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QUAIS SERVIÇOS POSSO SUSPENDER NAS FÉRIAS ?

JÚLIO CÉSAR BALLERINI SILVA ADVOGADO,


MAGISTRADO APOSENTADO E PROFESSOR
COORDENADOR NACIONAL DO CURSO DE PÓS
GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL DA
ESCOLA SUPERIOR DE DIREITO – ESD PROORDEM
CAMPINAS E DA PÓS GRADUAÇÃO EM DIREITO MÉDICO
DA VIDA MARKETING.

CAROLINA AMÂNCIO TOGNI BALLERINI SILVA –


ADVOGADA. ESPECIALISTA EM DIREITO CIVIL E
PROCESSO CIVIL.

Em um ano pra lá de atípico, o que se observa é


que estão chegando as festividades de final de ano e as férias escolares (não
obstante o clima de férias, por conta da pandemia por aulas on line dentro de casa),
mas nesse período o mercado de lazer se aquece e as pessoas, após todo o stress
de 2.020, planejam sair de casa por alguns períodos. Embora estejamos em
novembro, as lojas já estão em clima de Natal e Ano Novo. De todo modo, resta
sempre bom ver onde se pode economizar, evitando-se desperdício.

E sempre vem a questão: Serei obrigado a pagar


por serviços que não vou utilizar ? Afinal não estarei em casa ? Terei que pagar
faturas de despesas por coisas que apenas estarão à minha disposição mas não
serão consumidas ? Quais são meus direitos em relação a isso ? Quais meus
direitos em relação aos pacotes de viagens aos quais irei aderir ?

Em primeiro lugar, a aquisição de pacotes de


viagens implicam em relações de consumo regidas pelo Código do Consumidor,
sendo certo que, o que é relevante e diferente nesses casos, é o fato de que o objeto
do contrato tem a finalidade de garantia do lazer - por isso, descumprimentos que
normalmente não gerariam indenizações em outros tipos de contrato, geram
indenizações por danos morais por conta de meros aborrecimentos (Cláudia Lima
Marques).

Mas não é só. Hoje em dia, fazer as pessoas


perderem tempo indevidamente, seja pela consunção do lazer indevidamente
(frustração de direito de desconexão) seja pelo desvio de atividades produtivas, são
situações que geram indenizações por danos morais.
Ainda, de acordo com a clássica lição de Rubens
Limongi França, o lazer implica em direito de personalidade de integridade física
(realmente, sem lazer em condições adequadas pelo óbvio que a saúde e a vida
periclitarão), de sorte tal que quando o mesmo, contratualmente garantido, não resta
cumprido, enseja a reparação pelo atingimento do setor não patrimonial da esfera
jurídica do indivíduo (nos termos como preconizados por Pontes de Miranda a partir
de prelados de Ennecerus).

Com isso, se não se atinge o objetivo de lazer tão


relevante numa sociedade em que o stress impera e viagens podem ser tidas como
investimentos necessários para se recarregar as baterias, as indenizações serão
devidas, envolvendo toda a cadeia produtiva do lazer.

Ou seja, se ocorre o furto de seu celular no quarto


de hotel ou se a mala se extravia, isso gera stress, antítese do lazer buscado,
portanto, isso deve ser indenizado pela frustração da finalidade precípua do contrato
(quem sai de férias, em tempos de Facebook não quer ficar sem seu celular, não
quer ir para Delegacias de Polícia fazer boletim de ocorrência quando poderia estar
na praia ou em um museu), o que pode englobar, no polo passivo o hotel ou a
agência de viagens que indicou o hotel e lucrou com isso (afinal, de se aplicar a
teoria do risco profissional que parte do princípio romano ubi commoda ibi
incommoda, além da própria responsabilidade civil objetiva própria dos fornecedores
em relação de consumo).

Reconhecendo, inclusive, que tais indenizações de


danos morais se aferem in ré ipsa  (danos presumidos), de se destacar: TJ-DF -
Apelação Cível APC 20140110907433 (TJ-DF) Data de publicação: 27/8/15.

E, ainda, reconhecendo o dever de indenizar pela


via da quebra de justas expectativas (portanto matéria afeita ao âmbito da boa-fé
objetiva) de se pedir licença para apontar: TJ-RS - Recurso Cível 71004809489 RS
(TJ-RS) Data de publicação: 02/07/2014.

Vale apontar no sentido de que, se o consumidor,


por qualquer razão, pretender resilir o contrato, imposições de multas abusivas (há
companhias que aplicam multas de quinze, vinte, trinta por cento), podem e devem
ser revistas (o artigo 413 CPC estabelece que o controle da validade das multas
pode ser feito até mesmo de ofício pelo Juiz, a partir de um juízo que sequer seria de
proporcionalidade, mas de simples equidade).

Nesses casos, pelo óbvio, como as multas não são


moratórias (simples atraso de pagamento - em que haveria limitação a 2% nos
termos do artigo 52 e seus consectários CDC), mas compensatórias há limites de
razoabilidade a serem observados.

A jurisprudência pátria tem fixado tais importes em


torno de dez por cento (valor suficiente para cobrir eventuais prejuízos da operadora
de pacotes turísticos, diante da desistência do consumidor). Sobre a questão: TJ-DF
- Apelação Cível do Juizado Especial ACJ 20151110045639 (TJ-DF) Data de
publicação: 18/3/16.

Outro aspecto pouco estudado, mas que atinge


diretamente o patrimônio do consumidor em férias seria o de que há vários serviços
públicos e privados que podem ser suspensos temporariamente nos períodos de
férias, evitando-se dispêndios desnecessários, mas muitas vezes importantes na
economia doméstica (mormente para tempos de crise, com férias econômicas).

Em serviços privados (telefonia móvel, telefonia


fixa, TV por assinatura por exemplo – cada vez mais raros em tempos de streaming
e telefones celulares mas ainda com milhões de usuários no setor, mesmo em
tempos de nova economia), o regime jurídico é mais favorável ao consumidor, eis
que a suspensão temporária pode ser pedida e o restabelecimento do serviço, ao
final das férias não pode ser cobrado do consumidor - é um serviço gratuito. Para
esses serviços já há normatização (resoluções da ANATEL que preveem
suspensões de serviços por prazos que variam entre 30 e 120 dias, uma vez ao
ano).

Mais alguns tipos de serviços privados não são


normatizados pelo Poder Público, como é o caso das assinaturas de jornais e
revistas impressos (isso está se tornando cada vez mais raro no mundo digital),
internet etc. Para isso deve-se conferir a normatização particular, ou seja, o que diz o
contrato firmado entre as partes, sempre lembrando que, se o contrato comportar
dúvidas de interpretação, essas são sempre resolvidas no interesse e em favor do
consumidor.
Quando o serviço é público (fornecimento de água,
luz e gás encanado, por exemplo), mesmo que tenha sido terceirizado, existem
maiores dificuldades eis que se deve preservar a equação financeira desses
contratos concedidos pelo Estado, daí há previsões para a cobrança de tarifas ou
taxas para restabelecer o serviço ao final das férias - o consumidor deve avaliar se
não sairá mais caro o molho do que o peixe como diz o dito popular (às vezes,
simplesmente sai mais barato fechar o registro que permite a entrada de água da rua
para a residência, por exemplo).

Mesmo em sendo um serviço público é feito por


pessoas jurídicas privadas, ou seja, nada impede que se façam ajustes nesse
sentido. Por exemplo, se o consumidor pleiteia que o serviço seja suspenso, sem
custos e isso for aceito pela fornecedora, ela não poderá depois cobrar qualquer
valor.

Mas alguns cuidados devem ser observados. O


consumidor deve estar em dia para solicitar a suspensão dos serviços, do contrário
não haverá religamento ao final - tem-se considerado que não abusividade se a
fornecedora se recusar a tanto.

De igual modo, há que se registrar o pedido formal


para que isso aconteça - não há impedimento para sejam feitos pelo Serviço de
Atendimento ao Consumidor (SAC) seja por ligações telefônicas (daí convém anotar
o número de protocolo de atendimento para facilitar reclamar em caso de violação)
ou mesmo por e-mail. Essas cautelas facilitam o processamento de demandas no
Juizado Especial Cível - o assim chamado Juizado de Pequenas Causas, ou mesmo
para reclamações junto ao Procon.

Como sabido, os estabelecimentos físicos destas


prestadoras têm oposto cada vez mais resistência a que esses pedidos lá sejam
efetuados, no que também há uma certa abusividade (como sabido, há
consumidores idosos que podem ter dificuldade com tecnologia e mesmo pessoas
com baixo grau de escolaridade, por exemplo), matéria, no entanto, para outros
estudos mais aprofundados em outro artigo que verse, por exemplo, sobre o tema do
desvio do tempo produtivo – tipo de indenização de dano moral que tem se tornado
frequente no âmbito das relações de consumo por esse tipo de atitude que somente
faz o consumidor perder tempo para desestimulá-lo a deixar de pagar pelo serviço,
por exemplo.

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