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OLHAR CONTEMPLATIVO: imaculada percepção

“Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá


uma longa explicação” (Mário Quintana)
- Que olhar tenho sobre minha vida? Sobre o que faço?...
Contemplativo? pessimista? cuidadoso? compassivo?...
- Que olhar tenho sobre o mundo? Sobre as pessoas?...

Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram
aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos.
E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: - “Me ajuda a olhar!”

A experiência inaciana dos Exercícios Espirituais implica uma presença criativa e


um mergulho ousado na realidade circundante, fruto, sobretudo, da
contemplação da Encarnação.
Seguir Jesus é comprometer-se com uma encarnação concreta, original... Para
que essa encarnação seja vivida como experiência de crescimento, supõe que
busquemos uma nova maneira de olhar a realidade.
Olhar de fé, olhar que vai além das aparências, olhar que capta o “mistério” das coisas, das pessoas...
“Contemplar é abraçar na luz do olhar e no calor do coração toda a realidade que
se encaminha para um sentido superior.
É incorporar Deus no todo da própria experiência de Deus” (Frei Cláudio V. Balen)

Na nossa linguagem cotidiana ouvimos, com muita frequência, expressões como


estas:
“amor à primeira vista”; “cada pessoa tem direito ao seu ponto de vista”; “isto não tem
nada a ver”; “logo se vê”; “veja o que você diz”; “veja bem”; “olhe aqui”; “olhe com quem
está falando”; “olhe como fala”; “qual é a sua visão de mundo”; “re-visão”; “ter os olhos
maior que o estômago”
“dar uma olhada”; “olhar de banda”; “tirar de olho”; “mau olhado”; “olhar a criança”; “pior
cego é aquele que não quer ver”; “o que os olhos não vêem o coração não sente”; “ver
para crer”; ...
Tais expressões parecem indicar que o sentido da visão revela nossa posição no
mundo, nossa relação com as pessoas e nos proporciona o acesso à realidade.
Mas quê “novo olhar” somos convidados a desenvolver, a partir da experiência
dos Exercícios?
É o olhar contemplativo, que libera a capacidade de admiração e de encantamento para com o mundo,
a vida, as pessoas...
Abre-nos para perceber a ação de Deus na história e em nossa vidas: “ver Deus em todas as coisas
e todas as coisas em Deus” (S. Inácio); “... faz crer que existe um outro mundo dentro
deste mundo e que o invisível faz parte do visível” (L. Boff).
É o olhar que desperta o deslumbramento, que é a virtude da criança, a inocência da vida, a capacidade
de ver, de aprender, de ser... É o olhar límpido, a face transparente, a memória sem ensaio.
Tudo é novo e por isso tudo é maravilhoso, porque tudo se vê pela primeira vez.
A capacidade de assombro é a medida da vitalidade no ser humano.
“Os poetas nos dão uma grande felicidade de palavras. Misturam coisas e palavras nos seus
olhos, e o resultado é um banquete onde tudo que recebemos cru, duro e sem gosto, da
natureza, é transformado ao fogo da imaginação saborosa, tornando-se comida.
A poesia são palavras boas para comer. O poeta é um feiticeiro alquimista que cozinha o mundo
nos seus versos: num simples verso cabe um universo” (Rubem Alves).

O olhar contemplativo, portanto, é marcado pela esperança, pois consegue


enxergar possibilidades novas na realidade e abre “espaço para o imprevisto, para a
magia e para o milagre de que as coisas podem, de repente, mudar e ganhar outra
configuração...” (L. Boff).
Nesse sentido, o olhar é “grávido” de “boa-nova”, ou seja, é evangélico e
transformador.
Desse olhar contemplativo, nasce o olhar cuidadoso, que zela e guarda o outro, a ele se dedica e
investe o próprio tempo e energia, dispensando o melhor de si; nasce o olhar compassivo, que acolhe e
sofre a situação do outro; um olhar ousado, que quebra as barreiras e aproxima corações...
Trata-se de um olhar inclusivo, solidário, humanizante, que procura perceber e valorizar o outro em
sua diferença, em sua originalidade, em sua dignidade... e com ele se compromete.
Textos bíblicos: Mt. 6,25-34 Lc. 11,33-35 Lc. 6,39-45

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