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PARECER Nº 003/2011/JURÍDICO

INTERESSADO: MUNICÍPIO JAGUARARI


ASSUNTO: PROCESSO DE ESTÁGIO E MUDANÇA DE CARGO DE
SERVIDOR

DA CONSULTA:

1-Trata-se de consulta formulada pelo Diretor de Des. e Gestão de Pessoas da


Prefeitura Municipal de Jaguarari, sobre a possibilidade do município promover
processo de estágio para profissionais que estão concluindo cursos universitários e
cursos técnicos.
2-A consulta versa, ainda, sobre a possibilidade ou não de um servidor mudar de
cargo na Administração Pública. Informa o consulente que recebe, constantemente,
pedidos de servidores (auxiliares administrativos, auxiliares de serviços gerais e
outros) que, ao concluírem um curso de nível superior na área de pedagogia, letras,
história, etc., formulam pedidos para deixar suas atividades e atuar na área de
educação como professor.

DO PARECER:

1 – De início, impende anotar que a Lei nº 11.788/2008, na qual está disciplinada o


estágio de estudantes, prevê no art. 9o que “as pessoas jurídicas de direito privado e
os órgãos da administração pública direta, autárquica e fundacional de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como
profissionais liberais de nível superior devidamente registrados em seus respectivos
conselhos de fiscalização profissional, podem oferecer estágio, observadas as
seguintes obrigações: (...)”.
Já o art. 8º da referida lei prevê que “é facultado às instituições de ensino celebrar
com entes públicos e privados convênio de concessão de estágio, nos quais se
explicitem o processo educativo compreendido nas atividades programadas para
seus educandos e as condições de que tratam os arts. 6o a 14 desta Lei.”.

UNIÃO DOS MUNICÍPIOS DA BAHIA - UPB


3ª AVENIDA, Nº 320 - CENTRO ADMINISTRATIVO DA BAHIA – CATEL.: 71-3115-5900 - FAX: 71-3115-
5915 CEP: 41745-005 - SALVADOR – BAHIA
Por sua vez, o art. 1º da Lei 11.788/2008, diz que “estágio é ato educativo escolar
supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o
trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular em
instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da
educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade
profissional da educação de jovens e adultos”.
Antes de procedermos a analise dos questionamentos, faz-se necessário registrar
que a Constituição Federal traz implicitamente os princípios gerais da supremacia e
da indisponibilidade do interesse público, que se traduzem nos alicerces jurídicos
do exercício da função administrativa, positivados expressamente no art. 37 da
Carta Constitucional.
O princípio da legalidade implica subordinação completa do administrador à lei.
Por essa razão, no desenvolvimento de suas atividades, não pode o agente dispor
livremente do interesse público. Enquanto aos indivíduos no campo privado é
facultado fazer tudo o que a lei não veda, no campo público o administrador
somente pode atuar onde a lei autoriza.
Para atender ao princípio da impessoalidade, a administração deve dispensar
igualdade de tratamento aos administrados que se encontram em idêntica situação
jurídica. A administração deve voltar-se exclusivamente para o interesse público,
impedindo o favorecimento de alguns indivíduos em detrimento de outros. Deve,
portanto, a Administração Pública Municipal, através de Decreto e/ou Portaria, criar
Comissão Organizadora de Processo Seletivo para contratação de estagiário,
proporcionando igualdade de tratamento aos interessados.
Já o princípio da moralidade impõe que o agente público não dispense os valores
éticos que devem estar presentes em sua conduta. Deve distinguir o que é honesto
do que é desonesto, como também averiguar os critérios de conveniência,
oportunidade e justiça em suas ações. A falta de moralidade administrativa pode
resultar em atos de improbidade que importam enriquecimento ilícito, que causam
prejuízo ao erário e que atentam contra os princípios da administração pública,
conforme prevê, respectivamente, os artigos 9º, 10 e 11 da Lei nº 8.429/1992, a qual
estabeleceu sanções aos agentes públicos e a terceiros responsáveis por condutas
ilegítimas.
A doutrina conceitua o princípio da publicidade como aquele que exige, nas formas
admitidas em direito, e dentro dos limites constitucionalmente estabelecidos, a
obrigatória divulgação dos atos da Administração Pública, com o objetivo de
permitir seu conhecimento e controle pelos órgãos estatais competentes e por toda a
sociedade. A publicidade é requisito de eficácia e moralidade. Não se trata aqui de
publicidade para validação do ato. Os atos irregulares não se convalidam com a
publicação, nem os regulares a dispensam para sua exeqüibilidade, quando a lei ou
o regulamento a exigir.

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Para atender ao princípio da eficiência, a Administração Pública deve desenvolver
suas atividades atendendo a todos os outros princípios e ainda se ocupar de realizar
ações visando aperfeiçoar os serviços e as atividades prestadas, de modo que atenda
as necessidades dos administrados; ações que resulte em benefícios para
coletividade, isto é, a Administração, ao realizar os serviços e as atividades, deve
buscar otimizar os resultados de maneira a suprir as carências com maiores índices
de adequação, eficácia e satisfação.
Diante do interesse do município em promover Termo de Compromisso de Estágio
é importante observar os princípios, a legislação complementar e, principalmente, a
legislação municipal. Na legislação municipal, é necessário verificar se há previsão
de dotação orçamentária para concessão de bolsa ou outra forma de contraprestação
que, conforme determina a Lei de Estágio nº 11.788/2008, venha a ser acordada no
Termo de Compromisso de Estágio como, por exemplo, a contratação de seguro
contra acidente pessoal em favor do estagiário, com valor da apólice compatível
com o mercado (art. 9º, inciso IV), auxílio transporte, plano de saúde (§ 1º, art. 12),
férias (§ 1º, art. 13), além dos custos com a implantação da legislação relacionada à
saúde e à segurança no trabalho, que é de responsabilidade da parte concedente do
estágio (art. 14).
Não havendo previsão orçamentária, o gestor do município pode (conforme prevê a
CF e a LC 101/2000) enviar ao legislativo projeto de lei autorizando abertura de
crédito especifico para tal mister, para que sejam atendidos os princípios expressos
no art. 37, além de outros implícitos ou reconhecidos, espalhados pelo corpo da
Constituição Federal, a serem observados por todas as pessoas administrativas. Tal
projeto de lei deverá ser acompanhado de relatório de impacto orçamentário
resultante do aumento da despesa, discorrendo inclusive, sobre a utilidade,
legitimidade e legalidade da despesa (LC 101/2000).
Existindo previsão orçamentária para gasto com contratação de estagiário, o
Executivo municipal já está credenciado para promovê-la. A criação de Comissão
organizadora do processo seletivo, assim como a regulamentação dos critérios para
a contratação de estagiário, precisa ser efetivada por decreto do executivo, ou,
conforme disposto nas normas municipais, por portaria do Secretário da respectiva
pasta.
Quanto aos direitos, encargos sociais, trabalhistas, previdenciários e às obrigações,
a Lei 11.788/2008 dispõe claramente como deve proceder o estagiário, o
concedente e a instituição de ensino.
Conclui-se, por conseguinte, que o município somente pode firmar termo de
compromisso de estágio com estudante que estiver freqüentando o ensino regular,
em instituição de ensino superior, de educação profissional, de ensino médio, da
educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade

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profissional da educação de jovens e adultos, com duração de até dois anos ou
desde que o termo final do contrato coincida com a conclusão do curso.

2- Sobre a possibilidade ou não de um servidor mudar de cargo na Administração


Pública, é importante esclarecer que a Constituição Federal determina
expressamente no art. 37, inciso II:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(...)
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de
aprovação prévia em concurso público de provas ou de
provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em
lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
O mandamento constitucional determina que o ingresso em cargo ou emprego
público somente poderá ocorrer mediante aprovação em concurso público de provas
ou de provas e títulos.
O artigo 3º da Lei 8.112/1990 conceitua cargo público como “o conjunto de
atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem
ser cometidas a um servidor”. Ele existe tanto na Administração direta quanto na
Administração indireta dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O cargo
público terá de ser criado, extinto ou modificado por lei, em número certo, com
denominação própria e remunerado pelos cofres públicos.
O cargo público pode ser de carreira, isto é, corresponde a uma profissão e integra
em classes e níveis, ou isolado, aquele que não pode se integrar em classes e
corresponde a uma função certa e determinada.
Os cargos de carreira têm sua regulamentação prevista no Plano de cargos/carreira e
vencimentos O cargo de carreira prevê várias funções e pode ser integrado em
classes e níveis. A divisão do cargo em classe é também conhecida como
progressão vertical. Nela, o profissional muda de classe dentro do cargo, isso ocorre
com o investimento no conhecimento, através de especializações, mestrados,
doutorados, etc. A divisão em níveis é tradicionalmente entendida como progressão

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horizontal, em que o servidor eleva de nível através do decurso do tempo de efetivo
serviço no cargo. Vale observar que o servidor pode progredir de classe e de nível
ao mesmo tempo, desde que atenda aos requisitos de aprimoramento profissional e
do decurso do tempo.
É a investidura quem determina o cargo do servidor. Ela só ocorre após aprovação
em concurso público.
Dessa forma, imperioso se faz a aprovação prévia em concurso público de provas
ou de provas e títulos para que seja possível o exercício do cargo público,
ressalvadas as exceções legais. A mudança de cargo, conforme questionado pelo
consulente, por conseguinte, não encontra amparo no nosso ordenamento jurídico.
É o parecer, salvo melhor juízo.
Salvador – BA, fevereiro de 2011

Rosane Madalena Ladeia Pereira Prado


Advogada

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