Tratam os ouvintes como crianças que devem ser
subjugadas à força. Parece que tais pregadores projetam
consciente ou inconscientemente seus problemas e descarregam
sobre o auditório.
Em alguns países, até não muito antes do Concílio Vaticano II, dar-
se-á a estranha superposição de uma pregação ao longo da missa
dominical, que se celebra em voz baixa e em latim. Embora
chocante para nós, não o era tanto no ambiente da época, se
levarmos em conta que na missa se praticava todo gênero de
devoções. Na melhor das hipóteses, esta pregação desenvolvia o
tema do evangelho. Aqui está o que a este propósito prescreveram
as Rubricas de 1960, promulgadas por João XXIII:
a) ELEMENTO EXEGÉTICO
b) ELEMENTO VITAL
DV 2.
DV 5.
Para toda essa parte cf. Ramos, J. A., Teología pastoral, BAC,
Madrid 1995.
Jo 1,12.
Hb 1,1
Cf. Durrwell, F.X., La presencia de Jesucristo en la predicación, em
Rahner, K – Häring, B., Palabra en el mundo (Salamanca 1972),
31-46.
Z. Alszeghy-M.Flick, Il problema teologico della predicazione,
«Gregorianum», 1959, p. 742.
K. Rahner, La salvezza nella Chiesa, Roma-Brescia 1986, p.116.
D. Ruiz Bueno, Padres apologistas griegos, BAC, Madrid 1954
SC 2, 6 e 7.
Cf. R. Bohren, Predigtlehre, Munique, 1980,p. 82; A.
Schwarz, Praxis und Predigtlehre, Viena, 1986, p. 50.
Cf. J. Rothermundt, Der Heiliege Geist und die Rhetorik, Güterslh,
1985, p. 45. L. Maldonado, La comunidad cristiana, p.15-40.
Cf. CIC, cânon. 767.
K. H. Biertiz-Ch. Bunners, Handbuch der Predigt, Berlim 1990, p.
100-135.
Para esta parte: MOESCH,O., O anúncio da Palavra de Deus.
Reflexões sobre a teologia pastoral da pregação. Petrópolis: Vozes,
1980.
Cf. Evangelium nuntiandi, n. 41.
Idem, n. 79.
Cf. EN, 43.
Para toda esta parte estaremos utilizando as reflexões do
Departamento de Liturgia do CELAM,Homilia, São Paulo: Paulinas,
1983, p. 13-55.
Sobre o lugar onde se deve proferir a homilia assim diz a Instr.
Geral do Missal Romano no n.136: «O sacerdote, de pé junto à
cadeira ou no próprio ambão, ou ainda, se for oportuno, em outro
lugar adequado, profere a homilia; ao terminar, pode-se observar
um tempo de silêncio».