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Entretenimento: As Idades
da TV em Portugal
Outubro 2006
4
Ficção, Notícias e Entretenimento: As
idades da TV em Portugal
___________________________________________________________
Gustavo Cardoso e Sandra Amaral
Obercom 2006
Síntese
1
As diferentes idades dos media
1
Qualquer geração é definida em primeiro lugar enquanto um grupo de idades em relação a um dado
período histórico. Segundo Mannheim (citado em Hartmann, 2003) uma geração só pode evoluir de duas
formas: ou tornar-se numa geração perdida an sich, isto é, que passa sem experiências significantes de
carácter histórico ou social baseadas no tempo e no espaço; ou pode passar por elas e tornar-se uma
geração real, uma fur sich. Só o último tipo possui uma consciência colectiva e consequentemente um
grande impacto na sociedade. Aspectos igualmente importantes para a formação de uma geração são o
acesso inovador a recursos culturais e a criação de um estilo próprio geracional (Winkels, 1997 citado em
Hartmann, 2003).
2
produção cultural e dos usos a ela dados, como memória comum e tradução do
espírito geracional.
O facto de se fazer parte de uma mesma geração, de se ter vivido uma
série de experiências históricas e de consumo comuns faz com que os
indivíduos, ainda que separados por muitas outras variáveis (como por
exemplo, o sexo, área de residência, nível de instrução, etc.), partilhem
determinados valores e uma particular mentalidade (Gnasso 2003). O processo
de partilha de determinados valores e mentalidade geracional está assim
intimamente ligado aos processos de domesticação dos media, ou da forma
como os usamos.
Colombo e Aroldi (2003) na sua análise da dimensão geracional no
campo dos media partem de dois pressupostos iniciais, os quais também
estiveram na base da análise aqui apresentada. O primeiro pressuposto é o de
considerar os indivíduos enquanto responsáveis pela construção de diferentes
e complexas dietas de consumo de media. O segundo é a relevância da
geração enquanto variável de construção de uma identidade sócio-cultural
partilhada por um conjunto de indivíduos, clarificando também que a idade só
se torna uma variável central quando olhada enquanto denominador comum de
um grupo que partilha, durante um mesmo período histórico, o mesmo
ambiente cultural, acedendo ao mesmo sistema dos media e aos mesmos
media (Colombo e Aroldi, 2003).
A hipótese aqui apresentada, no que respeita à escolha das datas
marcantes para a análise da relação geracional entre televisão e público em
Portugal, obedeceu também à identificação dos imperativos históricos dos
modelos televisivos vigentes, à partilha de momentos comuns da história
nacional e também mundial.
Daí que se possa argumentar que em Portugal tenhamos apenas duas
gerações claramente diferenciadas. A primeira corresponde àquela que aqui
designamos por geração iniciática, ou seja aquela que pela primeira vez viveu
a sua infância (pelo menos desde os sete anos até ao fim da adolescência)
com a Paleo-Televisão, mas ainda em regime autoritário (1957 – 1973). 2
A geração iniciática é aquela que nasceu entre 1950 e 1966. Um
período caracterizado pela presença do Estado Novo, autoritário, em que
televisão e Estado se confundem servindo de propósito propagandista e ao
mesmo tempo educativo (Paleo-Tv). 3
São aqueles que socializam com a televisão entre o seu nascimento e o
final do regime do Estado novo (1957-1973) e que internacionalmente viveram
o período pós-guerra mundial, a guerra fria e a guerra colonial portuguesa, bem
como os períodos de contestação estudantil e o final da colonização europeia
2
Optou-se por considerar a data de 7 anos como marco etário nesta análise, visto que esta é a idade a
partir da qual a socialização fora de casa, pela entrada na escola e pela pertença a outras organizações
como escuteiros ou actividades juvenis, se vem a juntar ao convívio familiar e à interacção com a
televisão. É sensivelmente em torno deste momento que a função de socialização dos media no quadro
familiar entra em interacção com outros quadros de socialização mediada como o ver televisão com os
amigos e colegas, alargando assim o papel da televisão também para fora do lar.
3
No modelo de programação que caracteriza a Paleo-Tv (Ortoleva 2004), para além dos filmes e para os
géneros filmados de relevo, surgem também as importações do “universo” radiofónico, como o concurso e
a telenovela. O modelo Paleo-televisivo dos dois lados do Atlântico alterna nas suas grelhas o teatro de
prosa, as variedades, a conversa com personalidades da cultura e da política, os jogo de futebol, os
desenhos animados e o telefilme, i.e. a uma narração por episódios construída para ocupar um período
de tempo preciso no decorrer da programação. Para uma análise histórica do modelo de serviço público
de televisão ver: Scannell (1997).
3
na África e Ásia. Esse grupo corresponde a todos aqueles que tinham, em
2006, idades compreendidas entre os 57 e os 41 anos. 4
A segunda geração, claramente possuidora de uma identidade
diferenciada é aquela que se designou por geração multimédia, visto ser
também a que pela primeira vez lida, desde o seu nascimento, com uma
dualidade de ecrãs, o da televisão e o do computador sendo o da televisão
também muitas vezes um portal para jogos, filmes em DVD ou fruição de
música. São os que nascem depois de 1985, um período que coincide, em
Portugal, com o lançamento das novas televisões comerciais e politicamente
corresponde ao período de estabilidade governativa mais longo, com a
segunda maioria governativa do Prof. Cavaco Silva e o surgir da alternância
socialista com o Eng. António Guterres. É também essa geração que
internacionalmente está perante um mundo que é já um espaço pós-guerra fria
e onde a guerra ao terrorismo e a construção europeia parecem marcar as
agendas mediáticas.
É essa geração que conhece a televisão a partir da década de
noventa, a década que marca o fim do monopólio da televisão pública, a RTP,
e o surgimento dos operadores privados a partir de 1992. Podemos
caracterizar esse período como o momento em que o fenómeno da
neotelevisão surge em Portugal na sua máxima força, alimentado pelas
dinâmicas de programação entretanto introduzidas pelos operadores privados.
Uma programação com fortes impactos no estilo e estratégias dos jornais
televisivos e no entretenimento proposto. Se em Itália, o período 1976-1991
corresponde aos anos da grande transformação da comunicação televisiva, em
Portugal a revolução neotelevisiva (Eco, 1985; Caseti e Odin, 1990) ocorre
mais próximo do início das emissões dos operadores comerciais, no início da
década de 90.
Entre essas duas gerações encontramos, em Portugal, uma terceira
geração com características de geração de transição, aquela que viveu a
adolescência entre a revolução de 1974 e a normalização democrática do
fim dos anos oitenta.
Os seus membros são aqueles que assistiram à experimentação da
Paleo-Tv em democracia e a sua lenta evolução para a Neo-Televisão.
Incorporam semelhanças com a geração iniciática nas suas práticas de fruição
televisiva, nomeadamente nos conteúdos, mas estão também já muito
próximos da geração multimédia em muitos campos.
A geração de transição nasce entre 1967 e 1984, num período que
corresponde, grosso modo, à revolução democrática do 25 de Abril de 1974, à
normalização democrática e ao nascimento do serviço público de televisão
concebido enquanto entidade democrática. Vive a sua infância, e grande parte
da adolescência, com um modelo de Paleo-televisão, mas acompanha também
as mudanças de programação e estilo que preparam a passagem para a
4
Em Portugal (à semelhança do que já acontecia há alguns anos no resto da Europa) em 1956 há lugar à
assinatura do primeiro contrato de concessão de serviço público celebrado entre o governo português e a
RTP. Nesse documento consagram-se os três princípios clássicos – informar, educar, entreter. Tal como
refere Lopes (1999), a génese da RTP é indissociável do seu papel enquanto porta-voz do Estado, e é
nesse misto de receio e fascínio, por parte do poder ditatorial, que a televisão surge, aos poucos, no
espaço público. Como porta-voz da nação, programada de acordo com o que o Estado considerava ser o
interesse público. Durante essas duas décadas, que medeiam 1957 e 1974, a televisão acompanha em
Portugal a cobertura de importantes acontecimentos de actualidade: a guerra em África nos anos 60-70, a
chegada do Homem à Lua em 1969 ou a morte de Oliveira Salazar em 1970. (Teves 1998)
4
concorrência no mercado televisivo e a experimentação de abordagens aos
modelos neo-televisivos, então em fase de implementação na Europa (1974-
1991). Internacionalmente, é a geração que cresce durante os anos oitenta,
anos de passagem entre uma época de contestação social e o crescimento
económico para um modelo de globalização de carácter liberalizante.
A geração de transição é constituída por aqueles que conheceram a
televisão na sua infância, adolescência entre 1974 e 1991 e que tinham, em
2006, entre 40 e 24 anos.
As diferenças entre as três gerações são passíveis de ser
apreendidas quer em função da sua partilha geracional de valores quer das
suas memórias e biografias face à televisão, mas também face aos media em
geral. Outra forma de análise passa por verificar o que é único em termos de
referência para cada geração. Por forma a construir um perfil geracional
televisivo iremos, nas próximas páginas, analisar as escolhas de cada uma das
três gerações identificadas (iniciática, transição e multimédia), procurando
identificar o que é único e o que é partilhado por mais do que uma geração.
As análises seguintes e as tabelas apresentadas baseiam-se na
identificação das respostas dos telespectadores à pergunta: qual é o programa
que vê com mais regularidade.
5
Os consumos dos géneros televisivos e a sua variação inter e intra
geracional: A realidade portuguesa
6
As Telenovelas de Época, Estilos de Vida Contemporâneos e Cómicas
• Telenovelas de Época
7
Relativamente à geração de pertença, as pessoas que referiram a
telenovela Saber Amar ou a telenovela NewHave pertencem à geração
multimédia, ao passo que as pessoas que referiram a telenovela Amanhecer
pertencem predominantemente à geração iniciática.
Em relação ao nível de ensino, as pessoas que referiram a telenovela
Amanhecer e as pessoas que referiram a telenovela New Have concentram-se,
sobretudo, no ensino básico (afastando-se assim das pessoas que referiram a
telenovela Saber Amar uma vez que estas se concentram predominantemente
no ensino secundário).
As três telenovelas são, também, referidas por trabalhadores não
qualificados, sendo que as telenovelas Saber Amar e Amanhecer são ainda
referidas por pessoas que pertencem às três gerações e por domésticas.
Note-se, ainda, que as telenovelas Saber Amar e NewWave são
referidas por uma parte significativa de pessoas que pertencem à geração de
transição. A telenovela Saber Amar é a única que é referida por uma parte
significativa de pessoas que pertence às gerações iniciática e de transição e
por pessoas que frequenta(ra)m o ensino superior. A telenovela Amanhecer é a
única que é referida por uma parte significativa de pessoas que pertencem à
geração multimédia e por trabalhadores qualificados da agricultura e pescas. A
telenovela New Wave é a única que é referida por trabalhadores dos serviços e
vendedores, não sendo referida por pessoas que pertencem à geração
iniciática.
8
Quadro 2 - 1º Programa visto com mais regularidade/telenovelas/geração
Novela de época
A Jóia de África romance adaptado
TVI ++ + -+
Novela de época
A Casa das 7 romance adaptado SIC
Mulheres ++ -+ +
Novela de
Esperança época/romance SIC ++ -+ +
adaptado
Novela sobre estilos
Amanhecer de vida TVI ++ -+ +
contemporâneos
Novela sobre estilos
Saber Amar de vida TVI ++ -+ +
contemporâneos
Novela
New Wave contemporânea SIC -+ + ++
sobre estilos de vida
de adolescentes
Novela cómica
Coração contemporânea TVI + ++ +
Malandro
Novela cómica
O Beijo do contemporânea SIC + -+ ++
Vampiro
9
Quadro 3 – 1º Programa visto com mais
regularidade/telenovelas/características sociodemográficas do público
Telenovela Tipo de Novela Canal Sexo M Sexo F Profissões N.E. N.E. N.E.
s dominantes Básico Secundário Superior
- Empregados
A Jóia de Novela de época administrativos
África romance adaptado TVI + ++ - Dirigentes das + ++ -+
empresas e do
Estado
- Trabalhadores
dos serviços e
Vendedores
- Domésticas
Novela sobre - Trabalhadores
Amanhecer estilos de vida TVI + ++ não qualificados ++ + -+
contemporâneos - Trabalhadores
qualificados da
agricultura e
pescas
Novela sobre Estudantes
estilos de vida Domesticas
Saber Amar contemporâneos TVI + ++ Trabalhadores + ++ -+
não qualificados
Trabalhadores
A Casa das não qualificados
7 Mulheres Novela de época SIC + ++ Domesticas ++ + -+
romance adaptado Trabalhadores
dos serviços e
Vendedores
Domésticas
Trabalhadores
Esperança Novela de SIC + ++ não qualificados ++ + -+
época/romance Trabalhadores
adaptado qualificados da
agricultura e
pescas
Novela Estudantes
contemporânea Trabalhadores
sobre estilos de vida dos serviços e
New Wave de adolescentes SIC + ++ Vendedores ++ + -+
Trabalhadores
não qualificados
10
Os Programas de Humor
11
Quadro 4 – 1ºPrograma visto com mais regularidade/programas de
humor/características sociodemográficas
Trabalhadores
Malucos SIC ++ + qualificados ++ -+ +
do Riso Trabalhadores não
qualificados
Trabalhadores
qualificados da
agricultura e pescas
Dirigentes das
Contra- RTP1 ++ + empresas e do + ++ -+
informação Estado
Empregados
administrativos
Técnicos e
profissionais de
apoio
Estudantes 5,0%
Herman SIC ++ + Empregados -+ ++ +
SIC administrativos
Trabalhadores dos
serviços e
Vendedores
Estudantes
Levanta-te SIC ++ + Trabalhadores não ++ + -+
e Ri qualificados
Técnicos e
profissionais de
apoio
Trabalhadores
qualificados
Contra- RTP1 ++ + ++
informação
Levanta-te e Ri SIC -+ + ++
12
As Séries de Ficção
Técnicos e
profissionais
científicos e
Sexo, Vídeo e intelectuais
Companhia TVI + ++ Estudantes -+ + ++
Trabalhadores
não
qualificados
Trabalhadores
qualificados
Dirigentes das
empresas e
Super Pai TVI + ++ do Estado ++ + +
Trabalhadores
não
qualificados
13
Quadro 7 – 1º Programa visto com mais regularidade/Séries/geração de
pertença do público
+ ++ +
Super Pai TVI
14
Os Documentários/Reportagens
15
que os documentários do Canal História são os únicos que são referidos por
trabalhadores não qualificados e por trabalhadores qualificados.
60 minutos SIC ++ + -+
Notícias
Grande SIC ++ + +
reportagem/Reportagens
16
Os Programas de actualidade Noticiosa
17
Quadro 10- 1ºPrograma visto com mais regularidade /Programas de
informação noticiosa/características sócio-demográficas do público
Empregados
Hora Extra SIC ++ ++ administrativos -+ + ++
Trabalhadores dos
serviços e
vendedores/trabalhadores
não qualificados
Trabalhadores
qualificados
Técnicos e profissionais
Prós e RTP1 ++ + científicos e intelectuais -+ + ++
Contras Técnicos e profissionais
de apoio
Empregados
administrativos
Técnicos e profissionais
Acontece RTP2 + ++ científicos e intelectuais -+ + ++
Técnicos e profissionais
de apoio
Empregados
administrativos
Acontece RTP2 -+ ++ +
18
Os Telejornais
19
da TVI visto predominar o ensino básico, bem como das pessoas que referiram
o Jornal da Noite SIC uma vez que estas frequenta(ra)m o ensino secundário.
Note-se, também, que os quatro telejornais da noite são referidos por
pessoas que frequenta(ra)m os três níveis de ensino. As pessoas que referiram
os telejornais da RTP1, SIC e TVI distribuem-se pelas três gerações; os
telejornais da noite da SIC, RTP2 e da TVI são referidos, também, por
dirigentes das empresas e do Estado.
O Telejornal RTP1 e o Jornal 2 são, também, referidos por técnicos e
profissionais de apoio, ao passo que o Jornal da Noite da SIC e o Jornal
Nacional da TVI são, também, referidos por empregados administrativos.
O Jornal 2 é o único telejornal que não é referido por pessoas que
pertencem à geração multimédia, sendo que o Jornal da Noite da SIC é o único
telejornal que é referido por estudantes.
Jornal 2 RTP2 ++ + -+
20
Quadro 13 – 1ºPrograma visto com mais regularidade
/telejornais/características sócio-demográficas do público
- Técnicos e
Jornal da RTP1 ++ + profissionais de ++ + -+
tarde da apoio
- Domésticas
RTP1
- Trabalhadores
não
qualificados/empre
gados
administrativos
-Trabalhadores dos
Jornal da SIC ++ + serviços e ++ + -+
tarde da Vendedores
-Empregados
SIC
administrativos
-Estudantes/
Trabalhadores
qualificados
- Empregados
Jornal da TVI + ++ administrativos + ++ +
tarde da - Estudantes
TVI
Técnicos e
Telejornal RTP1 ++ + profissionais -+ + ++
científicos e
intelectuais
- Trabalhadores
qualificados da
agricultura e
pescas
- Técnicos e
profissionais de
apoio
Dirigentes das
Jornal da SIC ++ + empresas e do + ++ -+
Noite Estado
- Empregados
administrativos
- Estudantes
Dirigentes das
Jornal TVI + ++ empresas e do ++ + -+
Nacional Estado
Empregados
administrativos
Domesticas
Técnicos e
Jornal 2 RTP2 ++ + profissionais de + -+ ++
apoio
- Dirigentes das
empresas e do
Estado
- Trabalhadores
dos serviços e
Vendedores
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Os Programas Desportivos
Domingo RTP1 + ++ -+
Desportivo
Futebol/Jogos n.a + + ++
de Futebol/Liga
dos Campeões
22
Quadro 15 – 1ºPrograma visto com mais regularidade
/desportivos/características sócio-demográficas do público
Trabalhadores
Domingo RTP1 ++ + qualificados ++ ++ +
Desportivo Trabalhadores dos
serviços e Vendedores
Empregados
administrativos
Trabalhadores não
Jogo Falado RTP1 ++ + qualificados + ++ -+
Trabalhadores dos
serviços e Vendedores
Trabalhadores
Futebol/Jog n.a ++ + qualificados da ++ + -+
os de agricultura e pescas
Futebol/Liga Dirigentes das
dos empresas e do Estado
Campeões Técnicos e profissionais
de apoio
23
Os Talk Shows
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domésticas, sendo que o Programa Praça da Alegria é o único que é referido
por pessoas pertencentes à geração de transição.
Olá TVI ++ + +
Portugal/Programa
do Manuel Luís
Goucha
Portugal no RTP1 ++ + +
Coração
25
Quadro 17 – 1ºPrograma visto com mais regularidade /talk-
shows/características sócio-demográficas do público
- Domésticas
A Praça da Alegria RTP1 + ++ - Trabalhadores qualificados ++ + +
da agricultura e pescas
- Dirigentes das empresas e
do Estado
- Trabalhadores qualificados
SIC 10 horas SIC + ++ da agricultura e pescas ++ -+ +
- Trabalhadores não
qualificados
- Domésticas
- Domesticas
Olá TVI + ++ - Trabalhadores qualificados ++ -+ +
Portugal/Programa da agricultura e pescas
do Manuel Luís - Dirigentes das empresas e
Goucha do Estado
- Domésticas
A vida é bela TVI + ++ - Trabalhadores dos ++ + +
serviços e Vendedores
- Dirigentes das empresas e
do Estado
- Dirigentes das empresas e
Ás duas por três SIC + ++ do Estado + ++ --
- trabalhadores não
qualificados
-Trabalhadores qualificados
Portugal no RTP1 ++ + da agricultura e pescas ++ -- --
Coração - Domésticas
- Dirigentes das empresas e
do Estado
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Os Concursos
27
Quadro 19 – 1ºPrograma visto com mais regularidade/Concursos/geração
de pertença do público
O Preço RTP1 + ++ ++
certo em
euros/O
Preço
certo
28
Os Reality Shows
Academia de TVI ++ ++ --
Famosos/Academia
de Estrelas
29
Quadro 21 – 1ºPrograma visto com mais regularidade/Reality-
Shows/características sócio-demográficas do público
-Técnicos e profissionais de
Academia de TVI + ++ apoio + -- ++
Famosos/Academia - Trabalhadores não
de Estrelas qualificados
30
Os Programas Musicais
Top + RTP 1 -- + ++
MTV MTV -- + ++
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Análise Global e Conclusões
32
programas em que o público se reparte de igual modo pelos três níveis de
ensino.
A análise da relação entre consumos televisivos e o sexo do público,
permitiu concluir que as telenovelas, as séries, os concursos, os talk-shows e
os reality-shows são eleitos, sobretudo, por um público do sexo feminino, ao
passo que os programas de humor, os documentários e reportagens, os
programas desportivos, os telejornais e os programas musicais são
destacados, predominantemente, por um público do sexo masculino. Os
debates em torno da actualidade noticiosa e os magazines culturais são eleitos
tanto por públicos do sexo feminino como do sexo masculino.
Considerando, por fim, a relação entre os consumos televisivos e a
profissão dos seus públicos, verifica-se uma tendência para que a cada
profissão estejam associados três géneros diferentes de programas. A
excepção ocorre no público que exerce a actividade profissional de dirigente de
empresas ou do Estado visto que lhe está associada uma maior diversidade de
géneros televisivos (6), assim como nos empregados administrativos (4). No
pólo oposto, encontramos os trabalhadores dos serviços (1).
As domésticas elegem, sobretudo, as telenovelas, os talk-shows e os
reality shows como os primeiros programas que vêem com mais regularidade;
os estudantes privilegiam as telenovelas (mas apenas aquelas que traduzem
as culturas juvenis contemporâneas), os programas de humor e os programas
musicais; os trabalhadores não qualificados consomem, sobretudo, telenovelas,
documentários e programas desportivos; os empregados administrativos
elegem as telenovelas, os debates, os concursos e os telejornais; os
trabalhadores dos serviços e vendedores apontam os telejornais; os
trabalhadores qualificados da agricultura e pescas consomem sobretudo os
concursos, os programas desportivos, e os talk-shows; os dirigentes das
empresas e do Estado elegem os programas de humor, as séries, os
documentários, os telejornais, os talk-shows, e os reality shows; os técnicos
profissionais de apoio destacam os documentários, os telejornais e os reality
shows; os trabalhadores qualificados elegem os programas de humor, os
documentários e os programas desportivos, sendo que os técnicos
profissionais científicos e intelectuais privilegiam as séries, os debates e os
telejornais.
A análise extensiva dos resultados, considerando apenas os valores
predominantes para cada geração, confirmam a hipótese de que há uma
relação significativa entre o visionamento/valorização de programas televisivos
e a geração de pertença, na medida em que as pessoas que pertencem à
mesma geração tendem a consumir programas semelhantes quanto ao seu
formato/género.
Poder-se-á, assim, dizer que a cada uma das três gerações (iniciática,
de transição e multimédia) correspondem diferenciados géneros de programas
televisivos – fruto, em muito, da diferenciação inter-geracional em termos de
referências culturais e da vivência de experiências históricas e de consumos.
No entanto, o consumo de alguns géneros de programas é também transversal
a duas gerações, nomeadamente, às gerações iniciática e de transição
Esta transversalidade poderá ser explicada, entre outros factores, pelas
referências e hábitos culturais herdados dos seus grupos de pertença, com
destaque para a família e para os amigos inter-geracionais, mas também pelos
estilos e ritmos de vida associados às suas profissões e níveis de escolaridade,
33
a par dos seus grupos de referência e das diferenças psicossociais entre
homens e mulheres – factores que, também, poderão explicar a diferenciação
ao nível dos consumos intra-geracionais que foi possível observar.
A identificação de características específicas a uma geração pode assim
constituir mais um elemento na definição de grelhas de programas de televisão
bem como na gestão de conteúdos televisivos.
34
Bibliografia
AROLDI, Piermarco, COLOMBO, Fausto (2003), Le Età della Tv, Milano,VP Università.
ECO, Umberto (2004), La Misteriosa Fiamma della Regina Loana, Milão, Bompiani.
HARTMANN, Maren (2003), The Web Generation? The (De)construction of Users, Morals and
Consumption, The European Media and Technology in Everyday Life Network, 2000-2003.
TEVES, Vasco Hogan (1998), História da televisão em Portugal, Lisboa, TV Guia Editora.
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Ficha Técnica
36
OBERCOM - Observatório da Comunicação
Palácio Foz - Praça dos Restauradores
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