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CURITIBA
2013
ADRIELLY OLIVEIRA DE SOUZA
CURITIBA
2013
AGRADECIMENTOS
viver, por ter me sustentado em Seus braços em todos os momentos da minha vida.
Sou imensamente grata a todos os meus amigos, que como anjos Deus
colocou em minha vida. Vocês fazem parte da realização desse trabalho, pois é com
este que finalizo essa etapa de minha história. Muito obrigado pelos melhores três
aos juntos. Nossas histórias se encontraram e de uma maneira toda especial fomos
construindo uma vida juntos. “Galerinha de Letras” estará comigo para sempre, em
cada caminho que eu percorrer. Que nossos laços nunca desatem. Que possamos
nos reencontrar sempre e a cada data especial, lembrarmos uns dos outros.
especial aqueles que fizeram com que me apaixonasse ainda mais por Literatura.
passos e àqueles que encontrei pelo caminho, muito obrigada pela força, pelo
Obrigada pelo amor incondicional. Vocês são dádivas de Deus em minha vida e
E, mais do que tudo, não estaria aqui se não fosse pela MINHA família: Mãe,
Pai e Fran. Obrigada Fran por tudo que passamos e passaremos juntas. Aos
melhores pais do mundo, serei eternamente grata pela educação que me deram.
Pelo amparo, pelo amor de Pai e de Mãe que jamais eu deixarei de sentir.
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 39
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1. INTRODUÇÃO
cotidianas e os sentimentos.
como, o apontar o interesse pela voz feminina em suas obras, fazendo uso para isso
Busca-se, então, uma análise mais sistemática das canções escolhidas, observando
mais claramente como a figura feminina foi se configurando por uma visão do autor.
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peculiaridade e, que podem ser muito bem identificadas nas canções buarqueanas.
propiciar a reflexão acerca do valor especial que deve ser dado ao desejo feminino e
maridos era algo bastante demarcado. Apontava-se muito ao dever de ser obediente
nas canções de Chico Buarque, fez-se uma escolha que analisará as canções ―Com
mulher idealizada de certa forma pelos homens, e que fica implícito nas
amor/ódio; posse/falta.
constituir uma reflexão da mulher consigo mesma nas condições reais da sociedade
Buarque que trazem um eu lírico feminino com tanta riqueza e, que, se ilustra na
Podem ser evidenciadas nas letras das duas canções escolhidas de Chico
universo feminino.
visão do compositor.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
da bossa nova, instituída por João Gilberto, outros elementos do repertório musical
seu estilo intimista, convida o público para uma nova concepção musical entre e
grande sucesso após a apresentação de uma série. O derradeiro foi chamado VII
garantia do Habeas-corpus.
―Tropicália – Panis Et Circenses‖. Neste participam Caetano, Gil, Gal, Nara Leão, Os
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mesmo nome e que levou ao título do movimento e a peça de José Celso Martinez
Assim, músicos, cantores e compositores firmaram seus nomes na MPB até os dias
atuais.
musical do país como Djavan, Fagner, Alceu Valença, Zé Ramalho, Pepeu Gomes,
Elba Ramalho. Outro grande marco na música brasileira foi o aparecimento da maior
intérprete do país, Elis Regina, que trouxe consigo diversas personalidades como
Tornado, Tim Maia, Sandra Sá etc. Além disso, novos sons como o funk melody e o
Borges tomam frente e abrindo espaço para Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Flávio
insurgem diversas bandas de rock no Brasil como O Terço, Joelho de Porco, Moto
Perpétuo, Casa das Máquinas, Som Nosso de Cada Dia e o fabuloso Made In Brasil.
Ney Matogrosso destaca-se nos vocais de Secos & Molhados (com), que atingiu
a censura absoluta quanto aos assuntos políticos, que era mascarada por poemas
épicos de Camões, por exemplo. Nada do que se fazia entre os militares era
Cadê o meu?
Cadê o meu, ó meu?
Dizem que você se defendeu
É o milagre brasileiro
Quanto mais trabalho
Eu menos vejo o dinheiro
É o verdadeiro ―boom‖
Tu ta no bem bom
Mas eu vivo sem nenhum (apud BUARQUE, 1980, p.95).
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Brasil:
cidade do Rio de Janeiro, em 1944: ―O meu pai era paulista/ Meu avô,
período de ditadura militar em que tais anos sessenta foram marcados pelos
atuais.
driblar a censura e atingir seu objetivo que era o de ter suas letras espalhadas pelo
país, justificando seu verso de O que Será? Que Será?: ―O que anda nas cabeças,
intenção primeira não é ser político e sim representativo, em suas canções, de uma
Minha música não é política, diz ele. Às vezes, tem um conteúdo social.
Mas não me considero um cantor de protesto, no sentido usual da palavra.
Claro que as coisas acabam se misturando. O artista não faz,
necessariamente, crítica social. Mas a leitura dos jornais, a observação do
quotidiano, aproveito tudo. A leitura dos jornais, principalmente, é essencial
para o meu trabalho. Tanto quanto a fantasia. E com isso vem a fusão,
confusão, transfusão (HOLLANDA: 1980, p.3).
circunstâncias das mais variadas não escreve como autobiografia, mas cria sempre.
torna real:
Se lembra da fogueira
Se lembra dos balões
Se lembra dos luares dos sertões?...
Se lembra da jaqueira
A fruta no capim... (HOLLANDA: 1980, p.3).
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um travesti, ninguém (ou quase ninguém) fez parte de sua vida realmente. Mas
muitas das Genis, até hoje, sofrem com tal estigma e refrão tão marcante e
pejorativo.
não tem esse nome por acaso. Como diz o pai: ―Bem, é claro que pra filha da gente
sempre se abre uma exceção‖. E, assim, derrama-se todo paterno em versos doces
que contam:
dores e acabam por formar nova família longe do país, como, também, à morte de
tantos homens e mulheres, que foram sucumbidos pela ditadura cruel que reinava
no Brasil.
letrista, haja vista que a poesia é arte de brincar com as palavras e transcender a
realidade através de uma alquimia com as palavras. E Chico é esse mestre que
Também outro caso em que a exceção lhe escapa é o de Zuzu Angel, mãe de
um preso político (1971) que, como muitos, foi morto. Em Angélica, Chico comove-
se e comove a todos quando aponta: ―Quem é essa mulher/ Que canta como dobra
um sino/ Queria cantar por meu menino/ Que ele já não pode mais cantar‖
através de palavras foram construídas desde menino, por uma família intelectual em
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que seu pai Sérgio Buarque de Hollanda é historiador e crítico literário respeitado em
Por conta dessa ascendência, sua casa era ponto de encontro de diversos
casos, parceiro como Tom Jobim e Vinícius de Morais: ―Meu maestro soberano/ Foi
Além de ter com incentivadora, sua irmã Heloísa (Miúcha) que já tocava e
cantava com seus amigos quando surgia o grande nome da bossa nova, João
Gilberto, seu futuro cunhado. Este trazia a música e a poesia como cúmplices desse
Muito do que se ouvia em rádios ou vitrolas até então era modinhas, chorinho,
samba, marchas e serestas. E João Gilberto trouxe nova concepção musical, uma
inovadora maneira de tocar e cantar, que destoava de tudo o que se tinha feito. Por
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isso que Chico ficou tão deslumbrado com o compositor a ponto de não se esquecer
Fiquei horas e horas e horas ouvindo e tal, e foi só a partir daí que eu
comecei a pegar no violão, a tentar imitar a batida da bossa nova, a fazer
minhas primeiras músicas, imitando a bossa, cantando à la João. É um cara
que fez a cabeça de uma geração inteira (HOLLANDA: 1980, p.4).
cheia de desigualdades, vê-se cada vez mais abastecido, com um repertório musical
o sofrimento alheio. Tal atitude tão apartada deste intelectual comprometido contribui
para que suas personagens tenham alguma vez ou alguma voz na terra de ―alguns‖:
Eu acho que o homem vai ter que se modificar, pelo próprio instinto de
sobrevivência. Não acredito que isso vá acontecer por influência de um
indivíduo, muito menos por ordens superiores. A sociedade é que deve se
aperfeiçoar por uma dinâmica própria, de baixo pra cima, com a
participação da grande massa de indivíduos, certo? Quer dizer, o homem
modificando a sociedade para a sociedade modificar o homem. Isso pode
parecer utópico, mas, como eu já lhe disse, eu sou artista e não político;
nem sociólogo. É nessa utopia que entra a contribuição da arte que não só
testemunha o seu tempo, como tem licença poética pra imaginar tempos
melhores (BUARQUE: 1976, p.4).
Nesse sentido, o compositor não deixa de ser político, mas também não
aponta saídas. Sua função é a de retratar suas inquietações, como fotos, expostas
para serem analisadas por quem não vê ou finge não ver ou acredita não precisar
enxergar.
A ordem é uma palavra que não rima com a arte, nem nunca vai rimar. Os
artistas estão aí justamente para perturbar a ordem e nisso sempre
estiveram - não adianta agora querer mudar a História. De alguma maneira,
nós, os artistas, sempre vamos perturbar a ordem, e note que não estou
falando nem da arte diretamente política, do tipo ―canção de protesto‖
(BUARQUE: 1977, p.5)
pela poesia nostálgica que rejeita a realidade presente, pela poesia utópica, em que
se faz um trajeto fora do real, sempre incomodado com a situação concreta e atual
dos dias em que se vive, assumindo uma postura crítica que verte à sátira social.
com a música, principalmente nos anos 1960, época marcada por muita agitação
política.
Além de caracterizar como uma figura emblemática deste momento, não só pela
Foi no período em que ocorreu a ditadura militar, onde a política brasileira era
governada por Generais (1964 - 1985) que a carreira de Chico Buarque iniciou-se.
Note-se que a carreira do cantor e compositor foi muito marcada nesse período,
tempo as suas canções e peças teatrais foram vetadas pelos órgãos censores da
época, sendo liberados somente alguns anos depois. (AMARAL e SOUSA, 2012, p.
06).
percebe-se que o compositor foi um dos mais perseguidos pelo regime militar, visto
proibidas.
compositores estrangeiros com os quais ele pode trocar experiências, o que resultou
canções, por meio das quais mostra as suas percepções em relação à realidade
Vê-se que num momento em que a sociedade brasileira tinha sua liberdade
percepções, devido as letras que são bem elaboradas, nas quais utiliza-se uma
combinação das palavras, de tal modo que atingem todas as classes sociais.
presença da mulher nas obras de Chico Buarque, pela capacidade que ele tem de
incorporar o feminino, falando dos desejos reprimidos e dos anseios desse gênero.
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CUNHA et. al. (2010) refere que as figuras de mulheres presentes em suas
história cultural brasileira, assim como a complexidade e encanto nas letras ser um
Buarque, apresenta-se popular por cantar com apreço e sensibilidade a alma das
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mulher como voz. Tal situação se repete na obra de Chico Buarque, principalmente
inseguranças para com o outro, e, sobretudo, a certeza de ter o seu amor ferido.
Este personagem da canção não lamenta com lágrimas a falta do outro, ela
fogão, e o beijo no retrato do marido evidencia que a perfeição deste existe apenas
na fotografia:
A autora toma como exemplo a música ―Com açúcar e com afeto‖ (1966).
―Com açúcar, com afeto/ Fiz seu doce predileto? Pra você parar em casa
[...] diz pra eu não ficar sentida/ Diz que vai mudar de vida/ Pra agradar meu
coração/ E ao lhe ver assim cansado/ maltrapilho e maltratado/ Ainda quis
me aborrecer [...] logo vou esquentar seu prato/ Dou um beijo em seu
retrato/ E abro meus braços pra você‖. Esta música inaugura uma nova
feição, evidenciando a vida modesta do assalariado [...], o surgimento do
confronto entre a mulher e o samba. Com a diferença que nesta a voz é
feminina e, enquanto ela espera, preparando o doce do amante, ele
aproveita a noite com os seus amigos e com o seu samba.
Buarque causa no leitor. Com açúcar, com afeto (1966) e Cotidiano (1971), canções
inscreve o modelo feminino que era legitimado pela própria sociedade: a mulher
Quem sabe o que mais seduz na poesia de Chico Buarque, referente a figura
do feminino, repousa na extensão das expressões, que não atém apenas o ser-
de seu objeto de desejo, ora através das mulheres, que colocam o protagonista
Ora, Chico Buarque, como excelente poeta que é apenas descreve uma
situação com a finalidade de conduzir o leitor às próprias conclusões.
Mostrar a realidade da maioria das mulheres brasileiras não é ser machista
tampouco desleal com a figura feminina. (MAGALHÃES, 2009, p.08).
"Com açúcar, com afeto" e "Cotidiano", que remata seu homem num abraço de ferro
acordo com (FARIA & SILVA, 2010), que durante este eterno imaginar, a mulher
feminina:
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Sei que alguém vai sentar junto, você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias de quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
A mulher que ganha voz nessa letra de canção é diferente de outras figuras
composição ‗Cotidiano‘, a mulher que cuida da casa, que espera o seu homem,
porém que agora se apresenta como alguém que possui desejos e que os manifesta
– diz que está muito louca pra beijar. (FARIA & SILVA, 2010, p. 12).
convida a mulher para dançar, persistiria a figura do macho tradicional, para quem a
No seu estudo FARIA & SILVA (2010, p. 12) mencionam que na mesma
Por fim, de acordo com FARIA & SILVA (2010, p. 13) a voz feminina em Chico
Buarque passa a fazer coro com esse masculino em processo de revisão. Uma vez
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
canções; e como esses personagens, essa ―voz‖ se configurou nas músicas, como
da Bossa Nova. Com seu talento inegável, destacou-se entre tantos devido a sua
mas criando.
como músico que compõe ―músicas de protesto‖, o próprio não afirma ser um cantor
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de protesto, já que sua intenção primária não é ser político, e sim, um individuo
Pelo destaque em suas canções, Chico foi por vezes perseguido pelos
realidade da época.
Dentre esses e tantos outros aspectos é que justifica a escolha desse autor
As músicas escolhidas para análise, como visto, foram ―Com açúcar, com
―Com açúcar, com afeto‖ foi a primeira canção feita por Chico em que a ‗voz‘
sensações femininas. A mulher que ganha voz nessa canção é, pois então, aquela
Esse olhar para a mulher nos dias atuais, seria brutalmente menosprezado,
afinal são comportamentos que fogem aos padrões aceitos socialmente. Contudo,
feminina, muitas vezes foi criticado por descrever em suas canções aquilo que as
mulheres gostariam de ouvir, portanto, segundo críticos usava disso para que seu
prestígio fosse rápido. As hipóteses existem sim. E com o que se estuda das
opiniões. No entanto, o fato é que usando da razão ou não para se ―promover‖, ele
Arquétipo de mulher idealizada, por muitos, até mesmo nos dias atuais.
feminina que é nossa busca de análise também, e é nesse pequeno trecho que a
mulher ganha voz que contextualizamos a mulher e seu começo de luta por aquilo
que deseja e busca. A mulher ainda é aquela que cuida da casa, que espera o
marido, como visto em ―Com açúcar, com afeto‖, porém agora se apresenta como
alguém que possui desejos e que os manifesta – diz que está muito louca pra beijar.
Nos é apresentado não mais aquela totalmente subordinada e que aceita até
mesmo a traição do marido. Agora temos uma menos submissa e mais disponível à
aquelas que foram exemplos do início da jornada feminina pelos seus direitos. Um
lar, na sociedade.
REFERÊNCIAS
AMARAL, Roberto Antônio Penedo do; SOUSA, Nalva Lopes de. Afasta de mim
esse cálice! Chico Buarque e a censura no Brasil pós 1964. Revista Vozes dos
Vales da UFVJM: Publicações Acadêmicas – MG – Brasil – Nº 02 – Ano I – 10/2012.
Disponível em: www.ufvjm.edu.br/vozes. Acesso em: 17/06/2013.
BUARQUE, Chico. Como falar ao povo? Veja, São Paulo, ago. de 1978. Disponível
em: www.revistafenix.pro.br/PDF3/Artigo%20Christian%20Alves%20Martins.pdf.
HOLLANDA, Chico Buarque de. Chico Buarque de Hollanda. Sel. notas, est. biogr.
hist. e crít. Adélia Bezerra de Meneses Bolle. São Paulo: Abril Educação (Literatura
comentada), 1980.
MENESES, Adélia Bezerra de; Entrevista com a ensaísta. In: Revista Cult nº 69,
Maio, 2003. Disponível em: http://www.chicobuarque.com.br/texto/artigos/
mestre.asp?pg=artigo_cult2.htm. Acesso em: 17/06/2013.
VELOSO, Caetano [1984]. In: ___. Caetano Veloso: songbook. 4.ed. v.1,
p.78. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia/
poesia/index.cfm?fuseaction=Detalhe&CD_Verbete=438.