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DEBORA GURGEL
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debora@deboragurgel.com.br
1
Guia Prático para estudo de improvisação Julho 2020
Para piano e outros instrumentos Debora Gurgel
PREFÁCIO
Muito prazer!
Meu nome é Debora Gurgel e sou pianista, compositora, arranjadora e flautista de São Paulo.
Toco em várias formações, mas o meu trabalho principal é com o DDG4 (Dani e Debora Gurgel Quarteto) e com o meu
trio.
Tenho vários cds autorais lançados e todos eles estão disponíveis para ouvir nas plataformas digitais (spotify, etc..), e
além disso a filmagem das sessões de gravação de todas as músicas está no youtube.
Se você quer conhecer um pouco mais sobre mim, é só ir na minha página (www.deboragurgel.com.br). Lá você
encontra release, discografia, link para os vídeos, partituras, etc. E você pode se comunicar comigo por email se tiver
dúvidas (debora@deboragurgel.com.br). Às vezes demoro para responder, mas eu respondo!
Um prazer estar aqui com você falando sobre um assunto tão querido, música!!
Espero que o seu estudo seja produtivo e feliz, e faço aqui algumas observações para organizar o seu trabalho:
• Não se assuste com o volume de material contido nesta apostila. A apostila pretende fornecer material para
que você desenvolva os seus estudos ao longo no ano, ou da vida. Depende apenas da sua disponibilidade e
prioridade com o assunto.
Em aula vamos entender como estudar e desenvolver os assuntos tratados aqui o máximo que for possível,
respeitando o seu conhecimento prévio e o seu nível. Depois é com você!
• A maior parte do material que aqui está é esquemático e depende de uma explicação em aula.
• Cada assunto está desenvolvido da forma mais simples para a mais complexa. Talvez você já domine alguns
ítens, então pule para o próximo. Em aula trabalharemos o conteúdo necessário para que você siga sozinho.
Mas atenção: dominar um assunto não significa saber do que se trata teoricamente, e sim saber aplicar e
usar tocando sem dificuldade, mesmo que o tom seja Sol bemol !!!! Teoria é fácil! Difícil é colocar em prática
de forma musical, com rapidez e prontidão!
• Todos os assuntos aqui tratados podem ser vistos em vários livros, com abordagens diferentes. O que está
aqui é a minha maneira de abordá-los. Vale a pena você consultar outras fontes e avaliar o que funciona
melhor para você antes de gastar horas e horas de estudo. Há uma bibliografia no final da apostila.
• A maior parte do material didático disponível é em inglês e por essa razão uso termos em português com a
sua tradução em (inglês) ao longo do texto. Assim fica mais fácil você procurar a referência.
• Todos nós gostamos de aprender ferramentas novas. Fazer exercícios, estudar nos 12 tons, etc. Mas não
esqueça que o objetivo final é o repertório, e não exercícios. Divida seu tempo de estudo adequadamente,
dando sempre maior ênfase à aplicação dos recursos aprendidos no repertório. É muito comum os
estudantes gastarem mais tempo nos exercícios do que nas músicas..
• O estudo solitário é bom, mas não dá uma formação completa. Playbacks são ótimos também, assim como
tocar junto com as gravações que você gosta, mas na medida do possível, toque com pessoas! Crie duos,
trios, grupos maiores! Quanto maior a diversidade de formações e estilos, mais recursos você desenvolverá.
Toque com pessoas que estão no mesmo nível que você, acima ou abaixo, não importa. Com cada um você
desenvolverá recursos diferentes.
• Pergunte tudo o que quiser! Não pense que a pergunta é muito simples, toda dúvida é válida! Só para ficar
mais organizado, se a dúvida for sobre o assunto que estiver sendo tratado no momento, pergunte! Se for
sobre outro assunto, segure a pergunta até o final da aula, ok?
• Uso sempre a abreviação MD para mão direita, e ME para mão esquerda.
Então, ao trabalho!!
ÍNDICE
PREFÁCIO ................................................................................................................................................................. 2
FORMA DE ESTUDO .................................................................................................................................................. 5
ROTEIRO DE EXERCÍCIOS BÁSICOS PARA TODO TIPO DE ESTUDO .............................................................................. 6
CICLOS SUGERIDOS:.............................................................................................................................................................. 6
EXERCÍCIO 1) ...................................................................................................................................................................... 6
EXERCÍCIO 2) ...................................................................................................................................................................... 6
EXERCÍCIO 3) ...................................................................................................................................................................... 6
EXERCÍCIO 4) ...................................................................................................................................................................... 6
EXERCÍCIO 5) ...................................................................................................................................................................... 6
EXERCÍCIO 6) ...................................................................................................................................................................... 7
EXERCÍCIO 7) ...................................................................................................................................................................... 7
EXERCÍCIO 8) ...................................................................................................................................................................... 7
EXERCÍCIO 9) ...................................................................................................................................................................... 7
EXERCÍCIO 10) .................................................................................................................................................................... 8
EXERCÍCIO 11) .................................................................................................................................................................... 8
EXERCÍCIO 12) .................................................................................................................................................................... 9
EXERCÍCIO 13) .................................................................................................................................................................... 9
EXERCÍCIO 14) .................................................................................................................................................................... 9
EXERCÍCIO 15) .................................................................................................................................................................... 9
EXERCÍCIO 16) .................................................................................................................................................................... 9
EXERCÍCIO 17) .................................................................................................................................................................... 9
EXERCÍCIO 18) .................................................................................................................................................................... 9
EXERCÍCIO 19) .................................................................................................................................................................... 9
EXERCÍCIO 20) .................................................................................................................................................................. 10
A) CHORO ................................................................................................................................................................ 10
B) JAZZ ............................................................................................................................................................................ 11
C) BOSSA NOVA ................................................................................................................................................................. 11
D) BAIÃO ......................................................................................................................................................................... 12
PROGRESSÕES ................................................................................................................................................................... 14
APÊNDICE 1 – CAMPOS HARMÔNICOS, FUNÇÕES E USOS ........................................................................................15
UNIVERSO HARMÔNICO ....................................................................................................................................................... 16
Escala maior natural ................................................................................................................................................. 16
Escala menor natural ................................................................................................................................................ 17
Escala menor harmonica .......................................................................................................................................... 17
Escala menor melódica ............................................................................................................................................. 18
Escala diminuta (simétrica de 8 notas) – Escala Dominante-diminuta (Dom-Dim) .................................................. 18
Escala hexafônica de tons inteiros ............................................................................................................................ 19
Escala de blues .......................................................................................................................................................... 20
APÊNDICE 2 - GUIA DE ESCALAS E APLICAÇÕES ........................................................................................................21
BIBLIOGRAFIA ..........................................................................................................................................................25
FORMA DE ESTUDO
Progressões
Acordes
Cuidado com a cobrança excessiva que normalmente temos sobre nós mesmos. Quando ouvimos música de boa
qualidade, a tendência quando começamos a improvisar é achar que nunca conseguiremos fazer algo “bonito”. Ora,
você nunca escreveria um texto com a qualidade de um Machado de Assis nas suas primeiras redações, certo? Então
encare os seus estudos de improvisação como exercícios. A evolução virá com o tempo, e muito treino.
Os exercícios a seguir formam uma conduta de estudo para qualquer assunto que esteja sendo estudado dentro de
improvisação, seja ele avançado ou básico.
Lembre-se que os exemplos estão em dó, mas é necessário que você estude tudo em todos os tons!!! Você pode
variar o ciclo de estudo da maneira que quiser, mas recomendo que só faça isso depois que o ciclo de 4ªs
ascendentes estiver absolutamente decorado e entendido!
CICLOS SUGERIDOS:
Num primeiro momento, mantenha o foco de estudo na criação de solos melódicos. Se você toca piano, use a mão
esquerda fazendo a harmonia usando a formação de acorde que você tem mais familiaridade no momento (tríade,
tríade aberta, tétrade, acorde de apoio, 137/173, 17 e 13, quartal, etc..) e deixe ela funcionar apenas para ouvir a
harmonia. Inspire-se em construções rítmico-harmônicas de obras que você conhece. Concentre-se no solo
construindo linhas melódicas usando a mão direita. Se possível, sole melodicamente também com a mão esquerda em
alguns momentos. Com a evolução do estudo você terá outros recursos, e poderá usar a sua mão esquerda fazendo a
harmonia de uma forma mais musical fazendo parte do contexto do seu solo, contraponteando, ou outro recurso
qualquer. Por enquanto, ela é um “apoio” harmônico.
EXERCÍCIO 3) Cante e toque pequenos trechos simultaneamente (se o seu instrumento permitir).
EXERCÍCIO 4) Cante e toque a escala que você está estudando na maior região do instrumento que você puder, na
velocidade que você conseguir. Além de tocar a escala na forma tradicional ascendente e descendente, toque de
outras formas, por terças, por quartas, por tríades, seguindo uma simetria qualquer..Seja criativo. Apenas uma dica:
invista seu tempo apenas em coisas que você gosta e vê aplicação imediata, senão isso se transforma num poço sem
fundo.. Futuramente você achará aplicação para outros tipos de exercício.
EXERCÍCIO 5) Cante e toque todos os intervalos envolvidos na escala que você está estudando. Veja a figura a
seguir, com exemplo para CMaj7 (escala jônica) e Cm(Maj7) (escala menor harmônica). Cante primeiro cada som, e
depois toque como uma forma de verificação se você cantou o som certo do intervalo. É importante que o som e a
sensação de cada nota esteja certa na sua cabeça (som interno) antes do seu ouvido escutá-la ao tocar. A voz é a
melhor tradução do som que está cantando na sua cabeça.
EXERCÍCIO 6) Estabeleça um desenho rítmico e siga-o repetidas vezes, variando as notas usadas mas mantendo o
“motivo rítmico”. Não se preocupe tanto com as notas usadas. Concentre-se na divisão rítmica. Veja os exemplos
abaixo, invente os seus. Basei-se em divisões rítmicas da melodia de músicas que você admira. Use por imitação.
EXERCÍCIO 7) Estabeleça um desenho rítmico-melódico e siga-o. Agora além do motivo ser rítmico, ele tem uma
“envoltória” que diz se as notas estão subindo, descendo, etc..
EXERCÍCIO 8) Toque em regiões variadas do instrumento. Experimente os super graves e os super agudos, pois
temos tendência a ficar só na região médio-aguda do instrumento e não explorar o resto. Ao piano, se possível
tecnicamente, passe o solo da mão direita para a mão esquerda e vice-versa, sem interromper o desenho melódico.
Ao violão, concentre-se numa região apenas ou só em uma corda e tente resolver tudo lá. Explore os sons do seu
instrumento!!
EXERCÍCIO 9) Estabeleça um determinado grau da escala e force a terminação das frases sempre nesse grau (você
também pode estudar começando e terminando nesse grau). Exemplo: terminar na fundamental
EXERCÍCIO 10) Idem ao exercício 9, porém não chegue direto na sua nota alvo.
Pratique aproximações, que podem ser:
-diatônicas, vindas pelo agudo
-diatônicas, vindas pelo grave
-cromáticas, vindas pelo agudo
-cromáticas, vindas pelo grave
-rondando a nota alvo, diatonicamente ou cromaticamente
EXERCÍCIO 11) Improvise usando apenas as notas do acorde estudado, como o exemplo abaixo. Exercícios prévios
podem ser começando o acorde da tônica e ascendente, da terça e ascendente, etc.., depois você pode misturar
(exemplo:um ascendente e outro descendente), depois você pode estudar emendando um arpejo de acorde no
próximo pela nota que está mais perto, etc..
EXERCÍCIO 12) Se você estiver estudando uma determinada escala, procure dentro dela “reduções” usando apenas
determinadas notas que formem tríades maiores ou menores de outras tonalidades ou escalas pentatônicas maiores
de outras tonalidades que estejam contidas nela. Isso é muito usado porque provoca no ouvinte a sensação que você
está em outro tom, e você não está. Você apenas realçou notas daquela escala que parecem definir um outro tom.
Aqui vão alguns exemplos, alguns fáceis de entender, outros mais avançados.
Exemplo 1) Dentro da escala de dó maior, usar apenas as notas da tríade de sol maior
Exemplo 2) Dentro da escala de dó menor (menor natural ou dórica), usar uma pentatônica de Bb
Exemplo 3) Dentro da escala de dó dominante-diminuta, usar tríades maiores de C, Eb, Gb e A
Exemplo 4) Dentro da escala de dó alterado, usar pentatônica de Gb
EXERCÍCIO 13) Pense numa figura rítmica e toque sem parar, não importando nem região do instrumento, nem o
desenho melódico. Este é um ótimo exercício para desenvolver velocidade nos dedos e rapidez no pensamento.
EXERCÍCIO 14) Se você estiver estudando uma determinada escala, construa frases que usem algum tipo de simetria
geométrica entre as notas. Frases simétricas funcionam muito bem para passagens rápidas.
EXERCÍCIO 15) Construa frases que usam simetria fazendo com que o “período” da frase seja diferente da métrica
da música, assim você usa o que chamamos de “displacement” – o acento fica deslocado em relação à fórmula de
compasso da música.
Exemplo: numa música em 4/4, construa uma frase cuja simetria se repete a cada 3 semicolcheias, e não 4 como seria
o acento natural da música.
EXERCÍCIO 16) No caso do piano , alternar 4 compassos de solo com a mão direita e 4 compassos com a mão
esquerda. tentando fazer frases de pergunta-resposta, como se fossem dois instrumentos tocando.
Para instrumentos de sopro, alternar 4 compassos cantando e 4 tocando. Obs: podem ser 8 e 8 compassos, ou 2 e 2,
tanto faz, contando que o número seja igual.
Se você estudar junto com um amigo, alternar com ele. Ex: enquanto você toca 4 compassos, seu amigo te ajuda
contando até quatro, e vice-versa.
EXERCÍCIO 17) Favoreça um determinado intervalo. Toque livremente e, de vez em quando, dê saltos ascendentes
ou descendentes de um determinado intervalo. Começe pensando em oitavas, depois quintas, quartas, terças, sextas.
Este exercício ajuda a construção de solos que não tenham as notas sempre contíguas (graus conjuntos).
EXERCÍCIO 18) Escreva uma pequena frase, sempre dentro de um contexto harmônico determinado (um acorde, ou
uma progressão de acordes).Toque essa frase em todos os tons sem escrever, pensando apenas na relação interválica
das notas usadas com o tom em questão. Mais uma vez, cuidado! Isso é um poço sem fundo também. Invista seu
tempo em frases que você gosta MESMO, e que vê aplicação imediata.
EXERCÍCIO 19) Crie as suas frases, ouça músicos improvisadores dos quais você gosta e tire frases, sempre dentro
de um contexto harmônico. O ideal é você tirar de ouvido, mas use também as transcrições existentes, os livros de
“licks” que existem em grande quantidade, internet (confira sempre com as gravações o que você achar na
internet!!!).
Faça a sua biblioteca de frases, anotando apenas em dó, colocando o contexto harmônico e a análise melódica de
cada grau (sempre relativo ao acorde em questão, se a frase tiver mais que um acorde e estiver numa progressão, por
exemplo).
Treine em todos os tons e use como citação nos seus improvisos.
Imitação é uma ótima forma de aprender.
EXERCÍCIO 20) Pense timbristicamente. Se você imaginar que a frase que está criando está sendo tocada por um
cello, por exemplo, você aturalmente vai dirigir tando a tessitura como a formação da frase em si para um caminnho
diferente.
Quando estiver improvisando ao vivo em ensaios, shows, não há tempo para pensar em teoria, escalas, graus, etc.. O
seu discurso será formado pelos elementos que você já absorveu e que já entraram naturalmente no seu vocabulário.
Mas quando estiver estudando improvisação numa música, aí sim, foque num determinado recurso.
Aplique todos os exercícios do roteiro básico (1 ao 20) e mais:
EXERCÍCIO 21) Construa “linhas de violino” (poucas notas, graus conjuntos, sempre ascendente ou descendente)
EXERCÍCIO 22) Comece simplesmente tocando a própria melodia da música e aos poucos faça pequenas variações,
aumentando o quanto essas variações se distanciam da melodia ao longo do estudo. Chamo isso de “vôo de galinha”.
Com o tempo, vira “vôo de gavião”.
EXERCÍCIOS DE LINGUAGEM
Cada estilo musical tem características próprias, o que não significa que você não pode usar frases jazzísticas para
tocar forró, ou frases de choro para tocar jazz. Essa mistura é ótima e pode ser utilizada se você desejar e souber
como fazer. O ideal é conhecer as características de cada estilo, e utilizá-las com consciência. ( Ex: estou
improvisando em um samba tradicional, e vou fazer o 1º chorus respeitando a linguagem, o 2º com influências do
jazz, e o 3º com influências do baião…)
Transcreva solos que você gosta e ouça muitas músicas até que você identifique quais recursos são característicos de
um determinado estilo ou de um determinado improvisador.
Exemplos:
• Os solos são mais cantabile e melódicos ou mais técnicos? Poucas notas ou muitas notas?
• Os solos são mais verticais ou horizontais?
• Que tipo de arpejo é mais usado? Tríades? Tétrades? Acordes com extensões? Reduções em tríades
superiores? Pentatônicas?
• Usa-se cromatismo? Se sim, de que forma?
• Usa-se bordaduras, trinados, grupetos, appoggiaturas, etc??
• Em geral os repousos das frases são em notas básicas dos acordes (fundamental, terça, quinta), ou em notas
mais altas (sétima, nona, 11ª, 13ª)? Com ou sem aproximações? Que tipo de aproximações?
• Quais as células rítmicas mais usadas no desenvolvimento da melodia?
• Preste muita atenção ao “sotaque” da linguagem em questão. Quais são os acentos? O que é característico?
A) CHORO
B) JAZZ
Alguns exemplos…
Não se esqueça que no jazz as notas são grafadas como colcheias, mas são tocadas com intenção de tercina.
C) BOSSA NOVA
Alguns exemplos…
D) BAIÃO
ESCALAS
O roteiro a seguir sugere o estudo apenas nas escalas e progressões mais usadas (se tiver dúvidas, consulte o
apêndice 1)
Aqui vale uma observação importante. Tudo bem se você aprendeu que dó jônico, ré dórico, mí frígio, fá lídio, sol
mixolídio, lá eólio e si lócrio tem as mesmas notas. Ok! Mas o fato de serem formadas pelo mesmo “conjunto de
notas” é a única coisa em comum. Dó jônico é completamente diferente de Ré dórico, pois em cada acorde as notas
assumem peso e importâcia completamete diferentes..
Ex: Se você toca uma nota fá dentro de um acorde de Cmaj7, ela é a 4ª justa do acorde e vai chocar com a 3ª maior do
acorde. Se você toca a mesma ota fá dentro do acorde de Dm7, ela é a 3ªm do acorde..
Escala lídia
Escala dórica
Escala mixolídia
Escala lócria
Escala frígia
Lídia aumentada
Mixolídia #4
Lócria 9M
ESCALAS SIMÉTRICAS
Tons inteiros
ESCALAS CULTURAIS
Escala de blues
Alternar jônica, com lídia, com lídia aumentada (o acorde acompanha a mudança)
Alternar dórica, menor natural (eólia), menor harmônica, menor melódica, frígia (o acorde acompanha a mudança)
Alternar blues, mixolídia, mixolídia #4, tons inteiros, dominante-diminuta, alterada (o acorde acompanha a mudança)
PROGRESSÕES
A seguir, as progressões mais usadas para as quais você precisa estar preparado em sua análise funcional, e seu
exemplo com acordes no tom de dó.
Lembre-se que todas elas podem ter variações de empréstimo modal e cores diferentes.
Nas músicas há sempre a melodia a ser respeitada e nem sempre você terá todas essa opções, mas para estudo das
progressões SIM, faça com todas as variações.
Importante ressaltar que a métrica harmônica é muito importante no setido de legitimizar as funções exercidas pelos
acordes dentro de uma progressão harmônica. Por essa razão, estude sempre dentro de um contexto rítmico,
qualquer que seja ele.
• Todo acorde Imaj7 pode se tornar I6, Imaj7(#11), Imaj7(#5) , e também Im7, Im6, Im(maj7), I7
• Todo acorde IVmaj7 pode se tornar IVm7, IVm6, IV7
• Todo acorde IIm7 pode se tornar IIm7(b5), IIm7(b5)(9)
• Todo acorde V7 pode se tornar V13, V13(b9), V7(#11), V7(#5), V7alt
• IV V7 I (F G7 C)
• IVm V7 Im (Fm G7 Cm)
• IIm7 V7 Imaj7 (Dm7 G7 Cmaj7) – importante estudar esta com todas as suas variações
• Imaj7 VIm7 IIm7 V7 (Cmaj7 Am7 Dm7 G7)
• Imaj7 V7/II IIm7 V7 (Cmaj7 A7 Dm7 G7)
• IIm7/II V7/II IIm7 V7 Imaj7 (Em7 A7 Dm7 G7 Cmaj7)
• IIm7/V V7/V IIm7 V7 Imaj7 (Am7 D7 Dm7 G7 Cmaj7)
• Progressões dos dois tipos acima com seus subV7 conforme as figuras a seguir
Dentro do sistema tonal, as notas tem funções determinadas em relação à tônica, e os acordes formados pelas notas
por conseguinte tem funções vinculadas às notas que o formam.
Exemplo: se estamos no tom de Dó maior, as notas da escala de dó podem ser classificadas em notas sem tensão em
relação à nota dó (o próprio dó, mi, e sol, que são as notas da tríade), notas com tensão pequena (ré e lá), e notas
mais tensas (fá e si) que distam meio tom de uma nota estável.
Quando formamos os acordes para montar o campo harmônico por tétrades de dó (conjunto de todas as tétrades que
conseguimos montar usando as notas da escala), o resultado é de acordes sem tensão, acordes com média tensão (e
que provocam uma força de afastamento da tonalidade) e acordes com muita tensão (que urgem pela resolução do
trítono), que são nomeados de acordes tônicos, subdominantes e dominantes.
A figura a seguir mostra o campo harmônico da escala de dó maior formado por tétrades, com as funções
desempenhadas por cada acorde.
A figura a seguir resume os campos harmônicos, funções dos acordes e escalas (modos) das quatro escalas
tradicionais.
Aqui vale uma observação: a escala menor melódica clássica é diferente na forma ascendente e descendente. Aqui
usamos apenas a forma ascendente da escala (cuja descida é igual à subida), também conhecida como escala
Bachiana, Menor Tônica ou Jazz Minor.
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Legenda:
-Funções dos acordes: T=tônica; S=subdominante; D=dominante; Tm=tônica menor;Sm=subdominante menor; dm=dominante menor
-Classificação das notas dentro das escalas: só número=nota do acorde; T=tensão que pode ser usada; S="scale", nota de passagem apenas, deve ser "evitada" como repouso de frase ou tensão no
acorde em uma abordagem mais convencional. Em uma abordagem mais contemporânea, não há notas a serem evitadas.
-Flechas verticais: indicam a nota que caracteriza o modo correspondente.
-Obs: O nome de algumas escalas está entre chaves [] pois não é um nome universal, é apenas a opção mais utilizada.
Figura 1 - Campos harmônicos, modos associados, notas características e funções de acordes das esclas maior natural, menor natural, menor
harmônica e menor melódica ascendente
UNIVERSO HARMÔNICO
O universo harmônico de uma escala contém os acordes do seu campo harmônico, as dominantes secundárias de
cada grau (incluindo as progressões substitutas) e os acordes de aproximação mais comuns
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D m7 b 5 () E b Maj7 A b Maj7 B b7
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Abm7 Db7 Bbm7 Eb7 Bm7 E7 Dbm7 Gb7 Ebm7 Ab7 Em7 A7 Gm7 C7
Dm7(b5) G7(b9) Em7(b5) A7(b9) Fm7(b5) Bb7(b9 Gm7(b5) C7(b9) Am7(b5) D7(b9) Bbm7(b5) Eb7(b9) C#m7(b5) F#7(b9)
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Tônica Subdominante Tônica Subdominante Dominante Subdominante Dominante
Menor Menor Menor Menor Menor
Abm7 Db7 Bbm7 Eb7 Bm7 E7 Dbm7 Gb7 Ebm7 Ab7 Fm7 Bb7 Gm7 C7
Dm7(b5) G7(b9) Em7(b5) A7(b9) Fm7(b5) Bb7(b9 Gm7(b5) C7(b9) Am7(b5) D7(b9) Bm7(b5) E7(b9) C#m7(b5) F#7(b9)
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C m m aj7 D m7 F7 G7 B 7alt
Além das escalas clássicas vistas, existem outros tipos de escalas, com inúmeras variações. Com 5 notas
(pentatônicas), com 6 notas (haxafônicas), com 8 notas, com construção simétrica, oriundas de alguma expressão
cultural, etc..
Aqui apresentamos as mais usadas no contexto do repertório da música popular brasileira, do jazz, e do blues. O
assunto é extenso e vale a pena você pesquisar com mais detalhes. A bibliografia tem inúmeros trabalhos detalhados
sobre esse assunto.
A figura a seguir apresenta a escala diminuta. Ela tem simetria total em terças menores, por isso só existem 3 escalas
diferentes e cada uma delas pode ser usada para 4 tonalidades diferentes. Sua construção é simétrica e tem sempre a
alternância de 1 tom, ½ tom, 1 tom, ½ tom, etc..
Como o acorde diminuto tem 2 trítonos, cada acorde diminuto também pode ser visto como “escondendo” 4 acordes
do tipo X7(b9) sem a fundamental (faça os cálculos, ache os dominantes contidos em um diminuto). Daí a utilização
dessa escala em acordes desse tipo, só que aí o ponto de vista muda, e em referência aos acordes X7(b9) contidos
nela a simetria passa a ser ½ tom, 1 tom, ½ tom, 1 tom, etc.. e nessa forma ela é conhecida como escala Dominante-
Diminuta, ou pelo apelido DOM-DIM.
ESCALA DE BLUES
O Blues é uma forma musical nascida no sul dos Estados Unidos no início do séc. XX que muitos historiadores
consideram ser a origem do jazz.
A forma tradicional do blues tem 12 compassos em 4/4 , apenas com acordes “dominantes” (acordes maiores com
sétima menor) formados sobre o Iº , o IVº e o Vº graus do tom em questão.
Veja a figura abaixo, com a fórmula tradicional para um blues em fá.
Existem inúmeras variações quanto ao número de compassos (de 24 compassos, de 20 compassos...), quanto à
fórmula de compasso (em 3/4, em 5/4...) e principalmente quanto aos acordes, com situações harmônicas bem mais
elaboradas. Mesmo assim todas essas variações são ainda consideradas como blues.
Tradicionalmente, usaríamos as escalas mixolídias de cada acorde para improvisar sobre uma fórmula de blues, que
nada mais são do que escalas maiores com o sétimo grau rebaixado, tal qual o acorde.
Porém, o blues é uma linguagem musical oriunda da miscigenação dos cantos africanos e da harmonia européia
contendo I IV e V graus. A linguagem melódica é dissociada da linguagem harmônica, provocando “choques” (blue
notes, ou notas “melancólicas”, sempre no sentido da expressão “I am blue” em inglês) característicos que acabam
por identificar a linguagem.
A melodia está sempre baseada na escala de blues, que é formada pela pentatônica menor do tom (fundamental,
3ªmenor, 4ªjusta, 5ªajusta, 7ªmenor, 8ªjusta), agregada à 4ªaumentada. A maior parte dos cantos africanos de
lamento, ou de trabalho, tem sua melodia baseada nessa escala. Junte-se à isso uma harmonia baseada nos graus I IV
e V de um campo harmônico tradicional do sistema tonal, e nasce o blues.
blue notes
As principais escalas, modos, seus campos e universos harmônicos já foram vistas quando falamos em progressões de
acordes e campos harmônicos.
O guia a seguir é uma primeira abordagem de quais escalas podem ser utilizadas para os diferentes tipos de acordes
dependendo da função que eles estão exercendo dentro da harmonia naquele momento.
Encare como uma primeira visão. Com o tempo você vai achar outras “cores” possíveis. Nada é proibido!
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