• alertar que música e turismo são duas indústrias chave no século XXI, sustentáveis,
e com grande geração de emprego e renda, e que o Brasil não olha nem explora
como poderia. Alertar também que deste Conservatório, dos músicos e dos
estúdios de gravação de Tatuí, incluindo o da FATEC, pode um dia sair uma Spotify
brasileira,
• clamar pela recomposição dos repasses anuais, que vêm sido reduzidos, ano após
ano, forte e inclementemente.
Tatuí, hoje a apenas 1 hora do RodoAnel de São Paulo, recebeu o título de Capital da
Música em 30 de janeiro de 2007, pela lei 12.544/07 (SÃO PAULO, 2007) justamente por
abrigar o maior Conservatório da América Latina.
“Tatuhy” tem sua origem ligada ao berço da Siderurgia Nacional, a Fundição Ipanema
(1811-1926). Os primeiros técnicos, suecos e alemães trazidos por D. João VI,
disseminaram o gosto pela música aos trabalhadores, alguns dos quais migraram depois
para o local da futura Tatuí.
Tatuí teve mais da metade da população da Capital, sendo a quinta mais populosa do
estado de SP (censo de 1886), devido à produção do “Ouro Branco”- algodão, e à fábrica
São Martinho, de 1881, pioneira na industrialização paulista, e “o maior parque industrial
do século XIX ainda preservado”.
O seu fundador, Manoel Guedes, promoveu a cultura e a música, e foi reconhecido por
historiadores como um dos 12 “Próceres das Indústrias e Finanças de São Paulo”, junto
com Matarazzo e Crespi.
Seu pai construiu em 1871 um dos primeiros teatros do estado (o São João), e ele construiu
25 anos depois um dos primeiros cineteatros do estado (o S. Martinho). A morte o colheu
em 1927, não concluindo o monumental Theatrão, demolido nos anos 50.
E assim, a terra do celebrado poeta Paulo Setúbal (pai de Olavo Setúbal, Itaú), ficou
também conhecida por suas bandas de música.
E, mais tarde, por duas personalidades musicais: o violinista Otávio “Bimbo” Azevedo e o
violoncelista João Del Fiol, que tocavam em orquestras do cinema mudo entre outras
atividades musicais.
O então governador Lucas Nogueira Garcez sancionou a lei estadual número 997/51,
criando o Conservatório de Tatuí em 13 de abril de 1951.
As primeiras inscrições aconteceram em 1954, início das atividades da escola, atraindo 331
candidatos. Havia 30 alunos na primeira turma. As aulas foram dadas na antiga casa do
filho do fundador da fábrica São Martinho durante os primeiros 15 anos do Conservatório.
O número de alunos passa para 600 em 1969. Em 1968 o diretor e regente José Coelho de
Almeida consegue adquirir novos instrumentos e obtém para o Conservatório os prédios
onde funcionavam a Câmara dos Vereadores e a Biblioteca Municipal. Renovação
pedagógica e destaque artístico acompanham a melhora da infraestrutura; em fevereiro de
1970 havia 754 alunos, e em 1974 a escola já contava com 45 professores, brasileiros e
estrangeiros, formados pelas melhores escolas do mundo, entre elas as da Áustria, Estados
Unidos, Hungria, Alemanha, União Soviética e Portugal.
Em 1976 passa a oferecer cursos de artes cênicas, e em 1990 ganha um setor exclusivo
para artes dramáticas que passa a integrar, além dos cursos de formação de atores,
oficinas técnicas e ações na comunidade, com uma significativa expansão de cursos e
alunos a partir de 2004.
Em 2014, o Conservatório contava com mais de 2.300 alunos e 51 cursos oferecidos todos
gratuitamente para alunos do Brasil e do mundo todo.
O Teatro Procópio Ferreira, fundado em 1979, permitiu que a escola se especializasse
também na organização de eventos e espetáculos de qualidade, seja para a finalização dos
cursos, ou concertos para grupos formados por alunos, ou ainda coordenando sucessivas
edições do Festival de Inverno de Campos do Jordão, o mais importante do país.
Destaca-se ainda uma série de eventos e encontros Internacionais, que são na verdade
atividades extracurriculares voltadas a determinadas áreas ou cursos, trazendo
especialistas para as chamadas “master classes”. Entre esses eventos, o Festival de MPB,
oficializado pelo decreto estadual 40.833/96, recebendo artistas renomados, nacionais e
internacionais.
Aliado a tudo isso, o governo do Estado de São Paulo cria um curso de tecnologia em
música na cidade. Nasce, desta forma, o Curso Superior de Tecnologia em Produção
Fonográfica, na Faculdade de Tecnologia de Tatuí, também referência em todo o país,
completando o aspecto de formação de profissionais voltados para a música e o espetáculo
na cidade de Tatuí.
Música e turismo são duas indústrias chave no século XXI, sustentáveis, e com grande
geração de emprego e renda. O Brasil não olha nem explora essas duas indústrias como
poderia.
Deste Conservatório, dos seus músicos e professores, e dos estúdios de gravação de Tatuí,
incluindo o da FATEC, pode um dia sair uma Spotify brasileira.
• o forte e ininterrupto desmonte que tem sofrido tão importante instituição não só
para Tatuí, como para São Paulo e Brasil:
• sendo o repasse previsto para 2021 maior que o de 2020, não há fundamento
algum para mais um corte profundo previsto no quadro de alunos, professores e
cursos em aproximadamente 30%, proposto no plano da Sustenido, a menos que
houvesse um Plano de se prosseguir com o desmonte gradual do Conservatório,
preocupação dos membros da comunidade musical do país.
Manifesto
Este conselho, cumprindo com seu papel e motivado pelos objetivos de seu regimento,
acompanha há tempos a situação financeira do Conservatório da nossa cidade.
Cada gestão que por ali passou cumpriu seu papel na condução desta tão reconhecida
escola, que tem como missão principal:
Para a cidade de Tatuí este valor pode ser medido em cada esquina, regada à música, em
cada praça ou escola, com espetáculos teatrais e musicais que encantam, e também
auxiliam sempre nesta batalha ingrata da educação e da arte contra as mazelas que
assolam nosso mundo contemporâneo, seduzindo nossas crianças e jovens para o crime e
para o tráfico.
Dito isso, as ações de nosso Conservatório, com mais de 66 anos de história transformando
não só a nossa cidade como o Estado de São Paulo, nosso amado Brasil e toda a América
Latina, tal é o alcance das atividades desta escola, está em grave risco.
Além destes pontos terríveis para a arte nacional, destaca-se ainda o fechamento de 496
vagas, a demissão de 69 colaboradores e 70 monitores da área musical, bem como o fim do
fundamental pólo de São José do Rio Pardo, o que impactará de forma inenarrável na
estrutura desta tão importante instituição.
Merece ainda forte questionamento deste conselho e dos que assinam este manifesto a
intenção de destinar-se somente 25% do tempo da diretoria para acompanhamento de tão
complexo e contundente instituição de ensino musical e dramático, com 2.420 alunos.
A premiação por meio de um edital, contemplando um projeto tão distante do que vem
sendo praticado e que se entende sem um devido respeito a esta tão renomada instituição,
causará um impacto devastador tanto do ponto de vista econômico como social e cultural.
Caso este projeto seja implementado da forma como está previsto, seria configurado um
ataque frontal ao Conservatório, e interessantemente poucas semanas após a reeleição do
PSDB à prefeitura da cidade de Tatuí, trazendo a sensação, por todos os 123 mil cidadãos
tatuianos, de uma punhalada pelas costas, que atinge em cheio o coração da Capital da
Música.
Este Conselho e as entidades abaixo aplaudem o teor da Nota divulgada nas mídias sociais
em 18 de dezembro pelo Governo do Estado, se comprometendo a adotar postura
consonante com a real necessidade desta escola e da Cultura paulista e brasileira:
• "O Governo do Estado de São Paulo reafirma seu compromisso com a melhora e a
ampliação do Conservatório de Tatuí, que realiza um importante trabalho de
formação cultural."
• "O plano de ampliação e modernização do Conservatório tem cinco anos e
começará em janeiro de 2021."
Mas a preocupação constante neste Manifesto ainda é muito forte, uma vez que falta ao
Governo alterar oficialmente o Plano da O.S. Sustenidos, que tem postura oposta à Nota
acima do Governo. Tal alteração é natural que ocorra, uma vez que as disponibilidades
orçamentárias mudaram (vide mais abaixo) e provavelmente o Plano aprovado não teve
oportunidade de ser devidamente maturado, dado o curto espaço de tempo (apenas um
mês) entre a Convocação e a Sessão Pública.
Pelos motivos expostos acima e independente de qual OS venha gerir o Conservatório nos
próximos anos, nos MANIFESTAMOS:
• Por uma volta ao antigo nível de repasse anual do Governo do Estado de São Paulo
ao Conservatório Dramático e Musical de Tatuí, condizente com o potencial da
instituição e a sua importância social e cultural, cujos valores atuais são
absolutamente insuficientes;
• Que seja enviada a este Conselho cópia do mencionado "plano de ampliação e
modernização do Conservatório, que tem cinco anos, e que começará em janeiro de
2021."
• Pela oficialização, pelo Governo do Estado, da mudança no Plano da O.S.
vencedora;
• Que sejam cumpridas as promessas em “Nota sobre o Conservatório de Tatuí” de
18/12/2020, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa:
o “Nenhum corte será realizado”, ou seja, serão mantidos e/ou ampliados:
▪ as ações que vêm sendo realizadas pelo Conservatório;
▪ os cursos de música e artes dramáticas;
▪ quadro de professores e professoras, monitores e monitoras;
▪ as bolsas-ofício.
o Revitalização do Conservatório:
▪ Segundo o governo, “como o processo de convocação foi feito antes
da aprovação do orçamento de 2021, o projeto vencedor levou em
consideração a necessidade de cortes, para que fosse possível cobrir
o déficit financeiro encontrado. Mas o orçamento aprovado ontem
pela Assembleia Legislativa traz recursos suficientes para manter os
cursos e os profissionais e ao mesmo tempo viabilizar o ajuste
necessário por conta dos problemas identificados. Assim, o Governo
vai resolver a grave crise administrativa e financeira existente e
revitalizar o Conservatório”, continua a declaração oficial do Estado.