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Editorial

Tratamento da disfunção temporomandibular (DTM)


e dor orofacial
É intrigante perceber como a informação flui consultório. Todos apresentaram queixas de dor e
na área da saúde. Em especial, é curioso notar que diagnóstico de DTM ao início do acompanhamen-
certos conceitos caducos, de assuntos esgotados, to. Para simplificar o raciocínio, vamos considerar
sofrem às vezes um refluxo e contaminam muitos que temos dois possíveis resultados de tratamento:
clínicos. Essas ideias de tratamento provocam azias com melhora e sem melhora. Se o resultado final
naqueles que acompanham a ciência e — mais gra- indicar que 35 pacientes melhoraram, o tratamen-
ve ainda — prejudicam os que se submetem a tais to como um todo foi um sucesso, certo? A resposta
tratamentos. Quanto menos letal uma condição correta é: errado. Não podemos concluir nada que
é, mais suscetível está a essa impropriedade. Um não seja que esse tratamento talvez funcione.
artigo desse número oferece uma visão única sobre Algumas condições têm caráter cíclico ou tran-
um dos temas mais acometidos pelo que descrevi: sitório, e pode ser que os pacientes que melhoraram
o tratamento da disfunção temporomandibular e com essa terapia para DTM fossem melhorar de
outras dores orofaciais. qualquer maneira. Portanto, um grupo controle
Analise as seguintes perguntas sobre DTM. deveria ser incluído, desde que se conclua de que
Seu tratamento é controverso? A Ortodontia faz seria eticamente aceitável deixar essas pessoas sem
parte dos métodos de tratamento? A tomografia tratamento. Assim, se o grupo controle fosse inclu-
da articulação deve ser a rotina na análise do ído no estudo e apenas 20 pacientes melhorassem
problema? Os espaços articulares são relevantes sem tratamento (Tab. 1), teríamos uma diferença
para o diagnóstico, e é objetivo do tratamento estatisticamente significativa entre os grupos Con-
ajustá-los? Se você respondeu sim para uma ou trole e Tratamento (p < 0,001), com o último grupo
mais dessas perguntas, precisa ler o artigo de exibindo muito mais melhora do que o primeiro.
Carrara, Conti e Barbosa. Podemos, então, concluir que o tratamento propos-
A forte relação da dentição com a DTM foi to é eficaz? Não, pelo menos ainda não.
estabelecida — erroneamente — há décadas. As Ao se refletir sobre o apresentado, é concebí-
conclusões equivocadas originaram-se da inter- vel imaginar que uma parcela de pessoas tratadas
pretação de resultados retrospectivos de estudos tenha uma melhora em suas queixas em decor-
de séries de casos. Esse é o desenho de estudo rência do efeito placebo do tratamento. É quase
mais frequentemente realizado por clínicos em impossível incluir um efeito placebo propriamente
seus consultórios, simplesmente porque o pa- dito em uma terapia não-medicamentosa como
ciente vai a uma clínica para tratar algum tipo de a da DTM. Assim, falsos tratamentos podem ser
problema. Desse modo, após alguns anos, todos
coletamos material de uma série de casos sobre Tabela 1 - Resultados de um estudo hipotético que propõe um trata-
algum tema. Para entender como esse desenho mento ortodôntico para DTM.

de estudo é deficiente para apontar saídas para TRATAMENTO CONTROLE


FALSO
TRATAMENTO
os problemas que enfrentamos, acompanhe a
MELHORA 35 20 33
seguinte linha de raciocínio.
SEM MELHORA 6 19 8
Um profissional hipotético analisa os resultados
TOTAL 41 39 40
de tratamento ortodôntico de 41 pacientes de seu

Dental Press J Orthod 5 2010 May-June;15(3):5-6


Editorial

implementados como, por exemplo, braquetes outros meios, para divulgar as conclusões tiradas
colados aos dentes sem um arco que desencadeie das séries de casos tratados em seus consultórios,
as forças, ou uma placa de acrílico que não cubra sem se dar conta da complexidade que existe por
as superfícies oclusais dos dentes. trás da formulação de estudos clínicos.
Em nosso estudo hipotético, um grupo de Falso Foi na tentativa de ajudar essas pessoas, que fa-
Tratamento foi avaliado. Os resultados mostra- zem parte das comunidades odontológica e médica,
ram que 33 pacientes melhoraram com o falso e também a população que sofre de DTM e dor
tratamento e não há diferença entre os grupos orofacial, que Carrara, Conti e Barbosa escreveram
Tratamento e Falso Tratamento (p = 0,63). Assim, o Termo do 1º Consenso em Disfunção Tempo-
a nova terapia — ou velha, se for o refluxo de um romandibular e Dor Orofacial. Esse artigo tem
conceito antigo — não é mais eficaz do que um características únicas porque reflete não apenas a
falso tratamento. opinião dos autores, mas também a dos principais
O croqui de ensaio clínico com três grupos profissionais da área no Brasil. Eles endossaram o
descrito acima dá uma visão geral sobre o processo artigo e demonstram que o tema não é controverso.
de construção da informação para tomada de de- Ademais, o artigo mostra que a evidência dispo-
cisão clínica. Entretanto, a simples criação dos três nível permite concluir muitas coisas: a Ortodontia
grupos ainda é uma ação incompleta e, por isso, não faz parte dos métodos de tratamento corri-
insuficiente. Questões importantes relacionadas queiros do problema, a tomografia da articulação
à aleatoriedade da assinalação dos pacientes para não deve ser utilizada como rotina, a análise do
tratamento, à prospectividade do estudo, à análise espaço articular não é relevante para o diagnóstico,
de intenção de tratar, entre outros itens relevantes não é objetivo do tratamento ajustar os espaços
ao desenho de um ensaio clínico, sequer foram articulares, entre outras conclusões. O artigo é um
mencionadas. Até porque muitas páginas seriam marco na área e recomendo sua leitura na íntegra.
consumidas para avançar sobre esses aspectos.
Ao mesmo tempo, esse croqui retrata uma falha Jorge Faber
comum: muitos profissionais bem-intencionados Editor chefe
utilizam especialmente congressos, mas também faber@dentalpress.com.br

Dental Press J Orthod 6 2010 May-June;15(3):5-6

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