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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

ESTRATÉGIA DA REFORMA E DESENVOLVIMENTO DA ADMINISTRAÇÃO


PÚBLICA
(2012-2025)

“O Funcionário a Servir Cada Vez Melhor o Cidadão”

Aprovada Pelo Conselho de Ministros na sua 29ª Sessão Ordinária


de 14 de Agosto de 2012
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

Lista de Siglas
AP – Administração Pública
BAUs - Balcões de Atendimento Único
CFMP - Cenário Fiscal de Médio Prazo
CIRESP - Comissão Interministerial da Reforma do Sector Público
CPI - CorruptionPerceptionIndex
DIRE - Documento de Identificação de Residente Estrangeiro
EAC – Estratégia Nacional Anti-corrupção
e – CAF – Folha online para Cadastro de Agentes e Funcionários
EGFAE - Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado
EGRSP - Estratégia Global da Reforma do Sector Público 2001-2011
ERDAP - Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
e - SIP - Subsistema Electrónico de Informação de Pessoal
e-SISTAFE – Sistema Electrónico de Administração Financeira do Estado
FDD - Fundo de Desenvolvimento Distrital
FP – Função Pública
GovNet - Rede Electrónica do Governo
IFAPA – Instituto de Formação em Administração Pública e Autárquica
ISAP – Instituto Superior de Administração Pública
LOLE - Lei dos Órgãos Locais do Estado
LIMS - Sistema de Gestão de Informação sobre Terras
MFP – Ministério da Função Pública
ND – Não Disponível
NUIT - Número Único de Identificação Tributária
ODM - Objectivos de Desenvolvimento do Milénio
OE - Orçamento do Estado
OIIL - Orçamento de Investimento de Iniciativa Local
ONG’s – Organizações Não Governamentais
PARP - Plano de Acção para Redução da Pobreza
PARPA - Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta
PES - Plano Económico e Social
PQG – Programa Quinquenal do Governo
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
ERDAP
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Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

SADC – Southern AfricaDevelopmentCommunity


SIGEDAP - Sistema de Gestão de Desempenho da Administração Pública
SISCAL - Sistema para o Licenciamento e Cadastro Industrial e Comercial
SISTAFE - Sistema de Administração Financeira do Estado
SNAE - Sistema Nacional de Arquivos do Estado
SNGRH - Sistema Nacional de Gestão de Recursos Humanos
TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação
UTRESP - Unidade Técnica para a Reforma do Sector Público

ERDAP
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Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

Índice Geral

Índice de Tabelas ....................................... ……………………………………………6


Índice de Figuras .....................................................................................................7
Mensagem de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República
de Moçambique, por ocasião do lançamento oficial da Estratégia da Reforma e
Desenvolvimento da Administração Pública (2012-2025) .......................................9
1. Enquadramento ..............................................................................................14
1.1. Motivação da ERDAP ........................................................................................ 14
1.2. Filosofia da ERDAP ........................................................................................... 16
2. Diagnóstico da Administração Pública Moçambicana ....................................18
2.1. A Administração Pública – Principais Indicadores ............................................. 24
2.1.1. Caracterização dos Funcionários e Agentes do Estado .................................. 24
2.1.2. Avaliação dos Serviços Prestados .................................................................. 29
2.1.3. Indicadores Internacionais .............................................................................. 35
3. Linhas de Orientação Estratégica ...................................................................38
3.1. Visão e Missão .................................................................................................. 38
3.2. Valores .............................................................................................................. 39
3.3. Objectivos Estratégicos e Componentes de Desenvolvimento .......................... 41
3.4. Grandes Metas da ERDAP................................................................................ 43
3.5. Factores Críticos de Sucesso ............................................................................ 46
4. Componentes de Desenvolvimento da Administração Pública.......................52
4.1. Profissionalização dos Funcionários e Agentes do Estado (Componente1) ...... 55
4.1.1. Principais Desenvolvimentos: Realizações e Progressos ............................... 55
4.1.2. Situação Actual: Desafios ............................................................................... 57
4.1.3. Estratégia de Desenvolvimento: Objectivos e Áreas de Actuação .................. 60
4.1.4. Indicadores de Desempenho .......................................................................... 61
4.2. Descentralização e Desconcentração (Componente 2) ..................................... 62
4.2.1. Principais Desenvolvimentos: Realizações e Progressos ............................... 62
4.2.2. Situação Actual: Desafios ............................................................................... 63
4.2.3. Estratégia de Desenvolvimento: Objectivos e Áreas de Actuação .................. 65
4.2.4. Indicadores de Desempenho .......................................................................... 66
4.3. Melhoria da Prestação de Serviços (Componente 3) ......................................... 67
ERDAP
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Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

4.3.1. Principais Desenvolvimentos: Realizações e Progressos ............................... 67


4.3.2. Situação Actual: Desafios ............................................................................... 68
4.3.3. Estratégia de Desenvolvimento: Objectivos e Áreas de Actuação .................. 70
4.3.4. Indicadores de Desempenho .......................................................................... 71
4.4. Consolidação e Coordenação das Estruturas da Administração Pública
(Componente 4).......................................................................................... 72
4.4.1. Principais Desenvolvimentos: Realizações e Progressos ............................... 72
4.4.2. Situação Actual: Desafios ............................................................................... 73
4.4.3. Estratégia de Desenvolvimento: Objectivos e Áreas de Actuação .................. 75
4.4.4. Indicadores de Desempenho .......................................................................... 75
4.5. Reforço da Integridade na Administração Pública (Componente 5) ................... 76
4.5.1. Principais Desenvolvimentos: Realizações e Progressos ............................... 76
4.5.2. Situação Actual: Desafios ............................................................................... 77
4.5.3. Estratégia de Desenvolvimento: Objectivos e Áreas de Actuação .................. 79
4.5.4. Indicadores de Desempenho .......................................................................... 80
4.6. Modernização Tecnológica e Inovação (Componente Transversal A) ............... 81
4.6.1. Principais Desenvolvimentos: Realizações e Progressos ............................... 81
4.6.2. Situação Actual: Desafios ............................................................................... 83
4.6.3. Estratégia de Desenvolvimento: Objectivos e Áreas de Actuação .................. 84
4.6.4. Indicadores de Desempenho .......................................................................... 85
4.7. Monitoria, Comunicação e Avaliação (Componente transversal B).................... 86
4.7.1. Principais Desenvolvimentos: Realizações e Progressos ............................... 86
4.7.2. Situação Actual: Desafios ............................................................................... 87
4.7.3. Estratégia de Desenvolvimento: Objectivos e Áreas de Actuação .................. 88
4.7.4. Indicadores de Desempenho .......................................................................... 89

ERDAP
5
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

Índice de Tabelas
Tabela 1– Serviços com Maior Percepção de Melhoria pelos Inqueridos ............................... 30
Tabela 2– Serviços com Menor Percepção de Melhoria pelos Inqueridos .............................. 30
Tabela 3 – Aspectos Mais Importantes para a Satisfação deCidadãos e Empresas ............. 32
Tabela 4–Aspectos a Necessitar de Melhorias .......................................................................... 33
Tabela 5– Moçambique nos Índices de Governo electrónico e participação 2010
(eGovernment e eParticipation 2010) ......................................................................................... 37
Tabela 6 – Indicadores de Impacto da ERDAP e respectivas metas ....................................... 44
Tabela 7 – Áreas de Actuação da Componente Profissionalização dos Funcionários e
Agentes do Estado ........................................................................................................................ 60
Tabela 8 – Indicadores da Componente Profissionalização dos Funcionários e Agentes do
Estado ............................................................................................................................................ 61
Tabela 9 - Áreas de Actuação da Componente Descentralização ........................................... 65
Tabela 10 – Indicadores da Componente Descentralização e Desconcentração................... 66
Tabela 11 - Áreas de Actuação da Componente Melhoria da Prestação de Serviços ........... 70
Tabela 12 – Indicadores da Componente Melhoria da Prestação de Serviços....................... 71
Tabela 13 - Áreas de Actuação da Componente Consolidação e Coordenação das
Estruturas da Administração Pública .......................................................................................... 75
Tabela 14 – Indicadores da Componente Consolidação e Coordenação das Estruturas da
Administração Pública .................................................................................................................. 76
Tabela 15 - Áreas de Actuação da Componente Reforço da Integridade na Administração
Pública............................................................................................................................................ 79
Tabela 16 – Indicadores da Componente Reforço da Integridade na Administração Pública80
Tabela 17 - Áreas de Actuação da Componente Transversal Modernização Tecnológica e
Inovação......................................................................................................................................... 84
Tabela 18 – Indicadores da Componente Transversal Modernização Tecnológica e Inovação
........................................................................................................................................................ 85
Tabela 19 - Áreas de Actuação do Componente Transversal Monitoria, Comunicação e
Avaliação ....................................................................................................................................... 88
Tabela 20 – Indicadores da Componente Transversal Monitoria, Comunicação e Avaliação89

ERDAP
6
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

Índice de Figuras
Figura 1–Documentos que constituem a ERDAP ...................................................................... 17
Figura 2–Desagregação da ERDAP (Curto, Médio e Longo Prazo) ........................................ 17
Figura 3–Enquadramento no Ciclo de Planificação Pública ..................................................... 18
Figura 4 – Análise FOFA (forças, fraquezas, oportunidades, e ameaças) da Administração
Pública Moçambicana ................................................................................................................... 22
Figura 5– Distribuição dos Funcionários e Agentes do Estado por Províncias ....................... 24
Figura 6– Valores .......................................................................................................................... 39
Figura 7– Objectivos Estratégicos ............................................................................................... 41
Figura 8– Objectivos Estratégicos e as Componentes Correspondentes................................ 42
Figura 9 – Funções a Assegurar ................................................................................................. 48
Figura 10 – Objectivos Macro da Monitoria ................................................................................ 52
Figura 11– Componentes de Desenvolvimento ......................................................................... 54
Figura 12 – Cronograma temporal das realizações e progressos ............................................ 57

ERDAP
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Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

Índice de Gráficos
Gráfico 1– Número de Funcionários e Agentes do Estado por cada 100 Habitantes ............ 25
Gráfico 2– Funcionários e Agentes do Estado por Sector de Actividade ................................ 26
Gráfico 3– Pirâmide Etária dos Funcionários e Agentes do Estado......................................... 27
Gráfico 4– Funcionários e Agentes do Estado por Província e por Sexo ................................ 27
Gráfico 5 – Funcionários e Agentes do Estado por Província e por Nível de Qualificação ... 28
Gráfico 6–Serviços Mais Procurados .......................................................................................... 34
Gráfico 7– Grau de Satisfação com Vertentes do Atendimento ............................................... 34
Gráfico 8– Análise Comparativa do Ranking Doing Business 2012......................................... 35
Gráfico 9–Evolução no “Ranking Corruption Perception Index” (2004-2010) ......................... 36

ERDAP
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Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

Mensagem de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da


República de Moçambique, por ocasião do lançamento oficial da Estratégia da
Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública (2012-2025)

Moçambique:
Aprofundando e consolidando as reformas no sector Público

É com muita alegria e satisfação que materializamos o lançamento da Estratégia da


Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública 2012-2025, um instrumento
de continuidade da Estratégia Global da Reforma do Sector Público que teve a sua
vigência de 2001 a 2011 e cujos resultados nos permitiram dar este salto qualitativo
na crescente e constante melhoria da administração pública em Moçambique. A
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública que ora
lançamos, traduz as nossas aspirações para o sector público até ao ano 2025. Com
esta estratégia pretendemos construir uma administração pública assente nos
valores da meritocracia, da integridade e do profissionalismo, vectores chave para a
promoção e consolidação dos ganhos da Estratégia Global da Reforma do Sector
Público. Trata-se de um sistema de administração pública que responda aos
desafios do desenvolvimento sócio-económico na nossa Pátria Amada, no qual o
servidor público se assume, de forma proactiva, como aquele que encaminha e
apoia o cidadão na sua relação com o nosso sistema de administração pública,
sempre simplificando os procedimentos, processos e mecanismos. O combate ao
burocratismo, ao espírito de deixar-andar e à corrupção, em particular, devem
continuar o centro das nossas atenções. No centro das nossas atenções devem
também continuar a governação aberta e inclusiva.

Reconhecendo o mérito e a importância fundamental de que se reveste a Estratégia


da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública, temos a certeza da
continuidade das acções da Reforma do Sector Público tendo como protagonistas
os dirigentes, funcionários e agentes do Estado, o sector privado, as organizações

ERDAP
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Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

sócio-profissionais e os nossos parceiros de desenvolvimento. Sobre eles


depositamos a nossa confiança pois representam os alicerces para a consolidação
da nossa administração púbica.

A implementação da Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração


Pública traz consigo novos paradigmas de relacionamento entre o Estado e o
cidadão, no qual dirigentes, funcionários e agentes do Estado são todos chamados a
renovar o seu compromisso de melhor servir a Administração Pública moçambicana
e a sociedade no geral. Deste modo, o servidor público deve continuar a esmerar-
se, dando no quotidiano do exercício das suas funções o seu melhor, com a
consciência de que a mais profunda das reformas começa em si mesmo, na
mudança da sua atitude e do seu comportamento perante o cidadão.

Maputo, 31 Agosto de 2012

Armando Emílio Guebuza

(Presidente da República de Moçambique)

ERDAP
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Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

Sumário Executivo

A Estratégiada Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública 2012-2025


(ERDAP) surge da necessidade de responder ao Programa Quinquenal do Governo
(PQG) 2010-2014, na sequência dos resultados conseguidos com a implementação
dos Programas de Governação e da Estratégia Global da Reforma do Sector Público
(EGRSP) 2001-2011, estando em linha com os objectivos estabelecidos na Agenda
2025, Plano de Acção para Redução da Pobreza (PARP) 2010-2014 e Objectivos de
Desenvolvimento do Milénio na área da Governação.

Este documento estabelece uma visão de desenvolvimento para a Administração


Pública em Moçambique nos próximos 15 anos, identificando os principais
objectivos a atingir, numa perspectiva integrada dos diferentes sectores, ao nível
central e local, e implementada de forma partilhada pelos vários órgãos da
Administração Pública.

A estratégia, materializada no presente documento, resulta de um processo de


reflexão abrangente e participativo.

E é também sustentada pelas políticas transversais que têm vindo a ser definidas e
implementadas, dentre outras a Política Salarial de Médio Prazo, a Estratégia para a
Melhoria do Ambiente de Negócios 2008-2012, a Estratégia de Combate ao HIV&
SIDA na Função Pública 2009 – 2013, a Estratégia de Género na Função Pública
2009-2013, a Estratégia da Pessoa Portadora de Deficiência na Função Pública
2009-2013 e a Estratégia de Governo Electrónico de Moçambique

A ERDAP foi desenvolvida no sentido de concretizar uma visão de “uma


Administração Pública centrada no cidadão, promotora do desenvolvimento e
vocacionada para a prestação de serviços de qualidade”.

São identificados 7 objectivos estratégicos a prosseguir pela Administração Pública


de forma transversal e integrada pelos vários sectores, nomeadamente:

ERDAP
11
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

1. Dotar a Administração Pública de técnicos qualificados;


2. Aproximar a Administração Pública do cidadão;
3. Melhorar a qualidade dos serviços;
4. Fortalecer a organização da Administração Pública;
5. Promover e disseminar uma cultura de integridade na Administração Pública
e na sociedade; e
6. Utilizar as tecnologias de informação e comunicação e a inovação para
melhorar a prestação de serviço;
7. Acompanhar a execução e medir os resultados.

Os objectivos estratégicos definidos são corporizados através das componentes de


desenvolvimento, que traduzem as principais vertentes de melhoria da
Administração Pública nos próximos 15 anos. Foram definidos 5 Componentes
principais de intervenção:
Componente 1 – Profissionalização dos Funcionários e Agentes do Estado
Componente 2 – Descentralizaçãoe Desconcentração
Componente 3 – Melhoria da Prestação de Serviços
Componente 4 – Consolidação e Coordenação das Estruturas da AP
Componente 5 – Reforço da Integridade na Administração Pública
Adicionalmente, a estratégia é suportada por 2 Componentes transversais que
representam os elementos de aceleração e concretização de todo o Plano:
Componente Transversal A – Modernização Tecnológica e Inovação
Componente Transversal B – Monitoria, Comunicação e Avaliação

A estratégia é operacionalizada através de Planos de Acção de 5 anos, o primeiro


dos quais a implementar entre 2012-2014, para alinhamento com o ciclo do
Programa Quinquenal do Governo 2010-2014. Cada Plano de Acção identifica, por
área de actuação, as iniciativas a implementar, a sua calendarização e
responsáveis. Anualmente, os Planos de Acção são desdobrados em Planos de
Actividades.

Para garantir o envolvimento de toda a Administração Pública Moçambicana e a


mobilização dos recursos humanos e financeiros essenciais à concretização do
ERDAP
12
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

disposto na ERDAP, o Governo, através do Ministério da Função Pública,


coordenará o processo de monitoria da implementação do Plano Estratégico.

O sucesso da implementação dependente do envolvimento de todos os sectores,


incluindo os actores externos (parceiros sociais e de cooperação), contribuindo
significativamente no desenvolvimento do País.

ERDAP
13
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

1. Enquadramento

O presente documento define uma estratégia integrada e integradora alinhada com


os desafios constantes da visão de governação e desenvolvimento da administração
pública moçambicana. A elaboração da ERDAP decorreu de um processo
participativo e inclusivo que envolveu contactos com os vários sectores e níveis da
Administração Central do Estado, Órgãos Locais, Academia, Sector Privado,
Parceiros Sociais e de Cooperação e Sociedade Civil, através de reuniões de
consulta, sessões de trabalho e seminários de envolvimento e auscultação. Esta
dinâmica de construção conjunta e de interacção ocorreu ao longo de todo o
processo de elaboração da ERDAP.

Paralelamente, foram analisados os principais instrumentos legislativos e de


planificação de médio e longo prazo, de nível nacional, sectorial, provincial e
transversal, assim como os principais compromissos internacionais, de forma a
garantir a coerência da Estratégia e o seu enquadramento face às políticas
implementadas e em curso.

1.1. Motivação da ERDAP

A ERDAP surge da necessidade de:


1. Assegurar a existência de um documento de referência e orientador sobre as
grandes abordagens da governação, com vista a consolidação da
administração pública através da optimização da prestação de serviços
permitindo capitalizar a dinâmica criada com a EGRSP, e que contribuindo de
forma decisiva para o desenvolvimento sustentável de Moçambique;
2. Garantir a materialização da articulação entre as diversas iniciativas
promovidas pelos vários actores da Administração Pública, tendo em vista a
sua modernização como resposta aos desafios de redução da probreza e
desenvolvimento do País;
3. Estabelecer metas que permitam ios actores e reforçar a credibilidade do
processo de melhoria da prestação de serviços da Administração Pública
(AP);
ERDAP
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Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

4. Promover a mobilização dos vários actores internos (sectores) e externos


(parceiros de cooperação, sociedade civil, etc.) à AP, assegurando a
abrangência e inclusão processo;
5. Reforçar a dinâmica de transformação já iniciada com a EGRSP conducente
ao estabelecimento de um Sector Público que se pretende1:
 Ágil, descentralizado, desburocratizado, simplificado e voltado para a
qualidade dos serviços públicos que deve prestar, sendo estes
prestados o mais próximo possível dos utentes dos serviços públicos;
 Modernizado e com alta incorporação de tecnologia;
 Democratizado, com um alto grau de institucionalização de formas
participativas e de atendimento das colocações que lhe sejam feitas
pelos cidadãos, individualmente, ou enquanto representantes de
organizações;
 Transparente, tanto no que diz respeito à utilização dos bens e outros
recursos públicos, quanto ao que se refere aos procedimentos e
avaliação de resultados;
 Dotado de pessoal qualificado, profissionalizado e preparado para a
mudança, com alto sentido de servidor público e de efectividade e
responsabilidade.

Não obstante os resultados já alcançados, reconhece-se a existência de desafios,


surgindo neste contexto a ERDAP.

A ERDAP não é uma estratégia de ruptura mas sim uma estratégia de continuidade
do esforço que tem vindo a ser empreendido na prossecução desta visão para o
Sector Público, estando orientado para a consolidação e aprofundamento das
reformas já realizadas tendo como lema “o Funcionário, a Servir cada vez melhor o
cidadão”.

1
Programa da Reforma do Sector Público – Fase 2 (2006-2011)

ERDAP
15
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

O lema adoptado para a ERDAP é o mesmo que o estabelecido para EGRSP, uma
vez que transmite os valores e a orientação da estratégia preconizada para o
horizonte temporal 2012-2025 e acentua a aposta na continuidade do caminho que
tem vindo a ser percorrido.

1.2. Filosofia da ERDAP

A ERDAP visa estabelecer uma visão para a Administração Pública até 2025,
orientando os esforços dos vários órgãos em torno de um propósito comum e
enquadrando as respectivas iniciativas no quadro de uma acção coordenada.

Desta forma, serve três propósitos fundamentais:

 Identifica os objectivos estratégicos e prioridades de actuação de toda da


Administração Pública nos próximos 15 anos;
 Especificar quais as actividades estratégicas que contribuem para a
prossecução dos objectivos definidos, num horizonte de 5 anos;
 Incentiva a partilha de boas práticas e a actuação concertada dos vários
órgãos da Administração Pública.

Documentos que compõem a ERDAP

A ERDAP é composta por: i) documento de estratégia (presente documento), que


apresenta a visão, missão, valores, objectivos estratégicos e grandes metas para o
desenvolvimento da Administração Pública num período de 15 anos; ii) planos de
acção, que definem e calendarizam as actividades estratégicas a desenvolverem
para cada período de 5 anos e se desdobram em planos de actividade anuais (que
incluem a perspectiva financeira); e, iii) plano de comunicação, que apresenta a
estratégia de comunicação e os suportes comunicacionais de divulgação do própria
ERDAP.

ERDAP
16
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

Figura 1–Documentos que constituem a ERDAP

ERDAP Plano de Acção


- Plano Estratégico -
Plano Operacional, a 5 anos, que apresenta para
cada componente e Área de Actuação as iniciativas
Documento de Estratégia, com que o consubstanciam, com a respectiva
horizonte temporal de 15 anos, no qual calendarização e responsáveis.
estão definidos: Os Planos de Acção são decompostos em Planos
Anuais de Actividades.
o Visão, Missão e Valores da
Administração Pública
o Objectivos Estratégicos e Grandes
Metas Plano de Comunicação

o Componentes de Desenvolvimento, Documento de suporte aa ERDAP que visa


Áreas de Actuação e Indicadores de alavancar a operacionalização e que é constituído
Desempenho pela estratégia de comunicação, que identifica os
públicos-alvo e o foco da comunicação, e pela
o Estratégia de Governação e de
definição dos suportes comunicacionais.
Monitoria

Ciclo de Planificação
A visão a 15 anos definida na ERDAP é desagregada em Planos de Acção com um
horizonte temporal de 5 anos nos quais são apresentadas as iniciativas que
consubstanciam cada uma das componentes de desenvolvimento e promovem a
evolução dos indicadores definidos.

Para promover o alinhamento dos Planos de Acção com o Programa Quinquenal do


Governo, o primeiro Plano de Acção terá o horizonte temporal 2012-2014, seguido
dos planos para 2015-2019 e 2020-2024. O ano de 2025 será de balanço global e
redefinição estratégica.

O Plano de Acção é por sua vez desagregado em Planos Anuais de Actividades,


que estabelecem a base para o desenvolvimento das actividades no âmbito da
ERDAP. Estes Planos alimentam o Plano Económico e Social, no dominio da
Administração Pública.
Figura 2–Desagregação da ERDAP (Curto, Médio e Longo Prazo)
Dimensão
Documento de visão e linhas de
Longo Prazo Estratégica
ERDAP orientação estratégica, a 15 anos

Plano Operacional, a 5 anos Dimensão


Médio Prazo Planos de Acção
(sendo elaborados 3 ao longo da Operacional
execução da ERDAP)

PlanoOperacionaleOrçamento,
Curto Prazo
ERDAP Planos de Actividades anual (serão elaborados 15 ao
longo da execução da ERDAP) 17

(…)
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

A ERDAP é um instrumento flexível, ajustado e actualizado anualmente (por via do


Plano de Actividades) através do Cenário Fiscal de Médio Prazo (CFMP), do Plano
Económico e Social (PES) e do Orçamento do Estado (OE), que são instrumentos
de operacionalização do Programa Quinquenal do Governo.

A ERDAP enquadra-se, ainda, no ciclo de planificação pública pela promoção do


alinhamento das componentes ligadas ao desenvolvimento da Administração
Pública dos diferentes Planos Estratégicos Sectoriais e Provinciais.

Figura 3–Enquadramento no Ciclo de Planificação Pública

Programa Quinquenal do Governo

Programação de Médio Prazo Planos Operacionais Anuais

Plano de Acção para a Redução da Plano Económico e Social (PES)


Pobreza Integração dos objectivos e
metas
Harmonização de projectos e
iniciativas

Planos Estratégicos Sectoriais,


Consistência da
Provinciais e Distitais
orçamentação com
Cenário Macro e acções e objectivos de
ERDAP – Plano Acção
Sectorial política

Outros Planos Est.

Integração da
Enquadramento dos
estratégia sectorial
recursos

Cenário Fiscal de Médio Prazo Orçamento do Estado (OE)


(CFMP) Limites de Despesa

2. Diagnóstico da Administração Pública Moçambicana

A Administração Pública é um conjunto de órgãos, serviços e funcionários e agentes


do Estado, bem como das demais pessoas colectivas públicas que asseguram a
prestação de serviços públicos ao cidadão.

De acordo com o 2º Anuário Estatístico dos Funcionários e Agentes do Estado,


cujos dados reportam o ano de 2009, a Administração Pública moçambicana, possui

ERDAP
18
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

um total de 179.383 funcionários e agentes do Estado (número que não engloba as


forças de defesa e segurança).

A situação actual da Administração Pública moçambicana resulta também do amplo


processo em curso no sector público moçambicano iniciado em 2001 com o
lançamento, pelo Governo, da Estratégia Global da Reforma do Sector Público
(EGRSP), que procurou orientar as instituições públicas para a melhoria da
qualidade dos seus serviços e respostas do Estado à sociedade, visando obter uma
cultura pública direccionada para a integridade, transparência, eficiência e eficácia,
comportou duas fases, a primeira de 2001-2005 e a segunda de 2006-2011.

Das actividades realizadas no processo da reforma importa destacar aquelas que


foram mais significativas para o cumprimento dos seus objectivos, a saber:

 A revisão dos Estatutos Orgânicos e dos Quadros de Pessoal são


importantes na medida em que constituem pedras basilares na racionalização
das instituições públicas e na desconcentração de funções;

 A expansão de alguns dos serviços básicos para os distritos constitui


elemento determinante no aumento da celeridade de muitos dos processos.
Além disso, a simplificação das actividades de licenciamento deu um
contributo fulcral na progressão de Moçambique no posicionamento do País
no concernente ao ambiente de negócios, o que, em termos de imagem
nacional, é bastante positivo pois gera atracção de investimento tanto interno
como externo, potenciando o desenvolvimento do País. Neste âmbito importa
ainda destacar a importância dos BAUs na melhoria de acesso e da
prestação de serviços públicos;

 O processo de descentralização em curso demonstra o forte comentimento


do Governo em levar o processo decisório para cada vez mais próximo do
cidadão;

ERDAP
19
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

A grande aposta que tem vindo a ser feita a nível dos recursos humanos
demonstra a importância da profissionalização da função pública. Por
outro lado denota-se uma forte tendência para o aumento do investimento na
formação e capacitação do capital humano a vários níveis, permitindo assim
fornecer serviços de forma mais eficiente e dotar os vários órgãos de
autonomia a nível na gestão interna. Importa nesta componente destacar a
importância das escolas de Governo consubstanciadas no Sistema de
Formação em Administração Pública (SIFAP) e materializadas pelo ISAP e
IFAPAs e CEGOVs;

 A nível da melhoria da eficiência e gestão financeira do Estado, o


SISTAFE e a sua aplicação electrónica foram preponderantes na melhoria da
transparência das contas públicas, na celeridade da execução do Orçamento
de Estado e numa melhor gestão do mesmo. Além disso, a ferramenta
electrónica e-SISTAFE deu um importante contributo na descentralização de
fundos do Orçamento de Estado para as províncias, potenciando a sua
autonomia. Acrescente-se também a revisão do processo de Procurement do
Estado que criou facilidades para que anível local houvesse a participação do
pequeno empresário na provisão de serviços ao Estado.

 Relativamente ao combate à corrupção e melhoria da eficiência dos


Tribunais, foi aprovado o pacote de leis anti-corrupção, e outros instrumentos
legais para aquisição e contração pública de bens e serviços público para
contratação de empreitada de obras públicas, fornecimento de bens e
prestação de serviço ao Estado (Decreto nº 15/2010, de 24 de Maio), bem
como a criação dos núcleos anti-corrupção nas instituições do Estado.

Não obstante o facto de a Administração Pública moçambicana ter desenvolvido


actividades com impactos positivos, subsistem desafios que são e oportunidades de
melhoria, dentre os quais:

ERDAP
20
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

 A nível distrital existe um conjunto de desafios associado à escassez infra-


estruturas adequadas, capacidade tecnico administrativa, devido ao número
reduzido de funcionários qualificados. Associado a estas limitações está a
deficiente rede de comunicação em muitos distritos, o que limita a expansão
da GovNet, e-CAF e do e-SISTAFE, ferramentas importantes na gestão
estratégica dos recursos humanos. Adicionalmente, o nível de receitas
próprias geradas pelos órgãos locais é ainda baixo;

 A nível dos recursos humanos, apesar dos vários esforços desenvolvidos na


sua capacitação, verifica-se ainda uma qualificação média abaixo do
desejável e por vezes desajustada das reais necessidades dos organismos;

 No combate à corrupção é preciso estabelecer mecanismos de controlo


interno eficientes, bem como uma força de trabalho em quantidade e
qualidade adequada, reforçando simultaneamente a monitoria e garantindo o
envolvimento de todos os actores de desenvolvimento;

 A introdução de sistema de monitoria e avaliação mais robusto e com


recursos capacitados nos diferentes níveis, permitindo a monitoria atempada
e a tomada de decisão com base na análise dos impactos reais;

 As limitações financeiras transversais a muitos dos factores


supramencionados, pois embora existam muitos projectos e políticas cujos
resultados serão benéficos para todo o sector público, alguns carecem de
implementação que tem sido limitada por não se possuír meios para tal.

 Na tabela adiante, encontram-se sistematizadas as principais evidências


identificadas através da análise FOFA (Forças, Fraquezas, Oportunidades e
Ameaças) que condicionam o processo de desenvolvimento da Administração
Pública em Moçambique.

ERDAP
21
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

Figura 4 – Análise FOFA (forças, fraquezas, oportunidades, e ameaças) da


Administração Pública Moçambicana

Forças Fraquezas
• Vontade política para o combate à corrupção e aos • Insuficiência de condições humanas, técnicas e
desvios de fundos ou bens do Estado; materiais para garantir a efectiva
• Cometimento político na consolidação da implementação dos instrumentos e
administração pública através de um vasto metodologias criados, bem como do processo
processo de reformas; de descentralização e descentralização;
• Expansão do Tribunal Administrativo; • Número ainda insuficiente de funcionários e
• Revitalização da Inspecção Administrativa do agentes do Estado com formação técnica e
Estado; superior;
• Instrumentos e metodologias de base para o • Concentração dos quadros mais qualificados na
desenvolvimento da Administração Pública já Administração Pública Central em Maputo
introduzidos; Cidade;
• Aprovação do subsídio de localização como • Reduzida cobertura do controlo e auditoria
resultado dos objectivos da política salarial que interna ainda insuficiente;
atrai a fixação de quadros qualificados nos distritos • Legislação anti-corrupção não abrangente;
recônditos através de incentivo remuneratório • Legislação sobre desvios de fundos ou bens do
atrativo e redução do tempo de serviço para a Estado desactualizada;
aposentação; • Fraca cobertura de infra-estrutura tecnológica e
• Aposta continuada na profissionalização e dos sistemas de informação ao nível local;
qualificação dos recursos humanos; • Sistemas eficientes de avaliação, monitoria e
• Balcões de Atendimento Único já introduzidos e em controlo ainda incipiente;
processo de expansão; • Restrições de recursos financeiros que
• Aprovação de 202 Quadros de Pessoal desde impossibilitam a execução de muitas das
2007, incluindo os dos 128 distritos; iniciativas
• Processo de descentralização em implementação;
• Melhoria da eficiência e gestão financeira do
Estado, nomeadamente através da introdução do
SISTAFE e da sua aplicação electrónica;
• Introdução de sistemas de informação de âmbito
nacional como forma de promover o aumento de
eficiência interna;
• Aposta nos sistemas e tecnologias de inovação,
alicerçada no GovNet (Rede Electrónica do
Governo).

ERDAP
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O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

Oportunidades Ameaças
• Crescimento económico do País e maior • Elevado peso da componente de ajuda externa
capacidade de gerar e arrecadar receita no Orçamento de Estado;
internamente; • Contração da economia a nível global e
• Capacidade de atracção de financiamento externo nacional, o que poderá pôr em causa a
e de suporte técnico e político fruto dos resultados implementação de alguns programas de
alcançados e da definição de uma visão clara para modernização e desenvolvimento da
o desenvolvimento; administração pública;
• Participação activa da população na governação do • Indice ainda elevado de analfabetismo;
País através das presidências abertas e inclusivas; • Pandemia de HIV/SIDA e impacto no consumo
• Utilização cada vez maior dos sistemas e de recursos do País e geração de receita;
tecnologias de informação na prestação de serviços • Exiguidade de infra-estruturas de transporte,
ao cidadãoe na promoção da eficiência interna; comunicações e energia;
• Adesão do País às organizações internacionais e a • Necessidade de investimentos avultados dada a
adopção de seus instrumentos, como a Carta dimensão do País e a dispersão da população;
Africana sobre Valores e Principios da Função • Fuga de funcionários e agentes do Estado para
Pública que valoriza e orienta a administração o sector privado e organizações não-
pública de cada país para a direcção de prestação governamentais.
de prestação de serviços de qualidade aos
cidadãos;
• Carta Africana sobre Democracia, Eleições e
Governação;
• Implementação de programa de educação técnico-
profissional no País que contribuirá para o sucesso
da componente de profissionalização;
• População jovem, receptiva à absorção rápida de
uma cultura digital, permitindo um salto de
desenvolvimento num período curto.

A ERDAP através das suas componentes e respectivas áreas de actuação,


apresentadas no capítulo 4, bem como das iniciativas que os vão corporizar, citados
nos Planos de Acção, visa suprir as fraquezas detectadas, contornando as ameaças
externas à AP e aproveitando as forças e oportunidades, dos contextos interno e
externo.

ERDAP
23
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República de Moçambique

2.1. A Administração Pública – Principais Indicadores

2.1.1. Caracterização dos Funcionários e Agentes do Estado

A Administração Pública Moçambicana engloba de acordo com o II Anuário


Estatístico um total de 179.383 funcionários e agentes do Estado. A sua distribuição
geográfica e sectorial, bem como a repartição por género, idade e nível de
qualificações fornecem um conjunto de informação de base relevante para a
definição de orientações estratégicas.

Distribuição Geográfica

Os funcionários e agentes do Estado encontram-se distribuídos pela Administração


Pública Central, concentrada em Maputo Cidade e que é composta por 24.978
funcionários (11%), e pela Administração Pública Local que conta com 154.405
funcionários (89%) que se encontram afecto às capitais provinciais e distritais. A
distribuição territorial dos funcionários da Administração Pública Central e Local é
expressa pela figura que se segue.

Figura 5– Distribuição dos Funcionários e Agentes do Estado por Províncias

Niassa
Cabo Delgado
10.666 (6%) 10.322 (6%)

Tete Nampula
12.331 (7%) 20.942 (12%)

Zambézia
20.129 (11%)

Sofala
14.637 (8%)
Manica
11.488 (6%)

Inhambane
13.965 (8%)
Gaza
13.287 (7%)

Maputo Província
15.508 (8%) Maputo Cidade
37.108 (21%)

ERDAP
24
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O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

Apesar da distribuição dos funcionários e agentes do Estado por todo o território,


verifica-se uma maior concentração, expressa pelo número de funcionários em
função do número de habitantes, em Maputo Cidade, pela presença da
Administração Central, e nas restantes províncias do sul de Moçambique.

O gráfico abaixo mostra que nas províncias do norte do País, com especial relevo
para a Zambézia e Nampula que apresentam um elevado número de habitantes, o
número de funcionários e agentes do Estado por cada 100 habitantes fica abaixo da
média nacional.

Gráfico 1– Número de Funcionários e Agentes do Estado por cada 100


Habitantes
Média do País = 0,88

Adicionalmente, é constatável uma maior concentração dos funcionários da


Administração Local nas capitais provinciais. As capitais provinciais concentram em
média cerca de 36% dos funcionários e agentes do Estado afectos à província
(excluindo Maputo Cidade). São de destacar as cidades da Beira e da Matola que
concentram mais de 50% dos funcionários e agentes do Estado das províncias de
Sofala e Maputo Província, respectivamente.

ERDAP
25
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República de Moçambique

Distribuição Sectorial

Os funcionários e agentes do Estado, apesar de distribuídos pelos diversos sectores


da economia, estão mais concentrados nas áreas chave para o desenvolvimento
sustentável do País: Educação, Saúde, Justiça e Agricultura.

A educação apesar de deficitária face às necessidades existentes concentra mais de


50% dos funcionários e agentes do Estado.

Gráfico 2– Funcionários e Agentes do Estado por Sector de Actividade

Outros
26%

Justiça
2% Educação
55%
Agricultura
3% Saúde
14%

Distribuição por Idade e Sexo

Os funcionários e agentes do Estado são ainda maioritariamente do sexo masculino,


cerca de 66,1% que correspondem a 118.609 funcionários. No que concerne à
idade, mais de 50% dos funcionários têm entre 26 e 41 anos, como representado na
figura abaixo:

ERDAP
26
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Gráfico 3– Pirâmide Etária dos Funcionários e Agentes do Estado

Homens: 118.609 (66,1%) Idade Mulheres: 60.774 (33,9%)

4.599 >65 619

4.984 60-65 1.159

7.132 55-59 2.219

13.531 49-54 5.370

24.294 42-48 10.508

11.356 38-41 6.830

21.882 32-37 14.515

24.788 26-31 15.190

6.043 18-25 4.364

O desequilíbrio de género é mais acentuado nas províncias do norte e centro do


País, como é visível na figura abaixo.

Gráfico 4– Funcionários e Agentes do Estado por Província e por Sexo

26% 21% 23% 28% 31% 27% 32%


41% 45% 44% 42%

74% 79% 77% 72% 69% 73% 68%


59% 55% 56% 58%

Niassa Cabo Nampula Zambézia Tete Manica Sofala Inhambane Gaza Maputo Maputo
Delgado Província Cidade
Mulheres Homens

ERDAP
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República de Moçambique

Nível de Qualificações

A qualificação dos funcionários e agentes do Estado é um factor chave para a


promoção do desenvolvimento sustentável. Em Moçambique os funcionários com
nível de qualificação elementar representam 24.2% e os de nível básico são a
maioria com 42.0% .Os funcionários com formação média e superior representam
25.7 % e 8,1%, respectivamente.

Adicionalmente, em 10 das 11 províncias de Moçambique a percentagem de


funcionários com formação superior é ainda inferior à média do País 8,1%, uma vez
que os funcionários mais qualificados se concentram em Maputo Cidade (cerca de
57% dos funcionários).

Gráfico 5 – Funcionários e Agentes do Estado por Província e por Nível de


Qualificação

4% 4% 5% 3% 3% 4% 6% 3% 4% 8%
15% 19% 22%
23% 20% 28% 24%
29% 29% 30%
35%

29%

47% 59% 48% 54% 49%


50% 49% 41% 43%
36% 21%

26% 27% 23% 24% 24% 23% 28%


22% 20% 18% 21%

Niassa Cabo Nampula Zambézia Tete Manica Sofala Inhambane Gaza Maputo - Maputo -
Delgado Província Cidade
Superior Médio Básico Elementar

ERDAP
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O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

2.1.2. Avaliação dos Serviços Prestados

Pesquisa de Avaliação de Satisfação de Serviços Públicos

O estudo foi desenvolvido em 2009, cobrindo 12 serviços da Administração Pública,


a saber:
1. Licenciamento e certificação da actividade comercial;
2. Registo comercial;
3. Matrículas escolares;
4. Registo de nascimento;
5. Registo criminal;
6. Consultas externas nos hospitais;
7. Serviço de impostos - Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares
(IRPS); Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRPC); Imposto
sobre o Valor Acrescentado (IVA);
8. Serviços de emissão de bilhete de identidade;
9. Licenciamento de empreiteiros;
10. Emissão de Direito de Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT);
11. Licenciamento da actividade turística;
12. Serviços de emissão de cartas de condução.

Deste universo, 72% tinha conhecimento da Reforma e 56% tinha uma opinião “Boa”
ou “Muito Boa” do seu impacto.

Quanto aos serviços que registaram melhorias significativas, de acordo com a


percepção dos inquiridos, destacam-se os serviços prestados nos BAUs, a
distribuição do livro escolar e o número de vagas nas escolas EP1, EP2 e EPC.
Acrescentar ainda que, igualmente, as consultas nos hospitais registam melhorias
em termos de tempo de espera, higiene e limpeza.

ERDAP
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República de Moçambique

Tabela 1– Serviços com Maior Percepção de Melhoria pelos Inqueridos


% dos inquiridos que respondeu
Serviços
“Melhorou”

1. Serviços prestados nos BAUs 83,6%

2. Distribuição gratuita do livro escolar 80,4%

3. Vagas nas escolas de EP1, EP2 e 76,3%


EPC

4. Atendimento nos serviços de 72,5%


notariado

5. Atendimento nos hospitais 69,7%

Inversamente, os serviços que de acordo com este estudo registaram menor


percepção de melhorias foram os de provedor do empresário, visto do Tribunal
Administrativo e fixação das pensões de aposentação.

Tabela 2– Serviços com Menor Percepção de Melhoria pelos Inqueridos


% dos inquiridos que respondeu
Serviços
“Está na Mesma” e “Piorou”

1 Provedor do empresário 66,4%

2 Visto do Tribunal Administrativo 59,8%

3 Fixação das pensões de 55,6%


aposentação

4 Celeridade nos julgamentos 55,1%

5 Procedimentos para abertura de 55,1%


empresas

ERDAP
30
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O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

Outras importantes conclusões que se retiram das respostas dos inquiridos ao


estudo incluem:
− 56,8% consideram que tem havido descentralização no sector público;
− 41,3% consideram que o impacto das reestruturações excedeu as
expectativas em algumas instituições;
− 71,6% conhecem os Balcões de Atendimento Único;
− 85,8% consideram que os serviços públicos têm melhorado o seu
desempenho;
− 58,7% não ouviram falar de Governação Electrónica;
− 49,2% têm boa imagem da governação do País;
− 68,5% considera que com a introdução do SISTAFE a gestão financeira
pública melhorou;
− 70,3% considera que com a introdução do novo regulamento de aquisições,
as compras das instituições públicas melhoraram;
− 63,7% dos funcionários referem não terem beneficiado de formação
específica no seu sector de trabalho;
− 93,2% dos funcionários que receberam formação consideram que esta
contribuiu para melhorar a qualidade do seu trabalho.

Pesquisa de Avaliação de Satisfação de Serviços Públicos

Realizada em 2009, visou avaliar o grau de satisfação dos cidadãos relativamente


aos serviços públicos a nível nacional, com base na captação das percepções e
expectativas dos “clientes” (cidadãos e empresas) sobre a prestação dos serviços
públicos. Incidiu sobre uma amostra efectiva de 9,465 entrevistados, em todas as
províncias do País, e ao nível de Direcções Provinciais, Hospitais, Escolas,
Registos, Notariado, Postos de Licenciamento e Balcões de Atendimento Único
(BAUs). Em termos sectoriais, foram analisados os serviços dos seguintes sectores:
Agricultura, Educação, Indústria e Comércio, Turismo, Interior, Justiça, Obras
Públicas e Habitação, Saúde; e Transportes e Comunicações.

ERDAP
31
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República de Moçambique

Tabela 3 – Aspectos Mais Importantes para a Satisfação deCidadãos e


Empresas
Nº de vezes considerado
Aspectos Considerados
“Extremamente Importante”
1 O serviço ser feito no tempo prometido 22,2%
2 Tempo de resposta do expediente 21,5%
3 Os funcionários anotarem correctamente 21,0%
as informações
4 Os documentos emitidos estarem 20,5%
correctos
5 Confidencialidade da informação 19,6%
fornecida
6 Tempo de espera para ser atendido 16,8%
7 Os formulários e documentos serem de 16,0%
fácil leitura e preenchimento
8 Facilidade para fazer reclamações 15,9%
quando necessário
9 O preço cobrado pelos serviços 13,0%
10 As informações dos folhetos e cartazes 11,8%
serem claras e simples
11 As informações dos folhetos e cartazes 11,2%
serem correctas

A pesquisa confirmou a importância colocada pelos utentes dos serviços públicos na


componente tempo – cumprimento dos prazos definidos e reduzido tempo de
tratamento de expediente, assim como ausência de erros e preservação da
confidencialidade.

ERDAP
32
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O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

Tabela 4–Aspectos a Necessitar de Melhorias


Nº de vezes classificado como “Muito
Aspectos Considerados
Insatisfeito” (0 e 1 em escala de 0 a 5)
1 O serviço a ser feito no tempo 11,6%
prometido
2 O tempo de resposta do expediente 11,2%
3 A facilidade para fazer reclamações 10,5%
quando necessário
4 As informações dos folhetos e 8,2%
cartazes serem claras e simples
5 As informações dos folhetos e 7,4%
cartazes serem correctas
6 Os funcionários anotarem 7,2%
correctamente as informações
7 O preço cobrado pelos serviços 7,0%
8 Os formulários serem de fácil leitura 6,6%
e preenchimento
9 Confidencialidade da informação 6,5%
fornecida
10 Os documentos emitidos estarem 6,3%
correctos

Quanto ao desempenho actual dos serviços, conforme percebido pelos cidadãos e


empresas, os aspectos tempo e facilidade em efectuar reclamações foram
considerados os mais críticos, sendo áreas prioritárias de actuação.

Paralelamente, a pesquisa efectuada ao nível dos BAUs permitiu identificar quais os


serviços mais procurados pelos cidadãos e quais os níveis de satisfação – face a
serviços específicos e quanto a aspectos transversais de prestação de serviço.

ERDAP
33
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

Gráfico 6–Serviços Mais Procurados

Emissão de
NUIT
3% Outros
Emissão de 16%
Bilhete de Licenciamento e
Identidade certificação de
4% actividade
comercial
Licenciamento 29%
de turismo
4%
Emissão de
certificados
4% Matrícula Notariado
escolar 16%
9% Registo
comercial
15%

Os serviços mais procurados nos BAUs são os de licenciamento e certificação de


actividade comercial, seguidos pelos serviços de notariado, registo comercial e
matrícula escolar.

Gráfico 7– Grau de Satisfação com Vertentes do Atendimento

A conservação e limpeza da instituição

Soube ouvir as suas necessidades e preocupações

Domínio dos assuntos

Apresentação do funcionário

Dinamismo do funcionário

Simpatia

Tempo de resposta do expediente

Tempo de espera para ser atendido

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%100%

Muito insatisfatório Insatisfatório Nem Insatisfatório/ Nem Satisfatório Satisfatório Muito Satisfatório

No que diz respeito ao grau de satisfação dos cidadãos e empresas verifica-se que
a maior parte dos inquiridos afirma estar satisfeito ou muito satisfeito com a
prestação de serviços nos BAUs. Ainda assim, numa perspectiva de melhoria,
constata-se que os tempos de realização do serviço – tempo de resposta do
ERDAP
34
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

expediente e tempo de espera para ser atendido – são as principais preocupações,


assim como o “dinamismo do funcionário”, devendo portanto ser aspectos a merecer
especial atenção.

2.1.3. Indicadores Internacionais

Ambiente de Negócios
A simplificação de processos e procedimentos operada pela Administração Pública
Moçambicana tem vindo a surtir efeitos, sendo de destacar a criação de condições
que favorecem a iniciativa privada.
As reformas levadas a cabo por Moçambique nos últimos anos permitiram ao País
subir várias posições na categorização sobre o ambiente de negócios (ranking do
Doing Business), estando actualmente na 126.ª posição e sendo o 12.º País com
maior evolução nos últimos 5 anos.

Gráfico 8– Análise Comparativa do Ranking Doing Business 20112

Segundo o “Doing Business 2011”, Moçambique é o oitavo País da Comunidade


para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), em termos de ambiente de
negócios e o segundo País da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, logo a
seguir a Portugal. São de destacar as posições alcançadas em termos de facilidade
para iniciar um negócio e protecção ao investimento.

2
Nome oficial do relatório do Banco Mundial.

ERDAP
35
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

Transparência

Têm vindo a ser desenvolvidas acções no sentido de reduzir a incidência da


corrupção na Administração Pública, sendo esses resultados já visíveis na melhoria
da posição do País no “Corruption Perception Index” (CPI), elaborado pela
organização “Transparency International”. O CPI é calculado anualmente e varia
entre 0 (muito corrupto) e 10 (muito transparente). De 2009 para 2010, a percepção
de corrupção no País foi reduzida (o índice aumentou de 2,5 para 2,7), permitindo a
subida de 130º para 116º lugar no ranking mundial.

Ainda assim, o posicionamento do País está ainda longe de ser o desejado, pelo
que uma das áreas da ERDAP será a luta contra a corrupção, dando continuidade
às acções já implementadas no âmbito da Estratégia Global de Reforma do Sector
Público e da Estratégia de Combate a Corrupção.

Gráfico 9–Evolução no “Ranking Corruption Perception Index” (2004-2010)

111 116
99 126 130
97
90

2,8 2,8 2,8 2,8 2,6 2,7


2,5

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Índice Posição

Governação Electrónica
A ligação em rede da Administração Pública, através da GovNet, e a entrada em
funcionamento do Portal do Governo constituem duas das principais realizações do
País na área da Governação Electrónica.

ERDAP
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Tabela 5– Moçambique nos Índices de Governo electrónico e participação 2010


(eGovernment e eParticipation 2010)
2005 2008 2010
eGovernment Development Index, 146º 152º 161º
incluindo:
Serviços online 124º
Infraestrutura de 169º
telecomunicações
Capital humano 170º
eParticipation Index 30º 25º 97º

A análise de indicadores internacionais, nomeadamente o eGovernment Index


calculado pelas Nações Unidas, reflecte estes esforços, mas permite também
constatar que existe ainda um importante caminho a percorrer na modernização dos
serviços da Administração Pública.

De facto, embora Moçambique esteja colocado apenas na 161ª posição do


eGovernment Index 2010, verifica-se que na sub-componente Serviços online, o
País sobe para o 124º lugar, sendo as sub-componentes Infraestrutura de
Telecomunicações e Capital Humano aquelas que necessitam de maior atenção.

Paralelamente, a 97ª posição em eParticipation expressa o sucesso na utilização da


internet para proporcionar informação aos cidadãos, interacção com partes
interessadas e envolvimento em processos de tomada de decisão. Contudo, a
descida nesta medida – em que Moçambique era, em 2008, o País Africano melhor
posicionado – reflecte a dificuldade em manter uma dinâmica de inovação e que se
pretende retomar.

ERDAP
37
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

3. Linhas de Orientação Estratégica

A Estratégiada Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública vem


consolidar as transformações imprimidas desde 1975, com particular incidência a
partir de 2001, ano em que foi lançada a Estratégia Global da Reforma do Sector
Público, no sentido de aproximar a realidade do Sector Público à visão descrita na
Agenda 2025.

Neste contexto, a ERDAP define uma visão de 15 anos que irá orientar a actuação
dos vários sectores, estruturas e pessoas, garantindo a conjugação de esforços em
torno de objectivos comuns. No domínio da consolidação da administração pública
moçambicana trata-se de uma estratégia de consolidação e aprofundamento dos
resultados já obtidos, nomeadamente com a implementação dos Programas
Quinquenais do Governo e da Estratégia Global de Reforma do Sector Público
2001-2011.

3.1. Visão e Missão

Visão
“Uma Administração Pública centrada no cidadão, promotora do desenvolvimento e
vocacionada para a prestação de serviços de qualidade”.

Missão
“Garantir a prestação de serviços públicos de qualidade, através de recursos
humanos qualificados e motivados, processos eficientes e sistemas integrados, com
base numa gestão financeira rigorosa e transparente e numa estrutura consolidada,
responsabilizada e de actuação íntegra e coordenada”.

ERDAP
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Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

3.2. Valores

Os valores norteiam a actuação da Administração Pública na prossecução da sua


visão e missão e devem ser observados pelos funcionários e agentes do Estado no
âmbito da sua actividade.

Figura 6– Valores

Cultura de Bem
Servir

Meritocracia Imparcialidade

Profissionalismo Continuidade
VALORES
Unicidade Modernização

Desenvolvimento Responsabilização
Sustentável

ERDAP
39
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

Os conceitos que materializam cada valor são apresentados a seguir.

• Cidadão, Sector Privado e Sociedade Civil como centro da actuação da


Cultura de Bem
Administração Pública
Servir
• Acesso à informação, proximidade e conveniência

Meritocracia • Valorização dos resulatdos atingidos por competência

• tratamento não discriminatório, equilíbrio de género


Imparcialidade
• Ética e deontologia, transparência e combate à corrupção

• Qualificação e desenvolvimento de competências


Profissionalismo • Diligência e cultura de trabalho
• Civismo e cortesia na relação com os utentes

• Orientação para resultados e capacidade de execução


Responsabilização
• Produtividade e cultura de desempenho

• Reforço do carácter institucional


Continuidade • Gestão documental e do conhecimento
• Memória institucional

• Propósito comum, planificação coordenada e acção concertada


Unicidade
• Mobilidade

• Inovação e simplificação de procedimentos


Modernização • Tecnologias de informação e comunicação
• Eficiência

Desenvolvimento
• Promoção do desenvolvimento económico, social e humano
Sustentável

ERDAP
40
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

3.3. Objectivos Estratégicos e Componentes de Desenvolvimento

Os objectivos estratégicos identificam as principais linhas de orientação das


instituições do Sector Público, nas vertentes que lhes são transversais, nos
próximos 15 anos, clarificando quais os enfoques de actuação da Administração
Pública.

Figura 7– Objectivos Estratégicos

Dotar a Aproximar a Melhorar a


Administração Administração qualidade dos
Pública de técnicos Pública do Cidadão serviços
qualificados

Fortalecer a
organização da
Objectivos Administração
Estratégicos Pública

Promover e Consolidar a
disseminar uma Acompanhar a
utilização das
cultura de execução e medir
tecnologias de
integridade na os resultados
informação e
sociedade e na AP comunicação

A prossecução da Visão, Missão e Objectivos Estratégicos descritos pressupõe a


definição e concretização de acções pelos diversos agentes da Administração
Pública. Estas acções são enquadradas em componentes de desenvolvimento e são
detalhadas em áreas de actuação.

Assim, as componentes de desenvolvimento correspondem a um conjunto de


linhas orientadoras direccionadas ao cumprimento de um objectivo estratégico. As
componentes de base são complementados pelas componentes transversais que
visam suportar e impulsionar a implementação do Plano. Finalmente, as áreas de

ERDAP
41
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

actuação detalham as componentes em termos de actividades parcelares e


homogéneas entre si.

Figura 8– Objectivos Estratégicos e as Componentes Correspondentes

Dotar a Administração Pública de técnicos qualificados – funcionários Componente 1


e agentes do Estado motivados, em número adequado,
Profissionalização dos
responsabilizados e reconhecidos de acordo com o seu desempenho,
Funcionários e Agentes
num contexto de igualdade de tratamento e oportunidades para a
do Estado
prestação de serviços.

Componente 2
Aproximar a Administração Pública do cidadão - consolidação do
papel do Distrito enquanto pólo de desenvolvimento, através da Descentralização e
descentralização de funções, capacidades e recursos e da assessoria Desconcentração
técnica por parte dos órgãos centrais.

Melhorar a qualidade dos serviços - compromissos de desempenho, Componente 3


através da simplificação de processos e procedimentos, integração
Melhoria da Prestação
entre sectores e reforço das infra-estruturas. dos Serviços

Fortalecer a organização da Administração Pública - consolidação da Componente 4


base regulamentar, funcional e humana e da gestão do
Consolidação e
conhecimento, assegurando continuidade e memória institucional e
Coordenação das
promovendo a actuação integrada segundo o princípio de Estado
Estruturas da AP
Unitário.

Promover e disseminar uma cultura de integridade na sociedade e na Componente 5


Administração Pública – reforço de um ambiente inibidor de práticas
Reforço da Integridade na
de corrupção, e garantir que os recursos do Estado são direccionados Administração Pública
para o combate à pobreza e para o desenvolvimento do País.

Consolidar a utilização das tecnologias de informação e comunicação Componente


- melhoria da prestação de serviços, aproximando os órgãos centrais Transversal A
e locais, integrando o conhecimento entre sectores e suportando a
Modernização
agilização de procedimentos.
Tecnológica e Inovação

Acompanhar a execução e medir os resultados - celeridade na Componente


correcção de desvios, comunicando de forma regular as realizações e Transversal B
os seus impactos e fomentando a partilha de boas práticas e a
melhoria continua. Monitoria, Comunicação e
Avaliação

ERDAP
42
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

3.4. Grandes Metas da ERDAP

O Estado Moçambicano está fortemente empenhado na melhoria continuada do


serviço prestado ao cidadão e de todo o ambientea ele associado, como alavanca
do desenvolvimento do País.

Assumindo este aspecto como um desígnio, a ERDAP identifica um conjunto de


indicadores de referência e estabelece metas concretas para cada período de 5
anos, ou seja para o período de vigência de cada um dos Planos de Acção.

Os indicadores identificados permitem reforçar o compromisso e analisar o impacto


da implementação da ERDAP na sociedade moçambicana como um todo e, em
específico, na Administração Pública. Para o efeito foram definidos indicadores cujas
fontes são instituições internacionais altamente referenciadas.

ERDAP
43
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

Tabela 6 – Indicadores de Impacto da ERDAP e respectivas metas


Valor de Metas
Indicador de Impacto
Base 2014 2019 2024
Grau de satisfação dos utentes Razoável Bom
3,2 3,58
Fonte: Pesquisa Avaliação Satisfação 2009 (2,9) (4)
Índice de obtenção dos serviços
81% 84% 88% 92%
Fonte: Pesquisa Avaliação Satisfação 2009
Percepção de melhoria de desempenho dos
serviços públicos pelos funcionários 94% 94% 94% 94%
Fonte: Estudo de Opinião da Reforma 2009
Grau de satisfação dos funcionários do Estado
---- ---- ---- ----
Fonte: A definir
Evolução do ambiente de negócios
126 116 106 96
Fonte: DoingBusiness 2012

Evolução da Governação Electrónica 0,2288 0,2782 0,3420


0,3101
Fonte: UN E-GovernmentSurvey 2010 (161) (≈144) (123)
Evolução da participação electrónica (e-
0,1143 0,1286 0,3000
participation) 0,2143
(97) (86) (39)
Fonte: UN E-Government Survey 2010

Nível de transparência 2,7 3 4 5


Fonte:CorruptionPerceptionIndex 2010 (TI) (116) (101) (66) (46)
Consolidação democrática
4,9 5,2 5,6 6
Fonte: DemocracyIndex 2010 (EIU)

No que concerne à avaliação directa da Administração Pública e do serviço ao


cidadãoforam definidos 4 indicadores e definidas as respectivas metas:

 Grau de Satisfação dos Utentes, actualmente avaliado como “Razoável”


(classificação 2,9), deverá evoluir gradualmente para “Bom” (classificação 4),
sendo que no período intermédio deverão ser atingidas as expectativas
actuais dos utentes (3,58);
 Índice de Obtenção dos Serviços, o valor médio obtido em 2009 aquando
da Pesquisa de Avaliação de Satisfação foi de 81%, sendo de destacar a
ERDAP
44
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O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

província de Gaza que atingiu os 92%, valor agora definido como meta
nacional para 2024;

 Percepção de Melhoria do Desempenho dos Serviços Públicos pelos


Funcionários e Agentes do Estado, avaliada como positiva por 94% dos
funcionários no Estudo de Opinião da Reforma do Sector Público realizado
em 2009, valor a manter ou incrementar no período de duração da ERDAP;

 Grau de Satisfação dos Funcionários e Agentes do Estado, indicador a


avaliar de forma regular por entidade independente nos próximos anos, tendo
como meta a evolução positiva e crescente;

No que diz respeito a indicadores internacionais são considerados:

 Evolução do ambiente de negócios, indicador onde Moçambique apresenta


um bom desempenho tendo atingido a 126ª posição no Relatório “Doing
Business 2012”, encontrando-se entre os países com melhor evolução nos
últimos 5 anos, e onde pretende caminhar de forma gradual e consolidada
escalando até às 100 primeiras posições do ranking (a média dos países da
América Latina, Norte de África e Médio Oriente situa-se na 96ª posição);

 Evolução da Governação Electrónica, medida no E-Government Survey


das Nações Unidas, tendo Moçambique atingido 0,2288 em 2010 (161ª
posição) o que veio contrariar a tendência ascendente até então verificada e
que deverá ser retomada. Em 2014, o País espera atingir a média dos países
da sub-região Este de África (0.2782), sendo a meta para 2024 0,3430 (valor
actual do País que se encontra na 10ª posição do continente africano);
 Evolução da Participação Electrónica (e-participation), indicador no qual
Moçambique se destacou entre 2005 e 2008, sendo o primeiro País africano
(30º e 25º a nível global), mas onde em 2010 caiu para a 97ª posição global
(0,1143 pontos). A meta neste indicador é atingir o top ten africano em 2014

ERDAP
45
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República de Moçambique

(Marrocos é o 10º País africano com 0,1286) e o valor actual da Tunísia em


2024, País africano na 1ª posição (0,3000);

 Nível de transparência do País, medido através do Corruption Perception


Index da Transparência Internacional. Moçambique em 2010 atingiu um valor
de 2,7 (116º em 178 países), tendo como meta para 2024 atingir um valor
positivo (igual ou superior a 5) e situar-se entre os países africanos de
referência (actualmente, só o Botswana, Maurícias e Cabo Verde apresentam
valores superiores a 5);

 Consolidação Democrática, medida pelo Democracy Index do Economist


Intelligence Unit. Em 2010 Moçambique apresentou um valor de 4,9 (99º
entre 167 países) o que o classifica como regime híbrido (abaixo de 6). A
meta para 2024 é atingir o valor 6 e evoluir para o patamar seguinte.

3.5. Factores Críticos de Sucesso


O sucesso na prossecução da estratégia definida pela ERDAP tem subjacente um
conjunto de factores críticos que deverão ser considerados em todas as fases da
implementação, nomeadamente:
 Garantia de liderança;
 Reforço de competências;
 Fortalecimento das Escolas de Governo;
 Capacidade de financiamento;
 Monitoria da execução e dos impactos.

ERDAP
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Garantia de Liderança

A liderança, na óptica de desenvolvimento da ERDAP, apresenta duas perspectivas


distintas: i) liderança institucional; e ii) capacidade de liderança individual (de cada
um dos agentes envolvidos na operacionalização da estratégia).

A liderança da ERDAP é, na sua perspectiva transversal dacompetência do Governo


através do Ministério da Função Pública (cf. Decreto Presidencial nº 13/2007 de 16
de Outubro).

No entanto, as lideranças sectoriais assumem um papel de destaque na


operacionalização. Esta importância materializa-se ao nível da mobilização dos
recursos humanos e materiais necessários, mas sobretudo no que diz respeito às
acções de planeamento, gestão, monitoria e a avaliação dos progressos e
resultados alcançados, numa lógica sectorial e articulada. Apenas desta forma a
ERDAP se pode assumir como uma estratégia de toda a Administraçao Pública
Moçambicana.

Adicionalmente, será condição de sucesso assegurar as necessárias competências


de liderança dos titulares de cargos de direcção, chefia e confiança, particularmente
no que diz respeito à gestão dos recursos humanos e da coisa pública sob sua
supervisão.

Estas competências de liderança serão a sustentação para a efectivação de uma


cultura de trabalho, assente na responsabilização pela implementação e pelos
resultados e na motivação e envolvimento activos do universo de funcionários e
agentes do Estado.

ERDAP
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Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

Reforço de Competências

A gestão da ERDAP é feita por todos os sectores da Administração Pública, a todos


níveis. A estes, recai a responsabilidade particular no desenvolvimento de
capacidades e competências para a implentação da ERDAP, com sucesso.

A gestão operacional da ERDAP é da responsabilidade das estruturas do MFP já


institucionalizadas, que deverão garantir as competências necessárias para
assegurar de forma transversal as macro-actividades de Monitoria, Comunicação e
Simplificação de processos e procedimentos no âmbito do desenvolvimento da
Administração Pública, bem como a capacidade de implementação das iniciativas
transversais sob alçada do Ministério.

Figura 9 – Funções a Assegurar

Funções a assegurar:
 Garantir a implementação de politicas, estratégias e programa transversais
integrados no processo de modernização administrativa, promovendo a
integração com os programas sectoriais e a estratégia global do Governo;
 Garantir a integração e promover o alinhamento operacional entre os
diferentes organismos da Administração Pública na implementação de
iniciativas tendentes à modernização da AP;
 Gerir a implementação do processo de modernização da AP e das iniciativas
a este adstrito;
 Promover medidas integradas visando a promoção do profissionalismo, a
racionalização de processos e procedimentos e a mudança de atitudes com
vista à melhoria da prestação de serviços ao cidadão;
 Acompanhar e monitorar as iniciativas e indicadores relativos ao processo de
modernização da AP e seu impacto na sociedade moçambicana;
 Comunicar o processo de modernização da AP;

ERDAP
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O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

 Promover a auscultação e a consulta permanente da sociedade civil, sector


privado, entidades estrangeiras e parceiros de cooperação sobre matérias
relacionadas com o desempenho da Administração Pública e da Função
Pública;
 Identificar e estudar em estrita ligação com os diferentes serviços e os órgãos
representativos da sociedade civil os obstáculos à modernização
administrativa, propondo medidas concretas para os dirimir.

Fortalecimento das Escolas de Governo

A formação específica em Administração Pública, que seja complementar à


formação universitária e que seja profissionalizante, preparando os funcionários e
agentes do Estado para o trabalho do dia-a-dia é essencial para o desenvolvimento
da AP Moçambicana e, consequentemente, para a melhoria da prestação de
serviços aocidadão.

Neste âmbito, assumem especial relevo as Escolas de Governo enquanto


instituições vocacionadas para a formação profissionalizante e capazes de garantir o
desenvolvimento das competências de todos os funcionários e agentes do Estado
em consonância com as reais necessidades da AP Moçambicana.

É, por isso, importante garantir que as Escolas de Governo tenham capacidade


operacional para leccionarem programas de formação profissionalizantes
transversais a todos sectores, localizações geográficas e níveis hierárquicos da AP.

ERDAP
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Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

Capacidade de Financiamento

A existência de capacidade financeira é chave para que se possa assegurar a


operacionalização das iniciativas e projectos que consubstanciam as componentes
da ERDAP e que, consequentemente, promovem o alcance dos objectivos e metas
traçadas.

A fonte de financiamento da ERDAP é o Orçamento do Estado que poderá ser


suportada por mecanismos de financiamento suplementares.

Neste sentido, assume especial relevo a responsabilização ao nível da prestação de


contas, que tem sido um dos desígnios da governação em Moçambique, acerca da
utilização das verbas disponibilizadas, mas também dos resultados alcançados e
impactos gerados para que possam ser mobilizados mais fundos.

Adicionalmente, é ainda importante a priorização das iniciativas para garantir a


implementação daquelas cujo impacto é mais substancial.

ERDAP
50
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
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Monitoria da Execução e dos Impactos

A monitoria da execução e dos impactos alcançados é uma necessidade cada vez


mais sentida. Num contexto de recursos limitados de investimento é necessário
“medir para desenvolver”, isto é, medir para gerir melhor quer numa lógica de
retorno sobre o investimento, em termos de economia, eficiência, eficácia e
utilidade, quer numa lógica de transparência e de prestação de contas sobre os
resultados obtidos.

A monitoria sistemática dos indicadores e o acompanhamento da execução dos


projectos é chave para aferir não só o grau de execução da ERDAP, mas também a
evolução dos indicadores globais e o respectivo grau de cumprimentos das metas e
o grau de envolvimento da comunidade.

ERDAP
51
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

Figura 10 – Objectivos Macro da Monitoria

A ERDAP é alavancado por um grupo de


intervenientes (actores) com os quais se
Grau de responsabilizará por levar a cabo um conjunto de
Execução das
iniciativas definidas. É importante acompanhar
Iniciativas
continuamente a execução das iniciativas;

Evolução nos A evolução de Moçambique nos indicadores de


Indicadores impacto da ERDAP é uma forma de promoção da
de Impacto
imagem do País junto da comunidade
internacional e atracção de investimentos;

O grande destinatário da ERDAP e do


Envolvimento
desenvolvimento da Administração Pública é o
da Sociedade
Moçambicana
cidadão, sendo essencial promover a sua
auscultação e participação em todo este
processo, bem como medir e acompanhar os
seus níveis de satisfação.

O processo de monitoria deve servir não só para aferir o grau de cumprimento dos
objectivos estabelecidos, mas também para avaliar o funcionamento de toda a
estrutura num processo de melhoria e aprendizagem contínua.

4. Componentes de Desenvolvimento da Administração Pública

A estratégia definida para o desenvolvimento da Administração Pública


Moçambicana assenta num conjunto de sete componentes. Dos sete componentes,
cinco são verticais e traduzem as principais áreas de actuação da Administração
Pública nos próximos 15 anos:

− Componente 1 – Profissionalização dos Funcionários e Agentes do Estado;


− Componente 2 – Descentralização e Desconcentração;
− Componente 3 – Melhoria da Prestação de Serviços;
− Componente 4 – Consolidação e Coordenação das Estruturas da
Administração Pública;
− Componente 5 – Reforço da Integridade na Administração Pública.

ERDAP
52
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

Já as duas componentes transversais representam os elementos de aceleração e


concretização dos demais, constituindo as alavancas da estratégia:
− Componente Transversal A – Modernização Tecnológica e Inovação
− Componente Transversal B – Monitoria, Comunicação e Avaliação

As sete componentes da ERDAP são por sua vez desagregadas em áreas de


actuação que expressam as vertentes concretas de actuação e que serão
materializadas através de um conjunto de actividades estratégicas.

Finalmente, cada área de actuação está ligada um ou mais indicadores de


desempenho que permitem aferir o impacto da implementação da mesma.

ERDAP
53
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

Figura 11– Componentes de Desenvolvimento

Componentes:

1. Profissionalização dos
Funcionários e Agentes do 2. Descentralizaçãoe
Desconcentração
Estado
1.1. Capacitar os funcionários do Estado para o 2.1. Aproximar os serviços do Estado do Cidadão
desempenho das suas funções
1.2. Consolidar instrumentos de gestão de RH 2.2. Reformar e capacitar os Órgãos Locais
1.3. Reforçar a meritocracia e reconhecer o 2.3. Atrair técnicos qualificados para os Distritos
desempenho
1.4. Formar lideranças na AP 2.4. Aprofundar a descentralização de recursos
1.5. Racionalizar a alocação dos RH financeiros
1.6. Motivar os RH do Estado
2.5. Apoiar o desenvolvimento das autarquias locais
1.7. Garantir a igualdade de tratamento e
oportunidades

Melhoria da Prestação Consolidação e Coordenação das


3. de Serviços 4. Estruturas da AP
3.1. Aprofundar a simplificação de processos e 4.1. Promover a continuidade do serviço público
procedimentos 4.2. Assegurar a preservação da memória institucional
3.2. Promover a integração da prestação de serviços 4.3. Melhorar a coordenação da planificação e
3.3. Assegurar condições adequadas de prestação de execução entre sectores
serviços
3.4. Definir e monitorar compromissos de
desempenhos dos serviços
3.5. Avaliar a prestação de serviços através dos
utilizadores

Reforço da Integridade na
5. Administração Pública
5.1 Construir um Sistema de Integridade Pública
5.2. Aumentar a informação sobre as condições de
prestação dos serviços públicos
5.3. Reforçar a transparência na gestão dos recursos
públicos
5.4. Promover um ambiente legal inibidor de práticas de
corrupção
5.5. Reforçar e capacitar as estruturas e mecanismos de
prevenção, dissuasão e combate à corrupção

Componentes Transversais:

A. Modernização
Tecnológica e
A.1. Promover a aproximação entre os órgãos centrais e locais
A.2. Suportar as funções básicas do Estado
Inovação
A.3. Garantir a integração e partilha de dados e conhecimento entre sectores
A.4. Facilitar a prestação de serviços, agilizando e simplificando processos e
procedimentos

B. Monitoria,
B.1. Assegurar o acompanhamento das iniciativas
Comunicação e B.2. Avaliar e aperfeiçoar continuamente as medidas definidas
Avaliação
B.3. Comunicar regularmente os resultados
B.4. Promover a partilha de boas práticas entre os sectores

ERDAP
54
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

4.1. Profissionalização dos Funcionários e Agentes do Estado (Componente1)

Objectivo Dotar a Administração Pública de técnicos qualificados


Estratégico

4.1.1. Principais Desenvolvimentos: Realizações e Progressos

A transformação da Administração Pública em Moçambique assenta essencialmente


na capacidade e atitude dos seus funcionários. Neste contexto, esta tem sido uma
área de enfoque das acções desenvolvidas desde 2001 no âmbito da Estratégia
Global da Reforma do Sector Público, com particular destaque na Fase II da
Reforma e após a criação do Ministério da Função Pública.

Esta aposta tem-se materializado em desenvolvimentos estruturantes dos quais se


destacam:

 Criação e operacionalização das escolas de governo, IFAPAs (2001) e ISAP


(2004) enquanto instituições responsáveis pela formação e capacitação
profissionalizante dos funcionários e agentes do Estado, e sua expansão;

 Aprovação do Sistema Nacional de Gestão de Recursos Humanos –SNGRH


(2007), que adequa o sistema de gestão de RH do Estado aos novos desafios
da Função Pública e que integra, entre outros, os subsistemas de Carreiras e
Remunerações, Informação de Pessoal e Formação em Administração
Pública;

 Aprovação e operacionalização da Política Salarial de Médio Prazo (2008),


incluindo o subsídio de localização;

ERDAP
55
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

 Aprovação, revisão e início da implementação de vários instrumentos de


gestão de recursos humanos, de entre os quais o e-SIP (2007), o Sistema de
Carreiras e Remunerações (2009) e o Sistema de Gestão de Desempenho –
SIGEDAP (2009);

 Revisão de disposições regulamentares de base, como o Estatuto Geral dos


Funcionários e aprovação do EGFAE (2009) - e respectivo Regulamento
(2010);

 Realização do recenseamento geral dos funcionários e agentes do Estado e


posterior elaboração dos Anuários Estatísticos dos Funcionários e Agentes do
Estado (publicados em 2008 e 2010);

 Elaboração de estratégias transversais na Função Pública (2009), em áreas


como o Combate ao HIV& SIDA (2009), Género (2009), e Pessoa Portadora
de Deficiência (2010);

 Aprovação da Estratégia e Política de Habitação (2011);

 Aprovação da Lei do Procedimento Administrativo (2011).

ERDAP
56
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

Figura 12 – Cronograma temporal das realizações e progressos

• Criação dos IFAPAs • Política Salarial de Médio • Anuário Estatístico


e do ISAP Prazo

2007 2009

2001-04 2008 2010

• Sistema de Gestão de RH E-SIP • Sistemas de Carreiras e Remunerações

• Sistema Nacional de Gestão de • SIGEDAP


RH • EGFAE e Regulamento
• Estratégias Transversais na FP

As diversas iniciativas realizadas, pela abrangência, coerência e consistência


temporal permitiram criar as bases para a consolidação de um corpo de funcionários
e agentes do Estado capazes de prestar serviços de qualidade aos “clientes” da
Administração Pública (os cidadãos e as empresas), actuando-se ao nível da
regulação, formação e gestão e desenvolvimento de recursos humanos.

4.1.2. Situação Actual: Desafios

A Administração Pública em Moçambique compreende um universo de 179.383


funcionários e agentes do Estado, de acordo com a 2ª Edição do Anuário Estatístico
(publicado em 2010),e conforme acima descrito, os desenvolvimentos no campo da
profissionalização da Função Pública têm sido assinaláveis.

Contudo, persiste um conjunto significativo de desafios que urge ultrapassar, dos


quais se destacam:

 Equilibrar a estrutura de género na função pública, uma vez que em finais


de 2009, cerca de 2/3 dos funcionários eram homens (66,12%);

 Aumentar os níveis de escolaridade dos funcionários e agentes do


estado, dado que em finais de 2009 apenas 8,1% dos funcionários tinham

ERDAP
57
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

formação escolar ao nível do ensino superior, sendo este número fortemente


influenciado pela situação particular de Maputo-Cidade, onde 22,2% dos
funcionários têm pelo menos a licenciatura;

 Reforçar a formação específica em Administração Pública, que seja


complementar à formação universitária e que seja profissionalizante,
preparando os funcionários para o trabalho do dia-a-dia em áreas como a
gestão de recursos humanos, a planificação, a gestão do património do
Estado ou a gestão financeira;

 Ligar a progressão na carreira ao mérito e experiênciaincentivando o bom


desempenho e a procura de formação específica de Administração Pública;

 Actuar no reforço das competências liderança das chefias,


particularmente na componente de gestão dos recursos humanos sob sua
supervisão, e em concreto na responsabilização pela realização de tarefas
concretas e resultados tangíveis, motivação para as funções e monitoria e
avaliação da sua execução, de forma alinhada com os objectivos da área;

 Planear o desenvolvimento dos recursos humanos nos vários sectores,


assegurando que as acções de formação a realizar estejam alinhadas com os
objectivos das instituições e com as necessidades concretas das suas
funções, contribuindo para a valorização do funcionário na realização do seu
trabalho;

 Reforçar a responsabilização e evitar a potencial apatia, através das


descrições de tarefas (“termos de referência”) e pela prática de avaliação de
desempenho que esteja ligada à progressão na carreira;

 Adequar os quadros de pessoal às exigências das funções, evitando


situações de desequilíbrio entre afectação de funcionários (estruturas
sobrecarregadas e estruturas com falta de pessoal) e promovendo a
mobilidade na Função Pública;

ERDAP
58
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

 Implementar uma cultura de orientação para resultados e cumprimento


de objectivos, através da implementação e monitoria do SIGEDAP nos
vários níveis da Função Pública;

 Integrar os diferentes sistemas de gestão de recursos humanos


existentes em diferentes sectores, nomeadamente o e-SIP, o e-CAF e o e-
Folha;

 Garantir a existência de informação actualizada, fidedigna e completa


sobre os recursos humanos da Administração Pública, identificando a
tipologia de informação necessária, criando rotinas de actualização e
assegurando uma monitoria regular da qualidade dos dados;

 Garantir que todos órgãos e instituições da Administração Pública


apresentam Planos de Desenvolvimento de Recursos Humanos e procedem
à sua implementação;

 Melhorar o processo de recrutamento na Administração Pública de forma


a avaliar não só curriculum académico mas também as competências e
experiência;

 Preparar a transição para a reforma dos funcionários em fim de carreira,


de modo a promover a sua auto-estima e sentido de utilidade e aproveitar o
seu conhecimento e experiência.

ERDAP
59
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

4.1.3. Estratégia de Desenvolvimento: Objectivos e Áreas de Actuação

As áreas de actuação da componente de desenvolvimento “Profissionalização dos


Funcionários e Agentes do Estado” traduzem uma continuidade das acções
desenvolvidas no enquadramento do processo de Reforma do Sector Público,
procurando consolidar determinados aspectos e corrigir outros.

Tabela 7 – Áreas de Actuação da Componente Profissionalização dos


Funcionários e Agentes do Estado
Áreas de Actuação
1.1. Capacitar os funcionários e agentes do Estado para o desempenho
das suas funções
Aprofundar, através das Escolas de Governo, as actividades de
formação e capacitação profissionalizantes e específicas em
Administração Pública, no quadro de planos de desenvolvimento de
competências alinhados com as necessidades efectivas dos
organismos centrais e locais e das funções a desempenhar.
1.2. Consolidar instrumentos de gestão de recursos humanos
Assegurar a integração e qualidade dos dados no sistema informático
de recursos humanos do Estado, bem como monitorizar e avaliar a
implementação das ferramentas de gestão de recursos humanos
recentemente criadas ou revistas.
1.3. Reforçar a meritocracia e reconhecer o desempenho
Reconhecer e premiar o bom desempenho, no âmbito da gestão por
objectivos e por resultados, contribuindo para o aprofundamento da
cultura de trabalho e da produtividade.
1.4. Formar lideranças na Administração Pública
Reforçar as competências de liderança e de gestão dos dirigentes,
através das Escolas de Governo, consolidando exemplos de
profissionalismo e desempenho para os respectivos funcionários e
motivando a utilização eficaz e eficiente dos recursos à sua disposição.
1.5. Racionalizar a alocação dos recursos humanos
Planear as necessidades e adequar o número de recursos humanos,
identificando os qualificadores profissionais e perfis ocupacionais de
cada função, e promovendo a mobilidade dos funcionários e agentes do
Estado tendo como base as carreiras profissionais.
1.6. Garantir a igualdade de tratamento e oportunidades
Promover a equidade de género, assegurar a existência de
oportunidades de integração da pessoa portadora de deficiência e
responder aos desafios do HIV& SIDA na Função Pública, através da
implementação, monitoria e avaliação das estratégias transversais.

ERDAP
60
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O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

4.1.4. Indicadores de Desempenho

Os indicadores de desempenho adiante apresentados, cujas metas são definidas


como ponto de partida para a implementação de cada Plano de Acção, permitem
monitorar e avaliar o desempenho da Administração Pública no âmbito da
componente Profissionalização dos Funcionários e Agentes o Estado.

Tabela 8 – Indicadores da Componente Profissionalização dos Funcionários e


Agentes do Estado
Área de
Indicador de Desempenho
Actuação
Número anual de funcionários formados pelas Escolas de
Governo
1.1
Percentagem de funcionários e agentes do Estado com
formação média técnico-profissional
Percentagem de organismos da AP com Planos de
1.2
Desenvolvimento de Recursos Humanos
1.3 Percentagem de organismos com o SIGEDAP implementado
1.4 Percentagem de chefias com formação no ISAP
Percentagem de organismos com perfis ocupacionais
1.5
definidos
Percentagem de Mulheres na Função Pública
1.6 Percentagem de pessoas portadoras de deficiência na
Função Pública

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República de Moçambique

4.2. Descentralização e Desconcentração (Componente 2)

Objectivo Aproxomar a Administração Pública do cidadão


Estratégico

4.2.1. Principais Desenvolvimentos: Realizações e Progressos

O processo de descentralização da Administração Pública tem vindo a conhecer


avanços significativos, visando transformar o Distrito no pólo de desenvolvimento e
base de planificação social e económica do País. Neste contexto, são de destacar
os seguintes progressos:

 Aprovação e implementação da Lei dos Órgãos Locais do Estado (LOLE) e


respectivo Regulamento;
 Reestruturação dos 128 Governos Distritais, que passaram a ter de quatro a
seis serviços distritais numa estrutura integrada baseada nas capacidades e
potencialidades locais e orientada para as necessidades locais;
 Criação de 43 Autarquias Locais;
 Criação de 128 Conselhos Consultivos Distritais, 397 Conselhos Consultivos
de Postos Administrativos e 1042 de Localidades, assegurando a participação
das comunidades na planificação do desenvolvimento local;
 Estabelecimento do Quadro de Transferência de Funções e Competências
dos órgãos do Estado para as autarquias locais;
 Aprovação da Política Salarial de Médio Prazo e, em particular, do subsídio
de localização;
 Introdução do Orçamento de Investimento de Iniciativa Local (OIIL), agora
Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD), e do Orçamento de Investimento
nos Distritos;
 Descentralização dos fundos dos sectores de estradas, água, agricultura,
educação e saúde;

ERDAP
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 Desconcentração de competências de gestão de Recursos Humanos para os


níveis de Província e Distrito;
 Progressivo aumento das verbas do Orçamento de Estado alocadas às
Províncias e Distritos;
 Disponibilização de serviços críticos ao nível provincial (por exemplo, emissão
do passaporte biométrico) e distrital (emissão do Bilhete de Identidade
biométrico).

Assim, quer ao nível das Províncias, quer ao nível dos Distritos, tem-se assistido ao
contínuo reforço de responsabilidades e recursos, aproximando a decisão e a
prestação de serviços do seu destinatário, o cidadão.

4.2.2. Situação Actual: Desafios

O processo efectivo de descentralização de competências da prestação de serviços


públicos exige aprofundamento das acções levadas a cabo até ao momento.

Assume particular destaque neste campo a Política e Estratégia Nacional de


Descentralização em elaboração, que clarificará a visão do Governo sobre a
descentralização em Moçambique e trará uma perspectiva mais integrada e
consolidada, de modo a estabelecer sinergias, racionalizar esforços e recursos e
definir o caminho a seguir nesta área.

Desta forma, os principais desafios nesta área incluem:

 Aprovar a Política e Estratégia Nacional de Descentralização, que identifique


que competências a desconcentrar, de que forma e segundo que calendário;

 Equilibrar a distribuição de funcionários e agentes do Estado entre os órgãos


centrais e locais, de forma a reforçar a presença do Estado, não só nos
Governos Provinciais, Distritais e Autarquias mas inclusivamente nos níveis
territoriais de Localidade e Povoação;

ERDAP
63
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República de Moçambique

 Atrair recursos qualificados para os Órgãos Locais do Estado,através de


acções que conjuguem a componente remuneratória (nomeadamente o
subsídio de localização), com a criação de condições de habitação e outros
serviços básicos, benefícios em termos de carreira e possibilidades de
desenvolvimento profissional acelerado;

 Melhorar a gestão estratégica e administrativa de recursos humanos ao nível


local, de forma a suportar a atracção, retenção e desenvolvimento dos
elementos a nível local, incluindo a constante capacitação dos recursos
humanos, com recurso a mecanismos de formação à distância;

 Reforçar a capacidade de planificação, organização, gestão e prestação de


contas por parte dos quadros e dirigentes dos Órgãos Locais do Estado,
criando as condições para a transferência de recursos financeiros mais
significativos e garantindo a boa gestão dos fundos públicos;

 Reforçar a descentralização de recursos financeiros para os Órgãos Locais


do Estado, assegurando que a desconcentração de competências é
acompanhada pela afectação das verbas necessárias para as concretizar;

 Desenvolver a criação de receitas próprias dos Órgãos Locais, que sejam


complementares aos recursos transferidos do Orçamento do Estado e
reforcem a sua autonomia e capacidade de actuação;

 Assegurar a integração na rede electrónica do Governo dos órgãos locais ao


nível do Distrito, promovendo a integração e partilha de informação, dados e
sistemas;

 Apoiar os Órgãos Locais na utilização de tecnologias de informação e


comunicação, de modo a possibilitar a utilização de sistemas de suporte à
prestação de serviços ou de back-office3 (por exemplo,e-SISTAFE);

 Investir nas infra-estruturas e equipamentos de prestação de serviços ao nível


dos órgãos locais do Estado, de forma a responder de forma mais eficaz às
necessidades da população.

3
Serviços ou unidades orgânicas que não lidam directamente com o público em geral. Exemplos: áreas de
informática, recursos humanos, administração e finanças de uma instituição pública.
ERDAP
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O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

4.2.3. Estratégia de Desenvolvimento: Objectivos e Áreas de Actuação

As áreas de actuação na componente Descentralização procuram responder aos


desafios identificados. O enfoque está no aprofundamento e aceleração do processo
de descentralização e desconcentração de competências e na necessária
capacitação dos Órgãos Locais do Estado – em termos de recursos humanos, infra-
estruturas e orçamento.

Tabela 9 - Áreas de Actuação da Componente Descentralização


Áreas de Actuação
2.1. Aproximar os serviços do Estado do cidadão
Dar continuidade ao processo de desconcentração de competências
assegurando que a tomada de decisão está o mais próxima possível do
cidadão, identificando que serviços descentralizar e definindo e
concretizando um programa de transferências de funções e recursos
associados.
2.2. Reformar e capacitar os Órgãos Locais do Estado
Adequar as estruturas Provinciais e consolidar as estruturas Distritais
capacitando-as para a prestação de serviços públicos, em função da
descentralização de competências, assente na planificação e na gestão
eficiente de recursos.
2.3. Atrair técnicos qualificados para os Distritos
Consolidar políticas activas de incentivo à mibilidade de técnicos
qualificados, actuando ao nível da retenção, realocação e recrutamento
(desenvolvimento, progressão na carreira e avaliação do desempenho).
2.4. Aprofundar a descentralização de recursos financeiros
Garantir a crescente dotação de recursos financeiros nos órgãos locais
do Estado e nas autarquias que permita concretizar a descentralização
de competências, assegurando os necessários mecanismos de controlo.

ERDAP
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República de Moçambique

Áreas de Actuação
2.5. Apoiar o desenvolvimento das autarquias locais
Contribuir para a melhoria dos serviços públicos prestados pelas
autarquias através da assessoria técnica realizada pelos Órgãos
Centrais, sem prejuízo da autonomia dos municípios.

4.2.4. Indicadores de Desempenho

Os indicadores de desempenho abaixo apresentados, cujas metas serão definidas


como ponto de partida para a implementação de cada Plano de Acção, permitem
monitorar e avaliar o desempenho da Administração Pública no âmbito da
componente Descentralização e Desconcentração.

Tabela 10 – Indicadores da Componente Descentralização e Desconcentração


Área de
Indicador de Desempenho
Actuação
Percentagem de serviços públicos disponíveis a nível Distrital face
2.1
ao conjunto de serviços passíveis de serem disponibilizados
2.2 Percentagem de receitas próprias dos Órgãos Autárquicos;
Percentagem de funcionários e agentes do Estado com formação
superior afectos aos Órgãos Locais do Estado
2.3
Percentagem de funcionários e agentes dos Órgãos Locais do
Estado com formação superior
Percentagem do Orçamento de Estado transferido para as
2.4 províncias
Percentagem do Orçamento de Estado transferido para os distritos
Número médio de serviços públicos disponibilizados pelas
2.5 autarquias face ao conjunto total de serviços passíveis de serem
disponibilizados

ERDAP
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O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

4.3. Melhoria da Prestação de Serviços (Componente 3)

Objectivo Melhorar a qualidade dos serviços


Estratégico

4.3.1. Principais Desenvolvimentos: Realizações e Progressos

As medidas tomadas desde 2001 nesta área têm privilegiado o serviço ao cidadão
(colocando-o no centro da actuação da AP). Neste âmbito, as acções focaram a
redução do tempo de execução de serviços críticos (através da simplificação de
procedimentos e da modernização dos meios de suporte) e o aumento de
conveniência no acesso aos serviços (através da criação e expansão dos Balcões
de Atendimento Único).

Destacam-se as seguintes medidas tomadas nesta componente:


 Criação dos BAUs e sua expansão, quer em termos de províncias (todas as
capitais de província), quer em termos de serviços;
 Aprovação do Regime Jurídico de Simplificação do Licenciamento das
Actividades Económicas;
 Redução do tempo de emissão de documentos críticos, entre os quais:
o Bilhete de Identidade (de um ano para 15 dias);
o Carta de Condução (de 45 dias para 15 dias);
o Certificado de Registo Criminal (de 60 dias para 5 dias);
o Certidão de Registo Civil (de 10 para 2 dias).
 Redução do tempo de espera pelo visto do Tribunal Administrativo para
menos de 30 dias;
 Redução generalizada dos tempos de espera para atendimento nos serviços
de Urgência e de Consultas Externas dos hospitais;
 Concepção do Sistema de Monitoria e Avaliação da Estratégia para a
Melhoria do Ambiente de Negócios (em operacionalização);

ERDAP
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República de Moçambique

 Instalação nas Secretarias Provinciais do programa informático do Inquérito


Padrão de Satisfação do Utente, permitindo a realização de inquéritos de
satisfação dos cidadãos;
 Instalação de Terminais Electrónicos de Avaliação da Satisfação do
cidadãoem todos os BAUs (em operacionalização).

Como resultado destas e outras acções, a percepção da qualidade do serviço


prestado ao cidadãotem melhorado, conforme expresso na Pesquisa de Avaliação
de Satisfação de Serviços Públicos (Dezembro de 2009).

Paralelamente, melhorou também o posicionamento do País no ranking Doing


Business do Banco Mundial, passando da 137ª posição em 2006 para a 126ª
posição em 2012, sendo de destacar as classificações quanto à facilidade em abrir
negócio (65º) e protecção aos investidores (44º).

4.3.2. Situação Actual: Desafios

Os resultados já obtidos encorajam o aprofundamento e extensão dos esforços na


área da melhoria da prestação dos serviços públicos. Ainda assim, de entre os
desafios que se mantém nesta componente, identificam-se:
 Simplificar os requisitos de documentação necessária para a solicitação de
serviços públicos, procurando minimizar a necessidade de o cidadãose
deslocar a diferentes locais da Administração Pública no âmbito de um único
processo, com impacto ao nível de custos para o cidadãoe perda de
produtividade para o País;

 Expandir os BAUs a novos serviços e níveis territoriais, facilitando o acesso


dos cidadãos aos serviços da Administração Pública;

 Consolidar a mudança de atitude do funcionário do Estado perante o cidadão,


instituindo uma cultura de servir e identificando inequivocamente o cidadão
como “cliente” e razão de ser dos serviços públicos;

ERDAP
68
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O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

 Aumentar de forma generalizada a celeridade dos processos de prestação de


serviços públicos, dando continuidade e alargando os resultados já
conseguidos por exemplo com o licenciamento comercial, e uniformizando os
prazos de execução entre organismos em diferentes províncias e distritos;

 Responder às debilidades identificadas na Pesquisa de Avaliação da


Satisfação de Serviços Públicos, nomeadamente quanto ao acesso a
determinados serviços, ao tempo de atendimento, ao cumprimento dos
prazos indicados ao utilizador e ao tratamento equitativo dos Cidadãos, assim
como na divulgação das normas e padrões de atendimento;

 Criar objectivos de desempenho para os serviços públicos, que sejam


efectivamente monitorizados e que estejam ligados aos sistemas de
avaliação de desempenho e de carreiras e remuneração, de forma a instituir
de facto uma orientação para resultados e a estimular a melhoria contínua;

 Implementar mecanismos regulares de avaliação da prestação de serviços


pelos“clientes” (cidadãos e empresas), uma vez que as actuais formas de
avaliação são predominantemente internas (auto-avaliação pela própria
Administração Pública) e realizadas com reduzida periodicidade;

 Melhorar as condições de trabalho nos locais de prestação de serviços


públicos,ao nível de infra-estruturas e equipamentos, minimizando as
situações onde os meios existentes condicionam a qualidade dos serviços
prestados, o desempenho do funcionário e o atendimento ao cidadão.

ERDAP
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Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

4.3.3. Estratégia de Desenvolvimento: Objectivos e Áreas de Actuação

As áreas de actuação na componente Melhoria da Prestação de Serviços


complementam as actividades que já têm vindo a ser desenvolvidas pelos vários
sectores no âmbito do processo de Reforma do Sector Público.

Assim, para além da extensão das acções de simplificação de processos e


procedimentos, redução de tempos de execução e alargamento do conceito dos
BAUs, o enfoque estará na definição de compromissos de qualidade para cada
serviço e sua monitoria contínua, acompanhada pela maior avaliação dos serviços
pelos seus destinatários.

Tabela 11 - Áreas de Actuação da Componente Melhoria da Prestação de


Serviços
Áreas de Actuação
3.1. Aprofundar a simplificação de processos e procedimentos
Dar continuidade à simplificação dos processos e procedimentos inerentes
à prestação de serviços ao público, com enfoque na disponibilização da
informação, na facilitação da interacção, na diminuição do tempo de
resposta e do custo.
3.2. Promover a integração da prestação de serviços
Disseminar o conceito de Balcão de Atendimento Único a outras áreas
de serviço ao público de forma a aumentar a conveniência dos serviços
para os cidadãos, suportado na partilha e circulação de informação nos
sectores e entre diferentes sectores.
3.3. Assegurar condições adequadas de prestação de serviços
Garantir que as infra-estruturas e os equipamentos utilizados na
prestação de serviços são os adequados, reforçando a capacidade da
Administração Pública e dos funcionários e agentes do Estado e
salvaguardando o conforto e segurança do cidadão.
3.4. Definir e monitorar compromissos de desempenho dos serviços
Adoptar práticas de melhoria contínua através da definição de
compromissos de desempenho (tempos de atendimento e resposta,
erros processuais, etc.), com enfoque nos serviços críticos, assegurando
o seu constante acompanhamento.
3.5. Avaliar a prestação de serviços através dos seus utilizadores
Complementar a monitoria interna com uma maior e mais frequente
inclusão dos utilizadores no processo de avaliação da qualidade dos
serviços que lhes são prestados e de definição dos objectivos a atingir.

ERDAP
70
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

4.3.4. Indicadores de Desempenho

Os indicadores de desempenho abaixo apresentados, cujas metas serão definidas


como ponto de partida para a implementação de cada Plano de Acção, permitem
monitorar e avaliar o desempenho da Administração Pública no âmbito da
Componente Melhoria da Prestação de Serviços.

Tabela 12 – Indicadores da Componente Melhoria da Prestação de Serviços


Área de
Indicador de Desempenho
Actuação
3.1 Número de processos e documentos necessários por serviço
Tempo de espera média nos serviços definidos como críticos
3.2 Número de serviços disponíveis nos BAUs
Percentagem de distritos com BAUs
Percentagem de infra-estruturas de prestação de serviços cuja
3.3
classificação pelos utentes é igual ou superior a 3
Percentagem de serviços com compromissos de desempenho
3.4 Percentagem de serviços com grau de execução dos
compromissos de desempenho superior a 95%
Percentagem de serviços com grau de satisfação igual ou superior
3.5
a3

ERDAP
71
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

4.4. Consolidação e Coordenação das Estruturas da Administração Pública


(Componente 4)

Objectivo Fortalecer a organização da Administração Pública


Estratégico

4.4.1. Principais Desenvolvimentos: Realizações e Progressos

Uma das prioridades do processo de Reforma, desde a primeira fase, foi a


reestruturação dos Ministérios a nível central, numa lógica de criação de condições
de base para a transformação do sector público. As principais acções desenvolvidas
neste âmbito tiveram expressão nas análises funcionais realizadas e posteriores
reestruturações, algumas das quais ainda em curso, sendo de destacar:

 Realização de análises funcionais dos Ministérios visando garantir clareza


nos seus mandatos, transferir competências, funções e recursos dos Órgãos
Centrais para os Locais, tercearização e eficiência organizacional;

 Reestruturação dos Ministérios;

 Aprovação de 202 Quadros de Pessoal desde 2007, incluindo os dos 128


distritos;

 Aprovação de 28 Estatutos Orgânicos desde 2008;

 Criação dos Ministérios de Planificação e Desenvolvimento, Ciência e


Tecnologia, Função Pública, dos Combatentes;

 Redimensionamento das Comissões Interministeriais (de 41 para 19, em


2007), com novo estudo em curso;

 Recrutamento e nomeação de Secretários Permanentes de Ministério por


concurso público e celebração de acordos de desempenho;

 Aprovação e implementação da Estratégia de Gestão Documental e do


Sistema Nacional de Arquivos do Estado (SNAE).

ERDAP
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O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

Como resultado destas e de outras acções, os órgãos centrais reforçaram o seu


papel de emissores de políticas públicas, criando também as condições para a
progressiva descentralização da execução para os órgãos locais.

4.4.2. Situação Actual: Desafios

Após as reestruturações efectuadas, importa consolidar as estruturas da


Administração Pública, garantindo que os órgãos funcionem independentemente de
mudanças que possam ocorrer na envolvente, actuando sobre as pessoas,
sistemas, leis, procedimentos e gestão de documentos.

A melhoria da coordenação da actividade entre os vários Ministérios é também uma


prioridade, minimizando a tendência para a criação de “silos”, especialmente no que
diz respeito a matérias transversais ou que, sendo da responsabilidade de um
sector, tenham impactos evidentes em outros sectores.

Finalmente, a evolução da sociedade e o processo de descentralização em curso


desaconselham a definição de estruturas rígidas e imutáveis, pelo que as análises
funcionais e os ajustamentos estruturais não são um processo concluído, devendo
sempre que justificado ser instrumentos que ajudem a evitar a estagnação da
Administração Pública. No âmbito desta componente foram definidos os seguintes
desafios:

 Privilegiar continuamente a racionalização da estrutura administrativa, de


modo a torná-la eficaz, eficiente e menos onerosa;

 Consolidar as estruturas da Administração Pública, de forma a garantir que as


estruturas administrativas do Estado funcionam independentemente de
mudanças no poder político;
 Criar uma base regulamentar, documental e de procedimentos que suporte a
permanência e continuidade da Administração Pública, de modo a que
mudando as pessoas não se perca o conhecimento sobre a forma de
trabalhar no sector público;

ERDAP
73
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

 Separar claramente os cargos de direcção e chefia com um carácter técnico


dos cargos de confiança, garantindo estabilidade aos primeiros, sob
princípios de competitividade e cumprimento de objectivos de desempenho;

 Promover a permanente adequação das estruturas da Administração Pública,


aos desafios colocados pelo desenvolvimento da sociedade e à crescente
transferência de competências para os órgãos locais, observando princípios
de racionalidade face às actividades a desenvolver e recursos disponíveis;

 Reforçar a coordenação das políticas sectoriais, nomeadamente nas


componentes transversais, evitando a compartimentalização da actividade
dos Ministérios.

ERDAP
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4.4.3. Estratégia de Desenvolvimento: Objectivos e Áreas de Actuação

As áreas de actuação desta componente surgem na sequência das actividades já


desenvolvidas no âmbito do processo de reforma, nomeadamente quanto às
análises funcionais e reestruturações, reforçando a memória institucional e a
coordenação entre as diversas entidades.

Tabela 13 - Áreas de Actuação da Componente Consolidação e Coordenação


das Estruturas da Administração Pública
Áreas de Actuação
4.1. Promover a continuidade do serviço público
Assegurar a existência de uma Administração Pública profissionalizada
com uma base regulamentar, funcional e humana estável, que seja o
garante da capacidade de prestação de serviços, independentemente de
mudanças de titulares de cargos públicos.
4.2. Assegurar apreservação da memória institucional
Consolidar a implementação dos sistemas de gestão de documentos e
arquivos na Administração Pública e criar condições para a sua
modernização, promovendo a gestão do conhecimento e o acesso à
informação por parte dos funcionários e agentes do Estado e da
sociedade em geral.
4.3. Melhorar a coordenação da planificação e execução entre sectores
Reforçar os mecanismos de articulação e integração das políticas
sectoriais, nas fases de planificação e execução, assumindo as várias
componentes da Administração Pública como fazendo parte de uma
entidade única que existe para um propósito comum.

4.4.4. Indicadores de Desempenho

Os indicadores de desempenho adiante apresentados, cujas metas são definidas


como ponto de partida para a implementação de cada Plano de Acção, permitem
monitorar e avaliar o desempenho da Administração Pública no âmbito da
componente Consolidação e Coordenação das Estruturas da Administração Pública.

ERDAP
75
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República de Moçambique

Tabela 14 – Indicadores da Componente Consolidação e Coordenação das


Estruturas da Administração Pública
Área de
Indicador de Desempenho
Actuação
4.1 Lei de Bases de Organização da Administração Pública aprovada
4.2 Percentagem de organismos que implementam o SNAE
Aprovação e Implementação da Estratégia de Desenvolvimento
4.3
Nacional

4.5. Reforço da Integridade na Administração Pública (Componente 5)

Objectivo Promover e disseminar uma cultura de intergidade na sociedade


Estratégico
e na Administração Pública

4.5.1. Principais Desenvolvimentos: Realizações e Progressos

A criação e implementação do e-SISTAFE (Sistema de Administração Financeira do


Estado) pelo Governo constituíu uma das principais realizações nesta área, visando
garantir a integridade e transparência nas transacções financeiras e fiscais do
Estado, evitando usar numerário entre o Sector Público e os cidadãos e empresas.
A ligação de todas as direcções de nível Central e Provincial ao e-SISTAFE e o
avanço para o nível do Distrito (mais de 50 distritos já ligados) vieram aportar maior
rigor na gestão financeira dos recursos do Estado aos vários níveis.

Adicionalmente, no campo da promoção da gestão eficiente de recursos e combate


à corrupção, é de destacar:

 Revisão do Decreto nº 54/2005, de 13 de Dezembro, revogado pelo Decreto


nº 15/2010, de 24 de Maio, que aprova o Regulamento de Contratação de
Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de
Serviços ao Estado. Como resultado das alterações legislativas, em 2010

ERDAP
76
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

cerca de 70% das aquisições de bens e serviços foram feitas por concurso
público;

 Aprovação do Plano Estratégico da Actividade de Fiscalização e Inspecção


Administrativa do Estado;

 Revitalização e aumento da actividade de inspecção pelo Estado;

 Estabelecimento do órgão profissional dos contabilistas e auditores;

 Início do processo de descentralização e fortalecimento da capacidade do


Tribunal Administrativo e agilização da sua actividade;

 Realização da Pesquisa Nacional sobre Boa Governação e Corrupção no


Sector Público (Pesquisa de Base);

 Aprovação do pacote legislativo sobre Integridade e o Combate à Corrupção;

 Introdução do Manual de Capacitação dos Observatórios de Desenvolvimento


e Conselhos Consultivos Locais e desenvolvimento de sessões de
capacitação com enfoque sobre questões de monitoria;

 Acção de sensibilização contra a corrupção com recurso aos meios de


comunicação social;

 Desenvolvimento do e-Folha, sub-módulo do SISTAFE de cálculo e


processamento de salários do Estado.

4.5.2. Situação Actual: Desafios

O País realizou nos últimos anos um esforço legislativo, estratégico e operacional


significativo com vista a reforçar a integridade, transparência e gestão eficiente dos
recursos. De futuro, é importante reforçar os esforços encetados, assim como
promover uma administração pública, eficaz e eficiente, prestadora de serviços de
qualidade aos cidadãos:

ERDAP
77
Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
República de Moçambique

 Simplificar e comunicar a tramitação e o estado dos processos, garantindo a


compreensão dos seus trâmites pelo utente e reduzindo o espaço para
situações de corrupção resultantes da falta de informação e conhecimento do
cidadão;

 Melhorar a qualidade na prestação de serviços aos cidadãos, garantindo a


celeridade, especialmente nos sectores críticos, nomeadamente, Justiça,
Saúde, Educação, Interior e Finanças;

 Intensificar a vertente preventiva na luta contra a corrupção, nomeadamente,


através de acções de sensibilização e comunicação sistemática e em grande
escala, que deverão ter especial enfoque no ensino;

 Garantir que a sociedade civil tenha um papel activo na monitoria das acções
de combate à corrupção, através do reforço dos núcleos anti-corrupção dos
ministérios e demais instituições públicas;

 Capacitar, de forma sistemática, magistrados, investigadores, gestores de


recursos humanos e financeiros, com vista a melhoria do desempenho dos
mesmos;
 Massifcar e diversificar as acções de educação cívica, visando a promoção da
ética e da integridade;

 Reforçar a responsabilização disciplinar e criminal de funcionários e agentes


do Estado envolvidos em actos de corrupção ou desvios de fundos ou bens
do Estado;

 Incluir matérias de sensibilização sobre a corrupção nos currícula escolas;

 Prosseguir o processo de reforma da legislação anti-corrupção, visando


fortalecer o papel do Gabinete Central de Combate à Corrupção, clarificar o
que constitui conflito de interesses, criminalizar o enriquecimento ilícito,
combater o tráfico de influências e o desvio de fundos e proteger
testemunhas e denunciantes, em consonância com os Acordos Internacionais
ratificados por Moçambique;

ERDAP
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Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
O Funcionário a Sservir Cada vez Melhor o Cidadão

 Capacitar de forma sistematizada e continua as estruturas de prevenção,


dissuasão e combate à corrupção, com técnicos (incluindo magistrados)
qualificados em matéria de corrupção, para uma resposta mais célere e com
maior qualidade ao cidadão;

 Gerar um maior envolvimento de toda a AP no processo de implementação


das regras e procedimentos de aquisição e contratação pública de bens e
serviços, mobilizando os titulares de cargos de direcção para a importância
da temática e profissionalizando os técnicos da área;

 Desenvolver a aquisição e contratação pública de bens e serviços


adequando-a aos desafios do país, promovendo ganhos de eficiência e
poupanças reais, seja pela evolução tecnológica ou pelos ganhos de escala
em aquisições de bens e serviços transversais.

4.5.3. Estratégia de Desenvolvimento: Objectivos e Áreas de Actuação

As áreas de actuação definidas para a Componente Reforço da Integridade na


Administração Pública - visam dar resposta aos constrangimentos e desafios
identificados, garantindo o envolvimento e o comprometimento da sociedade na
prevenção da corrupção, assim como a prestação de contas no âmbito da gestão
eficiente dos recursos públicos.

Tabela 15 - Áreas de Actuação da Componente Reforço da Integridade na


Administração Pública
Áreas de Actuação
5.1. Construir um Sistema de Integridade Pública
Promover a integridade, ética e cidadania, envolvendo a
Administração Pública, o sistema educativo, as famílias, as
instituições religiosas e o sector privado na prevenção e dissuasão
da corrupção, com especial enfoque no exemplo das lideranças.
5.2. Aumentar a informação sobre as condições de prestação dos
serviços públicos
Garantir que os cidadãos conhecem e entendem as regras, custos e
prazos de prestação de serviços públicos e incentivar o reporte de
situações de infracção, principalmente nos sectores considerados
críticos.

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República de Moçambique

Áreas de Actuação
5.3. Reforçar a integridade, transparência e combate à corrupção na
Administração Pública
Aumentar a eficiência da gestão financeira e patrimonial através do
rigor orçamental, prática de prestação de contas, transparência no
processo aquisitivo e gestão do património público.
5.4. Promover um ambiente legal inibidor de práticas de corrupção
Implementar um ambiente legal que reduza o poder discricionário e
que promova a celeridade dos serviços prestados pelos funcionários
e agentes do Estado, por via da simplificação de procedimentos e na
AP pela celeridade da tramitação processual.
5.5. Reforçar e capacitar as estruturas e mecanismos de prevenção,
dissuasão e combate à corrupção
Assegurar capacidade de identificação pró-activa de problemas e de
resposta face a situações identificadas pelo cidadão e pelas
estruturas centrais e locais, dissuadindo práticas de corrupção e
aumentando a confiança na Administração Pública.

4.5.4. Indicadores de Desempenho

Os indicadores de desempenho abaixo apresentados, cujas metas serão definidas


como ponto de partida para a implementação de cada Plano de Acção, permitem
monitorar e avaliar o desempenho da Administração Pública no âmbito da
componente Reforço da Integridade na Administração Pública.

Tabela 16 – Indicadores da Componente Reforço da Integridade na


Administração Pública
Área de
Indicador de Desempenho
Actuação
Desenvolvido um sistema de integridade
5.1
Percentagem de alunos com conhecimento sobre matéria de ética,
integridade e cidadania, no seu percurso académico
Percentagem de denúncias de casos de corrupção e de desvio de
fundos do Estado
5.2
Relatório sobre petições tramitadas
Divulgação sistematica do Relatório sobre Responsabilidade

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Disciplinar
Percentagem de adjudicações por concurso público
5.3 Percentagem de empresas públicas que divulgam o seu relatório de
contas
Grau de divulgação e conhecimento da legislação anti-corrupção
5.4 por parte de funcionários e agentes do Estado e do
cidadãocidadãono geral
5.5 Percentagem de organismos alvo de auditoria por órgão de controlo

4.6. Modernização Tecnológica e Inovação (Componente Transversal A)

Consolidar a utilização das tecnologias de informação e


Objectivo
Estratégico comunicação

4.6.1. Principais Desenvolvimentos: Realizações e Progressos

No Relatório Nacional do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento


(PNUD) Moçambique, subordinado ao tema “O Papel das Tecnologias de
Informação e Comunicação na Realização dos Objectivos de Desenvolvimento do
Milénio”, refere-se que “do ponto de vista de Governação, as TIC constituem um dos
veículos chave da Reforma do Sector Público e contribuem ainda, de forma
significativa, no processo de transparência dos actos de governação e da
democratização.”

A aprovação da Estratégia de Governo Electrónico em Julho de 2006 representou


um marco fundamental na utilização das tecnologias de informação e comunicação
no suporte à prestação de serviços públicos, com importante reconhecimento
internacional. De facto, o relatório das Nações Unidas sobre o Governo Electrónico

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República de Moçambique

de 2008 colocava Moçambique em 25º lugar respectivamente na categoria de e-


Participation, num total de 179 países membros.

As actividades desde então desenvolvidas têm incidido essencialmente sobre infra-


estruturas, criação da Rede Electrónica do Governo (GovNet) que para além de
assegurar a conectividade permite a interoperabilidade de uma variada gama de
serviços baseados na Internet e na Intranet, e aplicações (e-SISTAFE) e com maior
enfoque nas estruturas centrais da Administração Pública.

Assim, os principais marcos de modernização tecnológica na Administração Pública


foram:

 Aprovação da Estratégia de Governo Electrónico;

 Desenvolvimento da GovNet, rede electrónica do Governo para comunicação


de dados, entretanto estendida a 173 instituições do Governo Central e dos
Governos Provinciais;

 Criação de Centros Provinciais de Recursos Digitais (CPRDs), actualmente


em funcionamento em 8 Províncias;

 Implementação do Portal do Governo;

 Sistema de Bilhete de Identidade biométrico disponível em todas as


Províncias e em vários distritos;

 Introdução da emissão do Passaporte biométrico;

 Introdução do Sistema de Emissão da Carta de Condução Biométrica;

 Implementação do Sistema para o Licenciamento e Cadastro Industrial e


Comercial (SISCAL);

 Sistema de Gestão das Contribuições dos Trabalhadores (da


responsabilidade do INSS);

 Implementação da 1ª fase do Sistema de Gestão de Informação sobre Terras


(LIMS);

 Formação constante a técnicos e utilizadores nos vários sistemas criados e


implementados.
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4.6.2. Situação Actual: Desafios

Para atingir o lema adoptado para a Estratégia de Governo Electrónico – “Colocar os


Serviços Públicos junto do cidadão” – há que responder a importantes desafios que
ainda se colocam:

 Evoluir o Governo Electrónico, progressivamente, para uma presença na


internet do tipo transaccional e, posteriormente, transformacional,
promovendo a desmaterialização da prestação de serviços públicos e a
proximidade do cidadão;

 Garantir níveis adequados de literacia em Tecnologias de Informação e


Comunicação (TICs) na Função Pública;

 Reduzir o fosso digital entre a capital e o resto do País, desenvolvendo e


expandido as infra-estruturas de suporte e promoção das TICs até nível dos
governos distritais;

 Disponibilizar portal único com serviços online direccionado para o cidadão,


integrados na plataforma de interoperabilidade do Governo;

 Promover o desenvolvimento de conteúdo locale possibilitar o acesso público


à informação e serviços do Governo ao nível dos Distritos e Municípios;

 Criar um ambiente regulatório propício ao desenvolvimento da sociedade da


informação e comunicação, nomeadamente, através da aprovação da Lei das
Transacções Electrónicas, pelo órgão competente;

 Introduzir e articular nos planos estratégicos sectoriais a componente das


TICs, bem como promover o alinhamento entre os organismos com
competências na área de sistemas e tecnologias de informação nos
diferentes sectores;

 Garantir o suporte electrónico a todas as transacções financeiras e fiscais do


Estado, integrando-o na Plataforma de Interoperabilidade do Governo;

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 Informatizar registos e desenvolver sistemas de gestão que garantam maior


fiabilidade e disponibilidade da informação, bem como, maior eficiência e
eficácia dos organismos da Administração Pública;

 Integrar dados sobre Registo da Identificação Civil, numa fonte autorizada


comum para uso por todos os órgãos do Sector Público, nomeadamente, o
Bilhete de Identidade, o Passaporte, a Autorização de Residência (DIRE), o
Número Único de Identificação do Contribuinte (NUIT), o Registo Automóvel e
a Gestão de Recursos Humanos.

4.6.3. Estratégia de Desenvolvimento: Objectivos e Áreas de Actuação

Para ultrapassar os desafios identificados foram definidas quatro grandes Áreas de


Actuação, dentro da componente transversal Modernização Tecnológica e Inovação,
conforme a seguir se apresenta.

Tabela 17 - Áreas de Actuação da Componente Transversal Modernização


Tecnológica e Inovação
Áreas de Actuação
A.1. Promover a aproximação entre órgãos centrais e locais
Estender a rede electrónica do Governo a todos os Distritos e reforçar
as capacidades de utilização das tecnologias de informação e
comunicação ao nível provincial e distrital, reduzindo as assimetrias
digitais entre a capital e o resto do País.
A.2. Reforçar a utilização das tecnologias de comunicação e informação
Reforçar a utilização das tecnologias de informação e comunicação na
actividade dos vários sectores, garantindo a inclusão da componente
TICs nos planos estratégicos sectoriais e a criação de competências
tecnológicas nos Ministérios.
A.3. Garantir a integração e partilha de dados e conhecimentos
Dinamizar a partilha de dados comuns nos sistemas da Administração
Pública e promover a coordenação entre os órgãos de tecnologias de
informação dos vários sectores, visando a criação de sinergias e
partilha de boas práticas.

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Áreas de Actuação
A.4. Facilitar a prestação de serviços, agilizando e simplificando
processos e procedimentos
Potenciar a transformação gradual e sustentada dos processos de
prestação de serviços públicos através da introdução de tecnologias de
suporte e dinamizar o processo de desmaterialização e promoção de
serviços online (webização), no contexto de um quadro legal adequado.

4.6.4. Indicadores de Desempenho

Os indicadores de desempenho apresentados na tabela seguinte, cujas metas serão


definidas como ponto de partida para a implementação de cada Plano de Acção,
permitem monitorar e avaliar o desempenho da Administração Pública no âmbito da
componente transversal Modernização Tecnológica e Inovação.

Tabela 18 – Indicadores da Componente Transversal Modernização


Tecnológica e Inovação
Área de
Indicador de Desempenho
Actuação
Percentagem de distritos ligados à GovNet
Percentagem dos governos distritais com o e-SISTAFE em
A.1 funcionamento
Percentagem de distritos com centros multimédia comunitários
Percentagem de Governos Distritais com presença online
Número médio de funcionários com formação superior ligada às
TICs por ministério
A.2 Percentagem dos Planos Estratégicos elaborados que incorporam
componente TIC
A.3 Número de sistemas a funcionar de forma integrada
Número de serviços disponibilizados online
Percentagem dos governos provinciais que disponibilizam serviços
A.4
online
Percentagem dos governos distritais que disponibilizam serviços
online

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4.7. Monitoria, Comunicação e Avaliação (Componente transversal B)

Objectivo Acompanhar a execução e medir os resultados


Estratégico

4.7.1. Principais Desenvolvimentos: Realizações e Progressos

No âmbito da implementação da reforma do sector público, foram desenvolvidos


esforços para monitorar a execução e avaliar os resultados, tendo sido igualmente
desenvolvidos um conjunto de acções e instrumentos de comunicação:

 Relatórios semestrais de acompanhamento da implementação da Reforma do


Sector Público;

 Definição e acompanhamento de indicadores de tempo de prestação de


serviços chave;

 Pesquisa de Avaliação de Satisfação de Serviços Públicos (Dezembro de


2009);

 Desenvolvimento de instrumento padrão de pesquisa de satisfação, que já se


encontra instalado em todas as Secretarias Provinciais;

 Realização do Estudo de Opinião da Reforma do Sector Público;

 Concepção do Sistema de Monitoria e Avaliação da Estratégia para a


Melhoria do Ambiente de Negócios;

 Instalação de Terminais Electrónicos de Avaliação da Satisfação do cidadão


em todos os BAUs;
 Realização de sessões de monitoria da CIRESP;

 Realização de Seminário de Divulgação dos resultados da implementação da


Reforma do Sector Público;

 Criação de instrumentos de comunicação da Reforma, com o envolvimento a


nível rural das rádios comunitárias e Portal da Reforma.

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4.7.2. Situação Actual: Desafios

Apesar de terem sido já desenvolvidas um conjunto de actividades de monitoria e


comunicação, é essencial reforçar a cultura de “prestação de contas” e definir
acções concretas em resultado da monitoria, garantindo assim o reforço efectivo
desta.

Assim, os grandes constrangimentos e desafios no âmbito da Monitoria,


Comunicação e Avaliação passam por:

 Alavancar a implementação através da monitoria, isto é, a monitoria tem que


ter como corolário não só o acompanhamento da implementação, mas
também a definição de acções concretas para a superação de
constrangimentos e celeridade da implementação;
 Reforçar a prestação de contas com base nos resultados da monitoria, ou
seja, a monitoria deve trazer consequências, para as instituições e indivíduos,
do (in)cumprimento dos objectivos previamente definidos;

 Garantir a monitoria descentralizada e permanente das medidas definidas,


promovendo uma visão integrada da implementação facilitadora da
priorização e da partilha de experiências;
 Definir objectivos concretos, mensuráveis e tangíveis por acção, distinguindo
a monitoria da execução e a monitoria do impacto/ resultados;
 Consolidar o sistema de monitoria para permitir o acompanhamento em
tempo real da evolução da implementação da Estratégia de Desenvolvimento
da Administração Pública;
 Assegurar a divulgação pública regular da implementação das medidas e dos
seus impactos;
 Mobilizar os funcionários e agentes do Estado, para que sejam agentes
efectivos do desenvolvimento;

 Comunicar os resultados das medidas aos executantes, de forma contínua;


 Envolver activamente os cidadãos no processo de monitoria, promovendo a
participação pública, a avaliação da satisfação e a adequação dos novos
processos às necessidades efectivas da população.

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4.7.3. Estratégia de Desenvolvimento: Objectivos e Áreas de Actuação

As áreas de actuação nesta componente Transversal visam reforçar as actividades


já desenvolvidas no âmbito do Programa de Governação, tendo como grande
objectivo orientar a monitoria, comunicação e avaliação para resultados tangíveis e
concretos, envolvendo activamente os funcionários e agentes do Estado e os
cidadãos e valorizando os resultados obtidos.

Tabela 19 - Áreas de Actuação do Componente Transversal Monitoria,


Comunicação e Avaliação
Áreas de Actuação
B.1. Assegurar o acompanhamento contínuo das iniciativas
Consolidar os mecanismos de monitoria e auditoria das medidas de
desenvolvimento da Administração Pública, a nível sectorial e transversal,
que permitam conhecer, a qualquer momento, qual o grau de
implementação dos programas e políticas concebidas.
B.2. Avaliar e aperfeiçoar continuamente as medidas definidas
Analisar o nível de execução das medidas de desenvolvimento da
Administração Pública, em termos de actividades e impactos, e definir e
concretizar acções de melhoria em tempo útil que dinamizem uma cultura de
melhoria contínua.
B.3. Comunicar regularmente os resultados obtidos
Envolver os funcionários e agentes do Estado, os cidadãos, o Sector
Privado e a Sociedade Civil no processo de desenvolvimento da
Administração Pública, disponibilizando com periodicidade regular
informação relevante sobre progressos conseguidos e dificuldades
encontradas e encorajando os contributos das partes interessadas.
B.4. Promover a partilha de boas práticas entre os sectores
Identificar e analisar casos de sucesso no desenvolvimento da AP nos níveis
nacional e internacional, e estimular a sua réplica a outros serviços.

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4.7.4. Indicadores de Desempenho

Os indicadores de desempenho abaixo apresentados, cujas metas são definidas


como ponto de partida para a implementação de cada Plano de Acção, permitem
monitorar e avaliar o desempenho da Administração Pública no âmbito da
componente transversal Monitoria, Comunicação e Avaliação.

Tabela 20 – Indicadores da Componente Transversal Monitoria, Comunicação


e Avaliação

Área de
Indicador de Desempenho
Actuação
B.1 Sistema Integrado de Monitoria da ERDAP em funcionamento
Avaliação bienal da satisfação dos cidadãos
Elaboração de avaliação bienal da satisfação dos funcionários
B.2 e agentes do Estado
Elaboração de relatório bianual de análise dos serviços
prestados
Número de acções de comunicação efectuadas no âmbito da
B.3
divulgação das iniciativas de desenvolvimento da AP
B.4 Número de boas práticas disseminadas

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