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RESUMO
Apresentação de deusas da mitologia grega manifestando-se na
mulher moderna de forma inconsciente. Justifica-se a presença
dessas divindades, considerando a teoria dos arquétipos de
Jung. Na obra As meninas, de Lygia Fagundes Telles, são
estudadas as personagens Lia, Lorena e Ana Clara e nelas é
observada a presença dos mitos femininos.
Palavras-chave: literatura brasileira, mito, deusas, feminino,
arquétipo.
INTRODUÇÃO
OS ARQUÉTIPOS
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desenvolveram boa parte da sua obra. A proposta
junguiana de basear toda a Psicologia na estrutura dos
arquétipos teve frutos em diversos campos, inclusive na
ciência e na religião (WOOLGER, 2002, p. 329).
ATENA
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conhecimento. Atualmente a “mulher-Atena” é uma
imagem bastante comum uma vez que os elementos femininos
estão cada vez mais independentes. Não é preciso encontrar
nessas mulheres todas as características de Atena, para serem
consideradas um ser arquetípico, apenas as que se sobressaem.
ÁRTEMIS
AFRODITE
PERSÉFONE
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A deusa é mística, donzela, romântica, marcada por
alguma tragédia que possa ter ocorrido na infância. A mulher
regida por essa deusa sente-se marcada pelo destino, presa a um
passado trágico que não a deixa. É sábia, todavia torna-se
prisioneira de uma aparência de donzela inexperiente e
indefesa. É bem comportada, obediente e reservada, age
sempre pacificamente.
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bastante comum na atualidade. Jung denominou essa dinâmica
psicológica que ultrapassa o tempo e o espaço de arquétipo,
percebendo que as imagens mitológicas repetem-se não apenas
na vida real, mas também na literatura.
Dessa forma, as deusas, Afrodite e Atena estão muito
presentes na sociedade moderna, já que o contexto atual
propicia suas manifestações, mas em mulheres que se recusam a
assumir a identidade da mulher moderna podem aparecer
outras deusas, não em alta como Afrodite e Atena, contudo
igualmente importantes para a formação e o entendimento do
psicológico feminino.
Os arquétipos míticos estão penetrados em nossa
cultura, manifestam-se a todo momento, são encontrados no
comportamento feminino. “Se olharmos à nossa volta, veremos
muitos sinais evidentes do surgimento de uma nova consciência
e de uma nova lucidez feminina” (WOOLGER, 2002, p. 12).
ANA CLARA
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A partir daqui, citaremos esta obra no texto, com a abreviatura AM,
seguida da indicação da página, sempre por esta edição: TELLES, Lygia
Fagundes. As Meninas. 20ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
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Seguindo a linha do pensamento arquetípico de Jung,
pode-se perceber que Ana Clara é uma personagem
arquetípica, regida pela deusa Afrodite, ou seja, é o modelo da
promiscuidade e da fragilidade de caráter. Afrodite, deusa da
beleza, do amor e da vaidade é o protótipo da amante sensual.
Casa-se com o deus das artes, Hefesto, e tem como amante o
deus da guerra, Ares, e, quando é descoberta pelo marido,
abandona-o, deixando para trás o amante e o esposo e vai ter
outros relacionamentos amorosos. Afrodite, assim como Ana
Clara, é o modelo do consumismo e das vaidades, é sempre
apresentada coberta de vestes finas e de pedras preciosas.
LORENA
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tem prazer em fazer e servir chás:
LIA
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adaptando-os a sua vida de militante. Mantém, assim,
um jeito irreverente em se vestir:
Suas meias estão caindo.
- Ou enforcam os joelhos ou ficam desabando. Olha aí.
No começo, este elástico apertava de deixar a perna
roxa.
- Mas que idéia, querida, usar meia com este calor. E
sapatões de alpinista, por que não calçou a sandália?
Aquela marrom combina com a sacola.
- Hoje tenho que camelar o dia inteiro, putz. E sem
meia, dá bolha no pé. [...]
- Tenho umas meias tão bacanas, ainda nem usei, quer
ir com elas?
- Só se forem francesas, entende.
- São suíças, minha queridinha.
- Não gosto da Suíça, é limpa demais.
E nem vão servir, imagine, ela deve calçar quarenta.
Que idéia usar meias que engrossam os tornozelos, a
coitadinha está com patas de elefante. Ainda assim,
emagreceu, subversão emagrece (AM, p.11).
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relacionando-os com a sociedade injusta em que vive:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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