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empresarial
Desidério Murcho
A estrutura destas páginas é a seguinte. Começarei por mostrar por que motivo a
argumentação é importante na comunicação empresarial. Para isso terei de
esclarecer o que quer dizer «argumentação». De seguida tentarei oferecer uma
tipologia dos diversos argumentos. Por fim, procurarei dar uma ideia de algumas
regras gerais no que respeita à redacção de relatórios, teses ou trabalhos
académicos.
A argumentação
Penso que o leitor já começou a ter uma ideia quanto à importância dos
argumentos na comunicação empresarial. Mas agora pode perguntar-se: poderá a
argumentação ser ensinada? Não será a argumentação uma arte e como arte algo
que pertence ao domínio da intuição e da subjectividade, contrastando por isso com
a objectividade e o carácter estritamente cognitivo da ciência? Quem responde
afirmativamente a esta pergunta é céptico quanto à possibilidade de se ensinar uma
arte. A arte seria qualquer coisa intuitiva, misteriosa e incompreensível, imprópria
para um ensino sistemático e objectivo. Consequentemente, também a
argumentação não seria passível de ser ensinada: seria uma coisa inteiramente
subjectiva.
Acho que esta ideia está errada. Para mostrar por que acho que esta ideia está
errada tenho de falar da diferença entre condições necessárias e condições
suficientes. Na verdade já falei tantas vezes sobre condições necessárias e condições
suficientes que ouvir falar nesta distinção começa a ser uma condição suficiente
para eu fugir cuidadosamente ao assunto.
Uma condição necessária é apenas a consequente de uma condicional; e uma
condição suficiente é apenas a antecedente de uma condicional. Mas o que é uma
condicional? É uma frase da forma «se (qualquer coisa), então (qualquer outra
coisa)». Por exemplo: "Se ele não chumbou, então teve pelo menos 10 valores". Esta
frase afirma que uma condição necessária para não chumbar é ter pelo menos 10
valores. Não é possível passar se não tivermos pelo menos 10 valores. Mas não é
necessário ter dez valores, como é óbvio: podemos ter 17, se formos sortudos. Por
isso podemos afirmar que apesar de ser uma condição necessária para passar ter
pelo menos 10 valores, ter exactamente 10 valores não é uma condição necessária;
no entanto, é uma condição suficiente. Basta ter exactamente 10 valores para
passar.
Por vezes usa-se a expressão condição sine qua non, que significa «sem a qual
não». Uma condiçãosine qua non é uma condição necessária.
Tive de falar nisto para se poder perceber o que significa dizer que defendo
que apesar de o domínio de regras claras e objectivas não ser uma condição
suficiente para o domínio de uma arte, é no entanto uma condição necessária. Isto
quer dizer que apesar de uma pessoa conhecer e dominar todas as regras de uma
arte como a pintura ou o piano, não se segue que seja um grande pintor ou um
grande pianista; mas se nãodominar essas regras não conseguirá de certeza ser um
grande pintor ou um grande pianista. Na verdade, nem consegue ser um pintor
nem um pianista, quanto mais um grande pintor ou um grande pianista.
O mesmo acontece com a argumentação. Não é possível garantir o virtuosismo
argumentativo quando se aprende as regras da argumentação. Mas se não
aprendermos as regras da argumentação de certeza que nunca dominaremos a
argumentação. Aliás, o mesmo acontece com as ciências. Mesmo que alguém
domine todas as leis da física ou todos os teoremas da matemática, não há a
garantia de que essa pessoa seja um grande físico ou um grande matemático; mas
não é possível ser um grande físico ou um grande matemático sem dominar esses
aspectos técnicos.
Tipos de argumentos
Cada um destes tipos de argumentos tem regras próprias, que podem ser
preliminarmente estudadas no livro "A Arte de Argumentar", de Anthony Weston.
Desidério Murcho