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O documento discute a realidade da Galiléia na época de Jesus e como isso influenciou o cristianismo primitivo na região. A Galiléia era uma região plural culturalmente devido a influências de povos estrangeiros e tinha uma identidade distinta da Judéia. Isso levou a características próprias do cristianismo local, como enfatizar a reciprocidade familiar em vez do formalismo religioso. O gênero literário mais proeminente foi o evangelho, como o de Marcos, que refletia aspectos da cultura galileia.
O documento discute a realidade da Galiléia na época de Jesus e como isso influenciou o cristianismo primitivo na região. A Galiléia era uma região plural culturalmente devido a influências de povos estrangeiros e tinha uma identidade distinta da Judéia. Isso levou a características próprias do cristianismo local, como enfatizar a reciprocidade familiar em vez do formalismo religioso. O gênero literário mais proeminente foi o evangelho, como o de Marcos, que refletia aspectos da cultura galileia.
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O documento discute a realidade da Galiléia na época de Jesus e como isso influenciou o cristianismo primitivo na região. A Galiléia era uma região plural culturalmente devido a influências de povos estrangeiros e tinha uma identidade distinta da Judéia. Isso levou a características próprias do cristianismo local, como enfatizar a reciprocidade familiar em vez do formalismo religioso. O gênero literário mais proeminente foi o evangelho, como o de Marcos, que refletia aspectos da cultura galileia.
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Contexto Histórico do Novo Testamento apresentado ao Profº. Dr. Paulo Roberto Garcia, Noite, do Curso de Teologia da Faculdade de Teologia- Universidade Metodista de São Paulo.
São Bernardo do Campo — junho de 2010
TRABALHO DE TEOLOGIA1 Conforme orientação inicial, a partir da leitura de todos os textos apontados anteriormente, responda às seguintes perguntas:
a) Qual a realidade da Galiléia (a realidade da Galiléia pode ser derivada para toda a região siro-palestinense)?
Ao contrário das visões tradicionais que homogeneizavam o judaísmo e viam a
região da Galiléia como simplesmente uma área rural periférica, isolada pelas condições geográficas (montanhas) do mundo grego e que, portanto, afirmavam que em tal local as mudanças sócio-culturais eram insignificantes, surgiram novas pesquisas que apontam que essa região das terras bíblicas está marcada por uma enorme pluralidade cultural e um rico diálogo com outras tradições. Assim sendo, essa importante região distingui-se por diversos acontecimentos que trouxeram influências importantíssimas que forjaram uma identidade plural e histórica singulares para o povo da Galiléia. Dentre tais acontecimentos podemos aludir os seguintes: o preconceito de outras comunidades em relação aos seus moradores, principalmente por parte da elite da Judéia e de Roma. O processo conflituoso com os povos estrangeiros e mesmo com seus irmãos da Judéia. E outro ponto fundamental é a composição étnica da Galiléia na época de Jesus que tudo indica está relacionada a deportação parcial dos judeus mais notáveis da elite na época do cativeiro babilônico e a permanência no local de uma grande parcela de camponeses. Foram estes campesinos que sofreram diversas dominações e violências: babilônicos, persas, gregos (ptolomeus e selêucidas) que guardariam essa tradição na época de Jesus e que, portanto, indica que os galileus eram marginalizados desde muito tempo, inclusive pagando tributos até aos habitantes de Samaria. Em decorrência dessas peculiaridades (tributação, falta de infra-estrutura, expropriação de terras, urbanização e helenização) na Galiléia emergiu importantes embates com as tradições e as perspectivas teológicas centradas na teologia do Templo de Jerusalém. Esses aspectos logo provocariam uma dicotomia entre os costumes galileus centrados na reciprocidade da vida das comunidades aldeãs de subsistência focadas nos laços familiares e na preservação das heranças tribais e a lei dos judeus baseadas nos dízimos, oferendas e diversos impostos para custear o estado-templo. Esse histórico demonstra que as tradições judaicas do norte (Israel) são diferentes das 1 ALEXANDRE.MORAES MAT.159914 TEOLOGIA POLO LONDRINA NOITE tradições do sul (Judá) diferenças que contribuem para compreensão dos conflitos suscitados época de Jesus. Assim, sendo a realidade da Galiléia não pode ser estendida a toda a região siro-palestinense.
b) Que característica de cristianismo é percebida nessa região?
Nas diversas leituras e tele aulas percebemos quanto o cristianismo em sua
origem é fruto de um movimento plural marcado pela diversidade e a tensão entre diversas tendências que durantes muitos séculos concorreram no processo da mediação do sagrado. O cristianismo siro-palestinense, em seus escritos cumpriu um poder de agregação sobre outros movimentos cristãos existentes naquele contexto histórico-social. Pois, como dissemos anteriormente a região siro-palestinense possui uma rica tradição cultural oriunda das condições históricas singulares de cada comunidade. Por isso, não podemos homogeneizar o judaísmo oriundo desse riquíssimo patrimônio histórico, cultural e teológico. Já em relação ao cristianismo primitivo podemos destacar que na religião siro- palestinense forjou-se uma religião com características peculiares do cristianismo oriundo do mundo mediterrâneo, ou seja, o contexto acaba por determinar as características literárias e teológicas no cristianismo nascente. No mundo mediterrâneo a característica principal do cristianismo está intimamente relacionada ao gênero literário cartas que era a forma helênica de enfrentar os problemas pensando diretamente sobre estes. Ou seja, no contexto do cristianismo, as cartas (Paulo, Pedro, Tiago, Judas e João) são o jeito típico do mundo mediterrâneo cristão de resolver os dilemas da fé, refletindo e se posicionando sobre eles para orientar as comunidades de fé diante dos desafios do dia-a-dia. Em síntese, na região do mar mediterrâneo forjou-se um cristianismo ligado ao mundo do comércio, do grande afluxo de pessoas com culturas e religiões diversas que trafegavam pelas estradas romanas (urbanização). Por sua vez, no mundo sírio-palestino forjou-se um cristianismo com outras características próprias do contexto histórico daquela região. Ali surgiu um cristianismo apoiado nos evangelhos (Boa Notícia) que anteriormente era uma literatura relacionada às vitórias de indivíduos (imperadores) ou povos e nesse novo contexto passou a anunciar que a Boa Notícia era Jesus, o Cristo. Logo, era um modo de enfrentar o poder imperial estabelecido, sobre a figura dos césares num momento conflituoso da guerra judaica. O cristianismo dessa região é marcado pela proclamação da vitória de Cristo sobre o medo, é de lembrar-se do passado frente aos problemas do presente e ter esperança num futuro melhor. Deste modo, as características sociais, culturais e teológicas singulares da Galiléia influenciaram também a nascente religião cristã que dava seus primeiros passos naquele momento histórico. Pois, entre os galileus emergiu uma tradição religiosa que foca um conceito de Deus conforme as experiências contidas no Êxodo. Logo se destaca uma divindade que caminha e se revela no sofrimento do seu povo. Emerge uma religião que enfatiza a reciprocidade familiar e do nível de cultivo em detrimento da tradição religiosa da Judéia que superestima as relações de proteção e purificação baseadas no templo estabelecido em Jerusalém. Assim, sendo essa relação conflituosa marcou a vida do Galileu Jesus que distinguia a região de Jerusalém como aquela que não busca a verdadeira paz, a assassina de profetas e a além do mais, aquela que transforma a casa de Deus (templo) em covil de ladrões. Resumindo o cristianismo siro-palestinense está marcado pela tradição galiláica de reciprocidade e defesa do espaço familiar, no entendimento da terra como espaço de vida e como legado da dádiva divina e particularmente numa devoção que não se prende a lugares ou ritos, pois emerge nos espaços cotidianos da vida e das relações sociais. Portanto, o cristianismo do movimento de Jesus apresenta outra perspectiva da fé judaíca embasado na renovação da piedade, no amor, na fraternidade e na vivência de camponeses e pescadores sobrepujados e cerceados pelo processo de helenização e urbanização. Enfim essa mensagem era uma forma de contrapor o formalismo religioso apregoado pelos fariseus e doutores da lei mosaica. Em outras palavras, como bem enfatizou o professor Paulo Roberto Garcia essas discussões são baseadas nas interpretações de Rudolf Bultmann que propôs uma dicotomização do cristianismo primitivo entre a tradição palestinense e a tradição helênica. Assim, nesse arquétipo o cristianismo palestinense seria centralizado nas aldeias agrário-campesinas de linguagens aramaicas e de mensagens divulgadas através de parábolas. . c) Que características marcam a literatura produzida por essa região?
Como enfatizamos anteriormente a produção literária está marcada pelo
contexto sócio-cultural da região na qual o texto emerge. Assim, podemos retratar que a região siro-palestinense é marcada por uma enorme pluralidade judaíco-teológico como atestam vários escritos, tais como: o livro dos Jubileus, elaborado por um sacerdote hassidim que enfatiza que o mal pode ser superado mediante a prática da lei: Documento de Damasco, um escrito de grande circulação no mundo judaico e que da ênfase aos preceitos e práticas cotidianas para manutenção da pureza: Pseudo Filo, escrito teológico diferenciado entre os escritos palestinenses, pois foca a tradição das sinagogas e uma fé legalista. No entanto, na região siro-palestinense o gênero literário que mais marcou foi o evangelho, pois era uma forma peculiar de literatura daquele mundo de enfrentar os problemas a partir da observação do passado para fortalecer o presente e trazer esperança para o futuro. Portanto, o evangelho é uma espécie de enfrentamento cristão ao evangelho da “paz pela guerra”, proposto por César, especialmente, no período da guerra judaica. O primeiro escrito a utilizar esse gênero, foi o Evangelho de Marcos. Nele podemos perceber nas entrelinhas a riqueza cultural e teológica da região e a conflituosa relação dos galileus com os habitantes da Judéia e os estrangeiros, principalmente os romanos. Pois, as memórias desse tempo permaneceram vivas nos seguidores de Jesus, possivelmente redigido na Galiléia, uma região do cruzamento entre o helenismo e o poder greco-romano. Marcos, por conseguinte é um evangelho singular: não cita a capital provincial romana de Sefores e seus aspectos helenísticos, tece criticas a religião estabelecida no Templo, evidenciando assim, o conflito entre galileus e judeus. Outro aspecto importante desse evangelho é a utilização de termos militares latinos e a tradução nomes de origem aramaica evidenciando a grande presença de gentios em seu meio. Resumindo a região siro-palestinense era rica em tradições culturais e teológicas judaicas que contribuíram para a formação do cristianismo da região, pois as escrituras judaicas não foram suficientes para suprir as demandas do movimento cristão. Assim, surgem os primeiros escritos sobre Jesus a vida de Jesus recolhidos da tradição oral e de outros escritos espalhados pelas diversas comunidades. Do mesmo modo, o cristianismo da região foi forjado dentro dessas tradições e o gênero Evangelho foi a marca principal desse mundo. Dessa forma, podemos destacar que locais e períodos históricos diferentes geraram evangelhos diferenciados. Por exemplo, o Evangelho de Marcos e Mateus foi gerado na Galiléia. O primeiro, como citamos, surgiu no tempo da guerra judaica, porém o segundo foi redigido aos cristãos judeus após esse marcante evento que levou a destruição do templo de Jerusalém. Por sua vez, os evangelhos de João e de Lucas possuem outras características. João foi escrito a partir do contexto da Transjordânia e Lucas a partir do contexto da Síria na fronteira entre o cristianismo mediterrâneo e o cristianismo siro-palestinense evidenciando outras características particulares daquele local e tempo histórico.