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1. O acesso ao prazer
Pesquisas consistentes e reflexões de filósofos da cultura mostram que a sociedade
moderna ocidental gira em torno do “sol da felicidade”1. Um escritor francês vai mais
longe. Fala da tirania do prazer2. Felicidade e prazer traduzem o desejo da “auto-
realização”3, quer na forma de promessa, quer de experiências concretas. E o jovem, mais
do que ninguém, sintoniza afinadamente com essa onda.
O prazer e a porta de acesso aos jovens de hoje. Suas experiências inclinam-se
para lá onde sentem mais prazer. E por isso preferem experiências grupais esporádicas a
grupos estáveis com compromisso e regulamentos. Buscam mais o emocional e afetivo que
o racional e intelectual. Deixam-se se atrair muito mais pelo lúdico, pelos “musicais” que
pela militância e encontros sérios políticos ou religiosos. Desejam “ficar” com um/ a
parceiro/a e não criar vínculos afetivos estáveis4. Rejeitam qualquer medida coercitiva a
modo de freio5. O prazer presente sobrepõe-se –lhes aos projetos e às perspectivas futuras.
Manifestam maior preocupação com o bem-estar agora do que com se sacrificar por um
futuro.Olham com certo desdém misturado com penas os “caixas”. “ Só eles não sabem
como é gostosa a vida”! Um dito em espanhol traduz bem essa experiência: “Lãs flores no
lãs quieren para el funeral, sino ya”.
Ao entrar por essa porta, os jovens desdenham a disciplina, a coerção, a obrigação, a
rotina cumprida. Cansam-se facilmente com as agruras da vida. Só entendem fazer alguma
coisa se esta lhes é fonte de prazer.
O termo prazer abarca vários níveis, desde o corporal até o espiritual. Esse critério
funciona na escolha profissional, na prática religiosa, na vida em grupo, no interior da
família, nos atos de intimidade a dois o sós. As portas do prazer escancaram-se a partir da
década de 60, gerando enorme liberalização dos costumes. É expressivo o slogan de Maio
de 68: “É proibido proibir”. J. Cl. Guillebaud mostra como se chegou a defender o incesto e
pedofilia, como legítimas expressões de prazer6. “Uma incrível balbúrdia sexual” , continua
o mesmo autor, “coloniza hoje em dia até o menor cantinho da modernidade democrática:
prazeres prometidos ou exibidos, cartazes alardeando a liberdade, preferências descritas,
performances avaliadas ou procedimentos ensinados, há de tudo. Nenhuma sociedade antes
da nossa havia consagrado ao prazer tal eloqüência discursiva, nenhuma havia antes
destinado à sexualidade lugar tão preponderante em seus objetivos, suas imagens, suas
criações.7
Parece difícil hoje chegar a um jovem sem entrar por essa porta do prazer, mesmo
que depois se lhe digam outras coisas importantes. Trata-se da entrada numa cultura em que
o deus prazer ocupa o Olimpo.
2. O acesso a liberdade
Esse processo histórico houve forte e ambivalente reação contra essa primeira
revolução da subjetividade. Manteve-se muito de suas conquistas. Mas percebeu-se seu
limite. Ela se tornara o apanágio das classes burguesas, excluindo de seus benefícios as
camadas populares. A onda socialista pretendeu expandir para todas as classes a conquista
da liberdade. No entanto, ao fazê-lo contra os interesses dos grupos dominantes terminou
por restringir a liberdade de todos.
Minando o socialismo e fortalecendo-se depois de sua queda, surge essa nova
subjetividade. Ela proclama uma liberdade sem limites até ao extremo do narcismo pós-
moderno, deixando de lado as preocupações sociais. Esta é a nova porta da liberdade dos
jovens pós-modernos. Ela se abriu aproveitando as brechas das lutas anteriores e
ampliando-as contra toda preocupação social que lhes pareça restringir os privilégios,
gozos, prazeres e desejos sem medida10.
sem seguir líderes nem cartilha. Não têm gurus, apenas modelos pelos quais pautam suas
aspirações e que se encaixam no perfil que eles traçam de si e nos sonhos para o futuro.
No coração da juventude pós-moderna plantou-se o desejo de um relacionamento
mais terno numa sociedade voltada quase unicamente para o trabalho, para a
produtividade, para a eficácia, para ganhar dinheiro. Há uma despreocupação que mistura a
perspicácia da inutilidade de uma vida frabricitante de atividades com a falta de perspectiva
de futuro.
4. O acesso ao futuro.
E a porta do futuro?
Parece fechado porque ele se apresenta incerto para quase toda a geração jovem.
Antes as profissões tradicionais- medicina, engenharia, advogacia, , etc. garantiam
praticamente trabalha para toda a vida. Hoje a mutabilidade profissional antigiu não só os
anos de estudo, mas também profissionais de experiência. Arquitetos se fazem psicólogos,
engenheiros estudam direito, advogados se metem no campo da informática, professores
deixam as aulas para criar microempresas. Os deslocamentos se multiplicam ao infinito.
Escondem insegurança e instabilidade. Põe-se à prova a capacidade criativa e reformulativa
de vida.
Ainda existe uma geração que nasceu em berço de ouro. Ao referir-nos à porta do
presente, descrevíamos a turma dos felizardos. Eles se concentram no presente. Mas trás há
uma certeza irreflexa de que o futuro lhes está garantido, por isso se deliciam com o
presente sem pensar no futuro. Este se anuncia como uma vida de prazer e sucesso.
Ainda existe uma geração que nasceu em berço de ouro. Ao referir-nos à porta do
presente, descrevíamos a turama dos felizardos. Eles se concentram no presente. Mas por
trás há uma certeza irreflexa de que o futuro lhe está garantido, por isso se deliciam com o
presente sem pensar no futuro. Este se anuncia como uma vida de prazer e sucesso.
Em outro departamento da juventude, o futuro é uma loteria esportiva. Aposta-se
em atividades legais ou ilícitas que dão pingue e rápido retorno: esporte, estrela de TV,
grupos musicais de sucesso, tráfico de droga. Luta-se pela ascensão social por meio do
dinheiro. Desanimador tem sido o caminho honesto dos pobres que só conseguem
freqüentar escolas e faculdades de menor qualidade intelectual. O futuro lhes aparece
sombrio. Tanto esforço para amargar um trabalho pouco rentável.
Apesar dessa situação, recente reportagem do Jornal do Brasil referia-se a fenômeno
novo no Brasil. A classe C – aqueles que percebem até cinco salários mínimos- vem
sofrendo profunda transformação. Deixa a visão imediatista do auto-sustento e tolerante
com sua situação subordinado, torna´se mais exigente quanto aos bens de consumo,
reclama seus direitos, cobra honestida dos políticos no manejo do dinheiro púbiclo e investe
mais em educação dos filhos para garantir futuro melhor. Os jovens dessas famílias lutam
com garra maior para subir na vida, galgando os degraus da escolaridade até a
Universidade.
A busca de ascensão social de jovens de classes economicamente pobres não é
fenômeno novo. Mas a forma como isso se dá num contexto de estabilização e da moeda,
da revolução tecnológica da microeletrônica e da informação, modifica fortemente esse
processo ascensional. Pastoralmente parece ser a classe mais capaz de morder projetos
construtivos de futuro, de pensar utopias, de sonhar com transformaçãoes sociais à mediada
que a simples gana de ascensão se converter em horizonte social e solidário.
6
Trágica porta pela qual tantos jovens entram. Somam-se muitos fatores que os
conduzem a ela. Falta de esperança, presentismo exagerado, sedução de aventura e do
dinheiro fácil, influência de colegas, predisposição psicopatológica, desagregação familiar,
exotismo atraente de grupos de coletâneos, agressividade da sociedade que não lhes oferece
alternativas.
Para muitos tem sido um caminho sem retorno, realizando a fábula da toca da onça.
Muitas pegadas de ida até lá, nenhuma de volta. Bem próximo de tal situação está o uso da
droga legal de psicotrópicos receitados. Transforma-se a vida num objeto do controle da
química, fugindo de todo sofrimento físico e ou psíquico e criando situações prazerosas
pela via famacológica. Controlam-se as emoções, os sentimentos, os desejos, as afeições, o
humor, programado o estado anímico pelo caminho bioquímico da felicidade. Nesse
contexo, fala-se do mito da droga perfeita, de uma felicidade ao próprio alcance. Enfim,
está-se em “o admirável mundo novo” de ª Huxley.