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ISBN 85-7304-209-5
Impresso no Brasil
SEGUNDO CRISTO
Paulo desejava que os colossenses não
ensinassem os outros segundo a tradição dos
homens, e, sim, somente segundo Cristo. É crucial
aprender a avaliar todas as coisas, não conforme a
mentalidade cultural, mas conforme Cristo. Por
exemplo, o nosso ponto de vista a respeito do
casamento não deve ser segundo a cultura em que
vivemos, mas segundo Cristo. Aprecio muito a
expressão “segundo Cristo”. Não devemos permitir
que coisa alguma seja um substituto de Cristo ou O
substitua. Cristo, e apenas Cristo, é o padrão e a base
de medição. Isso quer dizer que não devemos avaliar
as coisas segundo a cultura, segundo a tradição ou os
rudimentos do mundo. Na igreja, Cristo é a única
medida, padrão e base. Esse é o princípio básico na
prática da vida da igreja.
Em Colossos as diversas culturas haviam
invadido a igreja, substituído Cristo e enredado os
santos. Eles foram distraídos de Cristo, não pelo
pecado ou pelo mundo, mas por alguns dos aspectos
mais desenvolvidos da cultura. O princípio é o mesmo
hoje. Embora nós na vida da igreja odiemos o pecado,
poucos odeiam a cultura a que pertencem. Pelo
contrário, subconsciente e inconscientemente todos
valorizamos as nossas culturas. Damos grande valor à
bagagem cultural. Na vida da igreja, Cristo é
substituído mais pela cultura em que vivemos do que
por qualquer outra coisa. Vivemos segundo as nossas
culturas muito mais do que segundo Cristo.
O MISTÉRIO DE DEUS
Em 2:2 Paulo diz ainda que Cristo é o mistério de
Deus. Tudo o que Deus é e tem está corporificado em
Cristo. Sendo o mistério de Deus, Cristo é a
corporificação, a definição e a explicação de Deus.
Tudo o que Deus tenciona fazer está relacionado com
Cristo.
ANDAR EM CRISTO
Tendo recebido tal Cristo, devemos agora andar
Nele. Muitos cristãos consideram o Cristo que
receberam somente como seu Redentor, Salvador e
vida. Apreciam-No como o Redentor que derramou o
sangue por eles e como o Salvador que os salvou do
pecado. Todavia, não percebem que o próprio Cristo
que receberam é a corporificação de Deus e a
realidade de todas as coisas positivas. Precisamos
andar em tal Cristo todo-inclusivo. Ao comer, ande
Nele. Ao se vestir, ande Nele. Ande Nele quando
conversa com o cônjuge.
Precisamos ser pessoas repletas de Cristo,
saturadas Dele, vestidas com Ele e totalmente
dominadas por Ele. Muitos de nós na restauração do
Senhor ainda não estão saturados de Cristo. Nas
reuniões da igreja podemos orar ou cantar em Cristo.
Mas assim que voltamos para casa podemos
negligenciá-Lo totalmente e viver de acordo com a
cultura a que pertencemos. Nas reuniões podemos
proclamar que, para nós, viver é Cristo. Mas na vida
diária, principalmente em casa, podemos viver pelo
ego, e não por Cristo. Que diferença haveria se no
viver diário em casa vivêssemos por Cristo! Enquanto
cozinha, uma irmã pode perceber que, para ela,
cozinhar é Cristo. Se todos exercitarmos viver por
Cristo dia após dia, viveremos, cultivaremos e
geraremos Cristo. Na vida diária precisamos ver
Cristo em todas as coisas e andar Nele.
ENRAIZADOS EM CRISTO
Em 2:7 Paulo fala de sermos enraizados ou
radicados em Cristo. Somos plantas enraizadas em
Cristo como o verdadeiro solo. Ele é a terra na qual
crescemos. Além disso, Ele é tudo o que precisamos
para crescer. Ele é o adubo, a água e a provisão de
vida.
TUDO E EM TODOS
Já enfatizamos repetidas vezes que no novo
homem não há lugar para judeus ou gregos,
circuncisão ou incircuncisão, civilizados ou
incivilizados, servos ou senhores (3:11). No novo
homem há lugar somente para Cristo. Portanto, no
novo homem, Cristo é tudo e em todos. Ele é todas as
partes do novo homem e está em todas as partes. Isso
não deve ser simplesmente um ensinamento, e, sim,
nossa experiência prática cada dia. Que todos
tenhamos uma experiência plena do Cristo
todo-inclusivo, o Cristo que é tudo para nós.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES
A INTENÇÃO DE DEUS
A respeito dessa questão do Cristo todo-inclusivo
versus as culturas, precisamos ver que, segundo a
plena revelação da Bíblia, a intenção de Deus é
infundir-Se nos Seus escolhidos. Essa intenção é o
ponto central da revelação divina nas Escrituras. Para
fazê-lo, Deus precisa ser triúno. É maravilhoso que
Deus seja triúno: o Pai, o Filho e o Espírito. O Pai
como a fonte é corporificado no Filho, que é a própria
expressão do Pai. Quando o Filho vem, Ele sempre
vem com o Pai. Isso indica que o Pai não pode ser
separado do Filho, nem o Filho, do Pai. O Filho é a
corporificação, a realidade e a expressão do Pai. Por
meio do processo da morte e ressurreição, o Filho
tornou-se o Espírito que dá vida (1Co 15:45), o
Espírito Santo vivificante. Portanto, o Espírito é o
Filho percebido como realidade, assim como o Filho é
a corporificação do Pai.
O Pai, o Filho e o Espírito não são três Deuses, e,
sim, um único Deus em Sua “triunicidade”. Por ser
triúno, Ele pode dispensar-Se a nós. Deus veio a nós
no Filho mediante a encarnação de Cristo. Cristo
morreu na cruz para nos redimir e eliminar a velha
criação. Então, em ressurreição, tornou-se o Espírito
que dá vida. Por um lado, Cristo está assentado no
trono nos céus como Cabeça e Senhor de todas as
coisas. Por outro, como o Espírito, Ele habita em nós
para ser nossa vida. Sendo o Espírito que dá vida,
Cristo é nossa provisão de vida e a realidade de todas
as coisas positivas para nós.
Como o Espírito todo-inclusivo, o Deus Triúno
infunde-Se em nós. A parte mais profunda do nosso
ser é o espírito, que é envolto pela alma e pelo corpo.
O corpo humano contém a alma, e a alma contém o
espírito, que é um vaso para receber Deus e contê-Lo.
Cristo como o Espírito que dá vida, todo-inclusivo,
processado, está em nosso espírito e procura
espalhar-Se por todas as partes da nossa alma e, por
fim, saturar o nosso corpo, a fim de fazer-nos
absolutamente iguais a Ele. Quando isso acontecer,
todo o nosso ser será permeado por Ele. Essa é a
Salvação de Deus segundo Sua economia.
VIVER CRISTO
Não há necessidade de decidir, na mente, viver
determinado tipo de vida cristã. Cristo hoje é o
Espírito todo-inclusivo que dá vida em nós. Esse
Espírito é o Deus Triúno processado que habita em
nós. Não devemos tentar, por nós mesmos, ser
amáveis, bondosos ou gentis. Fazer isso não é viver
Cristo. Em vez de decidir, na mente, praticar certas
coisas, devemos simplesmente viver pelo Cristo que é
agora o Espírito que dá vida em nosso espírito.
Devemos dizer-Lhe: “Senhor, não sei o que é ser
amável, humilde ou bondoso. Senhor, só me importo
em viver-Te”. Quando um irmão é tentado a discutir
com a mulher, deve dizer: “Senhor, Tu tencionas
discutir com minha esposa? Se Tu fazes isso, então
serei um Contigo nisso”. No mesmo princípio,
quando você está prestes a falar com os filhos, precisa
dizer ao Senhor que, nessa questão específica, você
quer viver por Ele e ser um com Ele enquanto Ele fala
com eles. Isso é viver Cristo. Decidir, na mente, agir
de determinada forma não tem valor algum;
simplesmente não funciona. O que precisamos fazer é
somente viver Cristo.
PERSEVERAR EM ORAÇÃO
Em 4:2 Paulo nos diz que perseveremos em
oração. Sua intenção não é que abandonemos as
necessidades práticas da vida e simplesmente nos
entreguemos à oração. Ele quer dizer que devemos
orar a fim de viver Cristo em tudo o que fazemos
diariamente. Como já dissemos, devemos orar
quando estamos prestes a falar com o cônjuge ou
filhos. Em tal oração, podemos dizer: “Senhor, sou
um Contigo e Tu és um comigo. Senhor, vou falar com
meus filhos; assume a liderança nessa questão!” Isso
é perseverar em oração, orar incessantemente.
Na verdade, viver Cristo é questão de orar. Se
quisermos viver por Cristo, precisamos orar. Se
tenciona fazer compras, pergunte ao Senhor se Ele se
agrada em ir com você. Quando for comprar um
artigo, pergunte ao Senhor se Ele está contente com
essa compra. Mesmo nos menores detalhes
precisamos perguntar ao Senhor. Fazer isso é
perseverar em oração e, desse modo, viver Cristo. A
maneira de viver Cristo é orar a Ele o dia inteiro.
Se vivermos Cristo dessa forma, Ele terá muito
espaço na vida da igreja. Então teremos uma vida da
igreja fora das culturas. Não importa qual seja o
passado cultural, viveremos segundo Cristo, não
segundo as culturas. Cristãos provenientes de
diferentes culturas serão os mesmos, não em cultura,
mas em viver Cristo. Essa é a vida adequada da igreja,
a vida do Corpo onde Cristo é expresso. Em tal vida
autêntica da igreja, somos cheios, permeados e
saturados de Cristo. Não há pecado, mundanismo,
ego, carne ou cultura. Não há nada senão Cristo, o
Cristo todo-inclusivo que se contrapõe às culturas.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES
CRISTO EM VÓS
EM CRISTO
Primeira Coríntios 1:30 nos diz que somos de
Deus em Cristo Jesus. Antes, por nascimento,
estávamos em Adão. Mas Deus Pai nos transferiu de
Adão para Cristo. Quando cremos no Senhor Jesus e
invocamos o Seu nome, fomos transferidos de Adão
para Cristo. Esse é o motivo de, após crermos em
Cristo, termos sido batizados. Nas palavras de
Romanos 6:3, fomos batizados em Cristo Jesus.
O CRESCIMENTO DE VIDA
Meu encargo nesta mensagem é enfatizar que o
cumprimento da economia de Deus não depende do
nosso esforço; depende do crescimento de vida. O
ponto central da economia de Deus não é o que
fazemos; é a vida crescendo. Portanto, é crucial ver o
que significa crescer e como crescer. Deus não precisa
das nossas obras. Qualquer coisa que façamos em nós
mesmos não significa nada. Todavia, Deus quer que
cresçamos.
Para que algo cresça, precisa ter vida. Uma mesa
não pode crescer, porque não tem vida. Entretanto,
uma planta cresce porque está repleta de vida. Por
exemplo, minha esposa plantou um tomateiro no
quintal. Fico maravilhado ao ver o quanto essa planta
cresceu e quantos tomates produziu. Cresceu tanto
que foi preciso colocar estacas para apoiá-la e
direcionar seu crescimento. Houve necessidade de
uma economia para cuidar do tomateiro.
Gostaria de lembrá-lo que, após criar o homem,
Deus o pôs num jardim, um lugar de crescimento. Ele
não o colocou numa escola, onde seria educado, ou
numa fábrica, onde fabricaria coisas, e, sim, num
jardim, onde a vida consegue crescer. Nossa
necessidade hoje na igreja é crescimento, e para
crescer precisamos ter vida.
A REVELAÇÃO MAIS ELEVADA DE CRISTO
Agora chegamos a um ponto crucial: Que é a
nossa vida? Provavelmente todos responderíamos
dizendo que é Cristo. Que é Cristo, então? A vida que
cresce na igreja e é necessária para o crescimento da
igreja. é Cristo. Mas que é esse Cristo? A resposta é
encontrada em Colossenses. De acordo com esse
livro, Cristo é a plenitude de Deus, a imagem do Deus
invisível, o Primogênito de toda a criação, o
Primogênito dentre os mortos, Aquele em quem toda
a plenitude agradou-se em habitar, o mistério da
economia de Deus, o mistério de Deus, a realidade de
todas as coisas positivas e o elemento constituinte do
novo homem. Por anos temos ressaltado que Cristo é
vida, mas talvez não tenhamos prestado a devida
atenção ao que Cristo é. Em resumo, o Cristo que é
nossa vida é tudo, a realidade de todas as coisas
positivas no universo. Essa é a revelação no livro de
Colossenses.
Colossenses contém a mais elevada revelação de
Cristo no Novo Testamento. Nenhum outro livro nos
diz que Cristo é o Primogênito de toda a criação ou o
mistério de Deus. Colossenses revela que Cristo é o
mistério da economia de Deus e o mistério do próprio
Deus. Segundo esse livro, Cristo é tudo para nós.
VIVER CRISTO
MINISTRAR CRISTO
Mesmo nós, na vida da igreja, carecemos da visão
celestial acerca do desejo de Deus de que vivamos
Cristo. Pelo fato de a visão não estar clara, temos
gasto muito tempo refinando a vida humana em vez
de viver Cristo. Por isso, tenho o encargo de enfatizar
que a igreja não deve ser um lugar onde é realizada a
obra de refinamento; ela deve ser um lugar onde
Cristo é ministrado. Agora, quando os jovens vêm a
mim para ter comunhão sobre casamento, eu lhes
digo que precisam experimentar Cristo como graça.
Já não lhes digo que precisam ser equilibrados e
subjugados segundo o arranjo soberano de Deus na
vida conjugal. Quero dizer a todos os santos que
nossa única necessidade é Cristo. Cristo vive em nós,
e nós somos um espírito com Ele. Oh! nossa
necessidade hoje é o Cristo que habita no nosso
interior!
Se quisermos desfrutar Cristo e experimentá-Lo,
sendo um espírito com Ele, devemos dar as costas a
todos os padrões, regras, regulamentos e princípios
que inventamos para nós mesmos. Dizer às pessoas
que sejam equilibradas e subjugadas é ter comunhão
segundo um padrão. Hoje não ministro padrões;
simplesmente ministro Cristo. Quero encorajar todos
os santos a não mais estabelecer padrões e
regulamentos, mas continuamente contatar Cristo
como o Espírito que dá vida. Se você for lento, não
tente ser rápido; se for rápido, não tente ser mais
lento. Em vez de tentar equilibrar-se, simplesmente
viva Cristo. Deixe que Cristo seja o seu padrão,
regulamento, princípio e alvo.
MENSAGEM QUARENTA
UMA COMPARAÇÃO
Se compararmos Colossenses com o Evangelho
de João, percebemos como é elevada a revelação
dessa Epístola. A maioria de nós aprecia o Evangelho
de João porque é um livro de vida. É também um
livro do mistério da vida. Embora seja misterioso, a
revelação que esse Evangelho contém não pode ser
comparada com a revelação em Colossenses. O
Evangelho de João começa com as palavras “No
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus”. Em 1:18, João prossegue: “Ninguém
jamais viu a Deus; o Filho unigênito, que está no seio
do Pai, esse O deu a conhecer”. Colossenses não nos
diz que o Verbo era Deus, mas fala de Cristo como “a
imagem do Deus invisível” (1:15). As palavras e a
expressão de Paulo aqui são maravilhosas. Então, em
aposição a essa frase, Paulo continua no mesmo
versículo, falando de Cristo como o Primogênito de
toda a criação. Isso indica que Primogénito de toda a
criação é sinônimo de a imagem do Deus invisível e
prova que o Primogênito de toda a criação é a própria
imagem do Deus invisível.
João 1:3 diz: “Todas as coisas foram feitas por
intermédio Dele, e sem Ele nada do que foi feito se
fez”. Compare isso com o que Paulo diz em
Colossenses 1:16-17: “Pois, nele, foram criadas todas
as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as
invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi criado por
meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas.
Nele, tudo subsiste”. É fácil recitar João 1:3, mas é
difícil recitar Colossenses 1:1617, versículos bem mais
complicados. De acordo com Colossenses, o próprio
Cristo que recebemos como nosso Salvador e nossa
vida é a imagem do Deus invisível. Além disso, Aquele
que é a imagem de Deus é o Primogênito de toda a
criação, pois Nele, por meio Dele e para Ele foram
criadas todas as coisas. Além disso, vemos em 1:17
que Cristo é antes de todas as coisas, e que todas as
coisas subsistem juntas Nele. Essas palavras indicam
a preexistência eterna de Cristo e o fato de que todas
as coisas existem por meio de Cristo como o centro
sustentador, assim como os raios de uma roda são
mantidos juntos pelo eixo no centro dela. Tal
revelação, como é dada nesses versículos, ultrapassa
nossa capacidade de compreender plenamente.
Em 1:18 Paulo diz que Cristo é a Cabeça do
Corpo, a igreja, e o princípio, o Primogênito de entre
os mortos. Então, no versículo 19, lemos: “Porque
aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude”
(lit.). A plenitude tem mais de um aspecto. Portanto,
Paulo é cuidadoso ao enfatizar que toda a plenitude, a
plenitude com seus vários aspectos, agradou-se em
habitar em Cristo. Os diferentes aspectos da
plenitude incluem a plenitude no Primogênito de
toda a criação, no fato de Cristo ser antes de todas as
coisas, no fato de a criação ser Nele, por meio Dele e
para Ele, no fato de ser o Primogênito de entre os
mortos e no fato de Ele ser a Cabeça da igreja. Toda
essa plenitude agradou-se em habitar em Cristo e em
reconciliar com Ele todas as coisas. Onde podemos
encontrar uma revelação que se compare a essa?
Em contraste com o Evangelho de João,
Colossenses não usa palavras, expressões e sentenças
simples. As sentenças nessa Epístola são complicadas
e freqüentemente incluem muitas frases e cláusulas.
De fato, todo o trecho de 1:9-20 deve ser considerado
uma só sentença. Isso é muito diferente das
expressões simples no Evangelho de João: “Eu sou o
pão da vida”, “Eu sou a luz”, “Eu sou a porta”.
A EXPERIÊNCIA DO CRISTO
TODO-INCLUSIVO
No capítulo um, tocamos na revelação objetiva
de Cristo e no ministério subjetivo de Cristo. Agora,
no capítulo dois, temos outra questão: a experiência
do Cristo objetivo subjetivamente ministrado a nós.
Portanto, temos a revelação objetiva, o ministério
subjetivo e a experiência. Colossenses 2 é dedicado ao
pleno desenvolvimento da experiência do Cristo
todo-inclusivo.
MENSAGEM QUARENTA E UM
CULTURAS E OPINIÕES
No passado falei com freqüência sobre os
problemas causados na vida da igreja, pelas opiniões.
Recentemente ouvi que, em certo lugar, algumas
irmãs se opuseram firmemente ao uso de piano, mas
defenderam com a mesma firmeza o uso de violões.
Tais opiniões provêm da cultura; ela é a fonte da
opinião. Se os conceitos culturais tiverem sido
tratados, não teremos opiniões sobre pianos ou
violões. Só nos importaremos com Cristo. Não ter
opinião significa não ter uma cultura. Se você se
apegar à cultura em que vive, será muito difícil não
ter opiniões. Sua cultura o faz ter opiniões. Sou muito
forte nas opiniões. Contudo, ao longo dos anos, tenho
sido quebrantado pelo Senhor. Agora não me
interessa se temos piano, violão, nenhum dos dois, ou
ambos. Igualmente, não importa que tipo de alimento
os irmãos comem. Entretanto, se tivermos uma
cultura em vez de Cristo, com certeza nos
importaremos muito com esse tipo de coisa. Como
precisamos da salvação do Senhor! O empecilho mais
oculto e sutil para viver Cristo é a cultura em que
vivemos. Essa fortaleza cultural em nós deve ser
demolida pelo Senhor. Então não teremos mais
conceitos culturais, somente Cristo. Em diversas
situações e circunstâncias não teremos mais opiniões
segundo a nossa cultura; iremos importar-nos
somente com Cristo. Se os outros quiserem tocar
piano ou violão, não teremos nenhum sentimento a
esse respeito. Se não usarem nenhum instrumento,
também não teremos nenhum sentimento sobre isso.
Por termos sido resgatados da cultura,
importamo-nos somente com Cristo. e com viver
Cristo.
A EXPERIÊNCIA DE CRISTO
SEGUNDO CRISTO
Em tudo que fazemos devemos ser segundo
Cristo. Não devemos ser segundo a filosofia, ética,
conceitos culturais ou religião. Não devemos de
forma alguma ser segundo o velho homem; devemos,
antes, ser segundo o Deus Triúno processado
todo-inclusivo que dá vida. Isso, contudo, não deve
ser mera doutrina. Por exemplo, um irmão não deve
tratar a esposa segundo a cultura a que ele pertence,
mas segundo Cristo, segundo o Deus Triúno
processado.
Se quisermos viver, comportar-nos e existir
segundo o Deus Triúno processado, todo-inclusivo,
que dá vida, devemos ser como o apóstolo Paulo. Ele
se tornou alguém que não era segundo seus
antepassados, a lei, a tradição, o judaísmo ou o
ensinamento de Gamaliel. Paulo tornou-se alguém
absolutamente segundo o Deus Triúno processado.
Suas epístolas não foram escritas segundo algo além
do Deus Triúno processado, todo-inclusivo, que dá
vida. Como os escritos de Paulo são diferentes dos
escritos cristãos de hoje!
O nosso andar diário deve ser segundo o Deus
Triúno processado. Por exemplo, quando um irmão
corta o cabelo, não deve fazê-lo segundo um padrão
específico, mas segundo o Deus Triúno processado.
Você sabe onde o Deus Triúno processado,
todo-inclusivo, que dá vida, está hoje? Ele está em
nosso espírito. Aí Ele é todo-inclusivo, Aquele que dá
vida. Aí Ele é o Deus Triúno processado. Se vivermos
de acordo com o Deus Triúno processado em nosso
espírito, todo tipo de cultura humana desaparecerá.
Somente o Deus Triúno todo-inclusivo que dá vida
permanecerá. A vida cristã e a vida da igreja não são
segundo conceitos culturais, mas segundo o Deus
Triúno processado. Se vivermos segundo Ele, não
haverá necessidade de tentar abandonar nossas
culturas; elas desaparecerão automaticamente.
Com o Deus Triúno todo-inclusivo que dá vida
temos a experiência de morrer com Cristo e de ser
vivificados juntamente com Ele. Aqui
experimentamos ser membros do Corpo, viver em
unidade com Ele, e tomá-Lo como Aquele do qual
recebemos a provisão para crescer com o crescimento
de Deus. Essa é a vida cristã e a vida da igreja. Essa é
a vida que vence o pecado e nos traz a realidade da
santidade espiritualidade e vitória. Aqui temos tudo o
que precisamos; paciência, humildade, justiça, amor,
bondade, santidade, vida, luz, poder, força, vigor e as
outras coisas positivas. Todos os atributos divinos e
todas as virtudes humanas estão nessa vida. Cristo
como o Deus Triúno processado, todo-inclusivo, que
dá vida, é tudo para nós. Quando temos Cristo e
vivemos segundo Ele, não precisamos de
regulamentos. Temos o Cristo vasto, que na
experiência é tudo para nós.
O DEUS PROCESSADO
Alguns cristãos ficam ofendidos quando falamos
do Deus processado. Dizem: “Deus não é eterno,
infinito, todo-poderoso e imutável? Como pode o
Deus eterno, infinito, passar por um processo?” Em
vez de discutir com as pessoas sobre isso, devemos
simplesmente apresentar os fatos na Palavra de Deus.
A Bíblia revela que um dia Deus tornou-se carne.
João 1:14 diz que o Verbo tornou-se carne. Isso não
indica um processo? Se não houvesse um processo na
encarnação, como poderia o Deus eterno, infinito,
ter-se tornado um homem finito? Depois de trinta e
três anos e meio, Ele, que havia passado por um
processo, foi levado à cruz e crucificado. Alguns
podem ficar espantados ao ouvir que Deus foi
crucificado. Entretanto, precisamos lembrar-nos de
que quem foi crucificado era Deus encarnado. Depois
da crucificação, Cristo foi sepultado. Ele então passou
pela morte e ressurgiu. Isso também não foi parte de
um processo? Cristo foi sepultado com um corpo
físico como o nosso. Mas, quando saiu do túmulo em
ressurreição, tinha um corpo espiritual. Seu corpo foi
transfigurado num corpo espiritual. Por certo, isso
indica um processo. Portanto, podemos dizer com
segurança que Deus passou por um processo. Ele foi
processado mediante a encarnação para tornar-se
homem e mediante a ressurreição para tornar-se o
Espírito que dá vida (1Co 15:45).
BA TIZADOS EM CRISTO
Em Gálatas 3:27, Paulo. diz: “Porque todos
quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos
revestistes”. O Cristo em Gálatas 3:27 é igual ao Pai,
Filho e Espírito em Mateus 28:19. Portanto, ser
batizado em Cristo é ser batizado no nome do Pai,
Filho e Espírito.
Há muitos anos alguém tentou discutir comigo
sobre o batismo. Reconhecendo que respeitamos a
Bíblia e batizamos as pessoas em água, ele me
perguntou em que nome nós as batizávamos: no
nome do Pai, Filho, e Espírito, ou de Cristo Jesus, ou
do Senhor Jesus Cristo? Ele também disse que o
nome faz grande diferença. Pedi-lhe que explicasse a
diferença entre Cristo em Gálatas 3:27 e Pai, Filho e
Espírito em Mateus 28:19. Ela respondeu que Cristo é
meramente o Filho. Eu então lhe disse que, em vez de
discutir, deveríamos simplesmente desfrutar o Pai,
Filho, e Espírito, Cristo Jesus e o Senhor Jesus Cristo.
Disse-lhe que Cristo é todo-inclusivo, que não é
somente o Filho, mas também o Pai e o Espírito.
Disse-lhe ainda que podemos batizar uma pessoa no
nome do Pai, Filho, e Espírito; outra pessoa em
Cristo; e ainda outra no Senhor Jesus Cristo ou em
Cristo Jesus. Não há nada de errado em batizar
pessoas dessa forma. Quando comparamos Mateus
28:19 com Gálatas 3:27, vemos que batizar pessoas
em Cristo é batizá-las no Pai, Filho, e Espírito. Não
nos preocupamos em discutir terminologia;
importamo-nos somente com a Pessoa viva, com o
Deus Triúno processado, todo-inclusivo, que
dispensa vida.
O AR CELESTIAL
Vimos que ser batizado é ser introduzido no Deus
Triúno, em Cristo e na morte de Cristo. Como é
possível Cristo ser a água espiritual na qual somos
imersos? Isso ocorre porque, em ressurreição, Ele foi
processado para tornar-se o pneûma, o Espírito que
dá vida. Como o pneûma, Cristo é o ar celestial.
Batizar alguém em tal ar é muito mais fácil do que
batizá-la em água. Todos sabem que a água vem da
chuva e a chuva vem da umidade do ar. Cristo hoje é o
ar espiritual repleto de umidade. Quando batizamos
alguém em Cristo, nós o imergimos Nele como o
pneûma celestial, no Deus Triúno processado,
todo-inclusivo, que dá vida.
EM CRISTO
A maneira de entrar em Cristo é ser batizado
Nele, imerso Nele. Todos os cristãos devem ter
certeza de que foram batizados no Deus Triúno.
Podemos testificar com ousadia que, uma vez
batizados em Cristo e na Sua morte, estamos agora
em Cristo.
ENXERTADOS EM CRISTO
O crescimento em Romanos 6:5 pode ser
ilustrado pelo enxerto do ramo de uma árvore em
outra. Mediante o enxerto, duas vidas se tornam uma.
Portanto, o processo de enxertar representa nossa
identificação espiritual com Cristo. Fomos
identificados com Cristo, feitos um com Ele, pelo
enxerto Nele.
Em Romanos 11, Paulo usa o exemplo de ramos
de oliveira selvagem enxertados em oliveira cultivada
(vs. 17, 24). Para haver enxerto, as duas árvores
devem ser cortadas. Esse corte representa a
experiência de ser levado à morte. Sem ele não pode
haver enxerto. Na crucificação, Cristo foi cortado e
ainda traz as marcas desse corte. Isso quer dizer que
no ser do Cristo ressurreto há uma abertura, na qual
nós, ramos da oliveira selvagem, podemos ser
enxertados. Entretanto, se quisermos ser enxertados
Nele, também precisamos ser cortados. Então somos
unidos a Ele no próprio lugar onde ambos, Ele e nós,
fomos cortados. Em certo sentido, os dois cortes se
abraçam. Por intermédio de tal abraço o enxerto é
realizado, e as duas árvores tornam-se uma.
Imediatamente após o enxerto ser completado, o
ramo da oliveira selvagem começa a crescer em
unidade com a oliveira cultivada. Além disso, a
oliveira cultivada cresce com o ramo da oliveira
selvagem . As duas árvores crescem juntas como uma
só árvore, com uma só vida e um só viver. A vida
nessa árvore é nova, na qual duas naturezas foram
mescladas.
Ser batizado é ser enxertado em Cristo. Esse
batismo envolve crescimento. Depois que se
arrepende e crê no Senhor Jesus, uma pessoa cresce
com Cristo: primeiro na semelhança da Sua morte e
depois na semelhança da Sua ressurreição. Mediante
o crescimento que ocorre no batismo, entramos em
Cristo.
CRESCER EM CRISTO
Agora que estamos em Cristo, crescemos Nele.
Em Colossenses 1:28, Paulo fala de apresentar todo
homem perfeito, maduro, plenamente crescido em
Cristo. Advertindo e ensinando os outros em toda a
sabedoria, Paulo os ajudava a crescer. Devemos fazer
o mesmo na vida da igreja. Depois de batizada, uma
pessoa precisa ser nutrida, a fim de crescer até a
maturidade.
CRISTO EM NÓS
Estamos em Cristo e Ele também está em nós.
Esse fato também é ilustrado pelo enxerto. Depois
que o ramo da oliveira selvagem é enxertado na
oliveira cultivada, ele é parte dela e cresce nela. A
seiva da oliveira cultivada entra no ramo da árvore
selvagem. Dessa forma, a oliveira cultivada cresce no
ramo da oliveira selvagem. Do mesmo modo, já que
fomos enxertados em Cristo, Ele agora habita e cresce
em nós.
ENXERTO E CRESCIMENTO
Na mensagem anterior dissemos que é no
batismo que crescemos juntamente com Cristo na
semelhança de Sua morte. O batismo não é um ritual
morto; é uma experiência fortemente relacionada
com vida e crescimento. Sempre que batizamos
alguém, devemos ajudá-lo a perceber que, no
batismo, ele crescerá juntamente com Cristo, pois foi
enxertado no Cristo crucificado e ressurreto. A
crucificação de Cristo proporcionou uma abertura
Nele para sermos enxertados, e Sua ressurreição nos
conduz ao processo de crescimento. Agora que fomos
enxertados em Cristo, devemos crescer Nele
diariamente.
Em 1 Coríntios 3 Paulo também fala de
crescimento. No versículo 9 ele diz que os cristãos são
lavoura de Deus. No versículo 6 ele diz: “Eu plantei,
Apelo regou; mas o crescimento veio de Deus”. Isso
indica que os irmãos são plantas na lavoura de Deus.
Na igreja, a lavoura de Deus, somos plantas em
crescimento.
O conceito de crescer como plantas também é
encontrado em Romanos 11, onde Paulo usa a
ilustração de enxertar um ramo de oliveira selvagem
numa oliveira cultivada. Aos olhos de Deus, somos
todos plantas, ou árvores. Em Romanos 6:5 Paulo usa
uma palavra grega específica para indicar
crescimento. É muito difícil encontrar um
equivalente em português para essa palavra, que
significa crescer por plantio ou enxerto. Tanto
plantar como enxertar visam ao crescimento. Uma
árvore é plantada no solo para crescer. Do mesmo
modo, o propósito de enxertar é crescer.
Recentemente um irmão mostrou uma definição
maravilhosa dessa palavra grega encontrada no livro
Commentary on Romans (Comentário de Romanos),
de Frederick Louis Godet. De acordo com Godet (pág.
243), a palavra denota “a união orgânica, em virtude
da qual um ser compartilha a vida, o crescimento e as
fases de existência pertencentes ao outro”. Por meio
da união orgânica de duas plantas, realizada pelo
enxerto, uma planta participa da vida e das
características da outra. Que maneira maravilhosa de
crescer! Aplicando essa definição à experiência
espiritual, podemos dizer que fomos enxertados na
“árvore” do Deus Triúno todo-inclusivo, que dá vida,
processado, que é o Espírito todo-inclusivo.
Tendo-nos tornado um com Ele mediante o enxerto,
participamos da vida e das características desse
Todo-inclusivo, e dessa forma crescemos.
RETER A CABEÇA
Em 2:19 temos as palavras “retendo a cabeça”.
Que quer dizer o Corpo reter Cristo como a Cabeça?
Significa que o Corpo não permite ser separado da
Cabeça. Se de fato retivermos Cristo como a Cabeça,
não seremos separados Dele por coisa alguma. Ao
viver pela cultura humana em lugar de Cristo, nós nos
separamos Dele como a Cabeça, e somos privados do
nosso prêmio, que é o desfrute de Cristo.
Os cristãos em Colossos que abraçaram o
gnosticismo e viviam por ele separaram-se da Cabeça.
Eles eram privados, destituídos do desfrute de Cristo.
Entretanto, se estivermos arraigados em Cristo e
andarmos quando Ele se move, espontaneamente
absorveremos Suas riquezas e cresceremos com o
crescimento de Deus. Esse crescimento ocorre
retendo-se Cristo como a Cabeça.
Colossenses 2:19 fala do suprimento do Corpo
sendo vinculado juntamente. Quando é suprido e
vinculado retendo a Cabeça, o Corpo cresce com o
crescimento de Deus. A frase “da qual” nesse
versículo é importante; indica que o Corpo cresce a
partir da Cabeça, pois todo o suprimento provém
dela. Em certo sentido, Cristo é a Cabeça; em outro
sentido, Ele é o solo. Quando absorvemos as riquezas
do solo, retemos a Cabeça. De igual modo, receber o
suprimento da Cabeça é absorver as riquezas do solo.
Para ter o crescimento adequado como cristãos,
precisamos perceber que Deus nos colocou, como
plantas vivas, em Cristo. Agora devemos dizer:
“Senhor, quero permanecer em Ti e andar sempre
que Tu te moveres”. Andando em Cristo, absorvemos
as riquezas do solo. Então crescemos pelo acréscimo
dessas riquezas em nós. Absorver as riquezas do solo
equivale a reter Cristo como a Cabeça. Crescemos
com o acréscimo proveniente do solo; como o Corpo
também crescemos com o suprimento proveniente da
Cabeça.
DUAS CONDIÇÕES
Com base nessa revelação, chegamos à questão
crucial de andar em Cristo (2:6). Os versículos 6 e 7
não dizem: “Andai nele e sede enraizados e edificados
nele”. Mas diz: “Anda i nele, nele radicados, e
edificados”. No grego, “enraizados” é um particípio
perfeito, que indica uma ação já concluída, e
“edificados”, um particípio presente. Esses dois
verbos descrevem como devemos andar. Podemos
andar em Cristo porque fomos enraizados Nele e
estamos sendo edificados Nele. Estas duas condições
devem ser cumpridas se quisermos andar em Cristo:
que tenhamos sido enraizados Nele e que estejamos
sendo edificados Nele.
A redação desses dois versículos é simples;
entretanto, podemos achar que já os entendemos, e
ainda assim não cornpreendê-los de fato. Nesses
versículos há três palavras básicas: andar, enraizados
e edificados.
Em Colossenses Paulo aborda a questão da
revelação objetiva do que Cristo é e a questão do
ministério subjetivo pelo qual Cristo é dispensado aos
que Nele crêem. A revelação objetiva de Cristo e o
ministério subjetivo de Cristo, juntos, nos dão a
experiência prática de Cristo. Nesta mensagem e nas
posteriores nos concentraremos na experiência
prática de Cristo. A revelação objetiva da Bíblia
desvenda o Cristo amplo e todo-inclusivo, e o
ministério subjetivo dispensa esse mesmo Cristo a
nós como o substituto de todo elemento do viver
humano natural. Se virmos isso, seremos capazes de
compreender o que significa andar em Cristo.
UM PROCESSO ORGÂNICO
Não importa quão velhos ou jovens sejamos,
todos fomos profundamente enraizados na cultura a
que pertencemos com os diversos fatores e elementos
que constituem o viver diário. Assim como fomos
enraizados na cultura, devemos agora ser enraizados
em Cristo. Ser enraizado é questão de vida. Uma
planta arraigada no solo envolve processo orgânico.
Sem tal processo, nenhuma planta pode enraizar-se.
Quanto mais fundo as raízes da planta se estenderem
terra adentro, mais abrangente será o processo
orgânico. À medida que o sistema de raízes da planta
se desenvolve, a vida dela se expande e se desenvolve.
Ser enraizado em Cristo é experimentar tal
desenvolvimento, expansão e atividade de vida.
Usando novamente a ilustração do enxerto,
podemos dizer que nós, ramos de oliveira selvagem,
fomos enxertados em Cristo, a oliveira cultivada. Um
enxerto também envolve crescimento orgânico. Sem
tal processo as duas árvores não conseguem crescer
juntas. Mediante o enxerto, as árvores são unidas e
suas vidas, mescladas, Essa mescla produz
crescimento orgânico, no qual o ramo enxertado, o
ramo da oliveira selvagem, torna-se profundamente
enraizado na oliveira cultivada.
O enxerto e o plantio têm o mesmo princípio.
Para se transplantar uma árvore com sucesso, deve
haver lugar no solo para as raízes crescerem e se
desenvolverem. Se forem aguadas e tiverem espaço
para crescer, as raízes se espalharão profundamente
na terra. O princípio é o mesmo no relacionamento
com Cristo. Por um lado, fomos enxertados Nele; por
outro, fomos plantados e até transplantados Nele.
Quer falemos do ponto de vista do enxerto ou do
plantio, há a necessidade de crescimento, que é tanto
interno como para baixo. O crescimento das raízes
para baixo pode ocorrer muito lentamente, ao passo
que o crescimento para cima pode acontecer
rapidamente. Alguns santos crescem como
cogumelos; aparecem muito acima da superfície, mas
falta-lhes o crescimento das raízes sob o solo.
O MISTÉRIO DE DEUS
A primeira parte de 2:7 diz: “Nele radicados e
edificados”. O pronome nele refere-se a Cristo no
versículo anterior. De acordo com 2:2, esse Cristo é o
mistério de Deus. Isso nos leva a outra questão: Que é
o mistério de Deus? Já que Cristo é o mistério de
Deus, ser enraizado em Cristo é ser enraizado no
mistério de Deus. Todos os cristãos estão
familiarizados com o nome Cristo, mas poucos
compreendem o termo o mistério de Deus. Deus é um
mistério. Além disso, Ele tem uma história. Qual é a
Sua história? Deus é infinito e eterno, sem princípio
nem fim. Segundo o Seu bom prazer, Ele criou os céus
e a terra e os bilhões de itens do universo. Portanto,
Deus realizou a obra da criação. Cristo é a história de
Deus. Isso quer dizer que Cristo não é apenas o
próprio Deus, mas também a história de Deus. A
história divina refere-se ao processo pelo qual Deus
passou para entrar no homem e o homem ser
introduzido Nele.
Gênesis 1:1 diz que, no princípio, Deus criou os
céus e a terra. Mas Mateus 28:19 fala de batizar os
que crêem no nome do Pai, do Filho e do Espírito.
Sabemos que o Pai, Filho e Espírito são o Deus
mencionado em Gênesis 1:1. Entretanto, a diferença é
que na época de Gênesis 1:1 Deus ainda não fora
processado mediante a encarnação, viver humano,
crucificação, ressurreição e ascensão. As palavras em
Mateus 28:19 foram ditas pelo Senhor após ter
entrado na ressurreição, tendo passado pela
encarnação, vi ver humano e crucificação. Depois da
ressurreição Ele encarregou os discípulos de fazer
discípulos de todas as nações e batizá-los não no
nome do Criador, a quem podemos chamar de Deus
não processado, mas no nome do Pai, do Filho e do
Espírito. Isso é batizá-los, imergi-los, no Deus
processado. O Deus processado é Deus acessível aos
Seus escolhidos, e Seu povo pode ser batizado Nele.
Embora não seja possível batizar pessoas no Deus
revelado em Gênesis 1:1, podemos batizá-las no nome
do Pai, do Filho e do Espírito; isto é, podemos
imergi-las no Deus Triúno processado.
Hoje o Deus Triúno processado é o Espírito. Na
época de João 7:39, o Espírito ainda não era, porque
Jesus não fora ainda glorificado. Ele ainda não
passara pela morte e entrara na ressurreição. Agora
que Cristo passou pela morte e entrou na
ressurreição, o Espírito está aqui. Esse Espírito é
Cristo, e Cristo é a história de Deus, o mistério de
Deus. Como a história de Deus, Cristo é o Deus
processado, o Deus que passou por um processo para
tornar-se o Espírito todo-inclusivo que agora habita
em nosso espírito e é um com ele.
EXERCITAR O ESPÍRITO
A fim de nos enraizar mais profundamente no
Deus Triúno processado, precisamos exercitar o
espírito, e não a mente, emoção ou vontade. Contudo,
a situação ao redor não favorece o exercício do
espírito. Pelo contrário, tudo no ambiente opera para
nos afastar do espírito. Por exemplo, no domingo
todo, a esposa de um irmão pode ser-lhe muito
agradável. Mas pouco antes da reunião da mesa do
Senhor ela pode ser ríspida com ele. Ao reagir à
rispidez dela, ele imediatamente é afastado do
espírito. Em tal situação esse irmão precisa exercitar
o espírito e invocar o nome do Senhor Jesus.
Exercitando o espírito ele se enraizará mais
profundamente em Cristo como o solo, e
automaticamente absorverá mais riquezas do
Espírito todo-inclusivo. Isso produzirá mais
crescimento.
Precisamos exercitar continuamente o espírito.
Esse é o motivo de, no desfecho de Colossenses, Paulo
exortar-nos a perseverar em oração (4:2). Todavia, se,
em vez de exercitar o espírito, exercitarmos a mente,
emoção e vontade, Satanás nos impedirá de desfrutar
o Espírito todo-inclusivo em nosso espírito. Satanás é
sutil e maligno, e usa as situações para nos manter
longe do espírito. Assim, precisamos exercitar o
espírito continuamente, invocando o nome do Senhor
para ser enraizados mais profundamente no Espírito
todo-inclusivo. Então absorveremos as riquezas de
Cristo, cresceremos Nele, e espontaneamente
seremos edificados Nele. Como resultado, andaremos
Nele. Se compreendermos isso, saberemos o que
significa andar em Cristo absorvendo Suas riquezas e
sendo edificados com o que absorvemos. Essa é a
experiência de Cristo que todos precisamos ter.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES
RECEBER CRISTO
O MISTÉRIO DE DEUS
O Cristo que recebemos, de acordo com 2:1-6, é o
mistério de Deus mencionado em 2:2. O fato de
Cristo ser o mistério de Deus indica que Ele não é
simples, mas imensurável e misterioso. Com certeza,
Deus não é simples. Ele é ilimitado, infinito, eterno.
Como, então, poderia Cristo, o mistério de Deus, ser
simples? Como o mistério de Deus, Cristo é o Deus
imensurável, infinito e eterno.
Embora Deus seja eterno, Ele também tem uma
história. É claro, dizer que Deus tem uma história é
falar em termos humanos para a nossa compreensão.
No princípio, na eternidade passada, Deus tinha um
bom prazer, o desejo do Seu coração. Quanto mais
viva for uma pessoa, maior será o seu desejo de
prazer. Assim, sendo o mais vivo de todos, Deus tem o
maior desejo. Ele é vivo, vigoroso e enérgico. Assim,
Ele tem um bom prazer, que é o desejo do Seu
coração, baseado no qual Ele elaborou um plano. O
termo bíblico para esse plano é propósito. Deus tem
um propósito forte e eterno, que se baseia em Seu
bom prazer. Esse propósito é ter um grupo de seres
vivos para ser Sua expressão corporativa.
ENCARNAÇÃO, CRUCIFICAÇÃO E
RESSURREIÇÃO
Antes de poder ser recebido pelo homem, Deus
tinha primeiro de se tornar homem. Por isso, a
criação foi seguida pela encarnação. No processo da
encarnação Deus tornou-se homem, nascido da
virgem Maria de maneira muito humilde. Conforme
diz Isaías 9:6, o filho que nos nasceu era o Deus forte.
Isso quer dizer que o menino nascido na manjedoura
em Belém era o próprio Deus forte. Como menino,
Ele cresceu em Nazaré, na região desprezada da
Galiléia. Não viveu na mansão de um rico, mas num
casebre de carpinteiro. Considere o fato de que Jesus,
o Deus forte encarnado, viveu na casa de um
carpinteiro em Nazaré por cerca de trinta anos! O
Criador do universo viveu na terra de tal maneira.
Essa é uma parte vital da história de Deus.
Até hoje os judeus não crêem na encarnação;
proclamam que seu Deus não é tão pequeno.
Contudo, nós cremos e declaramos que nosso Deus
tornou-se um pequeno homem e viveu na terra por
trinta e três anos e meio. Conforme Isaías 53 e os
quatro Evangelhos, o Senhor Jesus não tinha
aparência ou beleza. Além disso, Aquele que disse
“Haja luz” e fez a luz brilhar das trevas trabalhou por
anos como carpinteiro.
No final de Sua vida na terra o Senhor Jesus foi
crucificado. Precisamos perceber que quem foi
crucificado era o próprio Deus. Num hino escrito por
Charles Wesley há essas linhas: “Grandioso amor!
Que ocorreu”! / Por mim morreste, ó meu Deus!”
[Hino 157, do hinário Hinos, publicado por esta
Editora.] Deus foi crucificado e pendurado na cruz
por nós. Depois disso, foi sepultado no túmulo e deu
uma volta pelo Hades, a região da morte. Embora
Satanás tivesse feito todo o possível para retê-Lo, no
terceiro dia, Ele se levantou dentre os mortos e saiu
do túmulo em ressurreição. Agora, em ressurreição,
Ele é o Espírito que dá vida. Pela encarnação Deus,
tornou-se homem e, em ressurreição, tornou-se
Espírito que dá vida.
Após ressuscitar, Cristo apareceu aos discípulos
diversas vezes. Ele lhes foi manifestado no dia da
ressurreição, quando estavam reunidos numa sala
com as portas fechadas. De repente Ele apareceu com
corpo de carne e osso. Pensando que era um
fantasma, os discípulos ficaram com medo. Ele lhes
disse: “Vede as Minhas mãos e os Meus pés, que sou
Eu mesmo; apalpai-Me e vede, porque um espírito
não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho”
(Lc 24:39). Oito dias mais tarde Ele apareceu
novamente, especialmente por causa de Tomé, que
havia dito que se não Lhe visse nas mãos a marca dos
cravos, não Lhe pusesse o dedo na marca dos cravos e
a mão no lado, não acreditaria (10 20:25). Depois de
aparecer, o Cristo ressurreto de repente desapareceu
novamente. Mais tarde, quando alguns discípulos,
liderados por Pedro, estavam pescando, Ele Se
manifestou outra vez e perguntou-lhes se tinham algo
para comer. Quando responderam que nada tinham,
Ele lhes disse que lançassem a rede do lado direito do
barco. Eles fizeram isso, e apanharam enorme
quantidade de peixes (Jo 21:6). Então os discípulos
desfrutaram com Ele uma boa refeição, depois da
qual Ele desapareceu novamente. Em outra ocasião
Ele reuniu-se com eles no alto do monte, o lugar que
Ele tinha designado. Por fim, os discípulos
testemunharam a ascensão do Cristo ressurreto. Dez
dias mais tarde Ele desceu sobre eles de forma
maravilhosa como o Espírito todo-inclusivo. Como
todos sabemos, por meio da pregação do evangelho,
milhares foram acrescentados.
Ao considerar todos os aspectos da história de
Deus, vemos que ela é Cristo. Sendo a história de
Deus, Cristo é o mistério de Deus. Pelo fato de os
judeus não terem Cristo, o Deus no qual eles crêem
não tem tal história. Fora de Cristo não há a história
de Deus nem o mistério de Deus.
Assim como Cristo é a história de Deus, a igreja é
a história de Cristo. Sendo Sua história, a igreja é o
mistério de Cristo. Nela, somos a continuação dessa
história.
Já ressaltamos que o Cristo que recebemos é o
mistério e a história de Deus. Ele é Deus com Sua
história maravilhosa. Como o Cristo todo-inclusivo,
Ele inclui divindade, humanidade, viver humano,
crucificação, ressurreição, ascensão, glorificação e
entronização. Ele inclui todos os atributos divinos e
virtudes humanas. É esse que todos recebemos.
MADUROS EM CRISTO
PREENCHIDOS DE CRISTO
Agora que recebemos Cristo, Ele, que é
todo-inclusivo e amplo, deve substituir cada aspecto
da cultura em que vivemos. Vimos que o homem
caído usa uma cultura como substituto para Deus.
Primeiro, tal cultura substitui Deus. Cristo então vem
para trocar esse substituto por Ele mesmo. Uma vez
que não somos mais crianças, precisamos que Cristo
substitua todos os elementos da nossa cultura. Isso
não quer dizer que devemos desprezar nossa cultura,
e, sim, amar Cristo. Se estivermos completamente
plenos de Cristo, não teremos espaço para nada mais.
Cada parte do nosso ser será ocupada por Cristo e de
Cristo. Então, na experiência, teremos a plenitude de
Cristo. Seremos cheios Dele até o limite. O Cristo que
nos preenche substituirá nossa cultura. Essa é a
revelação de Colossenses.
Visto que Cristo é vasto e todo-inclusivo, Ele não
tem escassez. Se tivermos tal Cristo na experiência,
não precisaremos de nada mais. Não há necessidade
que Ele não consiga satisfazer, nem capacidade que
não consiga preencher. Já que temos o Cristo
todo-inclusivo, não precisamos do judaísmo,
gnosticismo ou ascetismo. Temos o Cristo
todo-inclusivo e amplo com Sua plenitude. Ele
poderia preencher todo o universo e ainda assim Ele
não se esgotaria. Não precisamos de nada, antigo ou
moderno, em lugar de Cristo. Não precisamos nem
mesmo da cultura autofabricada e auto-imposta.
Preocupo-me pois muitos entre nós ainda vivem de
acordo com a cultura que impuseram a si mesmos.
Eles sempre impõem restrições a si mesmos e vivem
conforme elas. Não há necessidade de permanecer
sob a custódia da cultura autofabricada. Em vez disso,
devemos permanecer em Cristo e na liberdade que
temos Nele. Precisamos ser completamente
preenchidos de Cristo. Esse é o conceito de
Colossenses. Cristo é vasto e deve substituir cada
elemento da vida humana natural. Isso requer que
não nos apeguemos a nada da cultura em que
vivemos, pois produziria uma mistura. Deixemos o
Cristo puro preencher-nos e substituir cada aspecto
da nossa vida humana natural.
NEGAROEGO
Alguns santos podem ter muito orgulho da sua
disposição agradável ou de suas virtudes naturais
como humildade, paciência e bondade. Se você tiver
tal disposição e virtudes, não deve odiá-las nem
valorizá-las. Em vez disso, deve permitir que o Cristo
vasto substitua até mesmo sua boa disposição e suas
virtudes. Deus não quer que expressemos nosso ser
natural com nossas virtudes. Se você viver de acordo
com sua disposição e virtudes, não será capaz de dizer
com Paulo: “Para mim, o viver é Cristo” (Fp 1:21).
Pelo contrário, terá de admitir que, para você, o viver
é o seu ser natural. Na igreja como o novo homem não
há lugar para nenhum tipo de pessoa natural. No
novo homem, Cristo deve ser tudo e em todos (3:11)
Já ressaltamos que não devemos odiar nem
valorizar nosso ser natural. Odiá-lo é praticar
ascetismo, uma forma de suicídio. Em vez de tentar
odiá-lo, devemos seguir o que o Senhor disse sobre
negar a nós mesmos. Negar o ego é ignorá-lo,
esquecê-lo, não prestar atenção a ele. Suponha que
você ande na calçada e alguém lhe pare e peça
dinheiro. Ele lhe implora por dinheiro muitas vezes.
Você não deve odiar nem amar essa pessoa.
Simplesmente não preste atenção ao seu pedido. Por
fim, percebendo que não conseguirá nada de você, ela
vai embora. Isso ilustra a atitude que devemos ter
para com o ego. Ele é ganancioso, sempre pedindo
coisas. Em vez de odiá-lo ou amá-lo, devemos
simplesmente recusar-nos a lhe dar atenção.
UM MISTÉRIO GLORIOSO
Se tivermos a plena certeza, a forte convicção do
entendimento a respeito do Cristo amplo
substituindo cada aspecto de nossa vida natural,
perceberemos o que significa tornar-se maduro em
Cristo. Em 1:25, Paulo diz que se tornou um ministro
de acordo com o mordomado de Deus. O objetivo do
mordomado de Paulo era dispensar o Cristo amplo
aos escolhidos de Deus. Esse Cristo amplo é um
mistério, principalmente para os gentios. Em 1:27
Paulo diz: “Aos quais Deus quis dar a conhecer qual
seja a riqueza da glória deste mistério entre os
gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória”.
Esse mistério é cheio de glória, e essa glória tem
riquezas. O mistério glorioso cheio de riquezas é
Cristo em nós.
ANUNCIAR CRISTO
Em 1:28-29 Paulo prossegue: “O qual nós
anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a
todo homem em toda a sabedoria, a fim de que
apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para
isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o
mais possível, segundo a sua eficácia que opera
eficientemente em mim”. No versículo 28 Paulo não
diz que prega Cristo, e, sim, que O anuncia. Anunciar
envolve grau maior de certeza do que simplesmente
pregar. Por exemplo, quando os irmãos responsáveis
fazem anúncios no final da reunião, eles não pregam
aos santos. Os anúncios são feitos com certeza. Do
mesmo modo, Paulo não só pregava Cristo; ele O
anunciava. Também desejo anunciar o Cristo
todo-inclusivo e vasto.
MENSAGEM CINQÜENTA
A REVELAÇÃO DE CRISTO
A revelação de Cristo em Colossenses é
todo-inclusiva e ampla. Esse livro revela que Cristo é
tudo. Ele é o Primogênito tanto da velha criação, o
universo, como da nova criação, a igreja (1:15, 18). A
nova criação não é tão vasta quanto a velha criação, o
universo. A igreja é todo-inclusiva, mas não é tão
ampla. O fato de Cristo ser o Primogênito tanto da
criação original como da nova criação significa que
Ele é vasto e todo-inclusivo. No novo homem há
espaço somente para Cristo; Ele é tudo e em todos
(3:11). Isso mostra Sua todo-inclusividade.
Entretanto, o fato de Ele ser o Primogênito de toda a
criação indica Sua vastidão. Nas palavras de Efésios
3, Cristo é a largura, o comprimento, a altura e a
profundidade.
A revelação do Cristo todo-inclusivo e vasto é
encontrada adequada, plena, definitiva e claramente
nas Epístolas de Paulo, em particular em Colossenses.
Em 1:25 Paulo diz que se tornou ministro segundo o
mordomado de Deus a fim de completar a palavra de
Deus (lit.). Colossenses foi escrito para completar a
palavra de Deus, isto é, a revelação divina nas
Escrituras. Sem Colossenses, a revelação divina da
Bíblia não seria completa.
A completação da Palavra de Deus encontrada
em Colossenses é o mistério da economia de Deus:
Cristo em nós, a esperança da glória (1:27). Isso quer
dizer que, sem Cristo em nós como a esperança da
glória, a revelação de Deus não estaria completa.
Somos gratos ao Senhor por Sua revelação ter sido
completada, registrada e apresentada a nós.
DISTRAÍDOS DE CRISTO
Por séculos os cristãos tiveram essa revelação nas
mãos. Entretanto, ela tem sido negligenciada.
Embora Cristo tenha sido revelado de maneira
adequada, definitiva, enfática e plena, na experiência
dos cristãos, Ele tem sido substituído por muitas
coisas. Embora haja milhões de cristãos neste país,
poucos prestam a devida atenção a Cristo em nós, a
esperança da glória. Isso se aplica mesmo a nós. Em
particular, a cultura em que vivemos substituiu
Cristo. Em 1961 escrevi o hino “Não é lei de letras que
Deus quer nos dar, / Mas é Cristo — vida para nos
salvar” (Hino 268). Contudo, nesse hino não falei
nada sobre a cultura humana. Quando o escrevi, não
tinha visto que nossa cultura é o substituto mais forte
e sutil de Cristo na experiência. Todavia, há mais de
quarenta e cinco anos vi que Deus não quer nada que
não seja Cristo. Embora essa visão seja muito clara,
devo confessar que ainda não vivo Cristo
adequadamente. Às vezes outras coisas me distraem
Dele.
Você alguma vez já se perguntou quanto de
Cristo você vive dia a dia? A maior parte do tempo
vivemos Cristo somente quando oramos no espírito.
Nisso vemos quão pouco de fato vivemos Cristo. No
viver diário, Cristo é substituído por outras coisas.
Em particular, coisas boas aos nossos olhos se tornam
substitutas Dele, como por exemplo a humildade.
Espontânea e inconscientemente você vive sua
humildade natural em vez de Cristo. Quem é
naturalmente humilde pode, no íntimo, orgulhar-se
da sua humildade, principalmente quando se
compara com outros. Mas essa humildade em que se
gloria substitui Cristo. Na verdade, tal humildade não
é uma virtude aos olhos de Deus; antes, visto que
substitui Cristo, é algo muito desagradável. Todos os
dias Cristo é substituído por muitas coisas. Ele pode
ser substituído pela diligência, franqueza e
honestidade. Em vez de viver Cristo, podemos viver
esses atributos ou características naturais.
VIVER CRISTO
Recentemente numa reunião um irmão
levantou-se para declarar que tencionava abandonar
a cultura em que vivia. Mais tarde ressaltei que a
tentativa de abandonar nossa cultura somente
produzirá outro tipo de cultura: uma cultura de
abandonar a cultura. Não há necessidade de
abandonar nossa cultura. O que precisamos ver é que
a cultura é substituta de Cristo, e devemos viver
Cristo. Quanto mais O vivermos, mais a cultura em
que vivemos será substituída por Ele. Anteriormente
nossa cultura substituía Cristo. Mas agora, à medida
que vivemos Cristo, Ele substitui nossa cultura.
Não há dúvida de que Cristo é plenamente
revelado na Bíblia. Mas quem entre o povo do Senhor
de fato vive Cristo? Precisamos perguntar-nos quanto
vivemos Cristo. Às vezes os santos falam sobre a
melhor maneira de ter as reuniões da igreja.
Entretanto, nossa preocupação não deve ser com a
maneira de reunir, e, sim, com viver Cristo. Será que
nos importamos em viver Cristo realmente, ou
apenas desejamos ter certo tipo de reunião? As
reuniões da igreja não devem ser um teatro, mas uma
exibição do viver diário.
Somos gratos ao Senhor por tudo o que Ele nos
tem mostrado acerca da revelação de Cristo em
Colossenses. Agora precisamos prosseguir,
experimentando e vivendo Cristo. O que precisamos
não é mais doutrina, e, sim, mais experiência de
Cristo. Repetidas vezes precisamos ser encorajados a
vivê-Lo diariamente. Onde quer que estejamos, em
casa, na escola ou no trabalho, precisamos viver
Cristo. Paulo podia dizer: “Para mim, o viver é Cristo”
(Fp 1:21). Quantos de nós podem dar tal testemunho?
Quando somos testados pelo Senhor nessa questão,
precisamos humilhar-nos e confessar que não
vivemos muito por Cristo. Como precisamos receber
graça para vivê-Lo diariamente! Se O vivermos
constante e adequadamente, todos os Seus
substitutos desaparecerão.
Se tivermos luz sobre como Cristo é substituído
em nosso viver diário, confessaremos ao Senhor que,
em vez de vive-Lo, vivemos tantas outras coisas. Pode
ser que Lhe digamos: “Senhor, confesso que não
'tenho vivido muito por Ti. Tenho uma vida limpa, até
mesmo pura, mas não vivo Cristo. Embora tenha sido
cuidadoso para não pecar e não agir errado para com
os outros, não tenho vivido a Ti”. Anos atrás eu
despendia muito tempo confessando as falhas e más
ações; contudo não confessava a falta de viver Cristo.
Porém, ultimamente, a maior parte da minha
confissão diz respeito a uma coisa: minha carência
em viver Cristo. Todos precisamos fazer tal confissão
ao Senhor.
ANDAR EM CRISTO
Em 2:6-7 Paulo diz: “Ora, como recebestes Cristo
Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados, e
edificados”. Após receber Cristo, devemos anelar
Nele. Isso é viver, agir, comportar-se e existir Nele.
Isso também é subjetivo. Se Cristo estivesse somente
no trono, como poderíamos andar Nele? Podemos
andar em Cristo somente se Ele for subjetivo para nós
na experiência.
Colossenses 2:7 fala de sermos radicados e
edificados em Cristo. Essas expressões estão
relacionadas com nosso andar em Cristo. Andamos
Nele, uma vez radicados Nele e sendo edificados Nele.
Isso implica que somos plantas enraizadas em Cristo.
Precisamos ver mais sobre o que significa ser
enraizado em Cristo e edificado Nele a fim de andar
Nele.
Nosso encargo nesta mensagem foi ressaltar que
a intenção de Paulo em Colossenses é ajudar os
santos a perceber que não deve haver nenhum
substituto para Cristo. Pelo contrário, Ele deve
substituir tudo. Cristo está em nós como nossa vida, e
precisamos andar Nele. Uma vez enraizados em
Cristo e edificados Nele, andaremos Nele. Viveremos,
nos comportaremos e existiremos Nele. Isso é viver
Cristo.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES
MENSAGEM CINQÜENTA E UM
UM LIVRO DE EXPERIÊNCIA
Muitos leitores do Novo Testamento consideram
Colossenses um livro de doutrina. Contudo, ele é
também um livro de experiência. O Cristo vasto e
todo-inclusivo revelado nesse livro é subjetivo para
nós, pois habita em nós como nossa esperança da
glória (1:27), e é nossa vida (3:4). Nada pode ser mais
subjetivo para nós do que a própria vida. De fato,
nossa vida somos nós. Dizer que Cristo é nossa vida
significa que Cristo torna-se nós. Como Cristo
poderia ser nossa vida sem tornar-se nós? Seria
impossível.
Alguns mestres cristãos opõem-se à revelação
que tivemos da experiência subjetiva de Cristo.
Segundo eles, nós nos deificamos, fazendo-nos Deus.
Afirmam que ensinamos que o ego torna-se o mesmo
que Deus, e isso é autodeificação. Definitivamente
não ensinamos que nos tornamos o próprio Deus,
nem que um dia seremos adorados como deidades,
não obstante é verdade que Cristo habita em nós e é
nossa vida. Ele se torna nós em nossa experiência.
Como Paulo diz: “Para mim, o viver é Cristo” (Fp
1:21). Já ressaltamos que Cristo não pode ser nossa
vida sem se tornar nós. A vida é o nosso ser. Portanto,
Cristo ser nossa vida significa que Ele se torna nosso
ser. Cristo tornar-se nosso ser é Ele tornar-se nós.
Para nós, Cristo é objetivo e subjetivo. Nós O
conhecemos tanto segundo a doutrina como segundo
a experiência. Por um lado, Ele está no trono nos
céus. Por outro, está em nosso espírito. Nós
adoramos o Cristo entronizado nos céus, mas
experimentamos, desfrutamos e participamos do
Cristo que habita em nosso espírito. Somos um com
Ele subjetivamente. Como Paulo diz em 1 Coríntios
6:17: “Aquele que se une ao Senhor é um espírito com
ele”. Cristo é subjetivo para nós a tal ponto que Ele e
nós, nós e Ele, tornamo-nos um só espírito. Ser um
espírito com o Senhor é maior do que ter dons e
milagres. Agora que somos um espírito com o Senhor,
precisamos experimentar ser um espírito com Ele
todos os dias.
Há alguns anos passei algum tempo com alguns
santos que falavam muito sobre Colossenses 1:27.
Embora falassem do Cristo que habita em nós como a
esperança da glória, tinham pouca experiência de
Cristo. Para eles, o Cristo interior era mera doutrina,
e não realidade. No viver diário prático, eles eram
éticos e religiosos, mas não viviam Cristo. Até mesmo
o seu amor era natural e ético, e não a expressão de
Cristo neles. Nesses irmãos podia-se ver religião e
ética, mas pouco de Cristo. Isso se aplica a muitos
cristãos hoje; conhecem Cristo em doutrina, mas têm
pouca experiência autêntica Dele. Entretanto, quando
Paulo escreveu Colossenses, escreveu de acordo com
a doutrina e a experiência.
Em 2:7 Paulo fala de ter sido radicado e de estar
sendo edificado em Cristo. Tanto ser radicado como
ser edificado são subjetivos e experimentais.
Precisamos de uma compreensão clara do que é ser
radicado em Cristo e ser edificado Nele. Não devemos
achar que já entendemos 2:7; tampouco devemos
evitá-la por achá-la difícil de compreender. Em vez
disso, devemos permanecer nesse versículo, lê-la
orando e estudando-o até recebermos luz.
DUAS CONDIÇÕES
Estar radicado em Cristo e ser edificado Nele
estão relacionados com andar Nele (2:6). Se
quisermos andar em Cristo, precisamos satisfazer
dois requisitos: estar radicados Nele e ser edificados
Nele. Por um lado, já fomos radicados em Cristo; por
outro, somos edificados Nele. Satisfeitas essas
condições, seremos capazes de andar em Cristo. Na
experiência, todos precisamos saber o que significa
estar radicado em Cristo e ser edificado Nele.
PLANTADOS EM CRISTO
Para estar radicados em Cristo, precisamos
primeiro ser plantados Nele. Em diversos lugares a
Bíblia fala de plantar. No cântico de Moisés lemos:
“Tu o introduzirás e o plantarás no monte da tua
herança, no lugar que aparelhaste, ó SENHOR, para a
Tua habitação” (Êx 15:17). O Salmo 92:13 diz:
“Plantados na Casa do SENHOR florescerão nos
átrios do nosso Deus”. Em Jeremias 2:21 o Senhor diz
de Seu povo: “Eu mesmo te plantei como vide
excelente, da semente mais pura”, e em 32:41:
“Plantá-los-ei firmemente nesta terra, de todo o meu
coração e de toda a minha alma”. Em Mateus 15:13 o
Senhor Jesus disse: “Toda planta que Meu pai
celestial não plantou, será arrancada”. De acordo com
João 15, o Senhor Jesus Se considerava uma videira, e
o Pai, o agricultor, o que plantou a videira e cuida
dela. Em 1 Coríntios 3:9 Paulo diz que nós, cristãos,
somos lavoura de Deus. Ele também declara “Eu
plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de
Deus” (1Co 3:6). Agora, em Colossenses 2:7, vemos
que fomos radicados em Cristo. Cristo é a terra, o
solo, e Deus nos plantou Nele.
De acordo com as Escrituras, Cristo é a árvore na
qual fomos enxertados; é também a terra, o solo no
qual fomos plantados. Fomos enxertados e plantados
em Cristo. Portanto, a boa terra com o solo equivale à
árvore. Isso é outro indício de que Cristo é tudo para
nós. Já que Cristo é tanto a árvore como a boa terra,
podemos dizer que Nele fomos enxertados e também
plantados. De acordo com João 15, Deus Pai é o
Agricultor, o que planta, cujo Filho, Cristo, é a videira
universal. Cristo é também a boa terra com o solo.
Fomos enxertados em Cristo como a videira e
plantados Nele como o solo. Colossenses 2:11 fala de
circuncisão, um tipo de corte. Isso está relacionado
com ser enxertado em Cristo. Como já ressaltamos,
2:7 fala de ter sido radicado em Cristo. Isso está
relacionado com ser plantado Nele. Nesta mensagem
o centro da nossa atenção não é o enxertar, e, sim, o
plantar.
Como pessoas plantadas em Cristo, fomos
radicados Nele. Assim como as minúsculas fibras da
raiz absorvem as riquezas do solo, nós também
absorvemos a rica nutrição de Cristo. Somos árvores,
e Cristo é o solo no qual fomos plantados e estamos
radicados. Agora absorvemos Suas riquezas e
crescemos pela nutrição que delas recebemos.
UMA UNIDADE EM VIDA
Em 1 Coríntios 3:6 Paulo diz que ele plantou,
Apolo regou e Deus deu o crescimento. Isso indica
que os cristãos são plantas e Cristo é o solo. Agora
precisamos perguntar em que parte do nosso ser
ocorreu esse plantio. Certamente não é na mente nem
no corpo; é no espírito. A experiência de ser plantado
em Cristo e radicado Nele ocorre em nosso espírito.
Primeira Coríntios 6:17 diz: “Mas aquele que se une
ao Senhor é um espírito com Ele”. Quando uma
planta se enraíza no solo, torna-se uma com o solo.
Primeiro a planta penetra no solo; depois os
nutrientes do solo entram na planta. Dessa forma, a
planta e o solo tornam-se um em vida. O elemento
nutriente no solo corresponde à vida na planta, e algo
dentro dela corresponde ao elemento do solo.
Podemos dizer que há comunhão entre a planta e o
solo. Nessa comunhão, os fatores da planta e do solo
que se correspondem tornam-se um em vida. Assim,
a planta e o solo tornam-se uma unidade em vida.
Em nosso espírito temos a experiência de ser
plantados em Cristo, pois estamos unidos a Ele e nos
tornamos um espírito com Ele. O Senhor, que é o solo
no qual estamos radicados, é o Espírito. Se Ele não
fosse o Espírito, não conseguiríamos ser plantados
Nele. Louvado seja o Senhor pois Ele é o Espírito e
nós fomos criados com um espírito! Se tivéssemos
somente corpo e alma, mas não espírito, não
poderíamos ser plantados no Senhor, o Espírito que
dá vida. Entretanto, uma vez que o Senhor é o
Espírito e nós temos um espírito, há correspondência
entre nós e Ele. Quando fomos regenerados, Cristo,
como Espírito que dá vida, tornou-se um com o nosso
espírito. Como João 3:6 indica claramente, a
regeneração ocorre no espírito. Quando fomos
regenerados, fomos radicados em Cristo como o solo.
Esse é o motivo de Paulo usar o tempo passado em
2:7. Fomos plantados e radicados em Cristo quando
fomos regenerados no espírito.
De acordo com 2:6-7, precisamos ser radicados
em Cristo antes de andar Nele. Para andar em Cristo,
precisamos absorver o rico nutriente do Espírito que
habita em nosso espírito. Entretanto, se
permanecermos na alma (na mente, emoção ou
vontade) não receberemos nutrição ou suprimento.
Precisamos voltar-nos para o espírito, para o próprio
lugar onde fomos regenerados e plantados no
Espírito divino.
A ligação que ocorreu entre o Espírito divino e o
nosso espírito quando fomos regenerados permanece
para sempre. Podemos dizer que nosso espírito
desposou o Espírito divino e, assim, ambos entraram
em união eterna. Nesse matrimônio não há
possibilidade de separação ou divórcio. Embora a
mente natural possa não gostar desse casamento, o
espírito o aprecia. Sempre que enfrentamos
dificuldades no viver diário, não devemos
permanecer na mente natural, mas voltar-nos ao
espírito. Todavia, nós sempre preferimos permanecer
na mente, emoção ou vontade. Se ficarmos na mente
em vez de nos voltar ao espírito, não seremos capazes
de andar em Cristo. Para andar em Cristo, precisamos
ser arraigados Nele de forma prática na experiência.
Somente quando permanecemos no espírito, estamos
de fato radicados em Cristo, e, assim, somos capazes
de andar Nele. Fomos plantados em Cristo. Mas,
quando nos voltamos ao espírito, temos a experiência
de ser radicados Nele. Tendo sido radicados em
Cristo, somos capazes de andar Nele. Dessa forma,
experimentamos Cristo como a boa terra com o rico
solo que nos proporciona o nutriente da vida. Quanto
mais arraigados nesse solo, mais absorveremos a
nutrição de Cristo. Esse não é o Cristo objetivo em
doutrina, mas subjetivo na experiência.
CRESCIMENTO AUTÊNTICO
Como resultado de ser radicados em Cristo e
absorver Suas riquezas, crescemos Nele, assim como
as árvores crescem absorvendo os nutrientes do solo.
Para crescer, uma árvore precisa receber nutrição
substancial. Os nutrientes no solo tornam-se a
substância pela qual ela cresce.
Poucos cristãos percebem o que é o crescimento
autêntico: não é o resultado de adquirir mais
conhecimento doutrinário, mas de nos voltar ao
espírito, permanecer no espírito e absorver o
elemento nutriente de Cristo. Somente assimilando
esse elemento podemos crescer espiritualmente.
Quanto mais esse rico elemento é acrescentado ao
nosso ser, mais crescemos.
Colossenses 2:19 diz que, retendo a Cabeça, o
Corpo “cresce o crescimento que procede de Deus”.
Crescer com o crescimento de Deus é crescer com o
próprio Deus acrescentado a nós. Isso acontece
somente quando estamos arraigados em Cristo como
o solo. O próprio Deus com Seu elemento e
substância é o rico nutriente em Cristo. Se
permanecermos radicados em nosso espírito,
absorveremos esse elemento e isso nos fará crescer
com o crescimento de Deus. Crescemos com o
acréscimo, o aumento, de Deus em nós. Isso é
totalmente uma questão da experiência autêntica de
Cristo na vida diária.
Vimos que se quisermos andar em Cristo,
precisamos estar plantados e radicados em Cristo, o
Espírito divino em nosso espírito, e permanecer Nele.
Toda vez que nos encontramos fora do espírito,
precisamos voltar a ele e permanecer nele.
Permanecendo no espírito somos arraigados em
Cristo de forma prática e absorvemos o rico nutriente.
Quando esse nutriente flui para o nosso ser interior,
faz-nos crescer o crescimento de Deus, O crescimento
acontece à medida que Deus é acrescentado a nós,
pois o rico nutriente em Cristo é o próprio Deus. Pela
experiência sabemos que, à medida que somos
radicados em Cristo, crescemos, e então
espontaneamente andamos Nele.
EDIFICADOS INDIVIDUAL E
COLETIVAMENTE
Colossenses 2:7 fala também de ser edificado em
Cristo. Quando crescemos em Cristo, somos
edificados Nele. Anos atrás eu considerava a
edificação em 2:7 coletiva. Mas esse não é o sentido
aqui. O significado aqui é que nós próprios
precisamos ser edificados. Por exemplo, quando uma
árvore cresce, ela edifica a si mesma. O mesmo ocorre
com as crianças. Elas se edificam crescendo. A
edificação do Corpo depende da edificação individual
e pessoal de todos os membros. Se um membro não
for edificado, não poderá ser edificado no Corpo. Para
ser edificados no Corpo, precisamos primeiro ser
edificados em nós mesmos. Quando nos tornamos
membros edificados, somos capazes de ser edificados
com os outros no Corpo. Portanto, a edificação em 2:7
não é a coletiva, do Corpo, mas individual, dos
membros. Em Efésios 4:16, por outro lado, temos a
edificação do Corpo coletivamente.
É importante ver que se não formos edificados
individualmente, não seremos capazes de ser
edificados com os outros coletivamente. A edificação
do local de reuniões em Anaheim ilustra isso. O
material usado na construção foi primeiro edificado
em si mesmo; depois foi usado juntamente com
outros materiais para formar o local de reuniões. No
acabamento exterior, por exemplo, foi usada sequóia.
Mas um broto tenro de sequóia não poderia ser usado
para isso. A sequóia primeiro teve de crescer e ser
edificada em si mesma absorvendo as riquezas do
solo. Somente então ela se tornou material
apropriado para construção. O mesmo ocorre
conosco. Precisamos permanecer em nosso espírito,
absorvendo o rico nutriente de Cristo. Quando o
absorvemos, nós crescemos e mediante esse
crescimento somos edificados. Então será possível ser
edificados com os outros no Corpo.
Se quisermos andar em Cristo precisamos
absorver Suas riquezas estando radicados Nele e ser
edificados como membros individuais do Corpo.
Precisamos aprofundar as raízes em Cristo para
absorver mais de Suas riquezas. Então cresceremos e
seremos edificados Nele. Tendo cumprido essas duas
condições, seremos capazes de andar em Cristo.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES
RETER A CABEÇA
Em 2:19, Paulo diz: “Retendo a Cabeça, da qual
todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas
e ligamentos, cresce o crescimento que procede de
Deus”. Reter a Cabeça equivale a permanecer em
Cristo. É claro, reter Cristo como a Cabeça indica que
não estamos separados ou cortados Dele. Na época
em que Paulo escreveu aos colossenses, estes haviam
sido um pouco separados de Cristo por causa das
tradições culturais. A cultura em que vivemos pode
ser uma forma de isolamento que nos afasta de
Cristo. Reter a Cabeça é permanecer em Cristo sem
impedimento entre nós e Ele.
As palavras “da qual” no versículo 19 indicam
que alguma coisa flui da Cabeça para fazer o Corpo
crescer. O crescimento do Corpo depende do que
provém de Cristo como a Cabeça, assim como o
crescimento de uma planta depende do que entra
nela do solo. Se uma planta não absorver nutrientes
do solo, não pode crescer. Do mesmo modo, se não
recebemos o que provém de Cristo como a Cabeça, o
Corpo não pode crescer. Reter a Cabeça, portanto,
equivale a estar radicado em Cristo como o solo.
CRESCER COM O CRESCIMENTO DE DEUS
Em 2:19 Paulo diz que o Corpo “cresce com o
crescimento de Deus” (TB). Deus mesmo não pode
crescer, pois Ele é completo e perfeito eternamente.
Entretanto, o Corpo ainda precisa crescer com o
crescimento, o acréscimo de Deus em nós. Quanto
mais Deus é acrescentado a nós, mais crescemos. Isso
é o que significa crescer com o crescimento de Deus.
Para um organismo vivo crescer, algum elemento
deve fazê10 crescer. Precisamos ter algo com o qual e
pelo qual crescemos. Por exemplo, se uma criança
não come, não pode crescer. A maneira de crescer
espiritualmente é ter Deus acrescentado a nós. Isso
significa que crescemos com o acréscimo, o aumento,
de Deus, com Deus acrescentado ao nosso ser.
A preposição “com” em 2:19 é importante. Com o
que o Corpo cresce? Com doutrina ou conhecimento
bíblico? Não, o Corpo cresce com o crescimento de
Deus. Crescemos com o aumento de Deus em nós.
Deus em Si mesmo é perfeito e completo, mas ainda
precisa aumentar em nós.
Enquanto eu orava sobre 2:19, o Senhor me
mostrou que, embora Ele seja eternamente perfeito e
completo, eu não tinha tanto Dele em mim. Percebi a
necessidade de Deus crescer em mim, de tê-Lo
acrescentado ao meu interior. Nesse momento fui
iluminado para ver o significado da expressão de
Paulo em 2:19, “cresce com o crescimento de Deus”
(TB). Todos nós precisamos que Deus seja
acrescentado ao nosso ser. Necessitamos que Ele
cresça em nós, aumente em nós.
Ao considerar 2:19 precisamos perceber que a
palavra Deus não é mero termo, e o próprio Deus não
é o simples objeto de nossa adoração. Deus é rico de
todas as maneiras. Ele é rico em glória e em todos os
atributos divinos. Ele é rico em amor, bondade,
misericórdia, luz, vida, poder e força. Oh! as riquezas
de Deus são infindáveis! Agora esse Deus rico
acrescenta-Se a nós. Isso está implícito pela frase
“cresce com o crescimento de Deus”. As riquezas de
Deus são o elemento e a substância pelos quais
crescemos.
O NOVO HOMEM
Em 3:10-11 Paulo fala do novo homem, “no qual
não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem
incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém
Cristo é tudo em todos”. [Como já vimos, segundo o
grego, Cristo é tudo e em todos.] No novo homem
Cristo é todos os membros e Ele está em todos os
membros. Não há espaço para o homem natural. Não
há lugar para americanos ou chineses, para ingleses
ou franceses, para você ou para mim. No novo
homem Cristo é tudo. Na igreja como o novo homem,
Cristo é tudo. Isso implica que Ele é cada um de nós.
Isso também implica que cada um deve ser
constituído de Cristo. No novo homem não pode
haver membros judeus e membros gentios; só pode
haver membros-Cristo, Se quisermos ser constituídos
de Cristo, Ele tem de ser acrescentado a nós mais e
mais. Devemos ser permeados e saturados de Cristo e
ter Cristo trabalhado organicamente em nosso ser.
Por fim, seremos substituídos por Cristo. Então, em
realidade, Ele será tudo e em todos. Ele será cada
membro, cada parte do novo homem.
O novo homem não vem a existir juntando-se
cristãos de diversos países. Isso seria uma nova
organização, e não o novo homem. O novo homem
vem a existir quando somos saturados, preenchidos e
permeados de Cristo e substituídos por Ele mediante
um processo orgânico. O novo homem é Cristo em
todos os santos permeando-nos e substituindo-nos
até que todas as distinções naturais sejam eliminadas
e todos sejamos constituídos Dele.
Cristo como tudo e em todos no novo homem
não deve ser mera doutrina. O Cristo rico e
substancial deve ser de fato trabalhado em nós
organicamente até substituir nosso ser natural. Isso
pode acontecer somente quando permanecemos
arraigados Nele e absorvemos Suas riquezas. Essas
riquezas então tornam-se a substância, o elemento,
que nos saturará organicamente. Cristo então se
tornará nós, e nós nos tornaremos constituídos Dele.
Isso é não só crescer com Cristo, mas também ser
edificado Nele.
PLANTADOS EM CRISTO
Em 1 Coríntios 3:9 Paulo diz que os santos são
lavoura de Deus. Em 3:6 ele diz: “Eu plantei, Apolo
regou; mas o crescimento veio de Deus”. Esses
versículos indicam que os cristãos são lavoura de
Deus, e Paulo era ajudante do Agricultor divino. Deus
é o verdadeiro Lavrador e Paulo era Seu cooperador
(2Co 6:1). Trabalhando com Deus, Paulo plantou os
cristãos em Cristo. Cristo é o solo. O contexto de 1
Coríntios indica isso. Primeira Coríntios 1:9 nos diz
que fomos chamados à comunhão do Filho de Deus, e
o versículo 30 fala que somos de Deus em Cristo
Jesus, que se nos tornou sabedoria. Ele é justiça para
o passado, santificação para o presente e redenção
para o futuro. Ser colocado em Cristo é ser plantado
Nele. Mediante a pregação do evangelho e o
ministério da Palavra, Paulo plantou muitos em
Cristo. Assim, Paulo podia dizer que ele plantou. Mais
tarde, Apolo regou o que ele plantara. Embora Paulo
tenha plantado e Apolo tenha regado, Deus é que fez
crescer.
O CRESCIMENTO DA EDIFICAÇÃO
Em Efésios Paulo também fala de crescimento e
edificação. Em Efésios 2:21 ele diz: “No qual todo o
edifício, bem ajustado, cresce para santuário
dedicado ao Senhor”. Esse versículo se refere à igreja
universal. Aos olhos de Deus, a igreja universal é uma
edificação. Essa edificação cresce porque absorve as
riquezas de Cristo.
A CARNE, AS ORDENANÇAS, E OS
PRINCIPADOS E POTESTADES
Do lado negativo, entretanto, como 2:11-15
indica, temos a carne, as ordenanças, e os principados
e potestades. Jovens e velhos, homens e mulheres,
refinados e grosseiros — todos somos atribulados por
essas três categorias de coisas negativas. Todos temos
a carne, todos temos algum tipo de ordenança e todos
estamos sujeitos às potestades malignas na
atmosfera. Pecado, mundanismo e ofensas têm
origem nessas coisas negativas. Louvado seja o
Senhor porque em Cristo como o solo temos o
elemento da circuncisão que leva a carne à morte! Em
Cristo como o solo há um poder mortificador. Esse
elemento mortificador pode ser comparado ao sal
que, quando adicionado à terra, pode matar a
corrupção. No solo da boa terra no qual estamos
radicados há o “sal” da circuncisão. Esse elemento
não faz crescer, mas é eficaz para matar germes. Ele
corta a carne e a mata.
Depois da morte temos o sepultamento. Em
Cristo como o solo há um elemento que nos sepulta.
Além disso, há outro elemento que nos ressuscita.
Assim, primeiro os elementos em Cristo como o solo
nos sepultam; depois nos ressuscitam. Em Cristo
como o solo somos levados à morte, sepultados,
ressuscitados e vivificados. A morte e o sepultamento
removem de nós as coisas negativas, ao passo que a
ressurreição nos remove de todas as coisas negativas.
Então o elemento do solo que dá vida nos vivifica.
Portanto, em Cristo como o solo há os elementos que
nos matam, sepultam, ressuscitam e vivificam.
De acordo com 2:14, o escrito na forma de
ordenanças, que era contra nós e nos era prejudicial,
foi cancelado. Foi encravado na cruz. No solo há
também o elemento do cancelamento das
ordenanças.
Todos temos certas ordenanças acerca da
maneira pela qual conduzimos a vida diária. Essas
ordenanças podem não estar escritas no papel, mas
estão inscritas em nossa mentalidade. Talvez você
nunca tenha percebido isso, mas as ordenanças
atrapalham o seu crescimento em vida. Para que você
cresça adequadamente, elas precisam ser canceladas,
encravadas na cruz. Posso testificar que, quando
absorvo nutrientes de Cristo como o solo, minhas
ordenanças são canceladas. Hoje não precisamos de
ordenanças; precisamos apenas assimilar as riquezas
do solo para crescer e ser edificados.
No solo há também um elemento que despoja os
principados e potestades e triunfa deles (2:15). Esse
elemento é vitorioso sobre os espíritos malignos no
ar. Tanto os crentes como os incrédulos percebem
que algo maligno os rodeia. As pessoas tentam ser
boas, mas algo as faz praticar o mal. Elas são
rodeadas por uma atmosfera maligna. Se tentarmos
por nós mesmos combater o ' poder das trevas na
atmosfera, seremos derrotados. Mas há um elemento
em Cristo como o solo que derrota os espíritos
malignos. À medida que permanecermos radicados
no solo e absorvermos seus ricos elementos, os
principados e autoridades nos lugares celestiais serão
despojados. Há um elemento no solo que despoja o
poder das trevas. Fomos plantados nesse solo e agora
devemos desfrutar todas as suas riquezas.
Em 2:10-15 Paulo usa verbos no passado ou no
particípio passado para indicar vários fatos
consumados. Esses fatos também devem tornar-se
nossa experiência. De acordo com nossa fé, os itens
nos versículos 10 a 15 são fatos. Mas à medida que
contatamos o Senhor, que é o Espírito todo-inclusivo
em nosso espírito, esses fatos tornam-se nossa
experiência. Não devemos parar em apenas crer nos
fatos. Devemos despender tempo desfrutando o
Senhor como a terra todo-inclusiva para que esses
fatos se tornem nossa experiência.
FATOS E EXPERIÊNCIA
Em 2:8-15 Paulo enumera diversos fatos
espirituais importantes. É fato que toda a plenitude
da Deidade habita corporalmente em Cristo. Cristo é
a Cabeça de todo principado e autoridade. Fomos
circuncidados e sepultados Nele, ressuscitados com
Ele e vivificados Nele. Tudo isso são fatos. É fato que
as ordenanças escritas foram canceladas e os poderes
das trevas foram despojados. Todos esses fatos estão
relacionados com a questão do que é em Cristo.
Todavia, para esses fatos se tornarem nossa
experiência, precisamos não só estar em Cristo, mas
também ser segundo Ele. A palavra “nele” refere-se
aos fatos, ao passo que “segundo Cristo” refere-se à
experiência. Os salvos têm a posição de estar em
Cristo. Sendo salvos, todos os fatos que mencionamos
são nossos. Temos o direito, o título de propriedade,
de todos esses fatos. Mas, se o viver diário é segundo
Cristo, é totalmente outra coisa. Por certo podemos
declarar que estamos em Cristo, mas provavelmente
não temos a ousadia de dizer que o andar diário é
segundo Cristo. Você tem confiança para testificar
que seu viver diário é segundo Cristo? Estamos em
Cristo, mas não vivemos segundo Ele. Em muitas
coisas vivemos segundo a tradição dos homens e os
rudimentos do mundo. Temos os fatos, mas
carecemos de experiência.
AFASTADOS DE CRISTO
Em Colossenses 2 Paulo indica que o Cristo que
recebemos é o mistério de Deus, no qual todos os
tesouros da sabedoria e do conhecimento estão
ocultos. Agora precisamos andar Nele, tendo sido
radicados Nele e sendo edificados Nele. Depois de
falar tais palavras, Paulo nos exorta a nos acautelar a
fim de não ser enredados, levados como presa. Tendo
visto o maravilhoso fato de que recebemos Cristo
como o mistério de Deus e que fomos radicados Nele,
precisamos agora ter cuidado para não ser desviados
Dele. Se você não puder dizer que anda segundo
Cristo, isso indica que, na prática, foi enredado e
afastado Dele. Você recebeu Cristo e foi radicado
Nele, mas, no tocante ao viver diário, foi afastado
Dele. Deixar de andar diariamente segundo Cristo
significa estar separados Dele. Não importa se
estamos muito afastados ou somente um pouco
longe; estaremos separados de Cristo.
A maior parte do nosso andar é segundo a
tradição dos homens e os rudimentos do mundo, e
não segundo Cristo. A tradição é o principal
componente da cultura em que vivemos. Sem as
tradições, as culturas não existiriam. Herdamos a
cultura das práticas tradicionais da família, da
sociedade e do país. Espontânea e inconscientemente
vivemos segundo as tradições culturais que
herdamos. Além disso, vivemos segundo os
rudimentos do mundo, isto é, os princípios
elementares da cultura humana. As tradições são as
práticas da cultura e os rudimentos são os princípios
básicos da cultura. Até mesmo nós, que amamos
Cristo e O buscamos, ainda somos dominados por
essas duas coisas. Detesto quando algum aspecto do
meu viver diário é segundo a tradição dos homens ou
os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo. Não
quero ser segundo a tradição chinesa ou o
ensinamento ético de Confúcio. Muitas vezes oro:
“Senhor, perdoa-me por viver segundo a tradição dos
homens em vez de viver segundo Cristo”. O desejo de
Deus é que andemos segundo Cristo. Por exemplo,
uma irmã pode ser muito submissa, seguindo o
ensinamento da Bíblia ou um padrão ético de acordo
com a cultura a que pertence. Tal submissão,
entretanto, pode não ser segundo Cristo. Deus não
deseja nenhum comportamento que não seja segundo
Cristo.
Muitos santos, após estar na igreja há algum
tempo, começam a andar de acordo com o que se
pode chamar de “a maneira de vida das igrejas
locais”. Em certo sentido, a vida da igreja refina nossa
humanidade. A humanidade das pessoas nas igrejas é
muito elevada. Contudo, pode ser que andemos
segundo a humanidade refinada, e não segundo
Cristo. Em vez de viver Cristo, podemos
conformar-nos a certos padrões ou práticas. Por
exemplo, uma irmã que esteja na vida da igreja há
algum tempo pode decidir parar de se maquiar.
Contudo, pode ser que a decisão não seja tomada
segundo Cristo. Em vez de andar segundo Cristo
nessa questão, ela pode simplesmente amoldar-se à
maneira de vida das igrejas locais. Outro exemplo é
um irmão que escolhe ter o cabelo curto. Se ele não
estivesse na vida da igreja, poderia preferir ter o
cabelo comprido; mas por estar na igreja decide
manter o cabelo curto. Nessa questão, entretanto, ele
também pode estar amoldado à determinada maneira
de vida em vez de viver segundo Cristo. Na vida da
igreja não devemos amoldar-nos a costumes;
devemos viver, andar e existir segundo Cristo. A
intenção de Deus não é ter um grupo de pessoas
limpas, asseadas e refinadas. Seu desejo é ter um
grupo de pessoas que vivem segundo Cristo. Não
basta estar em Cristo; precisamos também andar
segundo Cristo. Estar em Cristo é questão de posição,
mas andar segundo Cristo é questão de experiência.
Devemos vestir-nos e cortar o cabelo segundo Cristo,
e não segundo a tradição dos homens ou os
rudimentos do mundo.
O desejo de Deus é que nosso andar diário seja
segundo Cristo. Se não vivermos segundo Cristo,
teremos sido afastados Dele. Assim como até mesmo
um pequenino pedaço de isolante pode interromper a
corrente elétrica, a menor separação de Cristo pode
afastar-nos Dele. Não há necessidade de nos entregar
a coisas mundanas para ser afastados de Cristo.
Mesmo se você for às reuniões da igreja sem andar
segundo Cristo, na prática estará separado Dele.
Nessa questão de ser afastado de Cristo, você não é
diferente dos cristãos que se entregam a
divertimentos mundanos. Fomos Salvos, regenerados
e radicados no Cristo todo-inclusivo e vasto.
Entretanto, é muito fácil ser afastados Dele. Onde
estão os cristãos hoje que, de fato, andam segundo
Cristo e não segundo a tradição do homem?
Virtualmente todos os cristãos foram afastados de
Cristo e vivem segundo alguma tradição. Onde estão
os cristãos que vivem somente, simples e unicamente
segundo Cristo?
Os colossenses não foram afastados de Cristo por
coisas pecaminosas, mas pelas boas tradições da
cultura e pelos rudimentos do mundo. Muitos
cristãos são como os colossenses. Embora vivam
segundo altos padrões e sigam as melhores práticas,
podem não viver diariamente segundo Cristo.
UM MANDAMENTO TODO-INCLUSIVO
O mandamento de andar segundo o espírito é
todo-inclusivo. Ele inclui o que a Bíblia diz sobre o
marido amar a mulher, sobre a mulher submeter-se
ao marido, sobre filhos honrarem os pais e pais
cuidarem dos filhos. Todas as virtudes necessárias,
tais como humildade bondade honestidade,
fidelidade e amor estão incluídas no andar segundo o
espírito. Deus não quer que nos esforcemos para ser
virtuosos, amorosos ou submissos. Ele deseja apenas
que andemos segundo o Espírito. Oh! é crucial que
vejamos isso!
Colossenses revela que Cristo é todo-inclusivo e
vasto. Nele temos tudo, pois Nele somos feitos plenos,
perfeitos e completos, e somos supridos e satisfeitos.
Agora precisamos prosseguir e ver que, para a nossa
experiência, esse Cristo todo-inclusivo e vasto é o
Espírito. Quem não se importa com a experiência de
Cristo negará que Cristo é o Espírito. Mas nós, que
nos importamos com a experiência de Cristo,
precisamos ver que o Novo Testamento revela
claramente que o Senhor agora é o Espírito. Como o
Espírito, o Senhor está em nosso espírito. Assim,
sabemos o que o Senhor é (o Espírito) e sabemos
onde Ele está (em nosso espírito). O Senhor quer que
sejamos capazes de localizá-Lo. Sabendo que Ele é o
Espírito em nosso espírito, é fácil contatá-Lo. Se
alguém lhe perguntar onde está o Cristo sobre o qual
você fala tanto, responda que Ele habita no seu
espírito.
MADUROS EM CRISTO
No versículo 28 Paulo disse que anunciava Cristo
“advertindo a todo homem e ensinando a todo
homem em toda a sabedoria” a fim de apresentar
“todo homem perfeito em Cristo”. A maneira de ser
perfeito, ou maduro, em Cristo é experimentá-Lo e
desfrutá-Lo cada dia, semana, mês e ano. Quem
experimenta Cristo e O desfruta dessa forma torna-se
maduro. Ele será pleno, completo e perfeito; não terá
falta de nada.
RAÍZES TENRAS
Se quisermos absorver as riquezas de Cristo
como o solo, precisamos ter raízes novas e tenras.
Não se permita envelhecer; seja cheio de frescor e
renovado dia após dia. Ore ao Senhor: “Senhor, quero
que minha consagração seja cheia de frescor; desejo
abrir-me a Ti novamente. Quero que minhas raízes
sejam tenras para eu absorver Tuas riquezas. Senhor,
não deixe minhas raízes ficarem velhas”. Se nossas
raízes forem tenras e novas para absorver as riquezas
de Cristo, automaticamente cresceremos com as
riquezas que assimilamos. Isso é desfrutar Cristo e
experimentá-Lo subjetivamente cada' dia e hora. Isso
nos guardará de ser privados do prêmio. Mas se não
permanecermos radicados Nele para absorver Suas
riquezas, sutilmente o inimigo nos privará do
desfrute prático e autêntico de Cristo.
INTRODUZIDOS NA RESSURREIÇÃO
Em 1:18 Paulo diz: “Ele é a cabeça do corpo, da
igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os
mortos”. Ser o Primogênito de entre os mortos indica
que Ele é a Cabeça do Corpo em ressurreição. Antes
de ressuscitar, Cristo ainda não era a Cabeça do
Corpo. Efésios 1 indica que, após a ressurreição e
ascensão, Cristo foi feito Cabeça sobre todas as coisas
para a igreja. Portanto, o encabeçamento de Cristo é
em ressurreição.
Uma vez que o encabeçamento de Cristo é em
ressurreição, o desfrute Dele espontaneamente nos
introduz na ressurreição e nos salva do ser natural.
Todos somos naturais. Se não formos introduzidos na
ressurreição mediante o desfrute de Cristo,
permaneceremos na pessoa natural. Louvado seja o
Senhor, pois o desfrute de Cristo nos introduz na
ressurreição! Quanto mais O desfrutamos, menos
naturais somos. Repito, isso não é mera doutrina,
mas um fato da experiência cristã.
VIGIAR E ORAR
Em 4:2 Paulo diz: “Perseverai na oração,
vigiando com ações de graças”. Se quisermos
permanecer no espírito precisamos vigiar e orar, até
mesmo orar sem cessar (1Ts 5:17). Somente orando
sem cessar podemos permanecer no espírito. Muitos
anos atrás eu não gostava do que o Senhor disse sobre
vigiar e orar (Mt 26:41). Mas há alguns anos passei a
enxergar a importância dessas palavras. Precisamos
vigiar se estamos ou não no espírito, e precisamos
orar para ser preservados no espírito. Você é tentado
a discutir com seu cônjuge? Vigie! Tenciona ir
comprar algo? Vigie para ver se compra no espírito ou
na carne. Precisamos estar alertas para permanecer
no espírito.
Também precisamos orar: “Senhor, concede-me
a graça preservadora para permanecer no espírito.
Mantém-me no espírito”. Se permanecermos no
espírito, experimentaremos a morte de Cristo no
Espírito composto, todo-inclusivo. Não há
necessidade de considerar-nos crucificados com
Cristo, nem mesmo de crer que o fomos. Tudo o que
precisamos é permanecer no espírito vigiando e
orando. No espírito experimentamos a morte de
Cristo e somos libertados de todos os rudimentos do
mundo.
VIVER EM DEUS
Nós, nas igrejas na restauração do Senhor,
falamos muito sobre o desfrute de Cristo. Mas nosso
conceito de desfrutar Cristo pode não ser
suficientemente elevado. De acordo com nosso
conceito, Cristo é alimento, bebida, vestimenta,
transporte e moradia. Sem dúvida, tudo isso é
verdade. Não obstante, o desfrute de Cristo ainda
precisa ser mais elevado. Precisamos perceber que
nossa vida está oculta com Cristo em Deus. Isso
significa que nossa esfera de vida não deve ser a terra,
e, sim, o próprio Deus. Em 3:3 Paulo diz claramente
que nossa vida está “oculta juntamente com Cristo,
em Deus”. Ele não diz que ela está oculta com Cristo
no céu, pois isso seria enfatizar algo material demais.
Em vez disso, ele diz que nossa vida está oculta com
Cristo em Deus. Sempre que estamos no espírito,
estamos em ressurreição e temos a sensação de estar
em Deus, muito acima de tudo e de todos. Em tal
momento vivemos em Deus. Mas quando não
estamos no espírito temos a sensação de que ainda
vivemos na terra. Deus é elevado, muito acima de
tudo e de todos, até mesmo dos céus. Quando
estamos no espírito, vivemos em Deus.
Vimos que, de acordo com 2:16-19, desfrutar
Cristo é retê-Lo como a Cabeça. Quando a retemos
absorvemos todos os ricos elementos de Cristo. Dois
elementos dessas riquezas são morrer com Cristo e
ser ressuscitados com Ele. Quando permanecemos no
espírito retendo a Cabeça, podemos proclamar que
morremos para tudo que não é Cristo. Morremos
para todos os rudimentos do mundo. Também
podemos proclamar que fomos ressuscitados com Ele
e que agora estamos ocultos com Ele em Deus.
Teremos ousadia para testificar que nosso âmbito,
nossa esfera, não é a terra, mas Deus. Louvado seja
Ele porque morremos para todos os rudimentos do
mundo e fomos ressuscitados para viver com Cristo
em Deus! Você tem a ousadia de dizer que vive em
Deus? Você terá essa ousadia se estiver no espírito,
mas não se estiver na carne vivendo na terra.
Somente quando retemos a Cabeça permanecendo no
espírito é que temos a experiência de estar mortos
para os rudimentos do mundo e ressurretos para
viver com Cristo em Deus.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES
AS RIQUEZAS EM COLOSSENSES
Paulo escreveu Colossenses de forma bem
concisa. Em apenas quatro capítulos ele apresenta
muitas riquezas. Em 1:12 ele indica que Cristo é a
herança dos santos. Aquele que é nossa herança é a
imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda a
criação e o Primogênito de entre os mortos (l:15, 18).
Paulo também nos diz que Cristo é o mistério de Deus
(2:2) e Nele habita corporalmente toda a plenitude da
Deidade (2:9). Sendo o mistério de Deus e a
corporificação da Deidade, Ele é a realidade, o corpo,
a substância de todas as coisas positivas (2:16-17).
Quanto mais O desfrutamos como essa realidade,
mais O retemos como a Cabeça do Corpo e assim
passamos a ter consciência do Corpo. Então O
experimentaremos como vida (3:4) e o elemento
constituinte do novo homem (3:10-11). No novo
homem, Cristo é todos os membros e está em todos os
membros. Nesta Epístola, Paulo menciona todos
esses importantes pontos sem defini-los. Entretanto,
ele indica que os que desfrutam Cristo e participam
Dele, que são constituídos membros do novo homem,
têm sua vida oculta com Ele em Deus. Agora devemos
buscar as coisas do alto e pensar nelas.
Embora Paulo nos exorte a buscar as coisas do
alto e pensar nelas, em Colossenses ele não define o
que são essas coisas. Contudo, em outros livros do
Novo Testamento, como Hebreus, Efésios e
Apocalipse, há algumas janelas, pelas quais podemos
ver os céus e saber o que acontece lá. Se olharmos
através dessas janelas, saberemos quais são as coisas
do alto.
SENHOR E CRISTO
Em Atos 2:36 encontramos outro aspecto das
coisas do alto. Pedro aqui declara: “Esteja
absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de
que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez
Senhor e Cristo”. Jesus, o carpinteiro de Nazaré, foi
exaltado por Deus como o Senhor de tudo e o Cristo.
Que maravilha! Se os colossenses tivessem de fato
percebido isso, não teriam sido desviados pelo
judaísmo ou pela filosofia grega. Jesus hoje é o Cristo
de Deus, o Ungido de Deus, o Senhor de todas as
coisas.
O PRECURSOR
Em Hebreus 6:19-20 vemos que o Senhor Jesus é
o Precursor, o Pioneiro, que abriu caminho para a
glória além do véu. Estar além do véu é estar na
glória. Como nosso Precursor, nosso Pioneiro, Cristo
está agora na glória.
O SUMO SACERDOTE
Hebreus também revela que Cristo é nosso Sumo
Sacerdote, que “se assentou à destra do trono da
Majestade nos céus” (Hb 8:1). Hebreus 4:14 nos diz
que temos “Jesus, o Filho de Deus, como grande
sumo sacerdote que penetrou os céus”. Como Sumo
Sacerdote celestial Ele “pode salvar totalmente os que
por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles” (Hb 7:25). Quando O invocamos
e temos comunhão com Ele, sentimos que algo dos
céus é transmitido ao nosso interior. Freqüenternente
essa transmissão divina nos enche de alegria. Já que
temos tal Sumo Sacerdote a interceder por nós,
“acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao
trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e
acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”
(Hb 4:16). As coisas do alto incluem o ministério de
intercessão do nosso Sumo Sacerdote. Por causa de
Sua intercessão, podemos receber misericórdia e
graça oportunas para nossa necessidade.
Por causa da intercessão de Cristo nos céus,
também somos estimulados a buscar o Senhor. Nosso
caminho está sob a direção da transmissão dos céus, a
transmissão que provém da intercessão de Cristo.
Quando somos tentados a ir atrás de divertimento
mundano em vez de ir à reunião da igreja, a
transmissão divina pode direcionar-nos para a
reunião. Muitos podemos testificar que temos estado
sob a direção da intercessão de Cristo. A intercessão
do nosso Sumo Sacerdote é outro aspecto das coisas
lá do alto.
O MINISTRO CELESTIAL
Além disso, conforme Hebreus 8:1-2, Cristo é
também um Ministro do “verdadeiro tabernáculo”
nos céus. Cristo é nosso Ministro celestial. Quando
nos perguntam a qual igreja vamos e quem é nosso
ministro, a melhor resposta é dizer que a igreja está
nos céus e o ministro é o Jesus celestial, que ministra
num tabernáculo montado pelo Senhor e não por
homens. Esse tabernáculo, esse santuário, é o terceiro
céu, o Santo dos Santos celestial. Louvado seja o
Senhor pois o Santo dos Santos nos céus está ligado
ao nosso espírito! Portanto, na experiência, nosso
espírito regenerado é também o Santo dos Santos.
Nosso espírito está assim ligado ao terceiro céu, onde
Cristo ministra por nós.
O CORDEIRO NO TRONO
Em Apocalipse vemos ainda mais coisas do alto.
Nesse livro não temos apenas uma janela, mas um
céu aberto. O céu foi aberto a João, e ele viu “armado
no céu um trono, e, no trono, alguém sentado” (Ap
4:1-2). Esse trono não é simplesmente o trono da
graça, mas o próprio trono da autoridade, da
administração divina. Em Apocalipse 4:5 João
prossegue: “Do trono saem relâmpagos, vozes e
trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo,
que são os sete espíritos de Deus”. João também nos
diz que no meio do trono ele viu um Cordeiro: “Então,
vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e
entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido
morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos,
que são os sete espíritos de Deus enviados por toda a
terra” (Ap 5:6). A visão de João em Apocalipse 4 e 5
está relacionada com a administração de Deus hoje.
Pela visão de João percebemos que o céu não é
silencioso nem inativo. Pelo contrário, do Seu trono
Deus leva a cabo Sua administração de todo o
universo. O Cordeiro, o Redentor, morto na cruz
pelos nossos pecados, está agora no trono e tem sete
olhos, que são os sete Espíritos de Deus.
A ADMINISTRAÇÃO NO CÉU E AS
EMBAIXADAS NA TERRA
A primeira visão de Apocalipse é a dos sete
candelabros de ouro, que são sete igrejas locais (1:12,
20). Assim, a primeira visão é das igrejas na terra e a
segunda é sobre o que ocorre nos céus. Consideradas
juntas, essas duas visões indicam que o que acontece
nas igrejas na terra está relacionado com a atividade
nos céus. Assim como um medidor de eletricidade
indica que a corrente elétrica flui da usina, o mover
do Senhor nas igrejas corresponde à ação no trono
nos céus. Isso quer dizer que o que acontece nas
igrejas locais deve estar debaixo da direção do trono
de Deus no céu. Para que a restauração seja do
Senhor, ela deve estar sob a direção Dele. Desde que
haja transmissão dos céus, haverá o fluir divino nas
igrejas. Louvado seja o Senhor porque, de acordo com
Apocalipse, as igrejas prosseguem sob a
administração celestial!
O Senhor Jesus, que foi coroado de glória e
honra, que é o Senhor, o Cristo, a Cabeça, o
Precursor, o Sumo Sacerdote e o Ministro celestial
executa a operação de Deus nos céus. Ele é o Cordeiro
com sete olhos, com os sete Espíritos de Deus,
levando a cabo a administração de Deus mediante as
igrejas locais. Na verdade as igrejas são embaixadas
de Deus. Por esse motivo, a situação mundial não está
sob o controle de nenhum chefe de estado terreno, e,
sim, das igrejas pelas quais Deus executa Sua
administração. Assim como a embaixada americana
num país é a extensão dos Estados Unidos, as igrejas
como embaixadas de Deus são extensão dos céus.
Nossa matriz, nosso centro administrativo, está no
céu. Quando me perguntam sobre a matriz da
restauração do Senhor, no íntimo eu digo: “A matriz
da restauração do Senhor está no céu”.
Não devemos ser distraídos, como foram os
colossenses, pelo judaísmo ou pela filosofia grega.
Olhe para o céu, onde há um trono no qual Deus está
assentado e onde o Cordeiro com sete olhos está de pé
para executar a administração de Deus por meio das
igrejas como Suas embaixadas. Visto que as igrejas
são embaixadas de Deus, o inimigo as odeia. Em
Apocalipse 4 e 5 temos uma visão do nosso governo
central, e em Apocalipse 1 a 3 temos uma visão das
igrejas locais como as embaixadas. Por meio dos sete
Espíritos há uma transmissão da matriz celestial para
as embaixadas. Por intermédio dos sete Espíritos, o
que há na matriz é transmitido para as igrejas.
EXPERIMENTAR A TRANSMISSÃO
CELESTIAL
Se pararmos aqui, teremos mera compreensão
doutrinária da nossa posição com Cristo. Só
conheceremos que estamos em Cristo, no Pai e no
céu. O que torna isso real é o fato de sermos um só
espírito com o Senhor O C06:17). É quando estamos
no espírito que estamos em Cristo, no Pai e no céu, na
prática e experiência.
Para ilustrar isso, considere como as lâmpadas
no local de reuniões estão ligadas à usina pela
corrente elétrica. Sem essa corrente, as lâmpadas
estão relacionadas somente com o local de reuniões, e
não com a usina. Mas, pela corrente elétrica, elas
estão ligadas à usina. Do mesmo modo, mediante a
transmissão que experimentamos no espírito, somos
ligados à usina celestial. Louvado seja o Senhor, pois
há uma transmissão do céu para o nosso espírito!
Quando a experimentamos, estamos de fato em
Cristo, no Pai e no céu. Nosso espírito está
diretamente relacionado com o céu. A transmissão
celestial começa no céu e termina em nosso espírito.
Visto que podemos experimentar e desfrutar essa
transmissão única, não há necessidade de ir ao céu
para estar no céu. Basta estar no espírito, onde
experimentamos a transmissão do céu, e estamos no
céu. Assim como as lâmpadas no local ele reuniões
estão ligadas à usina pela eletricidade, estamos
conectados ao céu pela transmissão divina que flui do
trono de Deus no céu para o nosso espírito.
Quando jovem, eu tentava ao máximo entender,
segundo a Bíblia, como poderia estar no céu.
Conforme minha percepção eu estava na terra e de
modo algum no céu, não importando quão contente
pudesse estar no Senhor. Agora. percebo que, devido
à transmissão do trono de Deus no céu para o meu
espírito, quando desfruto o Senhor na terra
simultaneamente estou no céu.
Em 3:1 Paulo diz que, uma vez ressuscitados com
Cristo, devemos buscar as coisas lá do alto. Esse
versículo indica claramente que temos uma só
posição com Cristo. Como poderíamos buscar as
coisas do alto se não estivéssemos lá também? Para
buscar as coisas do alto precisamos estar no céu, onde
essas coisas estão.
NO CÉU OU NA TERRA?
Precisamos perguntar-nos, então, se estamos no
céu ou na terra. Ao responder a essa pergunta,
precisamos ser cautelosos. A maneira adequada de
responder é dizer que quando estamos no espírito
estamos também no céu, mas quando não estamos no
espírito estamos na terra, e, experimentalmente, até
mesmo debaixo da terra. Pela experiência sabemos
que, no espírito, podemos estar no céu num
momento, e então, por não permanecer no espírito,
podemos imediatamente despencar na terra. Por
exemplo, durante seu tempo com o Senhor pela
manhã você pode estar nos lugares celestiais,
tendo-se colocado no espírito pela oração. Mas à
mesa do café da manhã, seu cônjuge diz algo que o
aborrece, e imediatamente você é tirado do espírito
para a carne. Você já não está no céu, mas na terra.
Isso indica que apenas no espírito é que estamos no
céu. Sempre que estamos fora do espírito, somos
terrenos.
Em 3:1 Paulo nos exorta a buscar as coisas do
alto. A maneira de buscá-las é voltar-nos para o
espírito e invocar o nome do Senhor. A experiência
nos diz claramente que tocamos nos céus ao nos
voltar para o nosso espírito; pois ele é o receptor da
transmissão divina, ao passo que o trono de Deus no
céu é o transmissor. Assim, voltando-nos ao espírito,
somos elevados até o céu. Então, na experiência,
estamos em Cristo, no Pai e no céu; no espírito somos
um com Cristo em posição, buscando as coisas lá do
alto.
MENSAGEM SESSENTA
MENSAGEM SESSENTA E UM
UM POVO PECULIAR
Pelos escritos de Paulo podemos ver que os
cristãos são um povo peculiar, que não precisa de
ensinamentos religiosos ou admoestações éticas. O
que torna os cristãos peculiares é ter Cristo neles
como vida e ter Deus, a Pessoa viva, como esfera.
Confúcio era ético, mas não peculiar dessa forma.
Devemos louvar o Senhor pois não somos comuns,
mas peculiares. Os jovens podem precisar testificar
aos pais que têm Cristo neles e estão com Cristo em
Deus.
Se tivermos a visão, a revelação, de que Cristo
está em nós como nossa vida e estamos em Deus
como nossa esfera, nós mudaremos. Perceberemos
que não temos necessidade de ensinamentos
religiosos ou éticos. Que necessidade temos dos
rudimentos do mundo, do judaísmo, gnosticismo,
misticismo ou ascetismo? Não somos comuns; temos
Cristo e estamos em Deus. Que bom seria se marido e
mulher testificassem um ao outro que são peculiares
porque têm Cristo e vivem em Deus. Se marido e
mulher tivessem tal percepção e falassem sobre isso
um ao outro, não haveria lugar para discussão ou
para expressar opiniões. Oh! que todos percebamos
que, segundo a Bíblia, Cristo está em nós como nossa
esperança da glória, e com Cristo estamos ocultos em
Deus! Agora precisamos viver e andar em Deus. Que
revelação poderia ser mais elevada ou preciosa que
essa? Que, dia após dia, desfrutemos e
experimentemos ter Cristo em nós e estar com Cristo
em Deus.
CORRESPONDER AO MINISTÉRIO
CELESTIAL DE CRISTO
Cristo não está ocioso. Hoje Ele intercede,
ministra e executa a administração de Deus. Nós, na
terra, devemos reagir às atividades de Cristo no céu.
Embora no ministério terreno Ele tenha consumado
plenamente a redenção para nossa salvação, Ele
ainda não completou a edificação do Corpo, para a
qual é necessário o ministério no céu. O desejo de
Cristo não é apenas ter um grupo enorme de pessoas
salvas; Ele quer que os salvos sejam edificados como
Seu Corpo. Cristo deseja um Corpo, uma edificação,
uma noiva. Para ter o Corpo edificado, Ele precisa
executar a obra do ministério celestial.
Entre Cristo no céu e nós na terra há uma
transmissão divina, uma corrente celestial. Se
recebermos essa transmissão, reagiremos à obra de
Cristo no céu. Entretanto, se na experiência não
estivermos constantemente ligados a Ele, ou se
permitirmos que surja barreira entre nós e Ele, a
transmissão cessará. É lamentável que, hoje, entre
tantos cristãos autênticos a ligação com o Cristo
celestial na experiência deles tenha sido cortada. São
cristãos verdadeiros, mas não experimentam a
corrente divina e não há comunhão entre eles e o
Senhor. Esperamos que a situação entre nós seja
totalmente diferente disso. Em vez de sermos
isolados do Cristo celestial, na experiência
precisamos receber continuamente a transmissão
divina. Dia e noite um suprimento dos céus deve ser
infundido em nós e devemos experimentar a
transmissão entre o Cristo celestial e nós. Devemos
sempre reagir à obra de Cristo, isto é, à Sua
intercessão, ministração e execução da administração
de Deus.
Buscar as coisas do alto significa corresponder ao
ministério celestial de Cristo. De acordo com
Colossenses 3, corresponder ao ministério celestial de
Cristo buscando as coisas do alto é o primeiro aspecto
do andar cristão.
Iluminar
Passemos agora a considerar como a palavra de
Deus age em nós. Em primeiro lugar, ela nos ilumina.
Se não tivéssemos a Palavra estaríamos em trevas.
Contudo, visto que é repleta de luz e nos ilumina, a
palavra de Deus pode esclarecer-nos muitas coisas.
Nutrir
Em segundo lugar, a palavra de Deus é alimento,
cheia de nutrientes. Isso significa que ela nutre
enquanto ilumina. Posso testificar que todos esses
anos tenho sido adequadamente nutrido pela palavra
de Deus. Ela tem sido um real alimento para mim na
experiência.
Saciar a Sede
A palavra de Deus também sacia a sede. Sede é
até mesmo mais séria que fome. Normalmente uma
pessoa pode ficar mais tempo sem comer do que sem
beber. Sem água, simplesmente não podemos viver.
Como é bom a palavra de Deus ser não somente
alimento, mas também a água da vida! Ela nos
ilumina, alimenta e sacia.
Fortalecer
Outra função da palavra de Deus em nós é
fortalecer. A palavra de Deus nos fortalece. Os
cristãos são fracos porque têm sede e são
subnutridos. Ninguém faminto e sedento pode ser
forte.
Se experimentarmos a palavra de Deus a nos
nutrir e fortalecer, seremos fortes não só no espírito,
mas também na alma. Em outras palavras, seremos
fortes psicológica e espiritualmente. Além disso, a
palavra de Deus até mesmo nos fortalece fisicamente'.
Posso testificar que meu corpo é saudável não só
porque como alimento físico adequado, mas também
porque tomo a palavra de Deus como alimento
espiritual. A palavra de Deus no meu espírito torna-o
forte e feliz. Essa força e felicidade ajudam-me a ser
saudável fisicamente. É fato que quando somos
felizes, espiritual e psicologicamente, temos um corpo
saudável.
A palavra de Deus faz-nos fortes no espírito e na
alma. Fortalecidos no espírito e na alma, seremos
saudáveis no corpo. A palavra de Deus é a melhor
cura: ela nos fortalece e nos sara.
Lavar
A palavra de Deus também nos lava. Ela lava o
nosso ser orgânica e metabolicamente. Quando a
palavra de Deus entra organicamente em nossas
fibras, ela nos lava metabolicamente.
Edificar Coletivamente
Além do mais, a palavra de Deus nos edifica.
Como membros da igreja, o Corpo, todos precisamos
ser edificados. Por sermos peculiares, é difícil lidar
conosco, e muito mais difícil ainda edificar-nos,
Contudo, a palavra de Deus pode tocar-nos
interiormente e edificar-nos na igreja. Porquanto
somos peculiares em nós mesmos, não podemos ser
edificados dessa forma, a menos que a palavra de
Cristo habite em nós. Embora a paz de Cristo seja o
árbitro em nosso interior, não é a paz que nos edifica.
A paz nos mantém na situação adequada para a obra
de edificação ser realizada pela palavra de Deus. Uma
vez que é a palavra de Cristo que nos edifica, tenho
muito encargo de liberar a palavra de Deus. Quanto
mais a palavra de Deus for liberada entre nós, mais
edificação haverá.
Completar e Aperfeiçoar
A palavra de Deus também completa e
aperfeiçoa. Já comentamos que um bebê é completo
no que diz respeito aos órgãos, mas não em função.
Para que os órgãos de uma criança funcionem
adequadamente, ela precisa crescer. O
aperfeiçoamento sempre vem pelo crescimento.
Quanto mais uma criança cresce, mais suas funções
são completadas e aperfeiçoadas. O mesmo ocorre na
experiência espiritual. Como membros do Corpo,
todos devemos funcionar. Contudo, se quisermos
funcionar, precisamos primeiro ser aperfeiçoados
pela palavra de Deus. A palavra de Deus nos nutre,
por isso temos crescimento. Então, pelo crescimento,
as funções surgem. A nutrição que recebemos da
palavra de Deus nos completa e aperfeiçoa como
membros do Corpo. Por esse motivo dizemos que a
palavra de Deus nos aperfeiçoa.
Edificar Individualmente
A última função da palavra de Deus que
consideraremos nesta mensagem é edificar
individualmente. Há dois tipos de edificação, a
coletiva e a individual. A coletiva está relacionada
com a igreja e a individual envolve principalmente as
virtudes. Todos precisamos ser edificados
pessoalmente, pois somos todos carentes de virtudes.
Por exemplo, podemos ser carentes de virtudes como
paciência, sabedoria, humildade ou bondade. A
palavra de Deus de fato nos edifica na questão das
virtudes. Quanto mais temos a palavra de Deus, mais
virtudes temos. Nossa bondade, paciência, sabedoria
e humildade serão todas aumentadas pela palavra de
Deus.
Todos nós precisamos ser edificados
individualmente em virtudes mediante a palavra de
Deus. Alguns caracterizam-se pela rapidez, e outros
pela lentidão. Em certas situações a rapidez é uma
virtude. Se um grupo de irmãos precisa apressar-se
para chegar na hora a um compromisso importante, a
rapidez é uma virtude. Mas ao cuidar de alguém que
está muito doente, a lentidão pode ser uma virtude.
Precisamos ser edificados individualmente para agir
rápida ou lentamente.
Em determinadas situações precisamos falar de
maneira livre, jorrando palavras. Em outras, porém,
devemos ser bem restritos ao falar, ou talvez não falar
nada. Na situação certa, falar livremente é uma
virtude; em outras não. O mesmo se aplica ao
silêncio. Em questões como essas, todos nós
precisamos de edificação individual.
Somente a palavra de Deus pode edificar-nos e
fazer-nos ter equilíbrio, moderação e discernimento.
Em relação à rapidez e à lentidão, precisamos ser
moderados. Devemos ser moderados até mesmo no
amor. Alguns santos amam os outros segundo a maré
emocional. Quando a maré do amor está alta, amam
excessivamente. Mas quando a maré está baixa, não
demonstram amor por ninguém; parecem estátuas,
totalmente sem sentimentos. Primeiro precisamos
ser edificados pessoalmente nas virtudes; depois
seremos edificados com os outros na vida da igreja.
Vimos que a palavra de Deus ilumina, nutre,
sacia a sede, fortalece, lava, edifica coletivamente,
aperfeiçoa e edifica individualmente. Como é grande
a nossa necessidade da palavra de Deus!
REPLETOS DE ALEGRIA
Em 3:16 Paulo diz: “Instruí-vos e aconselhai-vos
mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus,
com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com
gratidão, em vosso coração”. Isso indica que quando
estamos plenos da palavra de Deus, devemos estar
cheios de alegria. Se recebermos a palavra de Deus e
ainda assim não tivermos alegria, alguma coisa deve
estar errada. Quando recebemos a palavra de Deus,
na verdade recebemos o Espírito. Receber o Espírito
deve estimular-nos e nos fazer ficar alegres e cantar.
PERSEVERAR EM ORAÇÃO
ORAÇÃO E GUERRA
De acordo com as palavras de Paulo em 4:2, é a
oração que requer nossa perseverança. Precisamos
perseverar em oração, porque orar envolve batalha,
luta. Dois partidos, Deus e Satanás, são hostis entre
si. O significado do nome Satanás é adversário.
Satanás é tanto o inimigo externo como o adversário
interno. Por um lado, ele é o inimigo tentando
derrotar Deus; por outro, é o adversário dentro do
reino de Deus procurando causar danos. Como
adversário, Satanás se opõe a Deus dentro da esfera,
do reino, de Deus. Esse é o motivo de a Bíblia indicar
claramente que até hoje Satanás tem acesso ao trono
de Deus. No livro de Jó vemos que Satanás pode
permanecer diante do trono de Deus e acusar as
pessoas diante Dele (Jó 1:6-12). É difícil compreender
por que Deus permite que Seu inimigo tenha tal
liberdade. De acordo com Apocalipse 12:10, Satanás
nos acusa dia e noite.
Embora uma batalha seja travada no universo
entre Deus e Satanás, outro partido está envolvido: os
escolhidos e redimidos por Deus, os que na verdade
decidirão a batalha. Se nos pusermos do lado de
Satanás, Deus perderá, embora seja todo-poderoso.
Sendo o Criador infinito, todo-poderoso, Deus não Se
rebaixará para lutar contra uma de Suas criaturas.
Assim, é necessário que outra criatura de Deus, isto é,
o homem, lute contra Satanás. Num sentido muito
real, Deus precisa de nós. Sem nós, Ele não teria
como levar a cabo a batalha contra Satanás. Ele tem
de manter Sua posição como Criador. Por esse
motivo, Ele precisa de nós para levar a cabo a
verdadeira ação de guerra.
Para lutar do lado de Deus contra Satanás,
precisamos perseverar em oração. Essa perseverança
é necessária porque o curso do mundo inteiro está
longe de Deus. Orar é ir contra a corrente, a tendência
do universo caído. Perseverar em oração é como
remar contra a corrente. Se você não perseverar, será
levado corrente abaixo. Sem dúvida, perseverar dessa
forma, remando ou em oração, requer muita energia.
O universo inteiro está sob a influência de Satanás e
se opõe à vontade de Deus. Portanto, há uma forte
corrente no mundo que se opõe à vontade de Deus.
Como pessoas que tomam o lado de Deus,
descobrimos que o universo inteiro está contra nós, e
especialmente contra nossa oração.
Muitas experiências que temos com respeito à
oração dia a dia provam que Satanás se opõe à oração
de todas as formas possíveis. Por exemplo, o telefone
pode tocar justamente quando você está num ponto
importante da oração. Você se colocou no Espírito
pela oração e está tocando os céus e, nesse exato
momento, o telefone pode tocar. Ao atender ao
telefone, descobre que alguém discou o número
errado. Seu espírito de oração pode ficar seriamente
prejudicado pela irritação que isso lhe causou.
Quando tentamos orar, podemos também ser
perturbados pelos filhos, pela campainha ou por um
animal de estimação. Por haver tanta resistência à
oração, nós definitivamente precisamos perseverar
em oração.
Algumas irmãs dizem que têm muito pouco
tempo para orar. Ao tentar achar desculpas para si
mesmas, podem enumerar todas as
responsabilidades diárias que têm. Contudo, essas
mesmas irmãs podem ter muito tempo para fofocar
no telefone. Acham extremamente fácil falar no
telefone, mas muito difícil orar. Para elas, orar é
como subir a montanha: é cansativo e exige tremenda
energia. Mas não acham exaustivo fofocar. Essa
ilustração indica que a resistência à oração não está
somente do lado de fora, mas até mesmo dentro de
nós. Esse é o motivo de todos nós acharmos difícil
orar.
OS BENEFÍCIOS DA ORAÇÃO
Perseverar na oração traz muitos benefícios. Por
meio da oração pensamos nas coisas do alto. De fato,
a oração é a única maneira de ter a mente posta nas
coisas no céu. Quando pensamos nas coisas do alto
por meio da oração, não oramos por coisas triviais.
Pelo contrário, nossa oração é ocupada com a
intercessão, o ministério e a administração celestiais
de Cristo. Visto que Cristo intercede pelas igrejas em
todo o mundo, também oramos por elas. Deixe o
Senhor tomar conta de todas as pequenas questões do
nosso viver. Nossa responsabilidade é buscar em
primeiro lugar o reino de Deus e a Sua justiça. Já que
o Pai conhece nossa necessidade, Ele cuidará de nós e
satisfará as nossas necessidades.
Quando pensamos nas coisas do alto nos
momentos de oração, tornamo-nos um reflexo do
ministério de Cristo nos céus. Mediante a nossa
oração, Cristo, a Cabeça, tem caminho para levar a
cabo a Sua administração por meio do Corpo. Quando
oramos, somos embaixadores celestiais na terra com
a extensão do reino de Deus. Entretanto, quando
fofocamos, não somos de modo algum embaixadores
celestiais. Somente quando oramos é que nos
tornamos embaixadores do reino celestial na terra de
maneira prática.
Quando oramos, entramos no Santo dos Santos e
nos achegamos ao trono da graça. Hebreus 4:16 diz:
“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao
trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e
acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”.
Oração é a maneira de nos achegar junto ao trono da
graça. Desse modo recebemos misericórdia e graça
para socorro em ocasião oportuna. Quando oramos,
achegando-nos ao trono da graça, misericórdia e
graça se tornarão um rio a fluir em nós e a nos suprir.
Como isso é gratificante! Receber o fluir da graça em
oração é na verdade mais importante do que ter as
orações respondidas. Se as orações são respondidas
ou não é secundário. O principal é que a graça flui
como um rio do trono para o nosso interior.
Receber o rio de graça é ter a bateria espiritual
carregada com a corrente celestial. A corrente
celestial, a eletricidade divina, é o Deus Triúno como
graça fluindo do trono para o nosso interior. O
suprimento e desfrute que isso traz é indescritível.
Os cristãos hoje são fracos porque suas baterias
espirituais não são carregadas. Por não orar o
suficiente, têm pouca transmissão celestial. Muitas
vezes durante o dia precisamos ser carregados com a
corrente elétrica divina. Isso certamente é uma
recompensa por perseverar em oração.
Outro benefício da oração está relacionado com a
comunhão com o Senhor. Todos amamos a presença
e a unção do Senhor, e todos amamos a comunhão
com Ele. Mas como podemos desfrutar a Sua
presença e ter comunhão com Ele? A única maneira é
orar. Quando oramos somos introduzidos na
comunhão com o Senhor, e temos consciência de que
realmente somos um só espírito com Ele e Ele é na
verdade um só espírito conosco. Quanto mais
oramos, mais experimentamos ser um com o Senhor,
mais desfrutamos Sua presença e mais temos
comunhão com Ele. Que recompensa maravilhosa!
A princípio é sempre difícil ter uma vida
adequada de oração. Mas se você praticar isso por
muito tempo, ficará cada vez mais fácil, pois
perceberá as recompensas da oração.
Vimos que para um andar cristão normal
precisamos pensar nas coisas lá do alto, ter a
renovação do novo homem, ter a paz de Cristo como
árbitro em nós e permitir que a palavra de Cristo
habite em nós. Esses quatro pontos, contudo,
requerem oração. Para praticá-los e experimentá-los
precisamos orar. A oração nos conduz à realidade
dessas quatro coisas e nos mantém nessa realidade.
GRAÇA E SABEDORIA
Em 4:6 Paulo diz: “A vossa conversa seja sempre
com graça, temperada com sal, para saberdes como
deveis responder a cada um” (TB). Se formos pessoas
que oram, por um lado daremos graças ao Senhor e,
por outro, nosso falar será com graça. De nossa boca
fluirão agradecimentos a Deus e graça aos outros.
Dessa forma saberemos que somos pessoas de
oração. Contudo, se faltar graça em nosso falar, isso é
um indício de que somos deficientes na oração.
Quando temos consciência da falta de graça,
precisamos orar novamente e ser carregados com a
eletricidade divina. Nossa boca então será cheia de
graça.
Em 4:5 Paulo diz: “Andai com sabedoria para
com os que estão de fora, remindo o tempo” (VRC).
Isso é um resultado de perseverar em oração. Se
orarmos sem cessar, dermos graças a Deus e nossas
palavras forem cheias de graça, espontaneamente nos
tornaremos muito sábios e saberemos remir o tempo.
No andar diário, nenhum tempo será desperdiçado.
Se estivermos cheios de agradecimentos a Deus e de
graça para com os outros, teremos a sabedoria para
andar de uma forma que glorifica a Deus e edifica os
outros. Então nosso tempo será redimido.
Sobre perseverar em oração, mais uma vez quero
dizer que precisamos estar dispostos a fazer um
acordo com o Senhor, até mesmo um voto a Ele, de
ser um povo que ora. Se todos os santos em todas as
igrejas fizerem tal acordo com o Senhor, a
restauração será grandemente enriquecida e elevada.
Além disso, os santos desfrutarão o Senhor, a Sua
presença e a Sua unção constantemente e em cada
instante. O dia inteiro eles desfrutarão o sorriso do
Senhor. Quando perseveramos em oração, a Pessoa
viva de Cristo se torna nossa experiência e desfrute.