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© 1984 Living Stream Ministry

Edição para a Língua Portuguesa


© 2004 Editora Árvore da Vida

Título do original Inglês:


Life-Study of Colossians

ISBN 85-7304-209-5

1ª Edição — Setembro/2004 — 5.000 exemplares

Traduzido e publicado com a devida autorização do Living Stream Ministry e todos os


direitos reservados para a língua portuguesa pela Editora Árvore da Vida.

Editora Árvore da Vida


A v. Corifeu de Azevedo Marques, 137
Butantã — CEP 05581-000
Tel.: (11) 3723-6000 — São Paulo — SP — Brasil
Home page: http://wwvv.arvoredavida.org.br
E-mail: editora@arvoredavida.org.br

Impresso no Brasil

As citações bíblicas são da Versão Revista e Atualizada de João Ferreira de Almeida, 2ª


Edição, e Versão Restauração (Evangelhos), salvo quando indicado pelas abreviações:
BJ-Bíblia de Jerusalém
lit. — tradução literal do original grego ou hebraico
IBB-Rev. — Imprensa Bíblica Brasileira, versão Revisada
KJV — King James Version
NVI — Nova Versão Internacional
TB — Tradução Brasileira
VRA — Versão Revista e Atualizada
VRC — Versão Revista e Corrigida de Almeida
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM TRINTA E CINCO

O CRISTO TODO-INCLUSIVO (2)

Leitura Bíblica: Cl 2:2-4, 6-10, 16-22; 3:4, 10-11, 15-16


Em 2:3 Paulo nos diz que todos os tesouros da
sabedoria e do conhecimento estão ocultos em Cristo.
No versículo 4 ele prossegue: “E digo isto, para que
ninguém vos engane com palavras persuasivas”
(VRC). Isso indica que naquela época, em Colossos,
os santos estavam sendo iludidos por palavras
persuasivas.

A TRADIÇÃO DOS HOMENS


No versículo 8 Paulo diz: “Cuidado que ninguém
vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas,
conforme a tradição dos homens, conforme os
rudimentos do mundo e não segundo Cristo”. Nesse
versículo ele nos dá uma séria advertência sobre ser
enredado por filosofia e palavras vãs. Tal filosofia e
vãs sutilezas são de acordo com a tradição dos
homens.
A tradição está relacionada com a cultura em que
vivemos e tem sua fonte na cultura. Não pode haver
tradição fora da cultura. Tanto as pessoas religiosas
como as filosóficas são fortes nas tradições. Quanto
mais avançada for a cultura em que vivemos, mais
tradições teremos. Todos os povos têm tradições. Nos
tempos antigos, os judeus tinham as suas tradições, e
os gregos, as suas. Além disso, os cristãos hoje têm as
tradições cristãs, e todos temos as tradições
individuais. A única maneira de não ter tradição é não
pertencer a cultura alguma. Se pertencermos a
alguma cultura, teremos tradições. Algumas de
nossas tradições podem ser até mesmo inventadas e
impostas por nós mesmos. Todas as tradições são de
acordo com o homem, pois Deus não tem nenhuma
tradição. Portanto, não existem tradições que sejam
segundo Deus.
Em 2:8, a frase “conforme os rudimentos do
mundo” está em aposição a “conforme a tradição dos
homens”. Isso indica que a tradição dos homens e os
rudimentos do mundo são idênticos. O mundo aqui
se refere não ao mundo físico, mas à humanidade
caída, assim como em João 3:16. As tradições
equivalem aos rudimentos, e os homens equivalem ao
mundo. Portanto, “a tradição dos homens” é um
sinônimo de “os rudimentos do mundo”.
Nesse versículo Paulo diz que a filosofia e as vãs
sutilezas não são segundo Cristo. A expressão
“segundo Cristo” é muito importante; ela indica que
tudo deve ser calculado e avaliado segundo Cristo.
Quando consideramos a nós mesmos, a nossa família,
as situações e o ambiente, devemos avaliá-las não
segundo a tradição dos homens, mas segundo Cristo.

NÃO INSISTIR EM CERTAS COISAS


O versículo 16 diz: “Ninguém, pois, vos julgue
por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua
nova, ou sábados”. Aqui vemos a questão de juízos e
opiniões. Julgamos porque insistimos em
determinadas coisas. Por exemplo, se insistirmos em
certa maneira de comer, faremos juízos segundo
aquilo em que insistimos. Por outro lado, seremos
julgados pelos outros por causa disso. Se eu insistir
em que todos os irmãos comam comida chinesa, serei
julgado por eles. Mas se eu não insistir em nenhum
tipo de comida, não serei criticado a esse respeito. O
mesmo se aplica a beber e guardar dias.
Dizer que não insistimos em coisa alguma
significa que não somos religiosos nem filosóficos. Os
que são religiosos ou filosóficos sempre insistem em
determinadas coisas. Essa insistência faz com que os
outros os julguem e critiquem. Dessa forma, se não
quisermos que os outros nos julguem, nós mesmos
não devemos insistir em certas coisas.
No versículo 17, Paulo diz que os itens no
versículo anterior são “sombra das coisas que haviam
de vir; porém o corpo é de Cristo”. Não nos devemos
importar com coisa alguma, exceto Cristo. Se nos
importarmos somente com Cristo, não seremos
julgados.
Quatro vezes no capítulo dois Paulo usa a palavra
“ninguém”. Em 2:4 ele diz que ninguém nos engane;
em 2:8, que ninguém nos venha a enredar; em 2:16,
que ninguém nos julgue; por fim, em 2:18, que
ninguém nos prive do nosso prêmio, pretextando
humildade e culto dos anjos (BJ).
Nos versículos 20 e 21 Paulo nos pergunta por
que nos sujeitamos a ordenanças sobre manusear,
provar e tocar, uma vez que já morremos com Cristo
para os rudimentos do mundo. No versículo 22 vemos
que tais ordenanças estão de acordo com os
mandamentos e ensinamentos dos homens. Já
enfatizamos que os rudimentos do mundo são as
tradições dos homens.

LIDAR COM OS SUBSTITUTOS


Paulo escreveu essa epístola porque a tradição
dos homens, os rudimentos do mundo, prevaleciam
em Colossos. Os santos estavam sendo enganados e
enredados. Além disso, estavam sendo julgados e
privados do prêmio. As melhores invenções da
cultura humana enganavam os santos e os privavam
de Cristo. Esses aspectos da cultura substituíam
Cristo. Na experiência deles essas coisas haviam-se
tornado substitutos de Cristo. Portanto, Paulo
escreveu esse livro para lidar com esse problema.
Em Colossenses, um livro mais elevado em
revelações do que 1 Coríntios ou Gálatas, Paulo lida
com a cultura constituída de religião e filosofia. Para
a sociedade humana, a filosofia e a religião são
necessárias e boas. Se a sociedade não tivesse religião
e filosofia, as pessoas seriam bárbaras; iram
comportar-se como animais selvagens. Embora a
religião e a filosofia sejam necessárias para a
sociedade, não há lugar para elas na vida da igreja.
Essas duas coisas são substitutas de Cristo. A igreja
precisa de Cristo, uma Pessoa viva, todo-inclusiva, e
não de religião ou filosofia.

O PRIMOGÊNITO DE TODA A CRIAÇÃO


Algumas afirmações de Paulo em Colossenses
têm incomodado teólogos e tradutores da Bíblia. Uma
expressão particularmente perturbadora é
“primogênito cf. e toda a criação” (1:15). Embora
falem livremente sobre Cristo como a imagem do
Deus invisível, alguns teólogos relutam em comentar
essa frase perturbadora. Mas Paulo diz que Aquele
que é a imagem do Deus invisível é o Primogênito de
toda a criação. Os teólogos podem gostar de enfatizar
que, como Primogênito dentre os mortos, Cristo foi o
primeiro a ser ressuscitado. Entretanto,
pouquíssimos estão dispostos a ressaltar que, como o
Primogênito de toda a criação, Cristo é também o
primeiro das criaturas. Qualquer pessoa que siga
Paulo ao fazer tal afirmação pode ser condenado
como herege. Todavia, não podemos tirar da Bíblia as
palavras de Paulo dizendo que Cristo é a imagem do
Deus invisível, o Primogênito de toda a criação.
Em 1:16 Paulo nos diz que todas as coisas foram
criadas em Cristo. Isso inclui tanto as coisas nos céus
como na terra, visíveis e invisíveis. Mesmo as coisas
que os judeus consideravam impuras, incluindo
tartarugas, sapos, serpentes e porcos, estavam entre
as coisas criadas em Cristo. A primeira vez que li esse
versículo segundo a tradução Interlinear
Grego-Inglês, fiquei muito surpreso. Disse comigo
mesmo: “Paulo diz que até mesmo tartarugas e
serpentes foram criadas em Cristo?” Sem dúvida, as
palavras de Paulo incluem essas criaturas também.
Colossenses 1:16 é um golpe duro na filosofia
gnóstica. Já ressaltamos que, de acordo com o
gnosticismo, o mundo material, inclusive o corpo do
homem, é inerentemente maligno. Mas Paulo declara
que todas as coisas foram criadas em Cristo, e que o
próprio Cristo é o Primogênito de toda a criação.
Essas afirmações lidam com os conceitos tanto de
judeus como de gregos. Já que todas as coisas foram
criadas em Cristo, não devemos considerar a criação
intrinsecamente maligna, nem desprezar aspecto
algum da criação de Deus em Cristo.

SEGUNDO CRISTO
Paulo desejava que os colossenses não
ensinassem os outros segundo a tradição dos
homens, e, sim, somente segundo Cristo. É crucial
aprender a avaliar todas as coisas, não conforme a
mentalidade cultural, mas conforme Cristo. Por
exemplo, o nosso ponto de vista a respeito do
casamento não deve ser segundo a cultura em que
vivemos, mas segundo Cristo. Aprecio muito a
expressão “segundo Cristo”. Não devemos permitir
que coisa alguma seja um substituto de Cristo ou O
substitua. Cristo, e apenas Cristo, é o padrão e a base
de medição. Isso quer dizer que não devemos avaliar
as coisas segundo a cultura, segundo a tradição ou os
rudimentos do mundo. Na igreja, Cristo é a única
medida, padrão e base. Esse é o princípio básico na
prática da vida da igreja.
Em Colossos as diversas culturas haviam
invadido a igreja, substituído Cristo e enredado os
santos. Eles foram distraídos de Cristo, não pelo
pecado ou pelo mundo, mas por alguns dos aspectos
mais desenvolvidos da cultura. O princípio é o mesmo
hoje. Embora nós na vida da igreja odiemos o pecado,
poucos odeiam a cultura a que pertencem. Pelo
contrário, subconsciente e inconscientemente todos
valorizamos as nossas culturas. Damos grande valor à
bagagem cultural. Na vida da igreja, Cristo é
substituído mais pela cultura em que vivemos do que
por qualquer outra coisa. Vivemos segundo as nossas
culturas muito mais do que segundo Cristo.

O MISTÉRIO DA ECONOMIA DE DEUS


Depois de salientar no capítulo um que Cristo é o
Primogênito de toda a criação, que todas as coisas
foram criadas Nele, por meio Dele e para Ele, e todas
as coisas subsistem Nele, Paulo nos diz que o Cristo
todo-inclusivo é o mistério da economia de Deus.
Deus tenciona trabalhar Cristo em nós. Cristo está em
nós para ser nossa esperança da glória. Agora
precisamos crescer Nele até atingir a maturidade e
ser plenamente maduros. Portanto, a economia de
Deus é centralizada em Cristo.

O MISTÉRIO DE DEUS
Em 2:2 Paulo diz ainda que Cristo é o mistério de
Deus. Tudo o que Deus é e tem está corporificado em
Cristo. Sendo o mistério de Deus, Cristo é a
corporificação, a definição e a explicação de Deus.
Tudo o que Deus tenciona fazer está relacionado com
Cristo.

A REALIDADE DE TODAS AS COISAS


POSITIVAS
Além disso, Cristo, que é o mistério e a
corporificação de Deus, é a realidade de todas as
coisas positivas. Referindo-se aos itens relacionados
em 2:16, Paulo diz no versículo 17 que eles são
“sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo
é de Cristo”. Comer, beber, festas, luas novas e
sábados são todos sombras, das quais Cristo é o
corpo, a realidade, a substância. Ele é a verdadeira
comida e bebida também é a verdadeira festa, lua
nova e sábado. Sendo a corporificação de Deus, Cristo
é a realidade de todas as coisas positivas. Portanto
não há lugar para a religião judaica ou a filosofia
grega. Só há lugar para o Cristo todo-inclusivo.
Embora tivesse sido forte no judaísmo, quando
recebeu a revelação acerca de Cristo, Paulo percebeu
que a filosofia grega e a tradição judaica não eram
nada. Na economia de Deus, somente Cristo tem
valor.
Em 2:6 Paulo diz: “Ora, como recebestes Cristo
Jesus, o Senhor, assim andai nele”. A primeira coisa
que fazemos acerca de Cristo é recebê-Lo. Então
precisamos andar Nele. Cristo não é somente nossa
vida; é também nosso território, nosso âmbito, nossa
esfera na qual andamos. Em sua experiência, muitos
cristãos receberam Cristo como Redentor, Salvador e
vida. Mas também precisamos recebê-Lo como o
mistério de Deus, a corporificação de Deus e a
realidade de todas as coisas positivas.
Precisamos aplicar a questão de experimentar
Cristo como a realidade de todas as coisas positivas a
cada parte da vida diária. Quando fazemos as
refeições, devemos tomar Cristo como o verdadeiro
alimento. Em vez de agradecer de maneira
tradicional, devemos falar algo mais elevado segundo
a revelação em Colossenses: “Senhor Jesus, eu não só
Te agradeço por este alimento, mas eu Te tomo como
a realidade deste alimento”. Nós, que cremos em
Cristo, devemos considerar e avaliar todas as coisas
segundo Cristo, que é tudo para nós de forma prática.
Se considerarmos todas as coisas segundo Cristo,
nosso viver diário mudará.
Em 2:3, Paulo nos diz que todos os tesouros da
sabedoria e do conhecimento estão ocultos em Cristo.
Então ele prossegue, advertindo-nos para não sermos
iludidos e afastados de Cristo por palavras
persuasivas de ninguém. Não devemos permitir que
religião ou filosofia nos enganem e nos afastem de
Cristo. Não devemos voltar de Cristo para tipo algum
de cultura. Cristo, o mistério de Deus e a substância
de toda coisa positiva, é tudo para nós: alimento,
vestimenta, moradia, transporte. Ao considerar todas
as coisas positivas no universo, devemos avaliá-las
segundo Cristo. Como é tremenda essa revelação! O
Cristo que recebemos não é limitado. Pelo contrário,
Ele é ilimitado, todo-inclusivo. Ele não é só o
Redentor, Salvador e vida; Ele é tudo para nós. Que
Cristo pleno e rico recebemos!

ANDAR EM CRISTO
Tendo recebido tal Cristo, devemos agora andar
Nele. Muitos cristãos consideram o Cristo que
receberam somente como seu Redentor, Salvador e
vida. Apreciam-No como o Redentor que derramou o
sangue por eles e como o Salvador que os salvou do
pecado. Todavia, não percebem que o próprio Cristo
que receberam é a corporificação de Deus e a
realidade de todas as coisas positivas. Precisamos
andar em tal Cristo todo-inclusivo. Ao comer, ande
Nele. Ao se vestir, ande Nele. Ande Nele quando
conversa com o cônjuge.
Precisamos ser pessoas repletas de Cristo,
saturadas Dele, vestidas com Ele e totalmente
dominadas por Ele. Muitos de nós na restauração do
Senhor ainda não estão saturados de Cristo. Nas
reuniões da igreja podemos orar ou cantar em Cristo.
Mas assim que voltamos para casa podemos
negligenciá-Lo totalmente e viver de acordo com a
cultura a que pertencemos. Nas reuniões podemos
proclamar que, para nós, viver é Cristo. Mas na vida
diária, principalmente em casa, podemos viver pelo
ego, e não por Cristo. Que diferença haveria se no
viver diário em casa vivêssemos por Cristo! Enquanto
cozinha, uma irmã pode perceber que, para ela,
cozinhar é Cristo. Se todos exercitarmos viver por
Cristo dia após dia, viveremos, cultivaremos e
geraremos Cristo. Na vida diária precisamos ver
Cristo em todas as coisas e andar Nele.

ENRAIZADOS EM CRISTO
Em 2:7 Paulo fala de sermos enraizados ou
radicados em Cristo. Somos plantas enraizadas em
Cristo como o verdadeiro solo. Ele é a terra na qual
crescemos. Além disso, Ele é tudo o que precisamos
para crescer. Ele é o adubo, a água e a provisão de
vida.

FEITOS PLENOS EM CRISTO


Em 2:10 Paulo diz ainda que em Cristo somos
levados à plenitude (BJ). Contudo, duvido que
alguém entre nós ouse dizer que somos plenos,
porque ainda não temos a experiência plena de
Cristo. A plenitude da Deidade habita corporalmente
em Cristo, e nós somos feitos plenos Nele. Na
experiência precisamos recebê-Lo, andar Nele, ser
enraizados Nele e então ser feitos plenos Nele. Espero
que nas reuniões da igreja haja muitos testemunhos
de como fomos feitos plenos em Cristo. Deve haver
testemunhos de como fomos feitos plenos em
conhecimento, sabedoria, paciência, bondade,
humildade, modéstia, amor, discernimento.
Carecemos de tais testemunhos porque somos
carentes na experiência de Cristo e não somos plenos
Nele dia após dia. Em vez de ser plenos em tantas
coisas, carecemos dessas coisas. Por exemplo, em vez
de ser plenos de discernimento para lidar com as
situações, somos carentes de discernimento. Ao ouvir
os testemunhos dos santos você pode perceber que a
maioria tem pouca experiência diária de Cristo.
Muitos não perceberam adequadamente que o Cristo
que recebemos é todo-inclusivo e Nele devemos
andar. Se andarmos em tal Cristo, tendo sido
enraizados Nele, seremos plenos Nele.
Já ressaltamos que Cristo é a realidade, a
substância de todas as sombras. Vendo isso, já não
nos devemos importar com as sombras, e, sim, com o
Cristo todo-inclusivo. Nossa preocupação não deve
ser apenas tornar-nos santos, espirituais e vitoriosos;
deve ser possuir e experimentar o Cristo
todo-inclusivo. Precisamos rogar ao Senhor por
misericórdia e graça para experimentar tal Cristo.

CRISTO COMO NOSSA VIDA E COMO O


ELEMENTO CONSTITUINTE DO NOVO
HOMEM
No capítulo três vemos que Cristo é nossa vida e
o elemento constituinte do novo homem. O novo
homem, que é a igreja, o Corpo de Cristo, é
constituído do Cristo que é nossa vida. Ele vive em
nós, e nós, Nele. Além desse Cristo, que mais
desejamos? Posso testificar que não quero nada além
do Cristo todo-inclusivo que é minha vida e o
elemento constituinte do novo homem.

A PAZ DE CRISTO COMO ÁRBITRO


Em 3:15 Paulo diz: “Seja a paz de Cristo o árbitro
em vosso coração, à qual, também, fostes chamados
em um só corpo”. Efésios 2 nos diz que, na cruz,
Cristo fez a paz. Devemos permitir que essa paz seja o
árbitro em nós. Isso implica que devemos pôr de lado
as opiniões. Os gregos devem esquecer a filosofia, e os
judeus, as observâncias. Em vez de prestar atenção a
filosofias e observâncias, devemos atentar para a paz
interior de Cristo. Na cruz Cristo anulou as
ordenanças e aboliu os conceitos filosóficos. Ele
aboliu as diferenças entre os povos a fim de criar em
Si mesmo um só novo homem. A paz gerada mediante
a abolição das diferenças culturais deve agora ser o
árbitro em nosso coração. Devemos deixá-la ser o
juiz, o árbitro, em nosso interior. Quando a paz de
Cristo for o árbitro em nós, todas as opiniões serão
subjugadas.
Esperamos que as igrejas na restauração do
Senhor gradualmente cresçam em número. Sem
dúvida, pessoas de diferentes procedências virão.
Pessoas diferentes têm opiniões diferentes. Em vez de
discutir sobre isso, devemos permitir que a paz de
Cristo seja o árbitro em nós. Que todos digamos:
“Senhor Jesus, eu Te amo. Não me importo com
minha opinião ou juízo; só me importo com Tua paz.
Não defendo minha preferência. Quero que Tua paz
seja o árbitro em mim, governando-me e tomando
todas as decisões”.

A PALAVRA DE CRISTO QUE HABITA EM


NÓS
Em 3:16 Paulo continua: “Habite, ricamente, em
vós a palavra de Cristo”. Precisamos permitir que a
palavra de Cristo habite em nós. Não devemos estar
preenchidos de tradições judaicas ou filosofias
gregas, e, sim, com a palavra de Cristo. Somos
recipientes da palavra de Cristo, e não de filosofia ou
religião. Precisamos ser esvaziados de todas essas
coisas a fim de ser preenchidos da palavra de Cristo.
Se permitirmos que a paz de Cristo seja o árbitro em
nós, e se formos preenchidos da palavra de Cristo,
teremos o novo homem de modo prático. Todos os
santos em todas as igrejas em toda a restauração do
Senhor viverão Cristo no único novo homem. Um dia
o Cristo que é nossa vida aparecerá em glória, e nós
apareceremos em glória com Ele (3:4). Mas hoje
precisamos viver por Ele. Nós nos importamos com
Ele como nossa vida e o elemento constituinte do
novo homem, e não com nossa bagagem, cultura,
opinião e julgamento. Queremos que Sua paz seja o
árbitro em nós e Sua palavra nos preencha.

TUDO E EM TODOS
Já enfatizamos repetidas vezes que no novo
homem não há lugar para judeus ou gregos,
circuncisão ou incircuncisão, civilizados ou
incivilizados, servos ou senhores (3:11). No novo
homem há lugar somente para Cristo. Portanto, no
novo homem, Cristo é tudo e em todos. Ele é todas as
partes do novo homem e está em todas as partes. Isso
não deve ser simplesmente um ensinamento, e, sim,
nossa experiência prática cada dia. Que todos
tenhamos uma experiência plena do Cristo
todo-inclusivo, o Cristo que é tudo para nós.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM TRINTA E SEIS

O CRISTO TODO-INCLUSIVO VERSUS AS CULTURAS


HUMANAS

Leitura Bíblica: Cl 1:27-28; 2:2b-4, 6, 8-9, 16-19;


3:3-4, 9b-ll
É difícil falar de Cristo versus as culturas, pois há
o perigo de se entender isso segundo o conceito
natural. Ao dizer que Cristo se contrapõe às culturas,
não estamos dizendo que devemos abandonar a
cultura a que pertencemos e viver sem cultura
alguma. Se tentarmos abandonar nossas culturas
dessa forma, simplesmente desenvolveremos outra
cultura, a de abandonar as nossas culturas. Sem uma
cultura, as pessoas se tornariam animais selvagens.
Os que não têm Cristo com certeza precisam viver de
acordo com uma cultura.

A INTENÇÃO DE DEUS
A respeito dessa questão do Cristo todo-inclusivo
versus as culturas, precisamos ver que, segundo a
plena revelação da Bíblia, a intenção de Deus é
infundir-Se nos Seus escolhidos. Essa intenção é o
ponto central da revelação divina nas Escrituras. Para
fazê-lo, Deus precisa ser triúno. É maravilhoso que
Deus seja triúno: o Pai, o Filho e o Espírito. O Pai
como a fonte é corporificado no Filho, que é a própria
expressão do Pai. Quando o Filho vem, Ele sempre
vem com o Pai. Isso indica que o Pai não pode ser
separado do Filho, nem o Filho, do Pai. O Filho é a
corporificação, a realidade e a expressão do Pai. Por
meio do processo da morte e ressurreição, o Filho
tornou-se o Espírito que dá vida (1Co 15:45), o
Espírito Santo vivificante. Portanto, o Espírito é o
Filho percebido como realidade, assim como o Filho é
a corporificação do Pai.
O Pai, o Filho e o Espírito não são três Deuses, e,
sim, um único Deus em Sua “triunicidade”. Por ser
triúno, Ele pode dispensar-Se a nós. Deus veio a nós
no Filho mediante a encarnação de Cristo. Cristo
morreu na cruz para nos redimir e eliminar a velha
criação. Então, em ressurreição, tornou-se o Espírito
que dá vida. Por um lado, Cristo está assentado no
trono nos céus como Cabeça e Senhor de todas as
coisas. Por outro, como o Espírito, Ele habita em nós
para ser nossa vida. Sendo o Espírito que dá vida,
Cristo é nossa provisão de vida e a realidade de todas
as coisas positivas para nós.
Como o Espírito todo-inclusivo, o Deus Triúno
infunde-Se em nós. A parte mais profunda do nosso
ser é o espírito, que é envolto pela alma e pelo corpo.
O corpo humano contém a alma, e a alma contém o
espírito, que é um vaso para receber Deus e contê-Lo.
Cristo como o Espírito que dá vida, todo-inclusivo,
processado, está em nosso espírito e procura
espalhar-Se por todas as partes da nossa alma e, por
fim, saturar o nosso corpo, a fim de fazer-nos
absolutamente iguais a Ele. Quando isso acontecer,
todo o nosso ser será permeado por Ele. Essa é a
Salvação de Deus segundo Sua economia.

NOSSAS CULTURAS ATRAPALHAM NOSSA


EXPERIÊNCIA DE CRISTO
Muitas coisas atrapalham o cumprimento da
salvação plena de Deus. Dois dos obstáculos mais
óbvios são o pecado e o mundanismo. O obstáculo
mais sutil, contudo, é a cultura em que vivemos; ela
impede os escolhidos de Deus de experimentar Cristo
e desfrutá-Lo. O Cristo todo-inclusivo contrapõe-se
às culturas. Todavia, não estamos dizendo que
devamos abandonar as nossas culturas e agir como
bárbaros. Jamais encorajamos as pessoas a agir como
se não fossem civilizadas. Os que não têm Cristo
certamente precisam de uma cultura, costumes e
tradições. Quando as crianças estão crescendo, elas
precisam não só de uma cultura, mas também da lei.
Contudo, depois que recebemos Cristo, não devemos
permitir que a cultura na qual fomos criados limite
Cristo ou nos impeça de experimentá-Lo. Antes de
receber Cristo todos precisam de uma cultura. Mas
depois de recebê-Lo devemos viver de acordo com
Ele, e não de acordo com as nossas culturas. Não
pense que as culturas são desnecessárias. Elas
preservam, regulam e aperfeiçoam as pessoas. Mas
depois de Cristo ter entrado em nós, devemos
começar a viver por Ele em nossa experiência. O
problema é que Cristo é limitado pela cultura dos
homens.
Vimos que a intenção de Deus é trabalhar Cristo
nos Seus escolhidos. Deus usa as diversas culturas
para preservar as pessoas até que elas recebam
Cristo. Antes de as crianças receberem Cristo, elas
precisam ser educadas segundo uma cultura e sob a
lei. Nunca diga às crianças que elas não precisam de
uma cultura. Pelo contrário, ensine-as a honrar os
pais, amar os outros e partilhar as coisas com os
outros. Mais tarde, quando atingirem certa
maturidade, decidirão receber Cristo. Então
precisamos ajudá-las a crescer em Cristo e com
Cristo. Pouco a pouco podemos ajudá-las a se voltar
de suas culturas para Cristo. Por fim, em vez de viver
segundo uma cultura, elas viverão segundo Cristo.
Jovens, não proclamem que deixaram a cultura a que
pertencem; testifiquem que receberam Cristo e agora
vivem, cultivam e geram Cristo.
Em sua sutileza, Satanás usará coisas boas até
mesmo coisas dadas por Deus, para impedir-nos de
experimentar Cristo. Até mesmo a Bíblia tem sido
usada por Satanás para impedir as pessoas de
desfrutar Cristo. Entretanto, nada afasta mais as
pessoas de Cristo do que a cultura em que vivem; ela é
um obstáculo, principalmente para os cristãos que de
fato amam o Senhor. De fato, quanto mais O
amamos, mais nossas culturas nos impedirão de
experimentá-Lo.
Consideremos como ilustração o caso de Pedra.
Embora fosse um pescador, ele era familiarizado com
a teologia judaica. Um dia ele recebeu a inspiração
para dizer que o Senhor Jesus era o Cristo, o Filho do
Deus vivo. O Senhor disse que Pedro recebera essa
revelação do Pai no céu. Então Ele passou a falar
sobre a edificação da igreja e sobre a cruz (Mt 16:18,
24). No livro de Atos, vemos que Pedro foi usado pelo
Senhor para estabelecer a primeira igreja, a igreja em
Jerusalém. Embora tenha sido usado pelo Senhor
dessa forma, ele ainda era limitado pela cultura
judaica. Isso é provado pela sua experiência em Atos
10. Quando Pedro estava orando, sua experiência do
Espírito foi limitada pelos conceitos culturais acerca
dos gentios. Ele achava que o desfrute de Cristo se
restringia aos judeus. Sendo um judeu típico, ele
considerava os gentios imundos. Sua atitude para
com eles era um produto da cultura judaica. Embora
Pedro fosse um com o Senhor, sua experiência de
Cristo estava confinada pela cultura. Então, em Atos
10, ele teve a visão de um grande lençol “contendo
toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do
céu” (v. 12). Quando uma voz lhe disse “Levanta-te,
Pedro. Mata e come”, ele respondeu “De modo
nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma
comum e imunda” (vs. 13-14). Essa visão lhe apareceu
três vezes. Enquanto Pedra ponderava sobre o que
essa visão poderia significar, alguns gentios chegaram
ao lugar onde ele estava e perguntaram por ele. A
intenção de Deus era expandir o desfrute de Cristo
para incluir os gentios. Para essa expansão da
experiência de Cristo havia a necessidade de Pedro
deixar de lado seu passado cultural.

AS CULTURAS SUBSTITUÍDAS POR CRISTO


Contudo, não devemos esforçar-nos para
abandonar a cultura em que vivemos sem tal visão de
Cristo. Mas, tão logo a visão venha, precisamos pôr de
lado nosso passado cultural e não permitir que
substitua Cristo ou O restrinja. Quando Cristo entra,
as nossas culturas, costumes e tradições, devem sair.
Mas não devemos tentar abandonar as nossas
culturas sem obter Cristo. Na verdade, nossa
preocupação não é com a cultura a que pertencemos;
é com a experiência de Cristo. O ponto que
ressaltamos é que, já que recebemos Cristo, não
devemos permitir que as nossas culturas se tornem
um substituto Dele. Em Cristo temos a liberdade de
pôr de lado as nossas culturas, a fim de expandir a
capacidade de desfrutar o Senhor. Todo o espaço em
nós deve ser cedido a Cristo. Se toda a nossa
capacidade interior for disponibilizada para Ele,
espontaneamente nossas culturas serão substituídas
por Cristo. Contudo, é terrível abandonar nossas
culturas separadamente de Cristo. Mas quando Cristo
vem, devemos dizer ao Senhor que queremos que Ele
possua e ocupe todo o espaço em nosso interior.
Nossas culturas são um grande obstáculo para a
experiência de Cristo. Em Sua restauração o Senhor
certamente nos tem visitado. O que mais nos impede
de desfrutá-Lo não é o pecado ou o mundanismo, e,
sim, a cultura em que vivemos. Inconsciente e
subconscientemente, ela nos impede de experimentar
Cristo. Muitos irmãos desejam há anos experimentar
mais de Cristo. Todavia, a experiência que têm Dele
não se expandiu. O fator que limita a expansão do
desfrute de Cristo é a cultura em que vivem.
Espontaneamente, a cultura em nós nos afasta da
verdadeira experiência de Cristo. Nas reuniões,
podemos declarar que Cristo é nossa vida e a vida da
igreja é gloriosa. Mas quando voltamos para casa,
automaticamente vivemos de acordo com as nossas
culturas, e não de acordo com Cristo. Nesse caso, o
princípio governante da nossa vida em casa não é
Cristo, e, sim, as nossas culturas. Nas reuniões todos
podemos ser iguais quando compartilhamos os
mesmos louvores e aspirações, mas fora das reuniões
somos diferentes nos conceitos culturais e
comportamento. Podemos fazer certas coisas ou
deixar de fazê-las segundo a influência da cultura em
que vivemos. Por isso, nosso viver é regulado e
governado não por Cristo, mas pela cultura. Os
chineses vivem segundo a cultura chinesa, e os
americanos segundo a cultura americana.
Suponha que certo irmão tenha problemas com a
mulher.
Desesperado, ele ora ao Senhor e pergunta-Lhe
como pode tornar-se o tipo de marido descrito em
Efésios 5. Outro irmão pode tentar encorajá-lo a
tomar Cristo como sua vida e pessoa. Entretanto, o
primeiro irmão talvez deva admitir que, embora
tenha ouvido muitas mensagens sobre viver por
Cristo, ele simplesmente não sabe tomar Cristo como
sua vida e pessoa. Isso indica que por anos a fio esse
irmão tem colocado Cristo de lado e tem vivido de
acordo com sua cultura. Em épocas de tribulação, ele
é forçado a aproximar-se do Senhor. Mas pouco
depois ele, espontaneamente, retorna à sua cultura.
O princípio é o mesmo com todos nós. Temos
ouvido mensagens sobre Cristo como nossa vida e
pessoa. Entretanto, na vida diária vivemos de acordo
com as nossas culturas. Quando cantamos e
louvamos o Senhor nas reuniões da igreja podemos
amoldar-nos à atmosfera das reuniões. Mas em casa
vivemos segundo as nossas culturas. Por esse motivo,
temos forte encargo da parte do Senhor para que
todos os santos na restauração do Senhor aprendam,
de forma prática, a tomar Cristo como sua vida e
pessoa para substituir a cultura em que vivem. Digo
mais uma vez, o ponto não é abandonar as nossas
culturas; é tomar Cristo como nossa vida e pessoa a
fim de substituir as nossas culturas cada dia, cada
hora e até mesmo cada instante. Se fizermos isso, de
fato viveremos por Cristo e não pela cultura em que
vivemos.

VIVER SEGUNDO UMA CULTURA EM VEZ


DE CRISTO
Talvez você se pergunte qual é a diferença entre
viver de acordo com uma cultura e viver de acordo
com Cristo. Na igreja temos pessoas de vários
passados culturais. De acordo com sua cultura,
alguns são abertos, francos e rápidos. Eles raramente
ocultam algo. Contudo, falta-lhes paciência. Outros,
com passado diferente, são reservados e discretos. É
muito difícil dizer o que se passa dentro deles ou
como se sentem em relação às coisas. Outros, com
outro passado cultural, podem ser pessoas
virtualmente sem expressão. Você não consegue dizer
se estão contentes ou descontentes com você. Mesmo
depois que essas pessoas provenientes de culturas
diferentes são salvas e começam a buscar o Senhor,
elas ainda retêm as características culturais e até
mesmo as introduzem na vida da igreja. O problema é
que na igreja todos vivem muito mais segundo os
padrões culturais do que segundo Cristo. Amam o
Senhor Jesus, mas ainda vivem pela sua cultura.
Independentemente do passado cultural, eles não
cedem a Cristo muito espaço em seu interior. Por
isso, a vida diária da igreja é ocupada pela cultura em
vez de Cristo. Temos forte encargo a esse respeito.
Precisamos perguntar-nos onde Cristo está em nossa
vida da igreja diária e prática.
Em Colossos, o problema não era o pecado, como
em Corinto, nem a lei e o judaísmo, como na Galácia.
O problema em Colossos eram as culturas. Certos
aspectos das culturas, incluindo filosofia, tradição e
os princípios rudimentares do mundo, haviam sido
trabalhados nos santos e substituíam Cristo no viver
diário. Em Colossos, as culturas haviam-se tornado
um substituto de Cristo; Ele não tinha espaço
adequado no viver diário dos cristãos. Portanto,
Paulo escreveu a Epístola aos Colossenses para lidar
com esse problema.

UMA VISÃO DA TODO-INCLUSIVIDADE DE


CRISTO
Creio que chegou a hora de dar mensagens sobre
Cristo versus as culturas. É vital que todos tenhamos
uma visão acerca da todo-inclusividade de Cristo. Ele
deve tornar-se tudo para nós no viver diário. O Cristo
que é a expressão de Deus e o mistério da economia
divina agora vive em nós, e não é um Cristo limitado,
pequeno. Ele é a imagem do Deus invisível, a
corporificação da plenitude de Deus e o ponto central
da economia divina. Tal Cristo agora habita em nós e
aguarda a oportunidade de Se expandir por todo o
nosso ser. Precisamos viver por Ele cada momento.
Não devemos dar nenhuma área do nosso viver à
cultura humana; todo o espaço em nós deve ser
cedido ao Cristo todo-inclusivo que habita em nós
para ser nossa esperança da glória. Se tivermos tal
visão do Cristo todo-inclusivo que habita em nós,
espontaneamente abandonaremos nossas culturas.
Antes Cristo era substituído pelas diversas culturas;
mas uma vez que tenhamos essa visão, nossas
culturas serão substituídas por Cristo.
O Cristo que é a imagem de Deus é o mistério da
economia divina e o mistério do próprio Deus. Como
a corporificação de Deus, Ele é a realidade de todas as
coisas positivas no universo. Essas palavras
maravilhosas, todavia, são um idioma estrangeiro
para a maioria dos cristãos de hoje.
Não devemos ser enganados por palavras
persuasivas nem enredados pelas filosofias, tradições
ou culturas dos homens. Devemos importar-nos
somente com Cristo. Ele deve ocupar-nos,
possuir-nos e controlar-nos. Em nosso ser interior
não deve haver lugar para filosofias ou os princípios
rudimentares do mundo. Cada parte do nosso interior
deve ser ocupado por Cristo e com Cristo. Para nós,
Cristo é o verdadeiro Deus, o verdadeiro alimento,
bebida, veste e sábado. Ele é a realidade de todas as
coisas positivas. Portanto, não devemos dar lugar em
nosso ser para coisa alguma além de Cristo.

NÃO SER PRIVADOS DO PRÊMIO


Em 2:18 Paulo nos adverte a não deixarmos
ninguém nos privar do nosso prêmio (BJ). Nosso
prêmio é o desfrute pleno de Cristo. Mesmo aqueles
dentre nós que estão na restauração do Senhor há
muitos anos não têm o pleno desfrute de Cristo.
Fomos privados disso. Contudo, por ter a visão do
Cristo todo-inclusivo, somos trazidos de volta ao
prêmio. Se tivermos essa visão, ninguém será capaz
de nos privar do pleno desfrute de Cristo. Quando
temos esse desfrute, percebemos que Cristo é nossa
realidade. Uma estrofe de um hino sobre a
experiência de Cristo como realidade expressa isso
desta maneira: “Cristo, o Senhor e nosso Deus real, /
Cristo, a nossa vida e luz reais; / Real bebida e comida
é, / A nossa veste e poder veraz” (Hino 233, do
hinário Hinos, publicado por esta Editora). Já que
Cristo é tal realidade para nós, devemos viver por Ele,
não pelas nossas culturas.

CRISTO, NOSSA VIDA E O ELEMENTO


CONSTITUINTE DO NOVO HOMEM
Em 3:3-4 vemos que Cristo, o ponto central da
economia de Deus e a realidade de todas as coisas
positivas, é nossa vida. Nossa vida está oculta com
Cristo em Deus. Isso quer dizer que hoje vivemos em
Deus. Como nossa vida, Cristo é o elemento
constituinte do novo homem, por isso no novo
homem não 'há espaço para gregos e judeus,
americanos e chineses, circuncisão e incircuncisão,
escravos e livres. No novo homem, o Cristo que é
nossa vida é tudo em todos. Esse é o Cristo
todo-inclusivo que Se contrapõe às culturas.
Espero que essa visão crie um profundo desejo
em nós. Precisamos orar: “Senhor Jesus, quero ser
controlado, ocupado e possuído por Ti. Quero
ceder-Te todo lugar disponível em mim e todo espaço
em meu ser. Não quero ser limitado ou impedido em
minha experiência de Ti. Quero desfrutar-Te sem
limites, restrições ou confinamento. Quero ter
somente a Ti, e não uma cultura. Quero viver por Ti,
não por uma cultura”.

VIVER CRISTO
Não há necessidade de decidir, na mente, viver
determinado tipo de vida cristã. Cristo hoje é o
Espírito todo-inclusivo que dá vida em nós. Esse
Espírito é o Deus Triúno processado que habita em
nós. Não devemos tentar, por nós mesmos, ser
amáveis, bondosos ou gentis. Fazer isso não é viver
Cristo. Em vez de decidir, na mente, praticar certas
coisas, devemos simplesmente viver pelo Cristo que é
agora o Espírito que dá vida em nosso espírito.
Devemos dizer-Lhe: “Senhor, não sei o que é ser
amável, humilde ou bondoso. Senhor, só me importo
em viver-Te”. Quando um irmão é tentado a discutir
com a mulher, deve dizer: “Senhor, Tu tencionas
discutir com minha esposa? Se Tu fazes isso, então
serei um Contigo nisso”. No mesmo princípio,
quando você está prestes a falar com os filhos, precisa
dizer ao Senhor que, nessa questão específica, você
quer viver por Ele e ser um com Ele enquanto Ele fala
com eles. Isso é viver Cristo. Decidir, na mente, agir
de determinada forma não tem valor algum;
simplesmente não funciona. O que precisamos fazer é
somente viver Cristo.

PERSEVERAR EM ORAÇÃO
Em 4:2 Paulo nos diz que perseveremos em
oração. Sua intenção não é que abandonemos as
necessidades práticas da vida e simplesmente nos
entreguemos à oração. Ele quer dizer que devemos
orar a fim de viver Cristo em tudo o que fazemos
diariamente. Como já dissemos, devemos orar
quando estamos prestes a falar com o cônjuge ou
filhos. Em tal oração, podemos dizer: “Senhor, sou
um Contigo e Tu és um comigo. Senhor, vou falar com
meus filhos; assume a liderança nessa questão!” Isso
é perseverar em oração, orar incessantemente.
Na verdade, viver Cristo é questão de orar. Se
quisermos viver por Cristo, precisamos orar. Se
tenciona fazer compras, pergunte ao Senhor se Ele se
agrada em ir com você. Quando for comprar um
artigo, pergunte ao Senhor se Ele está contente com
essa compra. Mesmo nos menores detalhes
precisamos perguntar ao Senhor. Fazer isso é
perseverar em oração e, desse modo, viver Cristo. A
maneira de viver Cristo é orar a Ele o dia inteiro.
Se vivermos Cristo dessa forma, Ele terá muito
espaço na vida da igreja. Então teremos uma vida da
igreja fora das culturas. Não importa qual seja o
passado cultural, viveremos segundo Cristo, não
segundo as culturas. Cristãos provenientes de
diferentes culturas serão os mesmos, não em cultura,
mas em viver Cristo. Essa é a vida adequada da igreja,
a vida do Corpo onde Cristo é expresso. Em tal vida
autêntica da igreja, somos cheios, permeados e
saturados de Cristo. Não há pecado, mundanismo,
ego, carne ou cultura. Não há nada senão Cristo, o
Cristo todo-inclusivo que se contrapõe às culturas.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM TRINTA E SETE

CRISTO EM VÓS

Leitura Bíblica: Cl 1:27; Jo 14:17, 20, 23; 15:4-5; Rm


6:3; 8:9-11; 1Co 1:30; 6:17; 2Co 13:5; 2Tm 4:22a
A economia de Deus é infundir em nosso ser uma
Pessoa maravilhosa: o Cristo todo-inclusivo, a
realidade de todas as coisas positivas no universo.
Cristo é o Primogênito de toda a criação. Ele é tanto
Deus como homem, pois Aquele que era o Deus
eterno encarnou-se em determinado momento.
Assim, Cristo é o verdadeiro Deus e o verdadeiro
homem. Ele possui todos os atributos divinos e
virtudes humanas. Ele é a realidade do amor, vida,
luz, graça, humildade, paciência, poder, misericórdia,
sabedoria, justiça e santidade.

CRISTO PARA NOSSO DESFRUTE E


EXPERIÊNCIA
Cristo tem muito a ver com a criação.
Colossenses 1:16 diz: “Pois, nele, foram criadas todas
as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as
invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi criado por
meio dele e para ele”. Além disso, 1:17b diz: “Nele,
tudo subsiste”. Assim como os raios de uma roda
subsistem no eixo, toda a criação subsiste em Cristo.
Primeiro a obra da criação foi completada;
depois Cristo tornou-se um homem, o primeiro passo
do longo processo pelo qual Ele passou. Como
homem, Ele viveu na terra por trinta e três anos e
meio. Como é maravilhoso o Deus infinito ter vivido
na casa de um carpinteiro num vilarejo! Deus foi
confinado e limitado dessa forma. Depois de passar
pelo viver humano com seus sofrimentos, provas e
tentações, Cristo foi crucificado. Sua morte foi
maravilhosa, todo-inclusiva. Após Seu sepultamento,
Ele deu um passeio pela região da morte e saiu em
ressurreição. Depois disso, Cristo subiu aos céus,
onde foi entronizado, coroado e feito Senhor e Cabeça
de tudo.
Em ressurreição, Cristo tornou-se o Espírito que
dá vida (1Co 15:45b). Tudo por que Ele passou, tudo o
que Ele é, e realizou, obteve e atingiu são os
ingredientes que hoje fazem parte Dele como o
Espírito todo-inclusivo. Ele desceu sobre o Seu
Corpo, a igreja, no dia de Pentecostes como esse
Espírito todo-inclusivo. Nesse Espírito temos Deus, o
homem, a encarnação, o viver humano, a redenção, a
eficácia da morte de Cristo, o poder da Sua
ressurreição, a vida de ressurreição, a ascensão, a
entronização, o encabeçamento e o senhorio. Esse é o
Cristo todo-inclusivo que Deus deseja trabalhar em
nós para o cumprimento da Sua economia. Essa
dispensação do Cristo todo-inclusivo a nós visa ao
propósito e ao plano eterno de Deus. Esse é nosso
Cristo, a quem amamos e desfrutamos.
A Bíblia revela 'que Deus é triúno: o Pai, o Filho e
o Espírito. Se a lermos cuidadosamente, veremos que
o Pai está no Filho (Jo 14:10) e o Filho é até mesmo
chamado de Pai (Is 9:6). Quem viu o Filho viu
também o Pai. Além disso, o Filho tornou-se o
Espírito da realidade. Isso indica que o Filho torna-se
real como o Espírito. Quando o Deus Triúno nos
alcança, Ele é o Espírito todo-inclusivo. Nosso Cristo
é tal Espírito para nossa experiência e desfrute hoje.

EM CRISTO
Primeira Coríntios 1:30 nos diz que somos de
Deus em Cristo Jesus. Antes, por nascimento,
estávamos em Adão. Mas Deus Pai nos transferiu de
Adão para Cristo. Quando cremos no Senhor Jesus e
invocamos o Seu nome, fomos transferidos de Adão
para Cristo. Esse é o motivo de, após crermos em
Cristo, termos sido batizados. Nas palavras de
Romanos 6:3, fomos batizados em Cristo Jesus.

CRISTO VIVE EM NÓS


Embora seja maravilhoso e glorioso o fato de
agora estarmos em Cristo, isso é no entanto apenas
uma questão de posição. Essa posição de fato nos dá o
direito e o privilégio de participar de tudo o que
Cristo é. Mas, juntamente com esse direito e
privilégio, precisamos experimentar Cristo vivendo
em nós. Agora que estamos em Cristo, Ele quer viver
em nós. Não se trata de posição, mas de experiência e
desfrute. Estarmos em Cristo é questão de posição;
Cristo estar em nós é questão de experiência e
desfrute. Quanto O desfrutamos depende de quanto
Ele vive em nós.
Se não estivéssemos em Cristo, Ele não poderia
estar em nós. Conforme o Novo Testamento, Cristo
estar em nós baseia-se em estarmos Nele. Em João
15:4 o Senhor Jesus disse: “Permanecei em Mim, e Eu
permanecerei em vós”. Se permanecermos em Cristo,
Ele permanecerá em nós. Mais uma vez vemos que
estar em Cristo é questão de posição, ao passo que ter
Cristo em nós é questão de experiência e desfrute.
Meu encargo nesta mensagem não é dizer-lhes que
estamos em Cristo; é enfatizar que Cristo está em nós.
Apenas saber que estamos em Cristo não nos dá a
experiência ou o desfrute de Cristo. Contudo, essa
posição nos dá o direito e, o privilégio de reivindicar
tal desfrute e experiência. Devemos ter confiança ao
dizer que estamos total, absoluta e completamente
em Cristo. A respeito de nossa posição em Cristo,
podemos ter certeza de que estamos completamente
Nele. Por exemplo, todo cidadão americano é total,
completa e absolutamente um cidadão. Sua cidadania
não é parcial ou condicional. Todavia, o quanto ele
desfruta os Estados Unidos depende do quanto ele
absorveu dos Estados Unidos. Ele está nos Estados
Unidos, mas quanto dos Estados Unidos está nele?
Uma pessoa de outro país pode tornar-se cidadão
americano naturalizado; dessa maneira é totalmente
um americano por cidadania. Contudo, ainda pode
ter muito do seu país de origem. Isso indica que,
embora esteja nos Estados Unidos, muito pouco dos
Estados Unidos penetrou nele. Interiormente ele
ainda ama muitas coisas do seu país original. No
mesmo princípio, nós estamos absolutamente em
Cristo, mas Ele está em nós só relativa e
condicionalmente. Na verdade, segundo a
experiência, não temos muito de Cristo em nós. Ainda
estamos muito ocupados e possuídos pela cultura em
que vivemos. Embora estejamos na vida da igreja na
restauração do Senhor há anos, ainda há espaço para
muito mais da igreja estar em nós. O mesmo se aplica
a Cristo. Embora estejamos em Cristo há muito
tempo, na experiência ainda não temos muito Dele
em nós.
OCUPADOS PELAS NOSSAS CULTURAS
Precisamos de uma clara compreensão do que
significa dizer que Cristo se contrapõe às nossas
culturas. Embora Cristo esteja em nós, somos
ocupados mais pela cultura em que vivemos do que
por Ele. Estamos cheios de muitas coisas que não são
Cristo. Essas coisas incluem gostos e aversões,
preferências e escolhas, e pecado e mundanismo.
Quanto mais Cristo como graça é ministrado a nós,
mais as coisas que nos ocupam são eliminadas.
Entretanto, embora muitas coisas pecaminosas e
mundanas sejam facilmente descartadas, a cultura
ainda permanece, não importando quanta graça
tenha sido ministrada ao nosso ser.
Qualquer coisa que esteja em nós além do
próprio Cristo atrapalha-nos de experimentá-Lo e
desfrutá-Lo de fato. Isso se aplica especialmente aos
costumes e tradições culturais. Nos anos que temos
estado na vida da igreja, muitas coisas foram
eliminadas de nós à medida que a graça nos foi
acrescentada. Contudo, algo permanece em nós de
forma muito sutil: a cultura a que pertencemos.
É difícil discernir a cultura em que vivemos e
condená-la. Por não reconhecê-la pelo que ela é, não
a discernimos com facilidade. Embora condenemos
os elementos pecaminosos e mundanos em nós,
provavelmente não condenamos a cultura em que
vivemos. Ela pode ser muito forte, mas podemos não
ter consciência disso. Talvez até achemos que não
estamos debaixo da influência de nenhuma cultura.
Contudo, toda pessoa viva tem uma cultura. Se você
está vivo e já não é bebê, tem uma cultura.

CULTURA AUTOFABRICADA E CULTURA


HERDADA
Não só temos a cultura do país, mas também a
que nós mesmos criamos. Inconsciente e
subconscientemente todos temos algum tipo de
cultura criada por nós mesmos. Essa cultura é
constituída não só de certas práticas pelas quais
vivemos diariamente; ela também se torna o padrão
do nosso viver. Sempre que temos tal padrão,
estamos sob a influência da nossa cultura. Uma
cultura não se refere meramente a coisas como a
maneira de comer; em particular, envolve
determinados padrões. Temos em nós um quadro
mental do tipo de pessoa que achamos que
deveríamos ser. Essa é a cultura criada por nós
mesmos, o padrão que temos para o viver diário.
Quando chamou Abraão, Deus não lhe deu um
mapa; a presença do Senhor era o mapa vivo de
Abraão. A maioria dos cristãos de hoje, entretanto,
prefere ter algum tipo de “mapa” para dirigi-los dia a
dia. Esse “mapa” é desenhado inconscientemente
segundo os padrões que têm para o seu viver.
Diariamente eles “dirigem” de acordo com esse
“mapa”. Sempre que temos tal “mapa”,
automaticamente colocamos o Senhor de lado, pois
Ele é substituído pelos nossos padrões. Visto que
temos padrões que nós próprios criamos para a vida
cristã, não há necessidade de buscar o Senhor,
contatá-Lo ou confiar Nele. Antes, vivemos segundo
os nossos padrões. Alguns podem afirmar que oram
ao Senhor todos os dias e Lhe pedem ajuda. Sim,
podem orar ao Senhor por auxílio, mas o tipo de
auxílio que querem é o que os capacita a satisfazer
seus padrões. Isso é bem diferente de pedir ao Senhor
que nos oriente de acordo com Ele próprio. Em vez
disso, temos padrões, e então pedimos ao Senhor que
nos ajude a atingi-los. Isso é o que significa viver
conforme a cultura autofabricada.
Junto com a cultura autofabricada, temos a
cultura que acumulamos inconscientemente
mediante a influência do ambiente e do passado.
Desde a infância muitos foram treinados para ser
honestos, humildes, gentis e amáveis. Tal cultura é
parte do seu ser, e eles espontaneamente vivem por
ela. Essas pessoas podem amar o Senhor e estar na
vida da igreja. Contudo, em vez de viver Cristo, vivem
pela cultura deles. Podemos viver pela cultura que
herdamos ou pela cultura que nós mesmos criamos.
Em ambos os casos, nosso ser é ocupado e possuído
por uma cultura, e não por Cristo.
Visto que achamos boa a cultura em que
vivemos, não a condenamos. Quem condenaria o
padrão que tem de uma boa vida conjugal? Em vez de
condenar nossa cultura, nós a valorizamos e
apreciamos. Damos muito valor às coisas boas que
herdamos. Espontaneamente vivemos pela nossa
cultura. Embora a graça que nos tem sido ministrada
na vida da igreja faça com que muitas coisas sejam
eliminadas de nós, nossa cultura ainda permanece.
Satanás, o sutil, usa-a para nos impedir de desfrutar
Cristo e experimentá-Lo. Agora que Cristo entrou em
nós e vive em nós, precisamos tomar a iniciativa de
condenar a cultura herdada ou criada por nós
mesmos, que nos impede de experimentar Cristo.
Devemos condená-la tanto quanto condenamos as
coisas pecaminosas e mundanas. Pelo fato de nossa
cultura ser parte da nossa constituição, precisamos
que a luz celestial brilhe sobre nós para expô-la. Sob
tal luz diremos: “Satanás, eu condeno sua sutileza.
Antes de Cristo entrar em mim eu precisava viver por
uma cultura. Agora preciso viver por Cristo. Por isso,
odeio a cultura em que vivo e a condeno, pois ela me
impede de desfrutar Cristo”.

VIVER PELO ESPÍRITO MESCLADO


É crucial ver que Deus não quer nada senão
Cristo. Se tivermos essa visão, deixaremos de lado
nosso padrão e aspiraremos ser um com o Senhor no
espírito cada momento. O Cristo todo-inclusivo está
agora em nosso espírito. Primeira Coríntios 6:17 nos
diz que aquele que se une ao Senhor é um espírito
com Ele. Em 2 Timóteo 4:22 Paulo diz: “O Senhor
seja com o teu espírito”. Nosso padrão não deve ser a
cultura que herdamos ou que nós mesmos
inventamos; antes, deve ser a unidade com o Senhor
em nosso espírito. Não tente ser um bom cônjuge;
simplesmente seja um espírito com o Senhor. Então
você viverá Cristo porque Ele na verdade viverá em
você.
Deus nos pôs em Cristo. Se enxergarmos que a
cultura em que vivemos nos impede de experimentar
o Cristo que habita em nós, perceberemos que, como
o Espírito todo-inclusivo que dá vida, o Senhor habita
em nosso espírito e somos um espírito com Ele.
Precisamos viver por esse espírito mesclado como o
padrão. Se permitirmos que Cristo viva em nós dia
após dia, espontaneamente viveremos por Ele. Dessa
forma Ele substituirá nossa cultura.

CRISTO, E NÃO PADRÕES CULTURAIS


O problema dos colossenses era que muitos
foram iludidos e afastados de Cristo, sendo atraídos
pela filosofia e observâncias religiosas. Eles adotaram
essa filosofia e observâncias como padrão e viviam de
acordo com isso. Esse padrão os impedia de desfrutar
Cristo e experimentá-Lo. Esse foi o motivo de Paulo
tê-los exortado a não permitir que ninguém os
privasse do prêmio (2:18).
O princípio é o mesmo hoje. O inimigo em nós é
sutil. Temos determinados padrões, sejam herdados
ou autofabricados. Por serem bons, não os
condenamos. Entretanto, esses bons padrões não são
o próprio Cristo. Deus não deseja algo bom produzido
por nós; Ele deseja Cristo e apenas Cristo. Aos olhos
de Deus, somente Cristo tem valor. Sua intenção é
trabalhar Cristo em nós para que tenhamos o pleno
desfrute Dele. Quando Cristo tem o caminho livre em
nós para se tornar nosso desfrute e experiência,
nossos padrões culturais serão eliminados.
Chegou a hora de todos nas igrejas ouvirem essa
mensagem, terem essa visão e condenarem os
padrões culturais. Então perceberemos que o que
Deus quer é Cristo, e Cristo hoje é o Espírito que dá
vida mesclado com o nosso espírito. Em vez de viver
de acordo com um padrão, devemos simplesmente
viver pelo Cristo que habita em nosso espírito.
Enquanto vivemos no espírito, devemos permitir que
Cristo tenha livre caminho em todo o nosso ser. Então
nós O desfrutaremos, experimentaremos e seremos
libertos dos padrões culturais.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM TRINTA E OITO

CRISTO VIVE EM MIM

Leitura Bíblica: Cl 1:27; 3:4; Gl 2:19b; Jo 14:19-20;


15:4-5
Embora seja um livro curto, Colossenses contém
muitas coisas misteriosas. A linha de pensamento
dessa Epístola é profunda. Por esse motivo, os
capítulos um e dois são difíceis de memorizar e
recitar.
Ao ler o capítulo um, precisamos prestar muita
atenção à terminologia de Paulo. No versículo 12 ele
diz que o Pai nos qualificou para participarmos da
“herança dos santos na luz”. De que modo o Pai nos
qualificou para isso? De acordo com 1:13, Ele fez isso
libertando-nos da autoridade das trevas e
transferindo-nos para o reino do Filho do Seu amor.
Em 1:15 Paulo diz ainda que Cristo é a imagem
do Deus invisível, o Primogênito de toda a criação. De
acordo com os versículos 16 e 17, todas as coisas
foram criadas Nele, por meio Dele e para Ele, e tudo
subsiste Nele. Além disso, sendo o Primogênito
dentre os mortos, Ele é a Cabeça do Corpo, da igreja
(v. 18). No versículo 19, Paulo nos diz que toda a
plenitude agradou-se em habitar Nele. A palavra
“plenitude” aqui denota uma pessoa viva, e não uma
coisa, pois uma substância ou coisa impessoal não
pode ter prazer em algo. Essa plenitude agradou-se
em habitar no Cristo todo-inclusivo, que reconciliou
Consigo mesmo todas as coisas (v. 20).
A ECONOMIA DE DEUS
Começando com o versículo 24, Paulo passa a
falar da economia de Deus. Que é a economia de
Deus? Podemos ter sido cristãos por anos sem saber o
que é a economia de Deus, ou sem nem mesmo
pedir-Lhe que a revele para nós. A economia divina
está relacionada com a dispensação de Deus ao nosso
ser; entretanto, ela envolve muito mais. A palavra
grega para economia, oikonomia, implica o conceito
de arranjo ou administração. Portanto, a economia de
Deus é um arranjo administrativo. Em alguns
lugares, como 1:25, a palavra grega é melhor
traduzida por “mordomado”. A economia de Deus é
Seu arranjo administrativo, Seu mordomado, para
dispensar Suas riquezas ao nosso ser. Assim como
famílias ricas têm um arranjo para distribuir as
riquezas da família aos membros, Deus também tem
um arranjo em Sua economia para dispensar Suas
riquezas aos Seus filhos. Louvado seja o Senhor por
sermos membros da casa de Deus! A economia de
Deus é dispensar as insondáveis riquezas de Cristo a
todos os escolhidos de Deus, para que eles se tornem
Seus filhos e membros da família divina universal.
Como filhos de Deus estamos sob Seu arranjo
administrativo, pelo qual Ele Se dispensa ao nosso
ser.

O OBJETIVO DA DISPENSAÇÃO DE DEUS


O objetivo da dispensação de Deus ao nosso
interior é o único novo homem. A consumação
suprema do novo homem será a Nova Jerusalém.
Hoje o novo homem é uma miniatura da Nova
Jerusalém eterna. A diferença não está na natureza
ou essência, mas apenas no tamanho ou grau. Hoje
desfrutamos o novo homem como o resultado da
economia de Deus. Mas na eternidade desfrutaremos
a Nova Jerusalém como o resultado supremo da
dispensação de Deus ao nosso ser. É necessário que
todos na restauração do Senhor conheçamos a
economia de Deus dessa maneira.

O CRESCIMENTO DE VIDA
Meu encargo nesta mensagem é enfatizar que o
cumprimento da economia de Deus não depende do
nosso esforço; depende do crescimento de vida. O
ponto central da economia de Deus não é o que
fazemos; é a vida crescendo. Portanto, é crucial ver o
que significa crescer e como crescer. Deus não precisa
das nossas obras. Qualquer coisa que façamos em nós
mesmos não significa nada. Todavia, Deus quer que
cresçamos.
Para que algo cresça, precisa ter vida. Uma mesa
não pode crescer, porque não tem vida. Entretanto,
uma planta cresce porque está repleta de vida. Por
exemplo, minha esposa plantou um tomateiro no
quintal. Fico maravilhado ao ver o quanto essa planta
cresceu e quantos tomates produziu. Cresceu tanto
que foi preciso colocar estacas para apoiá-la e
direcionar seu crescimento. Houve necessidade de
uma economia para cuidar do tomateiro.
Gostaria de lembrá-lo que, após criar o homem,
Deus o pôs num jardim, um lugar de crescimento. Ele
não o colocou numa escola, onde seria educado, ou
numa fábrica, onde fabricaria coisas, e, sim, num
jardim, onde a vida consegue crescer. Nossa
necessidade hoje na igreja é crescimento, e para
crescer precisamos ter vida.
A REVELAÇÃO MAIS ELEVADA DE CRISTO
Agora chegamos a um ponto crucial: Que é a
nossa vida? Provavelmente todos responderíamos
dizendo que é Cristo. Que é Cristo, então? A vida que
cresce na igreja e é necessária para o crescimento da
igreja. é Cristo. Mas que é esse Cristo? A resposta é
encontrada em Colossenses. De acordo com esse
livro, Cristo é a plenitude de Deus, a imagem do Deus
invisível, o Primogênito de toda a criação, o
Primogênito dentre os mortos, Aquele em quem toda
a plenitude agradou-se em habitar, o mistério da
economia de Deus, o mistério de Deus, a realidade de
todas as coisas positivas e o elemento constituinte do
novo homem. Por anos temos ressaltado que Cristo é
vida, mas talvez não tenhamos prestado a devida
atenção ao que Cristo é. Em resumo, o Cristo que é
nossa vida é tudo, a realidade de todas as coisas
positivas no universo. Essa é a revelação no livro de
Colossenses.
Colossenses contém a mais elevada revelação de
Cristo no Novo Testamento. Nenhum outro livro nos
diz que Cristo é o Primogênito de toda a criação ou o
mistério de Deus. Colossenses revela que Cristo é o
mistério da economia de Deus e o mistério do próprio
Deus. Segundo esse livro, Cristo é tudo para nós.

VIVER POR CRISTO, E NÃO POR UMA


CULTURA
Se enxergarmos que Cristo é tudo,
espontaneamente perceberemos que não somos nada
nem ninguém. Nas palavras de Gálatas 2:19-20,
fomos crucificados com Cristo e Cristo vive em nós.
Ele é paciente, bondoso, amável e cheio de vida.
Entretanto, em vez de viver Cristo, muitos
inconscientemente' lutam para se auto-aperfeiçoar.
Por exemplo, um jovem que está para se casar pode
tomar a decisão na mente de ser o marido ideal. Fazer
isso é viver segundo a cultura que nós mesmos
criamos ou que herdamos. As vezes, nas conferências,
os irmãos podem testificar que depois daquele dia
nunca mais serão os mesmos. Por tal afirmação ser
feita de acordo com a cultura em que vivem, poucos
dias depois da conferência eles são o mesmo que
antes. Como é fácil impor um padrão cultural a nós
mesmos!
A cultura que impomos a nós mesmos é na
verdade uma forma de ascetismo. Suponha que um
irmão ache difícil suportar a mulher, embora ela seja
uma amada irmã no Senhor. Ele faz um voto de que,
custe o que custar, será um bom marido; ele a
suportará, mesmo que tenha de ranger os dentes. Isso
é viver segundo o ascetismo. Toda vez que tomamos a
decisão de nos aperfeiçoar ou ser diferentes, vivemos
segundo uma cultura, e não segundo Cristo.
A intenção de Deus é dispensar Cristo ao nosso
ser para Ele ser nossa vida e tudo para nós. Deus quer
que Cristo seja nossa justiça, santidade, humildade e
paciência. Já que Cristo é tudo, não há necessidade de
decidirmos fazer algo ou ser algo. Pelo contrário,
basta-nos voltar ao Senhor e dizer: “Senhor, eu Te
agradeço, Tu és minha vida e meu tudo. Tu és o
verdadeiro Deus e o verdadeiro homem. Quando
preciso de amor, Tu és amor. Quando preciso de
humildade, Tu, Senhor, és humildade. Tudo o que
preciso, Tu és”.
Deus não quer que tentemos ser bons cônjuges,
pais ou filhos. Ele só quer uma pessoa: Cristo.
Contudo, não devemos pregar isso aos filhos
prematuramente; devemos primeiro pregar a nós
mesmos, dizendo a nós próprios que Deus não quer
nosso auto-aperfeiçoamento, mas somente Cristo. Ele
dispensou Cristo a nós para ser nossa vida e tudo a
nós, a fim de O vivermos e Ele habitarem nós. Não há
necessidade de nos esforçarmos para ser amáveis.
Nosso amor é limitado. Mas Cristo é amor, amor
ilimitado, e Ele vive em nós.

DAR LUGAR PARA CRISTO EM NOSSO


INTERIOR
Precisamos enxergar a visão celestial de que, em
Sua economia, Deus não quer nada exceto Cristo.
Cristo é maravilhoso. Sendo Deus e homem, Ele
passou pela encarnação, viver humano, crucificação,
ressurreição, ascensão e entronização. Tudo o que
Cristo é e tudo o que obteve e atingiu foi incluído no
Espírito todo-inclusivo. Agora, como o Espírito
todo-inclusivo que dá vida, Ele vive em nós. Que
tolice é não ceder todo o espaço em nosso viver para
Ele! Embora O amemos, podemos ainda limitá-Lo e
restringi-Lo pelos esforços de ser bons cônjuges
cristãos. Em nós mesmos ainda tentamos ser
humildes, pacientes, bondosos e amáveis. Enquanto
fizermos isso, não haverá maneira de Cristo viver em
nós.
Em João 14, o Senhor Jesus falou de Sua morte e
ressurreição. Falando da experiência dos discípulos
depois de Sua ressurreição, Ele diz no versículo 19:
“Porque Eu vivo, vós também vivereis”. Foi depois da
ressurreição que o Senhor pôde viver nos discípulos e
estes puderam viver por Ele, de acordo com Gálatas
2:20.
Cristo deseja viver em nós. Quando Ele vive em
nós, nós vivemos por Ele. Mas onde estão os cristãos
de hoje que dão a Cristo total liberdade para viver
neles? Pouquíssimos fazem isso. Até mesmo nós, na
restauração do Senhor, não damos a Cristo espaço
suficiente para viver em nós. Em vez disso, tentamos
ser humildes e amáveis. Tentamos ser bons cônjuges,
bons irmãos. Dessa forma, o espaço em nós é
ocupado por nós mesmos e pelo esforço próprio.
Embora falhemos em nossos esforços, nós nos
arrependemos, oramos, pedimos a purificação do
Senhor e tentamos novamente. Podemos até dar
boas-vindas à, oportunidade de um novo início
proporcionada por um novo dia, semana, mês ou ano,
para que tentemos novamente ser cristãos
adequados. Podemos consolar-nos no fim do dia com
a idéia de que na manhã seguinte teremos nova
oportunidade de tentar outra vez. Podemos fazer a
mesma coisa no fim de uma semana, mês ou ano.
Principalmente no fim do ano e no início de um novo
ano, podemos prometer a nós mesmos ter um novo
início. Podemos limpar totalmente o passado,
lamentar as deficiências, arrepender-nos dos erros,
pedir perdão ao Senhor pelas falhas, e então tentar
ter um novo início. Podemos dizer: “O que passou
passou. Com um novo ano posso ter novo início”.
Entretanto, logo descobrimos que nossos melhores
esforços ainda resultam em fracasso.
Por todos termos essa tendência, tenho o encargo
de que vejamos que Deus não quer que tentemos ser
cristãos adequados; Ele só quer que vivamos Cristo.
Devemos esquecer-nos de tentar ser um bom
cônjuge; devemos importar-nos somente em viver
Cristo. Que O amemos, contatemos e sejamos um
com Ele. Como Cristo é próximo e acessível! Ele está
em nós e é um espírito conosco, aguardando a
oportunidade de viver em nós. Se quisermos dar-Lhe
espaço para isso, devemos cessar todos os esforços.
Em vez de pedir ao Senhor que nos ajude em nossos
esforços, devemos orar: “Senhor Jesus, não consigo
fazer nada sem Ti. Como tenho sido tolo, tentando
tanto! Agora, Senhor, tenho a visão de que não
consigo fazer nada sem Ti. Agradeço-Te porque
habitas em mim. Peço-Te que operes no meu interior.
Louvo-Te por seres minha vida e por aguardares a
oportunidade de viver em mim. Agradeço-Te por eu
estar em Ti. Agora estou disposto a ceder-Te todo o
espaço para fazeres tudo e seres tudo em mim”. É
esse o significado de Cristo viver em nós.
Depois de orar ao Senhor dessa forma, devemos
voltar-nos para Satanás e dizer-lhe que não nos tente
mais a fazer algo fora de Cristo. Diga-lhe: “Satanás,
não me tente mais dessa forma. Eu lhe asseguro que
não posso fazer nada fora de Cristo. Não tente
levar-me a fazer algo”.

A NECESSIDADE DE TER A VISÃO


Nas reuniões da igreja Rodemos gostar de
cantar: “Cristo vive em mim, Cristo vive em mim”.
Todavia, quando acaba a reunião somos nós que
vivemos, e não Cristo. Em vez de Cristo viver em nós,
nosso interior está ocupado com nós próprios. Mas se
tivermos a visão de Cristo viver em nós, cessaremos
todas as ações. Que bênção é não fazer nada e deixar
Cristo viver em nós! O Senhor não quer que tentemos
aperfeiçoar nosso comportamento. Ele não quer que
tentemos ser bons cônjuges. A vida cristã é Cristo
vivendo em nós. Em tal vida, nós e Cristo temos uma
só vida e um só viver. Ele vive em nosso viver. Oh!
precisamos desesperadamente ter essa visão!
Precisamos orar: “Senhor, mostra-me a visão de que
Deus quer somente uma Pessoa. Ele quer que Cristo
viva em mim”. Essa visão espontaneamente porá fim
a todos os nossos esforços e ações. Ela nos fará voltar
das tentativas para o Cristo que habita em nós.

CRISTO, NOSSO ÚNICO PADRÃO E


PRINCÍPIO
Quando cessarmos as ações próprias, já não
teremos nenhum padrão ou princípio fora de Cristo;
Ele será nossos padrões e princípios. Por exemplo,
em vez de termos um padrão que determina o que é
um bom cônjuge, teremos Cristo como padrão. Do
mesmo modo, em vez de termos padrões de bondade,
humildade e amor, nosso único padrão será Cristo.
Quando se tomar nosso único padrão e princípio, Ele
terá total liberdade para viver em nós. Então nós O
desfrutaremos e experimentaremos.

DEIXAR CRISTO VIVER EM NÓS


Colossenses revela que Deus deseja Cristo e
somente Cristo. Nessa Epístola, Paulo salienta que
Deus não quer coisa alguma da cultura humana. Ele
não deseja filosofia, religião, ordenanças,
observâncias ou qualquer tipo de ismo. Deus deseja
somente o Cristo maravilhoso, preeminente,
todo-inclusivo, que é tudo em todos. Embora Cristo
seja todo-inclusivo, Ele habita em nós como nossa
vida. Habitando em nosso interior, Ele aguarda a
oportunidade de viver em nós. Ele é vivo, real, prático
e disponível. Por um lado, no trono Ele é o Senhor de
tudo; por outro, Ele é o Espírito que dá vida em nós.
Tanto na vida cristã como na vida da igreja, Cristo é
tudo.
Se virmos isso, cessaremos todas as ações
próprias. Deus não quer que façamos tanto na vida da
igreja; Ele apenas deseja que Cristo viva e cresça em
nós. Se eu tiver a visão de Gálatas 2:20, que não mais
eu, mas Cristo vive em mim, nunca mais acharei que
posso fazer algo. Espontaneamente cessarei todas as
tentativas, pois perceberei que não sou nada nem
ninguém, e Cristo é tudo. Como Aquele que habita em
nós para ser nossa vida, Ele é tudo para nós. Ele é
nossa santidade, poder e sabedoria. Mas Ele precisa
que Lhe demos a oportunidade de ser tudo em nós. Se
Lhe dermos espaço, Ele virá para ser tudo e fazer
tudo. Isso é o que significa deixar Cristo viver em nós.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM TRINTA E NOVE

VIVER CRISTO

Leitura Bíblica: Cl 2:13; 3:4; Jo 6:57; 14:19; 15:4-5


Quando estava na terra, o Senhor Jesus não vivia
pela Sua vida humana. Embora, como homem, fosse
completo e perfeito com Sua vida, Ele viveu pela vida
do Pai, e não pela Sua vida humana. Como a vida do
Pai é divina e eterna, o Senhor Jesus viveu pela vida
divina. Ele e o Pai tinham uma só vida e um só viver.
O Filho vivia pela vida do Pai porque a Sua intenção
era expressar o Pai. Por ser a imagem, a expressão do
Pai, e por viver pelo Pai, o Filho expressa o Pai de
forma plena. O Filho vive, mas o Pai é expresso.
Em João 6:57 o Senhor Jesus disse claramente
que o Pai que vive O enviara e Ele vivia por causa do
Pai. O Pai enviou o Filho, e o Filho viveu na terra por
meio do Pai, por causa do Pai ou pelo Pai. Prefiro
dizer simplesmente que o Filho vivia o Pai, pois o Pai
era a vida do Filho.
A Bíblia revela que o Filho é uma semente
reproduzi da nos que crêem Nele. De acordo com
João 12:24, o grão de trigo, que é um só, precisa cair
na terra e morrer a fim de produzir muitos grãos em
ressurreição. Quando o Senhor Jesus estava na terra
Ele vivia a vida do Pai. Agora, depois da ressurreição,
Ele tornou-se nossa vida. Ele quer que vivamos Sua
vida, e não a nossa vida natural. Como indivíduos,
todos temos a nossa vida. Mas em Sua economia Deus
não tenciona que vivamos a vida natural; Ele deseja
que vivamos Cristo. Assim como Cristo viveu o Pai,
nós devemos viver Cristo.

A CULTURA HUMANA VERSUS CRISTO


Já ressaltamos que Cristo se contrapõe às nossas
culturas. A cultura que nós próprios criamos e nos
impomos, bem como a cultura que herdamos, podem
ser excelentes, mas não são o próprio Cristo. Assim,
elas tomam-se um obstáculo em nossa experiência de
Cristo, em nosso desfrute Dele e em nosso viver por
Ele. Para ver isso claramente, precisamos de uma
visão celestial. Se tentarmos abandonar a cultura em
que vivemos sem enxergar que Cristo é nossa vida e
tudo para nós, só conseguiremos trocar um tipo de
cultura por outro. Ser primitivo também é ter uma
cultura. Os que são civilizados têm uma cultura, e os
incivilizados também, embora muito diferente. Se
percebermos isso, veremos que não adianta decidir
abandonar nossa cultura. Fora de Cristo, tudo o que
somos e fazemos está de alguma forma relacionado
com cultura. Todo ser humano tem uma cultura; ela
pode ser refinada ou rude, elevada ou inferior, mas
mesmo assim é uma cultura. Na época em que
Colossenses foi escrito, os gregos tinham sua cultura,
e os judeus também. Por milhares de anos, toda raça
e nacionalidade têm desenvolvido sua cultura. O
ponto crucial é que todo tipo de cultura se contrapõe
a Cristo, e Ele se contrapõe a todo tipo de cultura.
Qualquer cultura, não importa de que tipo seja,
contrapõe-se a Cristo. Fora Dele, todo produto e
desenvolvimento humano são parte da cultura.

A INTENÇÃO DE DEUS EM SUA ECONOMIA


Não devemos tentar, por nós mesmos, fazer coisa
alguma em relação à cultura em que vivemos. O
importante é que tenhamos a visão da economia de
Deus, que é trabalhar a Pessoa viva, todo-inclusiva de
Cristo, em nós. Conforme a revelação de Colossenses,
Cristo é a herança dos santos, o Primogênito de toda a
criação, a imagem do Deus invisível, a Cabeça do
Corpo, o Primogênito dentre os mortos, Aquele em
quem toda a plenitude se agrada em habitar, o
mistério da economia de Deus, o mistério de Deus, a
realidade de todas as coisas positivas e o elemento
constituinte do novo homem. Cristo é tudo: Ele é
vida, luz, poder, força, vigor, justiça, santidade,
bondade e todos os outros atributos divinos e virtudes
humanas. Por ser tudo para nós, Ele é todo-inclusivo.
A intenção de Deus em Sua economia é trabalhar esse
Cristo todo-inclusivo em nós. Como o Todo-inclusivo,
Ele tem as mais elevadas realizações. Ele subiu aos
céus e foi exaltado à mais alta posição no universo.
Ele está agora assentado à direita de Deus. Ele foi
entronizado e se tornou Senhor e Cabeça de tudo.
Além disso, obteve tudo, pois todas as coisas se
tornaram Suas. É essa Pessoa, com tudo o que atingiu
e obteve, que Deus deseja trabalhar em nós. Você
realmente crê que tal Pessoa viva todo-inclusiva foi
trabalhada em você? Duvido que a maioria dos
cristãos, inclusive os que estão na restauração do
Senhor, creia de fato nisso.

A NECESSIDADE DE CRISTO SER NOSSA


VIDA
O Cristo todo-inclusivo deve ser nossa vida (3:4).
Se Ele não se tornar nossa vida, tudo o que Ele é,
atingiu e obteve, permanece objetivo; Ele é Ele e nós
somos nós. Nesse caso, Ele não tem nada a ver
conosco de forma prática, nem nós com Ele. Por isso,
na experiência diária, Cristo deve ser nossa vida.
Entretanto, podemos ter o conhecimento bíblico
doutrinário de que Cristo é nossa vida, sem no
entanto viver por Ele na prática dia após. dia. Em vez
de viver por Cristo, vivemos a maior parte do tempo
pela vida natural.
Todos devemos admitir que amamos a nossa
vida, a vida humana natural. Podemos afirmar que a
odiamos, mas na verdade nós a amamos muito.
Mesmo que você testifique de seu ódio pela vida
natural, no íntimo você ainda a aprecia e a considera
melhor que a dos outros. Por exemplo, no íntimo,
uma irmã pode sentir que sua vida é melhor que a do
marido. É claro, um irmão terá sentimentos
semelhantes em relação à mulher. Todos somos
iguais em ter alta consideração pela vida natural.

REFINAR A VIDA NATURAL


Além de apreciar a vida natural, todos temos o
hábito de usá-la, isto é, de viver de acordo com ela.
Por anos, nós nos acostumamos a viver por ela. Além
do mais, nós nos temos esforçado para refiná-la. Pela
educação que recebemos em casa, a vida natural foi
um pouco refinada. E foi refinada ainda mais pelos
estudos e religião. Temos de admitir que ela foi
refinada até mesmo por participarmos na igreja local.
Quem está na igreja há muitos anos é de fato muito
mais refinado do que era antes de entrar na vida da
igreja. Algumas das pessoas mais refinadas deste país
podem ser encontradas na vida da igreja. Contudo,
em vez de realizar tal obra de refinamento, a igreja
deve aniquilar e sepultar a vida natural. No entanto,
muitos não foram sepultados pela igreja; foram
refinados. Antes de vir para a vida da igreja, você
pode ter sido como cobre bruto, sem brilho. Mas
agora que foi refinado pela vida da igreja, tornou-se
cobre brilhante, polido. Embora pareça com ouro,
cobre polido não é ouro. De modo semelhante,
embora seja refinada e polida, a vida natural não é
Cristo. Nas igrejas há muito cobre refinado e muito
pouco ouro. Há vida natural demais e pouco de
Cristo.
Os pregadores freqüenternente dão às pessoas o
tipo errado de conselho. São como médicos que
prescrevem o remédio errado. Nos primeiros anos de
meu ministério, eu dizia aos que estavam para se
casar que precisavam ser equilibrados e subjugados.
Dizia-lhes que o Senhor usaria o cônjuge e os filhos
para subjugá-los. Lamento ter dado esse tipo de
ensinamento, pois ele leva ao refinamento da vida
natural, e não a viver por Cristo. No início do meu
ministério eu não conseguia discernir claramente o
ouro do cobre refinado e polido. Agora vejo que, não
importa o quanto seja refinado e polido, cobre não se
torna ouro. No mesmo princípio, refinar a vida
natural não a transforma em Cristo. O que Deus
deseja é que vivamos Cristo. Ele não tenciona
meramente refinar a vida humana.
Quando não vivemos Cristo, vivemos de acordo
com nossa filosofia. Quando dizia aos santos que na
vida conjugal eles precisavam ser equilibrados e
subjugados, eu lhes ministrava filosofia, e não as
riquezas de Cristo. Minha filosofia na época era uma
mistura da Bíblia e de ensinamentos éticos segundo
os quais eu fora criado. Assim, o que compartilhei
com os santos acerca da vida conjugal foi cultura
humana, e não Cristo. Em alguns aspectos, minha
filosofia era muito boa. Eu podia defendê-la usando
os versículos do Novo Testamento que exortam a
mulher a se submeter ao marido e o marido a amar a
mulher. Parecia-me que, em alguns aspectos, minha
filosofia era melhor que a de Confúcio. Confúcio
nunca ensinou que a mulher deve ser equilibrada pelo
marido e o marido precisa ser subjugado pelo encargo
da mulher e filhos. Se considerarmos a vida conjugal
fora de Cristo, podemos concordar com essa filosofia.
Entretanto, mesmo que seja correta, essa filosofia não
é Cristo, e só serve para refinar a vida natural.

MINISTRAR CRISTO
Mesmo nós, na vida da igreja, carecemos da visão
celestial acerca do desejo de Deus de que vivamos
Cristo. Pelo fato de a visão não estar clara, temos
gasto muito tempo refinando a vida humana em vez
de viver Cristo. Por isso, tenho o encargo de enfatizar
que a igreja não deve ser um lugar onde é realizada a
obra de refinamento; ela deve ser um lugar onde
Cristo é ministrado. Agora, quando os jovens vêm a
mim para ter comunhão sobre casamento, eu lhes
digo que precisam experimentar Cristo como graça.
Já não lhes digo que precisam ser equilibrados e
subjugados segundo o arranjo soberano de Deus na
vida conjugal. Quero dizer a todos os santos que
nossa única necessidade é Cristo. Cristo vive em nós,
e nós somos um espírito com Ele. Oh! nossa
necessidade hoje é o Cristo que habita no nosso
interior!
Se quisermos desfrutar Cristo e experimentá-Lo,
sendo um espírito com Ele, devemos dar as costas a
todos os padrões, regras, regulamentos e princípios
que inventamos para nós mesmos. Dizer às pessoas
que sejam equilibradas e subjugadas é ter comunhão
segundo um padrão. Hoje não ministro padrões;
simplesmente ministro Cristo. Quero encorajar todos
os santos a não mais estabelecer padrões e
regulamentos, mas continuamente contatar Cristo
como o Espírito que dá vida. Se você for lento, não
tente ser rápido; se for rápido, não tente ser mais
lento. Em vez de tentar equilibrar-se, simplesmente
viva Cristo. Deixe que Cristo seja o seu padrão,
regulamento, princípio e alvo.

PERMANECER NUMA ATMOSFERA DE


ORAÇÃO
Se quisermos experimentar Cristo e vivê-Lo,
precisamos permanecer numa atmosfera ele oração.
Muitos podem testificar que pela oração somos
levados ao espírito, onde somos um com o Senhor e O
tomamos como vida. Essa experiência é tão preciosa
que, quando a e1esfrutamos, não queremos que
acabe. Gostamos de permanecer no espírito e ser um
com o Senhor. Contudo, assim que nosso período ele
oração acaba, na maior parte das vezes voltamos à
maneira natural de viver. Não estamos mais numa
atmosfera de oração. Automaticamente voltamos a
tentar a ser santos, espirituais e vitoriosos. Sempre
que falhamos, arrependemo-nos, confessamos ao
Senhor e decidimos tentar novamente. Essa não é a
maneira de viver a viela cristã. Pelo contrário, o viver
diário deve ser o mesmo da experiência em oração
autêntica. Quando nos colocamos no espírito pela
oração, somos um com o Senhor, desfrutamos Sua
presença e espontaneamente O vivemos. Sem fazer
qualquer esforço, somos santos, espirituais e
vitoriosos. Não temos problemas ou ansiedades.
Creio que todos já tivemos experiências como essa em
oração.
Essas experiências de oração autêntica devem ser
o modelo da experiência diária com o Senhor. Isso
quer dizer que a experiência na vida diária deve ser a
mesma da que temos em oração. Todavia, a maior
parte do tempo vivemos segundo a vida natural, e não
segundo Cristo. Para viver Cristo é necessário
perseverar em oração, orar sem cessar. Precisamos
permanecer na atmosfera de oração, na qual somos
um só espírito com o Senhor. Ele é nossa vida, nós O
vivemos e somos espontaneamente santos, espirituais
e vitoriosos. Não temos a preocupação de nos
controlar. Em vez de padrões, princípios e
regulamentos, temos Cristo, em experiência e prática.
Sempre que estamos em tal atmosfera de oração,
somos um com Cristo, e Ele é nossa vida. Esse é o
significado de viver Cristo.
Os ensinamentos que ministrei há muitos anos
sobre ser equilibrado e subjugado não ministravam
Cristo e não colocavam os santos em contato direto e
vivo com Cristo. Em vez ele refinamento, precisamos
de um viver no qual Cristo é expresso diretamente.
Deus não nos deu santidade, vitória ou
espiritualidade. Ele nos deu Cristo como uma Pessoa
viva e todo-inclusiva. O que Deus deseja é essa
Pessoa, e não virtudes ou atributos. Portanto, nossa
necessidade é contatar essa Pessoa viva em oração.
Então precisamos permanecer na atmosfera de
oração. Se fizermos isso, viveremos Cristo
espontaneamente e seremos libertados da cultura em
que vivemos sem tentar ajustar-nos ou corrigir-nos.
Tudo o que não é Cristo se desvanecerá. Ele será tudo
o que precisamos: vida, luz, graça, consolo, saúde,
força, humildade, paciência, bondade, mansidão.
Quando O possuímos, temos todos os atributos
divinos e virtudes humanas. Além disso, na
experiência, a Bíblia se torna viva e cheia de luz.

CRISTO EXPRESSO DO NOSSO INTERIOR


Meu encargo nessa mensagem é que nossos
olhos sejam abertos e vejamos que o que Deus deseja
é Cristo ser expresso em nós. Sua preocupação não é
que sejamos equilibrados, e, sim, que sejamos um
com Cristo e O vivamos. Deus quer que vivamos
Cristo. Você pode ser jovem; contudo, deve viver
Cristo, e não a vida de um jovem. Ser equilibrado,
subjugado ou refinado não é a maneira de viver
Cristo. A maneira de viver Cristo é, em oração,
contatar Cristo como o Espírito que dá vida no
interior. Quando entramos numa atmosfera de
oração autêntica, vivemos Cristo espontaneamente.
Posso testificar que isso é real e todos podemos
experimentá-la.
A maneira de experienciar o Cristo que habita em
nós é orar de forma autêntica. Não precisamos orar
por emprego ou casa melhor. Esse tipo de oração nos
impede de experimentar Cristo. Precisamos da oração
que nos põe em contato com o Senhor, a oração que
nos faz um com Ele em nosso espírito. Se orarmos
dessa forma, iremos desfrutar Cristo, experimentá-Lo
como nossa vida e vivê-Lo.
Em vez de tentar ser certo tipo de pessoa e viver à
altura de certos padrões e regulamentos, devemos
simplesmente contatar Cristo, ser um com Ele e
vivê-Lo. Nosso alvo deve ser conhecer Cristo e
somente Cristo, e não saber o que devemos fazer ou
aonde devemos ir. Quando desfrutamos o Senhor e O
experimentamos, Ele é nossa vida e nós O vivemos.
Como isso é maravilhoso! Isso é o que Paulo quer
dizer em Filipenses 1:21: “Para mim, o viver é Cristo”.
Para viver Cristo, precisamos orar sem cessar.
Assim que paramos de orar, paramos de vivê-Lo.
Quero salientar outra vez que somente numa
atmosfera de oração é possível viver Cristo. Portanto,
todo aspecto do viver diário deve ser trazido a uma
atmosfera onde nós e Cristo somos realmente um.
Nessa atmosfera Cristo é real, verdadeiro, prático e
até mesmo tocável. É nessa atmosfera que Cristo é
nossa vida prática. Aqui nós O vivemos e desfrutamos
tudo o que Ele é para nós. Esse Cristo é insondável e
ilimitado. Na experiência somos um com Ele, nós O
contatamos e desfrutamos todas as Suas riquezas.
Desse modo, espontaneamente O vivemos.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM QUARENTA

A REVELAÇÃO OBJETIVA, O MINISTÉRIO SUBJETIVO


E A EXPERIÊNCIA

Leitura Bíblica: Cl 1:15-19, 25-29; 2:2b, 6, 9, 18, 23


Embora Colossenses seja um livro curto, a
revelação que contém é mais elevada do que a de
qualquer livro bíblico. A Bíblia pode ser comparada
ao monte Sião, que tem vários picos. O “pico” mais
elevado da Bíblia é Colossenses.

UMA COMPARAÇÃO
Se compararmos Colossenses com o Evangelho
de João, percebemos como é elevada a revelação
dessa Epístola. A maioria de nós aprecia o Evangelho
de João porque é um livro de vida. É também um
livro do mistério da vida. Embora seja misterioso, a
revelação que esse Evangelho contém não pode ser
comparada com a revelação em Colossenses. O
Evangelho de João começa com as palavras “No
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus”. Em 1:18, João prossegue: “Ninguém
jamais viu a Deus; o Filho unigênito, que está no seio
do Pai, esse O deu a conhecer”. Colossenses não nos
diz que o Verbo era Deus, mas fala de Cristo como “a
imagem do Deus invisível” (1:15). As palavras e a
expressão de Paulo aqui são maravilhosas. Então, em
aposição a essa frase, Paulo continua no mesmo
versículo, falando de Cristo como o Primogênito de
toda a criação. Isso indica que Primogénito de toda a
criação é sinônimo de a imagem do Deus invisível e
prova que o Primogênito de toda a criação é a própria
imagem do Deus invisível.
João 1:3 diz: “Todas as coisas foram feitas por
intermédio Dele, e sem Ele nada do que foi feito se
fez”. Compare isso com o que Paulo diz em
Colossenses 1:16-17: “Pois, nele, foram criadas todas
as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as
invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi criado por
meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas.
Nele, tudo subsiste”. É fácil recitar João 1:3, mas é
difícil recitar Colossenses 1:1617, versículos bem mais
complicados. De acordo com Colossenses, o próprio
Cristo que recebemos como nosso Salvador e nossa
vida é a imagem do Deus invisível. Além disso, Aquele
que é a imagem de Deus é o Primogênito de toda a
criação, pois Nele, por meio Dele e para Ele foram
criadas todas as coisas. Além disso, vemos em 1:17
que Cristo é antes de todas as coisas, e que todas as
coisas subsistem juntas Nele. Essas palavras indicam
a preexistência eterna de Cristo e o fato de que todas
as coisas existem por meio de Cristo como o centro
sustentador, assim como os raios de uma roda são
mantidos juntos pelo eixo no centro dela. Tal
revelação, como é dada nesses versículos, ultrapassa
nossa capacidade de compreender plenamente.
Em 1:18 Paulo diz que Cristo é a Cabeça do
Corpo, a igreja, e o princípio, o Primogênito de entre
os mortos. Então, no versículo 19, lemos: “Porque
aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude”
(lit.). A plenitude tem mais de um aspecto. Portanto,
Paulo é cuidadoso ao enfatizar que toda a plenitude, a
plenitude com seus vários aspectos, agradou-se em
habitar em Cristo. Os diferentes aspectos da
plenitude incluem a plenitude no Primogênito de
toda a criação, no fato de Cristo ser antes de todas as
coisas, no fato de a criação ser Nele, por meio Dele e
para Ele, no fato de ser o Primogênito de entre os
mortos e no fato de Ele ser a Cabeça da igreja. Toda
essa plenitude agradou-se em habitar em Cristo e em
reconciliar com Ele todas as coisas. Onde podemos
encontrar uma revelação que se compare a essa?
Em contraste com o Evangelho de João,
Colossenses não usa palavras, expressões e sentenças
simples. As sentenças nessa Epístola são complicadas
e freqüentemente incluem muitas frases e cláusulas.
De fato, todo o trecho de 1:9-20 deve ser considerado
uma só sentença. Isso é muito diferente das
expressões simples no Evangelho de João: “Eu sou o
pão da vida”, “Eu sou a luz”, “Eu sou a porta”.

COMPLETAR A PALAVRA DE DEUS


Em 1:25 vemos que Paulo tornou-se ministro
segundo o mordomado de Deus “para dar pleno
cumprimento à palavra de Deus”. [Dar pleno
cumprimento aqui também pode ser traduzido por
completar.] A palavra de Deus é a revelação divina.
Sem dúvida, Colossenses está incluído na
completação da revelação divina por intermédio de
Paulo. Sem essa Epístola, a revelação divina não seria
completa. A revelação nesse livro é sobremodo
elevada e rica. Essa revelação é muito elevada e a
redação de Paulo em Colossenses é complicada. Por
isso, poucos cristãos têm um entendimento adequado
desse livro. Cremos que agora, no fim desta era, o
Senhor está abrindo esse livro por causa do Seu
propósito.
UMA REVELAÇÃO DE QUEM E DO QUE
CRISTO
É No capítulo um de Colossenses, temos uma
elevada revelação de quem e do que Cristo é. Na
verdade, esse livro revela mais a respeito do que
Cristo é do que quem Ele é. A maioria dos cristãos,
contudo, sabe somente quem Cristo é e tem pouco
conhecimento do que Ele é. Mas se quisermos
conhecer o Cristo todo-inclusivo, precisamos saber o
que Ele é assim como quem Ele é. Em Colossenses 1
vemos que Cristo é a herança dos santos (v. 12), a
imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda a
criação, a Cabeça do Corpo, o princípio, o
Primogênito de entre os mortos, e Aquele em quem
toda a plenitude agradou-se em habitar (lit.). Com
que está relacionada essa plenitude: com o que ou
com quem Cristo é? É difícil dizer. Parece, entretanto,
que Paulo personificou a plenitude. Isso indica que
ele a considerava uma Pessoa, pois ela agradou-se em
habitar em Cristo e em reconciliar com Ele todas as
coisas. Essas são funções de uma Pessoa viva, e não
de uma coisa. Quando consideramos os aspectos de
Cristo revelados no capítulo um, descobrimos que
alguns estão relacionados com quem Cristo é, e
outros, com o que Ele é.

A META DO MINISTÉRIO SUBJETIVO


A revelação de Cristo dada até esse ponto de
Colossenses é totalmente objetiva. Por exemplo,
Cristo é objetivamente a imagem de Deus e o
Primogênito de toda a criação. Entretanto, nos
versículos 24 a 29 temos o mordomado, a economia, a
dispensação, pelas quais o Cristo objetivo é
dispensado ao nosso interior. O Cristo revelado
objetivamente nos versículos 15 a 19 é ministrado
subjetivamente a nós por meio do ministério do
despenseiro de Deus nos versículos 25 a 29. Portanto,
em Colossenses 1 temos a revelação objetiva e o
ministério subjetivo. A meta do ministério subjetivo é
dispensar-nos o Cristo da revelação objetiva. Se
tivéssemos os versículos 15 a 19 sem os versículos 25 a
29, teríamos somente a revelação objetiva, e não o
ministério subjetivo. Precisamos do ministério
subjetivo para ser supridos do Cristo todo-inclusivo
revelado objetivamente.
O ministério subjetivo do Cristo objetivo é a
completação da palavra de Deus. Portanto, a
completação da palavra de Deus não é mera doutrina;
é um ministério. Por meio do ministério subjetivo, o
Cristo objetivo torna-se o próprio Cristo em nós (cf. v.
27). Nos versículos 25 a 29 Cristo não é mais objetivo
apenas, pois é agora o Cristo subjetivo que habita em
nós para ser nossa esperança da glória. Tornou-se
subjetivo porque foi dispensado ao nosso interior por
meio do ministério do despenseiro. Agora o Cristo
objetivo tornou-se o Cristo subjetivo, que vive em
nós.
É fácil falar do Cristo objetivo, mas é difícil
ministrá-Lo aos irmãos para que se torne subjetivo
para eles. Para isso Paulo tinha de labutar,
esforçando-se segundo a operação de Deus que
operava nele em poder (v. 29). Paulo labutava, lutava,
agonizava, para que Cristo fosse ministrado aos
santos e eles O experimentassem. O objetivo de Paulo
em seu labor era “apresentar todo homem perfeito
em Cristo”. Seu alvo era ministrar Cristo aos outros,
para que se tornassem perfeitos e completos
amadurecendo com Cristo no pleno crescimento. Ele
primeiro se esforçou para ministrar Cristo aos santos.
Por esse motivo, em 1:27 ele fala de “Cristo em vós”.
Depois lutou a favor dos santos, a fim de apresentar
“todo homem perfeito em Cristo”. Por um lado, Cristo
tinha de estar nos santos; por outro, os santos tinham
de amadurecer em Cristo. Isso exige muita labuta, e
até luta, segundo a operação divina.
Não é fácil ajudar os santos a experimentar o
Cristo revelado em Colossenses 1. Em 2:1 Paulo falou
da grande luta a favor dos colossenses e laodicenses.
Se quisermos que os outros entrem na experiência do
Cristo todo-inclusivo, também precisamos labutar a
favor deles.
Depois de apresentar a revelação objetiva de
Cristo, Paulo falou da necessidade do ministério
subjetivo de Cristo. Por meio desse ministério, o
Cristo objetivo revelado em 1:1519 é dispensado aos
santos para habitar neles como sua esperança da
glória. Além disso deve haver a labuta, a luta para
apresentar os santos plenamente crescidos em Cristo.
Ministrar Cristo aos outros é difícil, mas
apresentá-los maduros em Cristo é ainda mais. É
crucial que experimentemos Cristo vivendo em nós e
tenhamos a experiência autêntica de nos tornar
plenamente crescidos Nele.

A EXPERIÊNCIA DO CRISTO
TODO-INCLUSIVO
No capítulo um, tocamos na revelação objetiva
de Cristo e no ministério subjetivo de Cristo. Agora,
no capítulo dois, temos outra questão: a experiência
do Cristo objetivo subjetivamente ministrado a nós.
Portanto, temos a revelação objetiva, o ministério
subjetivo e a experiência. Colossenses 2 é dedicado ao
pleno desenvolvimento da experiência do Cristo
todo-inclusivo.

Nossa Necessidade de Ser Felizes de Coração


Em relação a esse desenvolvimento, Paulo diz
que lutava a favor dos santos para que o coração deles
fosse confortado, sendo vinculado um ao outro em
amor. Paulo sabia da importância de ser confortado
no coração e ser contente de coração. Posso testificar
que, se nosso coração não está contente, é muito
difícil experimentar Cristo. Por exemplo, um dia
fiquei descontente com o tratamento que recebi de
certa companhia aérea e a possibilidade de ter de
esperar várias horas por um vôo. Não querendo
permanecer no descontentamento, orei: “Senhor,
faze-me feliz enquanto espero três horas por outro
vôo”. Percebi naquela hora, como também agora, que
é difícil experimentar o Cristo todo-inclusivo se o
coração não está contente. Quando nosso coração
está descontente, na experiência, Cristo parece estar
longe. Se você quiser experimentar o Cristo
todo-inclusivo, não se permita continuar bravo com
seu cônjuge. Você precisa orar para que o Senhor
remova de você todo e qualquer tipo de
descontentamento. Conhecendo a importância de um
coração confortado, Paulo lutava a favor dos santos
para que o coração deles fosse confortado, a fim de
que tivessem o pleno conhecimento do “mistério de
Deus, Cristo”.

Andar, Estar Enraizados e Ser Edificados


Em 2:6-7 encontramos mais a respeito da
experiência de Cristo. O versículo b diz: “Ora, como
recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele”.
Para experimentar Cristo de maneira prática,
precisamos primeiro recebê-Lo e depois andar Nele.
No versículo 7 Paulo continua: “Nele radicados e
edificados e confirmados na fé, tal como fostes
instruídos, crescendo em ações de graças”. Embora
tenhamos sido enraizados em Cristo, precisamos
ainda ser edificados Nele e estabelecidos na fé. Todos
esses pontos, inclusive crescer em ações de graças,
estão relacionados com a experiência.

Filosofia, Tradição e os Rudimentos do


Mundo
O versículo 8 diz: “Cuidado que ninguém vos
venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas,
conforme a tradição dos homens, conforme os
rudimentos do mundo e não segundo Cristo”. Esse
versículo fala de três coisas negativas: filosofia e vãs
sutilezas, tradição, e os rudimentos do mundo. Essas
coisas negativas se contrapõem a Cristo. Precisamos
estar atentos para não ser enredados por tais coisas.
No versículo 9, Paulo explica que em Cristo “habita,
corporalmente, toda a plenitude da Divindade”. Uma
vez que temos tal Cristo, que necessidade há de
filosofia, da tradição dos homens ou dos rudimentos
do mundo?

Humildade, Religião e Ordenanças


Em 2:18 Paulo dá outra advertência: “Ninguém
vos prive do prêmio, com engodo de humildade, de
culto dos anjos, indagando de coisas que viu, inchado
de vão orgulho em sua mente carnal” (BJ). O prêmio
aqui é Cristo como nosso desfrute. Paulo nos adverte
a não permitir que ninguém nos prive do desfrute de
Cristo por meio de coisas como humildade, a melhor
das virtudes humanas, e adoração de anjos, uma
forma refinada de religião.
Nos versículos 20 e 21 Paulo fala de ordenanças.
Aqui ele diz: “Se morrestes com Cristo para os
rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no
mundo, vos sujeitais a ordenanças: não manuseies
isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro”. Como
Paulo enfatiza no versículo 22, essas são coisas que
“com o uso, se destroem”.

A CULTURA HUMANA: UM INIMIGO DA


EXPERIÊNCIA DE CRISTO
Em 2:8, 18 e 20, Paulo menciona diversas
questões: filosofia, tradição, rudimentos do mundo,
humildade, culto de anjos e ordenanças. Na verdade,
tudo isso pode ser resumido numa coisa: a cultura em
que vivemos. Filosofia é um dos mais elevados
produtos da cultura humana. Tradição também está
relacionada com a cultura. Na verdade, a tradição
provém da cultura, e a cultura é corporificada na
tradição. Se não houvesse cultura, não haveria
tradição; e se não houvesse tradição, não poderia
haver cultura. Além disso, os rudimentos do mundo,
que são os princípios elementares dos ensinamentos
básicos, são também aspectos da cultura. A
humildade é uma virtude encontrada entre as pessoas
mais refinadas. Quanto mais refinada e civilizada for
uma pessoa, mais humilde será. Mas quanto mais
rudimentar e bárbara ela for, menos humilde será.
Assim, a humildade está intimamente relacionada
com o refinamento cultural. Além disso, o culto de
anjos é encontrado entre pessoas de uma cultura
avançada. Pessoas com uma cultura primitiva podem
adorar animais, mas as de uma cultura mais
avançada podem adorar anjos. A adoração de anjos é
na verdade uma forma refinada de idolatria, uma
prática encontrada ainda hoje no catolicismo.
Algumas pessoas podem até justificar a adoração de
anjos, argumentando que é melhor que adorar
animais. Por fim, as ordenanças dos homens estão
relacionadas com a cultura a que pertencem.
Ordenanças são regras relacionadas com a maneira
de viver. Por exemplo, os modos à mesa são
ordenanças. Quanto mais civilizada e refinada for
uma pessoa, mais ordenanças terá, e mais dirá: “Não
manuseies isto, não proves aquilo, não toques
aquiloutro”.
Embora a palavra cultura não se encontre em
Colossenses, esse livro na verdade foi escrito para
tratar com a cultura humana, um verdadeiro inimigo
da experiência e desfrute de Cristo. Todas as pessoas
apreciam e valorizam a cultura em que vivem. Por
essa razão, ela é um empecilho para a experiência de
Cristo.
Na seção de Colossenses que trata da experiência
de Cristo, Paulo enumera muitas coisas que
atrapalham essa experiência. Os itens mencionados
em Colossenses são muito diferentes dos que estão
em 1 Coríntios, onde Paulo lida com divisão, ciúmes,
fornicação e processos jurídicos. Em Gálatas Paulo
trata da lei como empecilho para a experiência de
Cristo. Mas em Colossenses ele chega à questão
profundamente escondida e sutil da cultura humana.
Os cristãos condenam a fornicação e as dissenções, e
a maioria percebe que a lei acabou. Mas quem
repudia a cultura em que vive como empecilho para o
desfrute de Cristo? Mesmo entre nós há muito poucos
que condenam suas culturas por esse motivo.
A igreja em Colossos fora invadida por uma
mistura de cultura judaica e grega. Elementos do
gnosticismo e do ascetismo penetraram na vida da
igreja. Gnosticismo e ascetismo são produtos de
culturas altamente desenvolvidas. Os que praticam
ascetismo, isto é, o tratamento severo do corpo, são
geralmente refinados, com forte bagagem cultural.
Precisamos ter em mente que Colossenses foi
escrito não para lidar com o pecado ou a lei, mas com
as culturas. O Cristo nele revelado não pode ser
experimentado a menos que os empecilhos culturais
tenham sido expostos e tratados. Podemos
apegar-nos à cultura a que pertencemos e ainda assim
experimentar o Cristo revelado em outros livros do
Novo Testamento. Mas a experiência do Cristo
todo-inclusivo revelada em Colossenses requer que
repudiemos o empecilho apresentado pela cultura em
que vivemos.
Em Colossenses Paulo primeiro apresenta a
revelação objetiva e depois o ministério subjetivo.
Chegando à experiência de Cristo no capítulo dois, ele
ressalta que o empecilho mais sutil para o desfrute de
Cristo é a cultura a que pertencemos. A respeito da
revelação objetiva de Cristo, Colossenses nos dá a
revelação mais elevada. No mesmo princípio, a
respeito da experiência de Cristo esse livro mostra o
empecilho mais sutil. Que todos sejamos
impressionados com o fato de que, se quisermos ter a
experiência do Cristo todo-inclusivo, precisamos
tratar com a cultura.
VIVER CRISTO
Alguns que vêem a importância de deixar de lado
a cultura a que pertencem podem afirmar que já
fizeram isso. Os irmãos americanos podem afirmar
que abandonaram a cultura americana e os chineses
podem afirmar que renunciaram à cultura chinesa.
Contudo, podem não ter abandonado a cultura
auto-imposta, a cultura que eles mesmos
desenvolveram. Na verdade, abandonando nossa
cultura, podemos simplesmente criar outra: uma
cultura de abandonar culturas. Nesse caso
substituímos a nossa cultura, não por Cristo, mas por
uma cultura sem cultura. O ponto crucial não é
abandonar a nossa cultura, mas viver Cristo. A
questão não é uma cultura versus a outra, mas as
culturas versus Cristo. Precisamos atentar para Cristo
e viver por Ele. Por isso, é importante não tentar
abandonar a cultura negativamente, mas viver Cristo
positivamente.
Os filhos devem ser criados de acordo com
determinados padrões culturais ou serão
desenfreados e indisciplinados. É um sério erro pais
cristãos dizerem aos filhos que não precisam de
nenhuma cultura, que precisam somente desfrutar
Cristo. Os filhos precisam ser criados numa cultura
até que tenham idade suficiente para experimentar
Cristo e viver por Ele. Qualquer pessoa que não tenha
recebido Cristo precisa ter uma cultura para viver
adequadamente. A sociedade de hoje precisa das
culturas dos homens. Quanto mais desenvolvida for a
cultura de um povo, menos ele precisa ser controlado
pela polícia ou pelos tribunais. Desejo deixar
absolutamente claro que não estou dizendo que
devemos abandonar as nossas culturas. Em vez disso,
devemos concentrar-nos em ganhar Cristo. Quanto
mais tivermos de Cristo, menos precisaremos viver
pela cultura.
Na verdade, tudo o que temos fora de Cristo é
algum tipo de cultura. Por exemplo, comer com faca e
garfo é questão cultural e comer com “pauzinhos”,
como os chineses, também é. Todos temos um tipo de
cultura que nós mesmos criamos e nos impomos. Isso
quer dizer que todos temos uma maneira particular
de viver. Você vive segundo a sua maneira, e eu,
segundo a minha. Viver segundo a nossa maneira é
viver segundo a nossa cultura. Como já enfatizamos,
esse é o maior empecilho para o desfrute de Cristo e
seu maior inimigo. Portanto, atentemos mais e mais
para a experiência de Cristo e para viver Cristo de
forma prática cada dia.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM QUARENTA E UM

CULTURA AUTOFABRICADA E AUTO-IMPOSTA COMO


SUBSTITUTO DE CRISTO

Leitura Bíblica: Cl 1:27-29; 2; 2b-4, 6-8, 16-18;


3:10-11

UMA REVELAÇÃO AMPLA DE CRISTO


Colossenses revela Cristo de maneira ampla.
Essa revelação é muito maior do que tudo oque a
maioria dos cristãos viu sobre Cristo. Os cristãos
reconhecem que Cristo é Deus e se tornou homem,
viveu na terra, morreu na cruz pelos nossos pecados
como nosso Redentor, foi sepultado, ressuscitado no
terceiro dia, ascendeu aos céus e foi entronizado
como Senhor e Cabeça de todas as coisas. Cristo
agora é o soberano Senhor dos senhores e Rei dos
reis. Um dia voltará para governar a terra e
estabelecer Seu reino. Muitos livros foram escritos
sobre todos esses tópicos. É claro, tal revelação
genérica de Cristo é verdadeira, mas limitada. Ela não
corresponde à revelação ampla de Cristo encontrada
em Colossenses.
De acordo com a Bíblia, Cristo é vasto, e a
revelação de Cristo também é vasta. Assim como o
universo, Cristo é imensurável. Por esse motivo, a
revelação acerca de Cristo não tem limites. Em
Efésios 3 Paulo fala da largura, comprimento, altura e
profundidade. Cristo é a largura, o comprimento, a
altura e a profundidade do universo. Já que Ele é tão
vasto, como poderíamos contentar-nos com uma
revelação limitada Dele? Seremos insensatos se nos
limitarmos a uma revelação restrita de Cristo.
Certas pessoas me aconselharam a não
ultrapassar a teologia geral do cristianismo de hoje.
Recomendaram-me simplesmente pregar e ensinar
de forma geral. Há mais de trinta anos vi que Cristo é
o Espírito que dá vida e tive o encargo de ministrar
isso aos outros. Alguns amigos íntimos ficaram
ofendidos e começaram a advertir-me com amor e,
mais tarde, a se opor a mim. Alguns admitiam que a
Bíblia revela que Cristo é o Espírito. Não obstarte,
disseram-me que eu não devia ensinar isso, a fim de
evitar ofender outros cristãos. Respondi: “Já que
vocês admitem que a Bíblia revela que Cristo é o
Espírito, por favor, dêem-me a liberdade de ministrar
sobre esse assunto. Vocês podem temer o
cristianismo, mas eu não. Se Martinho Lutero tivesse
mantido uma atitude como a de vocês, como poderia
ter havido a Reforma? A Igreja Católica defendia o
conceito de salvação por obras. Lutero, entretanto,
viu que a salvação não é por obras, e, sim, pela fé. E
ele foi ousado ao declarar isso segundo a Bíblia”.
Não devemos ser restringidos pela visão limitada
de Cristo que muitos cristãos têm. Cristo é
sobremodo vasto e ilimitado. A Bíblia fala até mesmo
das “insondáveis riquezas de Cristo” (Ef 3:8). Embora
as riquezas de Cristo sejam insondáveis, muitos
cristãos O limitam pela teologia e ensinamentos; têm
somente uma compreensão elementar a respeito
Dele. Cristo, o Salvador em quem cremos, não é
limitado. Ele é inesgotável, todo-inclusivo, ilimitado.
Ninguém pode dizer quão vasto Ele é. Já que Ele não
tem limites, a revelação acerca Dele também deve ser
sem limites. Colossenses é crucial nessa questão. Sem
esse livro seria difícil perceber que a revelação de
Cristo é ilimitada e vasta.
Em 1970 levantaram-se alguns opositores em
Hong Kong, que declaravam que o Cristo em quem
cremos é o Criador, mas negavam que também é uma
criatura. Tinham confiança de que estavam certos, e
nos condenavam por dizer que Cristo é tanto o
Criador como o primeiro entre as criaturas.
Perguntei-lhes como Cristo poderia ser um homem se
não fosse uma criatura. O homem não é uma
criatura? Se Cristo não fosse uma criatura, como
poderia ter um corpo de carne e sangue? Como
poderia ter sido pregado na cruz, se Ele fosse somente
o Criador divino e espiritual? É muito perigoso ter
pouco conhecimento. Isso nos impede de enxergar a
revelação ampla de Cristo nas Escrituras. Uma das
razões de Colossenses ter sido escrito foi apresentar
tal revelação ampla de Cristo.

A IGREJA INVADIDA PELA CULTURA


HUMANA
Quando Colossenses foi escrito, a Ásia Menor era
um lugar de mistura cultural. Havia lá uma mistura
das culturas grega e judaica, em particular a filosofia
grega e a religião judaica. Por intermédio do
ministério de Paulo diversas igrejas haviam sido
estabelecidas ali. Era muito difícil para essas igrejas
resistir à invasão da religião judaica e filosofia grega.
A igreja em Colossos era como uma ilha no oceano
das culturas judaica e grega. Por fim, a torrente
cultural penetrou na vida da igreja e a impregnou.
Portanto, a igreja foi permeada de conceitos judaicos
e idéias filosóficas gregas. Em particular, uma forma
de gnosticismo foi introduzida na vida da igreja. De
acordo com o gnosticismo, as coisas materiais são
intrinsecamente malignas. Havia diversos
regulamentos acerca de manusear coisas materiais.
Visto que a igreja em Colossos fora permeada por tais
idéias filosóficas, Cristo foi substituído e os santos
não viviam por Ele; viviam pelos próprios conceitos
filosóficos.

TODAS AS COISAS CRIADAS EM CRISTO


Para confrontar o conceito gnóstico de que a
matéria é maligna, Paulo expôs uma revelação
extremamente ampla de Cristo. Enquanto os
gnósticos afirmavam que as coisas materiais são
inerentemente malignas, Paulo enfatizou que todas as
coisas foram criadas em Cristo, por meio de Cristo e
para Cristo, e agora subsistem Nele. Paulo foi ousado,
e seu ensinamento significava a morte da filosofia
gnóstica. Com ousadia, ele ressaltou que todas as
coisas, incluindo animais e répteis considerados
imundos pelos judeus, foram criadas em Cristo, por
meio de Cristo e para Cristo. Além disso, todas elas
agora subsistem em Cristo. Que choque isso deve ter
sido para a mentalidade judaica, treinada para fazer
distinção entre o limpo e o imundo! Lembre-se da
reação de Pedro à visão que recebeu em Atos 10.
Quando viu o lençol contendo todo tipo de animais
selvagens e répteis, e ouviu a voz que lhe dizia que
matasse e comesse, 'ele respondeu: “De modo
nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma
comum e imunda”. Entretanto, segundo as palavras
de Paulo em Colossenses, todas essas coisas foram
criadas para Cristo e subsistem em Cristo.
Muitos cientistas reconhecem que há no universo
algum poder que mantém unidas todas as coisas. Esse
poder sustentador, que é o eixo, o centro do universo,
é Cristo. Por ser Ele o poder sustentador, todas as
coisas, inclusive serpentes, escorpiões e sapos,
subsistem em Cristo. Sem Cristo, o universo e tudo
nele desmoronaria. Somos sustentados, não pela
terra, mas por Cristo. Nossa existência é mantida por
Cristo, em quem tudo subsiste.

LUGAR SOMENTE PARA CRISTO


Paulo apresentou tal revelação ampla de Cristo a
fim de ajudar os santos a se livrar dos conceitos
culturais. De acordo com Atos 10, aos olhos de Deus
não há diferença entre os animais e répteis limpos e
os imundos. Na relutância em obedecer à voz para
matar e comer, Pedro ainda agia segundo a
preferência cultural. Tais preferências tornam-nos
facciosos e nos impedem de ver o único novo homem,
no qual não há lugar para judeu ou grego, circuncisão
ou incircuncisão, bárbaro ou cita. No novo homem
todo o espaço é para Cristo. Ele é tudo e em todos.
Isso quer dizer que Ele é todas as partes do novo
homem e está em cada parte. O objetivo dessa
revelação ampla de Cristo é que O vivamos. Se O
vivermos, não fará diferença alguma que tipo de
comida nos é servida. Não diríamos, ao visitar
determinados lugares, que por ser cristãos não
podemos comer certas coisas. Tais preferências estão
fora do viver do novo homem.

A PREOCUPAÇÃO DE PAULO COM A


CULTURA HUMANA
Colossenses revela Cristo de forma ampla a fim
de tratar com os conceitos culturais. A cultura em que
vivemos é um substituto oculto e muito sutil de
Cristo. Todos condenamos o pecado, mas não as
culturas. Há pouco tempo, o Senhor me mostrou que,
enquanto 1 Coríntios trata com coisas pecaminosas e
Gálatas trata com a religião e a lei, Colossenses trata
com a cultura humana. Filosofia, tradição e os
rudimentos do mundo são aspectos da cultura. De
modo semelhante, os vários ismos, tais como
ascetismo e gnosticismo, são aspectos da cultura
humana. Então comecei a prestar mais atenção ao
paralelo entre 1 Coríntios 12:12-13, Gálatas 3:27-28, e
Colossenses 3:10-11. Se ler esses versículos
cuidadosamente notará que em 1 Coríntios 12 e
Gálatas 3 não há menção de bárbaros ou citas. Mas
Colossenses 3:11 menciona a circuncisão, a
incircuncisão, os bárbaros e os citas. Isso indica que,
em Colossenses, Paulo trata com os conceitos
culturais dos homens. Os citas eram os mais bárbaros
dentre os povos. De acordo com o comentário de M.
R. Vincent sobre 3:11 em seu livro Word Studies in
the New Testament (Estudo das Palavras no Novo
Testamento), os citas ofereciam sacrifícios humanos,
escalpelavam e às vezes esfolavam os inimigos
mortos, e até mesmo usavam os crânios das vítimas
como copos. Os bárbaros mencionados nesse
versículo incluem todos os que não são gregos nem
judeus. Isso é um forte indício de que, em
Colossenses, Paulo está preocupado com a cultura
humana. Até mesmo a circuncisão e a incircuncisão,
embora relacionadas com a religião, também estão
relacionadas com a cultura.
Poucos cristãos através dos séculos foram
capazes de se aprofundar em Colossenses. Por um
lado, não viram a amplitude da revelação de Cristo
nesse livro. Por outro, não viram que ele foi escrito
para tratar com a cultura humana. É importante
perceber que o substituto principal de Cristo é a
cultura em que vivemos.

VIVER MAIS POR PADRÕES CULTURAIS DO


QUE POR CRISTO
Pela misericórdia e graça do Senhor, nós, na
restauração do Senhor, não nos importamos com os
padrões culturais. Alguns podem achar que estão
livres da cultura em que vivem. Contudo, sem
exceção, todos temos a cultura pessoal e individual,
nós mesmos inventamos e nos impomos. Além disso,
os que estão na vida da igreja há anos podem ter a
cultura das igrejas locais. Depois de vir para a
restauração e começar a se reunir com os santos na
igreja, alguns espontaneamente começam a se
amoldar à vida da igreja. Alguns deixaram de usar
maquiagem ou de ir ao cinema, não por viver Cristo,
mas por se amoldar à vida da igreja. Alguns podem
cortar o cabelo de certa forma pelo mesmo motivo.
Outros podem testificar que praticam certas coisas
porque amam Cristo e a igreja. Entretanto, amar
Cristo é uma coisa; viver Cristo é outra. É possível que
você corte o cabelo porque ama Cristo sem no entanto
viver Cristo nessa questão. Provavelmente,
pouquíssimos santos na restauração do Senhor vão ao
cinema. Por que não vão? Por que amam Cristo e a
igreja ou por que vivem Cristo? Devemos ser capazes
de dizer: “O motivo de eu não ir ao cinema é que vivo
Cristo. Uma vez que Cristo não faz isso, eu também
não. Cristo é minha vida interior e meu viver exterior.
Vivo por Cristo, e não por amoldar-me à vida da
igreja”. Todos devemos ser capazes de declarar que
não temos nenhum regulamento ou conformidade;
temos somente Cristo. Devemos contatá-Lo
incessantemente e viver em unidade com Ele. Ele vive
em nós, e nós, Nele. Dessa forma, nós e Cristo somos
um. Fazemos ou deixamos de fazer certas coisas não
só porque amamos o Senhor, mas porque vivemos
Cristo.
Até mesmo os que amam muito o Senhor e O
buscam vivem muito mais pela sua cultura do que por
Cristo. Se analisar seu viver diário, provavelmente
descobrirá que a maior parte do tempo você vive não
por Cristo, mas pelos padrões culturais. Alguns
podem não orar de modo algum por semanas; mas
por amar Cristo e a igreja, ainda assim vêm às
reuniões. Esse é um viver segundo Cristo? Claro que
não. Tal viver é segundo a cultura humana, talvez até
mesmo a cultura das igrejas locais, mas não segundo
Cristo.
É bem possível que as pessoas mais refinadas e
aprimoradas estejam nas igrejas locais. Muitos se
tornaram bastante refinados ao longo dos anos na
vida da igreja. A vida da igreja é a melhor refinaria
cultural. Não tenho dúvidas de que os melhores
maridos e mulheres estão nas igrejas locais. Muitos
podem testificar que sua vida conjugal recebeu muita
ajuda em seus anos na vida da igreja. Contudo, até
mesmo a boa vida conjugal pode ser devido muito
mais à vida da igreja do que a viver Cristo.
A questão de perder a calma pode ser utilizada
para ilustrar como a vida da igreja pode nos refinar.
Talvez você seja alguém de temperamento explosivo.
Mas depois de estar na igreja há anos, pode achar
muito mais difícil perder a calma. O motivo é que a
atmosfera da igreja não encoraja ninguém a perder a
calma. Assim, você é impedido de perder a calma pela
atmosfera da vida da igreja, e não por viver Cristo.
O Senhor Jesus agora quer confrontar o
empecilho oculto causado pela cultura em que
vivemos. Devemos admitir que não vivemos muito
Cristo. O que mais nos impede de viver Cristo não é o
pecado ou o mundo, mas as virtudes e o viver
humano refinado. O próprio refinamento da vida
humana nos impede de viver Cristo. Dia após dia
vivemos muito mais pelo refinamento do que por
Cristo. O apóstolo Paulo pôde dizer: “Para mim, o
viver é Cristo” (Fp 1:21). Nós, todavia, não podemos
dizer isso enquanto vivemos principalmente pela
nossa cultura, inclusive a cultura da vida da igreja, e
não por Cristo. A cultura da vida da igreja invadiu as
igrejas locais.
Meu propósito ao salientar a cultura na vida da
igreja não é dar base aos dissidentes para criticar a
vida da igreja. Aprecio muito a vida da igreja e posso
testificar que não há melhor lugar para viver Cristo.
Entretanto, nesses dias o Senhor nos está falando
sobre a questão da cultura para que sejamos
libertados da mais elevada cultura humana a fim de
viver Cristo de forma absoluta.

OS CONCEITOS CULTURAIS COMO UM


EMPECILHO PARA A EDIFICAÇÃO
Nesta mensagem tenho o encargo específico de
mostrar que todos nós temos uma cultura
autofabricada e auto-imposta. Essa cultura é um
substituto de Cristo. Provavelmente você não percebe
como ela é forte. Ela nos separa dos outros e nos
impede de ser edificados com eles. Nossa cultura
pode ser como uma cela de aço, onde estamos
confinados. Todos temos tal forte cultura
autofabricada e auto-imposta. Alguns santos podem
ser excelentes e muito preciosos. Entretanto, estão
cheios de uma cultura que eles mesmos criaram. Por
exemplo, um irmão pode ser franco e nem um pouco
político. Essa franqueza, entretanto, pode ser fruto da
cultura que ele mesmo criou, e não de Cristo. Outros
podem ser muito gentis e bondosos; nunca ofendem
ninguém. Isso também pode ser um aspecto da sua
cultura. Todos temos os próprios conceitos culturais.
Se os outros vivem de acordo com os nossos
conceitos, ficamos felizes. Mas se não vivem,
podemos ficar ofendidos.
Um irmão e sua mulher podem ter dificuldade de
viver em unidade porque têm culturas diferentes. O
irmão espera que a mulher viva conforme a cultura
dele, e ela espera que ele viva conforme a dela. Essa
diferença de culturas torna-se fonte de problemas na
vida conjugal. Com mais de cinqüenta anos de
experiência na vida conjugal, posso testificar que o
casal mais feliz é aquele em que nenhum dos dois
espera que o outro viva de acordo com sua cultura.
Mas quando ambos os lados fizerem exigências sobre
o outro, haverá dificuldades. Assim, o problema é que
todos temos nossa cultura, e esperamos que os outros
vivam por ela. Essa cultura autofabricada é um
grande empecilho à experiência de Cristo. O
substituto mais oculto e sutil de Cristo é a cultura em
que vivemos.

CULTURAS E OPINIÕES
No passado falei com freqüência sobre os
problemas causados na vida da igreja, pelas opiniões.
Recentemente ouvi que, em certo lugar, algumas
irmãs se opuseram firmemente ao uso de piano, mas
defenderam com a mesma firmeza o uso de violões.
Tais opiniões provêm da cultura; ela é a fonte da
opinião. Se os conceitos culturais tiverem sido
tratados, não teremos opiniões sobre pianos ou
violões. Só nos importaremos com Cristo. Não ter
opinião significa não ter uma cultura. Se você se
apegar à cultura em que vive, será muito difícil não
ter opiniões. Sua cultura o faz ter opiniões. Sou muito
forte nas opiniões. Contudo, ao longo dos anos, tenho
sido quebrantado pelo Senhor. Agora não me
interessa se temos piano, violão, nenhum dos dois, ou
ambos. Igualmente, não importa que tipo de alimento
os irmãos comem. Entretanto, se tivermos uma
cultura em vez de Cristo, com certeza nos
importaremos muito com esse tipo de coisa. Como
precisamos da salvação do Senhor! O empecilho mais
oculto e sutil para viver Cristo é a cultura em que
vivemos. Essa fortaleza cultural em nós deve ser
demolida pelo Senhor. Então não teremos mais
conceitos culturais, somente Cristo. Em diversas
situações e circunstâncias não teremos mais opiniões
segundo a nossa cultura; iremos importar-nos
somente com Cristo. Se os outros quiserem tocar
piano ou violão, não teremos nenhum sentimento a
esse respeito. Se não usarem nenhum instrumento,
também não teremos nenhum sentimento sobre isso.
Por termos sido resgatados da cultura,
importamo-nos somente com Cristo. e com viver
Cristo.

VIVER CRISTO EM ESPÍRITO


A maneira de ser libertados da cultura
autofabricada e auto-imposta não é deliberadamente
tentar abandoná-la. Se fizermos isso, nossos esforços
para abandoná-la se tornarão outro tipo de cultura,
uma cultura anticultura. Precisamos ver que a
maneira de ser livres das culturas é simplesmente
viver continuamente Cristo no espírito. Todos fomos
constituídos de uma cultura segundo nossa raça,
nacionalidade e até mesmo segundo a vida da igreja.
A vida da igreja agora desempenha importante papel
em nossa cultura. Devemos condenar qualquer
cultura que substitua Cristo. Nossa necessidade é
viver Cristo, viver por essa Pessoa todo-inclusiva em
nosso espírito.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM QUARENTA E DOIS

A EXPERIÊNCIA DE CRISTO

Leitura Bíblica: Cl 1:27-28; 2:6-8, 13, 20, 19; 2:4, 8,


16, 18
Em Colossenses, várias frases ou expressões
importantes referem-se à nossa experiência de Cristo.
Algumas dessas frases são: “Cristo em vós” (1:27),
“perfeito em Cristo” (1:28), “andai nele” (2:6),
“segundo Cristo” (2:8), “vos deu vida juntamente com
ele” (2:13), “morrestes com Cristo” (2:20), “retendo a
cabeça” (2:19), “da qual” (2:19) e “cresce o
crescimento que procede de Deus” (2:19). Essas nove
expressões nos dão o quadro completo da experiência
adequada de Cristo. A esse respeito, precisamos
prestar especial atenção às preposições em, segundo,
com e de. Além disso, seria muito útil ler-orar todos
os versículos relacionados com esses tópicos.
Além de todos esses itens positivos, Paulo dá aos
colossenses alguns itens negativos, em particular
quatro advertências. Em 2:4, ele diz: “Assim digo
para que ninguém vos engane com raciocínios
falazes”. Em 2:8, ele adverte: “Cuidado que ninguém
vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas,
conforme os rudimentos do mundo e não segundo
Cristo”. A terceira advertência está em 2:16, que diz:
“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e
bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábado”. Por
fim, em 2:18, Paulo diz: “Ninguém vos prive do
prêmio, com engodo de humildade, de culto dos
anjos, indagando de coisas que viu, inchado de vão
orgulho em sua mente carnal” (BJ). Repare que em
cada um desses versículos Paulo usa a palavra
“ninguém”. Se quisermos ter a verdadeira experiência
de Cristo, precisamos prestar atenção a todas essas
advertências e ter cuidado para que ninguém nos
engane, enrede, julgue ou prive do prêmio.

APLICAR CRISTO EM NOSSA EXPERIÊNCIA


Em 1:27 Paulo fala de “Cristo em vós, a esperança
da glória”. Você percebe que Cristo está em você? O
Cristo que está em nós é vasto, imensurável e
insondável. Como é maravilhoso tal Cristo habitar em
nós! Precisamos amadurecer em tal Cristo, andar
Nele e ser segundo Ele. Uma vez mortos com Cristo e
vivificados com Ele, devemos tomá-Lo como a
Cabeça, da qual todo o Corpo cresce com o
crescimento de Deus. Todos esses itens indicam que
Cristo está próximo e é acessível e aplicável. Senão,
como poderia Ele estar em nós, e como poderíamos
amadurecer Nele? Se não pudéssemos aplicar Cristo,
não poderíamos andar Nele, ser segundo Ele nem
morrer e ser vivificados juntamente com Ele.
Tampouco poderíamos retê-Lo como a Cabeça, da
qual o Corpo cresce com o crescimento de Deus.
Todos esses itens estão relacionados com a
experiência subjetiva de Cristo. Além disso, eles são
negligenciados ou nem são encontrados entre os
cristãos de hoje, que dão pouca ênfase a andar em
Cristo, ser segundo Ele ou retê-Lo como a Cabeça.

O ESPÍRITO TODO-INCLUSIVO QUE DÁ


VIDA
Se fosse meramente objetivo para nós, Cristo não
poderia estar em nós, e nós não poderíamos ser
maduros Nele. Nenhum outro item positivo da
experiência de Cristo abordado em Colossenses
poderia ser nossa experiência. Quem é capaz de estar
em nós e tornar possível que morramos com Ele,
vivamos Nele e andemos segundo Ele? O único
qualificado para esses nove itens é o Espírito. O termo
o Espírito tem enorme significado. João 7:39 diz:
“Isso, porém, disse Ele com respeito ao Espírito que
haviam de receber os que Nele cressem; pois ainda
não havia o Espírito, porque Jesus não havia sido
ainda glorificado”. Embora o Espírito de Deus já
existisse, o Espírito ainda não era, porque Jesus
ainda não fora glorificado. Nas Epístolas, o termo o
Espírito é usado com freqüência. Ele denota o Deus
Triúno todo-inclusivo processado. Por fim, o Deus
Triúno vem a nós como o Espírito.
Para chegar a nós, o Deus Triúno teve de passar
pelo processo de encarnação, viver humano,
crucificação, ressurreição e ascensão. Pela
encarnação, Deus entrou no homem, e, por trinta e
três anos e meio, o Senhor viveu na terra como um
homem. Jesus, a corporificação do Deus Triúno,
viveu vários anos na casa de um pobre carpinteiro.
Imagine o Deus todo-poderoso e infinito vivendo dia
após dia na casa de um carpinteiro! Mais tarde o
Senhor Jesus foi morto. Mas no terceiro dia, tendo
passado pela morte, conquistando-a e subjugando-a,
Ele saiu da morte e entrou na ressurreição. Mediante
a encarnação, a divindade foi introduzida na
humanidade. Mas pela ressurreição a humanidade foi
introduzida na divindade. Por meio da encarnação
Deus foi introduzido no homem, e por meio da
ressurreição de Cristo, o homem foi introduzido em
Deus. Pela ressurreição de Cristo, o Deus Triúno,
mesclado com o homem, tornou-se o Espírito. Esse
Espírito inclui Deus, a encarnação, a humanidade, o
viver humano, a crucificação e a ressurreição. A
humanidade redimida e elevada está nesse Espírito.
O Espírito todo-inclusivo que dá vida é o Deus Triúno
vindo a nós de maneira definitiva e suprema. Isso é o
Espírito. Além disso, o próprio Cristo hoje é esse
Espírito. Portanto, é fácil Cristo estar em nós, e nós,
Nele. Também é possível que nos tornemos maduros
Nele, andemos Nele e sejamos segundo Ele.

O CRISTO EM NOSSA EXPERIÊNCIA


Por um lado, Cristo está em nós; por outro, nós
estamos Nele. Veja o ar, por exemplo. Estamos no ar
e o ar está em nós. Ambos os fatos são necessários se
quisermos permanecer vivos. Hoje o Deus Triúno
processado como o Espírito todo-inclusivo que dá
vida é nosso ar. Esse ar está em nós e nós estamos
nesse ar; até mesmo andamos nele. Além disso,
podemos ser pessoas segundo esse ar, que crescem
nesse ar com o crescimento de Deus. O Cristo
todo-inclusivo é, portanto, o Cristo que podemos
experimentar. Ele pode estar em nós, e nós podemos
andar Nele. Podemos viver, andar, mover-nos e
existir Nele.

SEGUNDO CRISTO
Em tudo que fazemos devemos ser segundo
Cristo. Não devemos ser segundo a filosofia, ética,
conceitos culturais ou religião. Não devemos de
forma alguma ser segundo o velho homem; devemos,
antes, ser segundo o Deus Triúno processado
todo-inclusivo que dá vida. Isso, contudo, não deve
ser mera doutrina. Por exemplo, um irmão não deve
tratar a esposa segundo a cultura a que ele pertence,
mas segundo Cristo, segundo o Deus Triúno
processado.
Se quisermos viver, comportar-nos e existir
segundo o Deus Triúno processado, todo-inclusivo,
que dá vida, devemos ser como o apóstolo Paulo. Ele
se tornou alguém que não era segundo seus
antepassados, a lei, a tradição, o judaísmo ou o
ensinamento de Gamaliel. Paulo tornou-se alguém
absolutamente segundo o Deus Triúno processado.
Suas epístolas não foram escritas segundo algo além
do Deus Triúno processado, todo-inclusivo, que dá
vida. Como os escritos de Paulo são diferentes dos
escritos cristãos de hoje!
O nosso andar diário deve ser segundo o Deus
Triúno processado. Por exemplo, quando um irmão
corta o cabelo, não deve fazê-lo segundo um padrão
específico, mas segundo o Deus Triúno processado.
Você sabe onde o Deus Triúno processado,
todo-inclusivo, que dá vida, está hoje? Ele está em
nosso espírito. Aí Ele é todo-inclusivo, Aquele que dá
vida. Aí Ele é o Deus Triúno processado. Se vivermos
de acordo com o Deus Triúno processado em nosso
espírito, todo tipo de cultura humana desaparecerá.
Somente o Deus Triúno todo-inclusivo que dá vida
permanecerá. A vida cristã e a vida da igreja não são
segundo conceitos culturais, mas segundo o Deus
Triúno processado. Se vivermos segundo Ele, não
haverá necessidade de tentar abandonar nossas
culturas; elas desaparecerão automaticamente.
Com o Deus Triúno todo-inclusivo que dá vida
temos a experiência de morrer com Cristo e de ser
vivificados juntamente com Ele. Aqui
experimentamos ser membros do Corpo, viver em
unidade com Ele, e tomá-Lo como Aquele do qual
recebemos a provisão para crescer com o crescimento
de Deus. Essa é a vida cristã e a vida da igreja. Essa é
a vida que vence o pecado e nos traz a realidade da
santidade espiritualidade e vitória. Aqui temos tudo o
que precisamos; paciência, humildade, justiça, amor,
bondade, santidade, vida, luz, poder, força, vigor e as
outras coisas positivas. Todos os atributos divinos e
todas as virtudes humanas estão nessa vida. Cristo
como o Deus Triúno processado, todo-inclusivo, que
dá vida, é tudo para nós. Quando temos Cristo e
vivemos segundo Ele, não precisamos de
regulamentos. Temos o Cristo vasto, que na
experiência é tudo para nós.

PALA VRAS DE ADVERTÊNCIA

Não Ser Enganados com Palavras Persuasivas


Chegando agora às advertências de Paulo, vemos
que em 2:4 ele diz que devemos atentar para que
ninguém nos engane com palavras persuasivas
(VRC). Que tragédia e que pena haver entre os
cristãos hoje tantos com ouvidos que comicham! Têm
apetite para ouvir discursos eloqüentes e palavras
persuasivas. Mas se de fato experimentarmos Cristo,
não teremos interesse por tais palavras. Pelo
contrário, mensagens açucaradas nos serão bastante
desagradáveis. Na vida da igreja importamo-nos
somente com Cristo, não com palavras persuasivas.

Não Ser Enredados


Em 2:8 Paulo diz: “Cuidado que ninguém vos
venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas”.
Não devemos permitir que ninguém nos enrede,
leve-nos cativos por meio de filosofia. Não devemos
importar-nos com teoria ou conceitos filosóficos, e,
sim, com o Cristo todo-inclusivo.

Não Ser Julgados pelos Outros


Em 2:16 Paulo nos diz que não devemos deixar
ninguém julgar-nos “por causa de comida e bebida,
ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados”. Se
estivermos repletos do Cristo todo-inclusivo, não
daremos motivo para que os outros nos julguem.
Entretanto, se insistirmos em práticas peculiares ou
específicas, seremos criticados. Se nos ocuparmos
com Cristo e não formos específicos em outras
questões, os outros não terão motivo para nos julgar.
Nas igrejas, todos devemos ser comuns; ninguém
deve ser especial, diferente. Isso quer dizer que não
devemos importar-nos com coisa alguma que
substitua Cristo.
Certo irmão na igreja pode ser muito bom;
contudo, devido à influência da cultura que ele
mesmo criou, ele pode ser também peculiar,
diferente. Se ele de fato andar em Cristo e existir
segundo Cristo, não será peculiar; antes, será comum
e normal. Todos os santos na igreja devem ser
constituídos de Cristo. Se for assim, encontraremos
Cristo quando os contatarmos. Em cada um deles
haverá a expressão de Cristo. Isso é possível somente
quando somos o mesmo quanto a valorizar somente
Cristo e não somos peculiares ou específicos a
respeito de outras coisas.
Muitos santos amam o Senhor Jesus e a igreja,
mas por serem tão peculiares na maneira de ser, é
difícil suportá-los. A vida da igreja é prejudicada e até
mesmo danificada por quem insiste em suas opiniões
peculiares, opiniões segundo a cultura em que vive.
Isso expõe a carência de Cristo.
Tenho certeza de que o que o Senhor nos tem
falado sobre as culturas não é em vão. Creio que Suas
palavras nos introduzirão na experiência de Cristo.
Por fim, todas as peculiaridades desaparecerão, e
somente Cristo permanecerá. Oh! que cresçamos em
Cristo até ser maduros Nele! Que também andemos
Nele, existindo Nele e percebendo que já morremos
com Ele e agora vivemos juntamente com Ele! Que
também sejamos um com a Cabeça, da qual
recebemos o suprimento para ser vinculados e crescer
com o crescimento de Deus. O objetivo de Deus é que
tenhamos tal vida cristã e tal vida da igreja. Creio que
não demorará muito para tal situação maravilhosa
ser expressa na terra.

Não Ser Privados do Prêmio


A última advertência de Paulo é não permitirmos
que ninguém intencionalmente nos prive do prêmio
(BJ). O prêmio é a experiência e o desfrute plenos de
Cristo. Qualquer cultura, religião, opinião ou
ensinamento peculiar podem privar-nos do prêmio.
Devemos permanecer na experiência de Cristo para
ter o pleno desfrute Dele, não nos preocupando com
nenhuma prática religiosa ou ética.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM QUARENTA E TRÊS

SER IDENTIFICADOS COM CRISTO POR MEIO DO


ENXERTO NELE

Leitura Bíblica: Cl 2:11-13, 20; 3:1; 1:27-28; 2:19; Mt


28:19; Gl 3:27; Rm 6:3-5; 11:17; Jo 15:4-5
Em 1:27 Paulo fala de Cristo em nós, e no
versículo seguinte ele fala de apresentar todo homem
maduro em Cristo. Esses versículos indicam que, por
um lado, Cristo está em nós, e, por outro, nós estamos
Nele. De acordo com João 15:4-5, primeiro estamos
em Cristo, depois Cristo está em nós.
As duas expressões, Cristo em nós e nós em
Cristo, implicam um trânsito divino de mão dupla,
que é um mistério universal. Que mistério é estarmos
no Deus Triúno e Ele estar em nós! Podemos dar um
forte testemunho de que entramos no Deus Triúno, e
o Deus Triúno processado, todo-inclusivo, que dá
vida, entrou em nós.

O DEUS PROCESSADO
Alguns cristãos ficam ofendidos quando falamos
do Deus processado. Dizem: “Deus não é eterno,
infinito, todo-poderoso e imutável? Como pode o
Deus eterno, infinito, passar por um processo?” Em
vez de discutir com as pessoas sobre isso, devemos
simplesmente apresentar os fatos na Palavra de Deus.
A Bíblia revela que um dia Deus tornou-se carne.
João 1:14 diz que o Verbo tornou-se carne. Isso não
indica um processo? Se não houvesse um processo na
encarnação, como poderia o Deus eterno, infinito,
ter-se tornado um homem finito? Depois de trinta e
três anos e meio, Ele, que havia passado por um
processo, foi levado à cruz e crucificado. Alguns
podem ficar espantados ao ouvir que Deus foi
crucificado. Entretanto, precisamos lembrar-nos de
que quem foi crucificado era Deus encarnado. Depois
da crucificação, Cristo foi sepultado. Ele então passou
pela morte e ressurgiu. Isso também não foi parte de
um processo? Cristo foi sepultado com um corpo
físico como o nosso. Mas, quando saiu do túmulo em
ressurreição, tinha um corpo espiritual. Seu corpo foi
transfigurado num corpo espiritual. Por certo, isso
indica um processo. Portanto, podemos dizer com
segurança que Deus passou por um processo. Ele foi
processado mediante a encarnação para tornar-se
homem e mediante a ressurreição para tornar-se o
Espírito que dá vida (1Co 15:45).

BATIZADOS NO NOME DO PAI, FILHO E


ESPÍRITO
Deus hoje não é meramente o Criador revelado
em Gênesis 1:1. Ele é o Deus processado, revelado em
Mateus 28:19. Mateus 28:19 é mais complicado que
Gênesis 1:1. Gênesis 1:1 simplesmente diz que no
princípio Deus criou os céus e a terra. Mas Mateus
28:19 nos diz que devemos batizar pessoas “no nome
do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Esse versículo
fala do único nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo. O nome de Deus aqui é Pai-Filho-Espírito.
Devido à limitação da nossa linguagem, podemos ser
forçados a usar o termo “pessoa” ao falar do Pai, Filho
e Espírito, ao nos referir a Eles como as três Pessoas
da Trindade. Contudo, não devemos enfatizar demais
esse termo, para não endossar sem querer a doutrina
do triteísmo, a crença de que o Pai, o Filho e o
Espírito são três Deuses. Não cremos de modo algum
no triteísmo; cremos no único Deus verdadeiro, cujo
nome, de acordo com Mateus 28:19, é
Pai-Filho-Espírito. Esse é o Deus processado em cujo
nome devemos batizar as pessoas.
O verbo “batizar” vem do grego baptizo, que quer
dizer mergulhar ou imergir em água. No batismo,
somos imersos no nome do Pai, Filho e Espírito.
Muitos cristãos discutem sobre o método do batismo
ou sobre o tipo de água usada, mas ainda assim têm
pouca ou nenhuma compreensão da realidade
espiritual simbolizada pela água. Visto que nossa
relação com o Senhor é misteriosa e espiritual, a
Bíblia usa o símbolo físico do batismo para
representar nossa união com o Deus Triúno. Ser
imerso na água do batismo significa que aquele que
creu é introduzido nó nome do Pai, do Filho, e do
Espírito.
O nome em Mateus 28:19 denota a totalidade do
Ser divino. Portanto, o nome equivale à pessoa. Ser
introduzido no nome é ser introduzido na pessoa.
Batizar um cristão no nome do Deus Triúno é
imergi-lo em tudo o que Deus é. Ter o nome é ter a
pessoa. Batizar pessoas no nome do Pai, Filho e
Espírito é imergi-las numa Pessoa maravilhosa. A
água usada no batismo significa a Pessoa maravilhosa
do Deus Triúno. Sempre que batizamos alguém,
devemos dizer-lhe que a água na qual o imergimos
simboliza o Deus Triúno. Quando o imergimos na
água, na verdade, nós o introduzimos no Deus
Triúno.
Mateus 28:19 não nos diz que devemos fazer
discípulos de todas as nações e batizá-los em certo
tipo de água. A Bíblia não especifica que água deve
ser usada. Devemos simplesmente batizar pessoas na
água, o que significa imergi-las no Deus Triúno. Que
diferença faz perceber que no batismo as pessoas são
introduzidas no Deus Triúno!

BA TIZADOS EM CRISTO
Em Gálatas 3:27, Paulo. diz: “Porque todos
quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos
revestistes”. O Cristo em Gálatas 3:27 é igual ao Pai,
Filho e Espírito em Mateus 28:19. Portanto, ser
batizado em Cristo é ser batizado no nome do Pai,
Filho e Espírito.
Há muitos anos alguém tentou discutir comigo
sobre o batismo. Reconhecendo que respeitamos a
Bíblia e batizamos as pessoas em água, ele me
perguntou em que nome nós as batizávamos: no
nome do Pai, Filho, e Espírito, ou de Cristo Jesus, ou
do Senhor Jesus Cristo? Ele também disse que o
nome faz grande diferença. Pedi-lhe que explicasse a
diferença entre Cristo em Gálatas 3:27 e Pai, Filho e
Espírito em Mateus 28:19. Ela respondeu que Cristo é
meramente o Filho. Eu então lhe disse que, em vez de
discutir, deveríamos simplesmente desfrutar o Pai,
Filho, e Espírito, Cristo Jesus e o Senhor Jesus Cristo.
Disse-lhe que Cristo é todo-inclusivo, que não é
somente o Filho, mas também o Pai e o Espírito.
Disse-lhe ainda que podemos batizar uma pessoa no
nome do Pai, Filho, e Espírito; outra pessoa em
Cristo; e ainda outra no Senhor Jesus Cristo ou em
Cristo Jesus. Não há nada de errado em batizar
pessoas dessa forma. Quando comparamos Mateus
28:19 com Gálatas 3:27, vemos que batizar pessoas
em Cristo é batizá-las no Pai, Filho, e Espírito. Não
nos preocupamos em discutir terminologia;
importamo-nos somente com a Pessoa viva, com o
Deus Triúno processado, todo-inclusivo, que
dispensa vida.

BA TIZADOS NA MORTE DE CRISTO


Em Romanos 6:3, Paulo pergunta: “Ou,
porventura, ignorais que nós que fomos batizados em
Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?” Você
alguma vez já se perguntou por que Paulo diz que os
que são batizados em Cristo Jesus são batizados na
Sua morte? Fomos batizados, imersos, em uma
Pessoa viva. Como então podemos ser batizados em
Sua morte? Por que não somos batizados em Sua
ressurreição? Se eu tivesse sido o autor de Romanos
6:3, teria dito que os que são batizados em Cristo são
batizados em Sua ressurreição. Se você tivesse
escolha, não preferiria ser batizado na ressurreição
em vez de na morte? Mas Paulo diz definitivamente
que os que foram batizados em Cristo foram
batizados na Sua morte.
O Cristo ressurreto ainda traz Consigo a eficácia
da Sua morte. Se não fosse assim, não poderíamos ser
batizados em Sua morte ao ser batizados Nele. Ser
batizados em Cristo e em Sua morte indica que Cristo
e Sua morte são um. Veja por exemplo o ato de beber
chá. Ao fazê-la, bebemos tanto chá como água. Uma
vez que a água e o chá são um, a água traz em si o
elemento, a realidade, do chá. De modo semelhante, a
ressurreição de Cristo traz o elemento da Sua morte
eficaz. Assim, ser batizado em Cristo é
espontaneamente ser batizado na Sua morte. É
impossível separar a morte de Cristo do próprio
Cristo. O ser do Cristo ressurreto inclui o elemento da
Sua morte eficaz. A eficácia da morte de Cristo é um
dos ingredientes do Seu ser todo-inclusivo. Ser
batizado em Cristo é ser batizado na Sua morte.
Há enorme diferença entre a morte em Adão e a
de Cristo. Eu abomino a morte em Adão, mas aprecio
a doçura da morte de Cristo. Sua morte é preciosa e
amável, e anelo permanecer tranqüilamente nela.
Como é maravilhoso ser batizado no Cristo
todo-inclusivo e também introduzido na Sua morte!
Nas palavras de um hino escrito por A. B. Simpson:
“Doce é com Cristo eu morrer” [Hino 220, do hinário
publicado por esta Editora.] Na morte de Cristo
encontram-se descanso e vitória.

O AR CELESTIAL
Vimos que ser batizado é ser introduzido no Deus
Triúno, em Cristo e na morte de Cristo. Como é
possível Cristo ser a água espiritual na qual somos
imersos? Isso ocorre porque, em ressurreição, Ele foi
processado para tornar-se o pneûma, o Espírito que
dá vida. Como o pneûma, Cristo é o ar celestial.
Batizar alguém em tal ar é muito mais fácil do que
batizá-la em água. Todos sabem que a água vem da
chuva e a chuva vem da umidade do ar. Cristo hoje é o
ar espiritual repleto de umidade. Quando batizamos
alguém em Cristo, nós o imergimos Nele como o
pneûma celestial, no Deus Triúno processado,
todo-inclusivo, que dá vida.

EM CRISTO
A maneira de entrar em Cristo é ser batizado
Nele, imerso Nele. Todos os cristãos devem ter
certeza de que foram batizados no Deus Triúno.
Podemos testificar com ousadia que, uma vez
batizados em Cristo e na Sua morte, estamos agora
em Cristo.

SEPULTADOS COM CRISTO MEDIANTE O


BATISMO NA MORTE
Em Romanos 6:4, lemos: “Fomos, pois,
sepultados com ele na morte pelo batismo; para que,
como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela
glória do Pai, assim também andemos nós em
novidade de vida”. Paulo aqui introduz o conceito de
sepultamento. Ele diz que, com Cristo, fomos
sepultados mediante o batismo na morte. O que vem
primeiro: morte ou sepultamento? Na esfera natural,
uma pessoa primeiro morre, e depois é sepultada.
Mas as palavras de Paulo indicam que primeiro
somos sepultados, e depois entramos na morte. De
acordo com a Bíblia, nós, os que cremos, estamos
sepultados na morte. Entretanto, não somos
sepultados na morte diretamente; isso ocorre com
Cristo e mediante o batismo.
Suponha que alguém se arrependa e creia no
Senhor Jesus. Ele deve então ser batizado, imerso em
Cristo. Batizá10 em Cristo é introduzi-la na morte de
Cristo. Quando é batizado, ele é na verdade
sepultado. Esse sepultamento resulta em morte. É
esse o significado de ser sepultado com Cristo
mediante o batismo na morte.
Todo candidato ao batismo está no processo de
morrer. Pelo batismo ele é levado à morte. Tendo sido
identificado com Cristo e Sua morte, ele é imerso em
água e sepultado. Pelo batismo, ele entra na
experiência real da morte com Cristo.
UMA NOVA PESSOA EM RESSURREIÇÃO
Esse sepultamento tem conseqüência gloriosa.
Como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela
glória do Pai, assim nós também podemos andar em
novidade de vida. Isso indica que após o batismo
tornamo-nos novas pessoas em ressurreição. Quando
somos imersos na água, entramos na morte; quando
saímos da água, entramos na ressurreição. Todos
precisamos ter tal percepção e compreensão
maravilhosa do batismo.

CRESCER POR MEIO DO BATISMO


Em Romanos 6:5, Paulo prossegue: “Porque, se
fomos unidos com ele na semelhança da sua morte,
certamente, o seremos também na semelhança da sua
ressurreição”. Fomos unidos e crescemos juntos com
Cristo na semelhança da Sua morte, isto é, no
batismo mencionado no versículo 4. Agora vemos que
também cresceremos na semelhança da Sua
ressurreição, ou seja, em novidade de vida, também
mencionada no versículo 4. O importante aqui é que
ser batizado é ser unido e crescer. Alguém que tenha
sido batizado cresceu na semelhança da morte de
Cristo e agora cresce na semelhança da Sua
ressurreição.

ENXERTADOS EM CRISTO
O crescimento em Romanos 6:5 pode ser
ilustrado pelo enxerto do ramo de uma árvore em
outra. Mediante o enxerto, duas vidas se tornam uma.
Portanto, o processo de enxertar representa nossa
identificação espiritual com Cristo. Fomos
identificados com Cristo, feitos um com Ele, pelo
enxerto Nele.
Em Romanos 11, Paulo usa o exemplo de ramos
de oliveira selvagem enxertados em oliveira cultivada
(vs. 17, 24). Para haver enxerto, as duas árvores
devem ser cortadas. Esse corte representa a
experiência de ser levado à morte. Sem ele não pode
haver enxerto. Na crucificação, Cristo foi cortado e
ainda traz as marcas desse corte. Isso quer dizer que
no ser do Cristo ressurreto há uma abertura, na qual
nós, ramos da oliveira selvagem, podemos ser
enxertados. Entretanto, se quisermos ser enxertados
Nele, também precisamos ser cortados. Então somos
unidos a Ele no próprio lugar onde ambos, Ele e nós,
fomos cortados. Em certo sentido, os dois cortes se
abraçam. Por intermédio de tal abraço o enxerto é
realizado, e as duas árvores tornam-se uma.
Imediatamente após o enxerto ser completado, o
ramo da oliveira selvagem começa a crescer em
unidade com a oliveira cultivada. Além disso, a
oliveira cultivada cresce com o ramo da oliveira
selvagem . As duas árvores crescem juntas como uma
só árvore, com uma só vida e um só viver. A vida
nessa árvore é nova, na qual duas naturezas foram
mescladas.
Ser batizado é ser enxertado em Cristo. Esse
batismo envolve crescimento. Depois que se
arrepende e crê no Senhor Jesus, uma pessoa cresce
com Cristo: primeiro na semelhança da Sua morte e
depois na semelhança da Sua ressurreição. Mediante
o crescimento que ocorre no batismo, entramos em
Cristo.

CRESCER EM CRISTO
Agora que estamos em Cristo, crescemos Nele.
Em Colossenses 1:28, Paulo fala de apresentar todo
homem perfeito, maduro, plenamente crescido em
Cristo. Advertindo e ensinando os outros em toda a
sabedoria, Paulo os ajudava a crescer. Devemos fazer
o mesmo na vida da igreja. Depois de batizada, uma
pessoa precisa ser nutrida, a fim de crescer até a
maturidade.

CRISTO EM NÓS
Estamos em Cristo e Ele também está em nós.
Esse fato também é ilustrado pelo enxerto. Depois
que o ramo da oliveira selvagem é enxertado na
oliveira cultivada, ele é parte dela e cresce nela. A
seiva da oliveira cultivada entra no ramo da árvore
selvagem. Dessa forma, a oliveira cultivada cresce no
ramo da oliveira selvagem. Do mesmo modo, já que
fomos enxertados em Cristo, Ele agora habita e cresce
em nós.

UM CICLO PELO QUAL CRESCEMOS


Em 1:27 Paulo diz que Cristo está em nós, e, em
1:28, que estamos em Cristo. Primeiro somos
colocados Nele; depois Ele está em nós. Quanto mais
entramos em Cristo, mais Ele entra em nós; e quanto
mais Ele entra em nós, mais entramos Nele. Isso se
torna um ciclo pelo qual crescemos em vida. Quando
crescemos dessa forma, a cultura em que vivemos,
incluindo a filosofia, o ascetismo e os rudimentos do
mundo, desaparece espontaneamente.
O batismo é a realidade da circuncisão do Antigo
Testamento. De acordo com 2:11-12, o batismo foi
nossa experiência de circuncisão, não feita por mãos,
mas “no despojamento do corpo da carne, que é a
circuncisão de Cristo”. Mediante o batismo, todo o
nosso ser foi circuncidado. Já que passamos por tal
circuncisão, não há necessidade de ascetismo. Quanto
mais Cristo cresce em nós e nós, Nele, mais o
ascetismo e todos os aspectos da cultura humana
desaparecem. Então, em vez de viver pelas nossas
culturas, vivemos por Cristo.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM QUARENTA E QUATRO

RADICADOS EM CRISTO PARA CRESCER COM O


CRESCIMENTO DE DEUS

Leitura Bíblica: Cl 2:6-7, 19; 1:28; Ef 4:15-16, 13


Por 'ter sido enxertados em Cristo, entramos
Nele. Nossa entrada em Cristo está relacionada com a
vida e o crescimento de vida. Não entramos em Cristo
da mesma forma que entramos numa sala. Entrar em
um cômodo não tem nenhuma relação com vida ou
crescimento. Contudo, entrar em Cristo envolve o
processo de crescimento. Em Romanos 6:5 Paulo diz
que “fomos unidos com ele na semelhança da sua
morte”. Agora crescemos com Cristo na semelhança
da Sua ressurreição,

ENXERTO E CRESCIMENTO
Na mensagem anterior dissemos que é no
batismo que crescemos juntamente com Cristo na
semelhança de Sua morte. O batismo não é um ritual
morto; é uma experiência fortemente relacionada
com vida e crescimento. Sempre que batizamos
alguém, devemos ajudá-lo a perceber que, no
batismo, ele crescerá juntamente com Cristo, pois foi
enxertado no Cristo crucificado e ressurreto. A
crucificação de Cristo proporcionou uma abertura
Nele para sermos enxertados, e Sua ressurreição nos
conduz ao processo de crescimento. Agora que fomos
enxertados em Cristo, devemos crescer Nele
diariamente.
Em 1 Coríntios 3 Paulo também fala de
crescimento. No versículo 9 ele diz que os cristãos são
lavoura de Deus. No versículo 6 ele diz: “Eu plantei,
Apelo regou; mas o crescimento veio de Deus”. Isso
indica que os irmãos são plantas na lavoura de Deus.
Na igreja, a lavoura de Deus, somos plantas em
crescimento.
O conceito de crescer como plantas também é
encontrado em Romanos 11, onde Paulo usa a
ilustração de enxertar um ramo de oliveira selvagem
numa oliveira cultivada. Aos olhos de Deus, somos
todos plantas, ou árvores. Em Romanos 6:5 Paulo usa
uma palavra grega específica para indicar
crescimento. É muito difícil encontrar um
equivalente em português para essa palavra, que
significa crescer por plantio ou enxerto. Tanto
plantar como enxertar visam ao crescimento. Uma
árvore é plantada no solo para crescer. Do mesmo
modo, o propósito de enxertar é crescer.
Recentemente um irmão mostrou uma definição
maravilhosa dessa palavra grega encontrada no livro
Commentary on Romans (Comentário de Romanos),
de Frederick Louis Godet. De acordo com Godet (pág.
243), a palavra denota “a união orgânica, em virtude
da qual um ser compartilha a vida, o crescimento e as
fases de existência pertencentes ao outro”. Por meio
da união orgânica de duas plantas, realizada pelo
enxerto, uma planta participa da vida e das
características da outra. Que maneira maravilhosa de
crescer! Aplicando essa definição à experiência
espiritual, podemos dizer que fomos enxertados na
“árvore” do Deus Triúno todo-inclusivo, que dá vida,
processado, que é o Espírito todo-inclusivo.
Tendo-nos tornado um com Ele mediante o enxerto,
participamos da vida e das características desse
Todo-inclusivo, e dessa forma crescemos.

RADICADOS NA TERRA VIVA


No livro de Colossenses há indícios de que os
cristãos devem crescer como plantas radicadas no
solo. A fim de compreender a Bíblia, precisamos
entender o significado direto das palavras e também
as implicações. Às vezes a revelação expressada pelas
implicações de um versículo é mais profunda que a
revelação contida nas afirmações diretas. Isso se
aplica a Colossenses 2:6-7. O versículo 7 fala de ser
“radicados” em Cristo. Isso implica que, aos olhos de
Deus, somos plantas. Os que foram batizados em
Cristo são plantas radicadas Nele.
A frase “nele radicados, e edificados” está
relacionada com os que andam, no versículo anterior.
Devemos andar em Cristo, tendo sido radicados e
sendo edificados Nele. Isso quer dizer que devemos
andar sendo radicados em Cristo. Sem ser radicados
Nele, não podemos andar Nele. Como plantas vivas,
somos plantas que andam. Andamos porque somos
radicados em Cristo. Que plantas maravilhosas e
misteriosas são os cristãos! Somos plantas que
andam e crescem.
Alguns podem achar que não é lógico dizer que,
por um lado, podemos ser radicados, e por outro,
andamos. Como pode alguém radicado em Cristo
também andar Nele? A resposta é que a terra na qual
estamos radicados é uma terra viva. Já que fomos
radicados numa terra viva, que se move, vivemos e
nos movemos Nele. Portanto, na verdade não somos
nós que andamos, mas é a terra que se move.
Louvado seja o Senhor por estarmos radicados em
Cristo, que é a terra viva! Visto que a terra se move,
podemos mover-nos também. Segundo a implicação
desses versículos, é adequado falar dessa maneira.
Não devemos achar que somos nós que andamos
na terra. Se tentarmos andar, vamos tropeçar e cair.
Então poderemos ser derrotados por Satanás e
desviar-nos. Devemos considerar-nos plantas
radicadas em Cristo como nossa terra viva. Uma vez
radicados Nele, andamos quando Ele se move. Isso é
andar Nele.
Colossenses 2:6 fala de andar Nele. Esse termo
indica que não podemos andar em Cristo a menos que
tenhamos sido radicados Nele. Assim, andamos na
terra viva na qual fomos radicados.
Ao considerar 2:6-7, vemos que crescer em Cristo
é andar Nele. Já enfatizamos que “nele radicados, e
edificados” está relacionado com a palavra andar.
Essa frase nos dá o significado de andar em Cristo.
Visto que fomos radicados no Cristo que se move,
andamos Nele.
Andar em Cristo é questão de crescer. Isso é
indicado pela palavra radicados, isto é, enraizados,
arraigados. As plantas se enraízam no solo com o
objetivo de crescer. Para crescer, uma árvore precisa
estar adequadamente radicada. Sem raízes ela
morrerá, pois não consegue absorver a umidade do
solo. Ela só é capaz de crescer ao absorver a umidade
por meio das raízes.
Embora enraizar seja para crescimento, 2:6 não
fala de crescer, mas de andar em Cristo. Entretanto, o
significado implícito desses termos é que o
crescimento autêntico consiste do andar em Cristo.
Não crescemos andando em nós mesmos, e, sim, em,
Cristo. Vimos que se quisermos andar Nele,
precisamos primeiro estar radicados Nele como a
terra viva. Então andamos quando Ele se move e age.
Esse é o verdadeiro crescimento.

CRESCER COM O ACRÉSCIMO DE DEUS


Meu encargo nesta mensagem é ajudar os santos
a ver o que é o autêntico crescimento em vida.
Crescimento não é tornar-se refinado em vez de
grosseiro. Crescer em vida é crescer com o
crescimento de Deus, isto é, com o acréscimo de
Deus. O verdadeiro crescimento é o acréscimo de
Deus, a adição de Deus. Em Si mesmo, Deus não
precisa crescer. Ele é eterno, perfeito e completo.
Entretanto, há a necessidade de Ele crescer em nós.
Quanto do Deus Triúno você tem em si? Será que
você não precisa de mais acréscimo, mais adição de
Deus em seu interior? Todos precisamos do
acréscimo de Deus. Precisamos crescer com o
crescimento de Deus, isto é, precisamos que Deus
aumente, cresça em nós. Repito, em Si mesmo Deus
não pode nem precisa crescer, mas é necessário que
Ele cresça em nós.
Para ter o autêntico crescimento, precisamos
primeiro ser radicados em Cristo, nossa boa terra.
Isso implica que Cristo é nosso solo; senão, como
poderíamos ser radicados Nele? Somos plantas
arraigadas em Cristo como o solo. Portanto Cristo, o
Deus Triúno processado, todo-inclusivo, é nossa
terra. Louvado seja o Senhor, pois fomos plantados!
Uma vez plantados em Cristo, estamos agora
radicados no Cristo vivo que é nossa boa terra.
Em 1:12 vemos que Cristo é a herança dos santos.
Como já enfatizamos, a palavra grega traduzi da por
herança significa na verdade um quinhão, um pedaço
de terra. Como nossa herança, Cristo é nosso
quinhão. Isso quer dizer que Ele é a nossa boa terra.
Depois que os filhos de Israel entraram na terra de
Canaã e tomaram posse dela, todos receberam uma
herança, um quinhão da terra. Hoje nosso quinhão é
Cristo. Esse quinhão, essa herança, é o solo no qual
estamos radicados.
Cristo é o solo fértil no qual nós, as plantas,
crescemos. Esse solo é vivo e se move. Visto que
fomos arraigados em Cristo como tal solo vivo, nós
nos movemos quando Ele se move, pois andamos
Nele. Assim, nosso andar na verdade não é nosso; é
Dele. Tal andar em Cristo como a boa terra é também
o crescimento. Crescer é andar dessa forma. Por isso,
ao andar em Cristo, crescemos Nele.
Quando uma árvore cresce, ela absorve água e
nutrientes do solo. Uma árvore cresce porque absorve
as riquezas do solo. Quando essas riquezas são
absorvidas pela árvore, tornam-se o aumento da
árvore. A árvore cresce com o acréscimo das riquezas
do solo. Do mesmo modo, somos plantas vivas
radicadas em Cristo como nosso solo. Cristo se move
e, por estar Nele, andamos quando Ele se move.
Entretanto, os cristãos que não buscam pelo Senhor
não andam quando Ele se move. Não cooperam com
Ele em Seu mover. Mas como pessoas que amam o
Senhor e O buscam, devemos sempre cooperar com
Ele e dizer “Amém” toda vez que Ele se move.
Devemos ser muito ativos e enérgicos Nele. Pela
experiência de andar em Cristo, absorvemos Suas
riquezas.
Nosso andar em Cristo é a cooperação que Lhe
proporcionamos em Sua atividade. Cooperando com
Ele dessa forma, espontaneamente absorvemos Suas
riquezas. O que absorvemos de Cristo, o elemento das
riquezas Dele como o solo, torna-se o aumento de
Deus em nós. Nossa terra é Cristo, e Ele é a
corporificação do Deus Triúno. Portanto, a terra é o
Deus Triúno. Isso significa que, quando absorvemos
as riquezas do solo, absorvemos as riquezas do Deus
Triúno. Na verdade, absorvemos o próprio Deus
Triúno. Por meio dessa absorção, recebemos mais de
Deus em nós. É esse aumento de Deus em nós que
queremos dizer com o “crescimento de Deus”.
Somos plantas vivas radicadas no Deus Triúno.
Agora nossas raízes absorvem Suas riquezas. Como
conseqüência, Deus é acrescentado ao nosso ser. Esse
acréscimo das riquezas do solo em nós é o nosso
crescimento.
Há cerca de três anos plantamos algumas árvores
ao redor de casa. Nesse período elas cresceram
bastante. Esse crescimento foi o acréscimo das
riquezas do solo. Por meio das raízes, as riquezas do
solo foram introduzidas nas árvores e absorvidas por
elas. As árvores constantemente absorvem as
riquezas do solo. Dessa forma, essas riquezas se
tornam o próprio elemento do aumento das árvores.
Dessa maneira, as árvores crescem. Isso ilustra o
autêntico crescimento na vida espiritual e também
nos mostra a maneira de crescer.
Louvamos o Senhor porque, depois de anos
vagueando sem alvo, tantos de nós estão agora
radicados em Cristo. Que bênção se arraigado em
Cristo na vida da igreja. Uma vez arraigados na igreja,
não somos facilmente desarraigados. Nem sequer
podemos desarraigar a nós mesmos. Alguns que
tentaram desistir da vida da igreja por causa de algo
que os deixou descontentes descobriram que seus
esforços não foram bem-sucedidos. Eles tinham sido
arraigados, e não podiam ser desarraigados. Em vez
de tentar desarraigar-nos, devemos ser subjugados
pelo Senhor e permitir-Lhe viver em nós.
Quando percebemos que fomos radicados Nele,
automaticamente andamos Nele. De acordo com
2:6-7, enraizar-se deve vir antes de andar. Tendo sido
arraigados em Cristo, agora andamos Nele.
Simplesmente permanecemos em Cristo, e Ele anda.
Assim, Seu andar torna-se nosso andar.
As coisas espirituais não podem ser plenamente
explicadas. Só podem ser adequadamente
compreendidas mediante a experiência. Pela
experiência percebemos que, quando Cristo se move,
nós andamos Nele. Então as raízes que se
aprofundaram no solo absorvem as riquezas do Deus
Triúno. Pelo acréscimo de Deus em nós crescemos
com o crescimento de Deus.

RETER A CABEÇA
Em 2:19 temos as palavras “retendo a cabeça”.
Que quer dizer o Corpo reter Cristo como a Cabeça?
Significa que o Corpo não permite ser separado da
Cabeça. Se de fato retivermos Cristo como a Cabeça,
não seremos separados Dele por coisa alguma. Ao
viver pela cultura humana em lugar de Cristo, nós nos
separamos Dele como a Cabeça, e somos privados do
nosso prêmio, que é o desfrute de Cristo.
Os cristãos em Colossos que abraçaram o
gnosticismo e viviam por ele separaram-se da Cabeça.
Eles eram privados, destituídos do desfrute de Cristo.
Entretanto, se estivermos arraigados em Cristo e
andarmos quando Ele se move, espontaneamente
absorveremos Suas riquezas e cresceremos com o
crescimento de Deus. Esse crescimento ocorre
retendo-se Cristo como a Cabeça.
Colossenses 2:19 fala do suprimento do Corpo
sendo vinculado juntamente. Quando é suprido e
vinculado retendo a Cabeça, o Corpo cresce com o
crescimento de Deus. A frase “da qual” nesse
versículo é importante; indica que o Corpo cresce a
partir da Cabeça, pois todo o suprimento provém
dela. Em certo sentido, Cristo é a Cabeça; em outro
sentido, Ele é o solo. Quando absorvemos as riquezas
do solo, retemos a Cabeça. De igual modo, receber o
suprimento da Cabeça é absorver as riquezas do solo.
Para ter o crescimento adequado como cristãos,
precisamos perceber que Deus nos colocou, como
plantas vivas, em Cristo. Agora devemos dizer:
“Senhor, quero permanecer em Ti e andar sempre
que Tu te moveres”. Andando em Cristo, absorvemos
as riquezas do solo. Então crescemos pelo acréscimo
dessas riquezas em nós. Absorver as riquezas do solo
equivale a reter Cristo como a Cabeça. Crescemos
com o acréscimo proveniente do solo; como o Corpo
também crescemos com o suprimento proveniente da
Cabeça.

NÃO PERMITIR QUE AS DIVERSAS


CULTURAS SE TORNEM SUBSTITUTOS DE
CRISTO
Em Colossenses Paulo nos diz que devemos
tomar cuidado com a filosofia, a tradição e os
rudimentos do mundo. Isso quer dizer tomar cuidado
com a cultura humana de todas as formas: cultura
racial, nacional, autofabricada e auto-imposta. Não
devemos permitir que as diversas culturas se tornem
substitutos de Cristo. Embora não haja necessidade
de deliberadamente tentar abandonar nossa cultura,
devemos parar de apreciá-la. No passado
valorizávamos nossa cultura, abraçando-a
calorosamente. Mas se enxergarmos que ela pode
tornar-se substituto de Cristo, não iremos mais
valorizá-la ou apreciá-la tanto. Em vez disso, veremos
que somos plantas vivas radicadas em Cristo. Uma
vez arraigados Nele, não devemos permitir que nada
O substitua. Devemos simplesmente andar Nele
como a terra viva e crescer absorvendo as riquezas do
solo. Dessa forma as riquezas do solo, que é também a
Cabeça, serão ministradas a nós. Como resultado,
todo o Corpo crescerá com o crescimento do Deus
Triúno. Automaticamente a cultura em que vivemos
será substituída por Cristo.
Continuamente devemos simplesmente andar
em Cristo, não apreciando a cultura a que
pertencemos nem valorizando-a. Quanto mais
andarmos em Cristo, mais absorveremos as riquezas
do solo, o rico suprimento da Cabeça. Então, retendo
a Cabeça, experimentaremos o crescimento autêntico
e adequado em Cristo.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM QUARENTA E CINCO

A REVELAÇÃO AMPLA DO CRISTO TODO-INCLUSIVO

Leitura Bíblica: Cl 3:11, 15-16


Nesta mensagem falaremos de maneira geral
sobre a revelação ampla do Cristo todo-inclusivo.
Muitos de nós viram a todo-inclusividade de Cristo,
mas não a Sua vastidão. Colossenses enfatiza a
vastidão de Cristo. O propósito de Paulo ao escrever
esse livro era mostrar uma revelação ampla de Cristo.
Cristo é universalmente vasto. Nenhum cientista
pode dizer quais as dimensões do universo. Em
Efésios 3 Paulo fala das dimensões de Cristo: a
largura, o comprimento, a altura e a profundidade.
Assim como o universo, Cristo é imensurável. Tal
Cristo é nosso universo. O Cristo imensurável
mencionado em Efésios 3 não é só todo-inclusivo; é
também amplo e universalmente vasto.

A HERANÇA DOS SANTOS


Ao apresentar uma revelação da vastidão de
Cristo, Colossenses usa diversas expressões únicas.
Por exemplo, em 1:12 vemos que Cristo é a herança
dos santos. A palavra grega traduzi da por herança
significa quinhão. Depois que os filhos de Israel
entraram na boa terra, a terra se tornou o quinhão, a
herança deles. A boa terra que manava leite e mel era
uma prefiguração todo-inclusiva de Cristo. Sendo
nossa boa terra, Cristo é nossa herança, a herança dos
santos.
Essa herança é também a imagem do Deus
invisível (1:15). Em 2 Coríntios 4:4 Paulo usa o termo
“a imagem de Deus”, mas não diz que Cristo é a
imagem do Deus invisível. De acordo com
Colossenses 1:15, o Deus invisível tem uma imagem
visível.
No versículo 15, o termo “primogênito de toda a
criação” está em aposição à “imagem do Deus
invisível”. O fato de não haver conjunção ligando
esses termos indica que são sinônimos. A imagem do
Deus invisível é o Primogénito de toda a criação, e o
Primogênito de toda a criação é a imagem do Deus
invisível.

A REALIDADE DE TODAS AS COISAS


POSITIVAS
Segundo o princípio da Bíblia, o primeiro item
duma categoria freqüentemente inclui todos os
demais. Apocalipse diz que Cristo é o Alfa e o Ômega.
Isso não quer dizer, entretanto, que Cristo é somente
essas duas letras e não as demais. Por ser a primeira
letra, Ele é também todas as outras. O princípio é o
mesmo com respeito à morte dos primogênitos no
livro de Êxodo. O primogênito dos egípcios
representava todos os egípcios. De igual modo,
quando a Bíblia diz que Cristo é o Primogênito de
toda a criação, está implícito que Ele inclui todos os
itens da criação. Esse conceito é confirmado em
Colossenses 2, onde Paulo diz que coisas como
comida, bebida, festas, luas novas e sábados são
sombras, e Cristo é o corpo, a substância dessas
sombras. Tomando essa ilustração como base
podemos dizer que Cristo é nossa vestimenta,
transporte, moradia e tudo para nós. Contudo, isso é
totalmente diferente de igualar todas as coisas
materiais a Cristo, o que seria panteísmo. Conforme a
Bíblia, podemos dizer que Cristo é nossa comida,
bebida, vestimenta e habitação. Mas não podemos
inverter e distorcer essa afirmação, dizendo que nossa
comida, vestimenta e moradia literais são Cristo. Isso
seria a doutrina extremamente herética do
panteísmo. Não obstante, temos base bíblica para
dizer que Cristo é a realidade de todas as coisas
positivas no universo: Ele é a porta, a luz, a vida, o
Pastor, a pastagem. Todos esses aspectos de Cristo
são mencionados ou tocados no Evangelho de João.
Portanto, podemos dizer que Cristo é tudo para nós, a
realidade de todas as coisas positivas.
Em 1:16-17 Paulo diz: “Pois, nele, foram criadas
todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e
as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi criado por
meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas.
Nele, tudo subsiste”. Vemos aqui que todas as coisas
foram criadas em Cristo, por meio de Cristo e para
Cristo. Além disso, tudo agora subsiste Nele. Aquele
no qual, por meio do qual e para o qual tudo foi criado
e no qual subsiste, é a imagem, a expressão, de Deus.
Assim, Deus é expresso na criação de todas as coisas
em Cristo.
Em 1:18 vemos que Cristo não é só o Primogênito
de toda a criação, mas também dentre os mortos. Isso
se refere à nova criação de Deus. A velha criação veio
a existir pela atividade criadora de Deus; a nova
criação veio a existir pela ressurreição de Cristo.
Cristo é o primeiro tanto da velha como da nova
criação, que é a igreja, o Corpo de Cristo. Na igreja,
como a nova criação de Deus, Cristo é tudo. De
acordo com 3:10-11, Cristo está em todos os membros
do novo homem e é todos os membros.

A RECONCILIAÇÃO DE TODAS AS COISAS


Em 1:19-20 Paulo continua: “Porque aprouve a
Deus que, nele, residisse toda a plenitude, e que,
havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio
dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas,
quer sobre a terra, quer nos céus”. A plenitude de
Deus agradou-se em habitar em Cristo e reconciliar
todas as coisas com Ele. Em outro lugar no Novo
Testamento vemos que a reconciliação envolve o povo
escolhido de Deus, mas aqui vemos a reconciliação de
todas as coisas com Deus. Todas as coisas foram
criadas em Cristo, por meio de Cristo e para Cristo.
Mas pela queda do homem, essas coisas foram
perdidas. Portanto, há a necessidade de serem
reconciliadas com Deus em Cristo. A reconciliação de
todas as coisas ocorreu mediante a redenção de
Cristo.
Repare que o versículo 20 não diz “todas as
pessoas”, mas “todas as coisas”, referindo-se a todas
as coisas que, de acordo com os versículos 16 e 17,
foram criadas em Cristo e agora subsistem Nele. Por
meio da redenção de Cristo, todas essas coisas foram
reconciliadas com Deus. Essas coisas incluem não só
os seres humanos, mas também as criaturas.
Quando Colossenses foi escrito, o conceito
gnóstico do mal intrínseco da matéria exercia forte
influência em Colossos. Segundo esse conceito,
alguns achavam que tudo relacionado com o mundo
material era maligno. Mas Paulo ressaltou que as
próprias coisas que os gnósticos consideravam
malignas estavam entre aquelas criadas em Cristo.
Além disso, elas estão incluídas nas coisas
reconciliadas com Deus mediante a morte de Cristo.
Todas as coisas foram reconciliadas com Deus, “quer
sobre a terra, quer nos céus”. Que Redentor amplo é
Cristo, e que reconciliação ampla Ele realizou!
Ao falar de reconciliação aqui, a intenção de
Paulo é ressaltar que Cristo é o Redentor não só da
humanidade, mas de todas as coisas. Considere a
figura da arca construída por Noé. Ela não salvou
apenas os oito membros da sua família, mas também
animais de todo tipo. Em Atos 10, o conceito que
Pedro tinha da salvação de Deus era limitado por
causa
da influência do judaísmo. De modo semelhante,
nosso conceito da obra reconciliadora de Cristo é
limitado pela influência dos ensinamentos
tradicionais. Quando jovem, ~prendi que Cristo é
nosso Redentor. Mas um dia fiquei incomodado com
esses versículos em Colossenses que falam da
reconciliação de todas as coisas. Perguntei-me se isso
incluía as criaturas. Sim, a reconciliação ampla de
Cristo inclui todas essas coisas.

O EIXO CENTRAL DO UNIVERSO


Em 1:17 Paulo diz que todas as coisas subsistem
em Cristo. Os cientistas reconhecem que há algum
poder no universo que mantém unidas todas as
coisas. Esse fato científico se encaixa no conceito de
Paulo de que todas as coisas subsistem em Cristo.
Cristo é o centro sustentador de tudo, o eixo que
sustenta todos os raios. Tudo no universo, vivo ou
inerte, subsiste em Cristo como esse eixo esse centro.
Se não tivéssemos Cristo como o centro sustentador,
tudo no universo desmoronaria. Aparentemente
existimos no globo, na terra, mas na verdade
existimos em Cristo. Todas as coisas subsistem Nele.
Esse é outro aspecto da vastidão de Cristo.

O CRISTO VASTO É NOSSA VIDA E TUDO EM


TODOS NA IGREJA
Outro aspecto é encontrado em 2:16-17, onde
Paulo diz que comidas, bebidas, festas, luas novas e
sábados são “sombra das coisas que haviam de vir;
porém o corpo é de Cristo”. Essas palavras indicam
que Cristo é a realidade de todas as coisas positivas.
Ele é nossa verdadeira comida, bebida, vestimenta,
habitação, transporte, sol, lua e terra. Portanto, as
palavras simples de Paulo nesses versículos têm
implicações enormes; indicam a vastidão dó Cristo
todo-inclusivo.
Então em 3:4, Paulo diz que esse Cristo vasto é
nossa vida. Embora seja universalmente vasto, Cristo
é nossa vida de maneira específica e particular.
Louvado seja o Senhor, pois o Cristo vasto tornou-se
nossa vida pessoal! Universalmente, Ele é vasto; mas
na experiência pessoal Ele é nossa vida.
Além disso, em 3:10-11, vemos que na igreja, o
novo homem que é a nova criação de Deus, o Cristo
vasto é tudo em todos. Ele é todos os membros do
novo homem e está em todos os membros. Tomando
3:11 como base, podemos dizer que Cristo é todos nós.
Que Cristo vasto, todo-inclusivo, é revelado no livro
de Colossenses!

O CRISTO VASTO VERSUS A CULTURA


HUMANA
Nos diversos livros do Novo Testamento, Cristo é
revelado para propósitos definidos. Em 1 Coríntios, a
revelação de Cristo tem como finalidade lidar com os
problemas na igreja, problemas esses que incluíam
fornicação e divisão. Em Gálatas, Cristo é revelado
em contraste com o judaísmo e a lei. Uma vez que os
gálatas tinham sido desviados para a lei e a
circuncisão, Paulo mostrou-lhes que Cristo substitui a
lei, que o Filho de Deus contrapõe-se à religião do
homem. Agora, em Colossenses, Cristo é revelado
como alguém vasto, todo-inclusivo, porque os santos
tinham sido desviados por uma mistura de religião
judaica e filosofia grega. Essa mistura se tornara
muito forte na Ásia Menor e até mesmo invadira a
vida da igreja, impregnando-a. Assim, a revelação do
Cristo todo-inclusivo e vasto é dada a fim de lidar
com o problema das culturas humanas.
Colossenses 3:11, 1 Coríntios 12:13 e Gálatas 3:28
são versículos paralelos. Mas Colossenses 3:11
menciona especificamente circuncisão, incircuncisão,
bárbaro e cita. Os termos circuncisão e incircuncisão
estão relacionados com religião, ao passo que bárbaro
e cita estão relacionados com culturas e civilizações.
Nos tempos antigos, os povos que não tinham cultura
sofisticada eram considerados bárbaros. Os citas
eram os mais selvagens entre eles. Colossenses 3:11
indica que o propósito da revelação ampla de Cristo
nesse livro é lidar não com o pecado ou a lei, e, sim,
com a cultura humana.

A CULTURA HUMANA SUBSTITUI O CRISTO


VASTO
A intenção de Deus é que, como Seus escolhidos,
sejamos saturados, permeados, enchidos e revestidos
de Cristo para vivê-Lo. Deus deseja que Cristo seja
nossa vida e viver, e tudo para nós no andar diário.
Esse é o Seu plano eterno e Sua economia atual.
Entretanto, a cultura humana substitui Cristo. Ao
criar o homem, Deus tencionava ser tudo para ele:
sua vida, alegria, entretenimento, provisão, proteção.
Mas, por causa da queda, o homem perdeu Deus e,
dessa forma, perdeu o fator que dava sentido e
propósito à sua vida. Portanto, hoje as pessoas vivem
na terra sem nenhum sentimento de significado ou
propósito. Perderam Deus como o fator que dá
sentido e propósito à vida. Sendo assim, o homem
desenvolveu uma cultura como substituto de Deus.
Todos os aspectos da cultura humana constituem
substitutos de Deus. É claro, as diversas culturas são,
na verdade, substitutos de Cristo. Segundo a
ordenação de Deus, o homem não pode viver de fato
sem Cristo; sem Ele, nossa existência na terra não
tem sentido nem propósito. Hoje milhões vivem, não
por Cristo, mas por certa cultura. Se essa cultura
fosse tirada, não teriam como viver.
Em Sua salvação Deus nos salva não só do
pecado, do juízo, do lago de fogo, do mundo e do ego;
também nos salva de tudo que substitui Cristo,
inclusive a cultura em que vivemos. Visto que a
cultura humana substitui Cristo de forma prática no
viver diário, ela é odiosa aos olhos de Deus.

O CRISTO VASTO SUBSTITUI A CULTURA


HUMANA
Que tipo de Cristo pode substituir nossa cultura?
É o Cristo vasto, e não o Cristo limitado conhecido
pela maioria dos cristãos. Todos os verdadeiros
cristãos crêem que Cristo é Deus encarnado como
homem, que morreu na cruz pelos nossos pecados, foi
ressuscitado, ascendeu aos céus onde está agora
assentado como o Senhor dos senhores e Rei dos reis,
e voltará à terra e estabelecerá Seu reino com os que
Nele crêem como co-reis. Embora tudo isso seja
verdadeiro, é uma visão limitada, restrita de Cristo.
Tal Cristo limitado, na experiência real, não se
tornará o substituto para a cultura em que vivemos.
Pode tal Cristo tornar-se nosso alimento, vestimenta
e habitação? O Cristo que pode substituir nossa
cultura e tornar-se tudo para nós é o Cristo vasto e
todo-inclusivo.
Embora tivéssemos perdido Deus, Cristo nos
conduziu de volta e nos reconciliou com Ele. Agora
novamente temos Deus como o fator que dá sentido e
propósito à existência. Como ressaltamos diversas
vezes, Colossenses foi escrito a fim de revelar o Cristo
vasto e todo-inclusivo, que lida com nossa cultura e
até mesmo a substitui. Não há necessidade de
observar ordenanças a respeito de alimentos;
alimentamo-nos de Cristo. Não precisamos guardar
dias, festas ou luas novas; Cristo é nossa lua nova,
festa e sábado. Uma vez que Ele é sempre o mesmo e
é a realidade de todos os dias da semana para nós,
todos os dias são iguais. Mas se insistirmos em ter
ordenanças sobre alimentos e dias, os outros nos
julgarão em relação a essas coisas. Se nos
importarmos somente com o Cristo todo-inclusivo e
vivermos segundo Ele em vez da nossa cultura,
ninguém terá base para nos julgar. Cristo é o sentido
e o propósito da vida. Todos precisamos ter revelação
ampla de tal Cristo todo-inclusivo.
Recentemente, depois de ouvir uma mensagem
sobre como a cultura substitui Cristo na experiência,
um irmão testificou vigorosamente que queria
abandonar completamente a cultura em que vivia.
Entretanto, não nos é possível fazer isso. Se
tentarmos, iremos apenas desenvolver outro tipo de
cultura, uma cultura de abandonar as culturas. Mas
se alguém disser que não há necessidade de
abandonar as culturas, esse conceito levará a ainda
outro tipo de cultura. Em vez de tentar lidar com
nossa cultura, devemos simplesmente viver Cristo.
Assim como a cultura humana tornou-se o
substituto de Deus, Cristo também pode tornar-se o
substituto da cultura. Vimos que depois que o homem
perdeu Deus por causa da queda, a cultura humana
substituiu Deus em sua vida. A redenção de Cristo
não só nos redime de tantas coisas negativas, mas
também da cultura. Em vez de tentar livrar-nos de
nossa cultura, devemos apenas ser reconciliados com
Cristo e torná-Lo como o fator que dá sentido e
propósito à vida. Devemos orar: “Senhor Jesus, de
agora em diante não tomarei nada além de Ti como
meu objetivo e propósito. Só Tu és meu padrão e o
fator que dá sentido e propósito à existência. Não
quero expressar nada além de Ti. Senhor, quero viver
Cristo e somente Cristo”. Quando O vivemos,
espontaneamente somos libertados da nossa cultura,
e automaticamente o Cristo pelo qual vivemos a
substitui. Essa é a revelação de Colossenses.
Temos de admitir que mesmo nós na restauração
do Senhor, que amamos muito o Senhor e O
buscamos, na verdade vivemos muito mais pela
cultura humana do que por Cristo. Por exemplo,
certas irmãs podem evitar usar maquiagem, não
porque vivem Cristo, mas porque se conformam à
prática comum na vida da igreja. Algumas podem
afirmar que não usam maquiagem por amar Cristo e a
igreja. Isso pode ser verdade. Contudo, amar o
Senhor Jesus é uma coisa; viver Cristo é outra.
Podemos fazer muitas coisas porque amamos o
Senhor, e, ainda assim, nessas próprias coisas,
podemos não vivê-Lo de fato.
Na vida da igreja é possível viver por certos
hábitos ou costumes, em outras palavras, por certa
cultura desenvolvida na igreja, em vez de viver por
Cristo. Por exemplo, um irmão pode sentir que não
deve ir ao cinema. Entretanto, ele não deixa de ir ao
cinema porque vive Cristo, mas porque vive segundo
certa prática comum na vida da igreja. Precisamos ter
a certeza de que o motivo de não fazer certas coisas é
viver Cristo. Não precisamos ter regras sobre ficar
longe de cinemas. Basta-nos ter a experiência de viver
Cristo na igreja. Se de fato O vivermos, então, quando
deixarmos de fazer um coisa, não será porque a
consideramos errada, mas porque vivemos Cristo.
Nossa necessidade hoje é não só amá-Lo, mas
também vivê-Lo.
É comum um casal discutir. Quando a mulher de
um irmão expressa um conceito diferente do dele, ele
pode começar a discutir e recusar-se a ceder. Nos
primeiros anos de casado, minha atitude era nunca
ceder quando minha mulher manifestava um
conceito diferente do meu. Minha prática era assumir
a posição de cabeça e esperar que ela fosse submissa.
Embora eu não expressasse isso em palavras, essa era
minha prática e atitude.
Mais tarde aprendi que, como líder na igreja e
ministro da Palavra, não era correto discutir com a
esposa. Portanto, tentava reprimir a ira e não
discutir. Por amar o Senhor eu tentava ao máximo
não discutir com ela. Todavia, eu não vivia por Cristo;
apenas aplicava um enorme esforço próprio.

SIMPLESMENTE VIVER CRISTO


Hoje posso testificar que, pela graça do Senhor,
não tento mais me reprimir. Simplesmente vivo
Cristo. Como disse Paulo: “Para mim, o viver é Cristo”
(Fp 1:21). Cristo é minha cultura, meu objetivo e o
sentido e propósito da minha vida humana. No andar
diário, todo o espaço é para Cristo. Por esse motivo,
não há espaço para o pecado, o mundo, a carne ou o
ego. Uma vez que todo o meu ser é para Cristo,
também não há espaço para culturas humanas.
Simplesmente vivo Cristo, e não um Cristo limitado,
mas vasto, que preenche todos e está em todos.
Cristo desceu dos céus à terra, e então, no
intervalo entre a morte e a ressurreição, desceu ao
Hades. Em ressurreição, Ele subiu do Hades à terra, e
depois, em ascensão, da terra aos céus. Como
resultado de tal mover universal, Cristo enche todas
as coisas. Assim, Ele é vasto e, como tal, Ele é nossa
vida e podemos vivê-Lo. Em Colossenses Paulo
apresenta tal Cristo amplo a fim de nos impressionar
com o fato de que Ele deve substituir nossa cultura.
Não tente abandonar a cultura em que vive; todos os
seus esforços serão em vão. Simplesmente viva
Cristo, e Ele substituirá sua cultura.
Não devemos valorizar nenhum ismo, pois todos
os ismos estão ligados a culturas. Em vez de viver
segundo um ismo, devemos viver Cristo, uma Pessoa
viva, que é a herança dos santos, a imagem do Deus
invisível, o Primogênito tanto da velha como da nova
criação, no qual e para o qual todas as coisas foram
criadas e é nossa vida no novo homem. Tal Cristo
amplo é o substituto da nossa cultura.
Em Colossenses a principal preocupação de
Paulo não é o pecado, o mundo ou mesmo o ego, mas
a cultura humana, que se torna o fator que substitui
Deus em dar sentido e propósito à vida. Agora que
Cristo nos reconciliou Consigo mesmo, devemos
vivê-Lo e permitir-Lhe substituir todos os aspectos da
nossa cultura. Portanto, em Colossenses vemos a
revelação do Cristo vasto. Precisamos tomá-Lo como
o sentido, propósito e objetivo de vida. Precisamos
viver por Ele.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM QUARENTA E SEIS

ANDAR EM CRISTO, TENDO SIDO ENRAIZADOS


NELE E SENDO EDIFICADOS NELE

Leitura Bíblica: Cl 2:6-8, 16-17


A idéia central de Colossenses é que, de acordo
com a ordenação de Deus, Cristo deve substituir
todos os elementos e fatores da vida humana natural.
Esses elementos e fatores podem ser resumidos num
único item: a cultura humana. O viver humano é
constituído dos vários aspectos da cultura, que por
sua vez é composta de diversos fatores e elementos.
Vimos que Colossenses trata desses fatores,
elementos e componentes, que constituem o viver
humano. Esse livro revela o Cristo amplo, que é o
substituto de todos esses elementos do viver humano.

FILOSOFIA, TRADIÇÃO E OS RUDIMENTOS


DO MUNDO
Em 2:8 Paulo diz: “Cuidado que ninguém vos
venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas,
conforme a tradição dos homens, conforme os
rudimentos do mundo e não segundo Cristo”. A
filosofia é um fator fundamental da cultura humana.
Além disso, a cultura não pode existir sem a tradição.
Os termos cultura e tradição são quase sinônimos.
Os rudimentos do mundo mencionados em 2:8 são os
princípios, os ensinamentos elementares. Filosofia,
tradição e rudimentos do mundo são componentes da
cultura. Tudo isso se contrapõe a Cristo. Esse
versículo indica que Cristo veio para substituir a
filosofia, a tradição e os rudimentos do mundo.
Portanto, temos aí um contraste vívido entre Cristo e
esses itens. Quem não tem Cristo por certo terá esses
três elementos culturais. Mas uma vez que recebemos
Cristo, essas coisas devem ser substituídas por Ele.

CRISTO E AS SOMBRAS, ORDENANÇAS E


DISTINÇÕES CULTURAIS
Em 2:16-17 Paulo prossegue: “Ninguém, pois, vos
julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa,
ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido
sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é
de Cristo”. No versículo 16 Paulo menciona quatro
ilustrações: comida e bebida, festas, luas novas e
sábados, que representam tudo no vi ver humano.
Especificamente, os i tens mencionados estão
relacionados com o judaísmo, com seus regulamentos
sobre comidas e bebidas, a observância de dias e luas
novas e os sábados. Portanto, o versículo 16 fala de
várias observâncias que compunham a vida judaica.
Mas como Paulo diz no versículo seguinte, tudo isso é
“sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo
é de Cristo”. Portanto, nesses versículos temos outro
contraste: entre as sombras e Cristo.
Nos versículos 20 e 21 Paulo continua: “Se
morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo,
por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a
ordenanças: não manuseies isto, não proves aquilo,
não toques aquiloutro”. Em Romanos Paulo diz que
em Cristo estamos mortos para o pecado, ao passo
que aqui em Colossenses ele diz que já morremos com
Cristo para os rudimentos do mundo, isto é, os
fatores da vida humana natural. Aqui ele nos diz que
já morremos com Cristo quanto à nossa cultura. Ele
então pergunta: Já que essa é a situação, por que
ainda nos sujeitamos a ordenanças sobre manusear,
provar e tocar? Nesses versículos temos ainda outro
contraste: entre o Cristo com quem já morremos e as
ordenanças, que compõem a nossa cultura.
Em 3:10 Paulo fala do novo homem e no 11,
referindo-se ao novo homem, diz: “No qual não pode
haver grego nem judeu, circuncisão nem
incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém
Cristo é tudo em todos”. [Como já ressaltamos,
segundo o original grego, esse versículo diz que Cristo
é tudo e em todos.] Aqui temos novamente o
contraste entre a cultura humana e Cristo. O uso que
Paulo faz dos termos bárbaro e cita indica que esse
versículo trata das diversas distinções culturais.
Cristo se contrapõe a todas essas distinções.

CRISTO SUBSTITUI A CULTURA HUMANA


Cristo veio para substituir todos os aspectos da
cultura humana mencionados em 2:8, 16-17, 20-21 e
3:11. Cristo deve entrar em nosso viver humano para
substituir a filosofia, a tradição e os rudimentos do
mundo; Ele deve substituir comidas, bebidas, festas,
luas novas e sábados. Ele deve substituir as
ordenanças e todas as distinções culturais. Quando
tudo isso tiver sido totalmente substituído por Cristo,
somente Ele permanecerá. Isso revela claramente
que, em Colossenses, Cristo é o substituto de todos os
fatores e elementos culturais. Ele precisa entrar em
nosso viver para substituir tudo. Essa é a revelação
divina na Palavra sagrada. Oh! que nossos olhos
sejam abertos para ver que todo fator, elemento e
aspecto da vida humana natural se contrapõe a
Cristo. Na economia de Deus, o Cristo amplo deve
substituir todos esses elementos, fatores e aspectos.
Por fim, por toda a eternidade, somente Cristo
permanecerá.
Cristo é o fator básico na composição da Bíblia.
Portanto, podemos realmente dizer que a Bíblia é
escrita com Cristo. As letras do alfabeto são símbolos
de Cristo. Por esse motivo, na Bíblia, Cristo diz: “Eu
sou o Alfa e o Ômega” (Ap 22:13). Se Ele é a primeira
e a última letra, certamente também é todas as
demais. Em nosso viver humano, Cristo deve ser todo
o alfabeto. Se Ele for o alfabeto, automaticamente se
tornará toda palavra, sentença, parágrafo e capítulo,
e, por fim, o livro inteiro para nós. A economia de
Deus é que todo o nosso viver humano seja escrito
com Cristo como o único fator. Por isso, Colossenses
desvenda o Cristo amplo, que preenche cada parte do
nosso viver. Portanto, o dicionário da vida cristã deve
ter apenas uma palavra: Cristo. Mas no fim da página
deve haver uma pequena nota de rodapé, dizendo: “E
a igreja”. Essa é a revelação de Colossenses.

DUAS CONDIÇÕES
Com base nessa revelação, chegamos à questão
crucial de andar em Cristo (2:6). Os versículos 6 e 7
não dizem: “Andai nele e sede enraizados e edificados
nele”. Mas diz: “Anda i nele, nele radicados, e
edificados”. No grego, “enraizados” é um particípio
perfeito, que indica uma ação já concluída, e
“edificados”, um particípio presente. Esses dois
verbos descrevem como devemos andar. Podemos
andar em Cristo porque fomos enraizados Nele e
estamos sendo edificados Nele. Estas duas condições
devem ser cumpridas se quisermos andar em Cristo:
que tenhamos sido enraizados Nele e que estejamos
sendo edificados Nele.
A redação desses dois versículos é simples;
entretanto, podemos achar que já os entendemos, e
ainda assim não cornpreendê-los de fato. Nesses
versículos há três palavras básicas: andar, enraizados
e edificados.
Em Colossenses Paulo aborda a questão da
revelação objetiva do que Cristo é e a questão do
ministério subjetivo pelo qual Cristo é dispensado aos
que Nele crêem. A revelação objetiva de Cristo e o
ministério subjetivo de Cristo, juntos, nos dão a
experiência prática de Cristo. Nesta mensagem e nas
posteriores nos concentraremos na experiência
prática de Cristo. A revelação objetiva da Bíblia
desvenda o Cristo amplo e todo-inclusivo, e o
ministério subjetivo dispensa esse mesmo Cristo a
nós como o substituto de todo elemento do viver
humano natural. Se virmos isso, seremos capazes de
compreender o que significa andar em Cristo.

ANDAR EM ALGO QUE NÃO É CRISTO


A palavra grega para andar significa viver, agir,
mover-se e existir. Engloba tudo no viver diário.
Andar em Cristo é viver, mover-se, agir e existir em
Cristo. Não devemos viver, andar, mover-nos, agir ou
existir em nada além de Cristo. Por exemplo, quando
uma irmã faz compras, deve fazê-lo em Cristo.
Contudo, poucas irmãs fazem compras em Cristo; em
vez disso, podem decidir, fora de Cristo, fazer
compras ou adquirir certos produtos. Portanto, ao
fazer compras, muitas irmãs não vivem e se movem
em Cristo. O mesmo pode acontecer com os irmãos ao
cortar o cabelo; nessa questão prática, podem não
viver e se mover em Cristo.
Um irmão pode testificar que ama o Senhor e a
igreja, e é totalmente pela restauração do Senhor.
Todavia, em muitas questões ele pode não se
comportar em Cristo, e, sim, na disposição,
preferência ou escolha. Por exemplo, um irmão pode
fingir que, como cabeça da família, mantém tudo em
ordem. Pode tentar dar a impressão de que exerce sua
realeza em casa. Sempre que age assim, ele não está
andando em Cristo. Isso é uma ilustração de que, de
muitas maneiras, nós, nas igrejas locais, não
andamos de fato em Cristo embora com certeza
amemos o Senhor e Sua restauração.
Andar em Cristo significa não ter nenhum
substituto para Ele. Por causa da queda do homem, a
cultura em que vivemos substitui Deus na vida
humana. O homem foi feito para Deus e precisa que
Deus seja sua vida, desfrute e tudo para ele. Contudo,
porque perdeu Deus, o homem inventou as diversas
culturas como substitutos de Deus. Agora, em Sua
economia, Deus ordenou que Cristo, Seu Filho,
consumasse a redenção, conduzisse o homem de
volta para Deus e trocasse todos os substitutos por
Ele mesmo. Vimos que os diversos fatores e
elementos da vida humana são substitutos de Cristo,
mas devem agora ser trocados por Ele próprio. Para
que essa seja a nossa experiência, precisamos andar
em Cristo.
Ao fazer compras, devemos simplesmente viver
Cristo e não nos importar com coisa alguma além
Dele. Não considere que produtos estão em promoção
ou quanto você tem na conta bancária; simplesmente
viva Cristo e se importe com Ele. Se um irmão viver
em unidade com o Senhor, ele andará em Cristo toda
vez que cortar o cabelo; espontaneamente saberá
como o cabelo deve ser cortado. Cristo não é só a
esfera, o âmbito no qual andamos, mas também todo
fator e elemento da vida humana. Ter Cristo dessa
forma na experiência é andar Nele.
Aprecio que tantos irmãos amem Cristo e a igreja
e sejam absolutos pela restauração do Senhor.
Entretanto, em vez de andar em Cristo, eles andam na
dignidade deles. Podem condenar o orgulho, mas
apreciam sua dignidade. Um irmão da liderança na
vida da igreja pode gostar de agir dignamente. Até
mesmo os jovens, recém-casados, podem se
comportar segundo o próprio sentimento de
dignidade em vez de andar em Cristo. Pode ser que se
esforcem para manter a dignidade de maridos em
relação à mulher. Talvez fiquem muito tristes se a
mulher fizer algo que desonre a dignidade deles.
Podem considerar tal comportamento um insulto ao
seu encabeçamento e falta de respeito à sua
dignidade. Sua atitude é que Deus ordenou que eles
sejam cabeças sobre a mulher e ela deve respeitá-los e
honrá-los. Portanto, em vez de andar em Cristo, eles
andam em sua dignidade.
Em vez de andar em Cristo, outros andam
segundo a maré das emoções. Quando a maré está
baixa eles são frios, quietos e indiferentes às
necessidades dos outros. Mas quando a maré está
alta, ficam ativos e falam muito. Falam conforme o
humor, e não segundo Cristo. Muitos santos andam
segundo o humor em vez de Cristo. Se estão alegres,
têm disposição de ajudar os outros. Mas, se estão
tristes, ficam retraídos e desinteressados, indiferentes
aos outros em redor. Isso indica que, embora amem
Cristo e a igreja, eles não andam em Cristo.
De acordo com a revelação ampla de Cristo em
Colossenses, não devemos andar em nada além de
Cristo. Isso quer dizer que não devemos andar em
filosofias, tradições ou nos rudimentos do mundo.
Tampouco devemos andar em observâncias ou
ordenanças.
Também é fácil andar nos hábitos em vez de
Cristo. Por natureza todos vivemos, andamos e
existimos nos hábitos, e não em Cristo. Quando
oramos, podemos entrar no espírito pela oração, e,
assim, existir em Cristo. Mas assim que termina a
oração, voltamos a viver e andar nos hábitos. Assim,
em vez de andar em Cristo, andamos na nossa
cultura.
Quanto você andou em Cristo hoje? Quanto das
suas palavras, ações e atitudes foram em algo além de
Cristo? Precisamos admitir que, em vez de andar em
Cristo, andamos em muitos outros fatores ou
elementos de nosso viver que são substitutos de
Cristo. Mas de acordo com Colossenses devemos
andar no Cristo amplo, que é universalmente vasto e
é tudo para nós. Não precisamos de filosofia; Cristo é
nossa filosofia. Não precisamos de tradição; Cristo é a
melhor herança. Não precisamos dos princípios
elementares; Cristo é cada princípio para nós. O que
precisamos é tomar Cristo como tudo e andar Nele.
Temos de admitir que, até mesmo nas igrejas
locais, quase todos andamos em alguma coisa que
não é Cristo. Amamos o Senhor e Sua restauração,
mas vivemos, andamos e existimos em coisas que não
são o próprio Cristo. Se certo irmão anda na timidez,
e não em Cristo, ele não tem coragem de falar a
verdade aos outros francamente em amor.
Entretanto, essa ilustração não deve ser usada para
dizer que devemos andar com ousadia em vez de
timidez. A questão aqui é que devemos andar em
Cristo. Pouquíssimos santos entre nós andam em
coisas pecaminosas; muitos andam em coisas boas,
morais e éticas. Eles andam segundo a própria
maneira de vida. Se de fato andarmos em Cristo,
haverá vezes em que repreenderemos os outros com
ousadia. De acordo com Gálatas 2, Paulo repreendeu
abertamente Pedro quando este deixou de comer com
os gentios. A questão não é repreender os outros, mas
que todo o nosso comportamento deve ser em Cristo.
Precisamos viver e agir em Cristo. Os jovens não
devem dizer que não podem deixar de ser jovens, e os
velhos não devem dizer que não podem deixar de ser
velhos. Quer sejamos jovens ou velhos, precisamos
viver e agir em Cristo. Na igreja não há jovens ou
velhos, tímidos ou ousados; há somente Cristo, que é
todos os membros do novo homem e está em todos os
membros. Por isso, todos devemos andar em Cristo, e
não segundo algum elemento da cultura em que
vivemos. Repito, Cristo deve ser não só nossa esfera,
o amplo âmbito no qual andamos; Ele deve também
tornar-se todos os elementos e fatores do viver diário.
Admitimos que não é fácil andar em Cristo.
Depois de nos exortar a andar em Cristo, Paulo logo
acrescenta as palavras: “Nele radicados, e edificados”.
Se quisermos andar em Cristo, precisamos cumprir
duas condições: ter sido radicados Nele e ser
edificados Nele. Nossa base para andar em Cristo é
que fomos radicados, enraizados Nele. Por um lado,
já fomos enraizados em Cristo; por outro, estamos no
processo de ser edificados Nele. O enraizamento, que
já foi consumado, é uma condição para andar em
Cristo. Ser edificado, que acontece hoje, é outra
condição. Referindo-se ao enraizamento, Paulo usa a
ilustração de plantas profundamente enraizadas no
solo. Como ilustração de ser edificados em Cristo,
Paulo usa o exemplo de pedras.

UM PROCESSO ORGÂNICO
Não importa quão velhos ou jovens sejamos,
todos fomos profundamente enraizados na cultura a
que pertencemos com os diversos fatores e elementos
que constituem o viver diário. Assim como fomos
enraizados na cultura, devemos agora ser enraizados
em Cristo. Ser enraizado é questão de vida. Uma
planta arraigada no solo envolve processo orgânico.
Sem tal processo, nenhuma planta pode enraizar-se.
Quanto mais fundo as raízes da planta se estenderem
terra adentro, mais abrangente será o processo
orgânico. À medida que o sistema de raízes da planta
se desenvolve, a vida dela se expande e se desenvolve.
Ser enraizado em Cristo é experimentar tal
desenvolvimento, expansão e atividade de vida.
Usando novamente a ilustração do enxerto,
podemos dizer que nós, ramos de oliveira selvagem,
fomos enxertados em Cristo, a oliveira cultivada. Um
enxerto também envolve crescimento orgânico. Sem
tal processo as duas árvores não conseguem crescer
juntas. Mediante o enxerto, as árvores são unidas e
suas vidas, mescladas, Essa mescla produz
crescimento orgânico, no qual o ramo enxertado, o
ramo da oliveira selvagem, torna-se profundamente
enraizado na oliveira cultivada.
O enxerto e o plantio têm o mesmo princípio.
Para se transplantar uma árvore com sucesso, deve
haver lugar no solo para as raízes crescerem e se
desenvolverem. Se forem aguadas e tiverem espaço
para crescer, as raízes se espalharão profundamente
na terra. O princípio é o mesmo no relacionamento
com Cristo. Por um lado, fomos enxertados Nele; por
outro, fomos plantados e até transplantados Nele.
Quer falemos do ponto de vista do enxerto ou do
plantio, há a necessidade de crescimento, que é tanto
interno como para baixo. O crescimento das raízes
para baixo pode ocorrer muito lentamente, ao passo
que o crescimento para cima pode acontecer
rapidamente. Alguns santos crescem como
cogumelos; aparecem muito acima da superfície, mas
falta-lhes o crescimento das raízes sob o solo.

ENRAIZADOS EM CRISTO PARA ANDAR


NELE
Se tivermos sido enraizados em Cristo,
espontaneamente andaremos Nele. Por exemplo, se
uma irmã se enraizar profundamente em Cristo,
posteriormente a maneira de ela fazer compras será
afetada. Mas se ela passa por uma mudança súbita no
modo de fazer compras, eu não teria muita confiança
nessa mudança; pode indicar um crescimento de
cogumelo, e não o que provém do profundo
enraizamento em Cristo e andar Nele. Lembre-se, ser
enraizado em Cristo é a condição para andar Nele.
Se os santos contatarem o Senhor e despenderem
tempo na Palavra com muita oração, eles se tornarão
profundamente enraizados em Cristo. Se uma irmã
fizer isso por certo tempo, suas compras serão feitas
em Cristo, e não em algo além de Cristo. Não tenho
confiança em mudanças de comportamento
resultantes de decisão tomada depois de se ouvir uma
mensagem. Tenho confiança no que resulta de
enraizar-se profundamente em Cristo contatando o
Senhor e despendendo tempo na Palavra com muita
oração. Quando somos arraigados em Cristo, não há
necessidade de forçar o pensamento sobre certas
coisas, pois espontaneamente andaremos Nele.
Numa mensagem anterior levantamos a questão
de como as plantas podem andar. Colossenses 2:7 fala
de ser enraizado, e isso se refere a plantas. Mas 2:6
fala de andar, e isso se refere a pessoas. Somos
plantas ou pessoas? A resposta é que, para o viver
diário, somos pessoas, mas para ser enraizados em
Cristo, somos plantas. Em 1 Coríntios 3 Paulo diz que
somos lavoura de Deus (v. 9). Além disso, ele diz que
ele plantou e Apelo regou, mas o crescimento vem de
Deus (v. 6). Assim, no que tange ao crescimento,
somos como plantas. Mas no andar diário, é claro,
não somos como plantas, e, sim, pessoas. Podemos
dizer que somos plantas-pessoas: pessoas ao andar e
plantas ao ser enraizados em Cristo.
A única maneira de enraizar-se profundamente
em Cristo como o solo é contatá-Lo como o solo e
absorver diariamente a água na Palavra. Quanto mais
contatarmos o solo e absorvermos a água, mais
cresceremos. Primeiro crescemos para baixo, e depois
para cima. Após ter crescido para baixo por certo
tempo, automaticamente deixaremos de andar em
coisas que não são Cristo. Uma vez profundamente
enraizados em Cristo, viveremos, andaremos,
agiremos e existiremos em Cristo.
À medida que andamos em Cristo, somos
edificados Nele. Fomos enraizados na nossa cultura e
edificados nela. Até mesmo as crianças são
profundamente arraigadas na cultura a que
pertencem. Mas, à medida que andam na cultura,
algo dessa cultura é edificado no interior delas. Todos
são edificados em determinadas coisas. Por um lado,
estamos enraizados em nossa cultura; por outro lado,
estamos edificados em certos aspectos dela.

EDIFICAR A EXPRESSÃO DE CRISTO


O conceito de Paulo é que Cristo, que é
todo-inclusivo e vasto, deve tornar-se o substituto de
todo fator e elemento no viver humano. Portanto,
precisamos andar em Cristo. Mas andar Nele exige
que sejamos enraizados Nele. Assim como fomos
arraigados na cultura humana, precisamos agora ser
arraigados em Cristo. Uma vez arraigados Nele,
espontaneamente andaremos Nele. Enquanto
andamos Nele, a expressão de Cristo será edificada
em nós. Por fim, essa expressão se tornará o Corpo, a
vida corporativa da igreja, a habitação de Deus no
espírito sobre a terra hoje. Se afirmamos que
andamos em Cristo mas não temos a Sua expressão,
nossa afirmação é falsa. Andar em Cristo exige que
estejamos no processo de ser edificados Nele. Isso
quer dizer que, enquanto andamos Nele, Sua
expressão deve ser edificada em nós.
Segundo a experiência, sabemos que, quando
contatamos o Senhor e diariamente nos
aprofundamos na Palavra com muita oração,
preenchemos o requisito para andar em Cristo, pois
estamos enraizados Nele. Então, à medida que
andamos Nele, a expressão de Cristo é edificada em
nós. Isso torna possível aos outros ver Cristo
expressado em nós. Por fim, essa expressão de Cristo
produzirá Sua expressão corporativa: a vida da igreja.
Essa é a maneira adequada de viver a vida cristã.
O nosso viver não deve ser segundo nenhuma
outra coisa além de Cristo. Os substitutos mais sutis
de Cristo são os diversos elementos da cultura em que
vivemos. Cristo agora deve vir e substituir todos esses
substitutos. Se for essa a nossa experiência, não
teremos nada além de Cristo no viver diário.
Viveremos, nos moveremos agiremos e existiremos
em Cristo. Para isso há duas condições: ser
enraizados e ser edificados em Cristo para tornar-se
Sua expressão. A expressão de Cristo, Cristo expresso
em nós, por fim se tornará corporativa. Essa é a igreja
como o Corpo e o novo homem. Quando a igreja se
tornar tal novo homem de fato, Cristo voltará. Que o
Senhor tenha misericórdia de nós e nos conceda
graça para vivê-Lo na igreja dessa forma.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM QUARENTA E SETE

ENRAIZADOS E EDIFICADOS EM CRISTO COM O


DEUS PROCESSADO

Leitura Bíblica: c:2:2, 7, 19; 4:2; Ef 4:13


Já ressaltamos que Colossenses primeiro nos dá
uma revelação objetiva do Cristo vasto e
todo-inclusivo. Depois apresenta o ministério
subjetivo, o mordomado, pelo qual o Cristo
todo-inclusivo é dispensado a nós. Por fim, fala da
experiência prática do Cristo ministrado a nós.
Portanto, em Colossenses temos a revelação objetiva,
o ministério subjetivo e a experiência.

O CRISTO TODO-INCLUSIVO EM NOSSO


ESPÍRITO
Nós, que experimentamos Cristo, temos relação
próxima, profunda, íntima e subjetiva com Ele. Mas
precisamos fazer três perguntas: Quem é Cristo? Que
é Cristo? Onde está Cristo? Por Ele ser tanto, é difícil
dizer adequadamente quem e o que Ele é. Para
começar, Cristo é o próprio Deus. De acordo com
Colossenses, Ele é o Primogénito de toda a criação. A
Bíblia indica que Cristo é a realidade de vários tipos
de árvores: figueira, oliveira, videira e cedro. Cristo é
também o verdadeiro boi, cordeiro, leão, águia e
pomba. Além disso, Cristo é a verdadeira comida,
água, leite, mel, ar, luz solar, chuva, orvalho e neve.
Por fim Cristo se torna uma terra todo-inclusiva, na
qual temos montanhas, montes, vales, fontes,
córregos, ribeiros, pedras, ferro e bronze. Por ser
todo-inclusivo, quando estava na terra Ele pôde usar
diversos objetos naturais como ilustrações de Si
mesmo.
Em relação a onde Cristo está, precisamos
perceber que, embora Ele seja onipresente e, em
particular, esteja à destra de Deus no terceiro céu, Ele
habita em nós (1:27). Entretanto, não é fácil perceber
que Cristo está realmente em nós. Somos pessoas
complicadas, com muitas câmaras e partes interiores.
Provérbios 20:27 fala das partes interiores do
homem, suas câmaras secretas (TB). Essas câmaras
incluem a mente, a emoção, a vontade, o coração, a
alma, o homem interior e o homem oculto. Primeira
Pedro 3:4 fala do homem oculto (lit.), e Efésios 3:16,
do homem interior. Podemos crer que Cristo está em
nós, mas em qual câmara do nosso ser Ele pode ser
encontrado? Segunda Timóteo 4:22 indica que o
Senhor está em nosso espírito.
Agora precisamos perguntar o que é o espírito e
como ele difere do coração e da alma. A versão
chinesa usa o estranho termo “coração-espírito”.
Contudo, não existe isso em nosso interior. Como é
lamentável os tradutores da versão chinesa terem
usado tal termo ao falar do espírito humano! Embora
fossem estudiosos, enganaram-se nesse ponto.
Outros afirmam que o espírito e a alma são o mesmo.
Por um lado, o espírito humano não é o coração; por
outro, não é a alma. Mente, emoção, vontade, alma e
coração são partes interiores do homem, mas
nenhum desses é o espírito. O espírito humano está
no centro das partes interiores do homem. Cristo
estar em nosso espírito significa que Ele está no
centro do nosso ser, nas suas profundezas.
O espírito, onde Cristo habita naqueles que Nele
crêem, é diferente do corpo e da alma. A Bíblia revela
que o homem é tripartido, composto de espírito, alma
e corpo. Uma vez que o espírito é diferente da alma,
precisamos ter clareza ao falar onde em nós Cristo
está. Precisamos dizer, conforme a Bíblia, que Cristo
está em nosso espírito. Nas palavras de 1 Coríntios
6:17, somos um espírito com o Senhor. O Senhor é o
Espírito que dá vida (1Co 15:45), que é um com nosso
espírito. Portanto, esses dois espíritos são um. O
Senhor não só habita em nosso espírito; Ele até
mesmo Se fez um com ele. Dessa forma, os dois
espíritos (o Espírito que dá vida e o nosso espírito)
tornam-se um só espírito. Como é próxima e íntima a
nossa relação com o Senhor! Ele e nós, nós e Ele,
somos um só espírito. Que relação poderia ser mais
próxima e mais íntima do que essa? Por certo, tal
relação é o máximo em proximidade e intimidade. Se
quisermos experimentar Cristo adequadamente,
precisamos perceber que temos tal relação íntima
com Ele.

VIVER EM UM ESPÍRITO COM O SENHOR


Todavia, perceber isso é uma coisa; praticá-la é
outra. Podemos saber que somos um espírito com o
Senhor, mas no viver diário podemos não ter essa
prática. Podemos confinar o Senhor ao nosso espírito
e viver segundo os nossos pensamentos, sentimentos
e escolhas. Podemos insistir na liberdade de escolher
qualquer coisa de que gostemos, de ter os próprios
pensamentos e permitir que a afeição natural siga o
próprio curso. Podemos não querer ser incomodados
pelo Senhor em nosso espírito. Por esse motivo, no
viver diário, podemos limitá-Lo ao nosso espírito.
Talvez até cheguemos a ponto de negar nosso
espírito, vivendo como se não o tivéssemos, mas
somente corpo e alma. Por exemplo, se quisermos
irar-nos ou falar bastante, podemos fazê-lo segundo a
nossa preferência; simplesmente não vivemos em um
espírito com o Senhor. Quando lemos-oramos,
podemos louvar o Senhor por ser um espírito com
Ele. Mas em tantas questões práticas talvez
negligenciemos totalmente o Senhor em nosso
espírito.

O MISTÉRIO DE DEUS
A primeira parte de 2:7 diz: “Nele radicados e
edificados”. O pronome nele refere-se a Cristo no
versículo anterior. De acordo com 2:2, esse Cristo é o
mistério de Deus. Isso nos leva a outra questão: Que é
o mistério de Deus? Já que Cristo é o mistério de
Deus, ser enraizado em Cristo é ser enraizado no
mistério de Deus. Todos os cristãos estão
familiarizados com o nome Cristo, mas poucos
compreendem o termo o mistério de Deus. Deus é um
mistério. Além disso, Ele tem uma história. Qual é a
Sua história? Deus é infinito e eterno, sem princípio
nem fim. Segundo o Seu bom prazer, Ele criou os céus
e a terra e os bilhões de itens do universo. Portanto,
Deus realizou a obra da criação. Cristo é a história de
Deus. Isso quer dizer que Cristo não é apenas o
próprio Deus, mas também a história de Deus. A
história divina refere-se ao processo pelo qual Deus
passou para entrar no homem e o homem ser
introduzido Nele.
Gênesis 1:1 diz que, no princípio, Deus criou os
céus e a terra. Mas Mateus 28:19 fala de batizar os
que crêem no nome do Pai, do Filho e do Espírito.
Sabemos que o Pai, Filho e Espírito são o Deus
mencionado em Gênesis 1:1. Entretanto, a diferença é
que na época de Gênesis 1:1 Deus ainda não fora
processado mediante a encarnação, viver humano,
crucificação, ressurreição e ascensão. As palavras em
Mateus 28:19 foram ditas pelo Senhor após ter
entrado na ressurreição, tendo passado pela
encarnação, vi ver humano e crucificação. Depois da
ressurreição Ele encarregou os discípulos de fazer
discípulos de todas as nações e batizá-los não no
nome do Criador, a quem podemos chamar de Deus
não processado, mas no nome do Pai, do Filho e do
Espírito. Isso é batizá-los, imergi-los, no Deus
processado. O Deus processado é Deus acessível aos
Seus escolhidos, e Seu povo pode ser batizado Nele.
Embora não seja possível batizar pessoas no Deus
revelado em Gênesis 1:1, podemos batizá-las no nome
do Pai, do Filho e do Espírito; isto é, podemos
imergi-las no Deus Triúno processado.
Hoje o Deus Triúno processado é o Espírito. Na
época de João 7:39, o Espírito ainda não era, porque
Jesus não fora ainda glorificado. Ele ainda não
passara pela morte e entrara na ressurreição. Agora
que Cristo passou pela morte e entrou na
ressurreição, o Espírito está aqui. Esse Espírito é
Cristo, e Cristo é a história de Deus, o mistério de
Deus. Como a história de Deus, Cristo é o Deus
processado, o Deus que passou por um processo para
tornar-se o Espírito todo-inclusivo que agora habita
em nosso espírito e é um com ele.

ABSORVER AS RIQUEZAS DE CRISTO


O Cristo em quem fomos enraizados é o Espírito
todo-inclusivo. Isso significa que em nosso espírito
temos o Deus Triúno processado como nossa fonte.
Essa fonte é um manancial que brota do nosso
interior. O Espírito todo-inclusivo que habita em nós
contém os elementos da divindade, humanidade,
encarnação, viver humano, morte e ressurreição.
Fomos arraigados Nele, essa fonte maravilhosa, que é
o Deus Triúno processado como o Espírito
todo-inclusivo que dá vida.
Uma árvore enraizada absorve todos os ricos
elementos do solo. Esses elementos são absorvidos
pela árvore e tornam-se sua nutrição. A árvore então
aumenta, cresce, com esses elementos. Sem absorver
as riquezas do solo, a árvore não poderia crescer.
Quanto mais fundo uma árvore for enraizada, mais
absorverá a rica nutrição do solo. O princípio é o
mesmo com nosso crescimento em Cristo. Fomos
profundamente enraizados em Cristo como o solo, o
Deus Triúno processado, todo-inclusivo, que dá vida,
que habita em nosso espírito. Agora absorvemos as
riquezas de Cristo como o solo. Como conseqüência,
somos edificados com o que absorvemos das riquezas
de Cristo. O que absorvemos torna-se o material com
o qual somos edificados.

AUMENTAR EM ESTATURA ESPIRITUAL


O uso que Paulo faz da palavra edificados em 2:7
não se refere diretamente à edificação do Corpo de
Cristo. Antes, denota um aumento em nossa estatura
espiritual, que pode ser comparado ao aumento de
uma pessoa em estatura à medida que cresce
fisicamente. A única maneira de uma criança crescer
fisicamente é assimilar alimento nutritivo. Do mesmo
modo, crescemos espiritualmente assimilando a rica
nutrição de Cristo. Isso é o que significa ser edificado
em Cristo, como mencionado em 2:7. Primeiro Paulo
nos diz que fomos enraizados em Cristo. Depois diz
que somos edificados Nele. Nenhuma árvore pode
crescer sem primeiro ser enraizada. O crescimento da
árvore é também a sua edificação.
Se nos falta estatura espiritual, não adianta falar
da edificação do Corpo. Em Efésios 4:13 Paulo diz:
“Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno
conhecimento do Filho de Deus, à perfeita
varonilidade, à medida da estatura da plenitude de
Cristo”. O Corpo de Cristo tem uma estatura, e essa
estatura tem uma medida plena. Todos precisamos
crescer até chegar à medida plena da estatura do
Corpo de Cristo. Ser edificados não quer dizer que
somos primeiramente edificados como a igreja, o
Corpo; quer dizer que somos edificados no Senhor e
experimentamos aumento em estatura. Portanto, em
Colossenses 2:7, ser edificado significa na verdade
crescer. Primeiro somos enraizados em Cristo como o
Espírito todo-inclusivo, e depois crescemos Nele. Nós
nos edificamos crescendo. A edificação depende da
assimilação das riquezas de Cristo como o solo.
Tendo assimilado essas riquezas, cresceremos e
seremos edificados. Quando formos plenamente
crescidos, seremos edificados. Portanto, ser edificado
significa simplesmente crescer. Para crescer,
precisamos de nutrição. O crescimento depende de
quantos nutrientes assimilamos sendo enraizados em
Cristo. Visto que estamos arraigados Nele,
absorvemos as riquezas do Espírito todo-inclusivo.
Então crescemos com a nutrição que extraímos
dessas riquezas.

CRESCER ABSORVENDO AS RIQUEZAS DA


CABEÇA
De acordo com 2:19, ao reter a Cabeça,
crescemos com o crescimento de Deus. A partir da
Cabeça, o Corpo cresce com o crescimento de Deus.
Deus aqui é o Deus Triúno processado, como em
Mateus 28:19. Tendo o Deus Triúno processado como
fonte, o Corpo cresce absorvendo as riquezas da
Cabeça. O Corpo não cresce com conhecimento
bíblico, e, sim, com o crescimento de Deus. Em Si
mesmo Deus é infinito, perfeito e completo. Por isso,
em Si mesmo, Deus não pode crescer. Mas em nós Ele
pode e precisa crescer. Crescemos pelo crescimento
de Deus em nós. Visto que temos tão pouco do Deus
Triúno em nós, precisamos do acréscimo de Deus
para o crescimento espiritual. Crescemos com o que
absorvemos da Cabeça.
O ponto vital e crucial é que crescemos
absorvendo as riquezas de Cristo. Para absorvê-las,
precisamos ser enraizados Nele como o Espírito
todo-inclusivo. Lembre-se que esse Espírito habita
em nosso espírito. O solo não é nossa mente, emoção
ou vontade; é o Deus Triúno todo-inclusivo,
processado, habitando em nosso espírito. A fonte das
riquezas que precisamos para crescer é o Deus Triúno
processado em nosso espírito. Assim como vamos à
torneira para obter água, precisamos voltar-nos ao
espírito para obter as riquezas do Deus Triúno

EXERCITAR O ESPÍRITO
A fim de nos enraizar mais profundamente no
Deus Triúno processado, precisamos exercitar o
espírito, e não a mente, emoção ou vontade. Contudo,
a situação ao redor não favorece o exercício do
espírito. Pelo contrário, tudo no ambiente opera para
nos afastar do espírito. Por exemplo, no domingo
todo, a esposa de um irmão pode ser-lhe muito
agradável. Mas pouco antes da reunião da mesa do
Senhor ela pode ser ríspida com ele. Ao reagir à
rispidez dela, ele imediatamente é afastado do
espírito. Em tal situação esse irmão precisa exercitar
o espírito e invocar o nome do Senhor Jesus.
Exercitando o espírito ele se enraizará mais
profundamente em Cristo como o solo, e
automaticamente absorverá mais riquezas do
Espírito todo-inclusivo. Isso produzirá mais
crescimento.
Precisamos exercitar continuamente o espírito.
Esse é o motivo de, no desfecho de Colossenses, Paulo
exortar-nos a perseverar em oração (4:2). Todavia, se,
em vez de exercitar o espírito, exercitarmos a mente,
emoção e vontade, Satanás nos impedirá de desfrutar
o Espírito todo-inclusivo em nosso espírito. Satanás é
sutil e maligno, e usa as situações para nos manter
longe do espírito. Assim, precisamos exercitar o
espírito continuamente, invocando o nome do Senhor
para ser enraizados mais profundamente no Espírito
todo-inclusivo. Então absorveremos as riquezas de
Cristo, cresceremos Nele, e espontaneamente
seremos edificados Nele. Como resultado, andaremos
Nele. Se compreendermos isso, saberemos o que
significa andar em Cristo absorvendo Suas riquezas e
sendo edificados com o que absorvemos. Essa é a
experiência de Cristo que todos precisamos ter.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM QUARENTA E OITO

RECEBER CRISTO

Leitura Bíblica: Cl 2:1-6; Jo 1:1-4, 11-18


Em 2:6 Paulo diz: “Ora, como recebestes Cristo
Jesus, o Senhor, assim andai nele”. Andar em Cristo
baseia-se em recebê-Lo e provém de recebê-Lo.
Muitos cristãos acham que receber Cristo é
simplesmente crer Nele. Receber Cristo, todavia, não
é tão simples assim. A fim de compreender adequada,
autêntica e apropriadamente o que significa receber
Cristo, precisamos conhecer o Cristo que devemos
receber. De acordo com nosso conceito e segundo a
doutrina tradicional, Cristo é muito simples. Muitos
cristãos percebem somente que Cristo, o Filho de
Deus, é o Salvador que nos amou e morreu por nós.
Se cremos em Cristo, somos salvos. Entretanto, em
um livro como Colossenses, receber Cristo envolve
muito mais que isso. Já ressaltamos que esse livro nos
proporciona uma revelação ampla do Cristo
todo-inclusivo. Esse Cristo é mais vasto que todo o
universo. De acordo com Efésios 3, Cristo é a largura,
o comprimento, a altura e a profundidade. O Cristo
que recebemos é imensurável. Ele é universalmente
vasto.
Embora tenhamos recebido Cristo uma vez por
todas, nosso receber vai além disso, pois
continuaremos a recebê-Lo eternamente. Receber
Cristo pode ser comparado a respirar. Assim como
respirar é um processo contínuo, devemos receber
Cristo continuamente. Porém é lamentável que
muitos cristãos têm somente o receber inicial de
Cristo; não O recebem continuamente. Muitos
cristãos podem dizer que em certo momento eles
receberam Cristo. Mas não continuaram a recebê-Lo.
Se não O recebermos continuamente, não
desfrutaremos o pleno benefício do Cristo que
recebemos inicialmente. Muitos cristãos não
continuaram a receber Cristo. Portanto, precisamos
perceber que recebê-Lo deve ser constante e
contínuo.

O MISTÉRIO DE DEUS
O Cristo que recebemos, de acordo com 2:1-6, é o
mistério de Deus mencionado em 2:2. O fato de
Cristo ser o mistério de Deus indica que Ele não é
simples, mas imensurável e misterioso. Com certeza,
Deus não é simples. Ele é ilimitado, infinito, eterno.
Como, então, poderia Cristo, o mistério de Deus, ser
simples? Como o mistério de Deus, Cristo é o Deus
imensurável, infinito e eterno.
Embora Deus seja eterno, Ele também tem uma
história. É claro, dizer que Deus tem uma história é
falar em termos humanos para a nossa compreensão.
No princípio, na eternidade passada, Deus tinha um
bom prazer, o desejo do Seu coração. Quanto mais
viva for uma pessoa, maior será o seu desejo de
prazer. Assim, sendo o mais vivo de todos, Deus tem o
maior desejo. Ele é vivo, vigoroso e enérgico. Assim,
Ele tem um bom prazer, que é o desejo do Seu
coração, baseado no qual Ele elaborou um plano. O
termo bíblico para esse plano é propósito. Deus tem
um propósito forte e eterno, que se baseia em Seu
bom prazer. Esse propósito é ter um grupo de seres
vivos para ser Sua expressão corporativa.

O HOMEM CRIADO COM UM RECEPTOR


Para tal grupo de seres vir a existir, Deus criou os
céus, a terra e bilhões de itens. O centro da criação de
Deus é o homem, criado com um receptor: o espírito
humano. Assim como um receptor de rádio tem a
capacidade de receber ondas sonoras, nosso espírito
tem a capacidade de receber Deus. Suponha que uma
pessoa de uma parte primitiva do mundo veja um
rádio pela primeira vez, e digamos a ela que o rádio
pode emitir sons transmitidos pelo ar. Se o rádio for
adequadamente sintonizado, ela ficará maravilhada
com os sons. Mas se o receptor não funcionar, ela
pode argumentar que não há ondas de rádio no ar.
Um rádio pode ter aparência bonita, mas se seu
receptor não funcionar, ele será inútil. Milhões de
pessoas hoje são como rádios quebrados.
Exteriormente parecem muito boas, mas o espírito
delas foi danificado. O receptor nelas não funciona
adequadamente. Esse é o motivo de os ateus
proclamarem que não há Deus. Visto que o receptor
deles não funciona para substantificar Deus, dizem
que Deus não existe. Se um rádio quebrado for
consertado, funcionará outra vez. De igual modo,
quando nosso receptor danificado, o espírito
humano, é regenerado, ele pode funcionar para
substantificar Deus.
De acordo com Zacarias 12:1, Deus estendeu os
céus, fundou a terra, e formou o espírito do homem
dentro dele. Nesse versículo, o espírito do homem é
colocado no mesmo nível dos céus e da terra. Isso
mostra o significado crucial do espírito humano. Ele
foi criado proposital e especificamente como receptor
para receber Deus. A fim de existir o homem com
espírito para receber Deus, havia a necessidade da
terra e cios céus. Os céus são para a terra, a terra é
para o homem, e o homem, com seu espírito, seu
receptor, é para Deus. Mediante a criação, Deus
produziu o ambiente necessário para o cumprimento
do Seu propósito.

ENCARNAÇÃO, CRUCIFICAÇÃO E
RESSURREIÇÃO
Antes de poder ser recebido pelo homem, Deus
tinha primeiro de se tornar homem. Por isso, a
criação foi seguida pela encarnação. No processo da
encarnação Deus tornou-se homem, nascido da
virgem Maria de maneira muito humilde. Conforme
diz Isaías 9:6, o filho que nos nasceu era o Deus forte.
Isso quer dizer que o menino nascido na manjedoura
em Belém era o próprio Deus forte. Como menino,
Ele cresceu em Nazaré, na região desprezada da
Galiléia. Não viveu na mansão de um rico, mas num
casebre de carpinteiro. Considere o fato de que Jesus,
o Deus forte encarnado, viveu na casa de um
carpinteiro em Nazaré por cerca de trinta anos! O
Criador do universo viveu na terra de tal maneira.
Essa é uma parte vital da história de Deus.
Até hoje os judeus não crêem na encarnação;
proclamam que seu Deus não é tão pequeno.
Contudo, nós cremos e declaramos que nosso Deus
tornou-se um pequeno homem e viveu na terra por
trinta e três anos e meio. Conforme Isaías 53 e os
quatro Evangelhos, o Senhor Jesus não tinha
aparência ou beleza. Além disso, Aquele que disse
“Haja luz” e fez a luz brilhar das trevas trabalhou por
anos como carpinteiro.
No final de Sua vida na terra o Senhor Jesus foi
crucificado. Precisamos perceber que quem foi
crucificado era o próprio Deus. Num hino escrito por
Charles Wesley há essas linhas: “Grandioso amor!
Que ocorreu”! / Por mim morreste, ó meu Deus!”
[Hino 157, do hinário Hinos, publicado por esta
Editora.] Deus foi crucificado e pendurado na cruz
por nós. Depois disso, foi sepultado no túmulo e deu
uma volta pelo Hades, a região da morte. Embora
Satanás tivesse feito todo o possível para retê-Lo, no
terceiro dia, Ele se levantou dentre os mortos e saiu
do túmulo em ressurreição. Agora, em ressurreição,
Ele é o Espírito que dá vida. Pela encarnação Deus,
tornou-se homem e, em ressurreição, tornou-se
Espírito que dá vida.
Após ressuscitar, Cristo apareceu aos discípulos
diversas vezes. Ele lhes foi manifestado no dia da
ressurreição, quando estavam reunidos numa sala
com as portas fechadas. De repente Ele apareceu com
corpo de carne e osso. Pensando que era um
fantasma, os discípulos ficaram com medo. Ele lhes
disse: “Vede as Minhas mãos e os Meus pés, que sou
Eu mesmo; apalpai-Me e vede, porque um espírito
não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho”
(Lc 24:39). Oito dias mais tarde Ele apareceu
novamente, especialmente por causa de Tomé, que
havia dito que se não Lhe visse nas mãos a marca dos
cravos, não Lhe pusesse o dedo na marca dos cravos e
a mão no lado, não acreditaria (10 20:25). Depois de
aparecer, o Cristo ressurreto de repente desapareceu
novamente. Mais tarde, quando alguns discípulos,
liderados por Pedro, estavam pescando, Ele Se
manifestou outra vez e perguntou-lhes se tinham algo
para comer. Quando responderam que nada tinham,
Ele lhes disse que lançassem a rede do lado direito do
barco. Eles fizeram isso, e apanharam enorme
quantidade de peixes (Jo 21:6). Então os discípulos
desfrutaram com Ele uma boa refeição, depois da
qual Ele desapareceu novamente. Em outra ocasião
Ele reuniu-se com eles no alto do monte, o lugar que
Ele tinha designado. Por fim, os discípulos
testemunharam a ascensão do Cristo ressurreto. Dez
dias mais tarde Ele desceu sobre eles de forma
maravilhosa como o Espírito todo-inclusivo. Como
todos sabemos, por meio da pregação do evangelho,
milhares foram acrescentados.
Ao considerar todos os aspectos da história de
Deus, vemos que ela é Cristo. Sendo a história de
Deus, Cristo é o mistério de Deus. Pelo fato de os
judeus não terem Cristo, o Deus no qual eles crêem
não tem tal história. Fora de Cristo não há a história
de Deus nem o mistério de Deus.
Assim como Cristo é a história de Deus, a igreja é
a história de Cristo. Sendo Sua história, a igreja é o
mistério de Cristo. Nela, somos a continuação dessa
história.
Já ressaltamos que o Cristo que recebemos é o
mistério e a história de Deus. Ele é Deus com Sua
história maravilhosa. Como o Cristo todo-inclusivo,
Ele inclui divindade, humanidade, viver humano,
crucificação, ressurreição, ascensão, glorificação e
entronização. Ele inclui todos os atributos divinos e
virtudes humanas. É esse que todos recebemos.

PLENO CONHECIMENTO E FORTE


CONVICÇÃO
Em 2:1-2, Paulo diz que mantinha grande luta
pelos santos, para que “o coração deles seja
confortado e vinculado juntamente em amor, e eles
tenham toda a riqueza da forte convicção do
entendimento, para compreenderem plenamente o
mistério de Deus, Cristo”. Também precisamos da
forte convicção do entendimento, o pleno
conhecimento de Cristo como o mistério de Deus.
Entretanto poucos, mesmo entre nós, têm esse pleno
conhecimento. Precisamos do pleno conhecimento
com a plena convicção do entendimento de que
recebemos o Cristo maravilhoso, ilimitado,
imensurável, vasto.
O Cristo em Colossenses é muito mais amplo do
que o Cristo em quem a maioria dos cristãos crê. Deus
nos deu um presente muito mais vasto que o
universo. Se tivermos a forte convicção do
entendimento acerca de Cristo, diremos: “Senhor
Jesus, Tu és tudo para mim. Tu és o mistério de Deus.
Por seres tudo, não quero nada que não sejas Tu, e
não preciso de nada”. Sendo o mistério de Deus, o
Cristo todo-inclusivo inclui encarnação, crucificação,
ressurreição, ascensão, glorificação, divindade e
humanidade. Ele é a realidade de todas as coisas
positivas no universo: alimento, bebida, festas, luas
novas, dias santos, sábados, vestes, moradia,
transporte, luz. O apóstolo Paulo estava lutando pelos
colossenses desviados e enganados, para ajudá-los a
ter pleno conhecimento desse Cristo. Paulo parecia
dizer-lhes: “Colossenses, vocês têm o Cristo
todo-inclusivo. Por que se voltam para o gnosticismo,
judaísmo e ascetismo? Por que se sujeitam a tantas
ordenanças? Vocês têm o Cristo todo-inclusivo, vasto,
que é o mistério de Deus. Que seus olhos sejam
abertos para enxergar quem vocês receberam”. Oh!
todos precisamos de uma visão de tal Cristo!
RECEBER CRISTO UM POUCO DE CADA VEZ
Somos gratos ao Senhor pois todos recebemos
Cristo inicialmente. Como já indicamos, esse receber
é também contínuo; é muito mais que uma vez por
todas. Assim como respiramos continuamente,
precisamos receber Cristo constantemente, até
mesmo por toda a eternidade.
Numa mensagem anterior enfatizamos que uma
condição para andar em Cristo é estar enraizado Nele.
Ser enraizado em Cristo equivale a recebê-Lo. Uma
árvore absorve a umidade por meio das minúsculas
fibras da raiz. A absorção depende de estar enraizada
e de receber. Não tente receber demais de Cristo de
uma vez só. Precisamos de um receber contínuo. Em
princípio é correto dizer que, quanto mais recebemos
de Cristo, melhor. Contudo, na prática, não devemos
tentar receber muito de uma vez. Assim como nos
alimentamos um pouco de cada vez, também
recebemos Cristo um pouco de cada vez.
Vimos que o Cristo que recebemos é o mistério
de Deus e a história de Deus. Provavelmente, no
estágio inicial de receber Cristo, não tínhamos essa
percepção acerca Dele. Mas à medida que
prosseguimos com o Senhor, percebemos que Cristo é
tudo que precisamos. Uma vez que Ele é tudo para
nós, devemos continuar a recebê-Lo sem cessar.

A ORAÇÃO E O EXERCÍCIO DO ESPÍRITO


Agora chegamos à questão extremamente
importante de como receber Cristo. Receber Cristo
exige o exercício do espírito. Para que um rádio capte
as ondas, o receptor deve funcionar
apropriadamente. Do mesmo modo, embora seja
bom aperfeiçoar o comportamento, o mais
importante é que sintonizemos, ou ajustemos, o
nosso espírito. O nosso espírito precisa estar limpo,
aberto e adequadamente ajustado.
A melhor maneira de exercitar o espírito é orar.
O objetivo de exercitar o espírito em oração é
primeiramente contatar o Senhor, e não orar por
certas pessoas ou coisas. Simplesmente contate o
Senhor e permita que Ele lhe dê encargo para orar
por algumas coisas. Não vá ao Senhor com a mente
cheia de coisas pelas quais orar. Se tentar contatar o
Senhor dessa forma, fechará o seu espírito. Devemos
achegar-nos ao Senhor com o espírito totalmente
aberto, adorando-O, louvando-O e agradecendo-Lhe.
Então saberemos pelo que orar e teremos muito para
Lhe dizer em oração.
Quando recebemos tal transmissão celestial do
Senhor, não só recebemos as riquezas de Cristo, mas
também experimentamos Sua plenitude. Isso quer
dizer que ficamos cheios até transbordar. A plenitude
está relacionada com as riquezas. Todavia, podemos
ter as riquezas sem a plenitude. Se as riquezas de
Cristo tornam-se a plenitude para nós depende se
estamos cheios delas até o limite da nossa
capacidade. Se excedem a necessidade, as riquezas
são a plenitude. Mas se forem menos que a
necessidade, obviamente não são a plenitude. As
riquezas de Cristo, sendo universalmente vastas,
nunca são menores que a necessidade. Seja qual for a
capacidade de receber, as riquezas de Cristo a
excederão. As riquezas são sempre capazes de
encher-nos até transbordar. Um homem pode ser
muito rico, até mesmo bilionário. Mas se suas
riquezas forem suficientes para dar somente um dólar
para cada pessoa na face da terra, elas não poderão
ser consideradas a plenitude. Ele não tem riquezas
suficientes para tornar todos abundantemente ricos.
As riquezas de Cristo, entretanto, são universalmente
vastas. São suficientes para encher todos até o limite
da capacidade de cada um.
João 1:14 diz que o Verbo tornou-se carne, cheio
de graça e realidade. De acordo com João 1:16, todos
recebemos de Sua plenitude, e graça sobre graça.
Conforme João 1, Aquele que recebemos é o Verbo
eterno, que estava com Deus e era Deus, por meio do
qual tudo veio a existir. Nesse Verbo estava a vida.
Um dia o Verbo tornou-se carne e armou tabernáculo
entre nós, cheio de graça. Isso é parte da história de
Deus, um aspecto de Seu mistério. O mistério de Deus
é Cristo, que é cheio de graça. Nenhuma demanda
consegue esgotar Sua plenitude; nenhuma
capacidade de recebê-Lo consegue esgotar Seu
suprimento. A plenitude de Cristo nunca diminuirá
pela nossa necessidade ou capacidade. O Cristo que
recebemos é um Cristo de plenitude. Portanto,
precisamos continuar a recebê-Lo, exercitando o
espírito para ter contato direto com Ele. Quando
oramos a partir do espírito aberto e ajustado,
recebemos a fonte ilimitada como suprimento. Então
teremos a plenitude, e nela estaremos enraizados e
edificados. Então andaremos Nele.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM QUARENTA E NOVE

MADUROS EM CRISTO

Leitura Bíblica: Cl 1:27-29; Ef 4:13


Colossenses revela que o Cristo todo-inclusivo e
vasto deve substituir todo fator, elemento e aspecto
da vida humana natural. Em grande parte, o nosso
viver é composto da cultura em que fomos criados.
Humanamente falando, a cultura é muito boa. Toda
sociedade é preservada e mantida pela sua cultura. Se
as pessoas não tivessem uma cultura, haveria muito
mais trabalho para as delegacias de polícia e
tribunais. Atualmente o trabalho da polícia e dos
tribunais complementa a cultura de uma sociedade.
Quando alguém não se comporta adequadamente de
acordo com a cultura em que vive, a polícia pode
intervir. Toda nação, sociedade e comunidade é
preservada pela cultura, pela lei e pela polícia.

O USO ADEQUADO DA CULTURA HUMANA


Se, após lerem essas mensagens sobre Cristo
versus as culturas, os pais cristãos disserem aos filhos
que já não precisam de uma cultura, cometerão grave
erro. Sem uma cultura as crianças agiriam como
animais. Os filhos devem ser criados de acordo com
certos padrões culturais. Antes da idade apropriada
para receber Cristo, eles devem ser educados numa
cultura. Quanto mais forem educados segundo uma
cultura, melhor será para eles. Os filhos devem ser
educados a honrar os pais, amar os irmãos,
comportar-se adequadamente para com o próximo,
ser bons alunos, obedecer todas as leis e respeitar os
professores e outros adultos. Visto que são jovens
demais para se comportar segundo Cristo, precisam
ser ensinados a se comportar segundo a cultura em
que vivem. Se não tivéssemos cultura alguma
seríamos bárbaros.
O uso da cultura pode ser comparado à função da
lei nas Escrituras. A lei foi decretada por Deus.
Romanos 7:12 diz que “a lei é santa; e o mandamento,
santo, e justo, e bom”. Usada corretamente, a lei
mantinha sob custódia o povo escolhido de Deus até a
vinda de Cristo. As famílias ricas nos tempos antigos
tinham aios que exerciam a custódia dos filhos. De
modo semelhante, a cultura humana hoje guarda os
filhos sob custódia. Contudo, como Gálatas indica, a
lei foi mal utilizada pelos judaizantes. Agora que
Cristo veio, a lei deve entregar os escolhidos de Deus
a Cristo. Os judaizantes, porém, utilizaram mal a lei,
até mesmo usando-a além do necessário. Em vez de
permitir que a lei libertasse os escolhidos de Deus e
os entregasse a Cristo, os judaizantes a usaram para
afastá-las de Cristo. O conceito deles até mesmo
penetrou na igreja, desviando de volta para a lei
alguns dos judeus que de fato creram em Cristo.
Embora uma cultura seja certa e necessária, ela
também está sujeita a ser mal utilizada e pode afastar
as pessoas de Cristo. A cultura humana deve ser
usada para guardar os filhos até que sejam capazes de
receber Cristo e viver segundo Ele. Elas precisam ser
preservadas por uma cultura enquanto crescem.
Assim como Moisés deu os mandamentos ao
povo escolhido de Deus, os pais devem dar
mandamentos aos filhos. Mas quando os filhos são
capazes de perceber a necessidade que têm de Cristo e
se arrepender, devemos ministrar-lhes o Cristo rico e
ajudá-las a recebê-Lo, Devemos dizer aos filhos que a
cultura em que foram criados foi boa somente por
certo tempo e agora eles precisam receber Cristo.
Assim, uma cultura é usada por Deus por meio dos
pais para guardar os filhos sob custódia até chegar a
hora de receberem o Senhor. É importante ver esse
uso adequado da cultura humana.

PREENCHIDOS DE CRISTO
Agora que recebemos Cristo, Ele, que é
todo-inclusivo e amplo, deve substituir cada aspecto
da cultura em que vivemos. Vimos que o homem
caído usa uma cultura como substituto para Deus.
Primeiro, tal cultura substitui Deus. Cristo então vem
para trocar esse substituto por Ele mesmo. Uma vez
que não somos mais crianças, precisamos que Cristo
substitua todos os elementos da nossa cultura. Isso
não quer dizer que devemos desprezar nossa cultura,
e, sim, amar Cristo. Se estivermos completamente
plenos de Cristo, não teremos espaço para nada mais.
Cada parte do nosso ser será ocupada por Cristo e de
Cristo. Então, na experiência, teremos a plenitude de
Cristo. Seremos cheios Dele até o limite. O Cristo que
nos preenche substituirá nossa cultura. Essa é a
revelação de Colossenses.
Visto que Cristo é vasto e todo-inclusivo, Ele não
tem escassez. Se tivermos tal Cristo na experiência,
não precisaremos de nada mais. Não há necessidade
que Ele não consiga satisfazer, nem capacidade que
não consiga preencher. Já que temos o Cristo
todo-inclusivo, não precisamos do judaísmo,
gnosticismo ou ascetismo. Temos o Cristo
todo-inclusivo e amplo com Sua plenitude. Ele
poderia preencher todo o universo e ainda assim Ele
não se esgotaria. Não precisamos de nada, antigo ou
moderno, em lugar de Cristo. Não precisamos nem
mesmo da cultura autofabricada e auto-imposta.
Preocupo-me pois muitos entre nós ainda vivem de
acordo com a cultura que impuseram a si mesmos.
Eles sempre impõem restrições a si mesmos e vivem
conforme elas. Não há necessidade de permanecer
sob a custódia da cultura autofabricada. Em vez disso,
devemos permanecer em Cristo e na liberdade que
temos Nele. Precisamos ser completamente
preenchidos de Cristo. Esse é o conceito de
Colossenses. Cristo é vasto e deve substituir cada
elemento da vida humana natural. Isso requer que
não nos apeguemos a nada da cultura em que
vivemos, pois produziria uma mistura. Deixemos o
Cristo puro preencher-nos e substituir cada aspecto
da nossa vida humana natural.

NEGAROEGO
Alguns santos podem ter muito orgulho da sua
disposição agradável ou de suas virtudes naturais
como humildade, paciência e bondade. Se você tiver
tal disposição e virtudes, não deve odiá-las nem
valorizá-las. Em vez disso, deve permitir que o Cristo
vasto substitua até mesmo sua boa disposição e suas
virtudes. Deus não quer que expressemos nosso ser
natural com nossas virtudes. Se você viver de acordo
com sua disposição e virtudes, não será capaz de dizer
com Paulo: “Para mim, o viver é Cristo” (Fp 1:21).
Pelo contrário, terá de admitir que, para você, o viver
é o seu ser natural. Na igreja como o novo homem não
há lugar para nenhum tipo de pessoa natural. No
novo homem, Cristo deve ser tudo e em todos (3:11)
Já ressaltamos que não devemos odiar nem
valorizar nosso ser natural. Odiá-lo é praticar
ascetismo, uma forma de suicídio. Em vez de tentar
odiá-lo, devemos seguir o que o Senhor disse sobre
negar a nós mesmos. Negar o ego é ignorá-lo,
esquecê-lo, não prestar atenção a ele. Suponha que
você ande na calçada e alguém lhe pare e peça
dinheiro. Ele lhe implora por dinheiro muitas vezes.
Você não deve odiar nem amar essa pessoa.
Simplesmente não preste atenção ao seu pedido. Por
fim, percebendo que não conseguirá nada de você, ela
vai embora. Isso ilustra a atitude que devemos ter
para com o ego. Ele é ganancioso, sempre pedindo
coisas. Em vez de odiá-lo ou amá-lo, devemos
simplesmente recusar-nos a lhe dar atenção.

ATRAÍDOS E POSSUÍDOS POR CRISTO


Todavia, se quisermos parar de prestar atenção
ao ego, precisamos concentrar-nos em algo melhor do
que ele. É por isso que precisamos de uma visão da
amplitude de Cristo, a visão apresentada em
Colossenses. Se tivermos essa visão, concentraremos
todo o nosso ser no Cristo vasto, que irá então
preencher-nos e ocupar-nos. Por estar cheios do
Cristo amplo, não teremos necessidade de judaísmo,
gnosticismo, misticismo ou ascetismo. Nosso ser será
ocupado com o Cristo vasto e insondavelmente rico e
amplo. Espontaneamente Ele substituirá cada
aspecto da nossa vida humana natural.
Colossenses apresenta uma visão do Cristo
maravilhoso, vasto e todo-inclusivo. Uma vez que a
tenhamos, todo o nosso ser será atraído, possuído e
ocupado por Ele. Então, gradualmente, o Cristo
amplo que ocupa nossa atenção substituirá cada
elemento de nossa vida humana natural. Ele irá até
mesmo substituir a nossa bondade, humildade e
amor aos pais. No máximo, nossas virtudes naturais
podem ser comparadas a cobre polido, mas Cristo é
ouro. Ele ultrapassa em valor qualquer coisa que
possuamos por natureza. Quanto mais
experimentarmos o Cristo que excede todas as coisas
e substitui tudo na vida natural, mais seremos
capazes de declarar: “Para mim, o viver é Cristo”. Não
viveremos humildade, bondade ou paciência. Para
nós, o viver será o Cristo que tomou plena posse de
nós e nos ocupa e preenche Dele mesmo. A
mensagem de Colossenses é que tal Cristo deve
substituir todos os elementos de nossa vida humana
natural. Se compreendermos esse conceito,
Colossenses será um livro aberto para nós.

UM MISTÉRIO GLORIOSO
Se tivermos a plena certeza, a forte convicção do
entendimento a respeito do Cristo amplo
substituindo cada aspecto de nossa vida natural,
perceberemos o que significa tornar-se maduro em
Cristo. Em 1:25, Paulo diz que se tornou um ministro
de acordo com o mordomado de Deus. O objetivo do
mordomado de Paulo era dispensar o Cristo amplo
aos escolhidos de Deus. Esse Cristo amplo é um
mistério, principalmente para os gentios. Em 1:27
Paulo diz: “Aos quais Deus quis dar a conhecer qual
seja a riqueza da glória deste mistério entre os
gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória”.
Esse mistério é cheio de glória, e essa glória tem
riquezas. O mistério glorioso cheio de riquezas é
Cristo em nós.
ANUNCIAR CRISTO
Em 1:28-29 Paulo prossegue: “O qual nós
anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a
todo homem em toda a sabedoria, a fim de que
apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para
isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o
mais possível, segundo a sua eficácia que opera
eficientemente em mim”. No versículo 28 Paulo não
diz que prega Cristo, e, sim, que O anuncia. Anunciar
envolve grau maior de certeza do que simplesmente
pregar. Por exemplo, quando os irmãos responsáveis
fazem anúncios no final da reunião, eles não pregam
aos santos. Os anúncios são feitos com certeza. Do
mesmo modo, Paulo não só pregava Cristo; ele O
anunciava. Também desejo anunciar o Cristo
todo-inclusivo e vasto.

ADVERTIR A TODO HOMEM


No versículo 28 Paulo diz que advertia a todo
homem. Depois que alguns são convencidos e
subjugados pelo nosso anúncio de Cristo, eles
precisam ser advertidos. Ouvindo sobre o Cristo
todo-inclusivo, eles podem querer ser preenchidos
com Cristo e vivê-Lo. Mas muitas coisas negativas
podem surgir em oposição a isso. O inimigo é como
um animal de tocaia, aguardando a chance de
atacar-nos e impedir-nos de viver Cristo. Se você
amasse o mundo e se importasse com 'divertimentos
mundanos, sem ter desejo de ser preenchido com
Cristo ou vivê-Lo, o inimigo não prestaria muita
atenção a você. Mas se você ama o Senhor e busca
viver segundo Ele, encontra oposição.
Anos atrás, alguns filhos de líderes cristãos em
minha cidade natal envolveram-se muito com o
mundo e corriam atrás de divertimentos mundanos.
Depois que uma igreja foi levantada lá, muitos desses
jovens se voltaram para o Senhor e para a igreja. Em
muitos casos os pais se levantaram contra eles,
embora antes não se opusessem ao seu mundanismo.
Mas quando esses jovens vieram para a igreja a fim de
buscar Cristo, encontraram forte oposição. Isso
mostra que o inimigo está à espreita, aguardando a
oportunidade de atacar os que buscam o Senhor.
Na época em que Paulo escreveu aos
Colossenses, a filosofia grega e o judaísmo estavam
entre as coisas que distraíam os cristãos. Quem era a
favor da filosofia grega buscava a oportunidade de
converter os cristãos gentios de volta a ela. De modo
semelhante, os judaizantes procuravam seduzir
qualquer judeu que tinha crido em Cristo. Pelo fato de
a filosofia grega e o judaísmo porem em perigo os
cristãos, Paulo advertia a todo homem. No curto livro
de Colossenses ele faz diversas advertências. Em 2:4
ele diz: “Assim digo para que ninguém vos engane
com raciocínios falazes”. Em 2:8, ele diz: “Cuidado
que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e
vãs sutilezas”. Em 2:16 Paulo adverte aos colossenses
que não permitissem que ninguém os julgasse por
causa de comida, bebida, festas, luas novas ou
sábados. No versículo 18 ele diz: “Ninguém vos prive
do prêmio” (BJ). Paulo percebera que havia muitas
coisas lá para desviar os cristãos de Cristo e da vida
da igreja. O mesmo ocorre hoje. Os cristãos podem
não receber oposição por causa do mundanismo, mas
receberão oposição se se voltarem para a restauração
do Senhor e buscarem Cristo na igreja.
CRISTO VIVE EM NÓS
Ser maduro em Cristo é ser preenchido e
saturado Dele. Permanecemos nós mesmos, mas
somos permeados, saturados e preenchidos de Cristo.
Então o nosso viver espontaneamente é Cristo. Não
devemos apenas dizer: “Cristo vive em mim”.
Precisamos ser absolutos para com o Senhor,
permitindo-Lhe viver em nós todos os dias. Se seu
cônjuge lhe causar problemas, não se defenda ou
vindique a si mesmo. Simplesmente deixe Cristo viver
em você. Entretanto, temos de admitir que é fácil
falar sobre isso, mas difícil praticar.
A vida cristã adequada não é questão de ética,
moralidade, nem de caráter ou comportamento
aperfeiçoado. A vida cristã é Cristo vivendo em nós.
Devemos viver segundo Cristo, e não segundo a
mansidão, humildade ou franqueza naturais.
Precisamos viver Cristo. Cristo nos deve saturar,
permear e preencher. Então, em nosso viver, Ele será
expresso de nós.
Nosso relacionamento com Cristo pode ser
ilustrado pelo enxerto do ramo da oliveira selvagem
numa oliveira cultivada. Cristo é a oliveira cultivada,
e nós, ramos da oliveira selvagem. Primeiro somos
cortados da oliveira selvagem, depois somos
colocados na oliveira cultivada, no lugar onde foi feita
uma incisão. Depois disso, o ramo da oliveira
selvagem é ligado à oliveira cultivada. Isso é enxerto.
Pelo processo de enxerto, a seiva da vida da oliveira
cultivada flui para o ramo da oliveira selvagem,
permeando-o, saturando-o e preenchendo-o. Por fim,
o ramo gerará fruto. Do mesmo modo, somos ramos
enxertados em Cristo, a oliveira cultivada. Se formos
permeados, saturados e preenchidos da seiva da
oliveira cultivada, seremos capazes de dizer: “Para
mim, viver é a oliveira cultivada”. Quando um ramo
atinge esse estágio, ele será maduro na oliveira
cultivada. Isso ilustra o que quer dizer ser maduro ou
perfeito em Cristo. Ser maduro em Cristo é ser
saturado e preenchido Dele. É ter cada parte do nosso
ser ocupada por Ele. Isso é o pleno crescimento em
vida e maturidade em Cristo, o resultado da vida
revelada em Colossenses.

UM HOMEM MADURO, PERFEITO


A palavra grega para perfeito ou maduro em 1:28
é a mesma usada em Efésios 4:13, onde Paulo diz:
“Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno
conhecimento do Filho de Deus, à perfeita
varonilidade, à medida da estatura da plenitude de
Cristo”. A medida da estatura da plenitude de Cristo é
simplesmente um homem maduro, perfeito,
plenamente crescido. Posteriormente, essa
maturidade resultará no Corpo, a expressão coletiva
de Cristo. Todos precisamos crescer e amadurecer,
para que Cristo tenha um homem coletivo maduro, o
Corpo, um organismo para expressá-Lo.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM CINQÜENTA

CRISTO SUBSTITUÍDO DE TODAS AS MANEIRAS

Leitura Bíblica: Cl 2:2b-4, 6-8; 1:27; 3:3-4; 2:6-7a;


1Co 1:5, 7a, 9, 2224; 2:2; Gl 1:14-16á; 2:19b; 4:19; 5:2,
4
Em Colossenses Paulo apresenta não só a
revelação do Cristo todo-inclusivo, mas também a
experiência de Cristo. Ao considerar esse livro,
precisamos ver tanto a revelação como a experiência.
Nesta mensagem veremos que, na experiência dos
cristãos, Cristo tem sido substituído de todas
maneiras.

A REVELAÇÃO DE CRISTO
A revelação de Cristo em Colossenses é
todo-inclusiva e ampla. Esse livro revela que Cristo é
tudo. Ele é o Primogênito tanto da velha criação, o
universo, como da nova criação, a igreja (1:15, 18). A
nova criação não é tão vasta quanto a velha criação, o
universo. A igreja é todo-inclusiva, mas não é tão
ampla. O fato de Cristo ser o Primogênito tanto da
criação original como da nova criação significa que
Ele é vasto e todo-inclusivo. No novo homem há
espaço somente para Cristo; Ele é tudo e em todos
(3:11). Isso mostra Sua todo-inclusividade.
Entretanto, o fato de Ele ser o Primogênito de toda a
criação indica Sua vastidão. Nas palavras de Efésios
3, Cristo é a largura, o comprimento, a altura e a
profundidade.
A revelação do Cristo todo-inclusivo e vasto é
encontrada adequada, plena, definitiva e claramente
nas Epístolas de Paulo, em particular em Colossenses.
Em 1:25 Paulo diz que se tornou ministro segundo o
mordomado de Deus a fim de completar a palavra de
Deus (lit.). Colossenses foi escrito para completar a
palavra de Deus, isto é, a revelação divina nas
Escrituras. Sem Colossenses, a revelação divina da
Bíblia não seria completa.
A completação da Palavra de Deus encontrada
em Colossenses é o mistério da economia de Deus:
Cristo em nós, a esperança da glória (1:27). Isso quer
dizer que, sem Cristo em nós como a esperança da
glória, a revelação de Deus não estaria completa.
Somos gratos ao Senhor por Sua revelação ter sido
completada, registrada e apresentada a nós.

DISTRAÍDOS DE CRISTO
Por séculos os cristãos tiveram essa revelação nas
mãos. Entretanto, ela tem sido negligenciada.
Embora Cristo tenha sido revelado de maneira
adequada, definitiva, enfática e plena, na experiência
dos cristãos, Ele tem sido substituído por muitas
coisas. Embora haja milhões de cristãos neste país,
poucos prestam a devida atenção a Cristo em nós, a
esperança da glória. Isso se aplica mesmo a nós. Em
particular, a cultura em que vivemos substituiu
Cristo. Em 1961 escrevi o hino “Não é lei de letras que
Deus quer nos dar, / Mas é Cristo — vida para nos
salvar” (Hino 268). Contudo, nesse hino não falei
nada sobre a cultura humana. Quando o escrevi, não
tinha visto que nossa cultura é o substituto mais forte
e sutil de Cristo na experiência. Todavia, há mais de
quarenta e cinco anos vi que Deus não quer nada que
não seja Cristo. Embora essa visão seja muito clara,
devo confessar que ainda não vivo Cristo
adequadamente. Às vezes outras coisas me distraem
Dele.
Você alguma vez já se perguntou quanto de
Cristo você vive dia a dia? A maior parte do tempo
vivemos Cristo somente quando oramos no espírito.
Nisso vemos quão pouco de fato vivemos Cristo. No
viver diário, Cristo é substituído por outras coisas.
Em particular, coisas boas aos nossos olhos se tornam
substitutas Dele, como por exemplo a humildade.
Espontânea e inconscientemente você vive sua
humildade natural em vez de Cristo. Quem é
naturalmente humilde pode, no íntimo, orgulhar-se
da sua humildade, principalmente quando se
compara com outros. Mas essa humildade em que se
gloria substitui Cristo. Na verdade, tal humildade não
é uma virtude aos olhos de Deus; antes, visto que
substitui Cristo, é algo muito desagradável. Todos os
dias Cristo é substituído por muitas coisas. Ele pode
ser substituído pela diligência, franqueza e
honestidade. Em vez de viver Cristo, podemos viver
esses atributos ou características naturais.

CRISTO SUBSTITUÍDO POR DONS E


CONHECIMENTO
No Novo Testamento, três livros retratam os
substitutos de Cristo:1 Coríntios, Gálatas e
Colossenses. Primeira Coríntios trata de dons e
conhecimento. Em 1 Coríntios 1:7 Paulo disse aos
santos que não lhes faltava nenhum dom. Além disso
possuíam muito conhecimento, incluindo
conhecimento espiritual. Mesmo assim, eram carnais.
O conhecimento não os ajudava adequadamente e os
dons não os ec1ificavam. Paulo lhes disse que quando
foi até eles pela primeira vez, decidiu nada saber a
não ser Cristo, e Este crucificado (1Co 2:2). Paulo
percebeu que os coríntios estavam ocupados com
conhecimento e dons. Por essa razão ele enfatizou o
Cristo crucificado. Isso indica que os coríntios
precisavam de uma vida crucificada, uma vida de
cruz.
Em 1 Coríntios 1:22 Paulo disse: “Porque tanto os
judeus pedem sinais, como os gregos buscam
sabedoria”. Para os judeus, o Cristo crucificado era
um tropeço, e para os gregos, insensatez. Nem judeus
nem gregos se importavam com tal Cristo; preferiam
um Cristo de esplendor a um Cristo crucificado.
Entretanto, Paulo lhes disse que não queria saber
nada entre eles exceto Cristo, e Este crucificado.
Em 1 Coríntios Paulo também deixou implícito
que, para ter a vida da igreja, precisamos da
experiência do Cristo crucificado. A vida da igreja
deve ser uma vida crucificada. Os coríntios
precisavam viver o Cristo crucificado e não prestar
atenção a conhecimento e dons espirituais.
Em Corinto, Cristo foi substituído pelo
conhecimento e pelos dons. No movimento
carismático de hoje Ele também é substituído pelos
dons. Em quais reuniões carismáticas Cristo é
enfatizado e experimentado adequadamente? Hoje
Ele ainda é substituído por conhecimento e dons. É
claro, Cristo também é substituído pelas diversas
formas, rituais e ordenanças da religião.

CRISTO SUBSTITUÍDO PELA RELIGIÃO


No livro de Gálatas vemos que Cristo foi
substituído pelo judaísmo. O judaísmo era uma
religião na qual as pessoas adoravam o Deus
verdadeiro segundo a Palavra sagrada. Essa religião
incluía a lei, dada por Deus por intermédio de Moisés,
e também a circuncisão, as ordenanças e as tradições.
Paulo era avançado nessa religião e ultrapassava os
contemporâneos. Mas um dia, quando estava a
caminho de Damasco, o Senhor Jesus lhe apareceu.
Nesse momento, Deus lhe revelou o Cristo vivo (Gl
1:16a). Assim, em Gálatas temos um registro claro de
como Cristo foi substituído pela religião judaica com
a lei, a circuncisão e as tradições.
Quando Gálatas foi escrito, não só os judeus
haviam substituído Cristo pela religião; até mesmo
muitos cristãos haviam sido influenciados a voltar de
Cristo para a lei e circuncisão. De acordo com Gálatas
5:2, se formos circuncidados, Cristo de nada nos
aproveitará. Os que procuram ser justificados pela lei
são na verdade desligados de Cristo, reduzidos a nada
(v. 4). Isso quer dizer que, se tentarmos ser justos
guardando a lei, seremos separados de Cristo, e Ele
não terá eficácia para nós. Isso indica claramente que
a lei pode substituir Cristo e afastar Dele o povo de
Deus. Além disso, a circuncisão anula a graça de
Deus.
A lei fora dada por Deus, e a circuncisão e muitos
rituais foram ordenados por Ele. Os judeus usavam
tudo isso aparentemente para Deus. Contudo, a lei, a
circuncisão e as ordenanças, os componentes da
religião judaica, substituíam Cristo e eram usadas
para desviar os cristãos Dele. Os santos na Galácia
foram distraídos de Cristo por coisas ordenadas e
dadas por Deus. Nesse caso, Cristo foi substituído
pela religião.
CRISTO SUBSTITUÍDO PELA CULTURA
HUMANA
Conforme o livro de Colossenses, Cristo é
substituído pelas culturas dos homens. Qualquer
cultura compõe-se de diversos itens. A cultura
ocidental, por exemplo, é composta de religião
hebraica, filosofia grega e política romana. Quando
Colossenses foi escrito, a cultura na região de
Colossos incluía religião hebraica, filosofia grega,
ascetismo, misticismo e gnosticismo. Embora a
palavra cultura não seja usada nesse livro, ela está
fortemente indicada ou implícita. Em 3:11 Paulo diz
que no novo homem não há grego ou judeu,
circuncisão ou incircuncisão, bárbaro ou cita. Esses
termos indicam distinções religiosas e culturais.
Circuncisão e incircuncisão referem-se à religião e
bárbaros e citas referem-se à cultura. Assim,
Colossenses indica que o maior substituto de Cristo é
a cultura humana.
Ao considerar 1 Coríntios, Gálatas e Colossenses,
vemos muitos substitutos de 'Cristo. Ele é substituído
por conhecimento e dons, pela religião com sua lei e
ordenanças, e pela cultura humana. Entre os
coríntios, Cristo foi substituído por conhecimento e
dons espirituais. O mesmo ocorre entre os cristãos
hoje. Alguns acham que as reuniões carismáticas são
muito vivas. Contudo, são vivas por causa de Cristo
ou de outra coisa? Se não formos cuidadosos, muitas
coisas podem substituir Cristo na experiência. Se Ele
não for substituído por conhecimento ou dons, pode
ser substituído pela religião ou alguma cultura.
Podemos usar uma lei ou ordenança feita pelo
homem para substituí-Lo. Certos ismos podem
tornar-se substitutos Dele. A cultura que nós mesmos
criamos e nos impomos podem também substituir
Cristo no viver diário. Por haver tantos substitutos
para Cristo, podemos dizer que, na experiência cristã
através dos séculos, Cristo foi substituído de todas as
maneiras.

CRISTO SUBSTITUÍDO PELAS


CARACTERÍSTICAS NATURAIS
No viver diário, Cristo é freqüentemente
substituído pelas características naturais. Suponha
que um irmão seja rápido, e outro, lento. O irmão
rápido vive espontaneamente conforme a rapidez
natural e o lento, conforme a lentidão natural. O
rápido sempre comete erros, mas o lento com
freqüência causa atrasos. No primeiro caso Cristo é
substituído pela rapidez; no segundo, pela lentidão.
Quer você prefira o rápido ou o lento, o fato é que
Cristo é substituído tanto pela rapidez natural como
pela lentidão natural.

VIVER CRISTO
Recentemente numa reunião um irmão
levantou-se para declarar que tencionava abandonar
a cultura em que vivia. Mais tarde ressaltei que a
tentativa de abandonar nossa cultura somente
produzirá outro tipo de cultura: uma cultura de
abandonar a cultura. Não há necessidade de
abandonar nossa cultura. O que precisamos ver é que
a cultura é substituta de Cristo, e devemos viver
Cristo. Quanto mais O vivermos, mais a cultura em
que vivemos será substituída por Ele. Anteriormente
nossa cultura substituía Cristo. Mas agora, à medida
que vivemos Cristo, Ele substitui nossa cultura.
Não há dúvida de que Cristo é plenamente
revelado na Bíblia. Mas quem entre o povo do Senhor
de fato vive Cristo? Precisamos perguntar-nos quanto
vivemos Cristo. Às vezes os santos falam sobre a
melhor maneira de ter as reuniões da igreja.
Entretanto, nossa preocupação não deve ser com a
maneira de reunir, e, sim, com viver Cristo. Será que
nos importamos em viver Cristo realmente, ou
apenas desejamos ter certo tipo de reunião? As
reuniões da igreja não devem ser um teatro, mas uma
exibição do viver diário.
Somos gratos ao Senhor por tudo o que Ele nos
tem mostrado acerca da revelação de Cristo em
Colossenses. Agora precisamos prosseguir,
experimentando e vivendo Cristo. O que precisamos
não é mais doutrina, e, sim, mais experiência de
Cristo. Repetidas vezes precisamos ser encorajados a
vivê-Lo diariamente. Onde quer que estejamos, em
casa, na escola ou no trabalho, precisamos viver
Cristo. Paulo podia dizer: “Para mim, o viver é Cristo”
(Fp 1:21). Quantos de nós podem dar tal testemunho?
Quando somos testados pelo Senhor nessa questão,
precisamos humilhar-nos e confessar que não
vivemos muito por Cristo. Como precisamos receber
graça para vivê-Lo diariamente! Se O vivermos
constante e adequadamente, todos os Seus
substitutos desaparecerão.
Se tivermos luz sobre como Cristo é substituído
em nosso viver diário, confessaremos ao Senhor que,
em vez de vive-Lo, vivemos tantas outras coisas. Pode
ser que Lhe digamos: “Senhor, confesso que não
'tenho vivido muito por Ti. Tenho uma vida limpa, até
mesmo pura, mas não vivo Cristo. Embora tenha sido
cuidadoso para não pecar e não agir errado para com
os outros, não tenho vivido a Ti”. Anos atrás eu
despendia muito tempo confessando as falhas e más
ações; contudo não confessava a falta de viver Cristo.
Porém, ultimamente, a maior parte da minha
confissão diz respeito a uma coisa: minha carência
em viver Cristo. Todos precisamos fazer tal confissão
ao Senhor.

DOIS ÚNICOS MANDAMENTOS


No Novo Testamento há um único mandamento
para os incrédulos: arrepender-se e crer no Senhor
Jesus. Os que perecem vão perecer porque não crêem
no Senhor. Do mesmo modo, há um único
mandamento para os cristãos: viver Cristo. Se você
não for um cristão autêntico, precisa arrepender-se e
crer em Cristo. Mas se já crê Nele, precisa vivê-Lo. Os
incrédulos fazem diversas coisas em vez de crer em
Cristo. De igual modo, os cristãos podem fazer muitas
coisas em vez de viver Cristo. O único pecado dos
incrédulos é a descrença, o fato de não crerem em
Cristo. Mas o único pecado dos cristãos é deixar de
viver Cristo. Precisamos confessar esse pecado e
condená-lo. Podemos ser humildes, honestos,
sinceros, fiéis, diligentes e, em muitos aspectos,
bastante bíblicos. Entretanto, se não vivermos Cristo,
ainda estaremos debaixo da condenação de Deus. Ele
não quer pessoas honestas, sinceras; Deus deseja
pessoas-Cristo, que vivem Cristo. Um verdadeiro
cristão deve ser um homem-Cristo, e não apenas um
homem virtuoso.
É crucial ver que no viver cristão não deve haver
substitutos para Cristo. Em particular, vemos em
Colossenses que Cristo não deve ser substituído por
nenhum tipo de cultura humana. Todos vivemos
numa forte cultura, tanto a que herdamos como a que
criamos e impomos a nós mesmos. Viver por essa
cultura é viver por algo que não é o próprio Cristo.
Quando vivemos pela cultura, podemos não praticar
nada pecaminoso. Pelo contrário, nosso viver pode
ser muito bom, mas não é Cristo. Devemos condenar
a prática de viver por coisas como humildade, amor e
diligência em vez de Cristo. O desejo de Deus é que
vivamos Cristo.

CRISTO HABITA EM NÓS


SUBJETIVAMENTE
Colossenses apresenta tanto o aspecto objetivo
como o subjetivo de Cristo. Por um lado, ele revela
objetivamente o Cristo vasto, todo-inclusivo. Por
outro, indica que Cristo habita em nós
subjetivamente. Já nos referimos a 1:27, onde Paulo
diz que Cristo em nós é a esperança da glória. O
Cristo amplo, todo-inclusivo, na verdade, habita em
nosso interior. Como isso é subjetivo! De acordo com
Paulo, o Cristo que é o mistério da economia de Deus
não é somente o Cristo à direita de Deus nos céus,
mas também em nosso interior. De acordo com a
economia de Deus, Cristo deve ser dispensado a nós
para nossa experiência subjetiva. Se Ele estivesse
apenas no trono nos céus, não poderíamos
experimentá-Lo, Poderíamos buscá-Lo, confiar Nele,
orar a Ele e contar com Ele, mas não experimentá-Lo.
Louvado seja o Senhor porque o Cristo amplo vive em
nós para ser nossa esperança da glória! Esse é o ponto
central da economia de Deus, o centro da dispensação
divina.
Alguns cristãos não crêem que Cristo está em
nós. Afirmam que Ele está no trono e é representado
em nós pelo Espírito Santo. Isso é distorcer a Palavra
sagrada de Deus, que diz claramente que Cristo está
em nós. Que direito tem alguém de dizer que Cristo
está apenas nos céus e não nos que Nele crêem? Que
base tem alguém para distorcer a Palavra de Deus a
fim de dizer que Cristo é meramente representado em
nós pelo Espírito? Quem nega que Cristo habita de
fato em nós opõe-se a nós, porque ensinamos que
Cristo hoje é o Espírito que dá vida (1Co 15:45; 2Co
3:17). A Bíblia, de modo claro e definido, diz que
Cristo está em nós. Se não fosse o Espírito que dá
vida, como poderia Ele habitar em nós e ser nossa
vida?

OCULTOS COM CRISTO EM DEUS


Em 3:3-4 Paulo diz: “Porque morrestes, e a nossa
vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.
Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar,
então, vós também sereis manifestados com ele, em
glória”. Colossenses 3:3 diz que nossa vida está oculta
com Cristo em Deus. Estar com Cristo em Deus
significa que somos um com Cristo. Nas palavras de 1
Coríntios 6:17, aquele que se une ao Senhor é um
espírito com Ele. Estamos com Cristo em Deus
porque nós e Cristo somos subjetivamente um.
Colossenses 3:3 é um versículo profundo,
misterioso. Com Cristo estamos ocultos em Deus.
Não é um mistério o fato de estarmos com Cristo e
ocultos em Deus? Isso não é só objetivo; é também
bastante subjetivo.

CRISTO, NOSSA VIDA


Em 3:4 Paulo diz que Cristo é nossa vida. Nada é
mais subjetivo para nós que a vida. Nossa vida é na
verdade nós mesmos. Como você consegue separar
alguém de sua vida? É impossível! A viela ele uma
pessoa é a própria pessoa. Assim, dizer que Cristo é
nossa viela significa que Ele torna-se nós. Isso é
subjetivo ao máximo.

ANDAR EM CRISTO
Em 2:6-7 Paulo diz: “Ora, como recebestes Cristo
Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados, e
edificados”. Após receber Cristo, devemos anelar
Nele. Isso é viver, agir, comportar-se e existir Nele.
Isso também é subjetivo. Se Cristo estivesse somente
no trono, como poderíamos andar Nele? Podemos
andar em Cristo somente se Ele for subjetivo para nós
na experiência.
Colossenses 2:7 fala de sermos radicados e
edificados em Cristo. Essas expressões estão
relacionadas com nosso andar em Cristo. Andamos
Nele, uma vez radicados Nele e sendo edificados Nele.
Isso implica que somos plantas enraizadas em Cristo.
Precisamos ver mais sobre o que significa ser
enraizado em Cristo e edificado Nele a fim de andar
Nele.
Nosso encargo nesta mensagem foi ressaltar que
a intenção de Paulo em Colossenses é ajudar os
santos a perceber que não deve haver nenhum
substituto para Cristo. Pelo contrário, Ele deve
substituir tudo. Cristo está em nós como nossa vida, e
precisamos andar Nele. Uma vez enraizados em
Cristo e edificados Nele, andaremos Nele. Viveremos,
nos comportaremos e existiremos Nele. Isso é viver
Cristo.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM CINQÜENTA E UM

ESTAR RADICADOS EM CRISTO E SER EDIFICADOS


NELE (1)

Leitura Bíblica: Cl 2:7a, 19; 3:10-11; 1Co 3:6, 9; 6:17;


Ef 2:21; 4:13b, 15-16

UM LIVRO DE EXPERIÊNCIA
Muitos leitores do Novo Testamento consideram
Colossenses um livro de doutrina. Contudo, ele é
também um livro de experiência. O Cristo vasto e
todo-inclusivo revelado nesse livro é subjetivo para
nós, pois habita em nós como nossa esperança da
glória (1:27), e é nossa vida (3:4). Nada pode ser mais
subjetivo para nós do que a própria vida. De fato,
nossa vida somos nós. Dizer que Cristo é nossa vida
significa que Cristo torna-se nós. Como Cristo
poderia ser nossa vida sem tornar-se nós? Seria
impossível.
Alguns mestres cristãos opõem-se à revelação
que tivemos da experiência subjetiva de Cristo.
Segundo eles, nós nos deificamos, fazendo-nos Deus.
Afirmam que ensinamos que o ego torna-se o mesmo
que Deus, e isso é autodeificação. Definitivamente
não ensinamos que nos tornamos o próprio Deus,
nem que um dia seremos adorados como deidades,
não obstante é verdade que Cristo habita em nós e é
nossa vida. Ele se torna nós em nossa experiência.
Como Paulo diz: “Para mim, o viver é Cristo” (Fp
1:21). Já ressaltamos que Cristo não pode ser nossa
vida sem se tornar nós. A vida é o nosso ser. Portanto,
Cristo ser nossa vida significa que Ele se torna nosso
ser. Cristo tornar-se nosso ser é Ele tornar-se nós.
Para nós, Cristo é objetivo e subjetivo. Nós O
conhecemos tanto segundo a doutrina como segundo
a experiência. Por um lado, Ele está no trono nos
céus. Por outro, está em nosso espírito. Nós
adoramos o Cristo entronizado nos céus, mas
experimentamos, desfrutamos e participamos do
Cristo que habita em nosso espírito. Somos um com
Ele subjetivamente. Como Paulo diz em 1 Coríntios
6:17: “Aquele que se une ao Senhor é um espírito com
ele”. Cristo é subjetivo para nós a tal ponto que Ele e
nós, nós e Ele, tornamo-nos um só espírito. Ser um
espírito com o Senhor é maior do que ter dons e
milagres. Agora que somos um espírito com o Senhor,
precisamos experimentar ser um espírito com Ele
todos os dias.
Há alguns anos passei algum tempo com alguns
santos que falavam muito sobre Colossenses 1:27.
Embora falassem do Cristo que habita em nós como a
esperança da glória, tinham pouca experiência de
Cristo. Para eles, o Cristo interior era mera doutrina,
e não realidade. No viver diário prático, eles eram
éticos e religiosos, mas não viviam Cristo. Até mesmo
o seu amor era natural e ético, e não a expressão de
Cristo neles. Nesses irmãos podia-se ver religião e
ética, mas pouco de Cristo. Isso se aplica a muitos
cristãos hoje; conhecem Cristo em doutrina, mas têm
pouca experiência autêntica Dele. Entretanto, quando
Paulo escreveu Colossenses, escreveu de acordo com
a doutrina e a experiência.
Em 2:7 Paulo fala de ter sido radicado e de estar
sendo edificado em Cristo. Tanto ser radicado como
ser edificado são subjetivos e experimentais.
Precisamos de uma compreensão clara do que é ser
radicado em Cristo e ser edificado Nele. Não devemos
achar que já entendemos 2:7; tampouco devemos
evitá-la por achá-la difícil de compreender. Em vez
disso, devemos permanecer nesse versículo, lê-la
orando e estudando-o até recebermos luz.

DUAS CONDIÇÕES
Estar radicado em Cristo e ser edificado Nele
estão relacionados com andar Nele (2:6). Se
quisermos andar em Cristo, precisamos satisfazer
dois requisitos: estar radicados Nele e ser edificados
Nele. Por um lado, já fomos radicados em Cristo; por
outro, somos edificados Nele. Satisfeitas essas
condições, seremos capazes de andar em Cristo. Na
experiência, todos precisamos saber o que significa
estar radicado em Cristo e ser edificado Nele.

PLANTADOS EM CRISTO
Para estar radicados em Cristo, precisamos
primeiro ser plantados Nele. Em diversos lugares a
Bíblia fala de plantar. No cântico de Moisés lemos:
“Tu o introduzirás e o plantarás no monte da tua
herança, no lugar que aparelhaste, ó SENHOR, para a
Tua habitação” (Êx 15:17). O Salmo 92:13 diz:
“Plantados na Casa do SENHOR florescerão nos
átrios do nosso Deus”. Em Jeremias 2:21 o Senhor diz
de Seu povo: “Eu mesmo te plantei como vide
excelente, da semente mais pura”, e em 32:41:
“Plantá-los-ei firmemente nesta terra, de todo o meu
coração e de toda a minha alma”. Em Mateus 15:13 o
Senhor Jesus disse: “Toda planta que Meu pai
celestial não plantou, será arrancada”. De acordo com
João 15, o Senhor Jesus Se considerava uma videira, e
o Pai, o agricultor, o que plantou a videira e cuida
dela. Em 1 Coríntios 3:9 Paulo diz que nós, cristãos,
somos lavoura de Deus. Ele também declara “Eu
plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de
Deus” (1Co 3:6). Agora, em Colossenses 2:7, vemos
que fomos radicados em Cristo. Cristo é a terra, o
solo, e Deus nos plantou Nele.
De acordo com as Escrituras, Cristo é a árvore na
qual fomos enxertados; é também a terra, o solo no
qual fomos plantados. Fomos enxertados e plantados
em Cristo. Portanto, a boa terra com o solo equivale à
árvore. Isso é outro indício de que Cristo é tudo para
nós. Já que Cristo é tanto a árvore como a boa terra,
podemos dizer que Nele fomos enxertados e também
plantados. De acordo com João 15, Deus Pai é o
Agricultor, o que planta, cujo Filho, Cristo, é a videira
universal. Cristo é também a boa terra com o solo.
Fomos enxertados em Cristo como a videira e
plantados Nele como o solo. Colossenses 2:11 fala de
circuncisão, um tipo de corte. Isso está relacionado
com ser enxertado em Cristo. Como já ressaltamos,
2:7 fala de ter sido radicado em Cristo. Isso está
relacionado com ser plantado Nele. Nesta mensagem
o centro da nossa atenção não é o enxertar, e, sim, o
plantar.
Como pessoas plantadas em Cristo, fomos
radicados Nele. Assim como as minúsculas fibras da
raiz absorvem as riquezas do solo, nós também
absorvemos a rica nutrição de Cristo. Somos árvores,
e Cristo é o solo no qual fomos plantados e estamos
radicados. Agora absorvemos Suas riquezas e
crescemos pela nutrição que delas recebemos.
UMA UNIDADE EM VIDA
Em 1 Coríntios 3:6 Paulo diz que ele plantou,
Apolo regou e Deus deu o crescimento. Isso indica
que os cristãos são plantas e Cristo é o solo. Agora
precisamos perguntar em que parte do nosso ser
ocorreu esse plantio. Certamente não é na mente nem
no corpo; é no espírito. A experiência de ser plantado
em Cristo e radicado Nele ocorre em nosso espírito.
Primeira Coríntios 6:17 diz: “Mas aquele que se une
ao Senhor é um espírito com Ele”. Quando uma
planta se enraíza no solo, torna-se uma com o solo.
Primeiro a planta penetra no solo; depois os
nutrientes do solo entram na planta. Dessa forma, a
planta e o solo tornam-se um em vida. O elemento
nutriente no solo corresponde à vida na planta, e algo
dentro dela corresponde ao elemento do solo.
Podemos dizer que há comunhão entre a planta e o
solo. Nessa comunhão, os fatores da planta e do solo
que se correspondem tornam-se um em vida. Assim,
a planta e o solo tornam-se uma unidade em vida.
Em nosso espírito temos a experiência de ser
plantados em Cristo, pois estamos unidos a Ele e nos
tornamos um espírito com Ele. O Senhor, que é o solo
no qual estamos radicados, é o Espírito. Se Ele não
fosse o Espírito, não conseguiríamos ser plantados
Nele. Louvado seja o Senhor pois Ele é o Espírito e
nós fomos criados com um espírito! Se tivéssemos
somente corpo e alma, mas não espírito, não
poderíamos ser plantados no Senhor, o Espírito que
dá vida. Entretanto, uma vez que o Senhor é o
Espírito e nós temos um espírito, há correspondência
entre nós e Ele. Quando fomos regenerados, Cristo,
como Espírito que dá vida, tornou-se um com o nosso
espírito. Como João 3:6 indica claramente, a
regeneração ocorre no espírito. Quando fomos
regenerados, fomos radicados em Cristo como o solo.
Esse é o motivo de Paulo usar o tempo passado em
2:7. Fomos plantados e radicados em Cristo quando
fomos regenerados no espírito.
De acordo com 2:6-7, precisamos ser radicados
em Cristo antes de andar Nele. Para andar em Cristo,
precisamos absorver o rico nutriente do Espírito que
habita em nosso espírito. Entretanto, se
permanecermos na alma (na mente, emoção ou
vontade) não receberemos nutrição ou suprimento.
Precisamos voltar-nos para o espírito, para o próprio
lugar onde fomos regenerados e plantados no
Espírito divino.
A ligação que ocorreu entre o Espírito divino e o
nosso espírito quando fomos regenerados permanece
para sempre. Podemos dizer que nosso espírito
desposou o Espírito divino e, assim, ambos entraram
em união eterna. Nesse matrimônio não há
possibilidade de separação ou divórcio. Embora a
mente natural possa não gostar desse casamento, o
espírito o aprecia. Sempre que enfrentamos
dificuldades no viver diário, não devemos
permanecer na mente natural, mas voltar-nos ao
espírito. Todavia, nós sempre preferimos permanecer
na mente, emoção ou vontade. Se ficarmos na mente
em vez de nos voltar ao espírito, não seremos capazes
de andar em Cristo. Para andar em Cristo, precisamos
ser arraigados Nele de forma prática na experiência.
Somente quando permanecemos no espírito, estamos
de fato radicados em Cristo, e, assim, somos capazes
de andar Nele. Fomos plantados em Cristo. Mas,
quando nos voltamos ao espírito, temos a experiência
de ser radicados Nele. Tendo sido radicados em
Cristo, somos capazes de andar Nele. Dessa forma,
experimentamos Cristo como a boa terra com o rico
solo que nos proporciona o nutriente da vida. Quanto
mais arraigados nesse solo, mais absorveremos a
nutrição de Cristo. Esse não é o Cristo objetivo em
doutrina, mas subjetivo na experiência.

CRESCIMENTO AUTÊNTICO
Como resultado de ser radicados em Cristo e
absorver Suas riquezas, crescemos Nele, assim como
as árvores crescem absorvendo os nutrientes do solo.
Para crescer, uma árvore precisa receber nutrição
substancial. Os nutrientes no solo tornam-se a
substância pela qual ela cresce.
Poucos cristãos percebem o que é o crescimento
autêntico: não é o resultado de adquirir mais
conhecimento doutrinário, mas de nos voltar ao
espírito, permanecer no espírito e absorver o
elemento nutriente de Cristo. Somente assimilando
esse elemento podemos crescer espiritualmente.
Quanto mais esse rico elemento é acrescentado ao
nosso ser, mais crescemos.
Colossenses 2:19 diz que, retendo a Cabeça, o
Corpo “cresce o crescimento que procede de Deus”.
Crescer com o crescimento de Deus é crescer com o
próprio Deus acrescentado a nós. Isso acontece
somente quando estamos arraigados em Cristo como
o solo. O próprio Deus com Seu elemento e
substância é o rico nutriente em Cristo. Se
permanecermos radicados em nosso espírito,
absorveremos esse elemento e isso nos fará crescer
com o crescimento de Deus. Crescemos com o
acréscimo, o aumento, de Deus em nós. Isso é
totalmente uma questão da experiência autêntica de
Cristo na vida diária.
Vimos que se quisermos andar em Cristo,
precisamos estar plantados e radicados em Cristo, o
Espírito divino em nosso espírito, e permanecer Nele.
Toda vez que nos encontramos fora do espírito,
precisamos voltar a ele e permanecer nele.
Permanecendo no espírito somos arraigados em
Cristo de forma prática e absorvemos o rico nutriente.
Quando esse nutriente flui para o nosso ser interior,
faz-nos crescer o crescimento de Deus, O crescimento
acontece à medida que Deus é acrescentado a nós,
pois o rico nutriente em Cristo é o próprio Deus. Pela
experiência sabemos que, à medida que somos
radicados em Cristo, crescemos, e então
espontaneamente andamos Nele.

EDIFICADOS INDIVIDUAL E
COLETIVAMENTE
Colossenses 2:7 fala também de ser edificado em
Cristo. Quando crescemos em Cristo, somos
edificados Nele. Anos atrás eu considerava a
edificação em 2:7 coletiva. Mas esse não é o sentido
aqui. O significado aqui é que nós próprios
precisamos ser edificados. Por exemplo, quando uma
árvore cresce, ela edifica a si mesma. O mesmo ocorre
com as crianças. Elas se edificam crescendo. A
edificação do Corpo depende da edificação individual
e pessoal de todos os membros. Se um membro não
for edificado, não poderá ser edificado no Corpo. Para
ser edificados no Corpo, precisamos primeiro ser
edificados em nós mesmos. Quando nos tornamos
membros edificados, somos capazes de ser edificados
com os outros no Corpo. Portanto, a edificação em 2:7
não é a coletiva, do Corpo, mas individual, dos
membros. Em Efésios 4:16, por outro lado, temos a
edificação do Corpo coletivamente.
É importante ver que se não formos edificados
individualmente, não seremos capazes de ser
edificados com os outros coletivamente. A edificação
do local de reuniões em Anaheim ilustra isso. O
material usado na construção foi primeiro edificado
em si mesmo; depois foi usado juntamente com
outros materiais para formar o local de reuniões. No
acabamento exterior, por exemplo, foi usada sequóia.
Mas um broto tenro de sequóia não poderia ser usado
para isso. A sequóia primeiro teve de crescer e ser
edificada em si mesma absorvendo as riquezas do
solo. Somente então ela se tornou material
apropriado para construção. O mesmo ocorre
conosco. Precisamos permanecer em nosso espírito,
absorvendo o rico nutriente de Cristo. Quando o
absorvemos, nós crescemos e mediante esse
crescimento somos edificados. Então será possível ser
edificados com os outros no Corpo.
Se quisermos andar em Cristo precisamos
absorver Suas riquezas estando radicados Nele e ser
edificados como membros individuais do Corpo.
Precisamos aprofundar as raízes em Cristo para
absorver mais de Suas riquezas. Então cresceremos e
seremos edificados Nele. Tendo cumprido essas duas
condições, seremos capazes de andar em Cristo.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM CINQÜENTA E DOIS

ESTAR RADICADOS EM CRISTO E SER EDIFICADOS


NELE (2)

Leitura Bíblica: Cl 2:7a, 19; 3:10-11; 1Co 3:6, 9; 6:17;


Ef 2:21; 4:13b, 15-16
Ao ler ou estudar a Bíblia, é fácil achar que já
sabemos as coisas. Podemos ler um versículo como
2:7, que fala de estar radicado em Cristo e ser
edificado Nele, e achar que o entendemos, quando na
verdade nossa compreensão é muito superficial. O
mesmo pode ocorrer até com versículos como João
3:16. Por um lado, compreendemos esse versículo até
certo ponto, mas, por outro, podemos achar que
compreendemos mais do que realmente entendemos.
Além disso, ao ler a Bíblia, podemos ter a tendência
de evitar dificuldades. Podemos preferir não nos
aprofundar em certos versículos, orar sobre eles e
pedir ao Senhor que os desvende a nós . Ao
considerar diversos versículos de Colossenses, 1
Coríntios e Efésios, não devemos achar que já os
entendemos nem evitar nenhuma dificuldade
apresentada neles. Em especial, meu encargo é que
vejamos as coisas neles implícitas.

ESTAR RADICADOS, CRESCER E SER


EDIFICADOS
Em 2:7 Paulo fala que fomos radicados e somos
edificados em Cristo. A palavra radicado é muito rica
em implicações. Ser radicado é questão de vida. Uma
planta arraigada no solo cresce na terra, até mesmo
dentro da terra. É um organismo vivo que cresce no
solo. Se, pelo contrário, uma haste morta for enfiada
na terra, não podemos dizer que está radicada no
solo.
À medida que raízes se espalham pelo solo, as
raízes absorvem as riquezas do solo. Os nutrientes
absorvidos pela planta tornam-se o próprio elemento
pelo qual a planta cresce. Para uma planta crescer, ela
precisa receber, por meio das raízes, certa substância
ou elemento. É por meio dessa substância que a
planta aumenta de tamanho.
Como cristãos, fomos radicados em Cristo. Isso
implica que somos organismos vivos, e não hastes
mortas e sem raízes enfiadas no solo. Uma vez
radicados em Cristo, podemos absorver as Suas
riquezas, que se tornam o próprio elemento que nos
capacita a crescer.
Colossenses 2:7 fala que fomos radicados em
Cristo e somos edificados Nele. Quanto mais uma
planta cresce, mais ela se edifica. Uma árvore, por
exemplo, se edifica absorvendo nutrientes do solo.
Isso implica em atividade orgânica, por meio da qual
os nutrientes do solo são absorvidos pela árvore.
É significativo que em 2:7 Paulo coloca juntos
estar radicado e ser edificado. O motivo disso é que
estar radicado visa ao crescimento, e o crescimento é
uma autêntica edificação. O crescimento não só visa a
edificação; ele é a própria edificação. Quando uma
árvore cresce, ela se edifica. O mesmo ocorre com
seres humanos. Como todas as mães aprendem,
quanto mais os filhos são nutridos de comida
saudável, mais crescem, e, crescendo, são edificados.
A atividade orgânica que ocorre no interior deles faz
com que cresçam. Esse crescimento é a edificação de
seu corpo físico.
Estar radicado traz crescimento, e o crescimento
é a edificação. Se não crescemos, não podemos ter
edificação alguma. Crescemos absorvendo o elemento
rico e nutritivo do solo. Uma vez radicados em Cristo,
somos agora edificados Nele. Fomos arraigados em
Cristo, e crescemos absorvendo Suas riquezas. Isso
leva ao crescimento, que é a edificação de nós
mesmos em Cristo.

RETER A CABEÇA
Em 2:19, Paulo diz: “Retendo a Cabeça, da qual
todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas
e ligamentos, cresce o crescimento que procede de
Deus”. Reter a Cabeça equivale a permanecer em
Cristo. É claro, reter Cristo como a Cabeça indica que
não estamos separados ou cortados Dele. Na época
em que Paulo escreveu aos colossenses, estes haviam
sido um pouco separados de Cristo por causa das
tradições culturais. A cultura em que vivemos pode
ser uma forma de isolamento que nos afasta de
Cristo. Reter a Cabeça é permanecer em Cristo sem
impedimento entre nós e Ele.
As palavras “da qual” no versículo 19 indicam
que alguma coisa flui da Cabeça para fazer o Corpo
crescer. O crescimento do Corpo depende do que
provém de Cristo como a Cabeça, assim como o
crescimento de uma planta depende do que entra
nela do solo. Se uma planta não absorver nutrientes
do solo, não pode crescer. Do mesmo modo, se não
recebemos o que provém de Cristo como a Cabeça, o
Corpo não pode crescer. Reter a Cabeça, portanto,
equivale a estar radicado em Cristo como o solo.
CRESCER COM O CRESCIMENTO DE DEUS
Em 2:19 Paulo diz que o Corpo “cresce com o
crescimento de Deus” (TB). Deus mesmo não pode
crescer, pois Ele é completo e perfeito eternamente.
Entretanto, o Corpo ainda precisa crescer com o
crescimento, o acréscimo de Deus em nós. Quanto
mais Deus é acrescentado a nós, mais crescemos. Isso
é o que significa crescer com o crescimento de Deus.
Para um organismo vivo crescer, algum elemento
deve fazê10 crescer. Precisamos ter algo com o qual e
pelo qual crescemos. Por exemplo, se uma criança
não come, não pode crescer. A maneira de crescer
espiritualmente é ter Deus acrescentado a nós. Isso
significa que crescemos com o acréscimo, o aumento,
de Deus, com Deus acrescentado ao nosso ser.
A preposição “com” em 2:19 é importante. Com o
que o Corpo cresce? Com doutrina ou conhecimento
bíblico? Não, o Corpo cresce com o crescimento de
Deus. Crescemos com o aumento de Deus em nós.
Deus em Si mesmo é perfeito e completo, mas ainda
precisa aumentar em nós.
Enquanto eu orava sobre 2:19, o Senhor me
mostrou que, embora Ele seja eternamente perfeito e
completo, eu não tinha tanto Dele em mim. Percebi a
necessidade de Deus crescer em mim, de tê-Lo
acrescentado ao meu interior. Nesse momento fui
iluminado para ver o significado da expressão de
Paulo em 2:19, “cresce com o crescimento de Deus”
(TB). Todos nós precisamos que Deus seja
acrescentado ao nosso ser. Necessitamos que Ele
cresça em nós, aumente em nós.
Ao considerar 2:19 precisamos perceber que a
palavra Deus não é mero termo, e o próprio Deus não
é o simples objeto de nossa adoração. Deus é rico de
todas as maneiras. Ele é rico em glória e em todos os
atributos divinos. Ele é rico em amor, bondade,
misericórdia, luz, vida, poder e força. Oh! as riquezas
de Deus são infindáveis! Agora esse Deus rico
acrescenta-Se a nós. Isso está implícito pela frase
“cresce com o crescimento de Deus”. As riquezas de
Deus são o elemento e a substância pelos quais
crescemos.

O NOVO HOMEM
Em 3:10-11 Paulo fala do novo homem, “no qual
não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem
incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém
Cristo é tudo em todos”. [Como já vimos, segundo o
grego, Cristo é tudo e em todos.] No novo homem
Cristo é todos os membros e Ele está em todos os
membros. Não há espaço para o homem natural. Não
há lugar para americanos ou chineses, para ingleses
ou franceses, para você ou para mim. No novo
homem Cristo é tudo. Na igreja como o novo homem,
Cristo é tudo. Isso implica que Ele é cada um de nós.
Isso também implica que cada um deve ser
constituído de Cristo. No novo homem não pode
haver membros judeus e membros gentios; só pode
haver membros-Cristo, Se quisermos ser constituídos
de Cristo, Ele tem de ser acrescentado a nós mais e
mais. Devemos ser permeados e saturados de Cristo e
ter Cristo trabalhado organicamente em nosso ser.
Por fim, seremos substituídos por Cristo. Então, em
realidade, Ele será tudo e em todos. Ele será cada
membro, cada parte do novo homem.
O novo homem não vem a existir juntando-se
cristãos de diversos países. Isso seria uma nova
organização, e não o novo homem. O novo homem
vem a existir quando somos saturados, preenchidos e
permeados de Cristo e substituídos por Ele mediante
um processo orgânico. O novo homem é Cristo em
todos os santos permeando-nos e substituindo-nos
até que todas as distinções naturais sejam eliminadas
e todos sejamos constituídos Dele.
Cristo como tudo e em todos no novo homem
não deve ser mera doutrina. O Cristo rico e
substancial deve ser de fato trabalhado em nós
organicamente até substituir nosso ser natural. Isso
pode acontecer somente quando permanecemos
arraigados Nele e absorvemos Suas riquezas. Essas
riquezas então tornam-se a substância, o elemento,
que nos saturará organicamente. Cristo então se
tornará nós, e nós nos tornaremos constituídos Dele.
Isso é não só crescer com Cristo, mas também ser
edificado Nele.

ABSORVER AS RIQUEZAS DO SOLO


Crescimento e edificação dependem de estarmos
radicados. É por isso que, em grego, Paulo usa o
particípio passado ao dizer “radicados”. Cristo, a boa
terra, é a porção, o quinhão dos santos. Como a boa
terra, Ele mesmo é o solo rico e fértil. Uma vez
radicados Nele, precisamos diariamente absorver o
rico nutriente de Cristo, para que seja o elemento que
nos faz crescer. O dia todo nossas raízes tenras devem
absorver as riquezas de Cristo como o solo. Quanto
mais as absorvermos, mais seremos saturados de
Cristo e organicamente substituídos por Ele. Isso é
crescer e ser edificado em Cristo.

PLANTADOS EM CRISTO
Em 1 Coríntios 3:9 Paulo diz que os santos são
lavoura de Deus. Em 3:6 ele diz: “Eu plantei, Apolo
regou; mas o crescimento veio de Deus”. Esses
versículos indicam que os cristãos são lavoura de
Deus, e Paulo era ajudante do Agricultor divino. Deus
é o verdadeiro Lavrador e Paulo era Seu cooperador
(2Co 6:1). Trabalhando com Deus, Paulo plantou os
cristãos em Cristo. Cristo é o solo. O contexto de 1
Coríntios indica isso. Primeira Coríntios 1:9 nos diz
que fomos chamados à comunhão do Filho de Deus, e
o versículo 30 fala que somos de Deus em Cristo
Jesus, que se nos tornou sabedoria. Ele é justiça para
o passado, santificação para o presente e redenção
para o futuro. Ser colocado em Cristo é ser plantado
Nele. Mediante a pregação do evangelho e o
ministério da Palavra, Paulo plantou muitos em
Cristo. Assim, Paulo podia dizer que ele plantou. Mais
tarde, Apolo regou o que ele plantara. Embora Paulo
tenha plantado e Apolo tenha regado, Deus é que fez
crescer.

COMO DEUS DÁ O CRESCIMENTO


A seguir precisamos perguntar de que forma
Deus faz crescer. Ele dá o crescimento entrando em
nós. Quanto mais Deus é acrescentado a nós, mais
crescimento Ele dá. Como vimos, sem o aumento de
Deus em nós, não pode haver crescimento. O
crescimento do Corpo depende do crescimento, do
acréscimo, do aumento, de Deus em nós. Portanto,
Deus dá o crescimento dando-Se a nós de maneira
subjetiva.
Já que Deus dá o crescimento dessa forma,
precisamos despender tempo absorvendo-O. Um
hino bem conhecido nos exorta a “despender tempo
para ser santo”. Na verdade, nossa necessidade é
despender tempo para absorver Deus. Assim como
despendemos tempo diariamente para comer,
devemos diariamente despender tempo para absorver
o Senhor, para assimilar as riquezas de Cristo. Nosso
contato com o Senhor não deve ser apressado. Se
estivermos com pressa, não seremos capazes de
absorver muito de Suas riquezas. Precisamos reservar
um tempo adequado para oração. Isso nos capacitará
a absorver mais das riquezas do nosso Deus.
Como já ressaltamos, Deus não é um simples
termo ou objeto de adoração. Ele é real, rico e
substancial, e nós precisamos absorvê-Lo. Nosso
Deus hoje é o Espírito todo-inclusivo, processado, e
temos um espírito para absorvê-Lo, Assim,
precisamos exercitar o espírito para permanecer em
Sua presença a fim de absorvê-Lo, Isso leva tempo.
Embora todos já tenhamos absorvido riquezas de
Deus, nossa experiência ainda não é adequada. Por
esse motivo, precisamos despender mais tempo para
absorvê-Lo. Não gaste tanto tempo na mente, emoção
e vontade, mas permaneça mais tempo no espírito
para adorar o Senhor, louvá-Lo, dar-Lhe graças e
falar livremente com Ele. Quando tem comunhão
com Ele dessa forma, você absorve Suas riquezas, e
Ele Se acrescenta mais a você. Quanto mais Deus é
acrescentado a nós, mais crescimento nos dá. Essa é a
maneira de Deus dar o crescimento.
Somente Deus pode dar crescimento. Em meu
ministério, o máximo que posso fazer é plantar ou
regar. Não posso dar crescimento a ninguém, pois
não posso dar Deus. Somente Deus pode dar a Si
mesmo a alguém. Sem Ele, não conseguimos ter
crescimento. O próprio Deus é nosso alimento, e
precisamos buscá-Lo em Sua mesa de jantar, onde
precisamos despender tempo para nos alimentar Dele
sem pressa. Então mais Dele será acrescentado a nós.
Esse acréscimo de Deus a nós é o crescimento que Ele
dá. Para Deus, fazer-nos crescer significa, na verdade,
dar a Si mesmo a nós.

SER UM SÓ ESPÍRITO COM O SENHOR


Um dos mais importantes versículos da Bíblia, 1
Coríntios 6:17, diz: “Mas aquele que se une ao Senhor
é um espírito com ele”. As implicações desse versículo
são maravilhosas e de amplas conseqüências. Nós, os
cristãos, somos um espírito com o Senhor. Que fato
tremendo! Isso implica que estamos Nele e Ele está
em nós. Também implica que nós e Ele fomos
mesclados, misturados organicamente, para nos
tornar um em vida. Ser um espírito com o Senhor
implica que nós e Ele somos uma entidade viva. Não
temos palavras para explicar a importância desse
versículo. Dizer que somos um espírito com o Senhor
definitivamente não quer dizer que somos deificados.
Entretanto, isso por certo implica na mescla da
divindade com a humanidade. Nas palavras do hino
240 [do hinário Hinos, publicado por esta Editora]:
“O Deus que ao homem se mesclou / Meu tudo em
mim se tornou”. Ser um espírito com o Senhor
significa ser unido a Ele organicamente e mesclado
com Ele em vida. Precisamos urgentemente de mais
experiência disso. Precisamos permanecer arraigados
em Cristo e absorver tudo o que Ele é. Então nós e
Ele, Ele e nós, seremos mesclados em vida
organicamente para ser um só espírito. Que
profundo! Como isso é maravilhoso!
Quando somos um espírito com o Senhor, nada
negativo nos pode afetar. O pecado, o mundo,
Satanás e o Hades não têm nada a ver conosco, pois
somos um espírito com o Deus Triúno. Isso não deve
ser mera doutrina. Em nossa experiência isso deve
ser vivo e orgânico. Nosso ser espiritual, nosso
homem interior, o espírito regenerado, deve ser
permeado pelo Senhor e mesclado com Ele a fim de
formar uma entidade única e viva. Isso resultará em
crescimento e edificação.

O CRESCIMENTO DA EDIFICAÇÃO
Em Efésios Paulo também fala de crescimento e
edificação. Em Efésios 2:21 ele diz: “No qual todo o
edifício, bem ajustado, cresce para santuário
dedicado ao Senhor”. Esse versículo se refere à igreja
universal. Aos olhos de Deus, a igreja universal é uma
edificação. Essa edificação cresce porque absorve as
riquezas de Cristo.

CHEGAR À PERFEITA MATURIDADE


Em Efésios 4:13 Paulo fala de chegar à perfeita
maturidade, à medida da estatura da plenitude de
Cristo. O Corpo de Cristo é Sua plenitude. Essa
plenitude tem uma estatura, e a estatura tem uma
medida. Assim, a plenitude de Cristo é o Seu Corpo,
Sua expressão. Chegamos à medida da estatura da
plenitude de Cristo mediante o crescimento e a
edificação que ocorrem quando nos alimentamos
Dele. À medida que nos alimentamos de Cristo, mais
Dele é acrescentado a nós para crescimento e
edificação. Por fim, teremos a medida da estatura da
plenitude de Cristo. Essa medida é o pleno
crescimento do novo homem. Por esse motivo, Paulo
fala de chegar à perfeita varonilidade.

CRESCER E SER EDIFICADO


Em Efésios 4:15-16 Paulo prossegue: “Mas
praticando a verdade em amor, cresçamos em todas
as coisas até chegarmos a ele, que é a cabeça, Cristo,
de quem todo o corpo conjuntado e coligado pelo que
toda a junta supre, segundo a operação na medida de
cada membro, efetua o aumento do corpo para
edificação de si mesmo em amor” (TB). O conceito
aqui é semelhante ao de Colossenses 2:19. Precisamos
seguir e reter a verdade em amor, para crescer na
Cabeça em todas as coisas. Recebemos nutrição da
Cabeça na qual crescemos, indicado pelo verbo
suprir. Por meio do suprimento que provém da
Cabeça, o Corpo cresce e se edifica em amor. Há
muitas coisas implícitas aqui. O ponto central das
implicações em Efésios 4:15-16 é que devemos estar
radicados em Cristo e absorver Sua nutrição, para que
ela se torne o elemento e a substância com os quais
crescemos e somos edificados.
Primeiro crescemos individualmente, depois
coletivamente. O crescimento individual se torna
coletivo. Portanto, não só os membros são edificados
individualmente, mas o Corpo é edificado
coletivamente. O corpo humano ilustra isso. Um
corpo é edificado pelo crescimento dos membros
individuais. Se os membros não crescem, o corpo não
pode crescer. Sem crescimento, os membros do corpo
não podem se edificar. Assim seria impossível o corpo
ser edificado. Portanto, a edificação do corpo
depende da edificação dos seus membros individuais.
Se todos os membros crescerem e edificarem a si
mesmos individualmente, o corpo será edificado
coletivamente.
Após uma igreja estar numa cidade por certo
tempo, pode ser que apareça atrito entre os santos,
até mesmo entre os líderes. Como a igreja pode ser
edificada se houver atrito? Junto com o atrito, deve
também haver crescimento. O crescimento anulará o
efeito do atrito. Posso testificar que nesses anos todos
na vida da igreja tem havido muito atrito causado
pelo inimigo. Mas o crescimento em Cristo tem
eliminado o atrito. Portanto, podemos estar contentes
juntos e ser de fato um. As deficiências entre nós são
preenchidas com as riquezas de Cristo. Então
crescemos individual e coletivamente. Essa é a
autêntica edificação da igreja, baseada na edificação
dos membros individuais. Além disso, a edificação
dos membros depende do crescimento deles, que, por
sua vez, depende de estar radicados em Cristo e
absorver as riquezas de Cristo, as quais se tornam o
próprio elemento com o qual os membros crescem.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM CINQÜENTA E TRÊS

EM CRISTO FOMOS FEITOS PLENOS,


CIRCUNCIDADOS, RESSUSCITADOS E VIVIFICADOS
JUNTAMENTE COM ELE

Leitura Bíblica: Cl 2:8-15


Colossenses 2:8-15 forma uma seção completa
desse livro. Ela começa com uma advertência:
“Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua
filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos
homens, conforme os rudimentos do mundo e não
segundo Cristo” (v. 8). E é seguida por outra
advertência: “Ninguém, pois, vos julgue por causa de
comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou
sábados” (v. 16). A advertência no versículo 8 se
baseia nos versículos que o precedem, de acordo com
os quais Cristo é o mistério de Deus, em quem estão
ocultos todos os tesouros da sabedoria e do
conhecimento (vs. 2-3). No versículo 6 Paulo diz que,
como recebemos Cristo, devemos andar Nele. Para
andar em Cristo, precisamos preencher as duas
condições mencionadas no versículo 7: estar
radicados Nele e ser edificados Nele. Então
precisamos tomar cuidado para que ninguém nos
enrede e nos desvie do próprio Cristo que é o mistério
de Deus e no qual devemos andar. Já recebemos o
Cristo maravilhoso que é o mistério de Deus com
todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento.
Agora, uma vez radicados Nele e sendo edificados
Nele, devemos andar Nele.
UMA DESCRIÇÃO DO SOLO
Colossenses 2:8-15 é parte de uma seção
complicada, que contém diversos pontos
importantes. Muitos deles estão relacionados com
Cristo como a boa terra, como o rico solo no qual
fomos radicados. A palavra “radicados” no versículo 7
implica que há um solo. Os versículos 8 a 15 são a
descrição plena de Cristo como o solo no qual fomos
arraigados. Fomos radicados no solo e crescemos com
os elementos que absorvemos dele. Sabemos que
Cristo como o solo está em nosso espírito. Agora
precisamos ver, nos versículos 8 a 15, uma definição
plena do solo no qual fomos radicados.
O primeiro aspecto desse solo muito especial é
encontrado no versículo 9: “Porquanto, nele, habita,
corporalmente, toda a plenitude da Divindade”.
Fomos radicados Naquele em quem habita
corporalmente toda a plenitude da Deidade. Não
devemos permitir que ninguém nos remova desse
solo. Ser removido desse solo é ser desarraigado dele.
Quando Colossenses foi escrito, alguns tentavam
desarraigar os cristãos de Cristo. Os cristãos tinham
sido arraigados em Cristo como a boa terra, como
Aquele no qual habita toda a plenitude da Deidade.
Em vez de permitir que alguém nos remova desse
solo, devemos permanecer radicados nele.
Em 2:10 Paulo continua: “Também, nele, estais
aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e
potestade”. Aqui vemos mais acerca da substância de
Cristo como o solo. Um é o da plenitude da Deidade;
outro é a Cabeça de todo principado e autoridade. Em
Cristo, como a boa terra, temos vários elementos. O
primeiro deles é toda a plenitude da Deidade e o
segundo, a Cabeça de todo principado e potestade.
Nos versículos 11 a 15 encontramos mais
elementos. O versículo 11 diz: “Nele, também fostes
circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no
despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão
de Cristo”. O solo também inclui a circuncisão de
Cristo, que denota cortar e matar. O solo contém,
portanto, um elemento aniquilador. O versículo 12,
que diz que fomos sepultados juntamente com Cristo
no batismo, indica que o solo também contém o
elemento do sepultamento. Em Cristo como o solo há
uma substância que nos faz ser sepultados. Após o
sepultamento, somos ressuscitados. No versículo 12
Paulo fala de Deus que ressuscitou Cristo dentre os
mortos. Essa expressão indica que em Cristo como o
solo há um elemento que nos faz ressuscitar. De
acordo com o versículo 13, também recebemos vida.
Há um elemento no solo que nos dá vida, nos vivifica.
Em 1 Coríntios 15:45 Paulo fala do Espírito que dá
vida. Em Colossenses 2:13 ele usa o mesmo termo
grego para “que dá vida”, mas no passado. Como o
solo, Cristo nos vivificou; Ele nos deu vida.
Nos versículos 14 e 15 Paulo continua: “Tendo
cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e
que constava de ordenanças, o qual nos era
prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o
na cruz: e despojando os principados e as potestades,
publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles
na cruz”. Aqui temos mais elementos em Cristo como
o solo. O cancelamento do escrito de ordenanças é um
deles. Outro é despojar os principados e potestades,
expondo-os publicamente e triunfando deles na cruz.
Como o solo, Cristo inclui todos esses elementos
maravilhosos. Louvado seja Ele por ser tal rico solo,
no qual fomos radicados! Dia após dia nossas raízes
precisam aprofundar-se em Cristo como o único solo.

FEITOS PLENOS EM CRISTO


Quando somos radicados em Cristo como o solo,
a primeira coisa que acontece é ser feitos plenos,
aperfeiçoados, Nele (2:10). O termo “aperfeiçoados”
implica muita coisa e requer uma tradução ampliada
a fim de expressar o verdadeiro significado. A palavra
grega implica em completação, perfeição, satisfação e
pleno cumprimento. Em Cristo como o solo somos
preenchidos, completados, aperfeiçoados, satisfeitos,
e totalmente supridos. Já enfatizamos que o primeiro
elemento do solo é a plenitude da Deidade. Quando
absorvemos o rico nutriente do solo, desfrutamos
essa plenitude. Ela nos toma plenos, completa,
aperfeiçoa, satisfaz, cumpre tudo para nós e nos supre
totalmente em cada necessidade que temos.
Agora precisamos ponderar um pouco mais
sobre o significado da plenitude. Que é a plenitude
mencionada em 2:9? Como Colossenses 1 indica, a
plenitude é a expressão de Deus. Essa expressão está
relacionada com a imagem de Deus (1:15). Como a
imagem do Deus invisível, Cristo é o Primogênito de
toda a criação e o Primogênito de entre os mortos
(1:15, 18). A Deidade é expressa primeiro na velha
criação e depois na nova criação, a igreja. Porquanto
todas as coisas foram criadas em Cristo, por meio de
Cristo e para Cristo, e porquanto tudo subsiste Nele,
há a expressão da Deidade, o Ser divino, na velha
criação. A nova criação é a igreja, o novo homem, no
qual Cristo é tudo e em todos (3:10-11). A plenitude
de Deus é, assim, a expressão de Deus na velha e na
nova criação. Essa expressão de Deus, a plenitude do
Ser divino, é a imagem do Deus invisível. Já
ressaltamos anteriormente que em 1:15 o título
“Primogênito de toda a criação” está em aposição à
expressão “imagem do Deus invisível”. Isso indica
que o Primogênito de toda a criação equivale à
imagem do Deus invisível. Cristo é expresso nos itens
da velha criação. O mesmo se aplica à nova criação,
uma vez que Cristo é o Primogênito dentre os mortos.
Cristo, o Amado de Deus, é a imagem do Deus
invisível expresso na velha e na nova criação. Essa
expressão é a plenitude da Deidade.
Essa plenitude é inesgotável. Ela é o primeiro
elemento do rico solo no qual estamos radicados.
Deus nos plantou numa rica terra, cujo primeiro
aspecto é a plenitude da Deidade, a expressão de
Deus na velha e na nova criação. Assim, a plenitude
implica a expressão de Deus na velha e na nova
criação. Tendo sido plantados em tal rico solo,
absorvemos os nutrientes desse solo. O primeiro
elemento das riquezas do solo é a plenitude, na qual
fomos feitos plenos. Assim, nada nos falta.
Paulo queria que os colossenses percebessem
que, já que tinham sido feitos plenos em Cristo, não
precisavam adorar anjos. Cristo era a Cabeça de todo
principado e autoridade, e os anjos eram apenas um
item da criação de Deus. Na plenitude somos feitos
plenos, completos e perfeitos. Tudo que é necessário
está consumado, e nós somos supridos e satisfeitos.
Oh! essa plenitude é todo-inclusiva! Ela inclui justiça,
justificação, santidade, santificação e tudo o que
precisamos. Uma vez plantados nessa plenitude,
devemos simplesmente absorver a nutrição que
provém dela. Fazendo isso, descobrimos que nada
nos falta. As experiências da crucificação e
ressurreição estão na plenitude. Louvado seja o
Senhor por podermos desfrutar a plenitude universal,
eterna, ampla, todo-inclusiva! Essa plenitude habita
corporalmente em Cristo. Visto que Cristo é a boa
terra na qual fomos radicados, fomos radicados nessa
plenitude; nela fomos feitos plenos, completos e
perfeitos. Absolutamente nada nos falta.
Antes de ser radicados em Cristo como a boa
terra, não tínhamos nenhuma coisa positiva.
Estávamos envolvidos com a carne, as ordenanças é o
poder das trevas. Mas agora, radicados na boa terra, a
plenitude tornou-se nossa e somos supridos de todas
as coisas positivas. Nessa plenitude todo-inclusiva e
ampla temos tudo. Temos Deus, temos uma
humanidade exaltada e temos atributos divinos e
virtudes humanas. Você precisa de vida? Ela é
encontrada nessa plenitude. Você precisa de amor ou
paciência? Também estão incluídos na plenitude.
Pelo fato de ser todo-inclusiva, essa plenitude realiza
tudo para nós, satisfaz-nos e supre-nos totalmente, e
nos torna plenos, perfeitos e completos. Como é rico o
solo no qual fomos radicados! Ele nos supre de tudo e
nada nos falta. Temos a plenitude todo-inclusiva e
inesgotável. No universo há tal coisa, que Paulo em
Colossenses chama de a plenitude. Essa plenitude
habita corporalmente em Cristo. Nele, que é a
corporificação da plenitude da Deidade, somos feitos
plenos.

A CARNE, AS ORDENANÇAS, E OS
PRINCIPADOS E POTESTADES
Do lado negativo, entretanto, como 2:11-15
indica, temos a carne, as ordenanças, e os principados
e potestades. Jovens e velhos, homens e mulheres,
refinados e grosseiros — todos somos atribulados por
essas três categorias de coisas negativas. Todos temos
a carne, todos temos algum tipo de ordenança e todos
estamos sujeitos às potestades malignas na
atmosfera. Pecado, mundanismo e ofensas têm
origem nessas coisas negativas. Louvado seja o
Senhor porque em Cristo como o solo temos o
elemento da circuncisão que leva a carne à morte! Em
Cristo como o solo há um poder mortificador. Esse
elemento mortificador pode ser comparado ao sal
que, quando adicionado à terra, pode matar a
corrupção. No solo da boa terra no qual estamos
radicados há o “sal” da circuncisão. Esse elemento
não faz crescer, mas é eficaz para matar germes. Ele
corta a carne e a mata.
Depois da morte temos o sepultamento. Em
Cristo como o solo há um elemento que nos sepulta.
Além disso, há outro elemento que nos ressuscita.
Assim, primeiro os elementos em Cristo como o solo
nos sepultam; depois nos ressuscitam. Em Cristo
como o solo somos levados à morte, sepultados,
ressuscitados e vivificados. A morte e o sepultamento
removem de nós as coisas negativas, ao passo que a
ressurreição nos remove de todas as coisas negativas.
Então o elemento do solo que dá vida nos vivifica.
Portanto, em Cristo como o solo há os elementos que
nos matam, sepultam, ressuscitam e vivificam.
De acordo com 2:14, o escrito na forma de
ordenanças, que era contra nós e nos era prejudicial,
foi cancelado. Foi encravado na cruz. No solo há
também o elemento do cancelamento das
ordenanças.
Todos temos certas ordenanças acerca da
maneira pela qual conduzimos a vida diária. Essas
ordenanças podem não estar escritas no papel, mas
estão inscritas em nossa mentalidade. Talvez você
nunca tenha percebido isso, mas as ordenanças
atrapalham o seu crescimento em vida. Para que você
cresça adequadamente, elas precisam ser canceladas,
encravadas na cruz. Posso testificar que, quando
absorvo nutrientes de Cristo como o solo, minhas
ordenanças são canceladas. Hoje não precisamos de
ordenanças; precisamos apenas assimilar as riquezas
do solo para crescer e ser edificados.
No solo há também um elemento que despoja os
principados e potestades e triunfa deles (2:15). Esse
elemento é vitorioso sobre os espíritos malignos no
ar. Tanto os crentes como os incrédulos percebem
que algo maligno os rodeia. As pessoas tentam ser
boas, mas algo as faz praticar o mal. Elas são
rodeadas por uma atmosfera maligna. Se tentarmos
por nós mesmos combater o ' poder das trevas na
atmosfera, seremos derrotados. Mas há um elemento
em Cristo como o solo que derrota os espíritos
malignos. À medida que permanecermos radicados
no solo e absorvermos seus ricos elementos, os
principados e autoridades nos lugares celestiais serão
despojados. Há um elemento no solo que despoja o
poder das trevas. Fomos plantados nesse solo e agora
devemos desfrutar todas as suas riquezas.
Em 2:10-15 Paulo usa verbos no passado ou no
particípio passado para indicar vários fatos
consumados. Esses fatos também devem tornar-se
nossa experiência. De acordo com nossa fé, os itens
nos versículos 10 a 15 são fatos. Mas à medida que
contatamos o Senhor, que é o Espírito todo-inclusivo
em nosso espírito, esses fatos tornam-se nossa
experiência. Não devemos parar em apenas crer nos
fatos. Devemos despender tempo desfrutando o
Senhor como a terra todo-inclusiva para que esses
fatos se tornem nossa experiência.

DESPENDER TEMPO PARA ABSORVER O


SENHOR
Se reservarmos momentos para desfrutar o
Senhor, despenderemos um tempo adequado para
absorvê-Lo. Já ouvimos diversas mensagens sobre
quem é o Senhor, o que Ele é e onde Ele está.
Também aprendemos a exercitar o espírito para
contatá-Lo, Mas precisamos despender tempo
suficiente para absorvê-Lo. Não devemos ser
preguiçosos ou negligentes nesse ponto. Tendo como
base a experiência, posso testificar enfaticamente
que, quando reservamos tempo para desfrutar o
Senhor, todos os elementos do rico solo são
absorvidos pelo nosso ser.
Logo após ser salvo, passei a amar o Senhor e
comecei a buscá-Lo. Como alguém que O buscava, eu
desejava ser vitorioso. Lia livros que me ensinavam a
considerar-me morto para o pecado. Contudo,
embora eu tentasse, isso não funcionava muito bem
na experiência. Por anos fiquei tateando para
descobrir a maneira de ser vitorioso. Por fim
enxerguei que a crucificação com Cristo mencionada
em Romanos 6 só pode ser experimentada no
Espírito, como revela Romanos 8. Diversos irmãos
experientes no Senhor podem testificar que isso é
verdade. Se quisermos ser vitoriosos, precisamos
despender tempo para absorver o Senhor. À medida
que O absorvermos para o nosso desfrute, teremos a
plenitude, a circuncisão, o sepultamento, a
ressurreição, a dispensação de vida, o cancelamento
das ordenanças e o despojamento do poder das
trevas. Diariamente podemos desfrutar do Cristo rico
absorvendo-O.
Sou grato ao Senhor por Ele ter aberto 2:7 para
nós, mostrando-nos que fomos radicados em Cristo
como o rico solo. Também sou grato por ver em
2:8-15 o tipo de solo no qual fomos radicados. Se você
enxergar que fomos radicados em Cristo como o rico
solo, será confortado e encorajado. Não fique
perturbado com sua fraqueza. Considere o rico solo
no qual está radicado. Você não tem, nesse solo, a
plenitude, a circuncisão, o sepultamento, a
ressurreição, a dispensação da vida, o cancelamento
das ordenanças e o despojamento dos poderes das
trevas? Esqueça a sua situação, condição, fracassos e
fraquezas, e simplesmente gaste tempo para desfrutar
o Senhor. Despenda tempo para absorvê-Lo,
assimilar os ricos elementos Dele como o solo. Se
fizer isso, será capaz de testificar que em Cristo nada
lhe falta.
Toda manhã precisamos reservar um tempo
adequado para absorver o Senhor. Embora até
mesmo dez minutos seja bom, é melhor desfrutá-Lo
por trinta minutos no início de cada dia. Se você
despender trinta minutos para absorver o Senhor e
desfrutá-Lo de manhã, não ficará incomodado com
coisas negativas durante o dia. As “moscas” e os
“escorpiões” não o atormentarão, pois os elementos
do solo irão repeli-los. Todavia, se você falhar em
absorver o Senhor de manhã, estará sujeito a ser
atormentado pelas “moscas” e “escorpiões”. Muitos
santos podem testificar que absorver o Senhor de
manhã os supre do melhor repelente de insetos.
Entretanto, devemos despender tempo com o Senhor
não somente de manhã, mas também ao longo do dia.
Se tivermos bons períodos com o Senhor de manhã,
de tarde e à noite, não só seremos supridos do mais
eficaz pesticida, mas também desfrutaremos uma
festa. Entretanto, se não formos fiéis em despender
tempo para absorver o Senhor, nossa condição
gradualmente se deteriorará. A experiência confirma
isso. Saiamos dos nossos pensamentos, emoções e
intenções, e abramo-nos para o Senhor, exercitando o
espírito para dizer: “Ó Senhor Jesus, eu Te amo e Te
adoro. Eu me entrego a Ti. Dou-Te meu coração e
tudo relativo a este dia”. Ao contatar o Senhor dessa
maneira, não tenha pressa. Gaste tempo; quanto mais
melhor. Ao despender tempo contatando o Senhor,
espontaneamente você absorverá as riquezas do solo.
A plenitude, a circuncisão, o sepultamento, a
ressurreição, a dispensação de vida, o cancelamento
das ordenanças e o despojamento dos principados
serão seus. Todos esses fatos em Colossenses se
tornarão a sua experiência.

UM ESPÍRITO COM O SENHOR


Enquanto os fatos são em Cristo, a experiência é
por meio de Cristo. Experimentamos essas coisas à
medida que contatamos o Senhor e somos um com
Ele na prática. Ultimamente tenho orado ao Senhor
todas as manhãs: “Senhor, concede-me a graça de
viver o fato de que sou um espírito Contigo. Senhor,
não tenho dúvidas de que Tu és um espírito comigo.
Mas, Senhor, peço-Te que me lembres que sou um
espírito Contigo”. Quanto mais vivemos o fato de que
somos um espírito com o Senhor, mais
experimentamos o Cristo todo-inclusivo e vasto
revelado em Colossenses. Todos os fatos em Cristo
tornam-se assim nossa experiência por meio Dele e
com Ele. Oh! que O absorvamos, desfrutemos e
experimentemos! Louvado seja Ele por termos sido
radicados num solo rico, fértil, cheio dos atributos
divinos e das virtudes humanas elevadas! Tudo que
precisamos está nesse solo, nesta boa terra na qual
fomos radicados. Para a prática da vida da igreja,
permaneçamos radicados nesse solo e absorvamos
todas as suas riquezas.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM CINQÜENTA E QUATRO

EM CRISTO E SEGUNDO CRISTO

Leitura Bíblica: Cl 2:8-15; 2Co 3:17; 2Tm 4:22a; 1Co


6:17; Rm 8:4
Em 2:8-15 a ênfase de Paulo é que os cristãos
estão em Cristo e devem ser segundo Ele. É fato que
estamos em Cristo. No versículo 10 Paulo diz:
“Também, nele, estais aperfeiçoados”. Em Cristo
também fomos circuncidados, ressuscitados e
vivificados (vs. 11-12). A redação de Paulo é
estruturada no conceito básico de que tudo é em
Cristo. Se a palavra “nele” fosse retirada de 2:8-15, a
própria estrutura da redação de Paulo desmoronaria.
Em 2:8 Paulo diz: “Cuidado que ninguém vos
venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas,
conforme a tradição dos homens, conforme os
rudimentos do mundo e não segundo Cristo”. Repare
na expressão “segundo Cristo”. O desejo de Paulo é
que todos vivamos e existamos segundo Cristo. Ser
desviado de Cristo é existir segundo alguma coisa
além de Cristo, em particular a tradição dos homens e
os rudimentos do mundo. Essas duas questões
englobam tudo o que não é segundo Cristo. Hoje
tanto os crentes como os incrédulos vivem,
caminham, comportam-se e existem segundo as
tradições dos homens ou os rudimentos do mundo. É
muito difícil encontrar quem viva segundo Cristo.
Não obstante, o andar cristão deve ser segundo
Cristo. Louvamos ao Senhor por todas as riquezas
que temos em Cristo. Agora precisamos prosseguir,
vivendo e existindo segundo Cristo.

FATOS E EXPERIÊNCIA
Em 2:8-15 Paulo enumera diversos fatos
espirituais importantes. É fato que toda a plenitude
da Deidade habita corporalmente em Cristo. Cristo é
a Cabeça de todo principado e autoridade. Fomos
circuncidados e sepultados Nele, ressuscitados com
Ele e vivificados Nele. Tudo isso são fatos. É fato que
as ordenanças escritas foram canceladas e os poderes
das trevas foram despojados. Todos esses fatos estão
relacionados com a questão do que é em Cristo.
Todavia, para esses fatos se tornarem nossa
experiência, precisamos não só estar em Cristo, mas
também ser segundo Ele. A palavra “nele” refere-se
aos fatos, ao passo que “segundo Cristo” refere-se à
experiência. Os salvos têm a posição de estar em
Cristo. Sendo salvos, todos os fatos que mencionamos
são nossos. Temos o direito, o título de propriedade,
de todos esses fatos. Mas, se o viver diário é segundo
Cristo, é totalmente outra coisa. Por certo podemos
declarar que estamos em Cristo, mas provavelmente
não temos a ousadia de dizer que o andar diário é
segundo Cristo. Você tem confiança para testificar
que seu viver diário é segundo Cristo? Estamos em
Cristo, mas não vivemos segundo Ele. Em muitas
coisas vivemos segundo a tradição dos homens e os
rudimentos do mundo. Temos os fatos, mas
carecemos de experiência.

AFASTADOS DE CRISTO
Em Colossenses 2 Paulo indica que o Cristo que
recebemos é o mistério de Deus, no qual todos os
tesouros da sabedoria e do conhecimento estão
ocultos. Agora precisamos andar Nele, tendo sido
radicados Nele e sendo edificados Nele. Depois de
falar tais palavras, Paulo nos exorta a nos acautelar a
fim de não ser enredados, levados como presa. Tendo
visto o maravilhoso fato de que recebemos Cristo
como o mistério de Deus e que fomos radicados Nele,
precisamos agora ter cuidado para não ser desviados
Dele. Se você não puder dizer que anda segundo
Cristo, isso indica que, na prática, foi enredado e
afastado Dele. Você recebeu Cristo e foi radicado
Nele, mas, no tocante ao viver diário, foi afastado
Dele. Deixar de andar diariamente segundo Cristo
significa estar separados Dele. Não importa se
estamos muito afastados ou somente um pouco
longe; estaremos separados de Cristo.
A maior parte do nosso andar é segundo a
tradição dos homens e os rudimentos do mundo, e
não segundo Cristo. A tradição é o principal
componente da cultura em que vivemos. Sem as
tradições, as culturas não existiriam. Herdamos a
cultura das práticas tradicionais da família, da
sociedade e do país. Espontânea e inconscientemente
vivemos segundo as tradições culturais que
herdamos. Além disso, vivemos segundo os
rudimentos do mundo, isto é, os princípios
elementares da cultura humana. As tradições são as
práticas da cultura e os rudimentos são os princípios
básicos da cultura. Até mesmo nós, que amamos
Cristo e O buscamos, ainda somos dominados por
essas duas coisas. Detesto quando algum aspecto do
meu viver diário é segundo a tradição dos homens ou
os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo. Não
quero ser segundo a tradição chinesa ou o
ensinamento ético de Confúcio. Muitas vezes oro:
“Senhor, perdoa-me por viver segundo a tradição dos
homens em vez de viver segundo Cristo”. O desejo de
Deus é que andemos segundo Cristo. Por exemplo,
uma irmã pode ser muito submissa, seguindo o
ensinamento da Bíblia ou um padrão ético de acordo
com a cultura a que pertence. Tal submissão,
entretanto, pode não ser segundo Cristo. Deus não
deseja nenhum comportamento que não seja segundo
Cristo.
Muitos santos, após estar na igreja há algum
tempo, começam a andar de acordo com o que se
pode chamar de “a maneira de vida das igrejas
locais”. Em certo sentido, a vida da igreja refina nossa
humanidade. A humanidade das pessoas nas igrejas é
muito elevada. Contudo, pode ser que andemos
segundo a humanidade refinada, e não segundo
Cristo. Em vez de viver Cristo, podemos
conformar-nos a certos padrões ou práticas. Por
exemplo, uma irmã que esteja na vida da igreja há
algum tempo pode decidir parar de se maquiar.
Contudo, pode ser que a decisão não seja tomada
segundo Cristo. Em vez de andar segundo Cristo
nessa questão, ela pode simplesmente amoldar-se à
maneira de vida das igrejas locais. Outro exemplo é
um irmão que escolhe ter o cabelo curto. Se ele não
estivesse na vida da igreja, poderia preferir ter o
cabelo comprido; mas por estar na igreja decide
manter o cabelo curto. Nessa questão, entretanto, ele
também pode estar amoldado à determinada maneira
de vida em vez de viver segundo Cristo. Na vida da
igreja não devemos amoldar-nos a costumes;
devemos viver, andar e existir segundo Cristo. A
intenção de Deus não é ter um grupo de pessoas
limpas, asseadas e refinadas. Seu desejo é ter um
grupo de pessoas que vivem segundo Cristo. Não
basta estar em Cristo; precisamos também andar
segundo Cristo. Estar em Cristo é questão de posição,
mas andar segundo Cristo é questão de experiência.
Devemos vestir-nos e cortar o cabelo segundo Cristo,
e não segundo a tradição dos homens ou os
rudimentos do mundo.
O desejo de Deus é que nosso andar diário seja
segundo Cristo. Se não vivermos segundo Cristo,
teremos sido afastados Dele. Assim como até mesmo
um pequenino pedaço de isolante pode interromper a
corrente elétrica, a menor separação de Cristo pode
afastar-nos Dele. Não há necessidade de nos entregar
a coisas mundanas para ser afastados de Cristo.
Mesmo se você for às reuniões da igreja sem andar
segundo Cristo, na prática estará separado Dele.
Nessa questão de ser afastado de Cristo, você não é
diferente dos cristãos que se entregam a
divertimentos mundanos. Fomos Salvos, regenerados
e radicados no Cristo todo-inclusivo e vasto.
Entretanto, é muito fácil ser afastados Dele. Onde
estão os cristãos hoje que, de fato, andam segundo
Cristo e não segundo a tradição do homem?
Virtualmente todos os cristãos foram afastados de
Cristo e vivem segundo alguma tradição. Onde estão
os cristãos que vivem somente, simples e unicamente
segundo Cristo?
Os colossenses não foram afastados de Cristo por
coisas pecaminosas, mas pelas boas tradições da
cultura e pelos rudimentos do mundo. Muitos
cristãos são como os colossenses. Embora vivam
segundo altos padrões e sigam as melhores práticas,
podem não viver diariamente segundo Cristo.

ANDAR SEGUNDO O ESPÍRITO


Romanos 8:4 é um versículo paralelo a
Colossenses 2:8, pois diz que devemos andar segundo
o espírito. Andar segundo o espírito é andar segundo
Cristo. Se você andar diariamente segundo o espírito,
automaticamente andará segundo Cristo. Se andar
dessa forma, você fará determinadas coisas ou
deixará de fazer outras, não por amoldar-se à prática
das. igrejas locais, mas por andar segundo Cristo.
No Novo Testamento há alguns versículos
cruciais a respeito do Espírito. Segunda Coríntios 3:17
nos diz que o Senhor é o Espírito; 2 Timóteo 4:22
indica que o Senhor está com o nosso espírito; 1
Coríntios 6:17 diz que aquele que se une ao Senhor é
um espírito com Ele; e Romanos 8:4 nos exorta a
andar segundo o espírito. O Espírito mencionado em
2 Coríntios 3:17 é o próprio Espírito mencionado em
João 7:39, o Espírito que ainda não era até que Jesus
fosse glorificado. Após Sua ressurreição o Senhor
tornou-se o Espírito que dá vida a todos os que crêem
Nele. Hoje o Senhor é o Espírito, e temos esse
Espírito em nosso espírito. Louvado seja o Senhor,
pois somos um espírito com Ele e podemos andar
segundo o Espírito!

UM MANDAMENTO TODO-INCLUSIVO
O mandamento de andar segundo o espírito é
todo-inclusivo. Ele inclui o que a Bíblia diz sobre o
marido amar a mulher, sobre a mulher submeter-se
ao marido, sobre filhos honrarem os pais e pais
cuidarem dos filhos. Todas as virtudes necessárias,
tais como humildade bondade honestidade,
fidelidade e amor estão incluídas no andar segundo o
espírito. Deus não quer que nos esforcemos para ser
virtuosos, amorosos ou submissos. Ele deseja apenas
que andemos segundo o Espírito. Oh! é crucial que
vejamos isso!
Colossenses revela que Cristo é todo-inclusivo e
vasto. Nele temos tudo, pois Nele somos feitos plenos,
perfeitos e completos, e somos supridos e satisfeitos.
Agora precisamos prosseguir e ver que, para a nossa
experiência, esse Cristo todo-inclusivo e vasto é o
Espírito. Quem não se importa com a experiência de
Cristo negará que Cristo é o Espírito. Mas nós, que
nos importamos com a experiência de Cristo,
precisamos ver que o Novo Testamento revela
claramente que o Senhor agora é o Espírito. Como o
Espírito, o Senhor está em nosso espírito. Assim,
sabemos o que o Senhor é (o Espírito) e sabemos
onde Ele está (em nosso espírito). O Senhor quer que
sejamos capazes de localizá-Lo. Sabendo que Ele é o
Espírito em nosso espírito, é fácil contatá-Lo. Se
alguém lhe perguntar onde está o Cristo sobre o qual
você fala tanto, responda que Ele habita no seu
espírito.

APLICADO AO VIVER DIÁRIO


Precisamos aplicar a questão de andar segundo o
espírito em todos os aspectos do viver diário. Por
exemplo, os irmãos que moram juntos precisam
aplicar isso à sua conversa. Um irmão pode estar
acostumado a falar segundo a mente, ao passo que
outro pode falar segundo a emoção. Os dois precisam
aprender a falar segundo o espírito. Quando se
levantam de manhã, devem exercitar a falar não a
partir da mente ou da emoção, mas do espírito.
Devem orar: “Senhor, concede-me a graça de falar a
partir do meu espírito”. Entretanto, em vez de fazer
isso, pode ser que vivam segundo a tradição dos
homens e os rudimentos do mundo. Embora não
discutam entre si podem viver segundo a
humanidade refinada pela vida da igreja, e não
segundo Cristo.
Uma área muito importante na qual devemos
andar segundo o espírito é a vida conjugal. É difícil
para o marido permanecer no espírito com a mulher.
É fácil estar na mente, na emoção ou na vontade.
Uma das coisas mais difíceis para um irmão fazer é
voltar-se ao espírito na presença da esposa. Mas nós,
irmãos, precisamos aprender a andar segundo o
espírito ao nos relacionar com a esposa. Se a esposa
de um irmão o trata bem, ele pode ficar contente. Mas
se ela não for gentil com ele, pode ficar ofendido. Em
vez de se voltar ao espírito, ele pode decidir ficar na
emoção. Mas quer a esposa seja gentil ou rude,
precisamos permanecer no espírito. Se sua esposa o
repreender, permaneça no espírito. Se ela falar bem
de você, permaneça no espírito. Se permanecer no
espírito, você andará segundo Cristo na vida conjugal.
A mulher também precisa aprender a estar no
espírito quando está com o marido. Isso é até mais
difícil do que um marido estar no espírito com a
mulher. Muitas irmãs podem estar no espírito com
quase todo o mundo, exceto com o marido. Quando
está com o marido, ela normalmente está na emoção,
e não no espírito. Precisamos da misericórdia e da
graça do Senhor para estar no espírito com o nosso
cônjuge. Precisamos confessar que, em muitas coisas,
nossa vida conjugal não é segundo Cristo. Busquemos
o Senhor para que Ele nos conceda a misericórdia e
graça a fim de ter a vida conjugal segundo o espírito.
Isso é básico e crucial para a vida da igreja. A vida
conjugal é o fundamento da vida familiar, a vida
familiar é a base da vida diária, e a vida diária é a base
da vida da igreja. Isso mostra a importância crucial da
vida conjugal. Se vivermos segundo o espírito na vida
conjugal, muitíssimas dificuldades desaparecerão.
É vital aprender a se comportar em casa segundo
o espírito. Um irmão pode ser cuidadoso em estar no
espírito com os santos, mas não com os filhos. Na
verdade, devemos exercitar-nos mais para ficar no
espírito com os filhos do que com os irmãos. Se na
vida diária em casa exercitarmo-nos para viver, andar
e existir segundo o espírito, nosso viver será segundo
Cristo, e não segundo a tradição dos homens ou os
rudimentos do mundo. Se o andar diário for segundo
o espírito, espontaneamente saberemos o que dizer e
fazer. Não haverá necessidade de regulamentos ou
um código de comportamento. O Espírito em nosso
espírito será o regulamento único e vivo. Quando
andarmos segundo o Espírito divino mesclado com
nosso espírito humano, existiremos segundo Cristo.
Então não somente estaremos em Cristo, mas
também seremos segundo Cristo. Que o Senhor nos
conceda a graça para prosseguir de simplesmente
estar em Cristo para viver segundo Cristo. Louvado
seja o Senhor porque estamos Nele. Agora Ele
aguarda que satisfaçamos o desejo do Seu coração
andando segundo Ele.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM CINQÜENTA E CINCO

NÃO SER PRIVADO DO PRÊMIO DO DESFRUTE DE


CRISTO

Leitura Bíblica: Cl 2:16-19; 1:25-28


Já enfatizamos muitas vezes que o ministério de
Paulo era de completar a palavra de Deus. Em 1:25 ele
diz: “Da qual me tornei ministro de acordo com a
dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a
vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de
Deus”. [Dar pleno cumprimento aqui também pode
ser traduzido por completar.] Se as Epístolas de
Paulo fossem removidas da Bíblia, haveria grande
lacuna. A palavra de Deus simplesmente não seria
completa. A revelação divina foi completada
mediante o ministério de Paulo.
De todos os livros escritos por Paulo, o livro
supremo, sublime, é Colossenses. Ele está cheio de
questões elevadas e profundas. Podemos compará-la
a uma mina de ouro cheia de riquezas para escavar.

EXPERIMENTAR O CRISTO VASTO


Em Colossenses Cristo é revelado não só como
Aquele que é todo-inclusivo, mas também como
Aquele que é vasto. Ele é universalmente vasto. Isso é
indicado pelo fato de em 2:16-17 Ele ser apresentado
como o corpo, a substância, de todas as sombras.
Cristo é a realidade de todas as coisas positivas no
universo. Isso O torna vasto e todo-inclusivo.
Segundo a revelação de Colossenses, o Cristo
vasto e todo-inclusivo, é tudo para nós. Embora seja
universalmente amplo, Ele deve ser nossa experiência
diária. Devemos experimentá-Lo no viver e andar
diários. O Cristo vasto e todo-inclusivo deve tornar-se
real, prático e experimental para nós dia após dia. Em
Colossenses, por um lado, Paulo apresenta a
revelação do Cristo amplo. Por outro, fala
detalhadamente da experiência de tal Cristo.
Acerca da revelação de Cristo, Paulo usa termos
como “imagem do Deus invisível”, “Primogênito de
toda a criação”, “Primogênito de entre os mortos”, “o
mistério de Deus”. Mas acerca da experiência diária
de Cristo, Paulo fala de questões comuns como comer
e beber (2:16). Mesmo nessas questões, precisamos
experimentar Cristo. Por exemplo, você pode
experimentar Cristo enquanto bebe chá ou mesmo
água. Se nos perguntarmos se desfrutamos Cristo nas
pequenas coisas do viver diário, perceberemos que
falta-nos experiência. Se você não desfrutá-Lo ao
comer ou beber, e se não desfrutá-Lo como a
verdadeira veste, você está sendo privado do prêmio
do desfrute de Cristo. Isso é seríssimo.

DESFRUTE DIÁRIO, SEMANAL, MENSAL E


ANUAL
Colossenses 2:16 diz: “Ninguém, pois, vos julgue
por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua
nova, ou sábados”. Ao escrever essas palavras, Paulo
sabiamente se refere a questões relacionadas com o
desfrute diário, semanal, mensal e anual. Comer e
beber são questões diárias, guardar o sábado é
semanal, observar a lua nova é mensal e desfrutar
determinadas festas é anual. Ao referir-se a essas
questões Paulo indica que tudo o que desfrutamos
cada dia, semana, mês e ano deve ser Cristo. De outro
modo, somos privados e afastados Dele. Por exemplo,
quando almoça, você precisa perceber que seu
alimento é sombra de Cristo como o verdadeiro
alimento. Cristo é o corpo, a substância dessa
sombra. Devemos saber isso não só em doutrina, mas
também na experiência. Quando você é convidado
para comer em um restaurante, não deve ir somente
para desfrutar a sombra, mas para desfrutar Cristo.
De acordo com 2:16-17, as coisas materiais são
sombra de Cristo. As “coisas que haviam de vir” no
versículo 17 são as coisas acerca de Cristo como nosso
desfrute. Assim, Cristo é o corpo, a substância, a
realidade, de todas as sombras. Como tal, Ele deve ser
a realidade do nosso desfrute diário semanal, mensal
e anual.
É significativo que, após falar de Cristo como o
corpo das sombras, Paulo diga: “Ninguém vos prive
do prêmio” (v. 18 — BJ). Conforme o contexto, o
prêmio é o desfrute de Cristo como o corpo das
sombras. O desfrute de Cristo é realmente um
prêmio, uma recompensa.

PRIVADOS DO DESFRUTE SUBJETIVO DE


CRISTO
Alguns santos em Cal ossos eram judeus e outros,
gregos. Ambos pagaram um preço ao voltar-se para
Cristo. Tendo pago o preço, podiam receber o
desfrute de Cristo como prêmio ou recompensa. Os
cristãos lá, tanto os judeus como os gentios, tinham
sofrido muito por causa de sua fé em Cristo. Portanto,
podiam ter o desfrute subjetivo de Cristo como seu
prêmio. O mesmo se aplica a nós hoje. Muitos têm
sofrido perseguições porque se voltaram para Cristo e
para o caminho da restauração do Senhor. Mas agora
podem desfrutar Cristã como recompensa ou prêmio.
Esse prêmio é não só o Cristo objetivo, mas
especificamente o desfrute subjetivo Dele.
Colossenses 2:16-17 indica isso. Esses versículos
revelam que Cristo é não só objetivo, mas também
para ser desfrutado cada dia, semana, mês e ano. O
Cristo que experimentamos diariamente ao comer e
beber é muito subjetivo. O mesmo se aplica ao Cristo
que experimentamos como nossa completação e
descanso semanal (o sábado), como novo começo nas
trevas (a lua nova) e como desfrute anual (as festas).
Portanto, de acordo com o versículo 18, ser privado
do prêmio é ser privado do desfrute subjetivo de
Cristo. Todos os dias, semanas, meses e anos
devemos desfrutar Cristo, e não permitir que
ninguém nos prive desse prêmio.
Os colossenses, entretanto, estavam sendo
privados do prêmio de desfrutar Cristo. Os cristãos
judeus haviam sido distraídos de Cristo pelos
judaizantes e os cristãos gentios foram levados por
conceitos filosóficos. Ambos foram privados da
experiência e desfrute diários de Cristo. Além disso,
tinham perdido o desfrute semanal, mensal e anual
Dele. Isso indica que os cristãos judeus e gentios
foram desviados, privados do próprio prêmio pelo
qual haviam pago tal preço. Como já indicamos
muitas vezes, esse prêmio é a experiência subjetiva de
Cristo cada dia, semana, mês e ano. ,
Precisamos conferir se experimentamos e
desfrutamos Cristo de maneira prática todos os dias,
semanas, meses e anos. É bem possível que, assim
como os colossenses, tenhamos sido privados do
prêmio. Satanás, o diabo, pode privar-nos de Cristo, e
podemos nem perceber isso. Uma vez, enquanto
conversava com alguém no escritório de uma
companhia aérea, da poltrona ao meu lado, roubaram
minha pasta, contendo meu passaporte. Contudo, no
momento do roubo eu não percebi o que acontecia.
Fui privado da pasta, mas não tive consciência
nenhuma disso. Do mesmo modo, podemos não ter
consciência de que o inimigo nos tem privado do
desfrute de Cristo. Podemos ter perdido o desfrute
diário, semanal, mensal e anual de Cristo, e não tê10
percebido.

DE VOLTA PARA CRISTO


Em Sua restauração o Senhor nos conduz de
volta da religião e de tudo que não é Cristo para Ele
próprio. A economia divina é dispensar Deus a nós
para nosso desfrute. Ele quer que Cristo seja não só
nosso Salvador e vida, mas também o desfrute diário,
semanal, mensal e anual. Mas quando consideramos
a situação da vasta maioria dos cristãos hoje, vemos
que esse desfrute foi perdido. Em vez de desfrutar
Cristo, eles estão ocupados com religião, com os
assim chamados cultos de adoração e ensinamento
teológico. Há muito pouco desfrute prático e vivo de
Cristo. Sem dúvida, é necessário que o Senhor tenha
uma restauração. Precisamos ser conduzidos de volta
ao próprio Cristo. Em particular, precisamos ser
restaurados para o desfrute contínuo de Cristo de
forma diária, semanal, mensal e anual.
Meu encargo não é dar mais mensagens sobre
doutrina. Minha preocupação é que os santos
experimentem Cristo de forma prática. Se não for
essa a nossa situação, então o inimigo sutilmente nos
privou de Cristo como prêmio. Precisamos desfrutar
Cristo em todos os detalhes do viver diário.

A COMPLETAÇÃO DA REVELAÇÃO DIVINA


Pode ser que, pela misericórdia do Senhor,
tenhamos uma vida muito correta. Mas, embora
sejamos guardados do pecado, ainda podemos ser
muito carentes de Cristo. Em muitos aspectos o viver
diário pode ser excelente. Mas ainda precisamos fazer
uma pergunta crucial: Quanto experimentamos
Cristo e O desfrutamos? Nosso alvo não é só ter uma
vida diária adequada, mas deve ser Cristo. Estamos
aqui para ganhá-Lo e experimentá-Lo. Aprecio que o
padrão do nosso andar diário é bem elevado. Se todos
neste país tivessem tal padrão, a situação de toda a
nação seria muito melhor. Mas não podemos ficar
satisfeitos simplesmente com uma vida diária
correta; esse não é o objetivo de Deus. Para que o
propósito de Deus se cumpra, precisamos
experimentar Cristo e desfrutá-Lo. Quanto desfrute
de Cristo você tem na vida diária? Se não tiver muito,
então na experiência a palavra de Deus não foi
completada plenamente. Você necessita do ministério
de Paulo, em particular de Colossenses.
De acordo com 1:26, a palavra de Deus
completada por meio do ministério de Paulo era “o
mistério que estivera oculto dos séculos e das
gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus
santos”. Esse mistério é Cristo em nós, a esperança da
glória (v. 27). Embora tenhamos muito conhecimento
bíblico, não temos a completação da revelação divina
a não ser que experimentemos adequadamente Cristo
cada dia, semana, mês e ano. Nossa necessidade é que
o Cristo subjetivo se torne nosso desfrute para
completar a revelação divina em nós. Se nos faltar
experiência e desfrute de Cristo, também teremos
falta da revelação de Deus. Sua revelação precisa do
Cristo experimental como completação.

MADUROS EM CRISTO
No versículo 28 Paulo disse que anunciava Cristo
“advertindo a todo homem e ensinando a todo
homem em toda a sabedoria” a fim de apresentar
“todo homem perfeito em Cristo”. A maneira de ser
perfeito, ou maduro, em Cristo é experimentá-Lo e
desfrutá-Lo cada dia, semana, mês e ano. Quem
experimenta Cristo e O desfruta dessa forma torna-se
maduro. Ele será pleno, completo e perfeito; não terá
falta de nada.

O DESFRUTE CONTÍNUO DE CRISTO


No viver diário é fácil ficar mais preocupados
com o comportamento do que com o desfrute de
Cristo. Como pessoas que amam o Senhor e O
buscam, temos um desejo natural de elevar o
comportamento. Desejamos sinceramente ter uma
vida diária correta. Toda vez que falhamos com o
Senhor no andar diário, arrependemo-nos
profundamente, confessamos-Lhe e pedimos que nos
perdoe e purifique. Embora sejamos muito
exercitados em questões como essas, podemos não
nos importar adequadamente com o desfrute de
Cristo. Oh! precisamos desfrutar Cristo no viver
diário!
Vimos a necessidade de desfrutar Cristo em
questões diárias como comer e beber. O fato de
comermos e bebermos várias vezes durante o dia
indica que não devemos contentar-nos em desfrutar
Cristo só uma vez por dia. Comer e beber são
sombras. Já que comemos e bebemos mais de uma
vez por dia, devemos igualmente desfrutar Cristo
assim. Devemos experimentá-Lo não só diariamente,
mas muitas vezes cada dia.
Em 1 Tessalonicenses 5:17 Paulo diz: “Orai sem
cessar”. Orar de fato é desfrutar Cristo. Lamento dizer
que muito de nossa oração não é autêntica, pois
freqüentemente não O desfrutamos quando oramos.
Sempre que oramos adequadamente no espírito, nos
O desfrutamos. Orar sem cessar significa na verdade
desfrutar Cristo sem cessar. Precisamos desfrutá-Lo
continuamente. Contudo, poucos de nós receberam
ajuda para ter um viver espiritual de desfrutar Cristo
constantemente. Para isso precisamos orar para que o
Senhor nos conceda a graça para desfrutá-Lo
diariamente e o dia todo.

COISAS QUE LEMBRAM CRISTO


No que Paulo diz sobre sombras temos uma dica
sobre como desfrutar Cristo de forma prática. Uma
vez que coisas como comer e beber são sombras, das
quais Cristo é a substância e a realidade, precisamos
lembrar-nos, toda vez que comemos e bebemos, que a
verdadeira comida e bebida são Cristo. Quando come
algo, você deve ao mesmo tempo comer Cristo. Ao
beber algo, também deve beber Cristo. Ao vestir-se,
você deve lembrar-se que Cristo é a real vestimenta, e
experimentá-Lo como tal. Ao vestir a roupa material,
vista também Cristo. É fácil desfrutá-Lo dessa
maneira. Tudo o que fazemos diariamente deve
lembrar-nos de Cristo como a realidade de tudo. Até
mesmo a respiração deve lembrar-nos da necessidade
de respirar Cristo espiritualmente.
Se seguirmos a prática de tomar Cristo como a
realidade de todas as coisas materiais na vida diária,
o andar diário será revolucionado e transformado;
será cheio de Cristo. Ao comer e beber, tomaremos
Cristo como alimento e bebida espirituais. Tudo o que
fizermos nos lembrará de contatar Cristo,
desfrutá-Lo, experimentá-Lo e tê-Lo como nosso
tudo. Praticar isso diariamente é de fato desfrutar
Cristo.

RADICADOS EM CRISTO PARA ABSORVER


SUAS RIQUEZAS
Temos mais ajuda sobre o desfrute prático de
Cristo em 2:7. De acordo com esse versículo, fomos
radicados em Cristo. Essa palavra implica na
existência de solo. Cristo é o rico solo no qual estamos
radicados. Numa mensagem anterior ressaltamos que
esse solo rico contém muitos elementos
maravilhosos: a plenitude da Deidade, o
encabeçamento de Cristo, a Sua circuncisão, o Seu
sepultamento, ser ressuscitado com Ele, o
cancelamento das ordenanças e o despojamento dos
principados e potestades. Colossenses 2:9-15 é uma
descrição dos elementos do solo implícito pela
palavra “radicados” em 2:7.
Estamos radicados em Cristo, o solo rico e fértil.
Uma vez radicados Nele, devemos absorver Suas
riquezas. Assim como a árvore absorve elementos
nutritivos do solo por meio das raízes, também
devemos absorver as riquezas de Cristo. Os elementos
absorvidos do solo pela árvore capacitam-na a
crescer. Assim, o crescimento da árvore depende da
nutrição que ela absorve por meio de suas raízes.
Visto que fomos radicados em Cristo, devemos
permanecer Nele na prática dia após dia. Na
experiência precisamos permanecer radicados em
Cristo. Todavia, se nos esquecemos de Cristo em
questões como comer e beber, não estamos
arraigados Nele na experiência. Quando comemos,
podemos não nos lembrar de Cristo. Após a refeição
podemos passar algum tempo em oração. Mas até
mesmo no início da oração podemos não estar de fato
radicados em Cristo na experiência, pois podemos
orar muitas coisas desnecessárias. Porém, em Sua
misericórdia e paciência, o Senhor aguarda até que
comecemos a orar realmente. Então, na experiência,
absorvemos as Suas riquezas. Todavia, quando a
oração termina, pode ser que não assimilamos o que
absorvemos Dele. Segundo as palavras do Senhor em
João 15, pode ser que não permaneçamos Nele.
De manhã muitos santos despendem tempo com
o Senhor. Contudo, podem não absorver muito de
Suas riquezas. O motivo é que estão com muita
pressa. Se quisermos absorver as riquezas de Cristo
como nossa nutrição, não nos devemos apressar. Não
poderemos absorver coisa alguma se estivermos com
pressa.
Devemos não só absorver o Senhor pela manhã;
precisamos ser como árvores, que absorvem
continuamente as riquezas do solo. Isso quer dizer
que precisamos aprender a praticar o desfrute
contínuo de Cristo. Temos de permitir que todas as
coisas físicas nos lembrem de Cristo, pois elas são
sombras, das quais Cristo é a substância. A roupa que
vestimos deve lembrar-nos de Cristo. Devemos
vesti-Lo no espírito e pelo espírito. Beber água deve
lembrar-nos de beber Cristo pelo exercício do
espírito. Seguir essa prática é ser radicado em Cristo e
absorver as Suas riquezas.

RAÍZES TENRAS
Se quisermos absorver as riquezas de Cristo
como o solo, precisamos ter raízes novas e tenras.
Não se permita envelhecer; seja cheio de frescor e
renovado dia após dia. Ore ao Senhor: “Senhor, quero
que minha consagração seja cheia de frescor; desejo
abrir-me a Ti novamente. Quero que minhas raízes
sejam tenras para eu absorver Tuas riquezas. Senhor,
não deixe minhas raízes ficarem velhas”. Se nossas
raízes forem tenras e novas para absorver as riquezas
de Cristo, automaticamente cresceremos com as
riquezas que assimilamos. Isso é desfrutar Cristo e
experimentá-Lo subjetivamente cada' dia e hora. Isso
nos guardará de ser privados do prêmio. Mas se não
permanecermos radicados Nele para absorver Suas
riquezas, sutilmente o inimigo nos privará do
desfrute prático e autêntico de Cristo.

ATENTAR PARA A ADVERTÊNCIA DE


PAULO
Embora haja milhões de cristãos na terra, quase
todos foram privados do prêmio de desfrutar Cristo.
Crêem em Cristo e O receberam, e talvez até tenham
pago um preço para segui-Lo, mas, assim como os
colossenses, foram privados do desfrute de Cristo.
Todos os cristãos, inclusive nós, precisamos atentar
para a advertência de Paulo de não permitir que
ninguém nos prive do prêmio. Não devemos permitir
que ninguém nos afaste do desfrute de Cristo. Cristo é
o corpo, a realidade, de todas as coisas positivas no
universo. Quando desfrutamos as coisas físicas
positivas devemos lembrar-nos de desfrutá-Lo. Se
fizermos isso, nosso viver diário será pleno do
desfrute de Cristo. Então seremos radicados Nele,
absorveremos Suas riquezas e cresceremos Nele.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM CINQÜENTA E SEIS

RETER A CABEÇA, DA QUAL TODO O CORPO CRESCE


COM O CRESCIMENTO DE DEUS

Leitura Bíblica: Cl 2:16-19; l:lSa; 2Co 3:17a; 2Tm


4:22a; 1Co 6:17
Colossenses 2:18-19 diz: “Ninguém à sua vontade
vos tire o vosso prêmio com humildade e culto aos
anjos, firmando-se nas coisas que tem visto, inchado
vãmente pelo seu entendimento carnal, e não retendo
a cabeça de quem todo o corpo, suprido e unido por
meio das juntas e ligamentos, cresce com o
crescimento de Deus” (TB). As frases “firmando-se
nas coisas que tem visto” e “não retendo a cabeça”
estão relacionadas com ser privado. Se não
retivermos a Cabeça, mas nos firmarmos em coisas
que temos visto, seremos privados do prêmio de
desfrutar Cristo. Não devemos permitir que sejamos
privados por ninguém, especialmente pelos que se
baseiam em coisas que viram e não retêm a Cabeça.
Sempre que deixamos de reter a Cabeça, somos
privados do prêmio.

DESFRUTAR CRISTO COMO A REALIDADE


DE TODAS AS COISAS POSITIVAS
É importante compreender, na experiência, o
que significa reter a Cabeça e como fazer isso. Não
devemos achar que já entendemos 2:19, presumindo
que sabemos o que é reter a Cabeça. Pelo contrário,
devemos escavar esse versículo e perguntar ao Senhor
o seu significado. Então seremos iluminados.
Para compreender adequadamente o que
significa reter a Cabeça, precisamos considerar
2:16-17, onde Paulo nos diz que Cristo é o corpo, a
substância, a realidade, de todas as sombras. Comer,
beber, sábados, luas novas e festas são todos sombras
de coisas por vir, ao passo que Cristo é o corpo, a
realidade, dessas sombras. Tendo como base esse
fato, Paulo nos adverte que não permitamos que
ninguém nos prive do prêmio. Sua advertência em
2:18-19 é baseada no fato, revelado nos versículos 16 e
17, de que Cristo é a realidade de todas as coisas
positivas. Os que procuram privar-nos são os que se
baseiam em coisas que viram e não retêm a Cabeça.
Assim, há ligação entre Cristo como o corpo das
sombras e reter a Cabeça. Em outras palavras, o
próprio Cristo que é a realidade de todas as coisas
positivas é a Cabeça do Corpo. Se quisermos saber o
que significa reter a Cabeça, precisamos saber o que é
desfrutar Cristo como a realidade de todas as coisas
positivas. Sem desfrutar Cristo dessa forma, não
conseguimos, na experiência, retê-Lo como a Cabeça.
Tendo isso como pano de fundo, podemos agora dizer
que reter a Cabeça é simplesmente desfrutar Cristo
como a realidade de todas as coisas positivas.
A verdadeira vida cristã é uma vida de desfrutar
Cristo. Precisamos desfrutar o Senhor o dia inteiro.
Vimos que, ao falar de comida, bebida, sábados, luas
novas e festas, Paulo se refere a questões do desfrute
diário, semanal, mensal e anual. Na verdade,
comemos e bebemos diversas vezes por dia. Quando
utiliza ilustrações em 2:16, Paulo aborda toda a
extensão do desfrute de Cristo, desde o desfrute de
cada instante até o desfrute anual. Isso indica que
devemos desfrutá-Lo continuamente. Quando bebo
água, devo lembrar-me de beber Cristo. Quando
como, devo desfrutá-Lo como o verdadeiro alimento.
Sempre que O desfrutamos dessa forma,
automaticamente O retemos como a Cabeça. Assim, a
melhor maneira de reter Cristo como a Cabeça é
desfrutá-Lo. Não há melhor maneira de retê-Lo do
que alimentar-se Dele. Assim como retemos o
alimento tomando-o e comendo-o, também retemos
Cristo alimentando-nos Dele.
Em 2:16-19 Paulo dá um grande salto, de Cristo
como tudo para nosso desfrute, que está no primeiro
andar, para Cristo como a Cabeça, que é o andar mais
alto da experiência. Quando desfrutamos Cristo como
alimento, bebida, ar e tudo para nós, somos
levantados por um elevador divino às alturas, onde O
retemos como a Cabeça. Mas se pararmos de
desfrutá-Lo, imediatamente deixaremos de retê-Lo
como a Cabeça. Somente quando O desfrutamos é
que também O retemos. Isso não é doutrina
aprendida em livros teológicos; é fato da experiência
cristã. Por experiência de muitos anos, aprendi que
reter a Cabeça é desfrutar Cristo continuamente.
Somos vasos feitos para contê-Lo, e O retemos
alimentando-nos Dele, bebendo-O e respirando-O.
Com isso vemos que reter Cristo como a Cabeça é
subjetivo.

TER CONSCIÊNCIA DO CORPO


Em 2:17 Paulo diz que o corpo é de Cristo, mas
no versículo 19 ele fala não de Cristo, mas de reter a
Cabeça. O motivo da mudança de terminologia de
Cristo para a Cabeça é que o desfrute do Senhor nos
faz ter consciência do Corpo. Se desfrutarmos Cristo
sempre, já não seremos individualistas. Os santos
individualistas não desfrutam o Senhor
constantemente. Quanto mais O desfrutamos, mais
temos consciência do Corpo. Devemos tocar no
Senhor de manhã, mas à noite devemos ir às reuniões
da igreja. Não é normal desfrutar o Senhor de dia e
negligenciar as reuniões da igreja, que é o Seu Corpo.
Mesmo que a situação não lhe permita ir a todas as
reuniões, interiormente você deve ter o sentimento de
que todo o seu interior está com os santos na reunião
da igreja. Essa consciência do Corpo provém do
desfrute de Cristo.
O que desfrutamos de Cristo dia a dia é na
verdade algo Dele como a Cabeça. É por isso que,
quando O desfrutamos, Ele nos torna conscientes do
Corpo. Pela experiência sabemos que, quanto mais
desfrutamos Cristo, mais intenso é o desejo pelo
Corpo. Entretanto, se deixarmos de contatar o Senhor
por certo tempo, automaticamente negligenciaremos
a vida da igreja ou perderemos o interesse pelas
reuniões. Quanto menos contatamos o Senhor, mais
criticamos a igreja e os santos. Olhamos as falhas e
deficiências dos outros. Essa falta do desfrute de
Cristo abre a porta para o inimigo, Satanás, vir e nos
tornar críticos dos outros membros do Corpo. Mas se
começarmos outra vez a desfrutar o Senhor, a porta
gradualmente se fechará. Por fim, se formos
constantes no desfrute de Cristo, a porta será
completamente fechada. Então, em vez de criticar a
igreja, louvaremos o Senhor pela vida da igreja, e
testificaremos quanto a amamos. O que gera tal
mudança não é admoestação ou correção, e, sim, a
restauração do desfrute de Cristo.
O Cristo amado e precioso que desfrutamos
como alimento, bebida e respiração é a Cabeça do
Corpo. Por ter plena percepção disso, Paulo saltou de
Cristo (como a realidade de todas as coisas positivas
para o nosso desfrute) para Cristo (como a Cabeça).
Visto que o Cristo que desfrutamos como nosso tudo
é a Cabeça do Corpo, quanto mais O desfrutamos
mais temos consciência do Corpo. Isso indica que o
desfrute de Cristo não é individualista; é no Corpo.
Precisamos desfrutar Cristo como membros do Corpo
de forma coletiva.

AMAR TODOS OS MEMBROS DO CORPO


Em 2:19 Paulo fala de “todo o corpo”. O desfrute
de Cristo nos mantém em unidade como membros do
Corpo. Quanto mais O desfrutamos, mais amamos os
membros do Corpo. O desfrute de Cristo nos faz amar
todos na vida da igreja. Até mesmo os que achamos
difíceis de amar tornam-se amados e preciosos.
Porém, se não continuarmos a desfrutar Cristo,
desprezaremos alguns na igreja. Na verdade, a igreja
e os santos permanecem os mesmos; a nossa atitude é
que muda. Mas se temos o suprimento de Cristo e
passamos a desfrutá-Lo novamente, todos os
membros do Corpo tornam-se mais uma vez amáveis
para nós. Teremos a agradável percepção de que,
como membros do Corpo, amamos todos os
membros.
É o desfrute de Cristo que faz com que Ele seja a
Cabeça na experiência. Cristo não pode ser a Cabeça
subjetivamente e na experiência a menos que O
desfrutemos. Você pode ouvir inúmeras vezes que
Cristo é a Cabeça do Corpo, mas não terá consciência
Dele como tal a não ser que O desfrute regularmente.
Quanto mais você desfruta Cristo, mais perceberá, na
experiência, que o próprio Cristo que desfruta é a
Cabeça do Corpo. Essa percepção lhe dará
consciência do Corpo e o fará amar todos os membros
do Corpo.

INTRODUZIDOS NA RESSURREIÇÃO
Em 1:18 Paulo diz: “Ele é a cabeça do corpo, da
igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os
mortos”. Ser o Primogênito de entre os mortos indica
que Ele é a Cabeça do Corpo em ressurreição. Antes
de ressuscitar, Cristo ainda não era a Cabeça do
Corpo. Efésios 1 indica que, após a ressurreição e
ascensão, Cristo foi feito Cabeça sobre todas as coisas
para a igreja. Portanto, o encabeçamento de Cristo é
em ressurreição.
Uma vez que o encabeçamento de Cristo é em
ressurreição, o desfrute Dele espontaneamente nos
introduz na ressurreição e nos salva do ser natural.
Todos somos naturais. Se não formos introduzidos na
ressurreição mediante o desfrute de Cristo,
permaneceremos na pessoa natural. Louvado seja o
Senhor, pois o desfrute de Cristo nos introduz na
ressurreição! Quanto mais O desfrutamos, menos
naturais somos. Repito, isso não é mera doutrina,
mas um fato da experiência cristã.

INTRODUZIDOS NOS CÉUS


O desfrute de Cristo também nos introduz na
ascensão. Quanto mais O desfrutamos, mais estamos,
na experiência, nas regiões celestiais. Isso quer dizer
que pelo desfrute de Cristo tornamo-nos celestiais.
Não só não somos mais naturais, como também não
somos mais terrenos. O desfrute de Cristo nos faz
estar em ressurreição e em ascensão. Quanto mais
desfrutamos Cristo, mais estamos nos céus. Portanto,
reter Cristo como a Cabeça é estar nos céus na
experiência. Também é verdade dizer que estar nos
céus é reter a Cabeça. Na prática, reter a Cabeça e
estar nos céus são uma única coisa.
Se na experiência temporariamente
abandonarmos Cristo e não continuarmos a retê-Lo
como a Cabeça, sentiremos que somos terrenos. Por
exemplo, suponha que uma irmã não retenha Cristo
como a 'cabeça ao fazer compras. Então, pelo menos
temporariamente, enquanto faz compras, ela
abandonou a Cabeça.
O mesmo pode ocorrer na vida conjugal. Quando
marido e mulher discutem, certamente não estão nas
regiões celestiais na experiência. No mínimo são
terrenos, pois quando discutem não retêm Cristo
como a Cabeça. Sempre que somos terrenos não
retemos a Cabeça. Mas se na vida conjugal
desfrutarmos Cristo constantemente, iremos retê-Lo
como a Cabeça e estaremos nos céus na experiência.
Então seremos um povo celestial. Nada será capaz de
nos trazer dos céus para a terra. Infelizmente, na
experiência, nós rapidamente fazemos essa descida.
Até mesmo uma só palavra ou olhar desagradável
podem fazer-nos descer dos céus para a terra. Com
que rapidez, no viver diário, podemos parar de reter a
Cabeça!
De acordo com 3:1-4, nosso viver deve ser nos
céus, onde está o trono de Deus. Por um lado, Cristo
como a Cabeça está em nosso espírito; por outro, está
nos céus, e não na terra. Somente quando estamos
nos céus é que O retemos como a Cabeça. Desfrutar
Cristo é reter a Cabeça, e reter a Cabeça é estar nos
céus.

A NECESSIDADE DE ESTAR NO ESPÍRITO


Como podemos, na experiência, estar nos céus?
Somente desfrutando Cristo, a Cabeça, como o
Espírito que dá vida em nosso espírito. Segunda
Coríntios 3:17 diz: “o Senhor é o Espírito”. Se Cristo
fosse somente a Cabeça e não o Espírito, não haveria
como contatá-Lo ou retê-Lo na prática. Mas embora a
posição de Cristo seja a de Cabeça, na experiência Ele
é o Espírito que dá vida. De acordo com 2 Timóteo
4:22, o Senhor, que é o Espírito, está agora com nosso
espírito. Que maravilha! Nos céus Cristo é a Cabeça,
mas em nosso espírito Ele é o Espírito. Portanto, reter
Cristo como a Cabeça não é só desfrutá-Lo e estar nos
céus, mas também estar no espírito. Se quisermos
reter a Cabeça, precisamos estar no espírito.
Em 2:18 Paulo usa a expressão “enfatuado, sem
motivo algum, na sua mente carnal”. A mente é parte
da alma, e a carne está relacionada com o corpo.
Quem é enfatuado, presunçoso na mente da carne,
não retém Cristo como a Cabeça, pois está na mente
carnal, e não no espírito. Sempre que estamos na
mente ou na carne, não retemos a Cabeça. Mas
quando nos voltamos da carne e da mente para o
espírito, automaticamente retemos Cristo como a
Cabeça. Se nos prolongarmos na mente carnal, não
seremos capazes de tocar Cristo ou de retê-Lo. Mas se
nos voltarmos para o espírito, reteremos a Cabeça,
que é o Espírito que dá vida em nosso espírito.
Vimos que reter Cristo como a Cabeça envolve
três coisas: desfrutar Cristo, estar nos céus e estar no
espírito. Pela experiência sabemos que essas três
questões andam juntas. Quando desfrutamos Cristo
estamos nos céus e no espírito, e não na mente ou na
carne. Estar no espírito, na prática, é estar no terceiro
céu. Segundo a Bíblia, o Santo dos Santos está no
terceiro céu bem como em nosso espírito. Sempre que
nos voltamos para o espírito, estamos nos céus
desfrutando o Senhor. Essa é a maneira de reter a
Cabeça.

ABSORVER AS RIQUEZAS DE CRISTO PARA


O CRESCIMENTO DO CORPO
Quando desfrutamos Cristo e O retemos como a
Cabeça, absorvemos Suas riquezas. De acordo com
2:19, algo procede da Cabeça, fazendo com que o
Corpo cresça com o crescimento de Deus. Quando
desfrutamos Cristo nos céus e em nosso espírito, nós
retemos a Cabeça e absorvemos Suas riquezas. Então
algo procede da Cabeça para produzir o crescimento
de Deus em nós. Isso quer dizer que mais do
elemento de Deus é acrescentado a nós e, assim, ao
Corpo. Isso faz o Corpo crescer com o crescimento, o
aumento, de Deus.
Quando retemos a Cabeça, absorvemos as
riquezas do Cristo vasto e todo-inclusivo. Essas
riquezas são os elementos de Deus, os próprios
elementos que procedem da Cabeça e se tornam em
nós o aumento de Deus, pelo qual o Corpo cresce. Por
fim o Corpo será o novo homem, no qual Cristo é tudo
e em todos. Porquanto Cristo é o único elemento
constituinte do novo homem, Ele é cada membro do
novo homem e está em todos os membros.
Reter Cristo como a Cabeça é desfrutá-Lo
continuamente, estar nos céus e permanecer no
espírito. Retendo-O como a Cabeça, tornamo-nos
cônscios do Corpo. Experimentando a vida do Corpo,
absorvemos as riquezas da Cabeça. Essas riquezas são
os próprios elementos de Deus que, nos membros do
Corpo, tornam-se o aumento de Deus, pelo qual todo
o Corpo cresce. Portanto, o crescimento do Corpo é o
resultado de desfrutar Cristo, retê-Lo como a Cabeça
e absorver Suas riquezas.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM CINQÜENTA E SETE

MORTOS COM CRISTO PARA OS RUDIMENTOS DO


MUNDO E RESSUSCITADOS COM CRISTO A FIM DE
VIVER COM ELE EM DEUS

Leitura Bíblica: Cl 2:20-23; 3:1-3; 2:11-12


Em Colossenses 2 Paulo diz que Cristo é o
mistério de Deus e que Nele estão ocultos todos os
tesouros da sabedoria e do conhecimento. Agora que
O recebemos, devemos andar Nele, tendo sido
radicados e sendo edificados Nele. Andar em Cristo é
viver e existir Nele. Em 2:9-10 Paulo passa a dizer que
em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da
Deidade e Nele fomos feitos plenos. Nele fomos
completados, aperfeiçoados, supridos e satisfeitos.
Além disso, Nele fomos circuncidados com
circuncisão não feita por mãos, sepultados com Ele
no batismo e ressuscitados juntamente Nele (vs.
1112). Segundo os versículos 14 e 15, a escrita na
forma de ordenanças que era contra nós foi
cancelada, e os principados e potestades foram
despojados. Todas essas coisas são verdadeiras em
Cristo.

RADICADOS EM CRISTO COMO O RICO


SOLO
Todas as questões mencionadas acima são
elementos de Cristo como o rico solo no qual estamos
radicados. O primeiro elemento desse solo é a
plenitude da Deidade. Outros elementos incluem a
circuncisão, o sepultamento, a ressurreição, o
cancelamento das ordenanças e o despojamento dos
poderes das trevas. Uma vez radicados em Cristo,
podemos agora absorver todos esses ricos elementos.
Aos olhos de Deus os cristãos podem ser
comparados a plantas. Por esse motivo Paulo pôde
dizer: “Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento
veio de Deus” (1Co 3:6). Ele também disse que somos
lavoura de Deus, Sua plantação (1Co 3:9). Fomos
plantados em Cristo, que é a boa terra com um solo
muito rico.

DESFRUTAR CRISTO PARA TER


CONSCIÊNCIA DO CORPO
Os versículos 16 a 19 formam uma seção distinta
em Colossenses 2. As questões no versículo 16 —
comida, bebida, festas, luas novas e sábados — são
sombras, das quais Cristo é a realidade, a substância.
As “coisas que haviam de vir” são as coisas
relacionadas com Cristo. Nos versículos 18 a 19, Paulo
fala de não ser privado do prêmio e de reter a Cabeça.
Já ressaltamos que, em experiência e na prática, reter
a Cabeça é desfrutar Cristo como a realidade de todas
as coisas positivas. O resultado de reter a Cabeça
dessa forma é passar a ter consciência do Corpo. Tudo
o que desfrutamos de Cristo está relacionado com Ele
como a Cabeça. É por isso que, quando desfrutamos
Cristo, estamos na verdade retendo a Cabeça.
Desfrutamos Cristo como comida, bebida, sábados,
luas novas e festas. Mas o Cristo que desfrutamos em
todos esses aspectos é a Cabeça, que nos dá
consciência do Corpo. Aquele que desfrutamos é não
só Cristo para nós; é também a Cabeça do Corpo.
Portanto, o resultado e conseqüência de desfrutar
Cristo e de retê-Lo como a Cabeça é ter consciência
do Corpo.

CRUCIFICADOS COM CRISTO


Desfrutar Cristo, retê-Lo como a Cabeça, é
absorver os ricos elementos de Cristo como o solo.
Dois desses elementos são morrer com Cristo e ser
ressuscitado com Ele. Em 2:20 Paulo diz que
“morrestes com Cristo para os rudimentos do
mundo”, e em 3:1 que “fostes ressuscitados
juntamente com Cristo”. O Novo Testamento afirma
claramente que fomos crucificados com Cristo (Rm
6:6; GI2:19b). Quando jovem, eu tentava ao máximo
imaginar como isso poderia ser verdade. Como
poderíamos ter morrido com Cristo quando Ele foi
crucificado há mais de mil e novecentos anos? Alguns
livros mostram que, quando Cristo foi crucificado, Ele
nos incluiu. O irmão Nee usou Hebreus 7 para ilustrar
isso. Conforme Hebreus 7:9-10, “até Levi, que recebe
dízimos, pagou dízimos. Porque ainda ele estava nos
lombos de seu pai, quando Melquisedeque lhe saiu ao
encontro”. Isso significa que quando Abraão ofereceu
o dízimo a Melquisedeque, Levi, o descendente de
Abraão, que naquela época ainda estava nas suas
entranhas, também ofereceu dízimos. Se Abraão
tivesse morrido sem filhos, Levi também teria
morrido. Essa ilustração me ajudou a ver como fomos
incluídos em Cristo quando Ele foi crucificado.

EXPERIMENTAR A CRUCIFICAÇÃO COM


CRISTO
Buscando mais ajuda para compreender a nossa
crucificação com Cristo, li livros que me encorajaram
a considerar-me morto. Entretanto, na experiência,
considerar-me morto não funcionava. Quanto mais
tentava considerar-me morto, mais vivo me tornava.
Anos mais tarde meus olhos foram abertos para ver
que o próprio Cristo crucificado tornou-se o Espírito
que dá vida em ressurreição. Quando cremos em
Cristo, o Espírito que dá vida entrou em nosso
espírito. Agora os dois espíritos são um (1Co 6:17).
Toda vez que invocamos “Senhor Jesus”, o Espírito
que dá vida vem. Isso indica que Jesus é o nome e o
Espírito é a Pessoa. Como tal Pessoa, o Espírito está
agora em nosso espírito. Tudo o que Ele
experimentou é agora nossa história. Ele passou pela
crucificação e entrou na ressurreição. Entrando em
nosso espírito para nos fazer um com Ele, Ele faz com
que até mesmo essas experiências se tornem nossa
história. Portanto, é no espírito que participamos da
morte de Cristo na cruz. Não se trata de
considerar-se, mas de unir-se e identificar-se.
Quando o Espírito entrou em nós para tornar-se um
conosco, Ele trouxe Consigo a eficácia da morte de
Cristo. Portanto, por meio do Espírito composto em
nosso espírito, participamos da morte de Cristo. Dia
após dia podemos experimentar a eficácia da Sua
morte.
O Espírito composto que dá vida é uma bebida
todo-inclusiva que contém muitos elementos.
Bebendo-O, espontaneamente assimilamos todos os
elementos incluídos Nele. A eficácia da morte de
Cristo é um desses elementos. É isso que nos capacita
a experimentar a crucificação de Cristo. Como a
Cabeça, Cristo hoje é o Espírito todo-inclusivo em
nosso espírito. Para retê-Lo como a Cabeça,
precisamos estar no espírito.
A VIDEIRA, O SOLO E A CABEÇA
Em Colossenses 2 Paulo fala de ser radicado e
reter a Cabeça, e em João 15 o Senhor Jesus fala de
permanecer na videira. Permanecer na videira
equivale a ser radicado no solo, e ser radicado no solo
equivale a reter a Cabeça. Por um lado, Cristo é a
videira na qual permanecemos; por outro, Ele é o solo
no qual estamos radicados. Mas Ele é também a
Cabeça. Cristo é a videira, o solo e a Cabeça.
Permanecemos Nele como a videira, estamos
radicados Nele como o solo e O retemos como a
Cabeça. Em cada caso o princípio é o mesmo:
absorvemos as riquezas de Cristo. Como ramos,
absorvemos a seiva da vida da videira; como plantas,
absorvemos as riquezas do solo; como membros do
Corpo de Cristo, absorvemos os nutrientes da Cabeça.
Absorvendo as riquezas da Cabeça, o Corpo cresce
com o crescimento de Deus (2:19). Como ressaltamos,
as riquezas que absorvemos incluem crucificação,
sepultamento e ressurreição com Cristo. Quando
retemos Cristo como a Cabeça, absorvemos todos
esses elementos.

UMA EXPERIÊNCIA MOMENTO APÓS


MOMENTO
Em 2:20 Paulo diz: “Se morrestes com Cristo
para os rudimentos do mundo, por que, como se
vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças”. A
palavra grega traduzida por “se” também pode ser
traduzida por “já que”. Já que morremos com Cristo,
não devemos viver submetidos a ordenanças. É fato
que morremos com Cristo. Mas embora Ele tenha
morrido há mais de mil e novecentos anos, nossa
participação nessa morte ocorre cada momento no
presente quando desfrutamos Cristo, retendo-O
como a Cabeça. Nossa experiência da crucificação de
Cristo não é uma vez por todas. Antes, é algo que
ocorre todo instante. Talvez a noite passada você
tenha experimentado a crucificação de Cristo, mas
hoje não está contente com seu cônjuge, e de
propósito desce da cruz a fim de discutir e
defender-se. Você foi provocado e não já consegue
ficar quieto. Ontem à noite você estava na morte de
Cristo, mas agora está muito vivo em si mesmo. Em
um de seus hinos, A. B. Simpson diz: “Doce é com
Cristo eu morrer” [Hino 220, do hinário Hinos,
publicado por esta Editora]. Na noite passada isso era
doce, mas agora você não deseja permanecer na
morte de Cristo. Isso indica que, sempre que não
estamos no espírito, não estamos na experiência da
morte de Cristo. Quando, porém, estamos no espírito,
estamos mortos com Cristo. Sempre que não estamos
no espírito estamos em nós mesmos, vivendo de
acordo com a vida natural. Pela experiência sabemos
que, quando, no espírito, retemos Cristo como a
Cabeça, temos a experiência de ser crucificado com
Ele. Nessa hora podemos declarar a todos, até mesmo
ao diabo, que morremos com Cristo.

VIGIAR E ORAR
Em 4:2 Paulo diz: “Perseverai na oração,
vigiando com ações de graças”. Se quisermos
permanecer no espírito precisamos vigiar e orar, até
mesmo orar sem cessar (1Ts 5:17). Somente orando
sem cessar podemos permanecer no espírito. Muitos
anos atrás eu não gostava do que o Senhor disse sobre
vigiar e orar (Mt 26:41). Mas há alguns anos passei a
enxergar a importância dessas palavras. Precisamos
vigiar se estamos ou não no espírito, e precisamos
orar para ser preservados no espírito. Você é tentado
a discutir com seu cônjuge? Vigie! Tenciona ir
comprar algo? Vigie para ver se compra no espírito ou
na carne. Precisamos estar alertas para permanecer
no espírito.
Também precisamos orar: “Senhor, concede-me
a graça preservadora para permanecer no espírito.
Mantém-me no espírito”. Se permanecermos no
espírito, experimentaremos a morte de Cristo no
Espírito composto, todo-inclusivo. Não há
necessidade de considerar-nos crucificados com
Cristo, nem mesmo de crer que o fomos. Tudo o que
precisamos é permanecer no espírito vigiando e
orando. No espírito experimentamos a morte de
Cristo e somos libertados de todos os rudimentos do
mundo.

NÃO ESTAR MAIS SUJEITOS AOS


RUDIMENTOS DO MUNDO
De acordo com 2:20, morremos com Cristo para
os rudimentos do mundo. Os rudimentos do mundo
são os princípios elementares da religião e da
filosofia. Os cristãos, tanto judeus como gentios,
tentaram introduzir os rudimentos do mundo na vida
da igreja. Também podemos estar sujeitos a tais
rudimentos. Inconscientemente ainda podemos estar
debaixo da influência do passado religioso. Os
princípios elementares que herdamos da religião são
os rudimentos do mundo.
Em Colossenses, Paulo deixa implícito que
qualquer coisa a que nos apegamos além do Cristo
que experimentamos é um rudimento do mundo. Por
exemplo, certa irmã pode ser bondosa, gentil e
disciplinada. Ela possuía tal caráter mesmo antes de
ser salva. Agora que se converteu, ela traz esse caráter
para a vida da igreja. Os outros podem apreciar seu
caráter, não percebendo que é natural. Mas sempre
que vive segundo o caráter natural, ela vive conforme
os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo.
Outra irmã na igreja pode ter um caráter rude.
Comparada com a primeira, ela é grosseira e
indisciplinada, Mas dia a dia ela se exercita a vigiar e
orar e, assim, permanecer no espírito. Pouco a pouco
os outros notam uma mudança em seu viver. É difícil
descrever a sua maneira de viver. Não seria exato
dizer que ela é bondosa, gentil ou disciplinada. Ela
não vive conforme os rudimentos do mundo, mas
segundo Cristo. Há enorme diferença entre esse tipo
de viver e viver conforme o caráter natural. Os
rudimentos do mundo são úteis na sociedade, mas
não há lugar para eles na igreja. Quando
permanecemos no espírito, espontaneamente
experimentamos a morte de Cristo incluída no
Espírito todo-inclusivo. Nessa morte estamos mortos
para os rudimentos do mundo.
Precisamos ver que coisas como bondade natural
são simplesmente rudimentos do mundo. Sob a luz de
tal visão odiaremos até mesmo a nossa bondade, pois
ela não provém de Cristo, mas é um rudimento do
mundo. Então procuraremos permanecer no espírito
para desfrutar Cristo e participar de Sua morte.
Seremos até capazes de dizer a Satanás: “Não vivo
mais segundo a bondade natural. Satanás, você me
tem enganado por anos, mantendo-me sujeito aos
rudimentos do mundo. Agora vejo que em Cristo eu
morri para todos esses rudimentos. No espírito eu
desfruto Cristo, retenho a Cabeça e participo da Sua
morte. Nessa morte estou liberto dos rudimentos do
mundo”.
Quando retemos a Cabeça permanecendo no
espírito, absorvermos todos os ricos elementos do
Espírito composto, um dos quais é a crucificação com
Cristo. Somente no espírito somos livres de forma
prática dos rudimentos do mundo. Somente no
espírito podemos declarar que nada temos a ver com
religião, filosofia, cultura humana ou virtudes
naturais. No espírito podemos odiar essas coisas, pois
reconhecemos que são do mundo e não de Cristo. Não
há como abandonar os rudimentos do mundo a
menos que estejamos no espírito. Se tentarmos fazer
isso fora do espírito, nossos esforços serão em vão.
Quando permanecemos no espírito vigiando e
orando, temos a experiência de estar mortos com
Cristo para os rudimentos do mundo.

RESSUSCITADOS COM CRISTO


O princípio é o mesmo em ser ressuscitado com
Cristo. Se permanecermos no espírito, teremos a
profunda sensação interior de que fomos levantados,
ressuscitados com Cristo. Às vezes os irmãos dizem
que estão “para baixo”. Estamos desanimados porque
não estamos no espírito. Sempre que estamos no
espírito estamos em ressurreição. Entretanto, não é
possível ressuscitar-nos a nós mesmos. Quanto mais
tentarmos fazer isso, mais afundaremos. Mas se
simplesmente nos voltamos para o espírito e
invocamos o nome do Senhor Jesus, estamos em
ressurreição com Cristo.

PENSAR NAS COISAS LÁ DO ALTO


Em 3:1 Paulo diz: “Portanto, se fostes
ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas
lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de
Deus”. Repare que Paulo não fala das “coisas dos
céus”, mas das “coisas lá do alto”. Essas coisas são
elevadas, superiores. Nossas virtudes naturais,
todavia, são baixas e inferiores. Em 3:2 ele continua:
“Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da
terra”. Quais são as coisas lá do alto? Quando criança,
ensinaram-me que as coisas lá do alto são as
características do céu: as mansões, as portas de
pérola e a rua de ouro. Contudo, se seguirmos o
princípio de interpretar a Bíblia pela Bíblia, veremos
que não é esse o significado das “coisas lá do alto”
nesses versículos. De acordo com o Novo Testamento,
as coisas lá do alto incluem a ascensão de Cristo, Sua
entronização e o fato de Ele ter sido feito a Cabeça, o
Senhor e o Cristo. Em Atos 2:36 Pedro diz que Deus
fez Jesus tanto Senhor como Cristo. Hebreus 2:9 nos
diz que o Senhor Jesus foi coroado com glória e
honra. Em Efésios 1:22 vemos que na ascensão Cristo
foi feito Cabeça sobre todas as coisas à igreja. Em
Apocalipse 5:6 vemos que Cristo como o Cordeiro
com sete olhos está agora no trono e exerce o governo
de Deus. Essas são as coisas do alto.
Ao escrever aos colossenses, Paulo os exortou a
não prestar atenção mais ao judaísmo, gnosticismo
ou ascetismo, os quais são rudimentos do mundo,
baixos e inferiores. Sendo pessoas ressuscitadas com
Cristo que agora vivem com Cristo em Deus, devem
buscar as coisas do alto e pensar nelas. Cristo foi
coroado e entronizado; Ele foi feito Senhor e Cabeça
sobre todas as coisas. Agora Ele é até mesmo o
Cordeiro com os sete olhos, exercendo o governo de
Deus no universo. Essas são as coisas lá do alto, as
coisas elevadas, superiores, e devemos pensar nelas.
Pensar nas coisas do alto nos ajudará a
experimentar Cristo. O Cristo que experimentamos é
não só nossa comida, bebida, sábado, lua nova e
festas. Ele não é só o desfrute diário, semanal, mensal
e anual. Ele foi coroado e entronizado, é o Senhor e a
Cabeça, e executa a administração governamental de
Deus. Como nosso desfrute de Cristo seria muito mais
rico se pensássemos nessas coisas!

VIVER EM DEUS
Nós, nas igrejas na restauração do Senhor,
falamos muito sobre o desfrute de Cristo. Mas nosso
conceito de desfrutar Cristo pode não ser
suficientemente elevado. De acordo com nosso
conceito, Cristo é alimento, bebida, vestimenta,
transporte e moradia. Sem dúvida, tudo isso é
verdade. Não obstante, o desfrute de Cristo ainda
precisa ser mais elevado. Precisamos perceber que
nossa vida está oculta com Cristo em Deus. Isso
significa que nossa esfera de vida não deve ser a terra,
e, sim, o próprio Deus. Em 3:3 Paulo diz claramente
que nossa vida está “oculta juntamente com Cristo,
em Deus”. Ele não diz que ela está oculta com Cristo
no céu, pois isso seria enfatizar algo material demais.
Em vez disso, ele diz que nossa vida está oculta com
Cristo em Deus. Sempre que estamos no espírito,
estamos em ressurreição e temos a sensação de estar
em Deus, muito acima de tudo e de todos. Em tal
momento vivemos em Deus. Mas quando não
estamos no espírito temos a sensação de que ainda
vivemos na terra. Deus é elevado, muito acima de
tudo e de todos, até mesmo dos céus. Quando
estamos no espírito, vivemos em Deus.
Vimos que, de acordo com 2:16-19, desfrutar
Cristo é retê-Lo como a Cabeça. Quando a retemos
absorvemos todos os ricos elementos de Cristo. Dois
elementos dessas riquezas são morrer com Cristo e
ser ressuscitados com Ele. Quando permanecemos no
espírito retendo a Cabeça, podemos proclamar que
morremos para tudo que não é Cristo. Morremos
para todos os rudimentos do mundo. Também
podemos proclamar que fomos ressuscitados com Ele
e que agora estamos ocultos com Ele em Deus.
Teremos ousadia para testificar que nosso âmbito,
nossa esfera, não é a terra, mas Deus. Louvado seja
Ele porque morremos para todos os rudimentos do
mundo e fomos ressuscitados para viver com Cristo
em Deus! Você tem a ousadia de dizer que vive em
Deus? Você terá essa ousadia se estiver no espírito,
mas não se estiver na carne vivendo na terra.
Somente quando retemos a Cabeça permanecendo no
espírito é que temos a experiência de estar mortos
para os rudimentos do mundo e ressurretos para
viver com Cristo em Deus.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM CINQÜENTA E OITO

BUSCAR AS COISAS DO ALTO E PENSAR NELAS

Leitura Bíblica: Cl 3:1-3; Hb 2:9a; 4:14-16; 7:25;


6:19-20; 8:1-2; At 2:36; Ef 1:20-23; Ap 4:1, 2, 5; 5:6
Em 3:1 Paulo nos diz que devemos buscar as
coisas do alto, e no versículo 2, que devemos pensar
nas coisas do alto. Nesta mensagem consideraremos
o que significa buscar as coisas do alto e pensar nelas.

AS RIQUEZAS EM COLOSSENSES
Paulo escreveu Colossenses de forma bem
concisa. Em apenas quatro capítulos ele apresenta
muitas riquezas. Em 1:12 ele indica que Cristo é a
herança dos santos. Aquele que é nossa herança é a
imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda a
criação e o Primogênito de entre os mortos (l:15, 18).
Paulo também nos diz que Cristo é o mistério de Deus
(2:2) e Nele habita corporalmente toda a plenitude da
Deidade (2:9). Sendo o mistério de Deus e a
corporificação da Deidade, Ele é a realidade, o corpo,
a substância de todas as coisas positivas (2:16-17).
Quanto mais O desfrutamos como essa realidade,
mais O retemos como a Cabeça do Corpo e assim
passamos a ter consciência do Corpo. Então O
experimentaremos como vida (3:4) e o elemento
constituinte do novo homem (3:10-11). No novo
homem, Cristo é todos os membros e está em todos os
membros. Nesta Epístola, Paulo menciona todos
esses importantes pontos sem defini-los. Entretanto,
ele indica que os que desfrutam Cristo e participam
Dele, que são constituídos membros do novo homem,
têm sua vida oculta com Ele em Deus. Agora devemos
buscar as coisas do alto e pensar nelas.
Embora Paulo nos exorte a buscar as coisas do
alto e pensar nelas, em Colossenses ele não define o
que são essas coisas. Contudo, em outros livros do
Novo Testamento, como Hebreus, Efésios e
Apocalipse, há algumas janelas, pelas quais podemos
ver os céus e saber o que acontece lá. Se olharmos
através dessas janelas, saberemos quais são as coisas
do alto.

DA PLENITUDE AO NOVO HOMEM


Paulo e João escreveram seguindo linhas bem
semelhantes. Em Colossenses, Paulo apresenta o
Cristo que é a plenitude do Deus invisível. Depois de
mencionar vários aspectos desse Cristo, ele fala do
novo homem. Entre Cristo como a plenitude de Deus
no capítulo um e o novo homem no capítulo três,
temos a experiência de Cristo e o desfrute Dele. O
resultado da experiência e desfrute do Cristo
todo-inclusivo é a igreja como o novo homem.
Portanto, o novo homem resulta do desfrute de Cristo
como a plenitude de Deus. À medida que O
desfrutamos diariamente, Ele é trabalhado em nós,
constituído em nosso ser. Dessa forma, torna-se o
nosso elemento constituinte. Dia após dia Cristo é
constituído em nós. Por fim, todos seremos
totalmente constituídos Dele, e como resultado
seremos o novo homem, no qual não há lugar para
nenhuma pessoa natural, mas somente para Cristo.
Cristo é tudo e em todos no novo homem. Repito, no
novo homem Cristo é todos os membros e está em
todos os membros.
A única maneira de Cristo ser tudo e em todos no
novo homem é constituir a Si próprio em nós. O
processo de Cristo tornar-se nossa constituição
ocorre mediante o nosso desfrute Dele. Precisamos
dizer: “Senhor Jesus, eu Te amo, Te valorizo e Te
desfruto. Estou aqui para Ti e somente para Ti”.
Quanto mais nos abrimos ao Senhor e O contatamos
dessa maneira mais Ele Se infunde em nós e nos
enche até transbordarmos. Quando invocamos e
louvamos o Senhor e Lhe oferecemos agradecimento
e adoração, somos cheios Dele. Mediante tal desfrute
e experiência de Cristo, somos gradualmente
constituídos Dele. Enquanto O desfrutamos Ele se
torna a nossa constituição.
A digestão ilustra como Cristo se torna a nossa
constituição por meio do nosso desfrute Dele. Pela
digestão e assimilação, a comida que ingerimos
torna-se parte da nossa constituição. Se percebermos
isso, seremos cuidadosos com o que comemos.
Alguns nutricionistas dizem que somos o que
comemos. Se comermos grande quantidade de um
alimento, seremos constituídos dos seus elementos.
Anos atrás percebi que a filha do médico da nossa
família em Taiwan estava com a pele amarelada. O
médico explicou-me que isso era resultado de comer
cenoura demais. Sua filha comera tanta cenoura que
por fim tornou-se constituída de cenoura, a ponto de
afetar a cor da pele. Esse caso é uma evidência de que
a comida que ingerimos torna-se nossa constituição.
O mesmo princípio se aplica à nossa experiência de
Cristo. Quando O desfrutamos alimentando-nos Dele,
Ele é constituído em nós.
A TRANSMISSÃO CELESTIAL
Neste ponto podemos perguntar como desfrutar
Cristo e tê-Lo constituído em nós se Ele está no céu e
nós na terra. A resposta é que há uma transmissão de
Cristo nos céus para nós na terra por meio do Espírito
todo-inclusivo. Por essa transmissão, a eletricidade
da usina celestial flui até nós, assim como a
eletricidade da usina chega à nossa casa e ao local de
reuniões. Aleluia pela transmissão do terceiro céu
para o nosso interior! “Há um Homem na glória, que
é vida pra mim” (Hino 243). Cristo é o Homem na
glória, mas Sua vida é para nós. Todos precisamos da
visão da transmissão celestial do Cristo glorificado
para o nosso interior. Além disso, precisamos
permanecer abertos a ela, para que não seja
interrompida. Até mesmo um pequeno isolamento a
cessará. Entre Cristo como a plenitude de Deus e o
novo homem, há a nossa experiência da transmissão
celestial. Que não haja nenhum isolamento que
impeça a transmissão divina.

DA PLENITUDE PARA A NOVA JERUSALÉM


OS escritos de João são como o de Paulo nessa
questão.
João 1:16 diz: “Porque todos nós temos recebido
da sua plenitude, e graça sobre graça”. A plenitude de
Cristo é a própria plenitude de Deus. Dessa plenitude
todos recebemos graça sobre graça. Por fim, o
resultado de receber a plenitude de Cristo será a Nova
Jerusalém. A Nova Jerusalém revelada mediante o
ministério de João será a consumação final do novo
homem revelado mediante o ministério de Paulo. Por
um lado, Paulo começa com a plenitude e vai até o
novo homem; por outro, João vai da plenitude até a
Nova Jerusalém.

COROADO DE GLÓRIA E HONRA


Em Hebreus, Efésios e Apocalipse há janelas
pelas quais podemos ver as coisas do alto. O primeiro
aspecto delas é encontrado em Hebreus 2:9. De
acordo com esse versículo, vemos Jesus coroado de
glória e honra. Na terra Ele foi coroado de espinhos.
Mas no trono no céu Ele está coroado de glória e
honra. Tendo sido coroado de glória e honra, Cristo é
muito mais precioso que o judaísmo ou a filosofia
grega. O judaísmo e a filosofia grega são coisas da
terra. Pensar em tais coisas é pensar nas coisas “que
são aqui da terra” (Cl 3:2). Tiremos os olhos dessas
coisas e olhemos para o Jesus ressurreto e ascendido
que está entronizado e coroado de glória e honra. Já
que fomos ressuscitados com Ele, devemos buscar as
coisas do alto onde Ele está, assentado à direita de
Deus (3:1). Esqueçamo-nos das virtudes naturais e
olhemos para o Senhor Jesus. Em vez de apreciar o
nosso caráter e atributos naturais, precisamos
apreciar o Cristo coroado de glória e honra. De acordo
com Paulo, nossa atenção deve concentrar-se no
Senhor Jesus. Não devemos ser atraídos por nada
mais.

SENHOR E CRISTO
Em Atos 2:36 encontramos outro aspecto das
coisas do alto. Pedro aqui declara: “Esteja
absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de
que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez
Senhor e Cristo”. Jesus, o carpinteiro de Nazaré, foi
exaltado por Deus como o Senhor de tudo e o Cristo.
Que maravilha! Se os colossenses tivessem de fato
percebido isso, não teriam sido desviados pelo
judaísmo ou pela filosofia grega. Jesus hoje é o Cristo
de Deus, o Ungido de Deus, o Senhor de todas as
coisas.

CABEÇA SOBRE TUDO


Em Efésios 1:20-23 Paulo diz que Deus
ressuscitou Cristo de entre os mortos; assentou-O à
Sua direita nos lugares celestiais, muito acima de
toda soberania, autoridade, poder, domínio e de todo
nome; sujeitou todas as coisas debaixo de Seus pés; e
O deu à igreja: Seu Corpo, para ser a Cabeça sobre
todas as coisas. O poder exercido por Deus ao
ressuscitar Cristo de entre os mortos fez Dele Cabeça
sobre todas as coisas para a igreja. Cristo foi coroado
de glória e honra, Ele é o Senhor de todas as coisas e o
Cristo de Deus, e Ele é a Cabeça sobre todas as coisas
para o Seu Corpo, a igreja. Com certeza, a visão de tal
Cristo deve fazer-nos esquecer de nossas virtudes e
características naturais, que são todas coisas da terra,
e não do alto.

O PRECURSOR
Em Hebreus 6:19-20 vemos que o Senhor Jesus é
o Precursor, o Pioneiro, que abriu caminho para a
glória além do véu. Estar além do véu é estar na
glória. Como nosso Precursor, nosso Pioneiro, Cristo
está agora na glória.

O SUMO SACERDOTE
Hebreus também revela que Cristo é nosso Sumo
Sacerdote, que “se assentou à destra do trono da
Majestade nos céus” (Hb 8:1). Hebreus 4:14 nos diz
que temos “Jesus, o Filho de Deus, como grande
sumo sacerdote que penetrou os céus”. Como Sumo
Sacerdote celestial Ele “pode salvar totalmente os que
por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles” (Hb 7:25). Quando O invocamos
e temos comunhão com Ele, sentimos que algo dos
céus é transmitido ao nosso interior. Freqüenternente
essa transmissão divina nos enche de alegria. Já que
temos tal Sumo Sacerdote a interceder por nós,
“acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao
trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e
acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”
(Hb 4:16). As coisas do alto incluem o ministério de
intercessão do nosso Sumo Sacerdote. Por causa de
Sua intercessão, podemos receber misericórdia e
graça oportunas para nossa necessidade.
Por causa da intercessão de Cristo nos céus,
também somos estimulados a buscar o Senhor. Nosso
caminho está sob a direção da transmissão dos céus, a
transmissão que provém da intercessão de Cristo.
Quando somos tentados a ir atrás de divertimento
mundano em vez de ir à reunião da igreja, a
transmissão divina pode direcionar-nos para a
reunião. Muitos podemos testificar que temos estado
sob a direção da intercessão de Cristo. A intercessão
do nosso Sumo Sacerdote é outro aspecto das coisas
lá do alto.

O MINISTRO CELESTIAL
Além disso, conforme Hebreus 8:1-2, Cristo é
também um Ministro do “verdadeiro tabernáculo”
nos céus. Cristo é nosso Ministro celestial. Quando
nos perguntam a qual igreja vamos e quem é nosso
ministro, a melhor resposta é dizer que a igreja está
nos céus e o ministro é o Jesus celestial, que ministra
num tabernáculo montado pelo Senhor e não por
homens. Esse tabernáculo, esse santuário, é o terceiro
céu, o Santo dos Santos celestial. Louvado seja o
Senhor pois o Santo dos Santos nos céus está ligado
ao nosso espírito! Portanto, na experiência, nosso
espírito regenerado é também o Santo dos Santos.
Nosso espírito está assim ligado ao terceiro céu, onde
Cristo ministra por nós.

O CORDEIRO NO TRONO
Em Apocalipse vemos ainda mais coisas do alto.
Nesse livro não temos apenas uma janela, mas um
céu aberto. O céu foi aberto a João, e ele viu “armado
no céu um trono, e, no trono, alguém sentado” (Ap
4:1-2). Esse trono não é simplesmente o trono da
graça, mas o próprio trono da autoridade, da
administração divina. Em Apocalipse 4:5 João
prossegue: “Do trono saem relâmpagos, vozes e
trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo,
que são os sete espíritos de Deus”. João também nos
diz que no meio do trono ele viu um Cordeiro: “Então,
vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e
entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido
morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos,
que são os sete espíritos de Deus enviados por toda a
terra” (Ap 5:6). A visão de João em Apocalipse 4 e 5
está relacionada com a administração de Deus hoje.
Pela visão de João percebemos que o céu não é
silencioso nem inativo. Pelo contrário, do Seu trono
Deus leva a cabo Sua administração de todo o
universo. O Cordeiro, o Redentor, morto na cruz
pelos nossos pecados, está agora no trono e tem sete
olhos, que são os sete Espíritos de Deus.

A ADMINISTRAÇÃO NO CÉU E AS
EMBAIXADAS NA TERRA
A primeira visão de Apocalipse é a dos sete
candelabros de ouro, que são sete igrejas locais (1:12,
20). Assim, a primeira visão é das igrejas na terra e a
segunda é sobre o que ocorre nos céus. Consideradas
juntas, essas duas visões indicam que o que acontece
nas igrejas na terra está relacionado com a atividade
nos céus. Assim como um medidor de eletricidade
indica que a corrente elétrica flui da usina, o mover
do Senhor nas igrejas corresponde à ação no trono
nos céus. Isso quer dizer que o que acontece nas
igrejas locais deve estar debaixo da direção do trono
de Deus no céu. Para que a restauração seja do
Senhor, ela deve estar sob a direção Dele. Desde que
haja transmissão dos céus, haverá o fluir divino nas
igrejas. Louvado seja o Senhor porque, de acordo com
Apocalipse, as igrejas prosseguem sob a
administração celestial!
O Senhor Jesus, que foi coroado de glória e
honra, que é o Senhor, o Cristo, a Cabeça, o
Precursor, o Sumo Sacerdote e o Ministro celestial
executa a operação de Deus nos céus. Ele é o Cordeiro
com sete olhos, com os sete Espíritos de Deus,
levando a cabo a administração de Deus mediante as
igrejas locais. Na verdade as igrejas são embaixadas
de Deus. Por esse motivo, a situação mundial não está
sob o controle de nenhum chefe de estado terreno, e,
sim, das igrejas pelas quais Deus executa Sua
administração. Assim como a embaixada americana
num país é a extensão dos Estados Unidos, as igrejas
como embaixadas de Deus são extensão dos céus.
Nossa matriz, nosso centro administrativo, está no
céu. Quando me perguntam sobre a matriz da
restauração do Senhor, no íntimo eu digo: “A matriz
da restauração do Senhor está no céu”.
Não devemos ser distraídos, como foram os
colossenses, pelo judaísmo ou pela filosofia grega.
Olhe para o céu, onde há um trono no qual Deus está
assentado e onde o Cordeiro com sete olhos está de pé
para executar a administração de Deus por meio das
igrejas como Suas embaixadas. Visto que as igrejas
são embaixadas de Deus, o inimigo as odeia. Em
Apocalipse 4 e 5 temos uma visão do nosso governo
central, e em Apocalipse 1 a 3 temos uma visão das
igrejas locais como as embaixadas. Por meio dos sete
Espíritos há uma transmissão da matriz celestial para
as embaixadas. Por intermédio dos sete Espíritos, o
que há na matriz é transmitido para as igrejas.

VOLTAR A ATENÇÃO PARA AS COISAS NO


CÉU
Você agora compreende o que são as coisas lá do
alto? Se as conhecermos, veremos que o Senhor Jesus
foi coroado de glória e honra, e Deus O fez Senhor e
Cristo. O fato de Cristo ser o Senhor de tudo significa
que toda a terra é Dele. O Cristo entronizado e
glorificado é também a Cabeça, o Precursor e
Pioneiro, o Sumo Sacerdote, o Ministro celestial e o
Cordeiro no trono da administração de Deus. A partir
do trono nos céus, a transmissão divina traz as coisas
do alto para as igrejas locais.
Ter uma visão das coisas lá do alto revolucionará
nosso viver diário; fará com que voltemos nossa
atenção das coisas da terra para as coisas do céu: para
o Jesus glorificado e entronizado, para o Sumo
Sacerdote celestial, para a Cabeça sobre todas as
coisas à igreja, Àquele que executa o governo divino.
Que busquemos essas coisas e pensemos nelas.
Já ressaltamos que nossas virtudes e
características naturais são rudimentos do mundo.
Isso é verdade, por exemplo, a respeito da nossa
humildade, que nós mesmos nos impomos (2:23). Em
vez de nos importar com as próprias virtudes,
devemos importar-nos com o Senhor Jesus que foi
coroado e é a Cabeça, o Precursor, o Sumo Sacerdote
e o Ministro. Devemos importar-nos com o trono no
céu, do qual Cristo, o Cordeiro com sete olhos,
executa a administração de Deus por meio das igrejas
locais.
Posso testificar que dia após dia sou fortalecido
pela transmissão divina que flui do trono no céu para
as igrejas na terra. Quanto mais ministro nas igrejas,
mais sou suprido e mais descanso. Algo do céu é
transmitido para o meu espírito.

ESQUECER AS COISAS TERRENAS


Em 3:1-2 Paulo nos diz não só que devemos
buscar as coisas do alto, mas também pensar nelas.
Isso quer dizer que precisamos esquecer as coisas
terrenas: cultura humana, religião, filosofia e as
virtudes humanas naturais. Em vez disso, levantemos
os olhos aos céus e pensemos nas coisas maravilhosas
e excelentes lá do alto. Essas são as coisas que podem
transformar-nos, pois transmitem um elemento
celestial ao nosso interior. Aprendamos a abrir o
espírito e todo o nosso ser para os céus e a manter o
“interruptor” ligado, para que a transmissão da usina
flua para o nosso interior sem cessar. Não seja
distraído pela religião, filosofia ou qualquer outra
coisa. Concentre a atenção nas coisas do alto e
permaneça aberto para a usina celestial. Então as
riquezas do ministério celestial de Cristo serão
transmitidas ao seu interior, e você será
transformado e constituído de Cristo.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM CINQÜENTA E NOVE

UMA SÓ POSIÇÃO, UMA SÓ VIDA, UM SÓ VIVER, UM


SÓ DESTINO E UMA SÓ GLÓRIA COM CRISTO

Leitura Bíblica: Cl 3:1-4; 1Jo 4:15, 13; 1Co 6:17


Colossenses 3:1-4 deixa implícito que, com
Cristo, temos uma só posição, uma só vida, um só
viver, um só destino e uma só glória. Visto que nós e
Cristo temos uma só posição, estamos onde Ele está.
Nós e Cristo temos também uma só vida, até mesmo a
mesma vida. A vida que Ele tem, nós também temos.
Além disso, temos um só viver com Cristo. Nosso
viver é o Seu viver. Quando vivemos Ele vive, pois Ele
vive em nosso viver. Se tivermos um só viver com
Cristo, de forma prática cada dia, tudo que fazemos
Ele também faz. Isso quer dizer que quando falamos,
Ele fala. Se fazemos algo diferente do que Cristo faz,
não temos um só viver com Ele. Por exemplo, se
ficarmos irados quando Cristo não estiver irado, não
teremos um só viver com Ele; em tal caso, nosso viver
não será Seu viver. Devemos guardar-nos de perder a
calma, não porque tentamos obedecer um
mandamento bíblico, mas porque sentimos que o
Cristo que vive em nós não perde a calma. Se apenas
tentarmos controlar o temperamento, seremos
religiosos. Mas se não perdermos a calma porque
vivemos com Cristo, seremos um com Ele em vida e
viver. Louvado seja o Senhor por termos uma só
posição, vida e viver com Cristo!
Também temos uma só glória e destino com
Cristo. Glória é nosso futuro e destino. O Senhor
Jesus está agora na glória, mas de maneira oculta da
humanidade. Se você perguntar às pessoas do mundo
onde está Jesus, elas responderão que não sabem.
Nós, porém, sabemos: Ele está na glória. Um dia Ele
já não estará na glória de maneira oculta, mas
abertamente, manifestado. Então todos na terra o
saberão. O destino de Cristo é estar abertamente em
glória. Esse é também o nosso destino. Podemos
dizer: “O nosso destino é a glória. É para lá que nos
dirigimos. Nosso destino não é simplesmente o céu; é
estar em glória”. Visto que a glória é nosso destino,
um dia teremos uma só glória com Cristo. Não é
possível descrevê-la agora porque ainda não
entramos nela. Creio, contudo, que quando
estivermos nela estaremos repletos de alegria e
êxtase. Pode ser que desejemos dançar, clamar e
louvar o Senhor. Na glória, perceberemos como Deus
nos empolga. Quando estivermos na glória com
Cristo, também nos empolgaremos.

EM CRISTO, NO PAI, NO CÉU


Nossa posição é em Cristo. Por estar Nele,
estamos onde Ele está: à destra de Deus (3:1). Em
João 17:24 o Senhor Jesus orou: “Pai, aqueles que Me
deste, desejo que, onde Eu estou, estejam eles
também Comigo”. Estar onde o Senhor Jesus está não
é questão geográfica. O Senhor está no Pai, e orou
para que os discípulos, que ainda não estavam no Pai,
fossem colocados Nele. O Senhor orou, portanto, para
que estivessem onde Ele está.
É crucial perceber que nossa posição é não só em
Cristo, mas também no Pai. O Evangelho de João nos
diz claramente que o Filho está no Pai 00:38; 14:10).
Isso quer dizer que a posição do Filho é no Pai. Já que
nossa posição hoje é no Filho, em Cristo, também
estamos no Pai. O Pai, é claro, está no céu. Portanto,
nossa posição também é no céu. Ao dizer isso,
contudo, temos uma compreensão diferente da de
muitos cristãos. Sempre que os cristãos dizem que
estaremos no céu, querem dizer que estaremos no céu
fora do Pai. Mas quando dizemos que estaremos no
céu, queremos dizer que estaremos no céu no Pai. Há
uma diferença enorme aqui. Estamos em Cristo, no
Pai e, portanto, no céu.

EXPERIMENTAR A TRANSMISSÃO
CELESTIAL
Se pararmos aqui, teremos mera compreensão
doutrinária da nossa posição com Cristo. Só
conheceremos que estamos em Cristo, no Pai e no
céu. O que torna isso real é o fato de sermos um só
espírito com o Senhor O C06:17). É quando estamos
no espírito que estamos em Cristo, no Pai e no céu, na
prática e experiência.
Para ilustrar isso, considere como as lâmpadas
no local de reuniões estão ligadas à usina pela
corrente elétrica. Sem essa corrente, as lâmpadas
estão relacionadas somente com o local de reuniões, e
não com a usina. Mas, pela corrente elétrica, elas
estão ligadas à usina. Do mesmo modo, mediante a
transmissão que experimentamos no espírito, somos
ligados à usina celestial. Louvado seja o Senhor, pois
há uma transmissão do céu para o nosso espírito!
Quando a experimentamos, estamos de fato em
Cristo, no Pai e no céu. Nosso espírito está
diretamente relacionado com o céu. A transmissão
celestial começa no céu e termina em nosso espírito.
Visto que podemos experimentar e desfrutar essa
transmissão única, não há necessidade de ir ao céu
para estar no céu. Basta estar no espírito, onde
experimentamos a transmissão do céu, e estamos no
céu. Assim como as lâmpadas no local ele reuniões
estão ligadas à usina pela eletricidade, estamos
conectados ao céu pela transmissão divina que flui do
trono de Deus no céu para o nosso espírito.
Quando jovem, eu tentava ao máximo entender,
segundo a Bíblia, como poderia estar no céu.
Conforme minha percepção eu estava na terra e de
modo algum no céu, não importando quão contente
pudesse estar no Senhor. Agora. percebo que, devido
à transmissão do trono de Deus no céu para o meu
espírito, quando desfruto o Senhor na terra
simultaneamente estou no céu.
Em 3:1 Paulo diz que, uma vez ressuscitados com
Cristo, devemos buscar as coisas lá do alto. Esse
versículo indica claramente que temos uma só
posição com Cristo. Como poderíamos buscar as
coisas do alto se não estivéssemos lá também? Para
buscar as coisas do alto precisamos estar no céu, onde
essas coisas estão.

NO CÉU OU NA TERRA?
Precisamos perguntar-nos, então, se estamos no
céu ou na terra. Ao responder a essa pergunta,
precisamos ser cautelosos. A maneira adequada de
responder é dizer que quando estamos no espírito
estamos também no céu, mas quando não estamos no
espírito estamos na terra, e, experimentalmente, até
mesmo debaixo da terra. Pela experiência sabemos
que, no espírito, podemos estar no céu num
momento, e então, por não permanecer no espírito,
podemos imediatamente despencar na terra. Por
exemplo, durante seu tempo com o Senhor pela
manhã você pode estar nos lugares celestiais,
tendo-se colocado no espírito pela oração. Mas à
mesa do café da manhã, seu cônjuge diz algo que o
aborrece, e imediatamente você é tirado do espírito
para a carne. Você já não está no céu, mas na terra.
Isso indica que apenas no espírito é que estamos no
céu. Sempre que estamos fora do espírito, somos
terrenos.
Em 3:1 Paulo nos exorta a buscar as coisas do
alto. A maneira de buscá-las é voltar-nos para o
espírito e invocar o nome do Senhor. A experiência
nos diz claramente que tocamos nos céus ao nos
voltar para o nosso espírito; pois ele é o receptor da
transmissão divina, ao passo que o trono de Deus no
céu é o transmissor. Assim, voltando-nos ao espírito,
somos elevados até o céu. Então, na experiência,
estamos em Cristo, no Pai e no céu; no espírito somos
um com Cristo em posição, buscando as coisas lá do
alto.

UMA SÓ VIDA COM CRISTO


Em 3:3-4 Paulo fala duas vezes de vida,
indicando assim que temos uma só vida com Cristo.
No versículo 3, ele diz que nossa vida “está oculta
juntamente com Cristo, em Deus”. No versículo 4, ele
prossegue: “Quando Cristo, que é a nossa vida, se
manifestar”. Para compreender que tipo de vida é
essa, precisamos ler os versículos e conferir a nossa
experiência, e também comparar esses versículos com
outros.
Segundo a experiência e de acordo com a
Palavra, vida aqui é a vida de Cristo tornando-se
nossa vida. Se ela fosse somente a vida de Cristo, não
seria chamada “nossa vida”. O próprio fato de que é
“nossa vida” indica que se refere a algo que se tornou
nosso. Entretanto, a vida aqui não é nossa vida
natural, herdada de Adão. Tal vida nunca poderia
estar oculta com Cristo em Deus. Deus nunca
permitiria que a vida natural herdada de Adão fosse
oculta Nele. A única vida que pode ser oculta com
Cristo em Deus é a vida divina, a própria vida de
Cristo. É essa vida que se tornou nossa vida. O uso
que Paulo faz da expressão “nossa vida” indica que
nós e Cristo, e também o próprio Deus, temos uma só
vida. Não devemos pensar que Deus tem uma vida,
Cristo, outra, e nós, que cremos em Cristo, ainda
outra. Deus, Cristo e o? cristãos têm uma só vida. A
vida de Deus é a vida de Cristo, e a vida de Cristo
tornou-se nossa. Podemos declarar que temos a
própria vida de Cristo, a vida oculta em Deus. Que
vida maravilhosa!
É muito fácil compreender a questão da vida
cristã de forma natural. Vemos uma irmã gentil,
quieta e bondosa e achamos que ela, por ter tais
características, é cheia de vida. Ao ver um irmão
eloqüente e poderoso orador, podemos considerar
esse poder e eloqüência como sinais de vida.
Contudo, nos dois casos, o que vemos pode ser a vida
natural, e não a vida que Cristo tem, a vida oculta com
Cristo em Deus.

TRÊS CARACTERÍSTICAS DA VIDA DE


CRISTO
Talvez você se pergunte como discernir entre a
vida natural e a vida de Cristo, a vida oculta em Deus.
Em primeiro lugar, a vida de Cristo é uma vida
crucificada; em segundo lugar, é uma vida ressurreta;
e em terceiro lugar, é uma vida oculta em Deus. Essas
três características a distinguem da nossa vida
natural.

Uma Vida Crucificada


Certa irmã pode ser amável, gentil e bondosa;
contudo pode ser tudo isso na vida natural, uma vida
não crucificada. Isso é comprovado se ela desmorona
e chora ao ser insultada ou maltratada. Suas lágrimas
indicam que ela vive na vida natural. Sua vida não foi
crucificada.
Quando esteve na terra, o Senhor Jesus sempre
viveu uma vida crucificada. Embora fosse
severamente criticado e insultado, Ele não chorou por
Si mesmo. Pelo contrário, Ele pôde dizer: “Pai, Eu Te
agradeço por isso estar de acordo com a Tua
vontade”. Sua vida era crucificada.
Referindo-nos ao exemplo do irmão eloqüente,
vemos que tal irmão também pode estar na vida
natural. Ele pode exibir eloqüência segundo a vida
natural, uma vida não crucificada.
Quem é de fato um em vida com Cristo, terá uma
vida crucificada. A vida que recebemos do Senhor
Jesus não é “crua”, não processada; antes, é
crucificada, uma vida que passou por um processo e
foi totalmente tratada. Se realmente conhecermos
essa vida, não choraremos quando formos insultados;
agradeceremos ao Senhor e até mesmo O louvaremos
de verdade.
Às vezes, quando estamos na carne e os outros
nos insultam, podemos dizer “Amém” ou “Aleluia!”.
Todavia, nosso “Amém” e “Aleluia!” são carnais. Se de
fato vivermos uma vida crucificada, quando os outros
nos insultarem, não diremos coisa alguma. Quem está
na cruz não diz “Amém” nem “Aleluia!”; não diz coisa
alguma. A vida que devemos viver hoje deve ser tal
vida crucificada.

Uma Vida Ressurreta


A vida que compartilhamos com Cristo é também
ressurreta. Nada, nem a morte, pode suprimi-la.
Além disso, em ressurreição não há lágrimas.
Suponha que uma irmã comece a chorar ao ser
criticada pela maneira como limpou um cômodo no
local de reuniões. Isso é vida ressurreta? Claro que
não! Na vida ressurreta não há lugar para choro. Mas
se essa irmã viver uma vida ressurreta enquanto
limpar o local de reuniões, não ficará aborrecida se
alguém criticar seu trabalho. Essa é outra diferença
entre a vida ressurreta e a vida natural.

Uma Vida Oculta


Se nossa vida natural não tiver sido eliminada,
nosso serviço na igreja não durará muito. Se
servirmos na vida natural, seremos facilmente
ofendidos e por fim deixaremos de servir. Mas se
nossa vida, ao servir, for uma vida crucificada e
ressurreta, nada será capaz de derrotá-la.
Além disso, a vida que Cristo tem está oculta em
Deus. Como já ressaltamos, somente a vida divina
pode estar oculta em Deus. Gosto da palavra “oculta”
(3:3). A vida de Cristo não se exibe; ela é oculta. Se
você servir por meio dela, não desejará ser visto pelos
outros. Pelo contrário, preferirá servir em segredo. A
vida natural é exatamente o oposto disso, pois gosta
de aparecer. A religião de hoje estimula esse elemento
da vida natural. Por exemplo, ao levantarem fundos, é
comum as pessoas reconhecerem publicamente os
que doam grandes quantias, ao passo que os que
doam pequenas quantias são pouco lembrados ou
nem sequer mencionados. A religião nutre a vida
natural, mas na igreja a vida natural é levada à morte,
Tudo o que fazemos na igreja deve ser feito por
meio da vida oculta em Deus. Em Mateus 6, o Senhor
Jesus fala de fazer coisas em segredo, e não diante
dos homens (vs. 1-6, 16-18). Até mesmo ao apresentar
a oferta ao Senhor, devemos estar ocultos. Em tudo
que fazemos devemos viver uma vida oculta com
Cristo em Deus.

UM SÓ VIVER COM CRISTO


Vamos considerar agora a questão de ter um só
viver com Cristo. Parece que não há indicação disso
em 3:1-4. A palavra viver nem mesmo é usada. Mas
Paulo nos diz que devemos buscar as coisas do alto e
pensar nelas. Isso se refere ao nosso viver. Buscar as
coisas lá do alto e pensar nelas são questões do viver.
Não devemos viver de forma terrena ou mundana,
mas de maneira celestial: buscar as coisas do alto e
pensar nelas.

OS DOIS MINISTÉRIOS DE CRISTO


Agora precisamos ver que o Senhor Jesus tem
dois tipos de ministérios: Seu ministério na terra
antes da Sua ressurreição e Seu ministério no céu.
Quando estava na terra, Ele levou a cabo um
ministério extraordinário e fez muitas coisas.
Durante esse ministério Ele realizou a redenção por
nós. De acordo com Hebreus 1:3, tendo terminado
Seu ministério na terra, o Senhor sentou-Se à direita
da Majestade nas alturas. Embora Seu ministério
terreno tenha sido completado, Seu ministério no céu
ainda continua.
Cristo hoje ministra de forma mais elevada e
ampla. Sendo o Sumo Sacerdote, Ele intercede por
nós e cuida de todas as igrejas, transmitindo-lhes o
suprimento celestial. Cristo agora está mais ocupado
do que quando estava na terra. Na terra Ele cuidava
principalmente dos discípulos, mas no céu Ele cuida
de muitíssimas igrejas e milhões de santos. Ele não só
intercede por nós como Sumo Sacerdote; mas
também ministra a nosso favor como o Ministro
celestial. Além disso, conforme Apocalipse 5, Ele,
como o Administrador celestial, executa o governo
universal de Deus. Ele é o Cordeiro com sete olhos
que leva a cabo a administração de Deus. Como o
Sumo Sacerdote, Ele intercede; como o Ministro
celestial, Ele ministra; como o Redentor com os sete
olhos de Deus, Ele administra o governo de Deus para
cumprir o propósito de Deus. Essas são as coisas do
alto nas quais devemos pensar.

UNIDOS AO SENHOR EM SEU MINISTÉRIO


CELESTIAL
Buscar as coisas do alto e pensar nelas é unir-nos
ao Senhor em Seu ministério no céu. Precisamos
unir-nos Àquele que intercede, ministra e executa a
administração de Deus. Em nosso viver, devemos
buscar essas coisas celestiais e pensar nelas. Isso quer
dizer que vivemos de tal maneira, que nos unimos ao
Cristo celestial em Seu sacerdócio, ministério e
administração. Se todos vivermos dessa forma, a vida
da igreja será muito elevada.
O conceito de Paulo em Colossenses é que
devemos voltar-nos de tudo o que é terreno
(judaísmo, gnosticismo e ascetismo) para as coisas do
alto. Precisamos unir-nos a essas coisas pensando
nelas. Cooperemos com Cristo em Seu ministério no
céu. Em nosso viver, a preocupação deve ser o
sacerdócio, o ministério e a administração celestiais
de Cristo. Devemos preocupar-nos se as igrejas são
supridas da transmissão do céu. Dessa forma
buscaremos as coisas do alto e pensaremos nelas.
Se Cristo intercede por uma igreja, nós também
podemos ter o encargo de orar por ela. Então
pedimos ao Senhor que transmita Seu suprimento
celestial aos santos naquela cidade. Sempre que
recebemos notícias de uma necessidade num lugar,
devemos logo orar, unindo-nos a Cristo em Sua
intercessão pela necessidade. Se fizermos isso,
pensaremos nas coisas do alto.
Estamos na terra não para nosso emprego,
educação, vida familiar ou saúde; vivemos para a
economia, o propósito e a administração de Deus.
Somos um com Cristo em Seu sacerdócio celestial e
temos assim um só viver com Ele. Se todos tivermos
um só viver com Cristo na prática, todas as coisas
negativas estarão debaixo de nossos pés. Aleluia,
temos um só viver com Cristo!
Nosso padrão precisa ser elevado. Não estamos
aqui para buscar coisas terrenas, mas para ter um
viver que é um com o viver de Cristo. Ele hoje vive
como o Sumo Sacerdote, o Ministro celestial e o
Administrador universal. Precisamos unir-nos a Ele
em Seu viver e ter um só viver com Ele.

UM SÓ DESTINO E GLÓRIA COM CRISTO


Também temos um só destino e glória com
Cristo. Não somos pessoas sem alvo; temos destino e
meta. Estamos na corrida com meta definida.
Nosso destino é a glória. Hoje estamos ocultos
em Deus, mas quando Cristo for manifestado,
seremos manifestados com Ele em glória (3:4).
Quando formos manifestados com Cristo seremos
exibidos para todo o universo. Até os demônios nos
verão glorificados. Hoje, entretanto, não devemos
exibir-nos; devemos permanecer ocultos em Deus,
aguardando a hora de chegar ao destino e entrar na
glória com Cristo. Então, na hora designada, o
momento da exibição divinamente ordenada, haverá
a manifestação dos filhos de Deus em glória.
Apenas podemos ter uma só posição, vida, viver,
destino e glória com Cristo porque somos um só
espírito com Ele. Como diz Paulo em 1 Coríntios 6:17:
“Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com
ele”. Sendo um só espírito com Ele, certamente temos
uma só posição, vida, viver, destino e glória com Ele.

SER UM COM O DEUS TRIÚNO E ESTAR


MESCLADOS COM ELE
Nossa vida é o Cristo que habita em nós, e essa
vida está oculta com Cristo em Deus. Por um lado,
essa vida é Cristo em nós; por outro, ela está com
Cristo em Deus. Aqui vemos uma mescla envolvendo
Deus, Cristo e nós. Somos um com o Deus Triúno e
mesclados com Ele. Onde Ele está, nós também
estamos. Além disso, a vida, o viver, o destino e a
glória do Deus Triúno são nossos.
Nossos opositores dirão que isso é heresia.
Contudo, isso está totalmente de acordo com as
Escrituras. Com a Palavra de Deus como base, posso
testificar que nós, que cremos em Cristo, temos uma
só posição com o Deus Triúno, uma só vida com Ele,
um só viver com Ele e um só destino e glória com Ele.
Primeira João 4:15 diz: “Aquele que confessar
que Jesus é o Filho ele Deus, Deus permanece nele, e
ele, em Deus”. Que é isso senão o mesclar de Deus
com o homem? Deus habita em nós e nós habitamos
Nele. Com certeza, isso se refere à mescla dos cristãos
com o Deus Triúno. Além disso, 1 João 4:13 diz:
“Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele, em
nós: em que nos deu do seu Espírito”. Louvado seja o
Senhor porque somos um com o Deus Triúno e
estamos mesclados com Ele! Com Ele temos uma só
posição, uma só vida, um só viver, um só destino e
uma só glória.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM SESSENTA

CRISTO É TODOS OS MEMBROS E ESTÁ EM TODOS


OS MEMBROS NO NOVO HOMEM

Leitura Bíblica: Cl 3:5-11; 1Co 12:12-13; Gl 3:27-28


No segundo capítulo de Colossenses vemos que
Cristo é o mistério de Deus (v. 2), a corporificação da
plenitude da Deidade (v. 9), e a realidade de todas as
coisas positivas (vs. 16-17). Sendo a própria
corporificação de Deus, Ele é a realidade de todas as
coisas positivas para o nosso desfrute. Quando O
desfrutamos dessa maneira, logo percebemos que Ele
é a Cabeça do Corpo (v. 19). Em 3:4 Paulo, então, diz
que Cristo é a nossa vida. Na mensagem anterior
ressaltamos que somos um com Cristo em posição,
vida, viver, destino e glória.

EXPERIMENTAR CRISTO COMO A NOSSA


VIDA
Precisamos prestar muita atenção à vida em 3:4.
Paulo diz que Cristo é a nossa vida. Nada está mais
intimamente relacionado conosco do que a vida. Na
verdade, a nossa vida somos nós mesmos. Se não a
tivéssemos, deixaríamos de existir. Dizer que Cristo
tornou-se a nossa vida significa que se tornou nós.
Senão, como pode ser a nossa vida? A nossa vida não
pode ser separada da nossa pessoa. Uma vez que
Cristo é a nossa vida, Ele não pode ser separado de
nós. Visto que a nossa vida somos nós mesmos, e
Cristo é a nossa vida, podemos dizer que Cristo
tornou-se nós. Entretanto, dizer isso não é deificar a
nós mesmos nem ensinar “evolução a Deus”.
Não devemos parar no conhecimento doutrinário
de que Cristo é a nossa vida. Ele deve ser a nossa vida
na experiência e prática. Dia após dia precisamos
experimentá-Lo como a nossa vida. Cristo deve ser a
nossa vida interior, e nós devemos ter uma só vida e
um só viver com Ele.
Palavras humanas não conseguem expressar
adequadamente o que significa Cristo ser a nossa
vida. Isso é uma questão que podemos compreender,
mas falta-nos palavras para expressar. Contudo,
embora não consigamos defini-la plenamente,
podemos experimentá-la. Não somos capazes de
definir nem descrever em detalhes nem mesmo a vida
física. Todos temos vida, mas não conseguimos
explicar o que é. Se até mesmo a vida física é
misteriosa, quanto mais Cristo como a nossa vida!
Deus é o Criador da vida, a única fonte de vida.
Embora não consigamos definir a vida ou
compreendê-la totalmente, por certo podemos
experimentá-la e desfrutá-la. Assim como não
conseguimos negar a nossa vida física, também não
conseguimos negar que Cristo é a nossa vida. Aleluia,
tenho Cristo como a minha vida! Visto que temos
outra vida, isto é, Cristo como a nossa vida, podemos
ter outro tipo de viver. Essa vida é Cristo em nós
como esperança da glória (1:27). Cristo é a nossa vida
hoje e a esperança da glória para o futuro.

O DESFRUTE DO NOVO HOMEM


Em 3:10-11 Paulo fala do novo homem, que
provém de Cristo como o mistério de Deus para o
nosso desfrute. Quando desfrutamos Cristo como o
mistério de Deus, a corporificação de Deus e a
realidade de todas as coisas positivas, o primeiro
resultado é o Corpo de Cristo. Então temos a
percepção e a experiência de que Cristo é a nossa vida
e vivemos com Ele. Por fim, o resultado é um homem
corporativo: o novo homem.
Recentemente, irmãos de mais de cinqüenta
igrejas reuniram-se para ter comunhão. Enquanto
estávamos ali, tive o sentimento de que éramos um só
novo homem, e não uma sociedade ou organização.
Admitimos que ainda carecemos muito de Cristo na
experiência. Mas até mesmo o tanto de Cristo que
temos capacitou-nos a ter um bom desfrute do novo
homem. Temos experiência semelhante quando
irmãos de vários países se reúnem. Embora falemos
línguas diferentes e necessitemos de tradução, ainda
temos a sensação de que somos um só novo homem.
Mesmo com a experiência atual de Cristo, temos
percepção do novo homem corporativo. Esse novo
homem é o resultado da experiência de Cristo como a
realidade de todas as coisas positivas, a
corporificação de Deus e o mistério de Deus. Se
alguns entre nós não têm experiência e desfrute de
Cristo, serão um empecilho para a comunhão. Mas
todos temos algum desfrute de Cristo. Podemos falar
várias línguas, mas o desfrute é o mesmo, um
desfrute que nos capacita a entender-nos
mutuamente e a experimentar o novo homem. O
desfrute de Cristo resulta no novo homem.
Em Colossenses 2 e 3 temos Cristo como o
mistério de Deus. Esse Cristo torna-se o nosso
desfrute, e esse desfrute resulta primeiro no Corpo e
depois no novo homem. A seqüência aqui
corresponde à experiência. Quando desfrutamos
Cristo como a realidade de todas as coisas positivas,
passamos a ter consciência do Corpo. Isso indica que
o desfrute de Cristo resulta no Corpo de Cristo. Então,
à medida que prosseguimos experimentando Cristo
como a nossa vida e temos um só viver, destino e
glória com Ele, o resultado é não apenas a igreja como
o Corpo de Cristo, mas como o novo homem. Repito,
quando experimentamos Cristo como a realidade de
todas as nossas necessidades diárias, o resultado é a
vida do Corpo. Mas, quando experimentamos Cristo
como a nossa vida, o resultado é um novo homem.

VIVER JUNTAMENTE COM CRISTO


Se desfrutarmos Cristo como a realidade de todas
as coisas positivas, nós O tomaremos como comida,
bebida, veste, transporte e moradia. Se ainda O
desfrutarmos e experimentarmos como a vida
misteriosa em nós e vivermos juntamente com Ele,
buscaremos as coisas do alto, as coisas no céu, onde
Cristo intercede, ministra e administra a economia de
Deus. Cristo no céu é muito ativo, mais ocupado até
mesmo do que quando estava na terra. Ele intercede
por nós, pastarei a as igrejas e ministra a milhões de
santos. Sendo o Sumo Sacerdote no céu, Ele intercede
por nós. Visto que temos tal Sumo Sacerdote,
“acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao
trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e
acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”
(Hb 4:16). Enquanto intercede por nós, Cristo nos
supre de vida celestial. Ele é o Ministro celestial que
ministra nos céus (Hb 8:1-2). De acordo com
Apocalipse 5:6, como o Cordeiro no trono, Cristo
executa a administração universal de Deus. Uma vez
que Ele é tão ativo por nós nos céus, devemos buscar
as coisas do alto e pensar nelas. Sim, precisamos
desfrutar Cristo como nosso alimento, bebida, veste e
tudo para a existência diária. Mas ainda precisamos
buscar as coisas lá do alto.
Buscar as coisas do alto e pensar nelas é viver
Cristo, ter um só viver com Ele. Quando Cristo ora no
céu, devemos orar na terra. Isso quer dizer que há
uma transmissão entre Cristo orando no céu e nós
orando na terra, por meio da qual podemos orar em
unidade com Ele. Reagimos na terra à oração de
Cristo no céu. Nenhum de nós deve ficar ocioso.
Todos temos a responsabilidade de reagir à
transmissão celestial de Cristo. Precisamos viver
juntamente com Ele buscando as coisas lá do alto e
pensando nelas. Cristo no céu intercede, ministra e
administra, e nós na terra reagimos à atividade de
Cristo no céu.
Jovens, não pensem que são jovens demais para
cooperar com o ministério celestial de Cristo. Até
mesmo adolescentes podem buscar as coisas do alto.
C. H. Spurgeon começou a ministrar em sua vila com
apenas dezessete anos, e aos dezenove foi convidado
para falar a uma congregação batista em Londres.
Mesmo jovem, ele procurava executar na terra a obra
que Cristo realizava no céu. Se Spurgeon pôde
começar a servir o Senhor quando jovem, os jovens
nas igrejas hoje podem fazer o mesmo.
Todos podemos experimentar Cristo como a
satisfação de nossas necessidades diárias e também
desfrutá-Lo buscando as coisas do alto. Quanto mais
desfrutarmos Cristo como a realidade das coisas
positivas na vida diária, mais esse desfrute nos levará
à vida da igreja, à vida do Corpo. Mas ainda devemos
desfrutar Cristo como a nossa vida e viver com Ele,
tendo com Ele um só viver. Cristo hoje vive nos céus
para interceder pelas igrejas, ministrar o suprimento
de vida celestial aos santos e executar a
administração de Deus. Contudo, a maioria dos
cristãos não reage ao viver de Cristo nos céus. Eles
são como rádios desligados ou não sintonizados para
receber a transmissão das ondas de rádio no ar.
Embora Cristo esteja no céu ministrando e
transmitindo, muitos cristãos não reagem ao Seu
ministério nem recebem Sua transmissão. Somos
gratos ao Senhor porque muitos nas igrejas locais
hoje têm o receptor aberto e funcionando. Quando
sentem que Cristo ora no céu por uma questão, eles se
juntam a Ele e oram na terra por essa mesma
questão. Por exemplo, sentindo que o Senhor está
orando pela igreja em Acra, Gana, eles se juntam a
Ele para orar pela igreja ali. Orar com Cristo dessa
maneira é ter um só viver com Ele.

FAZER MORRER, DESPOJAR-SE, DESPIR-SE


E REVESTIR-SE
Buscar as coisas lá do alto e ter um só viver com
Cristo resultam na igreja como o novo homem. De
acordo com a seqüência em Colossenses 3, primeiro
experimentamos Cristo como a nossa vida e vivemos
juntamente com Ele. Então, de acordo com 3:5-9,
fazemos morrer nossos membros na terra e nos
despimos do velho homem com suas práticas. Em
seguida, revestimo-nos do novo homem (v. 10). Paulo
nos exorta no versículo 5: “Fazei, pois, morrer”; no
versículo 8 “despojai-vos” de determinadas coisas
negativas; no versículo 9 “vos despistes do velho
homem com os seus feitos”. De acordo com o
versículo 5, devemos fazer morrer as concupiscências
do corpo caído. Conforme o versículo 8, devemos
despojar-nos das coisas malignas da alma caída. Por
fim, segundo o versículo 9, devemos despir-nos do
velho homem como um todo. Despir-se do velho
homem é como tirar uma roupa velha. Somente
vivendo juntamente com Cristo podemos realizar
essas coisas. Quando vivemos juntamente com Ele
conseguimos despir-nos das concupiscências da
carne, dos aspectos malignos da alma caída e da
totalidade do velho ser. Então, positivamente,
podemos revestir-nos do novo homem. Vi vendo
juntamente com Cristo, experimentando-O como a
nossa vida e buscando as coisas lá do alto, nós nos
despojamos de todas as coisas negativas e nos
revestimos do novo homem. Só nos revestimos do
novo homem vivendo com Cristo, desfrutando-O
como a nossa vida e buscando as coisas do alto.

OCUPADOS COM OS INTERESSES DO


NOSSO SENHOR
Se buscarmos as coisas lá do alto e tivermos um
só viver com Cristo, seremos totalmente ocupados
com os interesses do nosso Senhor. Nosso coração
estará com Ele no céu, onde Ele intercede pelas
igrejas, supre os santos e administra o governo de
Deus. Essa será nossa preocupação e desejo. Se
tomarmos Cristo como vida e buscarmos as coisas do
alto desse modo, faremos morrer os membros
concupiscentes, os elementos malignos da alma caída
serão despojados e o velho homem será despido.
Além disso, automaticamente nos revestiremos do
novo homem.
Para nós, Colossenses não deve ser somente um
livro de doutrina, mas de experiência. Embora o
Cristo revelado nesse livro seja profundo, vasto e
todo-inclusivo, ainda assim podemos
experimentá-Lo. Podemos desfrutá-Lo como nossas
necessidades diárias, tomá-Lo como a nossa vida e
viver juntamente com Ele. Além disso, podemos
buscar as coisas do alto e pensar nelas. Você não
aspira ser um com o Senhor nos lugares celestiais e
ter o coração unido ao Dele? Você não anela ser um
com Ele em Seu sacerdócio, ministério e
administração? Gostaria de encorajar especialmente
todos os jovens a se importar com o propósito de
Deus, buscando as coisas do alto e vivendo
juntamente com Cristo.
Esperamos que mediante o desfrute de Cristo o
novo homem surgirá e será expresso de maneira
prática. Não queremos o novo homem apenas em
doutrina, mas em realidade e prática. O novo homem
não vem a existir pelo caminho da organização. Algo
organizado pode ser uma sociedade ou religião, mas
não o novo homem. O novo homem surge somente ao
tomarmos Cristo como a nossa vida e vi vermos
juntamente com Ele.
É maravilhoso desfrutar Cristo como a realidade
das necessidades diárias, mas é ainda muito mais
maravilhoso tomá-Lo como a nossa vida e viver
juntamente com Ele. Posso testificar que quanto mais
vivermos Cristo e fizermos de Sua preocupação a
nossa, mais felizes seremos. Minha única
preocupação é a restauração do Senhor com todas as
igrejas e todos os santos. Meu desejo é que os santos
experimentem Cristo e cresçam em vida. Não tenho
outro encargo ou preocupação. Estou totalmente
ocupado com o propósito de Deus. Porquanto sou
tomado da preocupação de Cristo, estou muito feliz.
Não há espaço em mim para coisas negativas. Estar
ocupado com os interesses do Senhor torna-me muito
saudável.
Estou feliz por haver tantos jovens na
restauração do Senhor; ela certamente tem um futuro
glorioso. Todos precisamos importar-nos com os
interesses do Senhor. Enquanto Ele ora no céu,
reagimos em oração na terra. Assim experimentamos
a transmissão entre Cristo e nós, uma transmissão
que nos fará contentes e repletos de alegria. Cristo
opera nos céus, e nós, na terra. Dessa forma, não só
desfrutamos Cristo como a realidade do que
precisamos, mas também O tomamos como a nossa
vida e temos um só viver com Ele.
O nosso viver com Cristo não é sem meta; ele tem
um propósito definido: ser um com Cristo em Sua
intercessão pelas igrejas, em Seu ministério do
suprimento de vida celestial aos santos e em Sua
administração do governo de Deus. Já ressaltamos
muitas vezes que o resultado de viver juntamente
com o Senhor de tal forma é o novo homem. Não
podemos produzir o novo homem por meio de
organização. O novo homem é o resultado
espontâneo de tomar Cristo como a nossa vida e
vivê-Lo.
O desejo do coração de Deus é ter o novo homem.
Esse foi Seu plano na eternidade passada e é o motivo
de ter criado o universo e realizado a redenção por
nós em Cristo. A pregação do evangelho e a nova
criação são igualmente para o novo homem. Chegou o
tempo de Deus ter o novo homem expressado na
terra. Se tomarmos Cristo como a nossa vida e
vivermos juntamente com Ele, o novo homem surgirá
para satisfazer o desejo de Deus.
CRISTO É TODOS OS MEMBROS
No novo homem Cristo é todos os membros. A
esse respeito, Paulo diz em 3:11: “No qual não pode
haver grego nem judeu, circuncisão nem
incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém
Cristo é tudo em todos”. [Segundo o original grego,
Cristo é tudo e em todos.] Isso quer dizer que no novo
homem não há lugar nem espaço para nenhuma
pessoa natural. Não há lugar para distinções
regionais, culturais ou nacionais. Por exemplo, no
novo homem não pode haver chineses ou americanos,
californianos ou texanos. Do mesmo modo, no novo
homem não há espaço para judeu ou grego, para
religiosos ou não religiosos, para pessoas
pertencentes a uma cultura superior ou inferior, para
livres ou escravos. Não há lugar para nenhuma raça,
nacionalidade, cultura ou posição social; só há espaço
para Cristo. Ele é todos os membros do novo homem.
Talvez você se pergunte como Cristo pode ser
tudo no novo homem. Para que isso seja realidade,
precisamos tomá-Lo como a nossa vida e vivê-Lo, e
não a nós mesmos. Se Cristo for o viver de todos os
santos, somente Ele estará no novo homem. Os que
moram nos Estados Unidos já não viverão uma vida
americana e os que moram no Japão não já viverão
uma vida japonesa. Todos os santos, seja qual for a
nacionalidade, viverão Cristo. Então, de maneira real
e prática, Cristo será todos os membros do novo
homem. Cristo será você e eu. Porquanto todos
vivemos Cristo e não a nós mesmos, Cristo será todos
nós, todos os membros do novo homem.
Nas igrejas locais não estamos preocupados em
ajudar os outros a aperfeiçoar a vida natural;
desejamos ajudá-las a crucificar a pessoa natural e
sepultá-la, para viver Cristo. A morte da pessoa
natural nos conduzirá à ressurreição, onde podemos
tomar Cristo como vida. Posso testificar que quanto
mais experimento a crucificação com Cristo, mais
tomo Cristo como a minha vida em ressurreição e O
vivo.
Não importa quanta oposição recebamos da
religião; tenho certeza de que o novo homem surgirá.
Os santos estão aprendendo a viver Cristo e
constituindo-se Dele. Reunião após reunião Cristo é
trabalhado no interior dos santos. Posso testificar que
alguns irmãos, que conheço há anos, estão sendo
gloriosamente constituídos de Cristo. Eles de fato
experimentam a transformação do Senhor. Nada me
dá mais alegria do que ver os santos tomando Cristo
como vida, vivendo-O e buscando as coisas do alto
para o cumprimento do propósito eterno de Deus.

CRISTO EM TODOS OS MEMBROS


Em 3:11 Paulo diz não somente que Cristo é
todos, mas também que Ele está em todos (lit.). Em
outras palavras: por um lado, Cristo é todos os
membros, e por outro, está em todos os membros. Se
Paulo diz que Cristo é todos, por que há a necessidade
de ele dizer que Cristo está em todos? Se não dissesse
que Cristo está em todos, mas somente que Ele é
todos, então poderíamos achar que no novo homem
Cristo é necessário e nós não. Não devemos pensar
que, por Cristo ser todos os membros no novo
homem, nós não somos nada e não somos
necessários. Por um lado, a Bíblia nos diz que no novo
homem não há lugar para a pessoa natural, pois
Cristo é todos os membros. Ainda assim, por outro,
Paulo diz que Cristo está nos membros. O fato de
Cristo estar nos membros do novo homem indica que
os membros ainda existem.
Quando tomamos Cristo como a nossa vida e
vivemos juntamente com Ele, buscando as coisas do
alto, temos a profunda sensação de que somos um
com Cristo e Cristo é nós. Mas ao mesmo tempo
temos uma sensação ainda mais profunda de que
Cristo está em nós. Portanto, ambos são verdade:
podemos dizer que Cristo está em nós e “é nós”.
Somos parte do novo homem com Cristo em nós.
Continuamos a existir, mas não sem Cristo, pois
somos habitados por Ele. Agora podemos
regozijar-nos e dizer ao Senhor: “Senhor Jesus,
quando Te tomo como minha vida e vivo juntamente
Contigo, Tu és eu. Sou totalmente um Contigo.
Contudo, Senhor, ainda estou aqui, pois Tu estás em
mim. Estou aqui, mas Contigo”. De acordo com a
experiência, todos podemos dar tal testemunho.
Quando vivemos Cristo e somos um com Ele,
dizemos: “Senhor Jesus, esse não sou eu; és Tu”.
Entretanto, ao mesmo tempo, temos a sensação de
que estamos com o Senhor e Ele, em nós.
No novo homem Cristo é todos e também está
em todos. Que maravilha! Isso é experimentar Cristo
não só como a realidade do que precisamos
diariamente, mas tê-Lo como a nossa vida e ser um
com Ele nos interesses divinos. Quando somos um
com Ele desse modo, Ele se torna nós, e vivemos com
Ele em nós. Nós vivemos, porém não sozinhos, mas
com Cristo em nós. Creio que a intenção do Senhor é
que dia após dia tenhamos mais experiência disso,
tomando Cristo como a nossa vida, vivendo
juntamente com Ele, buscando as coisas do alto e
coordenando-nos com Ele para levar a cabo o
propósito eterno de Deus. Então seremos todos
capazes de dizer que, para nós, viver é Cristo e Cristo
vive em nós.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM SESSENTA E UM

UM COM CRISTO NAS COISAS LÁ DO ALTO

Leitura Bíblica: Cl 3:1-3; Hb 4:14; 7:24-26; 8:1-2


Ao escrever epístolas como Efésios e
Colossenses, Paulo primeiro apresenta uma
revelação, principalmente de Cristo e a igreja, e
depois fala do andar cristão. Os três primeiros
capítulos de Efésios abordam a revelação acerca da
igreja. Os três capítulos seguintes dizem respeito ao
andar digno do chamamento de Deus. Do mesmo
modo, os dois primeiros capítulos de Colossenses
apresentam uma revelação profunda do Cristo vasto e
todo-inclusivo, ao passo que os dois últimos abordam
o andar cristão adequado.
Em Colossenses 1 e 2 Paulo aborda muitos
aspectos do Cristo todo-inclusivo: Cristo é a herança
dos santos, a imagem do Deus invisível, o
Primogênito de toda a criação, o Primogênito de entre
os mortos e o mistério de Deus. De acordo com 1:27,
tal Cristo habita em nós como nossa esperança da
glória.
Colossenses 3:1 diz: “Portanto, se fostes
ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas
lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de
Deus”. O fato de Paulo usar a palavra “portanto”
nesse versículo indica que os capítulos três e quatro
são o resultado dos capítulos um e dois e se baseiam
neles. Depois de apresentar tantas verdades
maravilhosas acerca de Cristo, Paulo nos diz que,
portanto, devemos buscar as coisas do alto, onde
Cristo está.
Em 3:3 Paulo diz que nossa vida “está oculta
juntamente com Cristo, em Deus”. Repare que ele não
diz que nossa vida está oculta com Cristo no céu, mas
em Deus, na Pessoa divina viva. Isso indica que o
próprio Deus é o âmbito, a esfera, no qual devemos
viver e andar.

CINCO QUESTÕES CRUCIAIS


Nesta mensagem veremos que somos um com
Cristo nas coisas do alto. Nas mensagens seguintes
consideraremos a renovação do novo homem, a paz
de Cristo como árbitro, a palavra de Cristo habitando
em nós e a perseverança na oração. Se formos um
com Cristo nas coisas do alto, teremos a renovação do
novo homem. Então, de forma prática, o novo homem
se tornará real por meio da paz de Cristo como
árbitro. Então teremos a palavra de Cristo habitando
em nós e perseveraremos em oração. Esses cinco
tópicos são cruciais nos capítulos três e quatro de
Colossenses; se fossem removidos, faltaria substância
a esses capítulos.
Essas cinco questões importantes têm muito a
ver com o andar cristão. Elas são muito diferentes dos
ensinamentos éticos comumente pregados aos
cristãos, que os exortam a aperfeiçoar o
comportamento, ser bons, submissos e amáveis. Sem
dúvida, essas coisas estão na Bíblia. Contudo, podem
facilmente ser entendidas conforme o conceito
natural. A mente natural jamais poderia conceber
questões como ser um com Cristo nas coisas do alto,
experimentar a renovação do novo homem ou ter a
paz de Cristo como árbitro. É claro, em Colossenses
Paulo tem algo a dizer sobre maridos e mulheres,
senhores e servos, pais e filhos. Mas o que ele diz está
relacionado com o novo homem, a paz de Cristo, a
palavra de Cristo e perseverar em oração.

A NOSSA INCAPACIDADE DE CUMPRIR OS


REQUISITOS DE DEUS
Quem é casado sabe como é difícil ao marido
amar de fato a mulher, e à mulher ser realmente
submissa ao marido. É extremamente difícil ser um
cônjuge adequado. É difícil até mesmo ser um ser
humano. Como o homem foi criado para expressar
Deus e representá-Lo, ser um homem adequado é ser
a expressão e representação de Deus. Contudo, já é
difícil representar outra pessoa ou uma organização;
muito mais difícil ainda é representar Deus. Se já é
difícil ser um ser humano apropriado, quanto mais
ser um cristão, especialmente um cristão que vive
Cristo. Paulo podia dizer: “Para mim, o viver é Cristo”
(Fp 1:21). Quem entre nós pode dizer isso? Se virmos
o padrão de Deus, teremos vontade de desistir, pois
perceberemos que em nós mesmos não conseguimos
satisfazer os requisitos de Deus. Embora seja
impossível para nós, em nós mesmos, estar à altura
do padrão de Deus, com Cristo isso é possível.
Quando temos a percepção de que não conseguimos
cumprir os requisitos de Deus, podemos abrir-nos
para receber graça. Graça é o Deus Triúno entrando
em nós para expressar a Si mesmo, representar a Si
mesmo e viver em nós e por meio de nós.
Experimentar a graça de Deus dessa forma é
totalmente diferente de tentar aperfeiçoar o
comportamento ou tentar em nós mesmos satisfazer
os requisitos de Deus.
No Estudo-Vida de Êxodo ressaltamos que, em
Sua salvação, Deus não deseja que façamos algo nem
que sejamos algo. Em vez disso, Ele quer fazer tudo
por nós e ser tudo para nós. Isso é indicado pelo fato
de, após ter tirado os filhos de Israel do Egito, Ele ter
mudado a dieta deles. Quando estava no Egito, o povo
de Deus tinha uma dieta egípcia: carne, peixe,
cebolas, pepinos e alho. Isso fez com que se
tornassem egípcios em sua constituição. Eles eram
uma composição da comida egípcia que haviam
comido. Mas em Êxodo 16 Deus proveu o maná para
os filhos de Israel; sua dieta deveria mudar de comida
egípcia para comida celestial. O maná é símbolo de
Cristo como nosso suprimento de vida. Se nos
alimentarmos de Cristo, tipificado pelo maná,
seremos constituídos de Cristo. Desse modo, nossa
constituição será mudada, e a carne será eliminada
real e completamente.
Não devemos achar que em nós mesmos
podemos ser cônjuges adequados. Entretanto, Aquele
que veio para viver em nós é capaz disso; Ele é Cristo,
nossa esperança da glória.

COM CRISTO EM DEUS


No capítulo três, Paulo diz ainda que estamos
com Cristo em Deus. Primeiro Cristo está em nós,
mas por fim nós estamos com Cristo em Deus. Além
disso, de acordo com 3:4, o Cristo que habita em nós
é a nossa vida. Interiormente temos Cristo como vida
e exteriormente temos Deus como âmbito e esfera. Às
vezes tenho a sensação, ao andar de carro, de que
estou andando em Deus. Ele é a esfera na qual
vivemos e andamos. O Cristo que habita em nós é
vida, mas o Deus no qual estamos ocultos com Cristo
é a esfera do nosso viver. Devemos ser capazes de
testificar que não vivemos na terra e nem somente
nos céus, mas em Deus.
Em nós mesmos não é possível estar em Deus. Só
podemos estar ocultos em Deus com Cristo. Muitos
receberam ajuda para enxergar que, mediante a
encarnação, crucificação e ressurreição de Cristo,
Deus foi trabalhado em nós. Mas poucos vêem
claramente que também fomos introduzidos em
Deus. Já que Deus está em nós e nós, Nele, há um
trânsito de mão dupla entre Deus e nós. Por um lado,
Colossenses nos diz que Cristo está em nós; isso
indica que Deus foi trabalhado em nosso interior.
Visto que Cristo está em nós, Deus foi trabalhado em
nós. Mas o capítulo três nos diz que estamos com
Cristo em Deus. Isso indica que fomos introduzidos
em Deus. Portanto, Deus está agora em nós como
nossa vida, e nós estamos em Deus como a esfera do
nosso viver.
Devemos louvar o Senhor não só porque o Deus
Triúno está em nós, mas também porque estamos no
Deus Triúno. Cristo veio por meio da encarnação
introduzir Deus em nós e retomou para Deus pela
crucificação e ressurreição para nos introduzir em
Deus. Em relação a esse trânsito de mão dupla, não
devemos ser restringidos pelo conceito natural. É
crucial ver que Cristo veio tanto para trabalhar Deus
em nós como para nos introduzir em Deus.
Já que fomos introduzidos em Deus e estamos
ocultos com Cristo em Deus, Deus deve ser a esfera
do nosso viver. Se vivermos e andarmos em Deus,
seremos celestiais. Contudo, em Colossenses Paulo
não fala do céu, nem usa a palavra celestial; ele
menciona as coisas do alto. Precisamos buscar as
coisas do alto e pensar nelas.

NÃO SER DISTRAÍDOS PELOS


RUDIMENTOS DO MUNDO
A palavra “portanto” em 3:1 indica que
precisamos olhar para os capítulos um e dois, já que o
que Paulo diz nos capítulos três e quatro se baseia no
que ele abordou nos dois primeiros capítulos. De
acordo com os capítulos um e dois, os colossenses
haviam sido distraídos e davam atenção aos
rudimentos do mundo (2:8). Esses rudimentos
incluíam as observâncias judaicas, a filosofia
gnóstica, o misticismo e o ascetismo. Paulo queria
que eles vissem que todos esses ismos são rudimentos
do mundo e os santos não devem ser distraídos por
eles. Uma vez que Cristo foi trabalhado em nós para
ser a nossa vida, e uma vez que fomos introduzidos
em Deus, onde a nossa vida está oculta com Cristo,
não devemos mais ocupar-nos com os rudimentos do
mundo. Em vez disso, devemos permanecer em Deus
e buscar as coisas do alto. Deus é nossa esfera. Já que
Ele é o âmbito no qual vivemos e andamos, não
devemos mais importar-nos com os rudimentos do
mundo.

UM POVO PECULIAR
Pelos escritos de Paulo podemos ver que os
cristãos são um povo peculiar, que não precisa de
ensinamentos religiosos ou admoestações éticas. O
que torna os cristãos peculiares é ter Cristo neles
como vida e ter Deus, a Pessoa viva, como esfera.
Confúcio era ético, mas não peculiar dessa forma.
Devemos louvar o Senhor pois não somos comuns,
mas peculiares. Os jovens podem precisar testificar
aos pais que têm Cristo neles e estão com Cristo em
Deus.
Se tivermos a visão, a revelação, de que Cristo
está em nós como nossa vida e estamos em Deus
como nossa esfera, nós mudaremos. Perceberemos
que não temos necessidade de ensinamentos
religiosos ou éticos. Que necessidade temos dos
rudimentos do mundo, do judaísmo, gnosticismo,
misticismo ou ascetismo? Não somos comuns; temos
Cristo e estamos em Deus. Que bom seria se marido e
mulher testificassem um ao outro que são peculiares
porque têm Cristo e vivem em Deus. Se marido e
mulher tivessem tal percepção e falassem sobre isso
um ao outro, não haveria lugar para discussão ou
para expressar opiniões. Oh! que todos percebamos
que, segundo a Bíblia, Cristo está em nós como nossa
esperança da glória, e com Cristo estamos ocultos em
Deus! Agora precisamos viver e andar em Deus. Que
revelação poderia ser mais elevada ou preciosa que
essa? Que, dia após dia, desfrutemos e
experimentemos ter Cristo em nós e estar com Cristo
em Deus.

OS DOIS MINISTÉRIOS DE CRISTO


Tendo isso como fundamento, estamos agora
preparados para considerar o que significa ser um
com Cristo nas coisas do alto. As coisas do alto estão
relacionadas com o segundo dos dois ministérios de
Cristo. O primeiro aspecto do ministério de Cristo foi
na terra. Estendendo-se por trinta e três anos e meio,
esse ministério começou com a encarnação e foi
concluído com a crucificação. Nos anos em que esteve
na terra, Cristo realizou muito em Seu ministério. Por
meio da morte na cruz Ele realizou a redenção por
nós. Todos os cristãos estão familiarizados com o
ministério terreno de Jesus e o apreciam muito, pois
fomos salvos por ele.
Embora o ministério terreno de Cristo tenha sido
importante, ele não é o aspecto principal. A parte
principal é o Seu ministério no céu. Pelo ministério
terreno, Ele nos redimiu, salvou e regenerou; mas
pelo ministério celestial Ele hoje edifica a igreja. O
Corpo de Cristo precisa do ministério celestial de
Cristo, o ministério de Cristo lá no alto a fim de ser
edificado.
Cristo hoje está mais ocupado no céu do que
quando estava na terra. Há muitos anos
ensinaram-me que, quando terminou a obra
redentora, Cristo ascendeu ao céu, onde agora
descansa, aguardando até que Seu inimigo seja feito
estrado dos Seus pés. Conforme esse ensinamento, a
obra de Cristo terminou e Ele não tem mais nada para
fazer. Embora a princípio tenha aceitado esse
ensinamento, mais tarde aprendi que ele apresenta
apenas parte da verdade. Sim, no tocante ao
ministério terreno de Cristo para a redenção, a obra
terminou, e Ele agora descansa. Não há necessidade
de fazer mais nada para nos redimir. Contudo, o
objetivo de Deus não é apenas redimir-nos e
regenerar-nos; Seu objetivo é ter a igreja, o Corpo, a
Noiva. Esse alvo é mais difícil de alcançar do que a
redenção. A obra de Cristo na terra para a redenção
durou, no máximo, trinta e três anos e meio. Mas Sua
obra para a edificação do Corpo tem prosseguido por
mais de dezenove séculos, e ainda não está completa.
Cristo certamente tem muito que fazer no céu.
INTERCEDER E SUPRIR
Talvez você se pergunte o que o Senhor Jesus faz
no céu para atingir o alvo da edificação do Seu Corpo.
De acordo com Hebreus, Cristo hoje é o Sumo
Sacerdote e o Ministro celestial (2:l7; 4:14; 7:26;
8:1-2). Como o Sumo Sacerdote Ele intercede por nós
e como o Ministro celestial Ele nos supre das riquezas
de Deus. Em Sua intercessão, Cristo nos conduz
juntamente com nossa necessidade a Deus. Em Seu
ministério, Ele nos traz as riquezas de Deus.
O ministério celestial de Cristo tem muito a ver
com nossa vida prática. Já ressaltamos que é difícil
ser um bom marido na vida da igreja. Percebendo as
deficiências, muitos irmãos podem confessar ao
Senhor que simplesmente não conseguem ser um
marido adequado. Toda vez que um irmão admite sua
necessidade ao Senhor dessa forma, o Senhor, como o
Sumo Sacerdote, intercede por ele e leva sua
necessidade a Deus. Então, como o Ministro celestial,
Ele o supre de tudo o que é necessário para ser um
bom marido. Em relação a Deus, Cristo é o Sumo
Sacerdote para nós; em relação a nós, Ele é o Ministro
celestial de Deus. Visto que Cristo intercede por nós e
nos ministra Suas riquezas, um irmão pode descobrir
que, assim que confessa que não consegue ser um
bom marido, ele tem a doce sensação e a profunda
convicção interior de que pode ser um bom marido.
Essa doce certeza interior vem do ministério celestial
de Cristo, da Sua oração por nossa necessidade e do
Seu ministério do rico suprimento de vida ao nosso
interior.
Eu o encorajo a dizer ao Senhor que
simplesmente não consegue fazer certas coisas. Isso
estimulará o Senhor a orar por você. Por exemplo,
após uma derrota você pode confessar: “Senhor, eu
não consigo ser santo”. Ele logo intercederá por você
e lhe ministrará Suas riquezas. Assim haverá uma
transmissão, uma transação e um trânsito espiritual
entre Deus e você por causa do ministério de Cristo
como Sumo Sacerdote e Ministro. Como
conseqüência desse ministério, você terá a sensação
interior de que, embora em si mesmo não consiga ser
santo, Nele você consegue.

RENOVADOS POR BUSCAR AS COISAS LÁ


DO ALTO
As coisas do alto mencionadas em Colossenses 3
são relacionadas com o ministério celestial de Cristo,
o ministério de Cristo como nosso Sumo Sacerdote e
Ministro de Deus. Não devemos ocupar-nos com as
coisas terrenas e os rudimentos do mundo; devemos
perceber que estamos ocultos com Cristo em Deus.
Devemos então buscar as coisas lá do alto e pensar
nelas. Devemos pensar na intercessão de Cristo e no
Seu ministério para a edificação do Seu Corpo.
Quando buscarmos as coisas do alto, o novo
homem será renovado de forma plena. Num sentido
muito prático, o novo homem vem a existir quando
buscamos as coisas do alto. Portanto, para o novo
homem ser expresso na terra precisamos ver Cristo
como Sumo Sacerdote e Ministro celestial, e também
experimentar o trânsito de mão dupla entre o Cristo
celestial e nós.

REAGIR AO MINISTÉRIO CELESTIAL DE


CRISTO
Precisamos reagir ao ministério celestial de
Cristo. Por séculos Ele tem tentado, sem sucesso
adequado, ter um povo que reaja ao Seu ministério
nos céus. Pela Sua misericórdia e graça, há na terra
hoje um grupo de pessoas na restauração do Senhor
reagindo ao Seu ministério celestial. Devemos
dizer-Lhe que somos um com Ele nesse ministério.
Dia e noite precisamos reagir ao Cristo que está acima
de tudo. Quando reajo, dizendo: “Amém, Senhor”,
tenho a profunda convicção interior de que Cristo
intercede e ministra, que transmite Suas riquezas ao
meu interior e infunde em mim o elemento de Deus.
Por causa dessa transmissão e infusão, sou
preenchido e estimulado a favor dos interesses do
Senhor. Às vezes fico tão extasiado de alegria que
nem sei o que fazer. Isso é o significado de buscar as
coisas lá do alto.
Se buscarmos as coisas do alto e formos um com
Cristo nelas, não nos importaremos com religião,
filosofia ou ensinamentos éticos, que são todos
rudimentos do mundo. Em vez disso, cuidaremos
somente da intercessão de Cristo a favor de Seu
Corpo e da transmissão de Suas riquezas aos Seus
membros. Tenho plena certeza de que muitos santos
nas igrejas experimentam a transfusão das riquezas
de Cristo. Visto que temos tal transfusão, não
precisamos de ética, cultura humana ou religião; só
precisamos de mais e mais união com Cristo em Seu
ministério celestial. Graças ao Senhor por Sua
intercessão e ministério, e pelo trânsito entre o céu e
a terra!
Precisamos ficar impressionados com o fato de
que o Cristo que está no céu está muito ocupado.
Considere quantas igrejas Ele apascenta fio mundo
inteiro. O ministério de Cristo no céu é totalmente
para a edificação do Corpo e a formação da Noiva.
Entretanto, esse ministério requer nossa reação.
Precisamos tornar-nos na terra o reflexo desse
ministério celestial. Quando buscamos as coisas do
alto, reagimos ao ministério celestial do Senhor e o
refletimos. Nossa experiência testifica isso. Se em
oração estivermos dispostos a esquecer questões
insignificantes e cuidar das coisas lá do alto, teremos
consciência do trânsito entre nós e Cristo no céu.
Sentiremos uma corrente que flui nos dois sentidos
entre Ele e nós. Por meio desse tipo de oração, as
riquezas divinas são infundidas em nós. Isso nos
capacita a ser um com os outros e corretos com todos.
Isso também resulta na renovação do novo homem.
Pela transmissão e transfusão celestial, o novo
homem vem a existir na prática. Logo, o novo homem
não é produzido por ensinamentos; ele é gerado pelo
trânsito, pela transação e pela transfusão ceies ti ais.

ONDE PRECISAMOS ESTAR


Meu encargo nessa mensagem foi mostrar onde
todos precisamos estar: em unidade com Cristo em
Seu ministério celestial. Todos precisamos
permanecer em unidade com Ele nas coisas do alto.
Não devemos ser distraídos por admoestações éticas
de nenhum tipo. Todas essas admoestações são
rudimentos do mundo. Devemos ocupar-nos somente
com Cristo e Seu ministério no céu. O Cristo
assentado no céu trabalha, intercede e ministra.
Sejamos um com Ele nessas coisas. Isso é ser um com
Cristo nas coisas do alto. Sempre que somos um com
Ele nas coisas do alto, experimentamos uma
transfusão divina. Então somos introduzidos em
Deus, e Ele é introduzido em nós. Isso provém da
intercessão e da ministração do Cristo todo-inclusivo.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM SESSENTA E DOIS

A RENOVAÇÃO DO NOVO HOMEM

Leitura Bíblica: Cl 3:5-11; Rm 12:2


Os dois últimos capítulos de Colossenses
abordam diversos aspectos do andar cristão. O
primeiro é buscar as coisas do alto e pensar nelas. A
exortação de Paulo de buscar as coisas do alto
baseia-se na revelação apresentada nos capítulos um
e dois. Isso quer dizer que a busca das coisas lá do
alto deve basear-se na revelação da Pessoa e obra de
Cristo. Em Colossenses 1 e 2 Cristo é revelado de
maneira maravilhosa. Além disso, a obra que Cristo
consumou por nós também é apresentada de forma
plena. Nesses capítulos, Cristo é revelado como
Aquele que é todo-inclusivo. Com base nessa
revelação da Pessoa e obra de Cristo, podemos buscar
as coisas do alto. Como já ressaltamos, essas coisas
referem-se ao ministério celestial de Cristo como o
Sumo Sacerdote, Ministro e Administrador da
economia de Deus.

CORRESPONDER AO MINISTÉRIO
CELESTIAL DE CRISTO
Cristo não está ocioso. Hoje Ele intercede,
ministra e executa a administração de Deus. Nós, na
terra, devemos reagir às atividades de Cristo no céu.
Embora no ministério terreno Ele tenha consumado
plenamente a redenção para nossa salvação, Ele
ainda não completou a edificação do Corpo, para a
qual é necessário o ministério no céu. O desejo de
Cristo não é apenas ter um grupo enorme de pessoas
salvas; Ele quer que os salvos sejam edificados como
Seu Corpo. Cristo deseja um Corpo, uma edificação,
uma noiva. Para ter o Corpo edificado, Ele precisa
executar a obra do ministério celestial.
Entre Cristo no céu e nós na terra há uma
transmissão divina, uma corrente celestial. Se
recebermos essa transmissão, reagiremos à obra de
Cristo no céu. Entretanto, se na experiência não
estivermos constantemente ligados a Ele, ou se
permitirmos que surja barreira entre nós e Ele, a
transmissão cessará. É lamentável que, hoje, entre
tantos cristãos autênticos a ligação com o Cristo
celestial na experiência deles tenha sido cortada. São
cristãos verdadeiros, mas não experimentam a
corrente divina e não há comunhão entre eles e o
Senhor. Esperamos que a situação entre nós seja
totalmente diferente disso. Em vez de sermos
isolados do Cristo celestial, na experiência
precisamos receber continuamente a transmissão
divina. Dia e noite um suprimento dos céus deve ser
infundido em nós e devemos experimentar a
transmissão entre o Cristo celestial e nós. Devemos
sempre reagir à obra de Cristo, isto é, à Sua
intercessão, ministração e execução da administração
de Deus.
Buscar as coisas do alto significa corresponder ao
ministério celestial de Cristo. De acordo com
Colossenses 3, corresponder ao ministério celestial de
Cristo buscando as coisas do alto é o primeiro aspecto
do andar cristão.

O NOVO HOMEM CRIADO E RENOVADO


O segundo aspecto do andar cristão revelado em
Colossenses 3 é a renovação do novo homem. Em
3:10 Paulo diz: “E vos revestistes do novo homem que
se refaz para o pleno conhecimento, segundo a
imagem daquele que o criou”. [O verbo refazer-se
nesse versículo também pode ser traduzido por
renovar-se”.] Por um lado, Paulo fala da criação do
novo homem; por outro, refere-se à renovação do
novo homem. Uma vez que o novo homem já foi
criado, por que precisa ser renovado? Como pode o
novo homem ser criado e renovado? Vimos que a
criação do novo homem ocorreu em nosso espírito.
Quando nosso espírito foi regenerado, o novo homem
foi criado. Portanto, a regeneração do espírito é, na
verdade, a criação do novo homem. Contudo, no
tocante à alma, o novo homem ainda precisa ser
renovado. É crucial que essa renovação ocorra
principalmente na mente, a parte principal da alma.
Antes de ser regenerado, o espírito humano era parte
da velha criação. Então, no momento da regeneração,
Deus Espírito entrou em nosso espírito com a vida e a
natureza divinas. Isso significa que o Espírito de Deus
regenerou nosso espírito com os elementos da vida e
da natureza divinas. Em outras palavras, quando
fomos regenerados, Deus Espírito introduziu a vida e
a natureza divinas em nosso espírito. Antes da
regeneração não tínhamos nada divino. Mas no
momento da regeneração foi acrescentado ao nosso
espírito algo divino, isto é, a vida e a natureza de
Deus. Recebendo a vida e a natureza de Deus,
nascemos de Deus e nos tornamos Seus filhos. Agora
não somos apenas filhos do homem; somos também
filhos de Deus. Além disso, não somos filhos adotivos
de Deus; somos Seus filhos em vida.
Visto que a vida e a natureza divinas foram
acrescentadas ao nosso espírito, nosso espírito
regenerado tornou-se parte da nova criação. A
diferença entre a velha e a nova criação é que a velha
criação nada tem de Deus, mas a nova criação tem
algo de Deus. O motivo de o espírito regenerado ser
parte da nova criação e do novo homem é que a vida e
a natureza de Deus entraram nele. Nele temos algo
divino: a vida e a natureza de Deus.
Quando fomos regenerados, a vida e a natureza
de Deus foram acrescentadas ao nosso espírito,
fazendo dele a nova criação; mas a alma, com as
faculdades da mente, emoção e vontade, permanece
na velha criação. Assim, é necessário que a vida e a
natureza divinas se espalhem do espírito para a alma
e a saturem. Esse processo é o que chamamos de
transformação. Em Romanos 12:2 Paulo nos exorta:
“Transformai-vos pela renovação da vossa mente”.
Uma vez que a mente é a parte principal da alma e a
conduz, a renovação da alma depende da renovação
da mente. À medida que a vida e a natureza divinas se
espalharem do espírito regenerado para a mente,
emoção e vontade, a alma será renovada. Essa é na
verdade a renovação do novo homem.
Embora tenhamos sido regenerados, somos
freqüenternente inclinados a viver segundo o velho
homem, isto é, segundo a velha criação. Entretanto,
no íntimo do nosso espírito temos a aspiração, o
desejo, de viver em novidade de vida. Esse desejo
provém do novo homem em nosso espírito que busca
expandir a vida e a natureza divinas para a nossa
alma. Essa é a renovação do novo homem.
Poucos cristãos enxergam que a renovação do
novo homem depende de buscar as coisas do alto. Se
não buscarmos essas coisas e não pensarmos nelas,
será difícil ser renovados na alma. Mas sempre que
pensamos nas coisas do alto, nosso ser interior é
renovado espontaneamente. A experiência testifica
isso.
Paulo admoestou os colossenses a buscar as
coisas do alto porque eles tinham sido distraídos para
coisas terrenas, para os rudimentos do mundo tais
como judaísmo, gnosticismo, misticismo e ascetismo.
Enquanto estivessem distraídos por essas coisas, não
poderiam ter nada a ver com as coisas do alto. Foi por
isso que Paulo os exortou a esquecer o judaísmo, a
filosofia grega, o gnosticismo, o misticismo e todas as
culturas, e buscar as coisas do alto e pensar nelas. As
coisas do alto não incluem nenhuma religião, filosofia
ou cultura; incluem o sacerdócio, o ministério e a
administração de Cristo com todas as Suas
atividades. É crucial perceber que Cristo é nossa
Cabeça e somos os membros do Seu Corpo. Cristo e
nós, juntos, formamos um homem universal. Ele é a
Cabeça no céu e nós somos o Corpo na terra. Assim
como a Cabeça opera no céu intercedendo,
ministrando e administrando, nós, o Corpo,
trabalhamos na terra, reagindo ao ministério celestial
de Cristo e refletindo o que Ele faz no céu. Como isso
é tremendo! Em vez de nos importar com religião
terrena, filosofia mundana e os outros rudimentos do
mundo, devemos buscar as coisas do alto e pensar
nelas. Se nos voltarmos para o Cristo celestial com
todas as Suas atividades e pensarmos nessas coisas, a
renovação do novo homem acontecerá
automaticamente.
As coisas nas quais pensamos dia a dia indicam
onde está a nossa mente. Quando Paulo escreveu aos
colossenses, a mente dos judaizantes estava na
religião e a mente dos gnósticos estava na filosofia.
Nossa mente, todavia, não deve ser posta em religião,
filosofia ou cultura, mas em Cristo e Seu ministério
celestial. Quanto mais pensamos nas coisas do alto,
ou seja, em Cristo e Seu ministério celestial, mais os
elementos divinos em nosso espírito saturarão e
renovarão nossa alma. Tudo o que está em nosso
espírito terá caminho livre para expandir-se por todo
o nosso ser interior. Mediante essa saturação e
expansão, a alma é renovada.
Se tivéssemos somente Romanos 12:2, seria
difícil compreender o que significa ser transformados
pela renovação da mente. Mas como Colossenses 3
esclarece, essa renovação está relacionada com
buscar as coisas do alto e pensar nelas.
Não nos preocupemos com coisas terrenas como
religião, filosofia, ética ou cultura humana. Elas são
necessárias e úteis na sociedade; contudo, são um
empecilho para a economia de Deus e um obstáculo
para o seu cumprimento. Na economia divina não há
necessidade de religiões, filosofias ou culturas. A
economia de Deus é dispensar-Se ao nosso interior.
Já que nós na restauração do Senhor temos a
dispensação de Deus, não precisamos de religião ou
cultura humana. Assim como a Nova Jerusalém não
precisará de luz natural nem artificial, a igreja hoje
não necessita de religiões ou culturas. Contudo, as
religiões e as culturas são necessárias na sociedade.
Fora da igreja elas são sem dúvida necessárias para a
preservação da sociedade. Mas na igreja temos a
dispensação de Deus e não precisamos de religião ou
de uma cultura. Dia a dia Deus Se dispensa a nós. Que
maravilhoso!
Os cristãos em Colossos não tinham clareza da
diferença entre as culturas e a economia de Deus.
Essa falta de clareza abriu caminho para a religião, a
filosofia e as culturas penetrarem sorrateiramente na
vida da igreja e atrapalharem o cumprimento da
economia de Deus. Em princípio, a situação é a
mesma entre os cristãos hoje. Considere o quanto a
religião, a filosofia, as culturas e todo tipo de ismos
têm atrapalhado a dispensação de Deus! Por isso, é
crucial ver que na restauração do Senhor temos uma
única necessidade: que o Deus vivo Se dispense
continuamente ao nosso ser.
Desde que a restauração do Senhor chegou a este
país anos atrás, muitos santos têm experimentado a
dispensação de Deus. A princípio, as mensagens
acerca da economia de Deus eram como idioma
estrangeiro para eles. Mas agora a verdade e a
experiência da economia de Deus são parte do seu
viver. De fato, muitos agora são capazes de ministrar
na mesma linha. Houve progresso considerável até
mesmo entre os jovens, por causa da renovação pela
vida e natureza divinas. Os elementos divinos estão
saturando os santos. Essa saturação faz grande
diferença. Anos atrás, um irmão pode ter perdido a
calma de certa maneira. Mas agora, quando perde a
calma, é diferente. Em muitos aspectos o
comportamento pode ser o mesmo, mas há diferença
em natureza. Algo divino foi trabalhado nos santos.
Isso não é mera mudança no comportamento, mas
em natureza. Por tal mudança interior o novo homem
se espalha do nosso espírito para nossa alma, e na
verdade cresce em nós. Que o Senhor preserve todos
os santos no caminho da vida, para que o novo
homem cresça cada vez mais!
Desejo enfatizar que, embora o novo homem
tenha sido criado em nosso espírito, ainda precisa ser
renovado em todo o nosso interior. Isso requer que se
espalhe na vida divina com a natureza divina por todo
o nosso ser. Então seremos plenamente renovados.

RENOVADOS PARA O PLENO


CONHECIMENTO
De acordo com 3:10, o novo homem é renovado
“para o pleno conhecimento”. Algumas traduções
dizem “no pleno conhecimento”. Entretanto, a
preposição grega deve ser traduzida por “para”. Essa
tradução indica que o pleno conhecimento é a
conseqüência, ou resultado, da renovação, e não o
meio. Por exemplo, as crianças crescem para o
conhecimento, mas não crescem por meio do
conhecimento. Quanto mais crescem, mais
conhecem. Contudo, não é verdade dizer que quanto
mais conhecem, mais crescem. Se os pais
considerarem o crescimento e o desenvolvimento dos
filhos, verão que eles não crescem por meio do
conhecimento, mas para o conhecimento,
aumentando seu conhecimento à medida que
crescem e se desenvolvem.
O princípio de crescer para o conhecimento
aplica-se à vida espiritual. Se buscarmos as coisas da
terra, e não as do alto, não teremos a renovação do
novo homem. Isso quer dizer que não
experimentaremos o crescimento do novo homem. É
extremamente difícil o novo homem crescer se
buscarmos coisas terrenas. Mas quando buscamos as
coisas do alto, o novo homem cresce em nós. O
resultado disso é o pleno conhecimento. Portanto, o
novo homem cresce para o pleno conhecimento. Anos
atrás, o novo homem em você não tinha crescido
muito. Por isso era difícil você conhecer as coisas
espirituais. Mas agora que o novo homem cresceu em
você, é muito mais fácil compreender as coisas
espirituais. Isso indica que o crescimento resulta em
conhecimento. É por isso que Paulo diz que o novo
homem é renovado para o pleno conhecimento.
Quando jovem, li livros sobre discernir o espírito
da alma. Todavia, não conseguia discernir a alma do
espírito, embora tentasse muito analisar essa questão
e discerni-la segundo a mente natural. Mas, quando
cresci em vida, tornou-se fácil ter esse discernimento.
Isso ilustra como as coisas espirituais não podem ser
conhecidas pelo exercício da mente natural. Elas só
podem ser conhecidas pelo crescimento do novo
homem. O crescimento do novo homem dentro de
nós resulta em conhecimento espiritual verdadeiro.
Quando nasce, um bebê tem todos os órgãos
necessários. Entretanto, para esses órgãos
funcionarem adequadamente, ele deve crescer. Para a
criança tornar-se completa em função, há a
necessidade de crescimento. Quanto mais ela crescer,
mais as funções serão desenvolvidas e aperfeiçoadas.
Por fim, na maturidade, as funções serão plenas e
completas. O princípio é o mesmo com o crescimento
do novo homem em nós. Quando foi criado em nosso
espírito, o novo homem era completo no que diz
respeito aos órgãos. Mas, visto que ainda não foi
completado em relação à função, há a necessidade de
crescimento e renovação. Crescimento e renovação
resultam em conhecimento. Na verdade, pleno
conhecimento em 3:10 equivale a função. O
crescimento e a renovação do novo homem resultam
na função do novo homem. Sem conhecimento, não
conseguimos funcionar. O uso dos órgãos depende do
conhecimento. Assim como os membros do corpo
físico funcionam de acordo com o conhecimento, o
novo homem funciona à medida que é renovado para
o pleno conhecimento. O fato de a renovação do novo
homem resultar em conhecimento significa que a
renovação resulta em função. Enquanto o novo
homem for carente de crescimento e renovação, será
carente de função. Isso quer dizer que, embora tenha
sido criado, ele ainda não está completo no que diz
respeito à função. Para isso precisa crescer,
desenvolver-se e ser renovado. Então, como resultado
dessa renovação, ele se tornará perfeito em função.
Vimos que os colossenses foram distraídos das
coisas do céu por coisas terrenas como religião,
filosofia e cultura. Ao escrever essa epístola, Paulo
procurava conduzi-los de volta dos rudimentos do
mundo para as coisas do alto. Ele queria que eles
pensassem nas coisas do alto, para que o novo
homem se espalhasse do espírito deles para a mente,
e por fim todo o ser deles fosse saturado do elemento
divino. Essa saturação resultaria no pleno
conhecimento, a completação da função do novo
homem.

SEGUNDO A IMAGEM DE DEUS


Agora precisamos ver que essa renovação é
segundo a imagem de Deus, que criou o novo homem.
Em outras palavras, a renovação do novo homem é
segundo Cristo, que é a imagem e expressão de Deus.
Quando pensamos nas coisas do alto, está aberto o
caminho para o novo homem expandir o elemento
divino do nosso espírito para nossa alma. Essa
expansão do elemento divino em nós é segundo
Cristo, que é a imagem de Deus, Sua expressão.
Quanto mais renovação ocorrer em nossa alma, mais
conseguiremos expressar Deus. Em outras palavras,
quanto mais renovação experimentarmos na alma,
mais teremos da imagem de Cristo.
Embora tenhamos sido regenerados, podemos
ter muito pouco da imagem de Cristo na mente,
emoção e vontade. Em vez disso, podemos
apegar-nos à imagem do velho Adão. Mas se
pensarmos nas coisas do alto, o elemento divino em
nosso espírito se espalhará para a alma. Essa
expansão será conforme Cristo como a imagem de
Deus. Como resultado da expansão do elemento
divino, teremos a imagem de Deus e nos tornaremos
Sua expressão.

CRISTO COMO TUDO E EM TODOS OS


MEMBROS
Em 3:11 Paulo prossegue: “No qual não pode
haver grego nem judeu, circuncisão nem
incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém
Cristo é tudo em todos”. Segundo esse versículo, na
renovação do novo homem não há lugar para nenhum
homem natural, seja grego ou judeu, religioso ou não
religioso, civilizado ou bárbaro. Na renovação do
novo homem, Cristo é tudo e em todos.
Em grego “tudo” é neutro e denota coisas. Mas
“todos” é masculino e denota pessoas. Portanto, na
renovação do novo homem Cristo é todas as coisas e
está em todos os membros. Isso indica que na
renovação do novo homem Cristo é de fato
todo-inclusivo. Por um lado, Ele está em todas as
pessoas, os membros, do novo homem; por outro, Ele
é todas as coisas na renovação do novo homem.
Talvez você se pergunte o que são todas as coisas
na renovação do novo homem. No mínimo, o termo
“todas as coisas” deve incluir todas as virtudes e
atributos. Amor, paciência e humildade são
excelentes virtudes. Todas essas virtudes são o
próprio Cristo. Na renovação do novo homem, Cristo
é todas as virtudes maravilhosas, todas as coisas boas
e todos os atributos positivos.

TORNAR REAL A VIDA DO NOVO HOMEM


Como podemos nós, os crentes do Novo
Testamento, tornar real a vida do novo homem
universal? Entre os cristãos que pensam nas coisas da
terra, não há renovação do novo homem e nenhuma
possibilidade de ter a vida do novo homem na prática.
Mas quando pensamos nas coisas do alto,
espontaneamente o novo homem cresce e é renovado
em nós. Isso renova e transforma todo o nosso viver.
Então, onde quer que estejamos, podemos ter a
prática do novo homem. Recentemente ouvi falar de
um jovem irmão na Marinha que visitou diversas
igrejas no Extremo Oriente e teve boa comunhão com
os santos. Com certeza, ele experimentou a vida do
novo homem. Embora fosse americano,
entremesclou-se no espírito de comunhão com tantos
santos do Oriente.
Se não estivermos dispostos a pensar nas coisas
do alto e, assim, abrir caminho para o novo homem
crescer em nós, será muito difícil experimentar a vida
do novo homem na prática. Mas se pensarmos nas
coisas do alto, o novo homem se espalhará do nosso
espírito para nossa alma. Então não importa onde
estejamos com os santos, tornaremos real a vida do
novo homem.
Colossenses é definitivamente um livro sobre o
Cristo todo-inclusivo. Entretanto, Paulo, aqui, fala
também do novo homem. A vida prática do novo
homem provém da revelação e da experiência de
Cristo. Quando tivermos a revelação de Cristo com a
experiência adequada Dele, o novo homem surgirá
entre nós de forma prática, e tornaremos real a vida
do novo homem.
O objetivo de Deus é ter esse único novo homem,
que por fim culminará na Nova Jerusalém. Portanto,
a Nova Jerusalém será a consumação final do novo
homem. Quando estivermos na Nova Jerusalém,
desfrutaremos a vida do novo homem universal. Hoje
podemos ter um antegozo desse desfrute pensando
nas coisas do alto e proporcionando um caminho livre
para o novo homem em nosso espírito espalhar-se
para todo o nosso ser.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM SESSENTA E TRÊS

A PAZ DE CRISTO COMO ÁRBITRO EM NOSSO


CORAÇÃO

Leitura Bíblica: Cl 3:12-16; Ef 2:14-18


Em Colossenses 3 e 4, há diversos tópicos,
dispostos numa excelente seqüência, relacionados
com o andar cristão adequado. Se quisermos ter uma
vida cristã adequada, precisamos primeiro pensar nas
coisas do alto. Como já ressaltamos, essas coisas
estão relacionadas com o que Cristo está fazendo no
céu. Como o Sumo Sacerdote Ele intercede por nós.
Como o Ministro celestial Ele nos dispensa as
riquezas da vida. Como o Administrador divino Ele
executa a economia de Deus. O ministério de Cristo
no céu visa à edificação do Seu Corpo. Ele deseja
edificar a igreja para ter Sua noiva. No andar cristão,
precisamos pensar nas coisas do alto.

“CONECTAR-SE” À TRANSMISSÃO DIVINA


PARA A RENOVAÇÃO DO NOVO HOMEM
Após a mente ser posta nas coisas do alto, vem a
renovação do novo homem. Aparentemente não há
ligação entre uma coisa e outra. Mas na verdade, de
acordo com a experiência, essas duas questões estão
intimamente ligadas. A renovação do novo homem
depende totalmente de pensar nas coisas do alto. A
razão disso é que há uma transmissão espiritual.
Quando pensamos nas coisas do alto, abrimos nosso
ser para o que acontece no céu. Também reagimos ao
ministério de Cristo no céu e o refletimos.
Simultaneamente, o Espírito todo-inclusivo que dá
vida flui para o nosso interior. Essa transmissão pode
ser ilustrada pela eletricidade. Por um lado, a
eletricidade está na usina; por outro, está em nossa
casa. Entre essas duas extremidades, há uma
transmissão chamada de fluxo da corrente elétrica. A
corrente elétrica é na verdade a própria eletricidade
em movimento. No mesmo princípio, entre Cristo no
céu e nós na terra há uma transmissão divina, o fluir
do Espírito que dá vida. O céu e a terra são unidos por
essa transmissão. Os que têm experiência sabem que
isso não é um sonho ou superstição religiosa; é uma
realidade divina, celestial e espiritual. A eletricidade
celestial flui e une o céu à terra.
O Espírito todo-inclusivo que dá vida é o
resultado da redenção de Cristo. Gálatas 3:14 indica
que Cristo nos redimiu para que recebamos o
Espírito. Cristo consumou a redenção não só para nos
salvar do pecado, mas muito mais para Se dispensar a
nós como o Espírito que dá vida. Louvado seja o
Senhor, pois no universo há uma “eletricidade”
maravilhosa, celestial, divina: o Espírito que dá vida!
Quando abrimos nosso ser e pensamos nas coisas do
alto, esse Espírito transmite as riquezas da vida
divina para o nosso interior. Tudo o que precisamos é
“ligar o interruptor” e a corrente celestial fluirá. A
maneira de “ligar” é pensar nas coisas do alto. Isso faz
a transmissão celestial funcionar em nossa
experiência para introduzir a essência divina de
Cristo em nós. Quanto mais essa essência for
acrescentada a nós, mais experimentaremos a
renovação do novo homem.
Renovação é diferente de ensinamento. Podemos
aprender ensinamentos sobre Deus sem nenhum
acréscimo da substância divina ao nosso ser. A
renovação depende da transmissão da substância
divina ao nosso ser. Quanto mais o elemento divino
for acrescentado a nós, mais seremos renovados. A
maioria dos cristãos não experimenta essa renovação;
o que têm é mero ensinamento. Pela misericórdia do
Senhor, nosso alvo em Sua restauração não é dar
meros ensinamentos, e, sim, ajudar os santos a
experimentar a transmissão divina. No ministério
desejamos compartilhar a revelação da Palavra de
Deus. Então, à medida que os santos têm o ouvir da fé
e se abrem ao Senhor, “ligando o interruptor” ao
pensar nas coisas do alto, eles serão supridos da
transmissão celestial. Às vezes podemos estar tristes
ou deprimidos. Mas se nos abrirmos para a
transmissão celestial, seremos enchi dos de alegria.
Podemos desejar até mesmo bradar e louvar o
Senhor. O motivo dessa mudança é que a transmissão
celestial introduz o elemento divino em nós. É isso
que produz a renovação, que afeta nossa mente,
emoção e vontade. É crucial ver a relação entre a
renovação do novo homem e pensar nas coisas do
alto.

A NECESSIDADE DA PAZ COMO ÁRBITRO


EM NÓS
De acordo com a seqüência de Colossenses 3,
depois de pensar nas coisas do alto e da renovação do
novo homem, temos a paz de Cristo como árbitro no
coração (v. 15). Você sabe o que é a paz de Cristo?
Esse termo é usado somente uma vez no Novo
Testamento. Em Romanos e Filipenses Paulo fala do
Deus da paz. Além disso, no início de suas epístolas
ele geralmente menciona graça e paz. Mas em
Colossenses 3:15 ele nos diz que a paz de Cristo deve
ser o árbitro em nosso coração. Não devemos
presumir que compreendemos o que isso quer dizer.
Em vez de achar que já entendemos, devemos
exercitar-nos para obter o entendimento correto.
Segundo o contexto de Colossenses 3, quando
pensamos nas coisas do alto, o elemento divino é
transmitido a nós para a renovação do novo homem.
Enquanto o novo homem é renovado, devemos
permitir que a paz de Cristo seja o árbitro no coração.
A renovação do novo homem é, na verdade, a
expansão do novo homem em nós. À medida que o
novo homem se expande, precisamos permitir que a
paz de Cristo seja o árbitro em nós.
É muito fácil ofender ou desagradar um ao outro
na vida da igreja. Ao arrumar as cadeiras no local de
reuniões, um irmão pode ficar descontente se elas
não forem dispostas conforme sua opinião. Mas se
nos abrirmos ao Senhor quando formos ofendidos e
Lhe dissermos que O amamos, algo celestial será
transmitido a nós. Então, espontaneamente,
ficaremos contentes com aquele que nos ofendeu.
Isso é um exemplo da paz de Cristo como árbitro em
nosso coração.
Essa paz, agindo como árbitro, preserva a
unidade na vida da igreja. As divisões causadas pelas
opiniões são um dano sério à vida da igreja e cortam
em pedaços o novo homem. Mas a paz mediadora de
Cristo trazida pela transmissão celestial mantém-nos
em unidade e preserva o novo homem.
Posso testificar que freqüenternente, quando
estive descontente com alguém na vida da igreja,
contatei o Senhor e invoquei Seu nome. Muitas vezes
digo: “Senhor Jesus, eu Te agradeço pela Tua
presença, pela Tua unção e por tudo que tens sido
para mim”. Quando dou graças ao Senhor dessa
forma, a transmissão divina começa a operar. Depois
de alguns minutos posso estar tão repleto que fico
extasiado de alegria. Então, espontaneamente,
começo a considerar aquele que me desagradou
melhor do que eu mesmo. Na próxima vez que o vejo
não tenho nenhum problema com ele.
Experimentando a transmissão e o arbítrio do
Senhor, não tenho problemas com nenhum santo na
restauração do Senhor.
Quando uma igreja é estabelecida, os santos
podem experimentar uma lua-de-mel da vida da
igreja. Contudo, assim como não há lua-de-mel
permanente na vida conjugal, também não há
lua-de-mel permanente na vida da igreja. Um dia
surge um atrito entre os santos. Esse atrito causa as
rugas que Paulo menciona em Efésios 5. Se não
tivermos a paz de Cristo como árbitro em nós, as
rugas continuarão a se desenvolver. Mas se a
transmissão celestial nos suprir do elemento divino,
as rugas serão removidas metabolicamente. Então,
em vez de atrito, haverá a paz mediadora de Cristo.

PAZ VERTICAL E HORIZONTAL


Como pessoas caídas, éramos inimigos de Deus e
não havia paz entre nós e Ele. Além disso, não há paz
entre os povos na terra, principalmente entre judeus e
gentios. Na cruz, Cristo redimiu-nos, reconciliou-nos
com Deus e fez a paz entre nós e Ele. Além disso, por
intermédio de Sua morte na cruz, Cristo aboliu as
ordenanças acerca das várias maneiras de viver, para
que pudesse haver paz entre as raças e as nações (Ef
2:15-16). Uma vez que Cristo aboliu as ordenanças,
Ele fez paz não só entre nós e Deus, mas também
entre os cristãos de todas as raças e nacionalidades.
Fico contente ao ver na restauração do Senhor
cristãos de tantas nações e regiões diferentes. Todas
as raças estão representadas. Cristo derrubou a
parede de separação. Além disso, conforme Efésios
2:14, o próprio Cristo é a nossa paz. Com Cristo como
Pacificador, temos agora paz vertical (entre nós e
Deus) e paz horizontal (uns com os outros).
Se não fôssemos cristãos experimentando a
transmissão da substância divina ao nosso ser, não
haveria maneira de pôr fim às diferenças de opiniões;
pelo contrário, elas aumentariam. o resultado seria
inimizade, conflitos e, por fim, brigas. Quando,
porém, pensamos nas coisas do alto e
experimentamos a transmissão divina, a paz de Cristo
age como árbitro em nosso coração. Louvado seja o
Senhor por todas as visitações da paz de Cristo! Essa
paz é, na verdade, uma Pessoa maravilhosa: o próprio
Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo é a paz que atua
como árbitro em nós para nos manter em paz com
Deus e entre nós.
Dizer que a paz de Cristo é o árbitro em nosso
interior significa que ela resolve os problemas
causados por discussões, conflitos ou reclamações.
Tais problemas sempre surgem entre marido e
mulher. Um marido pode criticar a mulher de certa
maneira, e ela pode reagir criticando-o também.
Segue-se então uma discussão, com troca de
acusações. Depois que um irmão tem tal discussão
com a esposa, ele pode sentir um chamado do Senhor,
bem no íntimo, para orar e confessar. Talvez ele ore:
“Senhor, perdoa-me por discutir com minha esposa”.
O Senhor pode também indicar que ele deve ir até a
esposa e pedir-lhe desculpas. Quando pede perdão,
ele experimenta a paz de Cristo como árbitro no
relacionamento entre ele e a esposa.

O REINADO DA PAZ PARA A PRESERVAÇÃO


DO NOVO HOMEM
Para a paz de Cristo ser o árbitro em nosso
coração, ela precisa reinar em nós. Ela deve ser
entronizada como governante e juiz. Creio que todos
vocês já sentiram que Alguém foi entronizado em
vocês para governá-los e tomar as decisões finais.
Vamos tomar como exemplo um irmão ofendido por
um dos presbíteros. No início de meu ministério, eu
teria encorajado o irmão ofendido a amar o
presbítero e a não ficar ofendido por ele. Entretanto,
pela experiência aprendi que, quanto mais fazia isso,
mais o irmão ofendido me acusava de ficar do lado do
presbítero. Por fim, aprendi que o melhor é
simplesmente orar para que o Senhor tenha
misericórdia do irmão ofendido. Em Sua
misericórdia, o Senhor virá até ele e o fará pensar nas
coisas do alto, para novamente experimentar a
transmissão divina que faz surgir a paz de Cristo
como árbitro. Então, governado pela paz de Cristo, o
irmão admitirá que, embora o presbítero pudesse ter
errado, ele próprio estava mais errado ainda.
Imediatamente confessará ao Senhor, receberá graça
e terá amor pelo presbítero. Mediante a arbitragem
da paz de Cristo, os problemas são resolvidos, e o
atrito entre os santos desaparece. Então a vida da
igreja é preservada e o novo homem é mantido de
maneira prática.
A vida da igreja como a vida do novo homem é
preservada não por meros ensinamentos, mas
quando pensamos nas coisas do alto e permitimos
que a transmissão celestial nos dispense o elemento
divino. Então temos a renovação do novo homem e
experimentamos a paz de Cristo a nos governar
interiormente. A paz de Cristo é na verdade o próprio
Cristo num aspecto particular. Portanto, a arbitragem
da paz de Cristo é Cristo operando em nosso interior
para exercer Seu governo sobre nós, dar a última
palavra e tomar a decisão final. No caso do irmão
ofendido pelo presbítero, Cristo diz-lhe que ame o
presbítero, busque ter comunhão com ele e desfrutar
o Senhor juntos. Isso é Cristo entronizado como paz,
governando, decidindo e dando a última palavra.
Para ter um andar cristão apropriado e preservar
a vida da igreja, precisamos da paz de Cristo como
árbitro. De outro modo, não haverá maneira de
resolver os atritos. Somente o Cristo celestial, que
intercede, ministra e administra, pode resolver os
nossos problemas e atritos. Se marido e mulher
puserem a mente em Cristo nos céus, experimentarão
a transmissão divina. Então a paz de Cristo será o
árbitro neles.
Em cada reunião e mensagem desejamos
ministrar Cristo aos santos. Quando eles vêem a
revelação de Cristo e experimentam Sua paz como
árbitro, a vida da igreja é preservada em frescor.
Quando a paz de Cristo é entronizada em nosso
coração para ser o único juiz em nós, temos paz com
Deus verticalmente e com os santos horizontalmente.
Louvamos o Senhor, pois desfrutamos paz, e nessa
paz a vida da igreja como o novo homem é
preservada! Quando a paz de Cristo preside em nosso
coração, a renovação do novo homem ocorre
continuamente. Se permanecermos sob o governo da
paz entronizada de Cristo, não ofenderemos os outros
nem os prejudicaremos. Em vez disso, pela graça do
Senhor e com Sua paz, ministraremos vida aos
outros. A unidade na igreja numa cidade e entre as
igrejas não é mantida por esforço humano, mas
somente pela paz de Cristo como árbitro. A
administração e a manutenção da restauração do
Senhor não são nossa responsabilidade. Todas as
igrejas e a restauração como um todo estão debaixo
da paz de Cristo como árbitro. Cristo é em nós a graça
supridora e a paz mediadora.
Precisamos permitir que a paz mediadora de
Cristo seja entronizada primeiramente em nós. Não
peça ao Senhor que exerça o governo soberano sobre
seu cônjuge. Em vez disso ore: “Senhor, sê
entronizado em mim e exerce Teu governo sobre
mim”. Se, em vez de orar para ser governado pelo
Senhor, você pedir-Lhe que governe os outros, Ele
pode dizer: “Deixe-Me primeiro estabelecer Meu
trono em você. Deixe-Me governá-lo, subjugá-lo e
tomar as decisões finais por você”. Se permitirmos
que a paz entronizada de Cristo seja o árbitro em
nosso coração, a vida conjugal, familiar e da igreja
serão preservadas em unidade.
Que todos sejamos encorajados a pensar nas
coisas do alto, para que a transmissão celestial
dispense a substância divina a nós para a renovação
do novo homem. Então Cristo, no aspecto específico
da paz, será o árbitro em nosso coração e o Senhor
terá caminho para edificar o novo homem e preparar
a noiva para Sua vinda.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM SESSENTA E QUATRO

A PALAVRA DE CRISTO HABITA EM NÓS

Leitura Bíblica: Cl 3:15-18; Hb 1:1-2a; Ap 2:1, 7a

UNIDADE: CONDIÇÃO NECESSÁRIA PARA O


FALAR DE DEUS
Colossenses 3:16 diz: “Habite, ricamente, em vós
a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos
mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus,
com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com
gratidão, em vosso coração”. Imediatamente após
falar sobre a paz de Cristo como árbitro em nós, Paulo
nos diz que a palavra de Cristo deve habitar em nós.
Por que ele menciona a paz de Cristo antes da palavra
de Cristo? A resposta a essa pergunta está relacionada
com o princípio básico revelado na Bíblia de que o
falar de Deus requer unidade. Sempre que o povo de
Deus está dividido, Sua palavra torna-se rara. Deus
não fala onde há divisão. A divisão faz o falar de Deus
diminuir, até mesmo cessar totalmente.
Quando os filhos de Israel estavam no deserto,
Deus falava na tenda da congregação. Essa tenda era
um sinal da unidade do povo de Deus. As doze tribos
estavam dispostas ao redor dela, e Deus falava ao
povo de dentro dela. Qualquer israelita naquela época
que desejasse ouvir o falar de Deus tinha de ir à tenda
da congregação, o lugar da unidade.
O templo edificado em Jerusalém foi a
continuação da tenda da congregação. Quando o povo
de Deus dividiu-se nos reinos do norte e do sul, o falar
de Deus encontrava-se somente no sul, pois era lá que
o templo estava localizado. Visto que não havia
templo no norte, não havia ali o falar de Deus por
intermédio do sacerdócio. O falar de Deus por meio
dos sacerdotes provinha do Santo dos Santos, o
centro tanto do tabernáculo como do templo.

DEUS FALA NO FILHO E POR MEIO DO


CORPO
O livro de Hebreus começa com as palavras:
“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de
muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes
últimos dias, nos falou pelo Filho” (Hb 1:1-2a). [A
preposição por também pode ser traduzida por em;
assim, o texto poderia ser traduzido por “nos falou no
Filho”.] Como o Filho de Deus, o Senhor Jesus não só
falou a palavra de Deus; Ele próprio foi chamado de a
Palavra ou o Verbo (Jo 1:1, 14; Ap 19:13). Deus falou
em Seu Filho, e não apenas por meio Dele. Onde quer
que o Filho estivesse, lá também estava a Palavra.
Além disso, quando o Filho falava, Deus falava no
falar do Filho. O Filho veio para expressar, definir e
representar Deus. Em Seu próprio ser e Pessoa, o
Filho era a Palavra de Deus.
A intenção maligna dos fanáticos religiosos do
judaísmo era eliminar o Filho de Deus, Jesus de
Nazaré, crucificando-O. Mas depois de crucificado o
Senhor entrou na esfera da ressurreição, e em
ressurreição tornou-se a Cabeça do Corpo. Antes da
crucificação e ressurreição, o Senhor Jesus estava
restringido pela carne; não Lhe era possível ser
universal. Mas mediante a morte e ressurreição Ele
Se expandiu de um indivíduo para um homem
coletivo. No dia de Pentecostes Cristo desceu como o
Espírito todo-inclusivo sobre Seus discípulos, a fim
de torná-las membros do Seu Corpo. Esse Corpo, um
homem coletivo, inclui o Cristo ressurreto (a Cabeça)
e milhões de cristãos (os membros). Assim, do
mesmo modo que todo o meu corpo fala sempre que
eu falo, também o Corpo de Cristo fala agora toda vez
que Cristo, a Cabeça, fala. Hoje o Filho de Deus já não
é apenas um indivíduo; Ele é um homem coletivo
universal. Por esse motivo, todos os membros do
Corpo podem falar a palavra de Deus. Até mesmo os
jovens podem ir aos pais ou colegas e falar-lhes por
Deus.
Todos fomos salvos mediante o ouvir da palavra
de Deus. Quando fui salvo na China, há mais de
cinqüenta anos, o próprio Deus não veio falar comigo
diretamente; ouvi a palavra de Deus por meio de um
membro do Seu Corpo. Esse é um exemplo de que
Deus hoje continua a falar no Seu Filho, que foi
expandido para se tornar um homem coletivo, o
Corpo de Cristo. Como é maravilhoso que todos
sejamos parte da expansão de Cristo, parte de um
homem universal do qual Cristo é a Cabeça e nós, os
membros!
Se de fato formos um com os outros membros do
Corpo de Cristo, seremos capazes de falar a palavra
de Deus. Caso contrário, se estivermos cheios de
murmurações, queixas e mexericos sobre os outros,
não seremos capazes de falar a palavra do Senhor.
Falar a palavra de Deus requer unidade. Onde não há
unidade não pode haver falar. Se permitirmos que a
paz de Cristo seja o árbitro em nós para manter a
unidade e a harmonia, seremos capazes de falar a
palavra de Deus.
Cristo morreu na cruz para fazer a paz,
consumando a redenção e reconciliando-nos com
Deus. Essa paz é vertical, entre nós e Deus. Cristo
morreu também para criar a paz horizontal, entre nós
e os outros. Para isso Cristo aboliu todas as
ordenanças, as várias maneiras de adorar e vi ver.
Abolindo as ordenanças, Cristo fez a paz
horizontalmente entre os povos. Ao fazer isso, Ele
anulou o efeito de Babel. Em Babel a humanidade foi
confundida, dividida e espalhada. Lá o homem
coletivo criado por Deus foi dividido. Mas pela morte
na cruz Cristo cancelou a confusão e a divisão de
Babel. Ele fez a paz vertical e horizontalmente. Assim,
no dia de Pentecostes, Cristo pôde descer sobre os
cristãos como o Espírito unificador e gerar a igreja na
prática. Naquele dia pessoas que falavam línguas
diferentes tornaram-se um.
Embora Cristo tenha anulado a divisão para
gerar unidade, o cristianismo de hoje destruiu a
unidade e produziu divisão. Por esse motivo, no
cristianismo dividido não há o falar de Deus. Em vez
de ouvir o falar de Deus, muitos que se sentam nas
capelas, catedrais e edifícios denominacionais ouvem
alguém falar sobre vida social ou política. Isso, com
certeza, não é o falar de Deus no Filho mediante o
Corpo. O motivo dessa falta do falar é a falta de paz e
unidade. Por não haver unidade não há o centro, o
oráculo para o falar de Deus.

NENHUMA ESCASSEZ DA PALAVRA DE


DEUS
Somos gratos ao Senhor pela situação na Sua
restauração ser totalmente diferente disso. Temos
abundância do Seu falar. Considere o quanto a
palavra de Deus tem sido liberada entre nós na
restauração nos últimos anos. O motivo de haver
tanto falar de Deus na restauração é que aqui temos
verdadeira unidade. Experimentamos essa unidade e
a harmonia no Espírito não só quando as igrejas se
juntam para uma conferência, mas também nas
reuniões da igreja em cada cidade. Nas reuniões
temos o falar do Senhor e somos edificados, nutridos
e iluminados. Quando a paz de Cristo atua como
árbitro em nós e nos mantém numa situação repleta
de unidade e harmonia, nós nos tornamos o lugar do
falar de Deus, o Seu oráculo. No íntimo do meu
espírito sinto que as reuniões são um oráculo, um
lugar onde Deus pode vir para falar.
Agora vemos a ligação entre 3:15-16. A paz de
Cristo age como árbitro em nós para manter-nos
numa condição adequada a fim de receber a palavra
de Deus. A paz mediadora de Cristo visa ao oráculo de
Deus, o lugar do Seu falar.
Para ter um andar cristão adequado precisamos
pensar nas coisas do alto. Quando fazemos isso,
“ligamos o interruptor” da transmissão celestial, a
corrente divina de “eletricidade” que flui do trono no
céu para nós na terra. Essa transmissão causa a
renovação do novo homem, pois introduz em nós um
novo elemento, a substância divina. Depois da
renovação temos a paz de Cristo como árbitro. O
próprio elemento de Cristo transmitido a nós
torna-se a essência da paz que nos governa. Essa paz
mediadora não só resolve os problemas, mas também
os dissolve. Ela nos capacita a ser mantidos em
unidade e preservados numa condição harmoniosa.
Também abre o caminho para a palavra de Deus vir
com o suprimento abundante. Por termos a paz como
árbitro, na restauração do Senhor não há escassez da
palavra de Deus.

FUNÇÕES DA PALAVRA DE DEUS

Iluminar
Passemos agora a considerar como a palavra de
Deus age em nós. Em primeiro lugar, ela nos ilumina.
Se não tivéssemos a Palavra estaríamos em trevas.
Contudo, visto que é repleta de luz e nos ilumina, a
palavra de Deus pode esclarecer-nos muitas coisas.

Nutrir
Em segundo lugar, a palavra de Deus é alimento,
cheia de nutrientes. Isso significa que ela nutre
enquanto ilumina. Posso testificar que todos esses
anos tenho sido adequadamente nutrido pela palavra
de Deus. Ela tem sido um real alimento para mim na
experiência.

Saciar a Sede
A palavra de Deus também sacia a sede. Sede é
até mesmo mais séria que fome. Normalmente uma
pessoa pode ficar mais tempo sem comer do que sem
beber. Sem água, simplesmente não podemos viver.
Como é bom a palavra de Deus ser não somente
alimento, mas também a água da vida! Ela nos
ilumina, alimenta e sacia.

Fortalecer
Outra função da palavra de Deus em nós é
fortalecer. A palavra de Deus nos fortalece. Os
cristãos são fracos porque têm sede e são
subnutridos. Ninguém faminto e sedento pode ser
forte.
Se experimentarmos a palavra de Deus a nos
nutrir e fortalecer, seremos fortes não só no espírito,
mas também na alma. Em outras palavras, seremos
fortes psicológica e espiritualmente. Além disso, a
palavra de Deus até mesmo nos fortalece fisicamente'.
Posso testificar que meu corpo é saudável não só
porque como alimento físico adequado, mas também
porque tomo a palavra de Deus como alimento
espiritual. A palavra de Deus no meu espírito torna-o
forte e feliz. Essa força e felicidade ajudam-me a ser
saudável fisicamente. É fato que quando somos
felizes, espiritual e psicologicamente, temos um corpo
saudável.
A palavra de Deus faz-nos fortes no espírito e na
alma. Fortalecidos no espírito e na alma, seremos
saudáveis no corpo. A palavra de Deus é a melhor
cura: ela nos fortalece e nos sara.

Lavar
A palavra de Deus também nos lava. Ela lava o
nosso ser orgânica e metabolicamente. Quando a
palavra de Deus entra organicamente em nossas
fibras, ela nos lava metabolicamente.

Edificar Coletivamente
Além do mais, a palavra de Deus nos edifica.
Como membros da igreja, o Corpo, todos precisamos
ser edificados. Por sermos peculiares, é difícil lidar
conosco, e muito mais difícil ainda edificar-nos,
Contudo, a palavra de Deus pode tocar-nos
interiormente e edificar-nos na igreja. Porquanto
somos peculiares em nós mesmos, não podemos ser
edificados dessa forma, a menos que a palavra de
Cristo habite em nós. Embora a paz de Cristo seja o
árbitro em nosso interior, não é a paz que nos edifica.
A paz nos mantém na situação adequada para a obra
de edificação ser realizada pela palavra de Deus. Uma
vez que é a palavra de Cristo que nos edifica, tenho
muito encargo de liberar a palavra de Deus. Quanto
mais a palavra de Deus for liberada entre nós, mais
edificação haverá.

Completar e Aperfeiçoar
A palavra de Deus também completa e
aperfeiçoa. Já comentamos que um bebê é completo
no que diz respeito aos órgãos, mas não em função.
Para que os órgãos de uma criança funcionem
adequadamente, ela precisa crescer. O
aperfeiçoamento sempre vem pelo crescimento.
Quanto mais uma criança cresce, mais suas funções
são completadas e aperfeiçoadas. O mesmo ocorre na
experiência espiritual. Como membros do Corpo,
todos devemos funcionar. Contudo, se quisermos
funcionar, precisamos primeiro ser aperfeiçoados
pela palavra de Deus. A palavra de Deus nos nutre,
por isso temos crescimento. Então, pelo crescimento,
as funções surgem. A nutrição que recebemos da
palavra de Deus nos completa e aperfeiçoa como
membros do Corpo. Por esse motivo dizemos que a
palavra de Deus nos aperfeiçoa.

Edificar Individualmente
A última função da palavra de Deus que
consideraremos nesta mensagem é edificar
individualmente. Há dois tipos de edificação, a
coletiva e a individual. A coletiva está relacionada
com a igreja e a individual envolve principalmente as
virtudes. Todos precisamos ser edificados
pessoalmente, pois somos todos carentes de virtudes.
Por exemplo, podemos ser carentes de virtudes como
paciência, sabedoria, humildade ou bondade. A
palavra de Deus de fato nos edifica na questão das
virtudes. Quanto mais temos a palavra de Deus, mais
virtudes temos. Nossa bondade, paciência, sabedoria
e humildade serão todas aumentadas pela palavra de
Deus.
Todos nós precisamos ser edificados
individualmente em virtudes mediante a palavra de
Deus. Alguns caracterizam-se pela rapidez, e outros
pela lentidão. Em certas situações a rapidez é uma
virtude. Se um grupo de irmãos precisa apressar-se
para chegar na hora a um compromisso importante, a
rapidez é uma virtude. Mas ao cuidar de alguém que
está muito doente, a lentidão pode ser uma virtude.
Precisamos ser edificados individualmente para agir
rápida ou lentamente.
Em determinadas situações precisamos falar de
maneira livre, jorrando palavras. Em outras, porém,
devemos ser bem restritos ao falar, ou talvez não falar
nada. Na situação certa, falar livremente é uma
virtude; em outras não. O mesmo se aplica ao
silêncio. Em questões como essas, todos nós
precisamos de edificação individual.
Somente a palavra de Deus pode edificar-nos e
fazer-nos ter equilíbrio, moderação e discernimento.
Em relação à rapidez e à lentidão, precisamos ser
moderados. Devemos ser moderados até mesmo no
amor. Alguns santos amam os outros segundo a maré
emocional. Quando a maré do amor está alta, amam
excessivamente. Mas quando a maré está baixa, não
demonstram amor por ninguém; parecem estátuas,
totalmente sem sentimentos. Primeiro precisamos
ser edificados pessoalmente nas virtudes; depois
seremos edificados com os outros na vida da igreja.
Vimos que a palavra de Deus ilumina, nutre,
sacia a sede, fortalece, lava, edifica coletivamente,
aperfeiçoa e edifica individualmente. Como é grande
a nossa necessidade da palavra de Deus!

PERMITIR QUE A PALAVRA DE CRISTO


TENHA O PRIMEIRO LUGAR
Em 3:16 Paulo nos exorta a deixar a palavra de
Cristo habitar em nós ricamente. A palavra grega
traduzida por habitar significa estar em casa. fazer
morada. Isso indica que a palavra de Cristo deve
fazer morada em nós.
Para um lugar tornar-se nosso lar, precisamos ter
a liberdade de fazer todos os arranjos necessários. Se
quisermos guardar algo, poderemos fazê-lo. Mas se
quisermos jogá-lo fora, também teremos liberdade
para isso. Se não tivermos essa liberdade, não será
possível fazer daquele lugar nosso lar. De igual modo,
para a palavra de Cristo fazer morada em nós,
precisamos dar-lhe plena liberdade, acesso e direitos.
Precisamos orar: “Senhor, ofereço todo o meu ser a Ti
e à Tua palavra. Dou-Te acesso a cada parte do meu
interior. Faze do meu interior um lar para Ti e para
Tua palavra”.
Todos precisamos confessar que muitas vezes a
palavra do Senhor veio a nós, mas não lhe demos
espaço adequado em nosso interior. Pelo contrário,
nós a limitamos e restringimos. Às vezes nós a
recebemos, mas não lhe damos liberdade de fazer
morada em nós. Deixe-me perguntar-lhe: Na
experiência, quem vem primeiro: a palavra de Cristo
ou você? Não creio que alguém possa dizer que o
primeiro lugar é sempre dado à palavra de Deus. Às
vezes podemos dar prioridade à palavra de Cristo e
permitir-lhe ser a primeira. Contudo, com muito mais
freqüência nós mesmos estamos em primeiro lugar.
Em secreto reservamos o primeiro lugar para o ego.
Exteriormente podemos agir como se o primeiro
lugar estivesse reservado para a palavra de Deus. Mas
secretamente o primeiro lugar é nosso.
Suponha que você leia Mateus 19:16-22, onde o
Senhor Jesus diz a um jovem que vendesse tudo o que
tinha, desse aos pobres e O seguisse. Ao ler esse
trecho das Escrituras, o Senhor pode dizer-lhe que dê
certas coisas. Isso pode ser um teste para saber o que
vem primeiro: você ou a palavra de Deus. Muitos
aprenderam pela experiência como nos é difícil dar o
primeiro lugar para a palavra de Deus. Para isso
precisamos da graça do Senhor. Precisamos
voltar-nos para o Senhor e dizer: “Senhor, não posso
fazer isso, mas Tu podes. Confio em Ti para isso”.
Precisamos que a paz de Cristo como árbitro
preserve-nos na unidade, para que o Senhor fale
conosco. Então precisamos dar o primeiro lugar à
palavra de Deus. Se fizermos isso, experimentaremos
as funções da palavra de Deus: iluminação, nutrição,
saciação da sede, fortalecimento, lavagem, edificação
coletiva, aperfeiçoamento e edificação pessoal. Que
benefício receberemos da palavra de Deus!

REPLETOS DE ALEGRIA
Em 3:16 Paulo diz: “Instruí-vos e aconselhai-vos
mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus,
com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com
gratidão, em vosso coração”. Isso indica que quando
estamos plenos da palavra de Deus, devemos estar
cheios de alegria. Se recebermos a palavra de Deus e
ainda assim não tivermos alegria, alguma coisa deve
estar errada. Quando recebemos a palavra de Deus,
na verdade recebemos o Espírito. Receber o Espírito
deve estimular-nos e nos fazer ficar alegres e cantar.

O RESULTADO DE PERMITIR QUE A


PALAVRA DE CRISTO HABITE EM NÓS
Em 3: l7-18 Paulo continua: “E tudo o que
fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em
nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus
Pai. Esposas, sede submissas ao próprio marido,
como convém no Senhor”. Aqui vemos o resultado de
permitir que a palavra de Cristo habite em nós. Se a
mulher estiver cheia da palavra de Deus, ela
espontaneamente se submeterá ao marido. Se o
marido for habitado interiormente pela palavra de
Deus, automaticamente amará a mulher. Virtudes
como amor e submissão provêm da palavra de Deus
que habita em nós.
As questões que dizem respeito à vida cristã
adequada em Colossenses 3 estão dispostas numa
seqüência excelente. Primeiro Paulo diz que devemos
pensar nas coisas do alto. Quando fazemos isso,
recebemos a transmissão celestial e experimentamos
a renovação do novo homem. Cristo então se torna a
paz mediadora em nosso interior para dissipar os
problemas. Além disso, a palavra de Deus nos enche e
habita em nós. Dessa palavra provêm o amor, a
submissão e todas as outras virtudes necessárias para
o viver humano. Essa é a maneira de termos o andar
cristão.

ORAR SEM CESSAR


Na próxima mensagem veremos que tal excelente
situação é mantida pela perseverança na oração.
Precisamos orar sem cessar, se queremos manter a
excelente condição gerada ao pensar nas coisas do
alto, ao experimentar a transmissão celestial e a
renovação do novo homem, ao ter a paz de Cristo
como árbitro no interior e a palavra de Deus que
habita em nós, e ao ter as virtudes necessárias para a
vida diária.
ESTUDO-VIDA COLOSSENSES

MENSAGEM SESSENTA E CINCO

PERSEVERAR EM ORAÇÃO

Leitura Bíblica: Cl 4:2-6; Hb 4:14-16


Nas mensagens anteriores abordamos quatro
aspectos importantes do andar cristão revelados em
Colossenses 3 e 4: pensar nas coisas do alto, a
renovação do novo homem, a paz de Cristo como
árbitro em nós e a palavra de Cristo habitando em
nós. Se tivermos essas quatro coisas, teremos um
andar cristão adequado. Os maridos amarão a
mulher, as mulheres se submeterão ao marido, os
filhos obedecerão aos pais, os pais cuidarão dos filhos
adequadamente, e até mesmo os senhores e servos
terão um relacionamento correto. Tudo será normal
na vida cristã, e a glória de Deus estará entre nós.
Depois de abordar todas essas coisas, em 4:2
Paulo nos exorta: “Perseverai na oração”. Perseverar
na oração é continuar com persistência, constância e
fervor.
Como seres humanos, todos perseveramos em
certas questões, quase sempre em coisas negativas.
Na vida conjugal, o casal pode perseverar em discutir.
Começada a discussão, talvez nenhum dos dois esteja
disposto a ceder. Nos meus muitos anos de vida da
igreja observei muitos casos em que os santos
perseveravam na expressão das idéias, conceitos ou
opiniões. Não importava a situação, não estavam
dispostos a mudar de opinião. Esses exemplos
negativos mostram que sabemos o que significa
perseverar.

ORAÇÃO E GUERRA
De acordo com as palavras de Paulo em 4:2, é a
oração que requer nossa perseverança. Precisamos
perseverar em oração, porque orar envolve batalha,
luta. Dois partidos, Deus e Satanás, são hostis entre
si. O significado do nome Satanás é adversário.
Satanás é tanto o inimigo externo como o adversário
interno. Por um lado, ele é o inimigo tentando
derrotar Deus; por outro, é o adversário dentro do
reino de Deus procurando causar danos. Como
adversário, Satanás se opõe a Deus dentro da esfera,
do reino, de Deus. Esse é o motivo de a Bíblia indicar
claramente que até hoje Satanás tem acesso ao trono
de Deus. No livro de Jó vemos que Satanás pode
permanecer diante do trono de Deus e acusar as
pessoas diante Dele (Jó 1:6-12). É difícil compreender
por que Deus permite que Seu inimigo tenha tal
liberdade. De acordo com Apocalipse 12:10, Satanás
nos acusa dia e noite.
Embora uma batalha seja travada no universo
entre Deus e Satanás, outro partido está envolvido: os
escolhidos e redimidos por Deus, os que na verdade
decidirão a batalha. Se nos pusermos do lado de
Satanás, Deus perderá, embora seja todo-poderoso.
Sendo o Criador infinito, todo-poderoso, Deus não Se
rebaixará para lutar contra uma de Suas criaturas.
Assim, é necessário que outra criatura de Deus, isto é,
o homem, lute contra Satanás. Num sentido muito
real, Deus precisa de nós. Sem nós, Ele não teria
como levar a cabo a batalha contra Satanás. Ele tem
de manter Sua posição como Criador. Por esse
motivo, Ele precisa de nós para levar a cabo a
verdadeira ação de guerra.
Para lutar do lado de Deus contra Satanás,
precisamos perseverar em oração. Essa perseverança
é necessária porque o curso do mundo inteiro está
longe de Deus. Orar é ir contra a corrente, a tendência
do universo caído. Perseverar em oração é como
remar contra a corrente. Se você não perseverar, será
levado corrente abaixo. Sem dúvida, perseverar dessa
forma, remando ou em oração, requer muita energia.
O universo inteiro está sob a influência de Satanás e
se opõe à vontade de Deus. Portanto, há uma forte
corrente no mundo que se opõe à vontade de Deus.
Como pessoas que tomam o lado de Deus,
descobrimos que o universo inteiro está contra nós, e
especialmente contra nossa oração.
Muitas experiências que temos com respeito à
oração dia a dia provam que Satanás se opõe à oração
de todas as formas possíveis. Por exemplo, o telefone
pode tocar justamente quando você está num ponto
importante da oração. Você se colocou no Espírito
pela oração e está tocando os céus e, nesse exato
momento, o telefone pode tocar. Ao atender ao
telefone, descobre que alguém discou o número
errado. Seu espírito de oração pode ficar seriamente
prejudicado pela irritação que isso lhe causou.
Quando tentamos orar, podemos também ser
perturbados pelos filhos, pela campainha ou por um
animal de estimação. Por haver tanta resistência à
oração, nós definitivamente precisamos perseverar
em oração.
Algumas irmãs dizem que têm muito pouco
tempo para orar. Ao tentar achar desculpas para si
mesmas, podem enumerar todas as
responsabilidades diárias que têm. Contudo, essas
mesmas irmãs podem ter muito tempo para fofocar
no telefone. Acham extremamente fácil falar no
telefone, mas muito difícil orar. Para elas, orar é
como subir a montanha: é cansativo e exige tremenda
energia. Mas não acham exaustivo fofocar. Essa
ilustração indica que a resistência à oração não está
somente do lado de fora, mas até mesmo dentro de
nós. Esse é o motivo de todos nós acharmos difícil
orar.

UM VOTO ACERCA DA NOSSA VIDA DE


ORAÇÃO
Visto que há muita resistência para orar,
consideremos agora, de maneira bem prática, como
perseverar em oração. Antes de tentar perseverar em
oração, você deve fazer um acordo com o Senhor
acerca da sua vida de oração. Ore a Ele de maneira
definida e diga: “Senhor, falo sério sobre essa questão
de oração. Invoco o céu e a terra para testemunhar
que, de agora em diante, terei uma vida de oração.
Não serei uma pessoa que não ora; serei alguém que
ora”. Se não fizer tal oração ao Senhor, você não será
capaz de perseverar em oração. Precisamos
dizer-Lhe: “Senhor, estou desesperado acerca disso.
Ofereço-me a Ti para ter uma vida de oração. Senhor,
guarda-me no espírito de oração. Se eu for negligente
ou me esquecer dessa questão, sei que Tu não a
esquecerás. Lembra-me sempre de orar”. Esse tipo de
oração pode ser considerado um voto feito ao Senhor.
Todos precisamos fazer um voto a Ele sobre nossa
vida de oração. Devemos dizer-Lhe: “Senhor, sei que
se eu me esquecer desse voto, Tu não o esquecerás.
Desde o início quero claramente passar a
responsabilidade a Ti. Senhor, não me deixes desistir.
Lembra-me de orar”.

RESERV AR HORAS DEFINIDAS


Depois de fazer tal acordo com o Senhor acerca
da oração, devemos reservar horas definidas para
orar. Por exemplo, você pode reservar dez minutos
toda manhã. Nesse período, a oração deve ser a
prioridade. Devemos ter a atitude de que a oração é
nosso negócio mais importante, e nada pode
interferir nela. Se não tivermos essa atitude, não
seremos capazes de ter uma vida de oração
bem-sucedida. Não importa quantas coisas tenhamos
de fazer cada dia, podemos reservar pelo menos
alguns minutos aqui e ali para oração. Podemos orar
um pouco de manhã. Então novamente ao meio-dia,
após o trabalho e à noite podemos ter outros períodos
para orar. Estabelecendo horas definidas durante o
dia, podemos conseguir ter meia-hora reservada para
oração.
Quando estiver orando em casa no período que
estabeleceu, tire o telefone do gancho. Isso ajudará a
eliminar distrações. Hora de oração não é hora de
telefonemas. Além disso, você não deve dar atenção
aos que batem à porta. O período que você dedicou ao
Senhor para oração deve ser usado somente para
oração, e nada mais. A esse respeito você precisa ser
forte e perseverante.
Para ter mais tempo de oração, devemos tentar
poupar tempo durante o dia. Por exemplo, talvez
possamos reduzir o tempo que gastamos para nos
arrumar ou conversar. Conversas desnecessárias
enfraquecem o espírito de oração, prejudicam a
atmosfera de oração e ocupam tempo que pode ser
usado para orar. A batalha sobre a oração é contínua;
provavelmente durará até a eternidade.
O que acabei de compartilhar sobre oração não é
mera doutrina; provém de anos de experiência. No
tocante à oração, devo admitir que tenho tido muitas
falhas. Não me gabo de muito sucesso na vida de
oração. Pelo contrário, tenho falhado muito por causa
da oposição do inimigo, das distrações ao redor e até
mesmo dos empecilhos no meu interior. Com certeza
aprendi que a oração é uma batalha. Por ser uma
batalha, uma luta, precisamos perseverar nela.

OS BENEFÍCIOS DA ORAÇÃO
Perseverar na oração traz muitos benefícios. Por
meio da oração pensamos nas coisas do alto. De fato,
a oração é a única maneira de ter a mente posta nas
coisas no céu. Quando pensamos nas coisas do alto
por meio da oração, não oramos por coisas triviais.
Pelo contrário, nossa oração é ocupada com a
intercessão, o ministério e a administração celestiais
de Cristo. Visto que Cristo intercede pelas igrejas em
todo o mundo, também oramos por elas. Deixe o
Senhor tomar conta de todas as pequenas questões do
nosso viver. Nossa responsabilidade é buscar em
primeiro lugar o reino de Deus e a Sua justiça. Já que
o Pai conhece nossa necessidade, Ele cuidará de nós e
satisfará as nossas necessidades.
Quando pensamos nas coisas do alto nos
momentos de oração, tornamo-nos um reflexo do
ministério de Cristo nos céus. Mediante a nossa
oração, Cristo, a Cabeça, tem caminho para levar a
cabo a Sua administração por meio do Corpo. Quando
oramos, somos embaixadores celestiais na terra com
a extensão do reino de Deus. Entretanto, quando
fofocamos, não somos de modo algum embaixadores
celestiais. Somente quando oramos é que nos
tornamos embaixadores do reino celestial na terra de
maneira prática.
Quando oramos, entramos no Santo dos Santos e
nos achegamos ao trono da graça. Hebreus 4:16 diz:
“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao
trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e
acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”.
Oração é a maneira de nos achegar junto ao trono da
graça. Desse modo recebemos misericórdia e graça
para socorro em ocasião oportuna. Quando oramos,
achegando-nos ao trono da graça, misericórdia e
graça se tornarão um rio a fluir em nós e a nos suprir.
Como isso é gratificante! Receber o fluir da graça em
oração é na verdade mais importante do que ter as
orações respondidas. Se as orações são respondidas
ou não é secundário. O principal é que a graça flui
como um rio do trono para o nosso interior.
Receber o rio de graça é ter a bateria espiritual
carregada com a corrente celestial. A corrente
celestial, a eletricidade divina, é o Deus Triúno como
graça fluindo do trono para o nosso interior. O
suprimento e desfrute que isso traz é indescritível.
Os cristãos hoje são fracos porque suas baterias
espirituais não são carregadas. Por não orar o
suficiente, têm pouca transmissão celestial. Muitas
vezes durante o dia precisamos ser carregados com a
corrente elétrica divina. Isso certamente é uma
recompensa por perseverar em oração.
Outro benefício da oração está relacionado com a
comunhão com o Senhor. Todos amamos a presença
e a unção do Senhor, e todos amamos a comunhão
com Ele. Mas como podemos desfrutar a Sua
presença e ter comunhão com Ele? A única maneira é
orar. Quando oramos somos introduzidos na
comunhão com o Senhor, e temos consciência de que
realmente somos um só espírito com Ele e Ele é na
verdade um só espírito conosco. Quanto mais
oramos, mais experimentamos ser um com o Senhor,
mais desfrutamos Sua presença e mais temos
comunhão com Ele. Que recompensa maravilhosa!
A princípio é sempre difícil ter uma vida
adequada de oração. Mas se você praticar isso por
muito tempo, ficará cada vez mais fácil, pois
perceberá as recompensas da oração.
Vimos que para um andar cristão normal
precisamos pensar nas coisas lá do alto, ter a
renovação do novo homem, ter a paz de Cristo como
árbitro em nós e permitir que a palavra de Cristo
habite em nós. Esses quatro pontos, contudo,
requerem oração. Para praticá-los e experimentá-los
precisamos orar. A oração nos conduz à realidade
dessas quatro coisas e nos mantém nessa realidade.

VIGIAR COM AÇÕES DE GRAÇAS


Ao exortar-nos a perseverar em oração, Paulo
nos diz que vigiemos com ações de graças (4:2). Isso
indica que se não somos gratos a Deus por coisa
alguma, falta-nos oração. O dia inteiro precisamos
agradecer a Deus. Temos de ser pessoas que
constantemente Lhe dão graças. Se sempre dermos
graças ao Senhor, será possível a um irmão discutir
com sua esposa? É claro que não! Discussões entre
marido e mulher são sinal de falta de oração. Eles
discutem porque lhes falta oração. O sinal de uma
pessoa que ora é a gratidão. Se você for alguém que
persevera em oração, sempre será grato ao Senhor. A
ação de graças preservará você em sua vida de oração.
Em 4:2 Paulo não diz que perseveremos em
oração e vigiemos. Ele diz: “Perseverai na oração,
vigiando com ações de graças”. Vigiamos em oração
dando graças. Se continuamente oferecermos ações
de graças ao Senhor, o adversário não será capaz de
nos afastar da vida de oração. A oração é mantida
pela vigilância com ações de graças.

GRAÇA E SABEDORIA
Em 4:6 Paulo diz: “A vossa conversa seja sempre
com graça, temperada com sal, para saberdes como
deveis responder a cada um” (TB). Se formos pessoas
que oram, por um lado daremos graças ao Senhor e,
por outro, nosso falar será com graça. De nossa boca
fluirão agradecimentos a Deus e graça aos outros.
Dessa forma saberemos que somos pessoas de
oração. Contudo, se faltar graça em nosso falar, isso é
um indício de que somos deficientes na oração.
Quando temos consciência da falta de graça,
precisamos orar novamente e ser carregados com a
eletricidade divina. Nossa boca então será cheia de
graça.
Em 4:5 Paulo diz: “Andai com sabedoria para
com os que estão de fora, remindo o tempo” (VRC).
Isso é um resultado de perseverar em oração. Se
orarmos sem cessar, dermos graças a Deus e nossas
palavras forem cheias de graça, espontaneamente nos
tornaremos muito sábios e saberemos remir o tempo.
No andar diário, nenhum tempo será desperdiçado.
Se estivermos cheios de agradecimentos a Deus e de
graça para com os outros, teremos a sabedoria para
andar de uma forma que glorifica a Deus e edifica os
outros. Então nosso tempo será redimido.
Sobre perseverar em oração, mais uma vez quero
dizer que precisamos estar dispostos a fazer um
acordo com o Senhor, até mesmo um voto a Ele, de
ser um povo que ora. Se todos os santos em todas as
igrejas fizerem tal acordo com o Senhor, a
restauração será grandemente enriquecida e elevada.
Além disso, os santos desfrutarão o Senhor, a Sua
presença e a Sua unção constantemente e em cada
instante. O dia inteiro eles desfrutarão o sorriso do
Senhor. Quando perseveramos em oração, a Pessoa
viva de Cristo se torna nossa experiência e desfrute.

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