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E ARTE MILITAR
ESTRATÉGIA SOCIALISTA
Cortesia da ISKRA aos alunos da disciplina Teoria Social II (PPG Ciências Sociais/UFCG)
e Matías Maiello
Emilio Albamonte
E ARTE MILITAR
ESTRATÉGIA SOCIALISTA
© desta edição, Edições Iskra, 2020
© 2017, Ediciones IPS, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, para a tradução em língua portuguesa
A editora autoriza a reprodução deste livro para fins de natureza teórica
e/ou divulgação eletrônica, desde que mencionada a fonte.
Este livro foi revisado segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990,
em vigor no Brasil desde 2009.
Cortesia da ISKRA aos alunos da disciplina Teoria Social II (PPG Ciências Sociais/UFCG)
Agradecimentos 9
Cortesia da ISKRA aos alunos da disciplina Teoria Social II (PPG Ciências Sociais/UFCG)
cas que não mudam nada substancial, ou sendo canalizadas para o interior
dos regimes instituídos através de alguma variante política burguesa (seja
pela direita ou pela esquerda), ou possibilitando contragolpes e/ou saídas
bonapartistas, como de fato ocorreu no primeiro ciclo pós-2008; mas que,
ao contrário disso, possam desprender sua potencialidade e chegar a abrir
o caminho da revolta à revolução.
2 Chantal Mouffe, Por un populismo de izquierda, Siglo XXI Editores, Buenos Aires,
2018. Para uma crítica, ver: Claudia Cinatti, “Chantal Mouffe y el populismo de lo po-
sible” em Ideas de Izquierda, disponível em 5/9/2019 em https://www.laizquierdadiario.
com/Chantal-Mouffe-y-el-populismo-de-lo-posible#nh7.
3 Os chamados “ayuntamientos del cambio” são municípios nos quais o Podemos e
suas coligações chegaram a conquistar prefeituras municipais nas eleições de 2015, tais
como Madrid, Zaragoza, La Coruña, Ferrol, Cádiz, Valência e Santiago de Compos-
tela. As eleições de 2019 trouxeram reveses, com o retorno da direita do Partido So-
cialista (PSOE) em quase todos eles, com exceção de Cádiz e Valência (mas à custa de
pactuar com o PSOE nesses locais). (Nota da Edição Brasileira – N.E.B.).
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8 Ver Stathis Kouvelakis, “The french insurgency”, New Left Review n. 116/117,
mar-jun 2019.
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13 Expressão disso foi a colocação de Nathalie Arthaud, que afirmou durante
a campanha pelas eleições europeias “nunca serei Gilet Jaune, sou comunista
revolucionária”, (“Nathalie Arthaud à dijon: ‘Politiquement, les perspectives des
Gilets Jaunes sont trop limitées”, disponível em 4/9/2019 em http://www.infos-dijon.
com/news/cote-d-or/cote-d-or/nathalie-arthaud-a-dijon-politiquement-les-perspectives-
des-gilets-jaunes-sont-trop-limitees.html ).
14 Entrevista a Olivier Besancenot, “¿Podríamos olvidarnos de las elecciones por
un momento?”, disponível em 5/9/2019 em https://vientosur.info/spip.php?article14919.
PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA | 21
Quaisquer que sejam seus diversos aspectos, por distante que pareça da
crua explosão de ódio e animosidade do pugilismo, ainda que mil cir-
cunstâncias que não são propriamente luta o penetrem, permanece sem-
pre no conceito da guerra que todas as ações que nela aparecem têm sua
origem na luta.18
Cortesia da ISKRA aos alunos da disciplina Teoria Social II (PPG Ciências Sociais/UFCG)
19 Para um desenvolvimento da relação entre classe, partido e direção nos deba-
tes de estratégia, ver capítulo 1 deste livro.
PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA | 25
Uma frente eleitoral, por mais virtudes que tenha, não pode suprir –
como se depreende da estratégia de “partidos amplos” – a necessidade de
preparar um partido de combate, verdadeiramente democrático, de qua-
dros, que seja uma engrenagem fundamental para a luta de classes. Por
exemplo, na Argentina, a partir do Partido de los Trabajadores Socialistas
(PTS), somos parte da Frente de Izquierda y los Trabajadores – Unidad,
que é uma frente eleitoral com independência de classe e socialista que na
atualidade agrupa a grande maioria da esquerda local. Participamos do
parlamento nacional, e temos representação em várias assembleias legisla-
tivas provinciais e municipais. Também participamos nos sindicatos e nas
lutas operárias, assim como do movimento estudantil, de mulheres, etc.
No entanto, toda esta importante atividade não implica por si mesma a
preparação de um partido revolucionário. Nesse ponto, é insubstituível a
concepção de Lênin de “tribunos do povo”. Ela se refere não só à necessi-
dade dos revolucionários de ecoarem as mazelas de todos os explorados e
oprimidos da sociedade, mas também à prática de “generalizar todos esses
fatos e oferecer um quadro de conjunto”22 contra o Estado e o capitalis-
mo. A partir disso é necessário “moldar”, através de uma agitação políti-
ca, a vanguarda e setores de massas para uma perspectiva revolucionária.
Quando Lênin concluía, em O que fazer?, colocando a necessidade de
um jornal que “se difunda regularmente às dezenas de milhares de exem-
plares em toda a Rússia”, e agregava “Sonhemos com isso!”, não se trata-
va de um sonho vão. Ao contrário, inspirava-se, como dizíamos, no que a
social-democracia alemã tinha feito com a publicação do Sozialdemokrat. Ele
se referia à possibilidade de ter um meio para levar adiante aquele obje-
tivo de transformarem-se em “tribunos do povo” através de uma agita-
ção ampla e sistemática. O desenvolvimento posterior do Pravda não faria
mais do que levar esta colocação a um novo nível, chegando a setores de
massas diariamente.
O método de Lênin mantém, hoje, toda a sua vigência. As novas tecno-
logias, longe de contradizê-lo, o potencializaram até níveis que o próprio
Lênin não teria sequer imaginado. O desenvolvimento da internet, das
redes sociais e das plataformas digitais, mesmo com os obstáculos impos-
tos por seu controle capitalista e pela tirania do “algoritmo”, levantam
22 V. I. Lenin, “¿Qué hacer?”, Obras selectas, tomo 1, Buenos Aires, Ediciones IPS-
CEIP León Trotsky, 2013, p. 126.
PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA | 27
23 Trata-se de uma rede de portais “de partido”; porém, abertos, nos quais se pu-
blicam contribuições de centenas de lutadores, jornalistas, intelectuais, desenvolvem-se
publicamente polêmicas no interior da esquerda, em que cada publicação tem um es-
paço livre de debate nos comentários.
24 Para uma análise sobre este aspecto na obra de Lênin, ver o capítulo 1 deste livro.
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1 León Trotsky, “Clase, partido y dirección: ¿por qué fue derrotado el proletariado
español?”, op. cit., p. 432.
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seu sentido mais amplo, todas as atividades que são úteis para a completa
formação das forças combatentes.2
2 Carl von Clausewitz, De la guerra, tomo I, Buenos Aires, Círculo Militar, 1968, p. 146.
3 Leon Trotsky. The First Five Years of the Communist International, volume II, Marxist
Internet Archive, disponível em 5/3/2017, https://www.marxists.org/archive/trotsky/1924/
ffyci-2/01b.htm.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 59
muitos anos atrás6, o novo em Lih é que o tratamento deste tema é parte
de um projeto muito mais amplo para demonstrar uma “agressiva falta
de originalidade” (aggressive unoriginality) de Lênin com respeito às colo-
cações de Kautsky.7
Cortesia da ISKRA aos alunos da disciplina Teoria Social II (PPG Ciências Sociais/UFCG)
Isso quer dizer que a estratégia é aquela que liga os combates iso-
lados para o objetivo da guerra. Nesses termos, podemos dizer que
enquanto o debate em torno do revisionismo de Bernstein colocava em
discussão quais deveriam ser os “fins”, entre a reforma do capitalismo ou
a revolução socialista, o debate das duas estratégias (em princípio) partia
desse último objetivo para discutir o “como” conquistá-lo. Tratava-se de
10 Para Bernstein, a teoria do valor deixava de ser uma determinação estrutural
para se converter em um um problema ético; a luta de classes se tornava um “desperdí-
cio completo de tempo, esforço e material”; o colonialismo adquiria traços positivos, já
que “sob o domínio direto europeu, os selvagens estão, sem exceção, melhor do que an-
tes”; a ideia de “revolução” devia ser substituída pelo conceito de “transformação social”
(ver, respectivamente: “La lucha de la socialdemocracia y la revolución de la sociedad”,
“Observaciones generales sobre el utopismo y el eclecticismo” e “Las premisas del socia-
lismo y las tareas de la socialdemocracia” em Eduard Bernstein, Las premisas del socialismo y
las tareas de la socialdemocracia, México, Siglo XXI, 1982).
11 O programa de Erfurt foi aprovado em 1891, depois de revogadas as leis “antis-
socialistas” que colocavam a social-democracia na ilegalidade, e se baseava em muitas das
críticas que Marx havia feito em 1975 ao programa de Gotha. No entanto, como foi criti-
cado por Engels, não dizia nada sobre o caráter violento da revolução nem sobre o cará-
ter do Estado, sob o argumento do perigo de proibição legal do partido.
12 Carl von Clausewitz, De la guerra, tomo I, op. cit., p. 147.
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na estratégia tudo é muito simples, porém nem tudo é muito fácil. Decidido, segun-
do as circunstâncias do Estado, aquilo que a guerra deve e pode fazer, é
fácil encontrar o caminho para alcançá-lo; porém, seguir inflexível nesse
caminho, pôr em prática o plano sem se separar dele em mil ocasiões,
requer uma grande fortaleza de caráter e grande clareza e segurança da
inteligência.13
PARTE 1
ESTRATÉGIA DE DESGASTE E ESTRATÉGIA
DE DERRUBADA
parlamentar15 de uma organização que em 1909 contava com 700 mil afi-
liados, mais de 2 milhões de afiliados em seus sindicatos e 3 milhões de
eleitores.
Em 1910, essa contradição se coloca em vermelho vivo quando um
cenário de recessão econômica se combina com uma crise política de
Cortesia da ISKRA aos alunos da disciplina Teoria Social II (PPG Ciências Sociais/UFCG)
15 Quarenta e três deputados no parlamento nacional (havia tido mais anteriormen-
te), além de muitas centenas no nível dos Länder e dos municípios.
16 Em 1909, no marco do desenvolvimento da crise econômica no Império, o chan-
celer, príncipe Bernhard von Bülow, tentará aprovar uma reforma tributária que, se bem
era dirigida contra as massas, implicava também um avanço sobre os privilégios tributá-
rios da casta militar-latifundiária dos junkers. Por meados desse ano, Bülow cai, fruto das
manobras dos conservadores que, apesar de apoiar sua política colonialista e de rearma-
mento da Alemanha, opunham-se a seu projeto de reformas tendentes a diminuir o peso
e os privilégios dos junkers.
17 Tanto o Partido Nacional Liberal como os liberais que formarão o Partido
Popular Progresista.
18 A casta dos junkers (pessoalmente afeitos ao imperador e convencidos de serem os
depositários de uma missão sagrada de defesa do Estado) constitui a esmagadora maioria
dos quadros superiores na hierarquia militar, assim como na burocracia imperial.
19 Como aponta Broué: “[…] a distribuição de circunscrições eleitorais favorece os
eleitores rurais, o estabelecimento do escrutínio em dia de trabalho exclui muitos eleitores
assalariados, a prática de candidatura oficial, a ausência de imunidade parlamentar, res-
tringem o alcance do princípio eleitoral. Os poderes do Reichstag são limitados: não tem
iniciativa legal, não pode votar uma lei sem o acordo do Bundesrat e não pode trocar um
chanceler, ainda que se situe em minoria. Esse regime, que não é nem parlamentar nem
democrático, está caracterizado pela dominação da Prússia no governo imperial. O rei da
Prússia é imperador, o chanceler do Império, primeiro-ministro prussiano, os dezessete de-
legados prussianos no Bundesrat podem entorpecer qualquer medida que não agrade a seu
governo, do qual receberam mandato imperativo. Nada é possível no Reich sem o acordo
desse governo, que não é outra coisa senão a emanação de um Landtag eleito segundo o
sistema de classes. […] A Prússia é um bastião da aristocracia guerreira dos junkers” (Pierre
Broué, Revolución en Alemania, tomo I, edição digital de Germinal, sem data, p. 8, disponível
em 5/3/2017 em: http://grupgerminal.org/?q=system/files/revolucion_en_alemania.pdf).
64 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
salto. Entre 150 mil e 200 mil pessoas marcham em Berlim. Os conserva-
dores e o Partido do Centro (Zentrum) católico acusam – sem fundamen-
tos sérios – a social-democracia de pretender desatar uma insurreição.23
É nesse contexto, a poucos dias da mobilização em Berlim, que Rosa
Luxemburgo lança o artigo que iniciará o debate com Kautsky. Seu título,
muito significativo, era: “E depois, o quê?”. O ponto de Luxemburgo era
que o movimento vinha em ascensão, porém sem perspectivas claras para
seu desenvolvimento. As mobilizações organizadas pela social-democra-
cia haviam sido úteis no início do movimento, porém, paralelamente, um
importante processo grevista se desenvolvia sem o impulso da direção
do partido nem dos sindicatos – que simplesmente o “toleravam”. Ela
24 Karl Kautsky, “¿Y ahora qué?”, em Alexander Parvus; Franz Mehring; Rosa
Luxemburgo e outros, Debate sobre la huelga de masas, primera parte, Buenos Aires, Pasado
y Presente, 1975, p. 133-134.
25 “A estratégia de desgaste dos romanos perante Aníbal não os liberou da necessi-
dade de dar finalmente ao chefe dos cartaginenses o combate definidor de Zama” (Idem,
p. 136). A batalha de Zama marcou o final da segunda Guerra Púnica.
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“A guerra é um camaleão”28
Em seu trabalho “The New Era of War and Revolution”: Lenin, Kautsky,
Hegel and the Outbreak of World War I”, o acadêmico marxista Lars Lih
37 Para uma definição dos elementos objetivos de uma situação revolucionária, ver
V. I. Lenin, “La bancarrota de la II Internacional”, Obras selectas, tomo I, op. cit., p. 427.
Para uma definição abrangente dos elementos objetivos e subjetivos, ver Trotsky, León,
“¿Qué es una situación revolucionaria?”, Escritos de León Trotsky 1929-1940 [CD], Libro 2,
Buenos Aires, Ediciones IPS-CEIP León Trotsky, 2000.
38 “A oposição absoluta entre uma situação revolucionária e uma situação não re-
volucionária – aponta Trótski – é um exemplo clássico de pensamento metafísico […]
No processo histórico, encontram-se situações estáveis, absolutamente não revolucio-
nárias. Encontram-se também situações notoriamente revolucionárias. Há também si-
tuações contrarrevolucionárias (não nos esqueçamos!). Porém o que existe, acima de
tudo, em nossa época de capitalismo em putrefação, são situações intermediárias, tran-
sitórias: entre uma situação não revolucionária e uma situação pré-revolucionária, entre
uma situação pré-revolucionária e uma situação revolucionária ou… contrarrevolucioná-
ria. São precisamente esses estados transitórios que possuem uma importância decisiva
do ponto de vista da estratégia política.” (León Trotsky, ¿Adónde va Francia? / Diario del exi-
lio, op. cit., p. 83).
70 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
39 Rosa Luxemburgo, “La teoría y la praxis”, en Alexander Parvus, Franz Mehring,
Rosa Luxemburgo e outros, Debate sobre la huelga de masas, primera parte, op. cit., p. 270.
40 Dessa forma, e apesar de suas combinações em cada caso concreto, o autor de Da
guerra marcava a confluência de fatores racionais e irracionais na guerra. Isto é, ela não
era um fenômeno irracional impossível de se teorizar, como queria Berenhort, nem tam-
pouco um fenômeno racional suscetível até de ser esquematizado, como afirmava Bülow.
Entre ambos os extremos, Clausewitz será quem irá sintetizar uma visão abrangente de
ambos os elementos, que utiliza a experiência da história militar para evitar tanto o dog-
matismo como o ceticismo. (ver Martin van Creveld, The art of war: war and military thought,
New York, Smithsonian Books, 2005, p. 107).
41 Cf. Carl von Clausewitz, De la guerra, tomo I, op. cit., p. 54.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 71
42 Idem.
43 V. I. Lenin, “El sentido histórico de la lucha interna del partido en Rusia”, Obras
completas, tomo XVI, Madrid, Akal, 1977, p. 385.
44 Idem, p. 386.
45 Idem.
72 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
A “estranha trindade”
Retomando as afirmações de Lars Lih, dizíamos que sua abordagem
do debate de estratégias é parte de um projeto mais amplo de “reinterpre-
tação” da relação entre Lênin e Kautsky. Um de seus pontos centrais – e
mais audazes, por certo – é a tentativa de demonstrar que Lênin não des-
envolve um “novo tipo de partido”, um “partido de vanguarda” diferen-
te da social-democracia alemã de início do século XX, mas que se limita
a traduzir seu exemplo às condições russas46.
Para fundamentar essa tese, em seu livro, Lenin Rediscovered. “What Is
to Be Done?” In Context47, Lih empreende um estudo documentado dos deba-
tes do começo do século XX no marxismo que emolduram a elaboração
de O que fazer? Seu ponto de partida é que o jovem Lênin “era um ativista
revolucionário russo inspirado pelo poderoso Partido Social-democrata
Alemão e determinado a importar tanto daquele modelo quanto fosse
possível sob as condições muito diferentes da Rússia autocrática”48.
Os desenvolvimentos de Lênin em O que fazer?, de 1902, expressam
uma síntese do trabalho do jornal clandestino russo Iskra49, que efetiva-
mente – e esse é um dos aspectos mais interessantes da análise de
Lih – estava inspirado na experiência do Sozialdemokrat editado na
46 Cf. Lars Lih, Lênin Rediscovered. “What Is to Be Done?” In Context, Chicago,
Haymarket Books, 2008, p. 31.
47 Em 2010, a revista Historical Materialism dedicou um dossiê especial à polêmica so-
bre esse livro de Lars Lih: Historical Materialism, n. 18, volume 3, 2010, p. 25 et seq.
48 Lars Lih, Lenin Rediscovered. “What Is to Be Done?” In Context, op. cit., p. 3.
49 Em russo Искра (Iskra), significa “Faísca”, foi publicado de 1900 a 1905.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 73
50 “O jornal [Iskra] foi impresso primeiro em Zurique e mais tarde em Londres, e in-
troduzido ilegalmente na Rússia por diversos meios. Parte da mística do Iskra provinha
das malas de fundo duplo, dos passaportes falsos, da tinta que desaparece, dos fracassos
desoladores e dos alegres êxitos que faziam parte da distribuição do jornal. Como o “jor-
nal vermelho” Sozialdemokrat durante as leis antissocialistas na Alemanha, o Iskra zombava
do governo tsarista simplesmente por sua própria existência” (Idem, p. 164).
51 Idem, p. 556.
52 Sozialdemokratische Partei Deutschlands. (N.E.B.).
53 Daí que as “provas” esgrimidas por Lars Lih (apropriação por Lênin de várias
elaborações de Kautsky) não sejam capazes de demonstrar sua hipótese (uma mesma con-
cepção de partido em Lênin e Kautsky inspirada num “modelo SPD”).
74 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
54 A fórmula trinitária foi, especialmente nas últimas décadas, uma pedra de toque
da divisão entre “clausewitzianos” e “anticlausewitzianos”. Sobre esses debates, ver espe-
cialmente: Thomas Waldman, War, Clausewitz, and the Trinity, London, Routledge, 2016.
55 Dentro dos que questionam a vigência da teoria do general prussiano baseando-
se nas profundas mudanças ocorridas no contexto social, político e econômico desde que
ela foi formulada, nos referimos, sobretudo, àqueles que, como Martin van Creveld em
The Transformation of War (Nova York, Free Press, 1991), afirmam que a trindade não pode
dar conta dos conflitos atuais; daquilo que as doutrinas militares englobam, em termos
de “guerras irregulares”, “insurgência”, “terrorismo”, etc. Para esses autores, “Estado”,
“política”, e “racionalidade” conformariam no pensamento de Clausewitz um bloco indi-
visível. Portanto, sendo que o que prima nos últimos anos são as “guerras irregulares”,
a trindade não serve para dar conta dos conflitos contemporâneos, já que não é possí-
vel analisar essas guerras do ponto de vista do enfrentamento entre forças regulares ou
Estados com “racionalidade política”.
56 Thomas Waldman, War, Clausewitz, and the Trinity, op. cit., p 350.
57 Christopher Bassford, “The Primacy of Policy and the ‘Trinity’ in Clausewitz’s
Mature Thought”, Hew Strachan e Andreas Herberg-Rothe (orgs.), Clausewitz in the
Twenty-First Century, Oxford, Oxford University Press, 2007, p. 82.
58 Por seu lado, Gow propôs os de “comunidade política”, “força armada”, e “lide-
rança política” (James Gow, “The New Clausewitz? War, Force, Art and Utility - Rupert
Smith on 21st Century Strategy, Operations and Tactics in a Comprehensive Context”,
The Journal of Strategic Studies, vol. 29, n. 6, dezembro 2006, p. 1168).
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 75
existir como tal, deve abrir passagem no curso da luta de classes (seja
essa do nível que for) e em meio às fricções entre as diferentes tendências
da própria classe60. Isso significa que não surge como simples reflexo da
classe operária ou produto da luta espontânea. Desse ponto de vista, não
é digno de destaque que tanto Lênin como Kautsky tenham coincidido
na fórmula de “fusão entre o socialismo e o movimento operário” como
objetivo estratégico, como assinala corretamente Lih61.
No entanto, como apontamos anteriormente, na estratégia “tudo
é simples, porém não é fácil”. Uma questão é como surge uma direção
(ganhando seu direito à existência) e outra é como esta, uma vez sur-
gida, se relaciona com a classe. Assim que uma direção revolucionária
emerge (e na medida em que o faz), ela inevitavelmente se eleva sobre a
classe. Como consequência disso, a direção se arrisca a sofrer a pressão
e a influência das demais classes, tanto da pequena-burguesia, como da
própria burguesia62.
Aqui é onde começa uma série de problemas decisivos e o distancia-
mento progressivo de caminhos entre o SPD e os bolcheviques, e mais
tarde entre Kautsky e Lênin. Nesse ponto, é onde começa a atuar plena-
mente a “trindade”. Não se trata simplesmente de estabelecer um modelo
genérico de partido, como pretende Lih. A teoria, como dizíamos, pode
colaborar na medida e enquanto consiga se manter “suspensa” entre suas
três tendências (a atividade da classe, o cálculo das probabilidades e a
política revolucionária) como se fossem “polos de atração”.
PARTE 2
KAUTSKY: A ESTRATÉGIA DE DESGASTE E A MUDANÇA DO
“CENTRO DE GRAVIDADE”
Isso quer dizer que, no futuro, os combates de rua não irão desempen-
har nenhum papel? Nada disso. Quer dizer unicamente que, desde 1848,
as condições se tornaram muito mais desfavoráveis para os combatentes
civis e muito mais vantajosas para as tropas. Por isso […] deverão ser empre-
endidos com forças muito mais consideráveis. E estas deverão, indubitavelmente,
como ocorreu em toda a Grande Revolução Francesa, assim como no 4
de setembro e no 31 de outubro de 1870, em Paris70, preferir o ataque aberto
à tática passiva de barricadas.71
66 Friedrich Engels, carta de 1 de abril de 1895 a Kautsky, em Marx, Karl y Engels,
Friedrich, Collected Works, Vol. 50, Londres, Lawrence & Wishart, 2010, p. 486.
67 A versão original – que contém somente os cortes admitidos sob protesto por
Engels para evitar a censura – foi resgatada somente por David Riazánov e publicada em
1930. Sobre o tema, ver Hernán Ouviña, “Reforma y revolución. A propósito del ‘testa-
mento político’ de Engels”, em Mabel Thwaites Rey (org.), Estado y Marxismo. Un siglo y me-
dio de debates, Buenos Aires, Prometeo, 2007.
68 Ver Paul d’Amato, “Marxists and elections”, International Socialist Review, n. 13,
agosto-setembro de 2000.
69 Friedrich Engels, “Introducción de F. Engels a la edición de 1895” em Karl Marx,
Las Luchas de Clases en Francia de 1848 a 1850, Marxists Internet Archive, disponível em
5/3/32017, em: https://www.marxists.org/espanol/m-e/1850s/francia/francia1.htm.
70 E no dia 4 de setembro de 1870, graças à ação revolucionária das massas popula-
res, foi derrubado o governo de Luís Bonaparte na França e proclamada a república. Em
31 de outubro de 1870, os blanquistas levaram a cabo uma tentativa infrutífera de suble-
vação contra o Governo de Defesa Nacional.
71 Friedrich Engels, “Introducción de F. Engels a la edición de 1895”, op. cit.
78 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
72 Dessa maneira, foi exacerbada a recomendação de Engels de não cair em provo-
cações que levassem a um enfrentamento prematuro. Cabe lembrar que, pouco antes de
que a “Introdução” fosse publicada, em dezembro de 1984, o chanceler Chlodwig, prín-
cipe de Hohenlohe-Schillingsfürst, havia apresentado um projeto de “lei contra atividades
subversivas”, com o qual Engels discute implicitamente em seu escrito. Nesse contexto é
que Engels afirma: “nós não somos tão loucos a ponto de nos deixar arrastar ao combate
de rua, só para agradar a eles; no fim das contas, eles não terão outro caminho que não
o de romper eles mesmos esta legalidade tão fatal para eles”. E adverte o regime: “se vo-
cês violarem a Constituição do Reich, a social-democracia fica livre para fazer e deixar de
fazer o que queira com relação a vocês. E o que ela irá querer então, não é fácil que lhe
passe pela cabeça contar a vocês hoje.” (Friedrich Engels, “Introducción de F. Engels a la
edición de 1895”, op. cit.).
73 O conceito de centro de gravidade, como tantos outros em Clausewitz, tem re-
lação com a física da época. “Na física elementar moderna, que era a condição das ciên-
cias mecânicas na época de Clausewitz, um CDG [Centro de Gravidade] representa o
ponto onde as forças de gravidade convergem dentro de um objeto. Também é, falando
em geral, o ponto no qual a aplicação de força ao objeto o moverá de maneira mais eficaz.
Em outras palavras, não desperdiçamos energia ao mover o objeto. Golpeando o CDG
com bastante força, podemos fazer com que o objeto perca seu balanço – ou equilíbrio –,
e caia. Por conseguinte, um CDG não é uma fonte de força, mas, sim, um fator de equi-
líbrio. (Antulio J. Echevarría II, “Enlazando el concepto de Centro de Gravedad”, Air &
Space Power Journal Español, primeiro trimestre de 2004, disponível em 5/3/2017 em: http://
www.airpower.au.af.mil/apjinternational/apj-s/2004/1trimes04/echevarria.html.
74 Carl von Clausewitz, De la guerra, Buenos Aires, Solar, 1983, p. 556.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 79
cracia sindical encabeçada por Carl Legien. Tal é o bloco que de fato se
rompe em 1910, em torno do debate sobre as duas estratégias. No entan-
to, desde antes dessa ruptura, Luxemburgo será a primeira a comba-
ter o efeito mais profundo de ambas as tendências: a paulatina mudança
do centro de gravidade da atividade do partido para o parlamento (e
não a intervenção parlamentar ou eleitoral em si, como vulgarmente se
afirma). Daí as descontinuidades e continuidades que a nova formulação
de Kautsky da “estratégia de desgaste” realmente encerrava, em 1910.
surgiu a situação tão peculiar de que esse mesmo movimento sindical que,
por baixo, para a grande massa proletária, constitui um todo único com
a social-democracia, se rompe abertamente por cima, na superestrutura
administrativa, e se estabelece como uma grande potência independente.
Com isso, o movimento operário alemão assume a forma peculiar de uma
dupla pirâmide, cuja base e cujo corpo consistem em uma só massa sólida,
porém cujas pontas se encontram bem separadas.78
77 Trótski diz em 1906: “Os partidos socialistas europeus, especialmente o maior
dentre eles, o alemão, desenvolveram um conservadorismo próprio, que é tanto maior
quanto maiores são as massas abarcadas pelo socialismo e quanto mais alto é o grau de
organização e disciplina dessas massas. Consequentemente, a social-democracia, como or-
ganização, personificando a experiência política do proletariado, pode chegar a ser, em
um momento determinado, um obstáculo direto no caminho da disputa aberta entre os
operários e a reação burguesa” (León Trotsky, “Resultados y Perspectivas”, La Teoría de la
Revolución Permanente, Buenos Aires, Ediciones IPS-CEIP León Trotsky, 2000, p. 124-125).
78 Rosa Luxemburgo, “Huelga de masas, partido y sindicatos”, Obras escogidas,
Madrid, Ayuso, 1978, p. 79.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 81
79 No início, em janeiro de 1905, os mineiros haviam saído em greve sem o consen-
timento das direções sindicais. Desde o começo foi selada a unidade espontânea, através
de um comitê de greve, entre os setores organizados nos sindicatos (os mais qualificados
e de melhores salários) e os não organizados (mais precários e de menor qualificação).
80 Em meados de 1905, o governo prussiano introduziu modificações a favor dos
trabalhadores na lei de mineração, entre elas, o teto de oito horas e meia para a jornada
de trabalho, para evitar que a luta operária (cada vez mais estendida nacionalmente) con-
fluísse com as mobilizações pela reforma eleitoral. A supervisão estatal das condições de
trabalho nas minas era uma demanda muito popular entre a massa da população. Uma
vez que a onda de greves e o movimento político de massas entraram em refluxo, em ja-
neiro de 1906, a câmara alta prussiana (uma das instituições mais questionadas pela mo-
bilização das massas) anulou aquelas modificações na lei. Colocava-se, assim, na prática,
a unificação entre a luta pela reforma eleitoral e a luta pelas condições de trabalho, e, com
ela, a greve política.
81 Iremos desenvolver essa diferença com profundidade nos próximos capítulos.
82 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
Não vamos considerar aqui se, seguindo uma falsa direção, [a guerra]
serve preferencialmente às ambições, ao interesses e à vaidade dos gover-
nantes, pois, em nenhum caso, a arte […] militar pode lhes dar lições.86
87 A estatização dos sindicatos era parte de um fenômeno mais geral, analisado
também por Robert Michels, Max Weber e o amplo espectro da sociologia burguesa.
“A expansão imperialista havia gerado setores privilegiados na classe operária dos países
imperialistas, a ‘aristocracia operária’, que se expressavam nas políticas oportunistas das
direções socialistas e trabalhistas, processo que vai se mostrar em toda a sua trágica mag-
nitude para o movimento operário no apoio a suas respectivas burguesias imperialistas
dado pela grande maioria dos partidos da Segunda Internacional, a política ‘social-chau-
vinista’ combatida sem quartel por Lênin. Nesta aristocracia operária, base social do re-
visionismo e das posições social-imperialistas na social-democracia alemã, se apoiavam
as expectativas de Weber de que os dirigentes social-democratas se manteriam ‘leais’ ao
Estado alemão ao final da guerra e se oporiam à saída revolucionária” (Christian Castillo
e Emilio Albamonte, “Imperialismo y degradación de la democracia burguesa”, Estrategia
Internacional, n. 16, inverno austral de 2000).
88 Ver Carl von Clausewitz, De la guerra, tomo I, op. cit., p. 267.
89 Rosa Luxemburgo, que pouco antes do congresso havia escrito Greve de massas,
partido e sindicatos para intervir nessa discussão, sintetizará o conteúdo da “paridade” com
uma frase que atribui a um camponês (representando o sindicato) que diz a sua mulher
(o partido): “Quando estamos de acordo, você decide; quando não estejamos, serei eu”
(citado em Pierre Broué, Revolución en Alemania, op. cit., p. 16). Kautsky, mais conciliador,
84 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
propõe emendar a resolução de “paridade” que o próprio Bebel havia apresentado, acres-
centando “a absoluta necessidade” de que os sindicatos fossem “governados pelo espíri-
to da social-democracia” (citado em Carl Schorske, op. cit., p. 50). Com essa ressalva, é
aceita pelos delegados. Porém, claramente, nesse momento, já não se tratava de questões
do “espírito” e, sim, de forças materiais.
90 De acordo com o primeiro censo partidário (1906), o SPD contava com 384.327
filiados, enquanto os sindicatos social-democratas tinham 1.689.709. A relação com os
votos da social-democracia era que mais de 50% dos eleitores social-democratas estavam
afiliados em seus sindicatos, enquanto pouco menos de 9% estava no partido (ver Carl
Schorske, op. cit., p. 13).
91 Não sem razões, Carl Schorske chamará Ebert de “o Stálin da social-democra-
cia” (Idem, p. 124).
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 85
que se chega à decisão, isto é, até que um dos adversários alcança ou re-
nuncia a seu objetivo.92
97 A juventude expressava claramente o setor mais radical do SPD, razão pela qual
se intensificou a perseguição governamental contra ela e o receio da burocracia sindical
que a considerava uma organização “paralela”.
98 Depois de todos os partidos do regime concentrarem sua campanha eleitoral de
1907 na defesa do imperialismo alemão contra a social-democracia, apesar de sua base
eleitoral ter se mantido firme e de não ter conseguido que o SPD perdesse votos em ter-
mos absolutos, a direção do partido “retificará” sua posição. Retornaremos a esse pon-
to mais adiante.
99 Karl Kautsky, “Una nueva estrategia”, op. cit., p. 134.
100 Carl von Clausewitz, De la guerra, tomo I, op. cit., p. 261.
101 Karl Kautsky, “Una nueva estrategia”, op. cit., p. 134.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 87
102 Rosa Luxemburgo, “Huelga de masas, partido y sindicatos”, op. cit., p. 62.
103 Citado em Alessio Bosch, Daniel Constanza y Gaido, “El marxismo y la buro-
cracia sindical. La experiencia alemana (1898-1920)”, Revista Archivos N.° 1, septiembre de
2012, p. 141.
104 Referido aqui a orçamento no âmbito estadual. [N.E.B.].
88 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
impotente dainte dos principais acontecimentos. Havia se negado a dar uma perspectiva
para as lutas que se desataram, em 1910, no movimento operário. Não havia conseguido
alcançar nenhum direito eleitoral por meios parlamentares, pois dependia dos partidos
burgueses que não estavam dispostos a impor a reforma. Na “Crise de Agadir” de 1911
(fruto do envio de um navio alemão a Marrocos controlado pela França), que quase an-
tecipa em três anos a guerra mundial, havia se mostrado impotente frente ao militarismo
alemão. Esse mal-estar também tocava a burocracia, passiva ante a crescente pressão das
patronais e dos tribunais sobre o movimento operário. Será um momento de avanço da
influência de Luxemburgo, Liebknecht e da esquerda do partido.
110 Ambas as burocracias unidas já se consideravam fortes o suficiente em 1911
para enfrentar o candidato apoiado por Bebel na eleição da estratégica copresidência do
partido. O candidato de Bebel, Hugo Haase, se impõe finalmente sobre Ebert. Porém
será um resultado provisório; dois anos depois, Ebert assumirá o assento de copresiden-
te do próprio Bebel.
111 Nessa mesma época, a intervenção dos bolcheviques nas eleições da IV Duma
na Rússia expressava uma perspectiva diametralmente diferente. Em seu balanço, Lênin
assinala: “Três campos se desenharam claramente: 1) As direitas estão com o governo
[…] 2) Os burgueses liberais – ‘progressistas’ e KDs, unidos a diversos grupos ‘nacionais’
– estão contra o governo e contra a revolução […] 3) O campo da democracia, no qual
só os social-democratas revolucionários, os antiliquidadores, unidos, organizados, des-
fraldaram firme e claramente a bandeira da revolução. Os trudoviques e nossos liquida-
dores flutuam entre o liberalismo e a democracia, entre a oposição legal e a revolução”
(V. I. Lenin, “La campaña para las elecciones a la IV Duma y las tareas de la socialde-
mocracia revolucionaria”, Obras completas, tomo XVIII, Buenos Aires, Cartago, 1960, p.
10). Para uma análise da política eleitoral de Lênin, ver August H. Nimtz, Lenin’s Electoral
Strategy from 1907 to the October Revolution of 1917. The Ballot, the Streets – or Both, New York,
Palgrave Macmillan, 2014.
112 No segundo turno, o SPD concretizou inclusive um acordo com os “progres-
sistas” que estabelecia a renúncia, em uma série de distritos, a toda propaganda própria,
o qual mergulhou o partido em uma enorme confusão (cf. Paul Frölich, Rosa Luxemburg.
Vida y obra, Buenos Aires, Ediciones IPS-CEIP León Trotsky, 2013, p. 208). Na prática,
90 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
não favoreceu o SPD nem sequer no número de cadeiras e, no entanto, foi fundamental
para contrapesar a tremenda crise em que estavam mergulhados os progressistas e os li-
berais de conjunto.
113 No entanto, essa diferença se reduzia drasticamente na quantidade de assentos:
110 para o SPD e 91 para o Zentrum. Todos os partidos perderam assentos – inclusive
os burgueses opositores que a social-democracia salvou de um retrocesso maior – exceto
a social-democracia, que mais do que duplicou seu espaço.
114 Citado em Carl Schorske, op. cit., p. 234.
115 Cf. Rosa Luxemburgo, “What Now?”, Marxists Internet Archive, 2004, dis-
ponível em 5/3/32017, em: https://www.marxists.org/archive/luxemburg/1912/02/05.htm.
116 Idem.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 91
PARTE 3
ROSA LUXEMBURGO: A GREVE DE MASSAS
E AS NOVAS CONDIÇÕES PARA A ESTRATÉGIA
117 A impotência do partido era cada vez mais estrondosa ante sua imensa força
potencial, enquanto a recessão se aprofundava e com ela os ataques às massas, e a guer-
ra era cada vez mais iminente. Por volta de 1913 o sentido da flecha de crescimento da
social-democracia, pela primeira vez em anos, começa a mudar. A quantidade de afilia-
dos praticamente deixa de crescer, a imprensa partidária perde assinantes, as eleições
de 1913 na Prússia e em Baden mostram um retrocesso com relação às eleições gerais
do ano anterior. O descontentamento com o partido no movimento operário aumenta,
enquanto a direção do SPD mostra sua passividade perante os crescentes ataques do
regime e das patronais.
118 Carl von Clausewitz, De la guerra, op. cit., p. 556.
119 Isso era justamente o que mais havia impressionado Franz Mehring posi-
tivamente (o primeiro marxista que comentou e recomendou sua leitura) na obra de
Delbrück. De fato, foi Delbrück quem, como continuador de Clausewitz, aprofundou
nesses elementos dentro do pensamento militar prussiano. No entanto, Clausewitz ha-
via apontado essa questão; mais ainda, ela acaba por permear toda a sua obra, a qual, ao
contrário da de Delbrück, não é eminentemente histórica, mas teórica. Sabendo disso,
Clausewitz, em Da guerra, nutria esperanças de que algum historiador no futuro fosse en-
carar uma obra histórica como a que mais tarde realiazará Delbrück. O ponto de partida
do próprio autor de Da guerra era que: “é preciso atribuir os fatos novos que se manifes-
taram no domínio da arte militar muito menos às invenções e às ideias militares do que
92 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
dos pontos mais altos de sua monumental obra Geschichte der Kriegskunst
[História da arte da guerra] é sua análise da passagem da “estraté-
gia de desgaste” (Ermattungsstrategie) no século XVIII (Frederico II da
Prússia) à “estratégia de abatimento” (Niederwerfungstrategie) do século
XIX (Napoleão Bonaparte)120. As novas bases sociopolíticas criadas pela
Cortesia da ISKRA aos alunos da disciplina Teoria Social II (PPG Ciências Sociais/UFCG)
a uma mudança da situação e das relações sociais”. Esta frase, não casualmente, está co-
piada e destacada por Lênin em seus cadernos de estudo sobre Clausewitz, à margem da
qual escreve: “N. B. Justo!” (V. I. Lenin, “La obra de Clausewitz De La guerra. Extractos
y Anotaciones”, em V. I. Lenin; Clemente Ancona; Otto Braun e outros: Clausewitz en el
pensamiento marxista, op. cit., p. 72).
120 Cabe esclarecer que o volume IV da obra de Delbrück sobre o alvorecer da gue-
rra moderna ao qual fazemos referência foi publicado apenas em 1920. Os três primeiros
apareceram em 1900, 1901 e 1907, respectivamente.
121 Para ilustrar essa relação, podemos ver em Delbrück, por exemplo, como a
maior convicção dos combatentes (defesa das bases da revolução), diferentemente dos
exércitos mercenários, permite a dispersão do exército no terreno para obter provisões,
sem maiores deserções, diminuindo drasticamente os mantimentos que a tropa tem de
transportar. No mesmo sentido vai a abolição dos privilégios dos nobres e a possibilida-
de de prescindir de toda a sua parafernália. Ambos os elementos permitem estrategica-
mente acelerar as marchas do exército a uma velocidade desconhecida na época, questão
fundamental para que Napoleão pudesse implementar uma “estratégia de abatimento”.
No mesmo sentido, Delbrück analisa a substituição das linhas pelas colunas, o que leva
a uma menor debilidade nos flancos; as novas formações combinam as vantagens táticas
da luta “em formação” do século XVIII com a bravura individual típica das guerras da
antiguidade. Também a maior importância adquirida pela artilharia (desprezada anterior-
mente pela nobreza), na qual o pessoal é militarizado, os canhões passam a ser levados a
cavalo, o que lhes dá mobilidade na batalha (ver Hans Delbrück, op. cit.).
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 93
126 “Não se pode conceber” – diz Clausewitz – “o ódio cruel e arraigado, próxi-
mo do instinto, sem intenção hostil; pelo contrário, há muitos propósitos hostis que não
vêm acompanhados de qualquer inimizade do sentimento, ou, pelo menos, não de ne-
nhuma que já não existisse antes. […] Se a guerra é um ato de poder, pertence necessa-
riamente ao ânimo. Se não sai dele, vai, no entanto, em sua direção, e este não depende,
mais ou menos, de um grau de civilização, mas, sim, da importância dos interesses que se
enfrentam e da persistência de sua incompatibilidade” (Carl von Clausewitz, De la guer-
ra, tomo I, op. cit.).
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 95
127 Até então, o debate sobre a greve geral havia estado determinado pela luta de
estratégias com o anarquismo, que a considerava como “o” meio (mais ou menos “míti-
co” conforme o autor) para desencadear a revolução. No interior da I Internacional, os
bakuninistas contrapunham a greve geral à necessidade da luta política cotidiana da clas-
se operária, à qual se opunham. Como afirmara Rosa Luxemburgo: “O essencial do anar-
quismo é a concepção abstrata, a-histórica, da greve de massas e das condições em que se
trava, em geral, a luta proletária” (Rosa Luxemburgo, “Huelga de masas, partido y sin-
dicatos”, op. cit., p. 47). Eram justamente essas condições históricas que haviam muda-
do bruscamente.
128 A primeira intervenção, quase antecipatória, escrita por Parvus, remonta a 1896,
quando se fundamenta a utilização da greve geral política como arma de luta da classe
operária em uma série de artigos publicados em Die Neue Zeit sob o título de “Golpe de
Estado e greve política de massas”. Ofuscada em um primeiro momento pelo “Bernstein-
Debatte”, com os anos, ao calor da onda de importantes greves de massas, a polêmica
no interior do marxismo incitará a intervenção de vários dos principais dirigentes da II
Internacional. Intervirão nele Vandervelde, Mehring, o próprio Bernstein, e obviamente
também Luxemburgo e Kautsky, entre muitos outros.
129 Na Alemanha, a população urbana havia passado de um terço do total, em
1871, a dois terços, em 1910, em paralelo a um desenvolvimento industrial meteórico que
logo a situará no mesmo nível da Grã-Bretanha.
130 Na Rússia, terra de contrastes, como explica Trótski com sua teoria do desen-
volvimento desigual e combinado, a classe operária, concentrada em poucas cidades e
minoritária no interior de uma população eminentemente camponesa, havia tido um desen-
volvimento correspondente a uma indústria avançada que pouco tinha que invejar à alemã.
Ver León Trotsky, Historia de la Revolución rusa, tomo I, Buenos Aires, Ediciones IPS-CEIP
León Trotsky, 2017 (Obras Escogidas 11, coeditadas com o Museo Casa León Trotsky).
131 Para sua definição, retomará as elaborações de John Dunlop, secretário do
Trabalho durante o governo de Ford nos EUA. É considerado um dos principais especia-
listas em “gestão trabalhista” (isto é, em como enfrentar os sindicatos) durante o período
posterior à II Guerra Mundial.
96 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
132 John Jr. Womack, Posición estratégica y fuerza obrera, México, FCE, 2007, p. 50.
133 “Todas as demais forças” – diz Womack – ”não importando se seu sentido é
cultural, moral, social, comercial, político, legal, religioso ou ideológico, são as que todas
as classes podem ter (ou não), qualquer classe”. E agrega: “Se desaparece a força operá-
ria […] abre-se um vazio que nenhuma outra força (a não ser a operária) pode preencher.
[…] Somente a negação operária tem tal força definidora, ao mesmo tempo crítica e deci-
siva” (Idem, p. 51-52). Trata-se, evidentemente, de um elemento fundamental a destacar
quanto à proliferação das abordagens de tipo pós-marxista, como a de Ernesto Laclau e
Chantal Mouffe, que fazem uma caricatura do lugar da classe operária na estratégia mar-
xista sob a denominação de “essencialismo da classe operária”.
134 A “posição estratégica”, assim entendida, em princípio não implica níveis especí-
ficos de qualificação, nem de tamanho de estabelecimentos ou de setores.
135 A Rússia, apesar de seu atraso, era o exemplo oriental de desenvolvimento ver-
tiginoso da classe operária. Seu caráter minoritário não fará mais do que ressaltar o po-
tencial que a sua posição estratégica lhe outorgava.
136 São Petersburgo, fundada em 1703 pelo tsar Pedro, o Grande, teve seu nome
mudado em 1914 para Petrogrado; a partir de 1924, será rebatizada, dessa vez, como
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 97
segundo Womack
141 “As disputas sobre os salários a pagar nas oficinas da Ferrovia do Vladicáucaso
deram impulso a esse movimento. Como a administração buscava diminuir os salários, o
comitê do Don da social-democracia lançou uma declaração chamando à greve pelas se-
guintes reivindicações: jornada de nove horas, aumento de salários, abolição das multas,
destituição dos engenheiros mais detestados, etc. Participaram da greve unidades ferro-
viárias inteiras. Em seguida, as demais indústrias se uniram, e em um momento imperou
em Rostov uma situação nunca vista até então: todos os centros industriais estavam para-
lisados” (Rosa Luxemburgo, “Huelga de masas, partido y sindicatos”, op. cit.).
142 Santiago Aguiar empreende uma abordagem nesse sentido. Assinala que:
“Quando o autor cita o caso do Partido Comunista dos Estados Unidos nas décadas de
1920 e 1930 e sua figura “J. Peters”, que conseguiu sim estabelecer as posições estratégi-
cas da classe operária estadunidense desses anos, fica um vazio na explicação de por que
se entrou posteriormente em um lento processo de retrocesso. A explicação para este va-
zio pode ser aprofundada com o rechaço do autor a tratar, além das “relações técnicas de
produção”, das relações sociais de produção e da política (que, na minha visão, é o âmbi-
to de expressão da estratégia), porque, com este rechaço, não se debilita um conceito que
resultaria essencial elaborar e sobre o qual trabalhar?” (Santiago Aguiar, “El concepto de
‘posición estratégica’”, Estudios del Trabajo, n. 12, 2009).
143 Carl von Clausewitz, De la guerra, tomo I, op. cit., p. 268.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 99
que não detêm posições estratégicas, e por fim com menor capacidade de
negociação e organização, o que os torna, por um lado, mais fracos, e,
por outro, potencialmente mais explosivos. Essa divisão145 é justamente a
negação da “força operária”.
É no contraponto entre luta sindical e luta política, entre setores
organizados e desorganizados, entre a ação de massas e suas direções,
que se mostra o valor concreto das posições estratégicas e, em definiti-
vo, o da “força operária” de conjunto, ou seja, sua força estratégica pro-
priamente dita. Aquele “colapsar do industrial no político” que Womack
atribui a Luxemburgo é, sem dúvida, um dos seus grandes acertos, não
somente em sua análise da Rússia, mas, sobretudo, em seus combates no
interior da social-democracia alemã.
Qual foi, então, o efeito dessa novidade tática da greve de massas do
ponto de vista estratégico? Um dos principais está relacionado com um
elemento fundamental para o trabalho da estratégia, a saber: a liberdade
de ação. Não é por acaso que, para um especialista em guerras contrarre-
volucionárias como o general francês André Beaufre, a “essência da estra-
tégia é a luta pela liberdade de ação”146. Trata-se, nem mais nem menos,
da “lei da guerra que busca manter a iniciativa a fim de poder atuar com
inteira independência, sem se deixar subordinar pelo inimigo”147. A greve
geral política não cria a situação revolucionária; porém, uma vez nela,
144 Kautsky, em 1905, quando ainda era defensor da ação operária, assinala os ter-
mos desta divisão em seu balanço da greve do Ruhr: “A maioria em posição de se sindi-
calizar são os operários qualificados, que podem pagar contribuições sindicais elevadas
[…]. Quanto mais se desce na escala das categorias de operários não qualificados, maior
é a competição entre eles, mais fácil é substituí-los por outros à procura de trabalho – ar-
tesãos desclassados, operários agrícolas, estrangeiros, mulheres, crianças –, mais baixos
são os salários, mais necessária é a organização sindical, porém mais difícil também é
enfrentar os obstáculos insuperáveis em comparação com a grande massa de operários
sem nenhuma qualificação” (Karl Kautsky, “Las lecciones de la huelga de los mineros”,
Marxists Internet Archive, 2006, disponível em 5/3/2017 em: https://www.marxists.org/
espanol/kautsky/1905/marzo08.htm).
145 A este aspecto retornaremos nos próximos capítulos em torno da tática de fren-
te única operária desenvolvida pela III Internacional.
146 André Beaufre, Introducción a la estrategia, Buenos Aires, Editorial Struhart & Cía.,
1982, p. 131.
147 Oscar Kaplan, Diccionario militar, Santiago de Chile, Instituto Geográfico Militar,
1944, p. 391.
100 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
152 Idem.
153 León Trotsky, 1905, op. cit., p. 97. Em escritos posteriores, Trótski afirma:
“Existem situações em que a greve geral carrega o risco de debilitar mais os operá-
rios do que os seus inimigos diretos. A greve deve ser um elemento importante do cál-
culo estratégico, porém não é uma panaceia na qual toda a estratégia possa se afogar.
Habitualmente, a greve geral é o instrumento de luta do mais fraco contra o mais forte,
102 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
ou mais exatamente daquele que no começo da luta se sente mais fraco contra o que se
considera mais forte: quando, pessoalmente, eu não posso utilizar um instrumento im-
portante, tento evitar ao menos que meu inimigo se sirva dele; se não posso disparar com
um cano, o tirarei do meu perseguidor. Essa é a ‘ideia’ da Greve Geral” (León Trotsky,
“La estrategia de las huelgas”, Los sindicatos y las tareas de los revolucionarios, Buenos Aires,
Ediciones IPS-CEIP León Trotsky, 2010, p. 84).
154 Trótski afirmará, anos depois, a respeito de Luxemburgo: “Ela se formou, por
assim dizer, na luta contra o aparato burocrático da social-democracia e dos sindica-
tos alemães. […] Diante disso, não via mais saída nem salvação que não fosse um irre-
sistível impulso das massas […] A greve geral revolucionária, ao transbordar todos os
limites da sociedade burguesa, tinha se tornado para Rosa Luxemburgo sinônimo de re-
volução proletária. Não obstante, […] para apoderar-se do mando, é necessário orga-
nizar a insurreição apoiando-se na greve geral. Toda a evolução de Rosa Luxemburgo
faz pensar que ela teria acabado admitindo isso” (León Trotsky, “Los problemas de la
guerra civil”, CEIP León Trotsky, disponível em 5/3/2017, em: http://www.ceip.org.ar/
Los-problemas-de-la-guerra-civil).
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 103
165 Para os sindicalistas como Carl Legien, é claro, ou para seus porta-vozes como
Eduard David, a questão das reservas estratégicas era totalmente estranha; eles represen-
tavam um determinado setor da classe operária, os mais qualificados e de melhores salá-
rios, que podiam pagar sua contribuição sindical.
166 Karl Kautsky, “Las lecciones de la huelga de los mineros”, op. cit.
167 “Se nas próximas eleições” – diz Kautsky em 1910 – “conquista[mos] outro salto
como o de 1890 […] podería[mos] chegar a alcançar a maioria dos votos emitidos. É óbvio
que não temos uma imaginação tão aloucada […]. Porém todo mundo concorda que da-
remos um grande salto adiante, que tornará a questão de obter a maioria absoluta dos vo-
tos emitidos uma questão de poucos anos.” (Karl Kautsky, “¿Y ahora qué?”, op. cit., 150).
106 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
168 “Na primeira sessão não havia mais do que algumas dezenas de homens. E
em meados de novembro o número de deputados chegava a 56, entre eles 6 mulheres.
Representavam 147 fábricas, 34 oficinas e 16 sindicatos. A maior parte dos deputados –
351 – pertencia à indústria metalúrgica. Tiveram uma participação decisiva no soviete: a
indústria têxtil enviou 57 deputados, a do papel e gráfica, 32, os empregados do comér-
cio tinham 12 e os contábeis e farmacêuticos, 7. Um comitê executivo foi eleito em 17
de outubro, composto por 31 membros: 22 deputados e 9 representantes dos partidos (6
para as duas frações da social-democracia, e 3 para os socialistas-revolucionários).” (León
Trotsky, 1905, op. cit., p. 212).
169 Trótski relata, partindo do censo de 1897, que em Petrogrado havia 820 mil ha-
bitantes de população “ativa”. Dentro eles, 433 mil entre operários e “serventes”. O so-
viete unificava cerca de 200 mil, em especial os operários das fábricas, ainda que sua
influência direta e indireta chegasse também a grupos importantes de proletários da cons-
trução, criados, cocheiros, etc. (cf. Idem, p. 215).
170 Idem, p. 213.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 107
171 Rosa Luxemburgo, “¿Y después qué?”, em Alexander Parvus, Franz Mehring,
Rosa Luxemburgo e outros, Debate sobre la huelga de masas, primera parte, op. cit., p. 125.
172 Antonio Negri, El Poder Constituyente, Madrid, Ed. Traficantes de Sueños, 2015,
p. 359.
173 Carl von Clausewitz, De la guerra, tomo I, op. cit., p. 337.
174 O texto ao qual corresponde esta citação, as “Conclusões” de sua obra 1905, pro-
vavelmente tenha sido escrito em 1909, logo antes de publicar o libro, dada a referência que
Trótski faz às Dumas (cf. León Trotsky, La Teoría de la Revolución Permanente, op. cit., p. 40).
175 León Trotsky, 1905, op. cit., p. 213.
108 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
pelo proletariado) de acordo com a sua direção176. Daí que era preciso um
partido revolucionário, o qual – ainda que esses termos não agradem a
Lars Lih – deveria ser efetivamente um partido “de novo tipo”, mais “de
vanguarda” do que o SPD e, ao mesmo tempo, mais “de massas” em
termos de influência.
Cortesia da ISKRA aos alunos da disciplina Teoria Social II (PPG Ciências Sociais/UFCG)
176 Trótski ainda não considerava ressaltar que dentro da própria social-democracia
russa já se enfrentavam duas estratégias irreconciliáveis. Em 1917, serão já dois partidos
(mencheviques e bolcheviques, com Trótski entre os últimos), e o esforço dos bolchevi-
ques terá que ser maior para conquistar a direção dos sovietes do que o que fora o da
social-democracia em geral, em 1905. No caso dos Räte (conselhos) da revolução alemã
(1918-1919), a intervenção dos revolucionários como Luxemburgo ante as poderosas bu-
rocracias (sindical e partidária) do SPD esteve praticamente condenada, ao carecer de
uma organização própria para enfrentá-las e, com ela, o destino dos próprios Räte (ver
Pierre Broué, Revolución en Alemania, op. cit.).
177 León Trotsky, 1905, op. cit., p. 93.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 109
178 Segundo Bernstein: “Os modernos assalariados não são a massa homogênea,
uniforme, sem o estorvo da propriedade, da família, etc., que se prevê no Manifesto [comu-
nista]. Amplos estratos se ergueram entre eles para conquistar condições de vida peque-
no-burguesas. E, por outro lado, a dissolução das classes médias está se produzindo muito
mais lentamente do que o Manifesto imaginava” (Eduard Bernstein, “Critical Interlude”,
em H. Tudor e J. M. Tudor (eds.), Marxism & Social Democracy. The revisionist debate 1896-
1898, New York, Cambridge University Press, 1988, p. 217).
179 Cf. León Trotsky, “A 90 años del Manifiesto comunista”, El Programa de Transición y
la fundación de la IV Internacional, Buenos Aires, Ediciones IPS-CEIP León Trotsky, 2017
(Obras Escogidas 10, coeditadas com o Museo Casa León Trotsky), p. 32. Naquele texto,
Trótski argumenta que “o desenvolvimento do capitalismo acelerou de forma extraordi-
nária o surgimento de exércitos de técnicos, administradores, empregados do comércio,
numa palavra, a chamada ‘nova classe média’. O resultado disso é que as classes inter-
mediárias às quais se refere o Manifesto de forma tão categórica são, mesmo num país al-
tamente industrializado como a Alemanha, cerca de metade da população. No entanto, a
preservação artificial do setor pequeno-burguês há muito tempo já prescrito, não atenua
de nenhuma maneira as contradições sociais. Pelo contrário, torna-as especialmente mór-
bidas. Ao lado do exército permanente de desempregados, constitui a expressão mais da-
ninha da decadência do capitalismo”.
180 Cf. capítulo 4 deste volume.
181 Para o desenvolvimento do conceito de “hegemonia” e os debates em torno
dele, ver capítulo 4 do presente livro.
110 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
trata-se de articular forças heterogêneas (em luta com suas direções tradi-
cionais) para cooperar contra um inimigo comum182.
Radicalizando a colocação de Bernstein, Ernesto Laclau e Chantal
Mouffe defendem que essa distinção entre a unificação das forças da
classe operária e a conquista de aliados – e inclusive o conceito mesmo
Cortesia da ISKRA aos alunos da disciplina Teoria Social II (PPG Ciências Sociais/UFCG)
182 Trata-se de uma distinção fundamental que foi impugnada a partir de diferentes
ângulos, em reiteradas oportunidades desde então, razão pela qual merece uma menção
especial. Uma das vias foi, por exemplo, o estabelecimento de uma definição “estreita”
de classe trabalhadora, que leva a considerar como “aliados” setores que na realidade são
parte dela. É o caso de Nicos Poulantzas, que dessa maneira dava fundamentos ao eu-
rocomunismo dos anos de 1970 (para uma crítica a suas teses ver: Ellen Meikins Wood,
¿Una política sin clases? El posmarxismo y su legado, Buenos Aires, Ediciones RyR, 2013, p. 91
et seq.). Outra, mais recente, foi a do chamado “pós-marxismo”, que defende diretamen-
te que qualquer concepção classista conspira contra a noção de hegemonia (para uma
crítica a essas teses e sua comparação com as de Bernstein, ver Claudia Cinatti e Emilio
Albamonte, “Más allá de la democracia liberal y el totalitarismo”, Estrategia Internacional,
n. 21, setembro de 2004).
183 Não por acaso, o começo da “ruptura com esta concepção” – segundo nossos
autores – “reducionista e manipulatória [...] tem lugar na política comunista a partir do
VII Congresso da Comintern e do informe de Dmítrov, no qual […] se inicia a política
das frentes populares. Deixa-se aqui para trás, implicitamente, a concepção da hegemo-
nia como aliança de classes simples e externa, e passa-se a conceber a democracia como o
terreno comum que não se deixa absorver por nenhum setor social específico” (Ernesto
Laclau e Chantal Mouffe, op. cit., p. 95).
184 Segundo nossos autores, a “estratégia de desgaste” constituiria um mesmo con-
junto de políticas, ao lado da “bolchevização” da Internacional Comunista em 1924 e da
política do stalinismo de “classe contra classe”, ao qual poderia ser feita a crítica de se-
rem “classistas”. Desde logo, querer englobar assim políticas tão diferentes não resiste a
uma análise histórica séria. No entanto, elas têm um elemento comum, inverso ao desta-
cado por Laclau e Mouffe, que é negar de diferentes formas e em diferentes graus aquilo
que a III Internacional denominaria como a tática de frente única operária (ver capítulo
3 do presente livro).
185 Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, op. cit., p. 104.
186 Idem.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 111
187 Ainda que, evidentemente, siga subsistindo como problema central a aliança
com o campesinato em muitos países, entre eles nada menos do que China e Índia.
188 Ver Mike Davis, El planeta de ciudades miseria, Madrid, Foca, 2008.
189 Como vimos no ano de 2013, com o enorme movimento contra o aumento das
passagens que fez tremer o Brasil.
112 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
190 Nas eleições daquele ano, todos os partidos do regime fizeram campanha con-
tra a social-democracia por ter votado contra, em 1906, os créditos governamentais para
intensificar a repressão na zona alemã na África do Sul. Com o retrocesso nos assentos
do SPD, floresceram os setores que o atribuíram a não ter conseguido conquistar os elei-
tores de “classe média”, e assim a social-democracia foi moderando sua posição. Cabe
destacar que a social-democracia, apesar daquela campanha contrária, havia aumentado
levemente seus votos em termos absolutos, de 3.010.800 votos em 1903 a 3.259.000 vo-
tos em 1907, ainda que em termos percentuais representasse um retrocesso de 1,7% (de
31,7% a 30%). De todo modo, continuou sendo de longe o partido mais votado do Reich.
O retrocesso em assentos, perdendo 38 cadeiras, deveu-se essencialmente à distribuição
antidemocrática das circunscrições eleitorais, pensadas para diluir o voto operário (ver
Carl Schorske, op. cit., p. 109). Esse resultado, de conjunto, interpretado pela direção so-
cial-democrata como um revés eleitoral muito significativo, no entanto, do ponto de vista
da luta de classes, mostrou na realidade que apesar da campanha dos partidos do regime
contra o SPD, este havia conseguido manter sua base eleitoral.
191 Ver capítulo 4 do presente livro.
192 Carl von Clausewitz, De la guerra, tomo I, op. cit., p. 36.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 113
PARTE 4
LÊNIN: FORÇA MATERIAL E FORÇA MORAL
197 Ver Alain Brossat, En los orígenes de la revolución permanente, Madrid, Siglo XXI, 1976.
198 Carl von Clausewitz, De la guerra, tomo I, op. cit., p. 145.
199 Mais precisamente, ela afirma que: “no período da dominação do parlamen-
tarismo burguês ela não tem, no geral, ocasião de se manifestar em uma ação de mas-
sas direta; é a soma ideal das quatrocentas ações paralelas das circunscrições durante a
luta eleitoral, dos numerosos conflitos econômicos parciais e de coisas semelhantes. Na
116 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
itos sociais pouco comuns para a época (seguro contra acidentes, seguro
desemprego, aposentadoria, etc.200) até direitos de organização sindical e
política relativamente amplos.
Para enfrentar esse cenário, Luxemburgo concebe como tarefa da
direção social-democrata “acelerar o desenvolvimento dos acontecimen-
tos”, no marco das possibilidades da situação dada, mediante a agitação
e a propaganda201. Isso se baseia num elemento correto, como assinala
Clausewitz:
rial, por fora de sua força moral, só pode servir para a “fustigação” e a
“ameaça”, como ele mesmo afirma. O combate não faria mais do que
expor a medida real da força, que surge da combinação do “material”
com o “moral”. Nesse esquema de Kautsky, a militância ficava reduzida a
uma massa de afiliados, enquanto a classe como tal era concebida como
“massa de manobra” eleitoral.
A questão de fundo era que, a partir do desenvolvimento da buro-
cracia, qualquer teoria que partisse de uma identificação estratégica a
priori entre a social-democracia e a classe operária, se tornaria cada vez
mais arbitrária, localizando-se, como diz Clausewitz, “instantaneamente
em oposição com a realidade”203. No entanto, partindo de ângulos quase
opostos, tanto Kautsky como Rosa sustentavam uma distinção difusa
entre a classe, o partido e a direção. Esta havia ficado plasmada em suas
respectivas abordagens da luta fracional russa entre mencheviques e bol-
cheviques a partir de 1903204. Ambos a interpretaram como uma dis-
puta essencialmente sectária. Rosa Luxemburgo205 atribuiu diretamente
212 Ver V. I. Lenin, “Plática con los defensores del economismo”, Obras completas,
tomo V, Madrid, Akal, 1976, p. 318.
213 Entre os exemplos mais conhecidos, a combinação entre sovietes e partido que
Lênin defende em 1905, o desenvolvimento do Pravda em 1912, a própria luta pela maioria
da classe operária em 1917, nos comitês de fábrica e nos sovietes; porém, sobretudo suas ela-
borações em torno da III Internacional, questão que abordaremos nos próximos capítulos.
214 Nem é preciso dizer que quando Lênin defendia a “neutralidade” dos sindicatos
não o fazia no sentido sindicalista. Sua preocupação era a de que os sindicatos organizassem
os setores mais amplos possíveis da classe operária. Daí que Lênin seguisse sempre enfati-
zando que a luta pela vinculação mais estreita entre os sindicatos e o partido deve se realizar
“sem aspirar a simples ‘reconhecimentos’ e sem expulsar dos sindicatos aqueles que pen-
sem de modo diferente” (V. I. Lenin, “Prólogo a la recopilación 12 años”, op. cit., p. 102).
120 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
215 Em grande medida, havia se modificado sob a influência de Kautsky. A esse res-
peito, Lênin comenta sobre a própria evolução do POSDR sobre o tema: “O Congresso
de Estocolmo do POSDR (1906), no qual triunfaram os mencheviques, propugnou a
neutralidade dos sindicatos. O Congresso de Londres do POSDR adotou outra po-
sição, proclamando a necessidade de infundir um espírito pró-partido nos sindicatos. O
Congresso Internacional de Stuttgart aprovou uma resolução que ‘põe um fim definitivo
na neutralidade’, como se expressou precisamente K. Kautsky” (V. I. Lênin, “Prólogo al
folleto de Voinov (A. Lunacharski) sobre la actitud del partido ante los sindicatos”, Obras
completas, tomo XIII, op. cit., p. 158).
216 Em 1907, Lênin defende que “o partidarismo nos sindicatos deve ser conquis-
tado exclusivamente pelo trabalho dos sociais-democratas em seu seio; os sociais-demo-
cratas devem formar células coesas dentro dos sindicatos e é preciso fundar sindicatos
ilegais, já que os legais não são possíveis” (V. I. Lenin, “La neutralidad de los sindicatos”,
Obras completas, tomo XIII, op. cit., p. 467).
217 Surpreendentemente, apesar de ser um dos textos da época que Lih analisa em
seu livro (o período até 1905-1906), e de ser o texto em que Lênin desenvolve explicita-
mente a questão do partido de vanguarda (tema central do livro de Lih), nosso autor não
lhe dá maior relevância positiva (para além de enumerar uma série de críticas que recebe-
ra). Inclusive, depois de assinalar que no congresso de 1906 os mencheviques aceitaram a
formulação estatutária de Lênin sobre o partido, descarta de fato toda importância da po-
lêmica do II Congresso acerca dos problemas de organização. Diz Lih: “Então, o que foi
todo o alvoroço? O que havia de tão objetável na formulação de Lênin? Creio que todo o
escândalo se originou num simples mal-entendido” (Lars Lih, Lenin Rediscovered. “What Is
to Be Done?” In Context, op. cit., p. 520). O contrário do que Lênin afirmara explicitamen-
te em 1907, ou seja, em data posterior ao congresso de reunificação de 1906 que, segun-
do Lih, teria superado o “mal-entendido” (ver nota de rodapé acima).
218 Este texto é reivindicado por Lênin, retrospectivamente, no que concerne às crí-
ticas ao menchevismo sobre organização, do seguinte modo: “Quanto à ligação orgâni-
ca do oportunismo nos critérios sobre organização e sobre tática, esta já foi demonstrada
por toda a história do menchevismo entre 1905-1907. No que se refere ao ‘incompreen-
sível’ do ‘oportunismo em questões de organização’ [referência às críticas de Axelrod], a
vida confirmou a justeza do meu julgamento com um brilhantismo que eu não podia es-
perar” (V. I. Lenin, “Prólogo a la recopilación 12 años”, op. cit., p. 103).
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 121
se) deve atuar sob a direção de nosso Partido, deve aderir ao nosso par-
tido com a maior coesão possível, porém seria […] “seguidismo” pensar
que toda a classe ou quase toda a classe poderia jamais, sob o capitalismo,
se elevar até o grau de consciência e de atividade de seu destacamento de
vanguarda, de seu partido social-democrata.219
219 V. I. Lenin, “Un paso adelante, dos atrás”, Obras completas, tomo VII, Madrid,
Akal, 1976, p. 288.
220 Idem, p. 294.
221 Idem.
122 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
222 Idem.
223 Stolypin foi o primeiro ministro da Rússia durante grande parte deste período.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 123
sindicatos y las tareas de los revolucionarios, op. cit., p. 105). Também por Antonio Gramsci
(cf. Antonio Gramsci, “El cesarismo” (Q13, §27), Cuadernos de la cárcel, tomo V, México,
Ediciones Era, 1999, p. 66). Sobre este ponto, ver Fernando Rosso e Juan dal Maso,
“Pablo Iglesias y su Gramsci a la carta”, La Izquierda Diario, 7/5/2015, disponível em
5/3/2017, em: http://www.laizquierdadiario.com/Pablo-Iglesias-y-su-Gramsci-a-la-carta.
227 Enquanto a burocracia dos sindicatos selou um acordo para que não houvesse
nenhuma greve nem conflito durante a guerra, a burocracia partidária se comprometeu a
perseguir a oposição interna.
228 Cf. Pierre Broué, El Partido Bolchevique, edição digital de Marxists Internet Archive,
2012, disponível em 5/3/2017, em: https://www.marxists.org/espanol/broue/1962/parti-
do_bolchevique.htm.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 125
229 V. I. Lenin, “Una buena resolución y un mal discurso”, Obras completas, tomo
XX, Madrid, Akal, 1977, p. 308.
230 Carl von Clausewitz, De la guerra, tomo I, op. cit., p. 282.
126 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
234 Raymond Aron, Pensar la guerra, Clausewitz, tomo II, op. cit., p. 48.
235 Idem, p. 166.
236 V. I. Lenin, “Sobre las huelgas”, Obras completas, tomo IV, op. cit., p. 322 e 324.
237 Idem, p. 324.
238 Carl von Clausewitz, De la guerra, tomo I, op. cit., p. 138.
128 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
Quaisquer que sejam seus diversos aspectos, por distante que pareça da
crua explosão de ódio e animosidade do pugilismo, ainda que mil cir-
cunstâncias que não são propriamente luta o penetrem, permanece sem-
pre no conceito da guerra que todas as ações que nela aparecem têm sua
origem na luta.241
cracia? Claro que não. Não basta explicar a opressão política de que são
objeto os operários […]. É necessário fazer agitação por ocasião de cada
fato concreto dessa opressão […]. E dado que as mais diversas classes da
sociedade são vítimas dessa opressão […] não é evidente que não cumpri-
ríamos nossa missão de desenvolver a consciência política dos operários,
se não empreendêssemos a organização de uma vasta campanha política
de denúncias contra a autocracia?242
242 V. I. Lenin, “¿Qué hacer?”, Obras selectas, tomo I, op. cit., p. 109.
243 Lars Lih, Lenin Rediscovered. “What Is to Be Done?” in Context, op. cit., p. 72.
244 Idem. p. 73.
245 V. I. Lenin, “¿Qué hacer?”, op. cit., p. 126.
130 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
O “gênio guerreiro”
Junto com a “virtude guerreira do exército”, outra das principais
potências morais que destaca Clausewitz é “o talento do general em
chefe”, o que chamou de “gênio guerreiro”. A alusão ao “gênio” não tem
250 Ver José Fernández Vega, Las guerras de la política. Clausewitz de Maquiavelo a Perón,
Buenos Aires, Edhasa, 2005, p. 166.
251 Carl von Clausewitz, De la guerra, tomo I, op. cit., p. 82.
252 Idem, p. 89-90.
253 “Por social-chauvinismo” – diz Lênin – “entendemos a aceitação da ideia de de-
fesa da pátria na guerra imperialista atual, a justificação dessa aliança dos socialistas com
a burguesia e com os governos de ‘seus’ países respectivos nesta guerra, a negativa a pro-
pugnar e apoiar as ações revolucionárias do proletariado contra ‘sua’ própria burguesia,
etc. […] O social-chauvinismo e o oportunismo são uma única e mesma corrente. Nas con-
dições próprias da guerra de 1914-1915, o oportunismo engendra precisamente o social-
chauvinismo” (V. I. Lenin, “La bancarrota de la Segunda Internacional”, op. cit., p. 240).
254 O Império alemão, como potência em ascensão, encabeça a aliança com a Áustria-
-Hungria contra a Entente, liderada pela Grã Bretanha em aliança com França, Rússia e
Itália, à qual se somará em seguida a outra potência emergente, os Estados Unidos.
255 Lars Lih, Lenin & Kautsky, Londres, Weekly Worker, 2009, p. 10.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 133
265 Isso supondo que ainda as conservasse. Esta aproximação deixa de lado, além
disso, a análise da evolução da moral do próprio Kautsky em seu aspecto psicológico, a
qual não deixa de ser relevante, apesar de que demandaria um desenvolvimento particu-
lar que supera estas páginas.
266 V. I. Lenin, “La bancarrota de la Segunda Internacional”, op. cit., p. 249.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 137
Desse ponto de vista, defender, como faz Lars Lih, que Lênin não
fez mais do que continuar “a obra” que Kautsky abandonou, não pode
soar nada além de ridículo. Trata-se de dois cursos estratégicos divergen-
tes que, ante um giro brusco da situação – e a guerra definitivamente o
foi –, colidiram. Dificilmente seria possível exagerar a responsabilidade
Cortesia da ISKRA aos alunos da disciplina Teoria Social II (PPG Ciências Sociais/UFCG)
Acrescentando:
cia a partir do impulso provocado pelo futuro levante das massas contra
a guerra271:
No entanto, com seu apelo, Lênin estava longe de propor uma sim-
ples saída. A velha direção do SPD havia mostrado ante as massas a sua
completa degeneração interna ao marchar atrás das tropas do Estado
imperialista na guerra. Nesse contexto, não se podia esperar o futuro
ascenso de massas para que uma nova direção revolucionária se puses-
se à frente delas. Para isso, eram necessários quadros capazes de chegar
às massas, que tivessem forjado na experiência sua confiança na nova
direção. Essa tarefa não podia ser improvisada no próprio processo revo-
lucionário. Daí o chamado de Lênin.
Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht contavam com um enorme
prestígio, e esse último com grande influência pessoal sobre as massas; a
então Liga Espartaquista, ainda que pequena, tinha uma rede de impor-
tantes dirigentes. No entanto, Rosa Luxemburgo se negaria a fundar um
novo partido revolucionário, inclusive em princípios de 1917273, quando
se produz a cisão por pressão da burocracia. É expulsa então tanto a
“oposição leal” (Haase, Ledebour, o próprio Kautsky, Hilferding e até
Bernstein), como a oposição radical encabeçada por Luxemburgo. O par-
tido se divide quase ao meio (170 mil militantes permanecem, 120 mil se
vão). No entanto, Rosa Luxemburgo e seu grupo concordam em se inte-
grar ao novo partido (Partido Social-democrata Independente) formado
por todos os dirigentes da “oposição leal” que havia combatido até o can-
saço, incluídos Kautsky e Bernstein.
A direção fracassou. Mas a direção pode e deve ser criada de novo pelas
massas e a partir das massas. […] “A ordem reina em Berlim!”, capachos
estúpidos! Vossa ordem está edificada sobre areia. A revolução amanhã já
“se elevará de novo com estrondo para o alto” e proclamará, para vosso
terror, em meio ao som dos trompetes: Fui, sou e serei!276
PARTE 5
DUAS ESTRATÉGIAS, DOIS TIPOS DE GUERRA
[…] considera refazer seu trabalho [Da guerra] uma vez mais a partir do
ponto de vista de que há uma dupla arte da guerra, isto é, uma na qual o ob-
jetivo é o de abater o inimigo, outro em que se tem a intenção de efetuar
algumas conquistas nas fronteiras do país.278
279 Com eles, revisou toda a história militar desde a antiguidade até as guerras na-
poleônicas em sua Historia del arte de la guerra (Geschichte der Kriegskunst).
280 Raymond Aron é um dos críticos que questiona Delbrück, fundamentalmen-
te sua operação de desprender a noção de dupla arte da estratégia do pensamento de
Clausewitz. Aron sustenta que “Se trata da oposição não entre duas estratégias, mas
sim entre dois tipos de objetivo político da guerra considerada en sua totalidade” (Aron,
Raymond, Pensar la Guerra, Clausewitz, tomo I, La Era Europea, op. cit., p. 77). Essa polê-
mica se desenvolverá amplamente nesse livro, levantando uma série de debates impor-
tantes sobre a relação entre o objetivo político, a estratégia e o nível operacional, que
excedem amplamente as possibilidades de abordá-los aqui.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 143
281 Anton Pannekoek, “Acciones de masas y revolución”. In: Rosa Luxemburgo, Karl
Kautsky e Anton Pannekoek, Debate sobre la huelga de masas, Segunda parte, op. cit., p. 51.
282 Karl Kautsky, “La nueva táctica”, op. cit., p. 110.
144 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
sentido de passar para novas mãos o velho aparelho de Estado; mas deve
quebrar, demolir esse aparelho e substituí-lo por um novo.283
Nesse ponto, Lars Lih também faz sua tentativa de diminuir as dife-
renças entre o Kautsky “pré-1914” e Lênin, ainda que com dificuldades
Cortesia da ISKRA aos alunos da disciplina Teoria Social II (PPG Ciências Sociais/UFCG)
283 V. I. Lenin, “El Estado y la revolución”, Obras completas, tomo XXV, Buenos
Aires, Cartago, 1958, p. 479.
284 Lars Lih, “Lenin & Kautsky”, op. cit., p. 8.
285 V. I. Lenin, “El Estado y la revolución”, op. cit., p. 380.
286 Idem, p. 381.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 145
sem a destruição287 do aparato do poder estatal que foi criado pela classe
dominante”288.
É a partir de então que Lênin se encarrega de recuperar as princi-
pais lições extraídas por Marx e Engels dos processos revolucionários
de sua época (as revoluções de 1848 e a Comuna de Paris de 1871).
Cortesia da ISKRA aos alunos da disciplina Teoria Social II (PPG Ciências Sociais/UFCG)
287 Sobre esse ponto, Lênin esclarece a distinção feita pelos fundadores do marxis-
mo entre “extinção” e “destruição” no que se refere ao amálgama realizado por Kautsky.
Diz ele: “Na realidade, Engels fala […] da ‘destruição’ do Estado da burguesia pela revo-
lução proletária, enquanto que as palavras relativas à extinção do Estado se referem aos
restos do Estado proletário depois da revolução socialista. O Estado burguês não se ‘ex-
tingue’, segundo Engels, mas ‘é destruído’ pelo proletariado na revolução. O que se extin-
gue, depois dessa revolução, é o Estado ou semi-Estado proletário” (Idem, p. 389-390).
288 Idem, p. 382.
289 Lars Lih, “‘The New Era of War and Revolution’: Lenin, Kautsky, Hegel and
the Outbreak of World War I”, op. cit., p. 367.
290 Diz Lênin: “ante a inaudita difusão das tergiversações do marxismo, nossa mis-
são consiste, sobretudo, em restaurar a verdadeira doutrina de Marx acerca do Estado”
(V. I. Lenin, “El Estado y la revolución”, op. cit., p. 379).
291 Lars Lih busca diluir o debate de 1917, remetendo simplesmente a um texto de
Kautsky de 1904: “A república e a social-democracia na França”, onde Kautsky argumen-
ta que na revolução francesa os jacobinos “destruíram [zerstört] os instrumentos de domi-
nação das classes dominantes” e depois diz que “a conquista do poder do Estado pelo
proletariado, portanto, não significa simplesmente a conquista dos ministérios [existen-
tes], para depois, sem mais, utilizar esses velhos instrumentos de governo, a igreja oficial
estatal, a burocracia e o corpo de oficiais, em um sentido socialista. Pelo contrário, signifi-
ca a dissolução [Auflösung] desses instrumentos de governo” (Lars Lih, “Kautsky y Lenin
sobre la república y el Estado”, Sin Permiso, 19/5/2013, disponível em 5/3/2017, em: http://
www.sinpermiso.info/textos/kautsky-y-lenin-sobre-la-republica-y-el-estado).
146 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
292 Diz Lih: “As duas palavras-chave na argumentação de Kautsky são zerstört e
Auflösung. Meu dicionário de alemão-inglês define zerstören como ‘decompor, arruinar, des-
truir’ e Auflösung como ‘desaparecer, dispersar, dissolver’. Portanto, ainda que Kautsky
não tenha utilizado a palavra destruir, sua posição acerca desses ‘instrumentos de gover-
no’ burgueses é muito pouco ambígua” (Idem).
293 Idem.
294 V. I. Lenin, “La revolución proletaria y el renegado Kautsky”, Obras completas,
tomo XXVIII, Buenos Aires, Cartago, 1960, p. 239.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 147
295 Raymond Aron, Pensar la Guerra, Clausewitz, tomo II, La Era Planetaria, op. cit.,
p. 141.
148 | ESTRATÉGIA SOCIALISTA E ARTE MILITAR
296 Lars Lih, “‘The New Era of War and Revolution’: Lenin, Kautsky, Hegel and
the Outbreak of World War I”, op. cit., p. 367.
297 Lênin em 1914 rompe definitivamente com uma organização que havia dege-
nerado – não de um dia para o outro – e com os dirigentes que, como Kautsky, haviam
traído a causa do proletariado, porém não passa por sua cabeça que a história vá reco-
meçar a partir do zero.
298 A prova “conclusiva” seria que: “Lênin não estabeleceu um vínculo explícito en-
tre sua suposta nova compreensão da dialética e qualquer ponto de sua plataforma polí-
tica” (Lars Lih, “‘The New Era of War and Revolution’: Lênin, Kautsky, Hegel and the
Outbreak of World War I”, op. cit., p. 390-391). Trata-se, é claro, de uma “prova” extre-
mamente esquemática, para dizer o mínimo.
299 Carl Schmitt, Teoría del Partisano. Observaciones al Concepto de lo Político, Madrid,
Instituto de Estudios Políticos, 1966, p. 72.
SOBRE A ESTRATÉGIA EM GERAL | 149
Em teoria seria totalmente errôneo esquecer que toda guerra não é mais
do que a continuação da política por outros meios. A atual guerra impe-
rialista é a continuação da política imperialista de dois grupos de gran-
des potências, e essa política foi engendrada e alimentada pelo conjunto
das relações da época imperialista. No entanto, essa mesma época há
de engendrar e alimentar também, inevitavelmente, uma política de luta
contra a opressão nacional e de luta do proletariado contra a burguesia, e
por conseguinte também a possibilidade e a inevitabilidade, em primeiro
lugar, das insurreições e guerras nacionais revolucionárias; em segundo
lugar, de guerras e insurreições do proletariado contra a burguesia; em
terceiro lugar, de uma combinação de ambos os tipos de guerras revolu-
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