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RESUMO
PALAVRAS-CHAVE
Fenômeno religioso, movimento pentecostal, despertamento, pentecostalismo,
popularização do evangelho
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INTRODUÇÃO
em que “todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas”
(Atos 2.4). Isto fez com que os primeiros cristãos fossem arregimentados tanto para
constituírem a primeira igreja quanto para servirem nela, sendo missionários aonde quer
que estivessem, contribuindo para o aumento do número de cristãos.
A igreja que foi estabelecida nesta cidade, conhecida biblicamente como igreja
de Corinto, foi palco das primeiras manifestações ditas pentecostais do tempo da era
apostólica. No entanto, o pastor daquela igreja, o apóstolo Paulo, precisou exortar
severamente os fiéis acerca do que estava acontecendo no meio deles.
Após terem sido “cheios do Espírito Santo” (Atos 2.4), um grupo de pessoas
“com inclinações místicas (…) que valorizavam grandemente certas experiências e
práticas religiosas” (LOPES, 1998), começou a deturpar o movimento com uma falsa
interpretação e aplicação do que havia sido preconizado no início. Isto acarretou uma
série de problemas em uma igreja que era conhecida por seus dotes espirituais. Dentre
os problemas ocorridos, destaca-se o desprezo pelos “cristãos que não apresentavam as
mesmas manifestações” (LOPES, 1998), gerando um problema local e que ultrapassou
as fronteiras do tempo chegando aos dias atuais, onde algumas igrejas pentecostais
ainda adotam o mesmo comportamento.
Alguns estudiosos afirmam que o movimento pentecostal foi levado avante por
outros grupos religiosos denominados montanismo, anabatista, quacres e metodistas.
Este primeiro foi um movimento carismático do cristianismo antigo (década de 170) que
teve como fundador Montano e que alegou “ser o porta-voz do Espírito Santo que iria
anunciar a volta de Cristo e a descida da Nova Jerusalém” (MATOS, 2006, p. 25).
Os outros movimentos foram provenientes dele, ainda que inovando em alguns
aspectos. Por exemplo, os anabatistas apelavam para revelações diretas de Deus e
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“Despertamento” tem origem na palavra despertar que, de acordo com o dicionário da língua
portuguesa, significa acordar, tirar do estado de inércia, animar, avivar, estimular
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O atual movimento pentecostal tem seu retrato mais fiel nas reuniões ocorridas
na cidade de Los Angeles, a partir do dia 9 de abril de 1906. Era um movimento
liderado por William Seymour, em um prédio na Rua Azusa, e que chamava atenção
pelo barulho feito pelos participantes, sendo noticiado na época nos jornais da cidade
como “Estranha Babel de línguas”. Este movimento era estratégico por ser Los Angeles
uma cidade que “recebia muitos imigrantes europeus que se encarregaram de anunciar a
novidade” (ALENCAR, 2010, p. 31)
Essas reuniões persistiram até a morte de Seymour, em 1922 e de sua esposa
Jennie, em 1936. Com a demolição do prédio da Rua Azusa foram encerrados os
trabalhos naquele local, no entanto, o pentecostalismo moderno permaneceu,
espalhando-se pelos Estados Unidos e por várias partes do mundo, inclusive o Brasil.
Brasil para Cristo (1955) e Igreja Pentecostal Deus é Amor (1962). Essas denominações
acrescentaram mais um adereço à doutrina pentecostal: a cura divina. Suas reuniões e
pregações tinham como ponto principal a valorização da cura de doenças.
Com a terceira onda, já no final dos anos 70, surge o termo neopentecostalismo
que seria uma caricatura do movimento original (pentecostal), no entanto, não mais
valorizando unicamente aquilo que havia sido preconizado no início como o falar em
línguas. Sua ênfase pautava-se na teologia da prosperidade e, em alguns casos, era
associada a exorcismo de demônios e outras manifestações típicas do movimento
neopentecostal.
A representante maior dessa terceira onda é a Igreja Universal do Reino de Deus
(1977), seguida da Igreja Internacional da Graça de Deus (1980), Igreja Renascer em
Cristo, Comunidade Sara Nossa Terra, Igreja Paz e Vida, Comunidades Evangélicas e
muitas outras.
De acordo com o que já foi explicitado, o evangelho deveria ser pregado a todas
as pessoas indistintamente, ou seja, deveria ser acessível ou popularizado. No Brasil,
isto não estava acontecendo a contento, conforme se pode constatar na citação a seguir:
Não havia uma reunião religiosa na língua do povo, o português. Isso limitava o
acesso às populações carentes e marginalizadas à mensagem do evangelho, deixando de
fora esta parte significativa da população. Realmente, não havia interesse em privilegiar
essas classes. A maioria nem sabia ler ou escrever, portanto não estavam aptos a receber
esta mensagem.
O movimento pentecostal, portanto, promoveu a popularização do evangelho no
Brasil. No entanto, conforme a citação anterior, essa popularização não se deu com a
primeira representante pentecostal que se limitou exclusivamente à comunidade italiana
estabelecida no país. Por isso, em 1911, uma segunda representante do movimento
pentecostal tomou para si a responsabilidade de dar acesso às camadas mais pobres a
este evangelho.
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Isso aconteceu com a Igreja Assembleia de Deus “que foi a que mais se
expandiu, tanto numérica quanto geograficamente” (MATOS, 2006, p. 38) com
representações em várias localidades do país. Em outras denominações históricas não
houve o mesmo crescimento, permanecendo modestamente.
O mais curioso é que este crescimento não foi demorado ou necessitou de
grandes estratégias. A Assembléia de Deus tornou-se em pouco tempo a maior
representante do protestantismo brasileiro (e do movimento pentecostal) por instalar-se
entre as populações mais pobres. Não para simplesmente valorizar os pobres, mas
“porque nasceu pobre” (SOUZA, 2004, p. 24).
Enquanto as demais denominações religiosas se instalavam nos grandes centros,
onde a população era híbrida3 e bem mais exigente, dois missionários suecos
provenientes dos Estados Unidos e que haviam conhecido o “batismo no Espírito
Santo”, chegaram ao Brasil graças a uma profecia recebida. Eram eles Daniel Berg e
Gunnar Vingren. Foram para a cidade de Belém do Pará e lá fundaram a que se tornaria
a maior igreja pentecostal no Brasil (DALGALARRONDO, 2008, p. 120). A partir
dessa experiência, toma impulso o movimento pentecostal e é possível observar um
crescimento espantoso dessa denominação religiosa.
De acordo com dados obtidos na época, o número de membros dessa igreja
cresceu de 20, em sua fundação, para 14.000 em 1930 e em 1940, cresce para 80.000,
tendo atingido a marca de 120.000 membros em 1950 (READ, 1967, p. 121). A partir
daí surgiram as denominações da segunda onda e que também contribuíram para o
avanço do número de pentecostais, bem como da popularização do evangelho no Brasil.
Estima-se que hoje “mais de 80% da população evangélica [brasileira] é
pentecostal” (ALENCAR, 2010, p. 46). Este número compreende as igrejas pentecostais
históricas da primeira onda, as da segunda onda e as neopentecostais que hoje
contribuem consideravelmente para o aumento dessa estatística.
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De acordo com o dicionário da língua portuguesa, híbrido é relativo a elementos provenientes de línguas
diversas.
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Brasil de acordo com o último Censo de 2000 (IBGE, 2000). Talvez este número fosse
muito menor sem o efeito causado pelo movimento pentecostal.
Mas esta contribuição não é só quantitativa. De acordo com o que foi explicitado
anteriormente, este número deve-se principalmente à inclusão das classes menos
favorecidas que não se adequavam ao “rígido, tradicionalista e rotineiro” protestantismo
histórico (MATOS, 2006, p. 48). Então, a inclusão torna-se um fator preponderante nas
contribuições do pentecostalismo no Brasil.
É importante ressaltar que atualmente esse movimento não se restringe somente
às classes menos favorecidas. Pelo contrário, com as novas denominações provenientes
da terceira onda (neopentecostais) e a atualização do pensamento das igrejas
pentecostais históricas, de certa forma, influenciadas pelos novos pentecostais, o
movimento passou a abranger também pessoas da classe média. Para isso, construiu
suntuosos templos nos grandes centros do país, situados em áreas nobres das grandes
cidades.
O movimento pentecostal também fez com que o relacionamento com Deus
fosse mais profundo, onde o cristão se utilizava de um culto mais alegre e fervoroso e
uma vida mais plena e de satisfação. As emoções surgiram com mais intensidade e isso
agradou muito as pessoas. A prova disso são os louvores que hoje conseguem ser mais
eficazes, sobretudo na evangelização das pessoas.
No entanto, há que se ressaltar também os problemas que foram gerados após a
instalação do movimento pentecostal como: o desprezo pelas escrituras, um falso
conceito de vida espiritual que se sustenta num “toma-lá-dá-cá” com Deus, a
infalibilidade dos pastores, a fuga dos princípios éticos que outrora regiam o movimento
e a deturpação do culto. São esses alguns problemas que permeiam o dia-a-dia das
igrejas pentecostais. Mas esta é uma reflexão que não faz parte, neste momento, do
objetivo desta discussão.
É bem verdade que já se observa uma melhora em alguns desses pontos, mas
ainda é algo muito primário e carece de muita discussão e conscientização quanto a um
possível retorno ao protestantismo pentecostal ideal ou pentecostalismo clássico.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
READ, Wilian R. Fermento religioso nas massas religiosas do Brasil. São Paulo:
Imprensa Metodista, 1967.
SOUSA, Alexandre Carneiro de. Pentecostalismo: de onde vem, para onde vai?: um
desafio às leituras contemporâneas da religiosidade brasileira. Viçosa: Ultimato, 2004,
152p.
LOPES, Augustus Nicodemus. O que estão fazendo com a Igreja: Ascensão e queda do
movimento evangélico brasileiro. São Paulo: Mundo Cristão, 2008, 201p.
REVISTA Manual do Obreiro. Distintivos pentecostais. Ano 29, Ed. 35, 2006, p. 35-38.
SOUZA, Etiane Caloy Bovkalovski de & MAGALHÃES, Marionilde Dias Brepohl de.
“Os pentecostais: entre a fé e a política”. Revista Brasileira de História. São Paulo, v.
22, n. 43, 2002, p. 85-105.