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ASSUNÇÃO - PARAGUAI
Julho – 2015
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ASSUNÇÃO - PARAGUAI
Julho – 2015
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FOLHA DE APROVAÇÃO
COMISSÃO EXAMINADORA
____________________________________________
Professor Dr. Osvaldo Arsênio Villalba
Presidente
____________________________________________
Professora Dra. Emígdia Garcia Ferreira
Membro
____________________________________________
Professora Dra. Rutilia Ramirez Sanches
Membro
____________________________________________
Prof. Dr. Hercules Farnesi Cunha
Orientador
Assunção - Paraguai
2015
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Senhor, meu Deus, por estar ao meu lado, sempre iluminando
os meus caminhos e me encorajando a caminhar e nunca desistir.
Ao meu amado esposo Sandro Garabed Ischkanian, que esteve presente em
cada capítulo desta dissertação, me apoiando com o seu conhecimento e com as
suas leituras sábias e críticas. Meu singelo obrigado, por compreender mais uma
etapa das nossas vidas, se fazendo presente em todos os momentos alegres, e
também nos tristes. Mas o mais importante é que, a cada instante, conseguiu
compreender o meu silêncio, as minhas angústias, ausências, inquietudes,
transmitindo sempre a segurança necessária para que eu pudesse construir este
caminho.
Um carinho especial aos meus pais, minhas valiosas pérolas e que me
incentivaram todos os instantes, sempre com palavras simples, mas sábias e
acolhedoras. Vocês são exemplos de força e coragem e fazem parte do meu ser.
À minha família, pelo grande apoio ao longo desta caminhada. À minha sogra
e minhas cunhadas que torceram e torcem por mim. À minha irmã Silvia Drumond de
Carvalho, por ajudar-me na realização da pesquisa.
Ao João Oscalino, Durvalino Pereira Leite, Maria de Lourdes Pereira Leite,
Nazi Azeno e a todos da casa ―Amor à Caridade‖.
Agradeço, também, a todos por acreditarem na minha capacidade de poder
fazer algo diferente para o contexto da inclusão dos alunos com TEA nas escolas.
Sou grata pelos diversos educadores, pais e crianças que conheci nos
momentos de partilha de experiências e vivências, elas foram a razão deste projeto.
Agradeço aos que contribuíram, direta ou indiretamente, para a conclusão deste
trabalho educacional e que envolve vidas de diversos anjos azuis no ―Projeto:
Autismo e Educação.‖ Muitos autistas vivem em meio ao preconceito e a
discriminação, mas aprendi que eles respondem ao descaso social e educacional
com um sorriso ingênuo, revelando, assim, que a deficiência está naqueles que não
conseguem enxergar as suas verdadeiras eficiências.
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intelectualmente de muitos mitos que envolvem o convívio com uma criança com
Transtorno do Espectro do Autismo.
Aos idealizadores dos programas educacionais da SEMED e ao Sr. Prefeito
de Manaus, Arthur Virgilio Neto, pela oportunidade dessa maravilhosa pesquisa.
Aos pais de crianças com TEA/TGD, pela confiança no ―Projeto: Autismo e
Educação‖ e a todas as crianças com as quais trabalhei no decorrer da pesquisa.
Tem gente que aparece em nossas vidas e iluminam, agradeço à professora
mestra Leda Ribeiro pelas orientações nesse trabalho.
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RESUMO
Baseando nas legislações, métodos e técnicas vigentes para pessoas com Transtorno do
Espectro do Autismo ou Transtorno Global do Desenvolvimento, esta pesquisa teve como
objeto revelar que o método de Portfólios Educacionais do ―Projeto: Autismo e Educação‖ é
uma estratégia facilitadora do processo de ensino e aprendizagem das pessoas autistas. O
objetivo geral foi o de explorar os efeitos do método de Portfólio como incentivo à
criatividade das habilidades e suas contribuições para a criação de alternativas práticas de
promoção da inclusão em Educação. Os objetivos específicos foram investigar, por meio de
acompanhamento pedagógico, em Espaços Educacionais das zonas Oeste e Sul de
Manaus, como a inclusão de alunos autistas ocorre; Elaborar um programa experimental,
com bases nos métodos e técnicas reconhecidas para autistas, denominado Método de
Portfólios ―Projeto: Autismo e Educação‖, para o desenvolvimento do processo criativo,
cognitivo e das habilidades dos alunos autistas, a partir dos dados expostos pelos
educandos que freqüentam esses Espaços Educacionais; Aplicar, em caráter exploratório, o
programa experimental do método de portfólios para viabilizar possibilidades gradativas no
desenvolvimento das habilidades dos alunos com Transtorno do Espectro do Autismo;
Propor, a partir dos resultados obtidos, alternativas curriculares práticas à formação inicial e
continuada para a inclusão em educação de alunos autistas. De natureza quantitativa, este
estudo foi desenvolvido com sujeitos que integram as comunidades educativas de Espaços
Educacionais das zonas Oeste e Sul de Manaus. Os dados foram recolhidos por meio de
um questionário construído especificamente para esse efeito. A formação especifica e as
experiências de trabalho com alunos com Transtorno do Espectro do Autismo, por meio do
Método de Portfólios Educacionais do ―Projeto: Autismo e Educação‖ revelaram que o
autista pode desenvolver-se nas questões educacionais quando o método empregado lhe
oferece possibilidades de um currículo adaptado, no qual contemple perspectivas
relacionadas aos métodos e técnicas especificas para pessoas com Transtorno do Espectro
do Autismo. A partir dos resultados positivos e que permearam o ―Projeto: Autismo e
Educação‖, em caráter experimental de formação continuada sobre Educação e Autismo,
pais, terapeutas, mediadores e educadores do Brasil, que tomaram conhecimento do projeto
a partir dos envolvidos, pediram que os portfólios fossem disponibilizados e, assim, houve a
elaboração de um webfolio em um blog, para captação de informações e material didático
para autistas, além de cursos EAD na plataforma Buzzero.com Cursos Online, onde o
referencial teórico-metodológico utilizado para a estruturação teve como base evidenciar
que o conhecimento, a criatividade e a produção escrita são incentivadas quando se utiliza
os portfólios como instrumento na aprendizagem de pessoas com Transtorno do Espectro
do Autismo.
ABSTRACT
Based on the legislation, methods and techniques for people with Autism Spectrum Disorder or
Pervasive Developmental Disorder, this research had as object reveal that the method of Educational
Portfolios of "Project: Autism and Education" is an enabling strategy of the teaching learning process
of autistic people. The overall objective was to explore the effects of portfolio method as an incentive
to creativity skills and their contributions to the creation of alternative practices to promote inclusion in
education. The specific objectives were to investigate, by means of educational support in Educational
Spaces areas west and south of Manaus, such as the inclusion of autistic students occurs; Develop an
experimental program, with bases in the methods and techniques recognized to autism, called Method
Portfolio "Project: Autism and Education," for the development of the creative, cognitive process and
abilities of autistic students, from the data presented by the students that They attend these
educational spaces; Apply in exploratory character, the experimental program of portfolios method to
enable gradual possibilities in developing the skills of students with Autism Spectrum Disorder;
Proposing, based on the results obtained, alternative curriculum practices to the initial and continuing
education for inclusion in education of autistic students. Quantitative nature, this study was conducted
with subjects that are part of the educational communities of west and south Educational Spaces of
Manaus areas. Data were collected via a questionnaire specifically constructed for this purpose. The
specific training and work experiences with students with Autism Spectrum Disorder, through the
Educational Portfolio Method "Project: Autism and Education" have revealed that autism may develop
in educational issues when the method employed offers possibilities an adapted curriculum, which
contemplates perspectives related to specific methods and techniques for people with Autism
Spectrum Disorder. Based on the positive results and that permeated the "Project: Autism and
Education" for experimentation purposes of continuing education on Education and Autism, parents,
therapists, mediators and educators from Brazil, who took knowledge of the project from involved,
asked portfolios were available and thus there was the development of a Webfolio on a blog, to
capture information and educational materials for autism, as well as distance learning courses in
Buzzero.com platform Online courses where theoretical and methodological framework used to
structureIt was based on evidence that the knowledge, creativity and written production are
encouraged when using portfolios as a tool in learning of people with Autism Spectrum Disorder.
RESUMEN
Sobre la base de las leyes, métodos y técnicas para personas con TEA, este estudio fue demostrar
que el método objeto de los Portfolios Educativos ―Projeto: Autismo e Educação‖ es una estrategia
para facilitar el proceso de enseñanza y aprendizaje de las personas con TEA. El objetivo general fue
explorar los efectos del método de lo Portfolio como un incentivo a las habilidades de creatividad y
sus contribuciones a la creación de prácticas alternativas para promover la inclusión en la educación.
Los objetivos específicos fueron a investigar, por medio de apoyo a la educación en los Espacios
Educativos zonas oeste y sur de Manaus, como la inclusión de los alumnos con TEA se produce;
Desarrollar un programa experimental, con bases en los métodos y técnicas reconocidas para autista
llamado Método Portfolio ―Projeto: Autismo e Educação‖, para el desarrollo de creativo, cognitivo y
habilidades de los alumnos con TEA, proceso de datos expuestos por los estudiantes que asisten a
estos espacios educativos; Aplicar en la exploración, el método de los portfolios de programa
experimental ―Projeto: Autismo e Educação‖, para permitir posibilidades graduales en el desarrollo de
las habilidades de los alumnos con TEA; Proponer, en base a los resultados obtenidos, alternativas
prácticas curriculares en la formación inicial y continua para la inclusión en la educación de los
alumnos con TEA. Cuantitativo, este estudio se llevó a cabo con los sujetos que forman parte de las
comunidades educativas de Espacios Educativos oeste y al sur de las zonas Manaus. Los datos se
recogieron a través de un cuestionario construido específicamente para este propósito. Las
experiencias de formación y trabajo específicas con alumnos con TEA, a través de lo Portfolio Método
Educativo ―Projeto: Autismo e Educação‖ reveló que el autista puede desarrollarse en temas
educativos cuando el método empleado ofrece posibilidades de un currículo adaptado, que contempla
perspectivas relacionadas con los métodos y técnicas específicas para personas con Trastorno del
Espectro Autista. Basado en los resultados positivos y que impregnaba El ―Projeto: Autismo e
Educação‖, a modo de prueba para la educación continua sobre la Educación y el autismo, los
padres, terapeutas, mediadores y educadores de Brasil, que tomó conocimiento del proyecto de
participar, pidió a las carteras estaban disponibles y por lo tanto no era el desarrollo de una web Folio
en un blog para capturar información y materiales educativos para el autismo, así como cursos de
educación a distancia en la plataforma en línea donde cursos Buzzero.com marco teórico y
metodológico utilizado para la estructura se basa en la evidencia de que se anima a los
conocimientos, la creatividad y la producción a escribir cuando está utilizando portfolios como
herramienta en el aprendizaje de las personas con TEA.
Palabras Clave: Autismo, Método de Portifolio, Formación del Profesorado, Inclusión, Familia.
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ABREVIATURAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 16
CAPÍTULO 1 .................................................................................................................. 19
1,1 O PORTFÓLIO ...................................................................................................... 19
1.2 POR QUE USAR O PORTFÓLIO? ........................................................................ 21
1.3 COMO IMPLEMENTAR O MÉTODO DE PORTFÓLIOS? ...................................... 21
1.4 O PORFÓLIO EDUCACIONAL ................................................................................ 21
1.5 O PORTFÓLIO DEMONSTRATIVO ........................................................................ 23
CAPITULO 2 .................................................................................................................. 24
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO AUTISMO .............................................. 24
2.2 DEFINIÇÃO DE ESPECTRO DO AUTISMO............................................................ 28
2.3 ETIOLOGIA.....…….......................................…………………………….................... 39
2.3.1 Teorias Psicogenéticas.........……………..........………...……............................. 40
2.3.2 Teorias Biológicas ........………………..................….……................................... 41
2.3.3 Teorias Psicológicas.........…………...........……...……………............................. 42
2.3.4 Teoria da Mente..........………..........………………………..................................... 42
2.3.5 Teorias alternativas.......………......………………………….................................. 43
2.4 EPIDEMIOLOGIA......……………………………….................................…................ 45
2.4.1 Características Gerais do Comportamento Autístico ………….....…............... 46
2.4.2 Transtornos Associadas ao Espetro de Autismo............................................ 49
2.4.3 Diagnóstico e Avaliação ...................…………………………………................... 59
2.4.4 Sentido educacional e critérios do DSM-IV .…................................................. 62
2.4.5 Diagnóstico Diferencial ........………………………………….............................. 66
CAPÍTULO 3 .................................................................................................................. 67
3.1 AUTISMO: MODELOS SISTEMATIZADOS DE INTERVENÇÃO .......................... 67
3.1.1 Nota preambular.....………………......................……………................................ 67
3.1.2 Modelos de Intervenção de Natureza Psicanalítica ..........……........................ 68
3.1.3 Modelos de Intervenção de Natureza Comportamental................................... 68
3.1.4 Modelos de Intervenção de Natureza Cognitivo .............................................. 69
3.1.4.1 Modelo TEACCH......…….......……………………………..................................... 70
3.1.4.2 Programa Portage......….....………………………………..................................... 73
3.1.4.3 Modelo Floortime.......…………......………………………..................................... 73
3.1.4.4 Modelo Sonrise.......…………………..........……..………..................................... 74
3.1.4.5 Terapia Ocupacional ......…………………………………..................................... 77
3.1.4.6 PECS – Sistema de comunicação por Figuras....……........................................ 78
3.1.4.7 O método de portfólios do Projeto: Autismo e Educação .................................. 79
12
CAPILUTO 4 .................................................................................................................. 92
4.1 Método de portfólios do Projeto: Autismo e Educação............................................. 92
CAPÍTULO 5 .................................................................................................................. 92
5.1 INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA INCLUSIVA…….................................................... 92
5.1.1 Plano de Intervenção Pedagógica……………..............….................................. 92
5.1.2 A Família e a criança com Transtorno de Espectro de Autismo..................... 109
5.1.3 Conceito de Inclusão....…………………………………........................................ 113
5.1.4 Procedimentos específicos....……………......………………...........…................ 117
6 METODOLOGIA.......................................................................................................... 120
6.1 TIPO DE INVESTIGAÇÃO....………….........................………………..............…..... 120
6.2 QUESTÃO DE PARTIDA....………………………........................……..............…..... 120
6.3 OBJETIVOS DE INVESTIGAÇÃO....…………….............………...........……………. 121
6.4 GRUPOS DE ESTUDO....…………………………..................................................... 122
6.5 INSTRUMENTAÇÃO DE RECOLHA DE DADOS................................................... 122
6.5.1 Pressupostos científicos......…………………………….....……........................... 122
6.5.2 Aplicação do questionário............………………..……………............................. 126
6.6 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ....................................................................... 127
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 01: Percentagem de cada um dos dois grupos de professores por 125
área de atuação profissional............................................................
LISTA DE TABELAS
INTRODUÇÃO
Num Espaço Educacional Inclusivo, ―todos têm lugar, são aceitos, apóiam e
são apoiados pelos seus colegas, e outros membros da comunidade, ao mesmo
tempo em que vêem as suas necessidades educativas serem satisfeitas.‖ (ODOM,
2007, p. 17)
A amostra representativa da população alvo deste estudo é constituída por 30
professores das zonas oeste e sul da cidade de Manaus, todos com experiência
profissional e envolvimento junto a alunos com TEA, exercendo funções de
professores na cidade de Manaus. Os portfólios planejados, foram desenvolvidos
para 30 alunos autistas da cidade de Manaus com idades de 3 anos a 10 anos,
cursando o Ensino Infantil (Maternal, 1º e 2º períodos) e Ensino Fundamental I (1º ao
5º ano) das respectivas escolas dos professores entrevistado.
18
CAPÍTULO 1
1.1 O PORTFÓLIO
CAPÍTULO 2
O termo autismo vem da palavra grega ―autós‖ que significa ―de si mesmo‖.
(MARQUES, 2000).
No momento atual, traduz-se no Transtorno Global do Desenvolvimento
(TGD) ou Distúrbio Abrangente do Desenvolvimento (PDD, em inglês) é uma
categoria que engloba cinco transtornos caracterizados por atraso simultâneo no
desenvolvimento de funções básicas, incluindo socialização e comunicação. Os
transtornos globais do desenvolvimento são:
Autismo, o mais conhecido;
Síndrome de Rett;
Transtorno desintegrativo da infância (síndrome de Heller);
Síndrome de Asperger, e
Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação, que inclui
(ou também é conhecido como) autismo atípico.
29
A. Um total de seis (ou mais) itens de (1), (2) e (3), com pelo menos dois
de (1), e um de cada de (2) e (3).
Diagnóstico CID-10
Os TID compreendem:
1- Autismo Infantil.
2- Autismo Atípico.
3- Síndrome de Rett.
4- Transtorno Desintegrativo da Infância.
5- Transtorno da Hiperatividade associada a retardo mental e movimentos
Estereotipados.
6- Síndrome de Asperger.
7- Outros Transtornos Globais do Desenvolvimento.
8- Transtornos Globais do Desenvolvimento, não especificado.
39
2.3 ETIOLOGIA
Devemos assumir que estas crianças nascem com uma incapacidade inata
para proceder da forma biologicamente correta ao contato afetivo com os
outros, tal como outras crianças nascem com outro tipo de incapacidades
físicas ou mentais. Kanner considera igualmente que o estado psicológico e
as relações dos pais das crianças com autismo originavam a síndrome de
autismo. (MARQUES, 2000, p. 54 apud GONÇALVES)
Foram realizados estudos sobre a função cognitiva nas crianças com autismo,
surgindo então, a teoria da mente. Esta teoria indica que as crianças com TEA, têm
um atraso no desenvolvimento para reconhecer os pensamentos de terceiros, isto é,
colocar-se no lugar do outro, imaginar o que sente e o que pensa. Apresenta
uma limitação ao nível das competências sociais, comunicativas e imaginativas, esta
dificuldade em desenvolver consciência de que os outros têm mente própria, conduz
a uma dificuldade de autoconsciência, o que por sua vez, leva a uma grande
alteração ao nível das relações interpessoais. (BARON-COHEN, 2008)
Para Jordan (2000), as limitações desta teoria traduzem-se na dificuldade em
conseguir prever o comportamento dos outros, e como a criança não compreende o
comportamento de terceiros, ganha medo e evita estar com as mesmas pessoas.
A criança apresenta dificuldade ao explicar o seu comportamento, e na
compreensão de que o seu comportamento pode afetar o que os outros pensam ou
sentem, logo, não apresentam consciência e motivos para agradar terceiros.
As limitações é a dificuldade ao nível da compreensão das emoções, o que
leva à ausência de empatia. Por último surge a dificuldade ao nível da compreensão
entre fatos reais e fictícios, como a mentira.
2.4 EPIDEMIOLOGIA
As crianças com TEA à medida que vão crescendo, tornam-se mais abertas à
participação passiva na interação social. Podem tratar as outras pessoas de forma
pouco usual, assim como, esperar que os intervenientes respondam a questões
ritualizadas de forma específica. Dado o déficit social que apresentam, têm ainda
dificuldade em identificar emoções e sentimentos no outro. (RIVIÉRE, 2001)
Apresentam uma forma particular de comportamento com objetos e pessoas,
vivendo no seu próprio mundo de sensações que elas próprias provocam, através de
movimentos estereotipados. Comportam uma aparência de auto-suficiência.
(NOVELLAS; VILOCA, 2003)
As crianças podem sentir dificuldades em manifestar afeto, criar aversão aos
afetos e manifestar ausência de contato visual ou de resposta à voz dos pais
(SIEGEL, 2008). Todo o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança com TEA
é afetado, isto porque os componentes cognitivos e afetivos encontram-se
intimamente ligados.
As crianças autistas são caracterizadas pela sua desarmonia. Para uma
criança com TEA a realidade é uma massa confusa de eventos, de pessoas,
lugares, sons e imagens, que interagem. Parece que nada tem limites claros, ordem
ou significados. (ALTIERI; PRATS; FARRERÓ, 2011)
47
De acordo com a Tríade de Lorna Wing (1979), referidos por Hewitt (2006,
p.56), apresentam-se as principais características comportamentais das TEA,
aborda;
1. Transtorno na interação social, limitação extrema na capacidade de se
envolver em convívios sociais que implicam interação mútua;
2. Transtorno na comunicação, comprometimento da capacidade de se
envolver em convívios sociais que impliquem a livre expressão da
comunicação quer receptiva ou expressiva;
3. Transtorno no jogo simbólico e repertório de interesses, pouca capacidade
de imaginar, como consequência destes transtornos a criança manifesta
um repertório restrito de comportamentos e interesses limitados e
obsessivos.
Significado de Comorbidade:
Comorbidade patogênica ocorre quando duas ou mais doenças estão
etiologicamente relacionadas;
Comorbidade diagnóstica ocorre quando as manifestações da doença
associada forem similares às da doença primária;
Comorbidade prognóstica ocorre quando houver doenças que predispõem
o paciente a desenvolver outras doenças. Comorbidades podem ser diagnosticadas
51
antes de surgir a linguagem verbal. São estes sinais que se evidenciam quando as
crianças comportam dificuldades na comunicação pré-verbal e nos estados sócio-
afetivos. (SIEGEL, 2008).
O tratamento do autismo infantil vai depender do tipo de autismo que a
criança possui e do seu grau de comprometimento, mas pode ser feito com:
Consumo de medicamentos;
Fonoaudiologia;
Terapia comportamental;
Terapia de grupo;
Psicoterapia;
Subsídio educacional, valendo-se das perspectivas do método de portfólio.
Síndrome de Prader-Willi.
TDA: Transtorno do Déficit de Atenção/hiperatividade.
estereotipados:
1. Preocupação absorvente com um ou mais padrões de interesses estereotipados
e restritos, anômalos quer em intensidade ou em objetivo;
2. Adesão aparentemente compulsiva a rotinas ou rituais específicos não
funcionais;
3. Maneirismos motores e estereotipados e repetitivos (por exemplo, sacudir as
mãos ou os dedos, rodar as mãos ou movimentos complexos de todo o corpo);
4. A preocupação persistente com partes de objetos.
Desenvolvimento anormal ou deficitário em pelo menos uma das seguintes áreas,
com inicio antes dos três anos de idade:
(1) interação social,
(2) linguagem usada na comunicação social, ou (3) jogo simbólico ou imaginativo.
FONTE: The Diagnostic and Statistical Manual, 4.ª edição, APA, 1994.
autismo tendo como base o DSM-IV, dificilmente não o é diagnosticado com base no
ICD-10. Tal como indica o quadro 2, os critério para diagnosticar o autismo são:
CAPÍTULO 3
Para Cumine (et al, 2008), as estruturas específicas que têm sido utilizadas
de forma eficaz, com crianças de idades e níveis de desenvolvimento diferentes,
incluem:
Estrutura Física; a organização física da sala é muito importante, no
contexto escolar, a delimitação clara das diversas áreas de trabalho e
das fronteiras que separam essas áreas vai permitir à criança uma
compreensão mais clara do meio e da relação entre os
acontecimentos. Assim, o espaço físico deverá estar bem definido de
modo que a criança compreenda onde cada área se inicia e termina,
ultrapassando deste modo dificuldades espaciais. As necessidades de
cada criança e assim como as áreas curriculares, serão os fatores que
determinarão a estruturação da sala, permitindo que todas as crianças
beneficiem de uma área de transição, onde todos os horários de
trabalho são expostos, e por onde passará cada aluno ao mudar de
uma área para a outra. Através destas pistas visuais, a criança
antecipará as atividades, criando uma maior estabilidade ao nível das
rotinas diárias. Os estímulos visuais e sonoros devem ser diminutos,
para que a criança se concentre melhor nas tarefas.
Horários das atividades; permitem comunicar à criança quais as
atividades que ocorrerão ao longo do dia, e qual a ordem em que
decorrerão. Elabora-se um horário para cada criança, que irá variar de
acordo com a avaliação das suas necessidades e compreensão do
mesmo. Poderá variar ainda quanto ao nível da sua duração (diário,
semanal, bimestral, trimestral, semestral) e ao nível dos símbolos
escolhidos (escritos, fotos, pictogramas, etc.). Este horário deverá ser
claro a nível visual, organizado de cima para baixo, ou da esquerda
para a direita, sendo afixado num local constantemente visível
para a criança. É aconselhável apresentar atividades mais
interessantes, alternadas com atividades menos interessantes, assim
como, atividades que exigem maior esforço físico com atividades mais
serenas. Este método vai fomentar o aumento da motivação nas
atividades que menos interessam à criança. As crianças aprendem a
utilizar os horários e a seguir instruções desenvolvendo competências
72
criança?‖. Quando a criança sente-se segura e aceita por este adulto, maior é a sua
receptividade ao convite para interação que o adulto venha a fazer.
Nesta abordagem centrada na criança, adotamos um estilo responsivo de
interação, onde procuramos responder aos sinais de comunicação que a criança nos
oferece, sejam estes verbais ou não verbais. Em primeiro lugar, observamos o
estado de disponibilidade para interação em que ela se encontra a cada momento.
Ao notarmos uma criança em comportamento repetitivo e/ou de isolamento, caso
este não seja um comportamento que promova qualquer risco para a sua integridade
física, dos outros, ou da propriedade, permitimos que o comportamento ocorra, para
que a criança possa fazer a sua auto-regulação e satisfazer suas necessidades
sensoriais. Além de respeitarmos o ritmo da criança, nos juntamos a ela, fazendo o
que ela faz naquele momento. Esta experiência demonstra para a criança a nossa
aceitação e nos informa sobre muitos de seus interesses, assim como de suas
necessidades e preferências sensoriais. Estas valiosas informações nos ajudam em
outros momentos a criar atividades interativas que atendam a estas necessidades e
preferências da criança.
Enquanto nos juntamos à criança, permanecemos disponíveis para interagir
com ela quando ela quiser e puder. Quando ela passa a nos oferecer ―sinais verdes
para a interação‖, como por exemplo, olhando em nossa direção ou para o que
estamos fazendo, olhando em nossos olhos, falando conosco, oferecendo algum
contato físico, seu estado de disponibilidade está mudando e ela está agora
interessada em nós e em nosso mundo. Aproveitamos esta oportunidade para
tentarmos então criar alguma atividade interativa com ela, convidando-a para
interagir conosco em uma atividade que possa ser interessante e divertida para ela.
Enquanto a criança participa da atividade ou da brincadeira, inserimos metas
educacionais personalizadas que ajudam a criança a aprender brincando. Quanto
mais motivada à criança estiver dentro da atividade, mais participações
conseguiremos solicitar dela e, de uma forma divertida, incentivá-la a superar suas
dificuldades e desenvolver suas habilidades.
No Programa Son-Rise, toda a aprendizagem acontece no contexto de uma
interação divertida, amorosa e dinâmica. A ênfase está na diversão. O mesmo
aplica-se para o trabalho com um adulto. As atividades são adaptadas para serem
motivadoras e apropriadas ao estágio de desenvolvimento específico do indivíduo,
qualquer que seja sua idade.
77
FONTE: http://autismosimonehelendrumond.blogspot.com
O conjunto de informações obtidas com a análise dos registros, integrado às
observações, permite que ele possa refletir sobre os avanços educacionais do aluno
com TEA. Esse processo constitui para o aluno com o TEA um momento de
aprendizagem, uma vez que ele tem a chance de pensar sobre suas ações e
produções, além da oportunidade de articular noções e conceitos aprendidos. Trata-
se de um processo metacognitivo de pensar sobre a própria aprendizagem,
organizando suas idéias para transformá-las a partir de suas competências. (COLL;
PALACIOS; MARCHESI, 1995)
O método de portfólios do Projeto: Autismo e Educação compreendem que
não há crianças iguais, nem dentro da mesma família; portanto, não aprendem da
mesma forma igual, mesmo estando diante do mesmo objeto.
Existem crianças com TEA chegam às escolas com diferentes saberes, que
foram adquiridos ao longo de suas experiências fora da instituição e caberá a está
ampliar a construção desse conhecimento, de forma externa e variada, ou seja,
respeitando a diversidade e compreendendo que necessitam de interação com seus
pares para que, a parir, dessa convivência, o adulto educador, não seja o único
parceiro na aventura do conhecimento e desenvolvimento de habilidades para a
transcendência.
83
A interação com pessoas e objetos para crianças autistas não tem o mesmo
significado que para outras crianças. De acordo com Coll, Palacios e Marchesi
(1995), isto não quer dizer que os autistas não tenham também motivações lúdicas,
sociais, comunicativas, sensoriais e mesmo epistemológicas.
Os professores deverão promover a aprendizagem e diante desse contexto o
método de portfólios é de grande valia, uma vez que os programas educacionais
sejam acompanhados de programas específicos de reforço que os definam e os
relacione com os comportamentos que se deseja alcançar.
As adaptações curriculares necessárias deverão ser ajustadas de acordo com
as necessidades de cada aluno, a fim de manter o equilíbrio necessário entre a
resposta ao grupo e a cada aluno do grupo. (COLL; PALACIOS; MARCHESI, 1995)
CAPÍTULO 4
aluno, como casas de banho etc. O aluno deve ter liberdade total para explorar toda
a zona que envolve a nova escola, e assim que processa toda esta informação,
numa segunda visita deve ser incentivado a participar nas atividades regulares. No
caso de alunos com TEA que não visitaram efetivamente o novo espaço a
frequentar, procura-se perceber junto dos encarregados de educação quais os
interesses do seu filho, para que num primeiro encontro possam ser apresentados
alguns objetos do seu interesse. (HEWITT, 2006)
Dado ao fato de os alunos com TEA não conseguirem prever consequências
com situações novas, deve ter-se especial cuidado, para que este não se oprima
com qualquer situação negativa, o que pode remeter o aluno para o isolamento ou
até mesmo para casos depressivos. O Professor deve explicar aos pais o quanto é
importante eles encorajarem os seus filhos a serem independentes, como tal, devem
despedir-se dos filhos à porta da escola, levando-os a um momento de calma
imediata.
Uma vez que existem aulas de manhã e no período da tarde, deve ser dada
ao aluno a possibilidade de frequentar os dois períodos, para terem noção da
realidade em que estão inseridos. Deste modo, todos os docentes envolvidos
também se manterão alerta para poderem intervir sempre que necessário. A
experimentação destas aulas não deve ser realizada em momentos confusos e com
muito ruído. Devem ser igualmente apresentados ao aluno, todos os elementos do
corpo docente, uma vez que o aluno poderá ter mais do que um professor.
(JORDAN, 2000)
da rodinha, deve mediado à criança o modo como nos deslocamos, para não
passarmos por cima de ninguém, indicando-lhe o trajeto para o seu lugar, que
deverá ser específico e de fácil acesso, nesse sentido o Sistema de Comunicação
Alternativa é de grande valia, uma vez que comunicação oral e comunicação visual
estarão relacionadas.
É sabido que os momentos de rodinha podem ser de distração fácil para
crianças com TEA levando-as à incompreensão da informação fornecida pelo
docente. Assim sendo, há que encorajar uma postura corporal correta à criança,
sentando-o próximo do professor, sozinho ou junto a um colega calmo. Pode
colocar-se ainda um cartão com o seu nome no lugar onde se vai sentar, para que
compreenda rapidamente a sua posição física. (JORDAN, 2000)
Muitas vezes, as crianças têm tendência a mexer nas roupas, cabelos etc.,
como tal, numa fase inicial pode ser necessário sentá-los dentro de um arco para
que desenvolvam uma conscientização do espaço. Como já referido, os alunos
tendem a reagir melhor às regras visuais do que às verbais.
Nestas áreas deve ter-se cuidado com as fontes de energia que se encontram
expostas, devendo estar tapadas ou assinaladas, uma vez que as crianças com TEA
poderão apresentar obsessões com tomadas. Em momentos de diálogos, pode
recorrer-se a recompensas para encorajar as crianças ao bom comportamento. A
utilização de canções e assuntos preferidos, também pode ser utilizada para facilitar
o momento de conversas diárias, onde todos expõem suas novidades. Se estes
momentos forem dirigidos por alguém conhecido facilitará os momentos de
transtorno e de compreensão. Em algumas situações, sentar junto ao docente será o
mais seguro, uma vez, que este poderá atrair a atenção da criança sempre que for
necessário. Quando o aluno se mostra irrequieto utilizam-se folhas com letras, ou
projetam-se as letras na parede, para atrair a atenção do aluno e/ou ocupar-lhe as
mãos irrequietas.
Os portfólios educacionais do Projeto: Autismo e Educação nos revelam que
para algumas crianças com TEA pode ser necessário um estímulo processado em
três passos, ou seja, é dada uma instrução verbal, repete-se a mesma
acompanhada de um gesto e em seguida acompanhada de uma orientação física.
Estas crianças necessitam de mais tempo no processamento da informação.
96
alternativa, ajuda o aluno a gerir o tempo que não foi estruturado, que
poderá eventualmente levar o aluno a comportamentos incorretos;
Revelar aos alunos a existência de uma área (espaço escolar) para a qual
possa recorrer em momentos de crise e ansiedade;
Quando existe o apoio a tempo inteiro por parte do professor de Educação
Especial ou mediador, deve incentivar-se à independência e autonomia dos
mesmos, evitando sentar os alunos ao colo (HEWITT, 2006);
Planificar estratégias e escolher materiais concretos que captem a atenção
do aluno, e lhe proporcione tempo para compreender ideias básicas;
Reduzir as instruções de voz e auditivas quando a criança responde a uma
tarefa de caráter visual-motora ou sensorial. Os estímulos auditivos podem
ser ignorados pelo aluno uma vez que não os compreende;
As tarefas devem ser apresentadas de forma visual, conferindo ao aluno
com TEA muitas vantagens, assim como, a alunos que apresentam
problemas ao nível da sequência temporal inerentes à linguagem verbal e
nesse sentido o método de portfólios do Projeto: Autismo e Educação
viabilizam diversas perspectivas educacionais que permitem o aluno a
participar coesamente dos contextos educacionais, no qual está envolvido;
Proporcionar um ambiente estruturado e previsível, dando consistência e
clareza, para que os alunos autistas saibam onde as coisas pertencem, e o
que é esperado deles em situações específicas, antecipando o que vem a
seguir;
Fornecer um esquema visual diário personalizado;
A programação da utilização dos portfólios deve fazer parte da
programação da sala de aula em geral;
As tarefas devem ser variadas para evitar o tédio, devendo ser alternadas,
para reduzir a ansiedade e possivelmente prevenir comportamentos
inadequados;
Todas as atividades podem ser planejadas de forma visual, em gráficos
colocados perto das mesas dos alunos, para que possam entender as
alterações surgidas nas atividades;
Ajudar os alunos a aprender a utilizar o horário de forma independente e
pessoal, para suavizar tempos de transição para outras atividades;
98
Lidar com a ecolalia do seguinte modo, num nível mínimo, avaliar de que
modo está a ser usada e que forma se assume. Posteriormente, procurar
saber se a criança percebeu que numa conversa é necessário esperar pela
sua vez para falar. Num nível mais avançado, há que observar se a criança
continua a repetir uma alocução ouvida até ter atingido um determinado fim
(SIEGEL, 2008);
Ensinar o que é a comunicação, levar a criança a utilizar todos os meios
que tem ao seu alcance para comunicar e encarar todas as diversas
formas de comunicação existentes, sejam elas expressões faciais ou
gestos. Encorajar sempre a criança, ao longo deste processo, ao nível da
compreensão da comunicação para que possa utilizar espontaneamente a
linguagem (RIVIÉRE, 2001).
Papel do Professor:
É notória a importância do professor na sala de aula, como tal este deve
apresentar várias características, tais como:
Apresentar conhecimento dos vários modelos de intervenção,
principalmente aos que evidenciam conteúdos, objetivos,
procedimentos metodológicos e formas de avaliar, contidos nos
portfólios educacionais do Projeto: Autismo e Educação. As crianças
108
psicológico, na busca desesperada de uma solução, que leve o seu filho a preparar
o futuro. (CORREIRA, 2003)
As crianças com TEA podem provocar nas suas famílias, níveis de ansiedade,
preocupação e instabilidade elevados. Assim sendo, as famílias deverão
compreender todo o processo para que apresentem estratégias e atitudes
educativas de modo a promover um desenvolvimento harmonioso para os seus
filhos. Os pais desempenham ainda um papel fundamental podendo assistir e
fornecer informações essenciais, que se encontram relacionadas com a descrição
das capacidades e necessidades da criança. Um diagnóstico mal elaborado
proporcionará à criança um tratamento que não é adequado, podendo ser prejudicial
ao seu desenvolvimento. (CORREIA, 2008)
Ao adotar-se uma abordagem centrada na família, “o principal objetivo de
recolher e perceber a informação sobre a família é assegurar que os esforços
de intervenção são guiados pelas prioridades da família e que as intervenções
têm por base os seus recursos.” (CORREIRA, 2003, p, 105)
Para que todo este processo flua, a fim de se compreender de que modo
os Pais influenciam o desenvolvimento dos seus filhos, é necessário estabelecer
laços intrínsecos de confiança mútua. Devem então ser definidos objetivos
concretos e realizáveis de forma a não criar expectativas inatingíveis.
Os Pais devem ser encarados como coterapeutas, tendo um papel relevante
em todo o processo, desde a avaliação inicial até à implementação do programa
específico, numa base comportamental. Têm como função principal consolidar e
proceder à generalização para outros contextos, das aprendizagens realizadas com
o grupo de técnicos. (SILVA, 2007)
Como se perdessem a criança que idealizaram, quando confrontados com o
diagnóstico dão início a um processo psicológico de aceitação (Marques, 2000).
Existe um ciclo de sofrimento e dor que se traduz em vários patamares, sendo
eles, negação, culpabilidade, isolamento, pânico, raiva, negociação, esperança,
aceitação, diagnóstico, choque e depressão.
O padrão típico começa pela ―Depressão e choque‖, sendo esta fase
caracterizada por uma tristeza profunda, logo após o diagnóstico da criança com
TEA. Muitas vezes este sentimento associa-se a uma culpabilização e
responsabilização da perturbação dos filhos. A fase da negação ocorre logo após o
diagnóstico, precedido da invisibilidade das características da criança ou até pela
111
de cada um, e garantir um bom nível de educação para todos, utilizando currículos
adequados, uma boa organização escolar, estratégias pedagógicas, utilização
de recursos e uma cooperação com as respectivas comunidades. É necessário
todo um conjunto de apoios e de serviços para dar resposta às diversas
necessidades especiais existentes dentro da escola. (UNESCO, 1994)
As turmas especiais só devem ser utilizadas quando não existe resposta
às necessidades dos alunos, num meio que insere crianças PNEE. Uma vez que os
alunos PNEE apresentam uma variedade de necessidades pedagógicas, tendo
várias intensidades e durabilidade, o que leva a mais problemas de aprendizagem, a
integração não poderá somente passar pelo direito de o aluno frequentar a
classe regular. Se a integração física não se articular com a integração social e
acadêmica, esta prática tornar-se-á irresponsável e pouco viável. As vantagens da
inclusão passam pelo respeito das aprendizagens de todos os alunos podendo
tornar-se num modelo educativo bastante rico para toda a comunidade escolar.
A comunidade proporcionará uma educação igual e com qualidade para todos
os alunos PNEE. Facilitará a comunicação entre os professores do ensino regular e
os de ensino especial, de modo a que exista compreensão e aceitação dos
programas curriculares a serem seguidos. A colaboração entre os professores
de educação especial, os mediadores e os professores titulares leva a uma
maior eficácia, do que os colegas que ensinam em aulas tradicionais.
(CORREIA, 1999).
Com a Declaração de Salamanca esclarecem-se então as orientações no
intuito de que todos os países desenvolvam os mesmos esforços na
implementação da escola inclusiva. Tal declaração orienta para um novo
entendimento do papel da escola regular na educação de alunos PNEE, sendo que,
toda a criança tem o direito fundamental à educação e deve ter oportunidade de
conseguir e manter um nível aceitável de aprendizagem, toda a criança tem
características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem
diferentes, os sistemas de educação devem ser planeados e os programas
educativos implementados tendo conta a diversidade destas características e
necessidades, devem ainda adequar através de uma pedagogia centrada na
criança, que vá ao encontro destas necessidades. As escolas regulares apresentam
melhores meios, capazes em combater atitudes discriminatórias, criando
comunidades abertas e solidárias e construindo uma sociedade inclusiva, atingindo
116
uma educação para todos. Promovem ainda educação ajustada à maioria dos
alunos e ressalvam a eficiência na relação custo qualidade de todo o sistema
educativo. (UNESCO, 1994).
A inclusão exige uma reestruturação da escola e do currículo da mesma para
que todos os alunos tenham uma aprendizagem conjunta, sejam PNEE e Autistas ou
não, com capacidades diversas assim como necessidades e características. Como
tal, cabe à escola afastar-se dos modelos de ensino e aprendizagem que se centram
no currículo, dando importância aos modelos que se encontram centrados no aluno.
Cabe ainda à escola a construção do ensino tendo como base as suas
necessidades singulares. A integração considera assim, a heterogeneidade e a
diversidade. Permite a partilha dos mesmos espaços sociais, nomeadamente, a
escola, o trabalho, o lazer, entre outros. Preocupa-se quando o aluno é colocado
num ambiente escolar adequado ou não, e defende que a relação entre alunos
PNEE e sem NEE trará benefícios a nível pessoal, social e acadêmico para
ambos. Pondo isto, a integração de alunos PNEE em turmas regulares
apresenta um fator positivo, quer na interação social com os outros, quer no seu
autoconceito. (COSTA, 1997)
Embora a educação inclusiva seja vista como uma evolução educacional,
na verdade é sim uma ruptura dos os valores da educação tradicional,
assumindo, um novo paradigma de escola, organizado em conformidade com
um conjunto de valores de respeito, solidariedade, e qualidade para todos os seus
alunos. Respeitadora das várias culturas, capacidades e possibilidades de evolução
desses mesmos alunos, estabelece um objetivo muito ambicioso, uma vez que
implica a mudança de estratégias e atitudes dos agentes educativos, e não
apenas por um conjunto de documentos legais. Como tal, a escola deixa de
ser um lugar onde se aprende a ler e a escrever, passando a ser um local onde o
aluno aprende a viver, a participar com os outros em atividades, a conhecer
melhor a comunidade onde se insere e a lidar com pessoas diferentes e nesse
sentido os portfólios educacionais do Projeto: Autismo e Educação elencam diversas
possibilidades de um fazer pedagógico, voltado para o desenvolvimento das
habilidades do aluno com TEA. Este novo movimento, leva-nos para a gestão de
heterogeneidades e a promover a igualdade de sucesso dos alunos com TEA,
isto porque não é possível assegurar a igualdade entre todos, se não
tratarmos os alunos em conformidade com a sua diversidade. Está fortemente
117
ligado à escola mas não deve ser confinado a esse espaço e a esse tempo,
isto é, a inclusão é uma responsabilidade social que ultrapassa o período estrito da
educação formal, e atribui à sociedade um papel formativo, pela valorização e
incorporação de experiências adquiridas e exercidas noutros contextos.
(RODRIGUES, 2001)
Desta forma, a inclusão apresenta-se como um processo que se desenvolve
ao longo da vida do indivíduo, através de um envolvimento na escola, no trabalho,
em atividades de recreio, na família e o mais próximo possível do meio onde está
inserido, com o objetivo de melhorar a sua qualidade de vida. (RODRIGUES, 2001)
Os portfólios do Projeto: Autismo e Educação, revelam que a educação
adaptada a cada aluno tem um caráter preventivo e compensatório, pois os
primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento pessoal e
social do indivíduo. É ainda importante que a comunidade disponha e permita o
acesso a todos os recursos físicos e didáticos para a melhoria da aprendizagem
destes alunos. (SALINAS, 2003)
Os portfólios do Projeto: Autismo e Educação têm por objetivo realizar a
aprendizagem em conjunto com professores e grupos de pares, ao qual pertence
cada um dos indivíduos a educar, visando sempre a valorização de saberes e
experiências com o seu nível de funcionalidade, numa perspectiva educacional para
o desenvolvimento de habilidades.
criança com TEA que o planejamento coeso, para não haver a mínima alteração da
rotina diária da criança com TEA, uma vez que essa ―pode causar‖ um transtorno
que por sua vez pode perdurar durante o seu dia escolar.
O método de portfólios do Projeto: Autismo e Educação, é fundamental para a
elaboração de um Programa Educativo Individualizado (PEI), antes das primeiras
semanas do novo ano letivo ou novo semestre escolar, uma vez que este traz
benefícios educacionais e comportamentais ao aluno. Planejar é extremamente
importante, quando o professor ―não traça um planejamento para o desenvolvimento
de habilidades pelo método de portfólios‖, a criança com TEA pode desenvolver
alguns padrões e comportamentos de aprendizagem negativos, ―é importante que a
escola seja integralmente inclusiva. E o método de portfólios permite que diversos
preparativos um Programa Educativo Individualizado, sejam estabelecidos no início
de cada novo período letivo com muito mais regularidade.‖ (HEWITT, 2000, p.
104)
Em suma, para uma inclusão efetivamente de sucesso, através do método de
portfólios educacionais, junto de alunos com TEA no ambiente escolar regular,
seguem-se alguns aspectos relevantes que devem ser estabelecidos no
planejamento dos portfólios, analisando-se Riviére (2001), Siegel (2008) e Ministry of
Education (2000):
Estabelecer uma comunicação regular e de compreensão casa/escola;
Respeitar integralmente a experiência parental e o conhecimento
especializado que têm do seu filho;
Efetuar reuniões progressivas de revisão de relatórios;
Integrar objetivos específicos e fundamentais nos Programa Educativo
Individualizado, através do método de portfólios;
Estabelecer o Programa Educativo Individualizado para os novos
períodos letivos durante o processo de familiarização;
Mostrar flexibilidade e ter em consideração a forma de pensar única e
alternativa de alguém com TEA, ao serem planeadas escolhas
profissionais.
120
5 METODOLOGIA
5 1. TIPO DE INVESTIGAÇÃO
tratamento dos dados ali contidos. Para as perguntas abertas, cada resposta foi
categorizada através de uma análise de conteúdo e posteriormente elaboraram-se
gráficos relativos às mesmas, onde posteriormente se apresentam as conclusões,
fazendo uma correlação com a bibliografia pesquisada. Foram ainda introduzidos no
Microsoft Excel 2007, os dados obtidos relativamente às mesmas questões, onde se
categorizou cada uma das respostas dadas pelos profissionais, e onde se registrou
a frequência das unidades de sentido. Em relação às respostas dadas às perguntas
fechadas, utilizou-se a escala de Likert para o tratamento dos dados, e
apresentaram-se os resultados sob a forma de um quadro e gráficos respectivos,
onde se fará uma posterior interpretação das opiniões dadas e consecutivas
conclusões. Todos os dados foram introduzidos num programa de cálculo do
computador, isto é, Microsoft Office Excel 2007, onde se procedeu ao tratamento
dos mesmos sob a forma de gráficos e tabelas, convertidos em percentagens, média
e desvio padrão. Por fim será apresentada a interpretação de todos os resultados
obtidos e conseqüente a conclusão. Em anexo surgirá o guia do questionário dirigido
aos profissionais, relativas às questões abertas. Em Apêndice surgirá ainda, a tabela
com os resultados em relação às questões abertas, isto é, a categorização de cada
pergunta. Aos demais participantes das diversas regiões do Brasil, a coleta de dados
foi feita por meio de questionários eletrônicos utilizando-se a lista de email e site do
Projeto: Autismo e Educação e os também cadastrados no ambiente virtual de
aprendizagem da Plataforma Buzzero.com Cursos Online . Tais informações fazem
parte do anexo.
7.11 Influência benéfica da presença de alunos com TEA junto dos demais
colegas no cotidiano escolar
Sobre esse contexto 12 entrevistado relataram que é um fator positivo a
presença de alunos com TEA junto dos demais colegas no cotidiano escolar. Esses
educadores revelaram que nos últimos anos tem-se enfrentando grandes mudanças
no que diz respeito à educação. Uma delas é a inclusão de alunos com deficiência
nas escolas regulares.
Com o processo de inclusão toda a criança com algum tipo de deficiência tem
direito à escolarização. As escolas passam a ter de se reinventar, sendo necessárias
adaptações arquitetônicas e práticas pedagógicas que atendam toda a diversidade.
Para os que necessitarem a escola deve oferecer o atendimento educacional
especializado. 8 revelaram que essa boa influencia depende do contexto cultural dos
demais envolvidos, para aceitar o outro em sua diversidade e 10 revelaram que é
até bom essa relação, mas que a realidade distinta de cada um muitas vezes
promove a exclusão e o bullying.
139
Com a família: Entender quem são e o que querem, ale de constatar quais
suas expectativas, qual a contribuição que podem dar em relação ao aluno
com TEA, do que sentem falta em relação a escola.
Com a escola: Entender como é a escola, o que eles pregam sobre a
inclusão de alunos com TEA, quais seus valores éticos, quais seus objetivos
pedagógicos, quais seus referencias teóricos, como funciona a hierarquia da
escola, qual a ―linguagem‖ que aquelas pessoas falam. Quanto aos
professores, que tipo de formação eles tem, qual perfil, que publico é
atendido.
Com a professora: Entender como ela trabalha, o que ela entende da
condição do aluno com TEA, o que ela pensa sobre inclusão (uma professora
que não acredite no processo terá muita dificuldade por mais que se faça);
qual a cobrança sobre ela.
Com a criança: Analise funcional do comportamento. Demandas e
habilidades em cada área do desenvolvimento.
PEI: Plano de Ensino Individual. Elaboração - este é um documento muito
importante, pois norteará todo o trabalho da escola. Costumo embasar
legalmente este documento, bem como anexar as Notas Técnicas do MEC
acerca da educação inclusiva para escolas privadas. É aqui que constam as
modificações e adaptações necessárias, como será feita a avaliação, como
serão feitos os pareceres, o que constara no currículo, quais os manejos
necessários, enfim, é um ―mini‖ Projeto Político Pedagógico do aluno com
Transtorno do Espectro do Autismo, para que o mesmo tenha possibilidade
de galgar de forma coesa e harmônica no contexto educacional do Ensino
Infantil, Fundamental I e II e Ensino Médio.
142
7.17 Em que momento os alunos com TEA devem integrar as turmas regulares
Os 30 entrevistados concordaram, os embates travados nesta área são
enormes e, apesar da lei já estar em vigor ha algum tempo, ainda há despreparo,
falta de informação e ―empurra - empurra‖ no contexto escolar e familiar. Às vezes
a sensação que temos é que cada um fala uma língua e aquilo que mais é
trabalhado no método de portfólios do Projeto: Autismo e Educação, é o que mais
falta no processo de inclusão real de alguns patamares das turmas regulares. Ao
contrário do que muitas pessoas das turmas regulares pensam sobre autismo, o
aluno com TEA não tem um comportamento padrão, não tem ―sintomas‖ específicos
e iguais em todas as situações e casos. Na integração do aluno com TEA nas
turmas regulares existem alguns sinais precoces que podem ser observados e
mediados de como o outro pode lidar com a situação.
O aluno com TEA pode não se interessar pela voz humana, pode não seguir
com o olhar, pode não sorrir em resposta a uma brincadeira, pode ter atraso na
linguagem e não fazer parte do grupo de colegas, pode ser muito irritado. Não existe
autismo, existem autismos, isso significa que as habilidades e deficiências das
pessoas com TEA são muito variáveis. Muitas crianças com TEA podem ser
incluídas em turmas regulares, algumas delas sem que haja mesmo necessidade de
adaptação curricular. Outras vão precisar de adaptação curricular e apoio
psicopedagógico especializado. Existem crianças com TEA, no entanto, que têm
como comorbidade retardo mental grave ou problemas comportamentais graves,
que impossibilitam que se beneficiem em turmas regulares. Essas crianças se
beneficiam mais de ambientes adaptados para as suas especificidades, o que não
ocorre nas turmas regulares.
É necessário conhecer como se revelam estas crianças e adolescentes nas
turmas regulares, entender suas peculiaridades e aplicar estratégias e recursos que
facilitem seus processos de aprendizagem, socialização, autonomia e
independência. Nesse sentido os educadores entrevistados, evidenciaram que
existe a necessidade de turmas regulares adaptadas para receber crianças com
TEA, mas existe também a necessidade de turmas especiais para acolher as
crianças para as quais as turma regulares não são adequadas para desenvolver um
trabalho coeso.
143
7.19 Até que ponto, a formação dos educadores é suficiente para lidar com
alunos com TEA
Os 30 entrevistado revelaram que diante da complexidade que envolve as
características e comorbidade das pessoas autistas, a formação continuada não é
suficiente para lidar com os alunos com TEA no cotidiano escolar, regular e lotados
de educandos com diversas perspectivas intelectuais, educacionais e sociais. A
formação continuada dos educadores não implica em deixar de lado o grupo de
competências conhecidas como cognitivas (interpretar, refletir, pensar
abstratamente, generalizar aprendizados), dos alunos ditos normais. Até porque elas
estão relacionadas estreitamente com as sócio-emocionais. Os alunos que têm
competências sócio-emocionais mais desenvolvidas apresentam maior facilidade de
aprender os conteúdos acadêmicos.
No livro ―Uma questão de caráter‖, da Editora Intrínseca (p. 272), o escritor e
jornalista americano Paul Tough vai além, e coloca que o sucesso no meio
universitário não está ligado ao bom desempenho na escola, mas sim à
manifestação de características como otimismo, resiliência e rapidez na
socialização.
O livro ainda explica que competências sócio-emocionais não são inatas e
fixas: ―elas são habilidades que você pode aprender; são habilidades que você pode
praticar; e são habilidades que você pode ensinar‖, seja no ambiente escolar ou
dentro de casa. Nesse sentido compete aos educadores de forma individual buscar
trilhar caminhos que o levem ao profissionalismo para as boas competências sócio-
emocionais e assim, saber lidar com as diversas formas de todos serem e estarem
no mundo, sem deixar-se adoecer.
144
Fonte: http://autismosimonehelendrumond.blogspot.com
FONTE: http://autismosimonehelendrumond.blogspot.com
relação à organização visual e estrutura. O ambiente deve ser organizado por meio
de rotinas expostas em quadros e murais. Para que a criança possa reconhecer
onde ficam as atividades relacionadas a ela e assim colocá-las em prática.
Uma alternativa educacional bastante interessante, que o método de
portfólios do Projeto: Autismo e Educação retratam é o PECS (Picture Exchange
Communication System) é o método de comunicação alternativa nos indivíduos que
não conseguem falar, mas apontam para figuras como forma de conversação.
Os portfólios evidenciam a importância do cuidado com as escolhas das
imagens, uma vez que a aprendizagem dos autistas deve ser objetiva.
FONTE: http://autismosimonehelendrumond.blogspot.com
teoria e prática num único processo, não fragmentando os saberes. Mas, nesse
sentido, para a continuidade do progresso relacionado a esse trabalho, a
discordância dos 17% é muito valida, pois revelam que o projeto deve rumar em
busca das publicações das atividades para que todos possam ter acesso concreto a
esse material didático. Todos os trezentos e cinqüenta portfólios educacionais do
Projeto: Autismo e Educação estão disponíveis gratuitamente no Google, porém se
esses estivessem disponíveis nas redes gráficas seria mais viável e os custos com
impressões e xérox seriam menores. Na última década, o saber acumulado e
repetitivo do conteúdo de material didático, simplesmente transferido pelo professor
e completamente descontextualizado de informação, tem sido substituído pela
concepção de uma proposta atual de educação que propicie uma avaliação da
aprendizagem e esteja em consonância com as finalidades educativas,
considerando-se a importância de não se confundir a avaliação com mensuração de
conteúdos e, consequentemente, a aprovação. (HERNANDEZ, 2000)
O portfólio é um trabalho cuidadosamente tecido pelas mãos dos alunos com
TEA. Ao desenvolvê-lo, os alunos com TEA se revelam por meio de diversas
linguagens, pois evidenciam não o que ―assimilaram‖ de conteúdos, mas sim como
vão se constituindo seu desenvolvimento de habilidades. Nesse sentido o desenho,
o grafismo, o rabisco e a garatujem movimentos de ação e reflexão que traduz o
próprio ato de aprender do aluno autista. Um texto escrito, um texto visual, uma obra
artística, um conto ou uma poesia são linguagens que articuladas, expressam ideias,
expressam conhecimento.
E qual seria então o instrumento de avaliação coerente com esse processo de
aprender? Com certeza não poderia ser um instrumento de mensuração que
pontuasse resultados, mas sim um instrumento que desse espaço à criatividade, à
construção e que registrasse o percurso desse processo de construção do saber.
O Portfólio é esse instrumento que reflete a trajetória desse saber construído.
Também possibilita aos alunos e professores uma compreensão maior do que foi
ensinado (VIEIRA, 2002). Nesse sentido a maioria dos participantes da pesquisa
engloba a relevância do material e vão de encontro às ideias dos autores.
159
Gráfico 11: Percentagem quanto de como à inclusão de alunos com TEA, ajuda
os pares educacionais a aceitar as diferenças.
Questão 11 - Alunos com TEA devem ser integrados junto aos demais colegas
no cotidiano escolar
Questão 12 – As condições das escolas para a inclusão dos alunos com TEA
Gráfico 17: Percentagem quanto as opiniões dos alunos com TEA severos
frequentarem estabelecimentos de Ensino Especial
Gráfico 20: Percentagem em relação às opiniões de que o aluno com TEA deve
ser alvo de um tratamento ou educação diferenciada
Gráfico 22: Percentagem em relação às opiniões de que o aluno com TEA deve
utilizar somente espaços estruturados e materiais adaptados por meio do
método de portfólios.
CONCLUSÃO
ressaltaram que as políticas públicas devem sair do patamar educacional, uma vez
que são diversos projetos onde os recursos não chegam a escola e quando chegam
não atendem a demanda escolar ou estão vencidos. Há uma necessidade de
mudanças na graduação do cirurgião-dentista para que seja possível formar os
profissionais de forma generalista, humanista, crítica e reflexiva (LAZZARIN, 2007).
O resultado apresentado, em que 100% afirmaram que a metodologia de
ensino-aprendizagem utilizando o Portfólio facilita o processo de aprendizagem,
revela que a adoção de metodologias ativas devem ser implementados no projeto
político pedagógico da escola, pois permitiu uma maior autonomia dos estudantes,
interação entre alunos e professores e estimulado a criatividade e à pesquisa. O
desafio do professor é abrir e não fechar o diálogo com seus alunos, entendendo a
"Escola Inclusiva" como um amplo território da multiplicidade e variedade de
conhecimentos, para além de uma instituição da sociedade civilizatória. Nesse
contexto, o portfólio permite o "feedback" do professor com o aluno e seu processo
educacional, com o aluno se sentindo mais seguro e confiante para fazer as
modificações sugeridas ou necessárias ao desenvolvimento do material produzido.
Os benefícios que o Portfólio podem trazer às aprendizagens dos alunos com
TEA já são motivos de oscilação pedagógica e profissional, com tais dados
remetendo uma observação maior para os objetivos específicos levantados nesse
projeto, isto é, o conhecimento que apresentam em relação ao Transtorno do
Espectro do Autismo e a metodologia do método de portfólios, fincadas no antigo
modelo pedagógico, centrado na figura do professor. Diante de tal contexto, o
Portfólio pode preencher essa lacuna, a partir de mudanças nas metodologias de
ensino, permitindo melhorias no desenvolvimento das habilidades dos alunos com
TEA e, assim, estimulando um processo de educação permanente, levando, assim,
à necessidade de dar continuidade a esse projeto em outras zonas da cidade,
principalmente com o aprofundamento deste estudo, agora em nível de Doutorado
em Educação.
179
BIBLIOGRAFIA
FRITH, Uta. (2005). Autism Explaining the enigma. Malden: Oxford: Editor
Blackwell Publishing.
Hill, M. & Hill, A. (2005). Investigação por questionário. Lisboa: Edições Sílabo.
Legislativas
Lei n.º 46/86, art. 7º, de 14 de Outubro – Lei de Bases do Sistema Educativo.
APÊNDICES
188
Nas perguntas de escolha múltiplas, assinale com um X, a que melhor corresponde a sua expectativa profissional.
Questões:
10- É importante possuir formação especializada para trabalhar com alunos TEA e
assim desenvolver perspectivas educacionais focadas no método de portfólios que
possibilitem de uma aprendizagem satisfatória as habilidades daquele aluno?
( ) Concordo totalmente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo Totalmente.
12- O aluno com Transtorno do Espectro de Autismo deve ser alvo de um tratamento
diferenciado?
( ) Concordo totalmente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo Totalmente.
190
QUESTÕES:
6- Analise, até que ponto, a formação dos educadores é suficiente para lidar
com alunos com o Transtorno do Espectro de Autismo?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Nome
_________________________________________________
Profissão: ________________________________________
ANEXOS
195
Art. 1o Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua consecução.
§ 1o Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do
espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos
seguintes incisos I ou II:
I - deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da
interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não
verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em
desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;
II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades,
manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por
comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de
comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.
§ 2o A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com
deficiência, para todos os efeitos legais.
Art. 2o São diretrizes da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa
com Transtorno do Espectro Autista:
I - a intersetorialidade no desenvolvimento das ações e das políticas e no
atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista;
II - a participação da comunidade na formulação de políticas públicas voltadas
para as pessoas com transtorno do espectro autista e o controle social da sua
implantação, acompanhamento e avaliação;
III - a atenção integral às necessidades de saúde da pessoa com transtorno do
espectro autista, objetivando o diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional
e o acesso a medicamentos e nutrientes;
IV - (VETADO);
V - o estímulo à inserção da pessoa com transtorno do espectro autista no
mercado de trabalho, observadas as peculiaridades da deficiência e as disposições
da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
200
Referências.
CDD ________________________
CDU ________________________