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Vivemos numa cultura que nos assalta por todos os sentidos, através de
técnicas minuciosamente estudadas para invadir-nos e instalar-se nas dimensões
mais profundas de nossa afetividade, de tal maneira que vejamos a realidade
segundo seus próprios quereres e interesses.
Com a criatividade vertiginosa de novas técnicas publicitárias, buscam
surpreender-nos, deslum-brar-nos e apoderar-se de nossos sonhos, de
nossos desejos, de nossos passos, tornando-nos seguidores incondicionais
de suas idéias e fanáticos de seus espetáculos.
Talvez hoje, mais do que nunca, precisamos de uma ascese que purifique nossos
sentidos de tantos estímulos que invadem nossa intimidade, nos intoxicam, nos
aprisionam e deturpam nossa sensibilidade, impedindo-nos de perceber como
“Deus faz novas todas as coisas” (Apoc. 21,5).
Precisamos fazer um jejum de imagens e sons que nos invadem com cobiças impostas de satisfações
imediatas, para que no vazio humilde da alma e do corpo, possamos ser surpreendidos pela
transparência e revelação da realidade, da qual não somos donos.
Nesse processo de purificação poderá renascer em nós uma nova sensibilidade para “buscar e
encontrar”, com mais nitidez, a proximidade de Deus, tanto na beleza como na dureza do mundo.
“Os monges talhavam, na dureza da pedra de seus claustros, folhas, flores, anjos de rostos
infantis... Colocavam nos nichos das paredes imagens de Cristo de Maria, dos santos. Quando
caminhavam, esse espaço religioso entrava dentro deles por todos os sentidos.
Não era necessário pensar. Esses sinais religiosos percorriam a rota bem conhecida até o fundo do
coração, mesmo que o monge não se desse conta”.
A dimensão última da realidade está habitada por Deus. Mas não se pode chegar
até ela à base de raciocínios investigativos, lógicos e possessivos.
É necessário esperar com os sentidos abertos e vigilantes, até que se revele a
nós essa Presença que buscamos e que nos busca.
Só Deus sabe “acender”, a partir de dentro, os espaços e os tempos desse
encontro sem fim que se constrói com ocultamentos e transparências.
Para que sua infinitude e transcendência não nos espante, Ele se revela no
dom no qual se esconde.
Dotados de uma força ex-cêntrica, nossos sentidos se revelam como janelas
abertas ao Transcendente.
O Sagrado só pode ser percebido pelo ser humano, se este tem capacidade para
captá-lo. Deus nos criou com muitas janelas que nos ajudam a mergulhar na
realidade e, assim, chegar a vislumbrá-lo.
Temos cinco janelas que nos permitem ver, ouvir, tocar, saborear, sentir.
A pessoa que possui essas janelas sensíveis é espiritual. Por meio delas, consegue vislumbrar mais que
os sentidos percebem.
Os sentidos vêem as cores, e o espírito percebe a beleza das cores.
Os sentidos constatam as realidades, e o espírito avança para conhecer-lhes as verdades.
Os sentidos vêem o agir humano, e o espírito aguça o interesse pelo bem.
Os sentidos captam o movimento das celebrações, e o espírito vivencia a experiência de fé.