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Caro estudante,
As características fundamentais da
sociedade contemporânea que têm impacto
sobre a educação são, pois, maior
complexidade das relações sócio-produtivas,
uso mais intenso de tecnologia,
redimensionamento da compreensão das
relações de espaço e tempo, trabalho mais
responsabilizado, com maior mobilidade,
exigindo um trabalhador multicompetente,
multiqualificado, capaz de gerir situações de
grupo, de se adaptar a situações novas e
sempre pronto a aprender.
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1. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ALIMENTAÇÃO
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O primeiro e mais óbvio exemplo da relação entre economia e alimentação é
a indicação da capacidade de sobrevivência de uma dada civilização, que passa, antes
de tudo, pelo provimento dos gêneros alimentícios suficientes para sua manutenção e
para a sua reprodução; daí uma relação direta entre a demografia histórica e a economia
alimentar. O intercâmbio e os sistemas de troca são fundamentados, em grande parte,
no tráfico de alimentos, e é impossível pensar na história do comércio sem
mencionarmos os principais produtos em causa.
A comida e o sexo são duas fontes dos mais intensos prazeres carnais, sendo
que o primeiro é indispensável na vida diária de todo ser humano. Só depois de violarem
a regra dietária (não comer do fruto), Adão e Eva passaram a perceber que estavam nus
e a envergonhar-se disso, ou seja, tiveram a consciência simultânea da sexualidade
acompanhada da culpa. Mas o gesto original deriva mais de outros pecados – como a
gula e a soberba (de querer desafiar a Deus e provar do proibido) – do que da luxúria,
que só nasce como consequência. Na economia libidinal humana, esses dois prazeres
são aproximados de muitas maneiras, tanto na fase infantil – em que o seio materno é a
fonte do máximo prazer – como nas práticas eróticas orais, tais como o beijo, em que o
mesmo órgão da nutrição produz gratificação sensual. Nas representações de inúmeras
culturas, associa-se sempre o sexo à comida, e o verbo comer costuma possuir um duplo
sentido.
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O comer também é um ato cognitivo, pois conhece-se pelo gosto, o que levou
Charles Fourier a propor o termo gastrosofia como mais apropriado do que gastronomia.
As palavras saber e sabor aparentam-se. A origem das duas palavras é a mesma, o
termo latino sapere, que significa “ter gosto”. Isso indica que a fonte do conhecimento
empírico direto é etimologicamente associada ao sentido do gosto. Em praticamente
todas as culturas, os alimentos sempre foram relacionados à saúde, não apenas porque
a sua abundância ou escassez colocam em questão a sobrevivência humana, mas
também porque o tipo de dieta e a explicação médica para a sua utilização sempre
influenciaram a atitude diante da comida, considerando a sua adequação a certas
idades, gêneros, constituições físicas ou enfermidades presentes. Daí uma noção
comum de regime para a regulamentação do corpo e do Estado.
O termo derivado do rex latino (rei) denota uma noção disciplinar de controle, de regência
micro e macro política das regras alimentares, assim como de outras. (CARNEIRO,
2005).
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A importância do fenômeno do fast-food tem sido corretamente apontada
como uma das chaves para a compreensão da natureza dos problemas sociais de nossa
época. Vários analistas têm identificado uma corrosão dos hábitos alimentares
familiares, como as refeições partilhadas, o que leva à substituição da alimentação em
casa pelos sistemas de restaurantes ou lanchonetes. A expansão da lanchonete,
especialmente de algumas cadeias construídas sobre certas marcas, traz consigo um
sistema alimentar específico baseado na substituição dos carboidratos complexos
(cereais, amidos) por carboidratos simples (açúcares e gorduras), com consequências
daninhas para a saúde pública e para a ecologia global. Tal sistema alimentar, baseado
em carnes, carboidratos e açúcares, também provoca a demanda de uma produção
agrícola voltada para a forragem animal (sendo a soja um dos exemplos flagrantes), com
graves consequências sociais e ambientais.
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A RECONSTRUÇÃO DAS PECULIARIDADES DE CADA ÉPOCA E LUGAR
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1.2. O PARADOXO DA MODERNIDADE ALIMENTAR
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O primeiro eixo diz respeito à memória e à tradição. Neste sentido, a comida teria
uma função rememorativa, suas técnicas de preparo deteriam virtudes históricas e
garantiriam a sobrevivência de algumas tradições. O segundo eixo direciona seu foco
para o consumidor moderno. Para isso, a publicidade utiliza uma série de recursos que
permitem transferir para os alimentos informações subliminares, reconhecidas no
subconsciente e que são associadas ao desejo de querer ser dos consumidores. Podem
expressar virilidade, força, leveza, modernidade, associando a comida a uma nova
esfera de situações psicoafetivas.
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É possível afirmar que parte das evoluções ocorridas na indústria de alimentos
foram impulsionadas por uma tendência social mundial, a qual Fischler (1995)
chama de feminização da sociedade, ou seja, a mulher na sociedade contemporânea.
Os movimentos sociais das décadas de 1960 e 1970, principalmente o movimento
feminista, potencializaram esse fenômeno. Nos anos 1980, essa tendência se afirmou
de forma evidente com a feminização do mundo do trabalho. Essa tendência tem gerado
mudanças marcantes na estrutura e nas relações familiares, além de repercutir de forma
considerável no conjunto da sociedade. Apesar das conquistas alcançadas no que se
refere à equidade entre os gêneros, a mudança na divisão das tarefas domésticas
parece ter alterado pouco a vida cotidiana da mulher. A pesquisa Hábitos alimentares na
sociedade brasileira encontrou que, com a exceção do lanche, é responsabilidade da
mulher o preparo das refeições, além da definição do cardápio, em cerca de 2/3 dos
lares pesquisados (BARBOSA, 2007).
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organização do cardápio, além de serem reconhecidas como cuidadoras da saúde da
família por intermédio da alimentalização: há dietas para diferentes patologias e
necessidades, e diferentes teores e qualidades são elencadas para alimentos que
passaram a ser funcionais.
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transformações sociais, incluindo o crescimento do comércio, dos investimentos, das
viagens, redes de informática, dos sistemas alimentares, no qual numerosas forças,
entrecruzadas entre si, fazem com que as fronteiras de todo tipo e de todos os níveis
sejam mais permanentes. Consequentemente, essa permeabilidade progressiva e
multidimensional é resultante do processo de globalização, que por sua vez é um
processo progressivo de homogeneização e de perda da diversidade nos planos social,
econômico, ecológico e cultural.
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As ciências biomédicas formulam a seguinte pergunta: a alimentação tem alguma
influência sobre a saúde? Estabelecida a hipótese dessa relação, propõem os objetivos
que pretendem alcançar no estudo da alimentação humana, como por exemplo a recente
descoberta dos processos naturais contínuos, que são dados de maneira espontânea
pela natureza, os quais a pesquisa deverá ser capaz de reconstruir.
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(cada cultura define o que é comestível e “experimenta” os seus efeitos). Os indivíduos
nos interessam como categorias de pessoas com papéis e estatutos específicos, que
marcam o seu acesso a todos os processos relacionados com a alimentação, do cultivo
ao dejeto. Os nossos resultados consistirão em propostas da relação entre os sistemas
socioculturais e os sistemas alimentares construídos.
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mediante parâmetros morais, gastronômicos, econômicos e dietéticos, tanto nos países
mais industrializados quanto nos do terceiro mundo. O consumo desses produtos está
aumentando em quantidade, em variedade e na porcentagem dos gastos orçamentários
domésticos. O processo ainda está longe de ter um ponto final, porque a tecnologia
alimentar desenha constantemente novos produtos, e as últimas aplicações alimentares
da biotecnologia anunciam novidades para um futuro mais ou menos imediato, tais
como: tomates que não apodrecem, leite de vaca com vacinas incorporadas, berinjelas
brancas, arroz colorido e aromatizado, batatas com amido de melhor qualidade, que as
tornará mais adequadas ao cozimento do que à fritura; milho com um leve sabor de
manteiga, etc.
Na segunda década dos anos 1800, começou a imigração alemã, e em seus anos
finais, a italiana.
Quanto aos pratos típicos da culinária regional, deve-se aos índios a invenção do
típico dos típicos: o churrasco, carne assada nas brasas, além da farinha de mandioca,
que sempre acompanha o primeiro; e igualmente uma bebida, o chimarrão, infusão feita
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com as folhas de um arbusto. Os portugueses contribuíram com a maioria dos pratos,
destacando-se o feijão e o arroz. Os alemães encarregaram-se de popularizar a batata,
enquanto os italianos trouxeram a polenta. Observa-se que a batata e a polenta são
alimentos emblemáticos das populações de ascendência alemã e italiana do Rio Grande
do Sul, respectivamente. Essa relação se expressa nas xingações padronizadas de que
são vítimas: “alemão batata, come queijo com barata” e “gringo polenteiro”.
Tudo isso parece indicar que representam-se a si mesmos como não brasileiros
ou estrangeiros, talvez reflexo do status de excluído da cidadania que o negro continua
tendo até hoje no Brasil.
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RESUMO
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Uma das principais críticas feitas ao alimento industrializado é que estes
seriam uma trapaça. Nas palavras de Fischler: o alimento moderno já não tem
identidade, pois não é identificável. Tal acontecimento se configura como uma das fontes
profundas de mal-estar da modernidade alimentar: se trata de um transtorno de
identidade. Também afirma que a fórmula “[...] diga o que comes que te direi quem és”
reflete uma verdade não só biológica e social, mas também simbólica e subjetiva.
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REFERÊNCIAS
ARAÚJO, C., SCALON, C. Gênero e a distância entre a intenção e o gesto. Rev Bras Ci
Soc, 2006, vol. 21, n. 62, p. 45-68.
ATKINSON, P. Eating virtue. In: MURCOTT, A. (Ed.) The sociology of food and eating:
essays on the sociological significance of food. Hants: Gower Publishing, 1983. p. 9-17.
BARBOSA, L. Feijão com arroz e arroz com feijão: o Brasil no prato dos brasileiros. Horiz
Antrop, 2007; vol. 13, n. 28, p. 87-116.
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