ASSUNTO: PROCESSO DE ESTÁGIO E MUDANÇA DE CARGO DE SERVIDOR
DA CONSULTA:
1-Trata-se de consulta formulada pelo Diretor de Des. e Gestão de Pessoas da
Prefeitura Municipal de Jaguarari, sobre a possibilidade do município promover processo de estágio para profissionais que estão concluindo cursos universitários e cursos técnicos. 2-A consulta versa, ainda, sobre a possibilidade ou não de um servidor mudar de cargo na Administração Pública. Informa o consulente que recebe, constantemente, pedidos de servidores (auxiliares administrativos, auxiliares de serviços gerais e outros) que, ao concluírem um curso de nível superior na área de pedagogia, letras, história, etc., formulam pedidos para deixar suas atividades e atuar na área de educação como professor.
DO PARECER:
1 – De início, impende anotar que a Lei nº 11.788/2008, na qual está disciplinada o
estágio de estudantes, prevê no art. 9o que “as pessoas jurídicas de direito privado e os órgãos da administração pública direta, autárquica e fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como profissionais liberais de nível superior devidamente registrados em seus respectivos conselhos de fiscalização profissional, podem oferecer estágio, observadas as seguintes obrigações: (...)”. Já o art. 8º da referida lei prevê que “é facultado às instituições de ensino celebrar com entes públicos e privados convênio de concessão de estágio, nos quais se explicitem o processo educativo compreendido nas atividades programadas para seus educandos e as condições de que tratam os arts. 6o a 14 desta Lei.”.
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3ª AVENIDA, Nº 320 - CENTRO ADMINISTRATIVO DA BAHIA – CATEL.: 71-3115-5900 - FAX: 71-3115- 5915 CEP: 41745-005 - SALVADOR – BAHIA Por sua vez, o art. 1º da Lei 11.788/2008, diz que “estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos”. Antes de procedermos a analise dos questionamentos, faz-se necessário registrar que a Constituição Federal traz implicitamente os princípios gerais da supremacia e da indisponibilidade do interesse público, que se traduzem nos alicerces jurídicos do exercício da função administrativa, positivados expressamente no art. 37 da Carta Constitucional. O princípio da legalidade implica subordinação completa do administrador à lei. Por essa razão, no desenvolvimento de suas atividades, não pode o agente dispor livremente do interesse público. Enquanto aos indivíduos no campo privado é facultado fazer tudo o que a lei não veda, no campo público o administrador somente pode atuar onde a lei autoriza. Para atender ao princípio da impessoalidade, a administração deve dispensar igualdade de tratamento aos administrados que se encontram em idêntica situação jurídica. A administração deve voltar-se exclusivamente para o interesse público, impedindo o favorecimento de alguns indivíduos em detrimento de outros. Deve, portanto, a Administração Pública Municipal, através de Decreto e/ou Portaria, criar Comissão Organizadora de Processo Seletivo para contratação de estagiário, proporcionando igualdade de tratamento aos interessados. Já o princípio da moralidade impõe que o agente público não dispense os valores éticos que devem estar presentes em sua conduta. Deve distinguir o que é honesto do que é desonesto, como também averiguar os critérios de conveniência, oportunidade e justiça em suas ações. A falta de moralidade administrativa pode resultar em atos de improbidade que importam enriquecimento ilícito, que causam prejuízo ao erário e que atentam contra os princípios da administração pública, conforme prevê, respectivamente, os artigos 9º, 10 e 11 da Lei nº 8.429/1992, a qual estabeleceu sanções aos agentes públicos e a terceiros responsáveis por condutas ilegítimas. A doutrina conceitua o princípio da publicidade como aquele que exige, nas formas admitidas em direito, e dentro dos limites constitucionalmente estabelecidos, a obrigatória divulgação dos atos da Administração Pública, com o objetivo de permitir seu conhecimento e controle pelos órgãos estatais competentes e por toda a sociedade. A publicidade é requisito de eficácia e moralidade. Não se trata aqui de publicidade para validação do ato. Os atos irregulares não se convalidam com a publicação, nem os regulares a dispensam para sua exeqüibilidade, quando a lei ou o regulamento a exigir.
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2- Sobre a possibilidade ou não de um servidor mudar de cargo na Administração
Pública, é importante esclarecer que a Constituição Federal determina expressamente no art. 37, inciso II: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (...) II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) O mandamento constitucional determina que o ingresso em cargo ou emprego público somente poderá ocorrer mediante aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos. O artigo 3º da Lei 8.112/1990 conceitua cargo público como “o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor”. Ele existe tanto na Administração direta quanto na Administração indireta dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O cargo público terá de ser criado, extinto ou modificado por lei, em número certo, com denominação própria e remunerado pelos cofres públicos. O cargo público pode ser de carreira, isto é, corresponde a uma profissão e integra em classes e níveis, ou isolado, aquele que não pode se integrar em classes e corresponde a uma função certa e determinada. Os cargos de carreira têm sua regulamentação prevista no Plano de cargos/carreira e vencimentos O cargo de carreira prevê várias funções e pode ser integrado em classes e níveis. A divisão do cargo em classe é também conhecida como progressão vertical. Nela, o profissional muda de classe dentro do cargo, isso ocorre com o investimento no conhecimento, através de especializações, mestrados, doutorados, etc. A divisão em níveis é tradicionalmente entendida como progressão
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Rosane Madalena Ladeia Pereira Prado
Advogada
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