DECISÃO: pôr “ordem” na vida e colocar-se a caminho
“O AMOR que me move e me faz eleger algo deve vir do alto,
do AMOR do mesmo Deus” (EE. 184)
A finalidade dos Exercícios Espirituais é, para S. Inácio, “ordenar a vida” e
“buscar e encontrar a vontade de Deus, na disposição da própria vida para o bem da mesma pessoa” (EE. 1). A idéia de ordem é o foco de atenção. Ordem que supõe um ponto de partida, um itinerário, uma meta. “Ordenar minha vida” é encontrar a Vontade de Deus. O sentido da origem, o sentido da direção e o sentido do fim são os elementos essenciais dessa “ordem” que nos faz orientar, dia-a-dia, nossas ações e chegar a Deus. Dentro dos Exercícios há um pequeno tratado: como fazer “eleição”. Seu primeiro princípio é que “o olho de nossa intenção deve ser simples” (EE. 169), tradução direta das palavras de Jesus no Sermão da Montanha: “se o teu olho estiver são, todo o teu corpo ficará iluminado; mas, se o teu olho estiver doente, todo o teu corpo ficará escuro” (Mt 6,23). Precisamos de uma visão clara e de olhos sadios para ver, para distinguir, para desfrutar a côr, a forma e a vida, para discernir os caminhos do espírito e descobrir as sendas que levam às alturas. O olhar, a claridade, a intenção; o saber o que quero, desejá-lo e fazê-lo; a bússola do coração e o caminho das estrelas nos céus. E depois, não duvidar e não titubear. A rota firme e o caminhar constante. Uma vez que a meta está clara, é simples caminhar. O “olho simples” faz com que tudo se torne claro. S. Inácio tinha um pequeno costume cheio de sabedoria e de psicologia. Ao ir de um lugar para outro, parava e fazia a si mesmo a pergunta concreta e pertinente: para onde vou e para quê? A cada instante, a cada passo, a cada circunstancia: para onde? para quê? Isso nos dá o mapa, nos assegura o rumo. Cada mudança de rumo se faz em função do destino último de nossa existência. Cada “para onde vou?” é uma recordação, uma referência, um agir em direção à finalidade de minha vida. Ao saber o que quero fazer com minha vida, deduzo instintivamente qual deve ser meu próximo passo. Segue a explicitação do “olho simples”: “olhando somente o fim para o qual fui criado, a saber, o louvor de Deus nosso Senhor e salvação de minh’alma” (EE. 169). Para uma reta eleição é necessário um fim último, um senso de valor, uma visão global, um marco de referência no qual se enquadra a busca e se toma a decisão. Os Exercícios, portanto, não são um manual de emergências nem um protocolo de eleições, nem uma série de regras e rubricas; são um ambiente, um meio, uma espiritualidade, um estado de ânimo no qual se pode viver, mover, andar e chegar. Uma vez que a grande decisão tenha sido tomada, esta eleição fundamental deve ser levada a cabo nas pequenas decisões diárias, que são consequência e expressão sua. Também as pequenas decisões tem necessidade de luz, conselho e fortaleza. Os Exercícios são um meio para encontrar a Vontade de Deus que, segundo S. Inácio, significa encontrar Deus e, como tal, tarefa e regozijo diário e permanente. Por isso são escola de oração, de fé, de discernimento e de amor. Passos para a oração 1. Coloque-se na presença de Deus. 2. Peça a graça: “Que o Espírito me ajude a ver-me um pouco mais como Ele próprio me vê”. 3. Leia e “saboreie” a Palavra de Deus: Lc 7,11-17 4. Imagine agora os dois cortejos: quando Jesus (a Vida) entrava na cidade de Naim, a Morte saía.. Dois cortejos diferentes: uns seguem a Vida; outros a Morte! Onde você se encontra? E quem é o morto? Um jovem. Ironia da vida!... Aquele que tinha tudo para viver, está morto!. Quantos jovens estão mortos! Cedo, perderam o sentido da vida, sem ideal, sem projeto, sem sonhos. Incapazes de uma decisão. Esperam. Jesus se aproxima dessa realidade e grita: “Jovem, levanta-te!” Levanta-te do desânimo, da indecisão! Entra no meu Caminho! Jesus nos quer no seu cortejo, como discípulos. Deixe que a VIDA entre em você; que ela chegue ao mais profundo, onde jazem “seus mortos”. 5. Escute a palavra interior que brota dentro de você... Sentimentos, pensamentos... desejos... apelos...