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Resumo--Uma das maiores razões de falhas internas dos mostra o percentual de falhas por componente em uma
transformadores é o enfraquecimento do isolamento dos seus pesquisa realizada envolvendo mais de 12500 unidades-anos,
condutores/bobinas face às vibrações causadas pelas forças durante o período compreendido entre 1994 a 1996 em
eletromecânicas produzidas pelas altas correntes de curto- equipamentos com classe de tensão igual ou superior a 69 kV.
circuito. Neste contexto, este artigo apresenta uma metodologia
analítica para estimar o estresse eletromecânico em
transformadores causados por curtos-circuitos trifásicos,
detalhando as características das forças radiais e axiais passíveis
de ocorrência em enrolamentos concêntricos de transformadores,
enfocando principalmente os esforços axiais, já que estes não são
tão simples e não há tanto conhecimento teórico quanto os
esforços radiais. Diante destes defeitos, é apresentada, mesmo que
de forma preliminar, uma descrição de técnicas de diagnóstico e
monitoramento em transformadores frente aos esforços mecânicos
causados por curto-circuito. O estudo em questão considera
transformadores do tipo núcleo envolvido.
I. INTRODUÇÃO
principais causas da ocorrência de defeitos em A Fig. 3 [4] ilustra o efeito de uma “curvatura radial livre”
transformadores. (hoop buckling) em um enrolamento de transformador devido
Outra questão a ser observada diz respeito à velocidade de à ocorrência de força radial.
atuação dos sistemas de proteção, cujo tempo de resposta, via
de regra, não impede que os equipamentos sejam submetidos
aos indesejáveis efeitos transitórios, oriundos de fenômenos
naturais ou de faltas no sistema elétrico, aumentando, em
conseqüência, os riscos de falhas em decorrência de esforços
eletromecânicos.
Espera-se que um transformador experimente e suporte um
determinado número de curtos-circuitos durante seu tempo de
vida útil, porém, mais cedo ou mais tarde, um novo evento
causará algum leve movimento no enrolamento, e a capacidade
do transformador de suportar novos esforços eletromecânicos
Fig. 3. Defeito no enrolamento devido a uma alta compressão radial no
será então severamente reduzida. Portanto, é aconselhado enrolamento causando uma saliência no mesmo – hoop buckling.
avaliar a condição mecânica dos transformadores
periodicamente durante sua vida útil, principalmente em B. Falhas Devido a Forças Axiais
unidades mais antigas, de forma a fornecer um cuidado A deformação axial se configura como mostra a Fig. 4 [2]
especial, impedindo assim, maiores falhas. Logo, técnicas apresentando uma vista de frente dos enrolamentos de um
especiais são requeridas para monitoramento e avaliação da transformador antes e depois da deformação.
condição mecânica do enrolamento em um transformador.
Neste contexto, este artigo apresenta uma descrição dos
diferentes tipos de estresses eletromecânicos passíveis de
ocorrência em transformadores e identificação dos principais
tipos de falhas provocadas por faltas trifásicas nos
enrolamentos concêntricos de transformadores. Além disso,
apresenta uma metodologia analítica para o cálculo de forças Fig. 4. Representação de deformação axial em um enrolamento do
axiais e radiais e estresse eletromecânico que se verificam nas transformador.
partes ativas e estruturais dos transformadores, em
conseqüência das elevadas correntes de curto-circuito. Um dos tipos de falhas devido à ação de forças axiais
Complementando os aspectos citados, descreve as principais compressivas ocorre quando um enrolamento não está
técnicas usadas para detectar movimento dos enrolamentos em firmemente enrolado e amarrado, facilitando a transposição do
transformadores, visto que os esforços eletromecânicos podem condutor adjacente.
causar uma deformação nos enrolamentos do transformador. Adicionalmente, existem outros dois importantes tipos de
falhas, a saber: curvatura entre espaçadores radiais (bending) e
II. ESTRESSES ELETROMECÂNICOS E TIPOS DE FALHAS EM a inclinação dos condutores (tilting), os quais são analisados
TRANSFORMADORES na seqüência. As Fig. 5, Fig. 6 [3] e Fig. 7 [4] ilustram
Os defeitos mecânicos em transformadores de potência são algumas falhas decorrentes de esforços axiais.
um tipo de falha que ocorre na parte ativa do equipamento, e
constituem-se da deformação e/ou o deslocamento dos
enrolamentos. Esses defeitos são provocados por esforços
mecânicos internos (interação dos campos magnéticos) ou
externos ao equipamento.
A ocorrência desse tipo de falha muitas vezes não é
imediatamente perceptível, por isso geralmente estes defeitos
não retiram o transformador de operação. Entretanto, o
transformador com alterações mecânicas em seus
enrolamentos tem menor robustez, o que pode precipitar o
final de sua vida útil.
Fig. 5. Colapso axial devido a uma excessiva força axial causada por um
A. Falhas Devido a Forças Radiais curto-circuito.
Forças radiais produzem efeitos diferentes nos
enrolamentos externo e interno de transformadores. Em
transformadores de núcleo envolvido a tendência dos esforços
eletrodinâmicos é comprimir (estresses de compressão) o
enrolamento interno e expandir (estresses de tração) o
enrolamento externo.
THE 8th LATIN-AMERICAN CONGRESS ON ELECTRICITY GENERATION AND TRANSMISSION - CLAGTEE 2009 3
A, o estresse de tração médio no enrolamento externo pode ser No entanto, transformadores que apresentam condições
calculado utilizando (5). ideais, ou seja, enrolamentos concêntricos sem derivação, sem
medio
( I max ) 2 nDm 7 N
h A
10
m2
5
deslocamento axial e de igual comprimento, não possuem
forças entre os enrolamentos. Desta forma, não há necessidade
da aplicação de algum método específico para esta situação
Pode-se notar que nπDm é o comprimento total do condutor dita ideal. Porém neste caso atípico existe uma força de
do enrolamento. compressão interna em ambos os enrolamentos. A Fig. 10 [8]
Deve-se considerar que, as expressões das forças radiais e ilustra as forças axiais em ambos os enrolamentos para a
do estresse de tração radial evidenciadas anteriormente, podem situação mencionada.
ser utilizadas para o cálculo analítico das forças e estresses
tanto no enrolamento interno quanto no externo, devendo-se
apenas atentar para uso do diâmetro correto do enrolamento
que estiver sendo analisado. Entretanto, o cálculo dos estresses
para o enrolamento interno exige considerações de projeto
mais detalhadas.
A técnica utilizada para conferir aos enrolamentos uma
suportabilidade mecânica suficiente para resistir às forças
radiais é obtida pelo uso de um número adequado de suportes,
que estejam em contato direto com o núcleo e uniformemente Fig. 10. Curvas de uma compressão axial para enrolamentos concêntricos
espaçados ao redor do mesmo [6]. sem derivação.
Assim, enrolamentos internos que estejam sujeitos à forças
radiais que possam provocar deformação do tipo “forçada” Considerando a força no pico da primeira metade do ciclo
conforme ilustrada na Fig. 9(b), necessitam de suportes de curto-circuito, e assumindo um fator de assimetria de 2.55,
internos. O estresse nesta situação é função da distância entre tem-se um valor máximo dado por (7).
510 S
os suportes e das dimensões dos condutores, cujo valor é dado
Fc [kN] 7
por (6). Z f h
Onde Fc é a força compressiva axial total; S é a potência
aparente por coluna em kVA; h o comprimento do
enrolamento em milímetros; Z a impedância por unidade e f a
freqüência em ciclos por segundo.
O enrolamento interno, por estar mais próximo das colunas
e em virtude do alto fluxo radial, experimenta uma força
compressiva maior, quando comparada ao enrolamento
externo. De acordo com a referência [6], na ausência de uma
análise mais detalhada, pode-se considerar que cerca de 2/3 a
Fig. 9. a) Ilustração dos espaçadores axiais e outros componentes do 3/4 desta força é aplicada no enrolamento interno e os 1/3 a
transformador; b) Curvatura forçada (forced buckling) no enrolamento. 1/4 restantes estão aplicados no enrolamento externo.
Situações distintas da mencionada anteriormente, que
proporcionam acréscimo significativo na força axial são
Frad . L2 N
2 6 consideradas condições não-ideais. Nestas circunstâncias, as
2be m 2
forças axiais são difíceis de serem calculadas através de
Onde Frad é a força radial distribuída [N/m]; L é a simples cálculos analíticos.
distância entre os suportes [m]; b a altura axial do condutor As condições não-ideais que contribuem para o aumento
[m] e por fim e é a espessura radial do condutor [m]. das forças axiais nos enrolamentos são diversas, dentre elas
Vale ressaltar que a força radial utilizada nesta última pode-se citar: o desequilíbrio dos ampère-espiras dos
equação, é a força calculada por (3) dividida pelo enrolamentos concêntricos; o deslocamento axial dos
comprimento do condutor que compõe todo o enrolamento. enrolamentos e o uso de derivação (tapes).
Um exemplo de método analítico que produz resultados
B. Cálculo Analítico das Forças Axiais em Enrolamentos confiáveis é o método ampère-espira residual, o qual é
Concêntricos
aplicado para estimar as forças axiais em arranjos com
O cálculo analítico das componentes radiais da densidade enrolamentos assimétricos como ilustrado pela Fig. 11, que
de fluxo magnético de dispersão em um transformador com mostra uma configuração onde o enrolamento externo possui
enrolamentos concêntricos não é tão simples e nem tão preciso derivação em uma extremidade. Pode-se notar que, a
quanto o cálculo da densidade de fluxo de dispersão na assimetria causa uma concentração de fluxo na região em que
direção axial. ocorre o desequilíbrio de ampère-espiras e, portanto, nesse
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local, as forças serão mais intensas. considera-se que esse comprimento é constante e que não varia
com a posição axial do enrolamento [6]. Mesmo com essa
simplificação obtêm-se resultados com precisão satisfatória.
Assim, pode-se efetuar o cálculo das forças de compressão
axial pelo método mencionado, sendo necessário para tanto, o
conhecimento das seguintes grandezas:
O comprimento efetivo do caminho do fluxo
radial, heff, (ver Fig. 11), que é diferente para cada
arranjo de derivação;
A densidade do fluxo radial médio no diâmetro
Fig. 11. Seção transversal de um lado do transformador mostrando as forças médio do transformador (Br);
axiais nos enrolamentos e a distribuição de densidade de fluxo de dispersão
radial. O valor médio do ampère-espiras radial é igual a
(1/2)a(nImax), sendo a o comprimento da
O método do ampère-espiras residual se fundamenta no derivação, expresso como uma fração do
princípio de que qualquer arranjo de enrolamentos comprimento total do enrolamento sem derivação.
concêntricos, no qual a soma de forças magnetomotrizes é
nula, divide-se em dois grupos, cada um tendo ampère-espira A força axial em qualquer enrolamento do transformador de
equilibrado, um produzindo um campo axial e o outro um (nImax) ampère-espiras máximos pode ser determinada por
campo radial [6]. Os ampère-espiras radiais originam os fluxos (8).
radiais e, por conseguinte, as forças axiais entre os 2a(nI max ) 2
enrolamentos. Fa N 8
Os ampère-espiras radiais agindo em qualquer ponto do
10 7
Dm
enrolamento são calculados considerando a soma algébrica dos Onde .
ampère-espiras do primário e secundário entre as extremidades heff
dos enrolamentos. Uma curva plotada para todos os pontos
O parâmetro representa a permeância por unidade de
origina um diagrama de ampère-espira residual ou
comprimento da coluna de um transformador para fluxo radial,
desequilibrado.
referido ao seu diâmetro médio. Ela é independente do
Para ilustrar o método, a Fig. 12 (a) mostra um enrolamento
tamanho físico do transformador e depende somente da
concêntrico com uma derivação em uma das extremidades do
configuração do núcleo e enrolamentos.
enrolamento externo, de comprimento a, relativa ao
Na escolha de uma fórmula para uso prático, é conveniente
comprimento total sem derivação. Os dois arranjos da Fig.
selecionar um parâmetro, o qual independente do tamanho do
12(b) representam grupos de ampère-espiras equilibrados que,
núcleo, mas depende somente de sua configuração. A
quando superpostos, reproduzem a configuração original de
ampère-espiras. O diagrama dos ampère-espiras radiais, permeância por unidade de comprimento, , é apropriada
plotado em função da altura do enrolamento, está ilustrado na para esta proposta.
Fig. 12 (c), apresentando um formato triangular. O valor Nesta situação obtém-se a força axial para todos os
máximo alcançado é de a(nImax), onde (nImax) representa o transformadores tendo as mesmas proporções, qualquer que
ampère-espira do enrolamento primário ou secundário. seja sua geometria.
Equação (8) é aplicada para um simples arranjo de
derivação conforme ilustrado pela Fig. 11 e Fig. 12. No
entanto, as Tabelas I e II fornecem diversos arranjos de
derivação e suas respectivas fórmulas para cálculo das forças
axiais.
TABELA 1
DIAGRAMA AMPÈRE-ESPIRA RESIDUAL PARA ARRANJOS MAIS USUAIS DE
DERIVAÇÃO.
Tipo Derivações Diagrama Ampère-Espira
Residual
A
Fig. 12. Determinação do diagrama de ampère-espiras residual para
enrolamento com derivação em uma extremidade. B
TABELA 2
representa a altura do enrolamento [m]; Fr [N] é a mesma
FORÇA E VALORES DE PARA ARRANJOS MAIS USUAIS DE DERIVAÇÃO. formulação utilizada em (3), porém considerando o diâmetro
Tipo Força [kN] Altura Altura como o médio entre o enrolamento interno e externo.
Janela Janela Quando se tem derivação no enrolamento, a maior força
4,2 2,3
Diâmetro Diâmetro
eletromagnética é exercida imediatamente nas espiras vizinhas
Núcleo Núcleo
a parte derivada. Assim, nestas espiras ocorre a máxima
A
2a nI max 5.5 6.4
2
(9)
tendência de curvatura (bending), caso espaçadores sejam
10 10 utilizados. A força na espira do enrolamento externa
B
anI max 2 (10) 5.8 6.6 imediatamente vizinha à derivação é dada por (15).
21010 2 a
Fa 0.773 q Fr log 1 [N]
C anI max 5.8 6.6
2
(11) w (15)
1
41 a 10 10
(13) Fax L2 N
1
161 a 1010 16
2 k e b 2 m
2
2
Os valores de a serem usados para arranjos mais usuais Onde Fax é a força axial distribuída [N/m]; L é a distância
de derivações têm sido estudados empiricamente, utilizando entre os espaçadores [m]; k é a quantidade de condutores
dois transformadores projetados especialmente para formando uma espira ou disco; e é a espessura radial do
possibilitar medições do fluxo radial [6]. Fatores de projeto, condutor [m] e b a espessura axial do condutor [m] e por fim R
tais como largura de ducto, espaço entre enrolamento e núcleo, é o raio do enrolamento [m]. O que se faz de fato é calcular o
proximidade ao tanque têm efeito em , porém o efeito é máximo estresse que ocorre nas espiras que recebem as
pequeno. Os valores de para diversos arranjos dados pela maiores forças.
Tabela II são aplicados apenas para transformadores que A inclinação dos condutores (tilting) é causada pela força
apresentem proporções próximas aos transformadores compressiva axial acumulativa. Para enrolamentos do tipo
projetados em [6], ou seja, que tenham relações (Altura da disco, o valor de estresse axial crítico no cobre é fornecido por
janela do transformador/Diâmetro circular do núcleo) (17).
próximas de 4,2 ou 2,3. Em casos extremos, a referência [7]
apresenta uma metodologia computacional na determinação de axialcrit
E b 2
N 2
12 R m
17
para diversas mudanças na configuração.
Em enrolamentos sem derivação, os estresses individuais Onde axialcrit é o estresse crítico do enrolamento tipo
mais altos ocorrem no final dos enrolamentos. Testes têm disco [N/m2]; Ε é o módulo de elasticidade do material
mostrado que as forças no final das bobinas dos enrolamentos [N/m2]; b a espessura axial do condutor [m] e por fim R é o
externos e internos são aproximadamente as mesmas. Neste raio do enrolamento [m].
sentido, a força axial total no final da bobina ou espira de Se uma bobina tem k condutores, o valor da carga crítica
qualquer enrolamento é dada por (14). para todo o enrolamento é dado por (18).
k E ac b
1 4 d 12 Faxialcrit N 18
Fa 0,366 q Fr log 2
[N]
(14) 6R
w Onde Faxialcrit é a força crítica no enrolamento tipo disco
Onde q é a fração do ampère-espira total em uma bobina ou [N]; e ac a seção transversal do condutor [m2].
enrolamento; w representa a dimensão axial do condutor, As formulações fornecidas em (17) e (18) são valores
considerando sua isolação [m]; d1 é a largura equivalente do críticos devido somente ao condutor. Na referência [9] pode-se
encontrar um cálculo mais complexo.
ducto do transformador igual a d0
1
e1 e 2 do
3 IV. EXEMPLO DE CÁLCULO DE FORÇAS E ESTRESSES
transformador, sendo e1 a largura radial do enrolamento ELETROMECÂNICOS
interno [m] e e 2 largura radial do enrolamento externo [m]; h Este item tem por objetivo apresentar alguns resultados
encontrados, aplicando a metodologia anteriormente descrita
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para o cálculo de forças e estresses eletromecânicos a que calculados e aqueles de referência para o estresse de tração
ficam submetidos os enrolamentos após um curto-circuito radial máximo suportável.
trifásico. O transformador trifásico possui as seguintes
características nominais: 5 MVA - Z= 5,8 % - 11/22 kV -
Estrela-Delta [6].
Antes de ilustrar os resultados, deve-se tecer algumas
considerações:
Diante desses resultados, nota-se a grande importância da de tensão e corrente. Medições da corrente de magnetização é
realização de cálculos eletromecânicos preliminares que geralmente a forma mais fácil de detectar espiras curto-
possam auxiliar e prevenir o projetista, evitando assim maiores circuitadas que possam surgir devido a um movimento do
danos ao transformador quando submetido a um curto-circuito. enrolamento. No entanto, esta técnica é de sensibilidade
limitada para outros tipos de defeitos.
V. TÉCNICAS PARA AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DE
C. Reatância de dispersão
DEFEITOS EM TRANSFORMADORES
Durante alguns testes em fábrica, impedâncias são medidas
Mesmo com muitas técnicas existentes, há uma necessidade
usando uma excitação trifásica em correntes com pelo menos
de avaliar aquela que seja melhor de forma a obter bons
10% do valor nominal. A detecção de defeitos pode ser
resultados. Em uma tentativa de melhorar as perspectivas de
facilitada, caso sejam realizadas medições por fase, desta
detecção de defeitos, as concessionárias estão requisitando
forma realiza-se comparações entre fases. O grande problema
cada vez mais que os fabricantes forneçam resultados de
no uso desta técnica é que as reatâncias por fase geralmente
referência. Porém, o grande problema para o fabricante é
diferem bastante entre fases, até mesmo para novos
conhecer qual a melhor técnica a ser usada, e precisamente
transformadores, ou entre transformadores com projetos
como realizar as medições. Existe, portanto, a possibilidade de
semelhantes. Desta forma, a concordância com valores de
testes complementares que possam fornecer mais informações
placa é também variável. Portanto, sem resultados de
e aumentar a fidelidade na avaliação. Contudo, deve se atentar
referência do transformador em questão, torna-se muito difícil
para o uso de técnicas inapropriadas, levando a conclusões
de realizar uma interpretação fiel dos resultados.
confusas.
As principais técnicas usadas para detectar o movimento de D. Impulso de baixa tensão (LVI)
enrolamento em transformadores são [9]: O teste de impulso em baixa tensão (LVI) tem sido
apontado como o mais sensível comparado com as técnicas
Capacitâncias do enrolamento; tradicionais. Porém tal método apresenta uma repetibilidade
Correntes de magnetização; ruim. Uma das razões é que seja difícil reproduzir um sinal de
Reatância de dispersão; entrada padrão, devido à complicada e característica variada
Impulso de baixa tensão (LVI); da impedância dos transformadores.
Análise da resposta em freqüência (FRA).
E. Análise da resposta em freqüência (FRA)
Tais técnicas podem ser dividas em dois grupos: As três A metodologia de como realizar medições envolvendo o
primeiras dependem na detecção de uma mudança global, ou FRA se realiza pelo método de varredura da freqüência
seja, o fluxo de dispersão total que o movimento dos (SFRA) ou pelo método do impulso (IFRA). No primeiro
enrolamentos produz. Já as duas últimas técnicas contam com método, a resposta em freqüência é medida diretamente
a detecção dos efeitos por uma mudança local. A seguir, estas injetando em um terminal um sinal de impulso de freqüência
técnicas serão apresentadas, no entanto, um maior variável, medindo a resposta no outro terminal. Já no segundo
detalhamento será dado à técnica da análise da resposta em método, a resposta em freqüência é medida indiretamente
freqüência (FRA), já que esta demonstra fornecer melhores injetando em um terminal um sinal de impulso de forma
resultados, visto que vários trabalhos recentes obtiveram particular, medindo a resposta no outro terminal. Assim as
sucessos em suas aplicações [4]. medições são transformadas do domínio do tempo para o
domínio da freqüência.
A. Capacitâncias do enrolamento A princípio estes dois métodos devem ser capazes de
Medições das capacitâncias do enrolamento podem a produzir os mesmos resultados. Isto tem sido demonstrado em
princípio detectar o movimento dos enrolamentos, caso a diversas ocasiões [4].
capacitância mensurável seja afetada. Na prática, a Os principais tipos de testes envolvendo o FRA são
sensibilidade da técnica depende do tipo de defeito, e, além descritos a seguir:
disso, podem existir dificuldades na interpretação dos valores
medidos, caso resultados de referência não sejam disponíveis. Teste “End-to-End” [4]: Neste tipo de teste, o sinal é
Particularmente, a técnica é efetiva em casos que seja possível aplicado na extremidade de cada enrolamento
realizar medições separadas para cada fase já que as sucessivamente, e o sinal transmitido é medido na
capacitâncias entre enrolamentos devem ser similares para outra extremidade. A impedância de magnetização do
cada fase. Desta forma, comparações dos resultados entre fases transformador é o principal parâmetro que caracteriza
podem aumentar bastante na identificação de alguma a resposta em baixa frequência usando este tipo de
anormalidade. configuração. Este teste é o mais utilizado por sua
simplicidade e possibilidade de avaliar o enrolamento
B. Correntes de magnetização
separadamente.
Esta técnica tem a vantagem de utilizar um único e simples
equipamento, essencialmente uma fonte de tensão e medidores
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Teste “End-to-End Short-Circuit” [4]: Este teste é Medições anteriores do mesmo equipamento –
similar à medição “End-to-End”, porém com um Impressão Digital (Fingerprint);
enrolamento da mesma fase sendo curto-circuitado. Medições de transformadores idênticos;
Tais medições permitem que a influência do núcleo Medições em fases separadas.
seja removida abaixo aproximadamente de 10 a 20
kHz, pois neste caso a resposta em baixa frequência é Além disso, recomenda-se definir regiões específicas de
caracterizada pela indutância de dispersão e não pela interpretação. A Fig. 17 ilustra tais regiões considerando
indutância de magnetização. A resposta a altas limitações devido à instalação do teste e das condições de
frequências é similar ao teste anterior. fluxo residual.
Teste “Inductive inter-winding” [4]: Neste teste o sinal Fig. 17. Regiões típicas de interpretação do FRA.
é aplicado no terminal do lado de alta tensão, e a
resposta é medida no correspondente terminal no lado De forma a ilustrar a aplicação do FRA, a Fig. 18 mostra a
de baixa tensão, com ambas outras extremidades resposta em dois enrolamentos do lado de baixa tensão de um
sendo aterradas. A região de baixa freqüência deste transformador com unidades monofásicas. A ocorrência do
teste é determinada pela relação de espiras do defeito deste transformador está ilustrada na Fig. 3. Observa-se
enrolamento. que o efeito de buckling é claramente detectado na fase B
comparando com a fase C.
Devido à grande variações na aplicação do FRA há
necessidade de uma padronização para realização das
medições. A seguir segue uma lista de regras para execução de
uma boa medição do FRA:
Recomenda-se usar cabos blindados de alta
frequência;
Recomenda-se que os condutores de aterramento
sejam curtos e que se utilize bons conectores;
Em relação à impedância de medição, é observado
Fig. 18. Respostas FRA mostrando uma falha (hoop buckling) na fase B do
que a maioria dos fabricantes adotam um valor de enrolamento de baixa tensão – Defeito ilustrado pela Fig. 3.
50 ohms;
Antes de realizar os testes, o operador deve verificar VI. CONCLUSÕES
a integridade dos sistemas de medição, como por Foram apresentadas neste artigo as principais características
exemplo testar o circuito com uma resposta de das falhas que ocorrem nos enrolamentos dos transformadores
FRA já conhecida fornecida pelo equipamento do quando submetidos a curtos-circuitos, destacando a estimativa
fabricante; das forças radiais e axiais. Verificou-se que as forças radiais
A escolha do tipo de teste, dentre aqueles originadas pela componente de campo agindo axialmente
apresentados anteriormente, depende da proposta produzem estresse de compressão no enrolamento interno e
da medição. Para uma condição geral de avaliação, estresse de tração no externo. As forças axiais originadas pela
os quatro tipos de testes apresentados devem ser componente de campo agindo radialmente tende a comprimir
realizados. Caso há alguma limitação no tempo ambos os enrolamentos, podendo causar inclinação nos
disponível para realização de todos os testes, condutores e flexão desses quando estão entre espaçadores.
recomenda-se desenvolver somente o teste “End- Apresentou-se uma abordagem analítica das forças agindo no
to-End” em todos os enrolamentos. transformador, verificando que para as forças radiais podem
ser calculadas com uso de uma metodologia mais simples,
Para avaliar os resultados do FRA, as informações enquanto que para as forças axiais foi descrito o método do
adquiridas são comparadas com valores de referência, ou ampère-espira residual, que é utilizado para calcular de forma
diretamente através de uma análise visual ou através de aproximada as forças axiais. Complementarmente, foram
informações processadas. apresentadas as expressões que estimam os estresses
Existem três formas para a geração de informaçoes de eletromecânicos em transformadores. A título de ilustração,
referência: mostrou-se uma aplicação da metodologia desenvolvida em
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um transformador trifásico de 5 MVA, 11/22kV Estrela-Delta. Herivelto de Souza Bronzeado (M’ 97) nasceu em
Remígio, Paraíba. Recebeu seu grau de mestre pela
Deve-se salientar a importância de realizar cálculos analíticos, University of Aberdeen, Escócia em 1993. Ele
mesmo que aproximados durante a fase de projeto do também é chairman do comitê de estudos C4 do
equipamento, reduzindo assim, maiores riscos quanto à falhas CIGRE-Brasil e do Capítulo PES/IAS/PELS,
mecânicas. Por fim, foram citadas preliminarmente as Nordeste 1, do IEEE. Atualmente é engenheiro da
CHESF.
principais técnicas utilizadas para monitoramento e avaliação
em transformadores submetidos à estresses eletromecânicos.
Estudos desenvolvidos apontam que a análise da resposta em
freqüência (FRA) é aquela que fornecem melhores resultados. José C. Oliveira nasceu em Itajubá–MG. Recebeu o
Os autores entendem que estas análises necessitam de um grau de mestrado pela Universidade Federal de
maior aprofundamento técnico-científico. Itajubá - MG, e o de PhD pela Universidade de
Manchester – Manchester - UK. Atualmente, é
professor na Faculdade de Engenharia Elétrica da
VII. REFERÊNCIAS Universidade Federal de Uberlândia.
[1] M. C. Pena Medina. “Falha em Transformadores de Potência: Uma
Contribuição para Análise, Definições, Causas e Soluções”. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Federal de Itajubá, Março 2003.
[2] E. R. Aguiar. “Análise de Resposta em Frequência Aplicada em
Transformadores de Potência”. Dissertação (Mestrado) – Universidade
Federal de Minas Gerais, Março 2007. Marcelo Lynce Ribeiro Chaves nasceu em
[3] DOBLE. “The Life of a Transformer”. Seminar and Industry Expo. Ituiutaba, MG. Obteve o título de Doutorado em
Florida February 19-25, 2006. 1995 pela Unicamp Campinas, SP. O título de
[4] CIGRE WG A2.26. “Mechanical-Condition Assessment of Transformer Mestrado foi obtido em 1985, na Universidade
Windings Using Frequency Response Analysis (FRA)”. Brochure 342, Federal de Uberlândia (UFU). É professor titular na
CIGRE, 2008. Universidade Federal de Uberlândia. As suas áreas
[5] A. C. Azevedo. “Estresse Eletromecânico em Transformadores Causado de interesse são: Transitórios Eletromagnéticos.
por Curtos-Circuitos “Passantes" e Correntes de Energização”. Tese
(Doutorado) – Universidade Federal de Uberlândia, Fevereiro 2007.
[6] M. Waters. “The Short-Circuit Strength of Power Transformers”. 5. ed.
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Report No. 155. 1958.
[8] J. M. Heathcote. “J and P Transformer Book”. 12. ed. [S.l.]: Elsevier
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VIII. BIOGRAFIAS